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História da Educação Brasileira

Durval Paulo Gomes Júnior


Luciana Maria da Silva

Curso Técnico Secretaria Escolar


Educação a Distância
2019
EXPEDIENTE

Professor Autor
Durval Paulo Gomes Júnior
Luciana Maria da Silva

Design Educacional
Deyvid Souza Nascimento
Renata Marques de Otero

Revisão de Língua Portuguesa


Eliane Azevedo

Diagramação (2.ed. / 2019.1)


Jailson Miranda

Coordenação
Terezinha Mônica Sinício Beltrão

Coordenação Executiva
George Bento Catunda
Terezinha Mônica Sinício Beltrão

Coordenação Geral
Paulo Fernando de Vasconcelos Dutra

Conteúdo produzido para os Cursos Técnicos da Secretaria Executiva de Educação


Profissional de Pernambuco, em convênio com o Ministério da Educação
(Rede e-Tec Brasil).

Abril, 2017
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) de acordo com ISDB

G633h
Gomes Júnior, Durval Paulo.
História da Educação Brasileira: Curso Técnico em Secretaria Escolar: Educação a distância
/ Durval Paulo Gomes Júnior, Luciana Maria da Silva. – 2.ed. – Recife: Escola Técnica Estadual
Professor Antônio Carlos Gomes da Costa, 2019.
72 p.: il.

Inclui referências bibliográficas.


Material produzido em abril de 2017 através de convênio com o Ministério da Educação
(Rede e-Tec Brasil) e a Secretaria de Educação de Pernambuco.

1. Educação - Brasil - História. I. Silva, Luciana Maria da. II. Título.

CDU – 37(81)

Elaborado por Hugo Carlos Cavalcanti | CRB-4 2129


Sumário
Introdução .............................................................................................................................................. 5

1. Competência 01 | Distinguir o que Caracteriza os Regimes Políticos do Contexto Histórico Brasileiro.


................................................................................................................................................................ 6

1.1 Brasil Colonial ............................................................................................................................................. 9

1.1.1 Brasil Colônia, o maior período de nossa história. ................................................................................. 9

1.1.1.1.O Ciclo do Ouro no século XVIII ......................................................................................................... 14

1.2. Brasil Império .......................................................................................................................................... 17

1.3 Brasil República ........................................................................................................................................ 20

1.3.1 Era Vargas.............................................................................................................................................. 22

1.3.2 O Regime Liberal Populista ................................................................................................................... 24

1.3.3 A Ditadura Militar.................................................................................................................................. 26

2. Competência 02 | Reconhecer a importância dos principais fatos históricos do Brasil e suas


consequências na Educação Brasileira ................................................................................................. 28

2.1.O Período Colonial ................................................................................................................................... 29

2.2 A Escolarização Jesuíta ............................................................................................................................. 31

2. 3 A Reforma Pombalina ............................................................................................................................. 34

2.4 - O Brasil Império...................................................................................................................................... 36

2.5 - A República ............................................................................................................................................ 38

2.6 - A Era Vargas ........................................................................................................................................... 41

2.7 - O Golpe Militar de 1964 ......................................................................................................................... 43

2.8 - A Redemocratização .............................................................................................................................. 45

3.Competência 03 | Refletir Sobre as Teorias Educacionais que Orientaram o Processo Educacional


do Século XX, no Brasil. ........................................................................................................................ 46

3.1 – Pedagogia Tradicional Religiosa (1549-1759) ....................................................................................... 48

3.2 – Coexistência de Concepções Pedagógicas Tradicionais Religiosa e Leiga (1759-1932) ........................ 49

3
3.3 – Emergência e predominância da Concepção Pedagógica Renovadora (1932-1969)............................ 53

3.4 – Emergência e predominância da Concepção Pedagógica Produtivista (1969-2001)............................ 56

3.5 Outras concepções pedagógicas .............................................................................................................. 57

3.7 Conclusões ............................................................................................................................................... 58

4.Competência 04 | Compreender a consolidação da Educação em Pernambuco............................. 60

4.1 – Faculdade de Direito em Pernambuco .................................................................................................. 60

4.2 Primeiras Letras entre as “Comunidades Inferiores”............................................................................... 62

4.3 A Educação na Primeira República ........................................................................................................... 64

4.4 Estado Novo e a Educação em Pernambuco............................................................................................ 69

4.5 A Educação no Governo de Miguel Arraes .............................................................................................. 71

4.6 Últimos anos do século XX e início do século XXI .................................................................................... 74

5.Competência 05 | Conhecer a estrutura da Educação Básica em Pernambuco .............................. 76

5.1 Algumas reflexões sobre a Educação ....................................................................................................... 76

5.2 Lei de Diretrizes e Base da Educação Nacional ........................................................................................ 80

5.2.1. Educação: direitos e deveres ............................................................................................................... 83

5.3 A Estrutura da Educação .......................................................................................................................... 84

Conclusão ............................................................................................................................................. 87

Referências ........................................................................................................................................... 88

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Introdução
Caro Estudante,
É muito bom poder compartilhar com você alguns elementos da História da Educação
Brasileira.
Inicialmente, vamos falar um pouco sobre a História do Brasil e sua constituição política
como um instrumento, para entendermos a História da Educação. Em seguida vamos analisar
partes do cenário brasileiro, que servirá para nós como ‘plano de fundo’ para entendermos as
mudanças da Educação no nosso país, passando por alguns períodos distintos.
Depois, iremos dar maior atenção às teorias educacionais que foram se instalando no
Brasil, principalmente no século XX. Em seguida, iremos nos ater à consolidação da Educação em
Pernambuco, vamos circular em alguns panoramas políticos e legislativos, para entendermos como
se deu essa consolidação da Educação no nosso Estado. Também vamos observar alguns fatos e
eventos históricos que marcaram a historia da educação em Pernambuco, começando no século
XIX.
E, finalmente, vamos nos dedicar a verificar como, nos dias de hoje, está estruturada
nossa Educação a partir da Legislação Nacional, já que, apesar de termos uma relativa autonomia
nos rumos da Educação, seguimos o modelo que é orientado pelo Governo Federal.
Conto com você nessa prazerosa caminhada. Vamos juntos?!

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Competência 01
Competência 01

1. Competência 01 | Distinguir o que Caracteriza os Regimes Políticos do


Contexto Histórico Brasileiro.

Olá, caro cursista! Seja bem-vindo à disciplina História da Educação Brasileira do


curso Técnico em Secretaria Escolar!
Esperamos que você possa aproveitar esse diálogo sobre a construção da nossa
educação.
Para tal, escolhemos, neste nosso primeiro encontro, falar um pouco sobre a História do
Brasil e sua constituição política como um instrumento, para entendermos a História da Educação.
Temos quase quinhentos anos de história para pontuarmos aqui. Então, vamos fazer
uma síntese, pois é interessante percebermos as mudanças políticas e econômicas ocorridas nesse
cenário.
Mas, por que História?
Você acha que a História é uma ciência? Sim, a História é uma ciência que investiga a
ação do ser humano, no espaço e no tempo. O espaço aqui é o Brasil e o tempo é desde a chegada
do europeu até a década de 1980. Vamos pontuar as mudanças políticas e econômicas que
ocorreram para que ao discutirmos propriamente os assuntos que virão, você possa estar
confortável e ter uma compreensão do que aconteceu.
Sabemos da importância da História, mas como ela é feita?
Para explicar melhor, vamos conhecer o método histórico. Este consiste em analisar o
que chamamos de fontes históricas. As fontes históricas se constituem de pistas deixadas por
pessoas no seu tempo. Essas fontes podem ser várias, como em uma cena de crime mesmo, sabe?
Por exemplo, em uma cena de crime podemos usar várias pistas que vão desde o relato de uma
testemunha ocular até gotas de sangue, análise do DNA e até a identificação de uma impressão
digital.
É possível ter várias interpretações de um mesmo fato histórico, então como saber a
verdade? Bom, primeiro as variadas interpretações que temos na História vai depender do lugar em
que estamos e para onde olhamos. Como assim? Vou dar um exemplo o qual acredito que todos já
devem ter pensado. Para que a Segunda Guerra Mundial chegasse ao fim, os americanos disseram
que tiveram que jogar 2 bombas, uma na cidade de Hiroshima e a outra na cidade de Nagasaki,

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Competência 01
Competência 01
ambas no Japão. Assim, os americanos entraram para a história como sendo a nação que pôs fim à
Segunda Guerra Mundial, mas para os japoneses os americanos são assassinos e não heróis, pois
mataram pessoas que não estavam em área militar e que não esperavam aquele ataque. Então,
podemos observar que a História não está preocupada com o fato de encontrar a verdade, mas
falar sobre o que aconteceu. No entanto, a perspectiva do que aconteceu, como vimos, vai mudar
de acordo com quem está contando o fato.
Agora você começa a entender o porquê de começarmos falando sobre a História do
Brasil? É mais um relato histórico mesmo, em que pontuaremos as mudanças políticas e
econômicas de forma bem objetiva, na intenção de relacionarmos, como já foi dito, essas mudanças
com os avanços educacionais.
Vamos começar?
Convido você a conhecer duas fases distintas da História do Brasil. Uma corresponde ao
período Pré-Colonial, em que não temos a História do Brasil propriamente dita. Você deve estar se
perguntando: como não existe a História do Brasil? Falo da História com os europeus e da própria
ideia de Brasil, por isso fazemos essa distinção do período Pré–Colonial.
A História do Brasil está dividida em três períodos distintos e, cada um desses períodos
tem as suas características. Você sabe quais são? Deixaremos essa parte com você, pesquise os
períodos políticos que dividem a História do Brasil. Vamos deixar uma dica, faça uma tabela e
coloque, nas colunas, os períodos e nas linhas, o tempo de duração e uma característica que você
considera importante. Vale lembrar que nesse último item não há uma “resposta certa”, pois você
vai dizer dentro daquele período o que mais chamou a sua atenção.
Abaixo coloco aqui um modelo que você pode alterar de acordo com a sua necessidade
ou entendimento.

PERÍODOS
DATAS
CARACTERÍSTICAS

Você deve ter encontrado três períodos distintos da História do Brasil.


Antes de entrar no Período Colonial do Brasil, vamos ver o período Pré–Colonial.

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Competência 01
Competência 01

Figura 1 - Mapa Mundi


Fonte: http://wambertoqueiroz.blogspot.com.br/2015/03/mapa-com-tratados-bula-papal-inter.html
Descrição: representa o Mapa Mundi, tendo o oceano Atlântico ao centro, em evidência. Nele,
observamos duas linhas na vertical. A primeira, separando o continente americano da África e Ásia e a
segunda, cortando o nordeste brasileiro do restante do território.

A representação do mapa nesse momento da história é quando o território que hoje é


parte do Brasil foi “descoberto“ (hoje questionamos esse descobrimento e falamos em invasão)
pelos portugueses.
Nessa representação ainda não temos a colonização do Brasil, mas por quê? Veja bem,
contamos que esse território do Brasil foi “descoberto sem querer”, mas não vamos entrar no
mérito da questão de saber se os europeus já tinham ou não o conhecimento desse território. Não
é essa a ideia para esse momento, pois agora objetivamos apenas fazer um relato histórico mesmo,
de forma linear, para depois juntarmos as partes, combinado?
Os portugueses queriam chegar às Índias, mas ao chegar ao Brasil e perceber que não
era o local desejado, eles não o colonizaram, pelo menos não de imediato. Observaram o que podia
ser explorado e vinham ao Brasil apenas para a extração desse produto. No caso, o pau–brasil,
madeira da qual se extraía uma tinta vermelha para o tingimento de tecido, muito cobiçada na
Europa, era o primeiro produto tipo exportação brasileiro. Esse se constituiria no primeiro ciclo da
economia na história do Brasil.

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Competência 01
Competência 01
Temos, portanto, o ciclo do pau–brasil, no qual acontecem a extração da madeira e o
escambo. Geralmente, esse momento é visto de forma preconceituosa, em que o índio é um ser
inocente, enganado pelo português que trocava a madeira por objetos sem valor. Na realidade não
era bem assim. O europeu não queria entrar na mata, nem cortar as toras de madeiras e nem
mesmo carregá-las pela floresta até as feitorias - espécie de armazéns que ficavam no litoral, onde a
madeira era empilhada e depois levada até os barcos. Todo o trabalho era executado por indígenas.
E o que eles ganhavam em troca? Coisas sem valor? Bom, sim os indígenas ganhavam coisas em
troca como, por exemplo, o machado que usavam para cortar a madeira, mas depois permaneciam
com eles e era utilizado como arma.
Veja bem, nesse momento o Brasil parecia pouco atrativo, pois a rota comercial e os
produtos comercializados que davam lucro estavam nas Índias, por isso quando os portugueses
chegaram aqui e não encontraram o que tanto queriam (ouro, prata e pedras preciosas) sentiram-
se um pouco frustrados.
Mas, o que levou os portugueses a mudarem de ideia e povoarem ou melhor
colonizarem o Brasil?
A resposta para essa pergunta é o próximo período:

1.1 Brasil Colonial

1.1.1 Brasil Colônia, o maior período de nossa história.

Bom, a Coroa portuguesa tinha um problema em suas mãos, pois que não queria
colonizar o Brasil. Lembra? Mas tiveram que efetivar a colonização por causa da ação de outros
países europeus, principalmente a França, a Inglaterra e a Holanda, que não aceitavam a divisão
desse território apenas entre Espanha e Portugal. Então, os países descontentes com essa divisão
começaram a fazer incursões ao território brasileiro, gerando uma preocupação e em seguida uma
ação de Portugal: a colonização.
Mas ainda existia um problema, como povoar a terra que, até então, era vista apenas
como um local de retirada de material e não de permanência?
Vamos, primeiro, ver o local a ser ocupado.

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Competência 01
Competência 01

Figura 2 - Mapa do Brasil Antigo


Fonte: http://escolakids.uol.com.br/as-capitanias-hereditarias.htm
Descrição: mapa cortando o nordeste brasileiro, dividindo-o em 15 pedaços na horizontal.

Lembra de que já falamos que a História do Brasil pode ser dividida também através da
economia? Inicialmente, vimos o ciclo do pau–brasil e o próximo é o ciclo da cana de açúcar, que
tem tudo a ver com a constituição das Capitanias Hereditárias.
Mas o que eram mesmo as capitanias hereditárias? E para que foram criadas? Qual a
sua importância para a nossa história?
Bom, esse sistema, Capitanias Hereditárias, foi a causa da divisão em fatias do território
que viria a ser o Brasil. Ele já era utilizado por Portugal, nas Ilhas do Atlântico com sucesso, então o
Rei Dom João III pensou em implantá-lo aqui, para resolver o problema dos invasores
(principalmente franceses e holandeses) e também fazer com que as terras dessem lucro
produzindo alguma coisa. Em nosso caso, o açúcar.
O donatário fazia parte da pequena burguesia, que tinha comércio no Oriente.
Esse período, que deu muito lucro a Portugal, também é o momento de introdução da
escravidão africana no Brasil. Você deve lembrar que, no ciclo do pau-brasil, era praticado o
escambo, só que depois que os índios receberam as armas (a exemplo do machado), não queriam

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Competência 01
Competência 01
mais fazer o trabalho pois não recebiam coisas novas em troca. Ao se recusarem a trabalhar,
Portugal tinha que encontrar outra mão de obra barata e, no caso do Brasil, a opção foi a prática da
escravidão de povos africanos. Além da mão de obra barata, foi estabelecido um rico comércio
entre Portugal, Brasil e África: o chamado pacto colonial.
Assim, os escravos eram mais um mercadoria comercializada por Portugal.
O nosso ciclo açucareiro foi bem agitado, com a implantação das Capitanias
Hereditárias, a ocupação do território, o povoamento do Brasil, a invasão holandesa e francesa, a
União Ibérica, começando aí a nossa história.
Nesse período açucareiro, apesar do crescimento econômico, o Brasil passou por
momentos muito conturbados. A União Ibérica (1580–1640) foi um momento em que o rei
espanhol, Felipe II, assumiu o reino de Portugal, passando assim a ser apenas um, na realidade, o
maior império já existente.
Veja no mapa.

Figura 3 - Mapa Mundi do Território sob Domínio de Felipe II


Fonte: http://www.culturabrasil.org/uniao_iberica_brasil_holandes.htm
Descrição: representação do Mapa Mundi, mostrando o território que fazia parte da coroa portuguesa nos
séculos XVI e XVII tendo o Centro a África.

Outra situação muito importante, em nossa história, durante o ciclo da cana de açúcar,
foi a Invasão holandesa. Isso aconteceu já no fim da União Ibérica e também por causa dela, já que
o rei espanhol estava em guerra com a Holanda e acabou proibindo o comércio que existia entre
Portugal e Holanda. Sendo assim a Holanda resolveu invadir o nordeste brasileiro, na década de 20
do século XVII, mas nem tudo foi tão ruim, pois eles trouxeram algum desenvolvimento econômico,

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Competência 01
Competência 01
concederam empréstimos para os senhores de engenho, o que acabou agradando a todos e
também permitiram a liberdade de culto, sem falar na revitalização que fizeram em Recife.
Você já ouviu falar do boi voador de Nassau? Que tal pesquisar sobre ele? Vamos lá!
Esse é um daqueles momentos históricos que parece não ser verdade, mas é. Pesquise e escreva se
você concorda com o que o Conde Mauricio de Nassau fez.
Aliás, você sabe quem foi o Conde Maurício de Nassau? Pesquise sobre ele, tente
responder perguntas como: qual sua nacionalidade, sua religião, quanto tempo viveu e seus feitos
aqui no Brasil. Você vai gostar de saber dessa parte da importante nossa história.
Continuando a nossa história
O declínio do ciclo açucareiro ocorreu pela expulsão dos holandeses de Pernambuco. O
fim dessa relação entre Portugal e Holanda se deu, por causa, dentre outros motivos, da cobrança
dos impostos por parte da companhia das Índias Orientais. Isso causou um mal-estar dentre as
pessoas da elite do Nordeste, fazendo com que essas pessoas se reunissem para expulsar os
holandeses. Lembram de Jaboatão dos Guararapes, a cidade? Pois bem, foi travada a batalha
decisiva lá no Monte com o mesmo nome.

Figura 4 – Batalhas
Fonte: http://guerras.brasilescola.uol.com.br/seculo-xvi-xix/batalhas-dos-guararapes-1648-1649.htm
Descrição: quadro representando batalhas entre vários grupos sociais desse período, entre esses: índios, negros e
portugueses.

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Competência 01
Competência 01
Quando falamos que a economia açucareira entrou em crise não estamos falando que o
açúcar deixou de ser produzido, não é isso, mas apenas deixou de ser o principal produto a dar
lucro. Talvez você esteja se perguntando: qual a importância da mudança desse produto na
economia?
Veja bem, estamos no período colonial, lembra?
Perceba neste mapa as principais mudanças que ocorreram no Brasil.

Figura 5 – Produtos da Economia Brasileira do século XVIII


Fonte: https://geo06371.wordpress.com/category/livrodidatico/page /4/
Descrição: ilustração do Mapa do Brasil, mostrando, por área, os produtos que eram cultivados.

Vamos fazer uma análise do mapa?


A primeira observação a fazer é com relação à localização das atividades econômicas.
Perceba onde está representada a atividade do pau-brasil e a da cana de açúcar. Bem no litoral, não
é mesmo? Essas duas atividades predominaram nos dois primeiros séculos. Agora perceba onde
está localizada a atividade mineradora. Mais para o interior, juntamente com o desenvolvimento da
pecuária. Agora sim, começa o nosso próximo ciclo e suas implicações. Não esqueça que estamos
fazendo um relato histórico: como o Brasil vai se constituindo política e economicamente.

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Competência 01
Competência 01
1.1.1.1.O Ciclo do Ouro no século XVIII

Você consegue perceber a importância dessa configuração econômica? Politicamente,


não mudamos muita coisa, ainda continuamos colônia de Portugal, mas a economia, ou melhor, a
mudança da economia acabou mudando drasticamente, incusive, o mapa do Brasil. Sim, isso
mesmo! Mas, como isso é possível? Veja que tanto a mineração como a agricultura vão se
localizando mais para o interior do território brasileiro, onde aconteceu não apenas a ocupação,
mas também a comercialização de outros produtos.
Mas vamos a esse ciclo que é tão importante, para o desenvolvimento da Colônia!
Além da interiorização, já mencionada, temos outras características importantes desse
período. O Bandeirantismo e as Entradas, por exemplo, atividades altamente importantes para
entendermos não apenas o processo de interiorização como também a nova configuração no mapa
do Brasil. Não esqueça, por favor! É importante associarmos essas atividades com as
transformações que aconteceram na sociedade do Brasil, nos séculos XVII e XVIII.
Mas, o que é mesmo Entradas e Bandeirantismo?
As Entradas eram expedições feitas pela Coroa portuguesa com três objetivos claros: o
primeiro era a captura do índio, o segundo era a destruição de comunidades quilombolas e o
terceiro, encontrar metais e pedras preciosas. Mas e o bandeirantismo? O que era? O mesmo que
as Entradas, só que era uma ação particular, realizada por colonos.
A partir da economia, vimos mudar o mapa do Brasil e é também por conta das
Bandeiras que a influência de Portugal acabou minguando. As Bandeiras eram privadas, concessões
dadas aos colonos para explorarem os metais preciosos que a Coroa tinha tanto interesse. Também
não podemos esquecer do crescimento demográfico alcançado nesse momento, principalmente
pela presença de escravos.
Por conta da busca pelo ouro, algumas cidades foram surgindo nas proximidades das
minas, provocando um processo de urbanização também relacionado a esse ciclo econômico.
Bom, apesar de todo ouro servir ao mercado externo com Portugal, houve sim um
fortalecimento do mercado interno, aumentando também as vendas entre os colonos, fortalecendo
essa economia.
Ocorreu também mais uma mudança significativa, que foi o surgimento de uma classe
alta nativa e, consequentemente, uma crítica mais acentuada ao pacto colonial.

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Competência 01
Competência 01
Então, vamos lá! Recapitulando, tivemos uma mudança do produto econômico; uma
migração do local de produção, do litoral (cana de açúcar), para o interior, o centro do país (metais
e pedras preciosas e a pecuária); uma urbanização, com o surgimento das cidades em detrimento
da cana de açúcar, produto rural e o aumento da população principalmente escrava, apesar da
atividade açucareira ser feita também com mão de obra escrava, mas nem só de economia vive a
história, você já ouviu falar ou leu uma sátira chamada Cartas Chilenas? O que tem a ver essa sátira
com a História do Brasil? Tudo! Aí está o site das Cartas Chilenas, entre lá e confira!

http://www.biblio.com.br/defaultz.asp?link=http://www.biblio.com.
br/conteudo/TomasAntonioGonzaga/cartaschilenas.htm

O livro é bem maior, mas não é necessário pôr todo aqui. Depois você pode dar uma
olhada.
Mas, o que tem a ver esse livro especificamente com a História do Brasil? Bom, as Cartas
Chilenas foram escritas entre 1783-1788, um pouco antes da Inconfidência, cujo autor foi Tomaz
Antonio Gonzaga. Mas o que aconteceu com o Autor?
Isso é com você, faça uma pesquisa e descubra um pouco mais sobre ele. Quem era, o
que fazia e como vivia?

Para entender um pouco mais sobre esse livro, seu autor e o


contexto histórico assista ao vídeo
https://www.youtube.com/watch?v=Mybq_rkAWDo

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Competência 01
Competência 01

Figura 6 - .Livro Histórias da gente brasileira


Fonte: http://migre. me/wnWaK
Descrição: capa do Livro Histórias da Gente Brasileira, de Mary Del Priore. Com o título do livro e o nome do autor na
parte de cima e abaixo figuras de pessoas.

Neste livro a autora relata o cotidiano do Brasil colônia de uma forma bem
clara, vale a pena ler.

A administração pombalina é outra situação que acontece também no século XVIII, só


que um pouco antes da Inconfidência Mineira, mas veremos mais sobre esse assunto nas semanas
seguintes.
O próximo período é bem interessante também para o Brasil, vamos falar da chegada da
família real à sua colônia. Esse momento é anterior a nomeação do Brasil como Reino Unido a
Portugal. Deixamos de ser colônia. Mas por que isso aconteceu? Porque a família real resolveu
morar em sua colônia, o Brasil? Quais as implicações políticas e econômicas para nós? É o que
vamos descubrir!

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Competência 01
Competência 01
1.2. Brasil Império

Antes de mais nada, temos que dar um pulo na Europa, para entendermos o que
aconteceu aqui no Brasil.
Em 1806 foi estabelecido o “Bloqueio Continental” pela França. Napoleão Bonaparte,
que havia conseguido se estabelecer entre algumas nações europeias, considerou o bloqueio
econômico contra a Inglaterra nesses países. Espanha e Portugal também foram pressionados a
fazer o bloqueio, no entanto Portugal tentou ganhar tempo e fazer acordos com a França e a
Inglaterra ao mesmo tempo, mas ambos recusaram o acordo, tendo, por fim, a Coroa portuguesa
que sair de Portugal, que foi invadido pela França e se estabelecer no Brasil, sendo ajudado pela
Inglaterra, que muito louvou o rei português.
A família real chegou ao Brasil em 1808, de uma forma um pouco conturbada. A
princípio, houve o desalojamento da população dos prédios no Rio de Janeiro para a instalação da
corte portuguesa. Bom, esse foi o menor dos incômodos para a família real. Não preciso dizer que
as pessoas que foram expulsas não gostaram nada, nada da ideia.

Figura 7 - Chegada da Família Real ao Brasil


Fonte: http://jestudante.blogspot.com.br/2011/06/ chegada-da-familia-real-em-1808.html
Descrição: pintura mostrando a chegada da família real portuguesa ao Brasil no século XIX e uma multidão que a seguia.

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Competência 01
Competência 01
A imagem mostra bem o frenesi que foi a chegada da família real. É claro que houve
muita comemoração.
Mas essa vinda acabou tendo muitas consequências, uma dessas consequências,
imediata, foi a abertura dos portos do Brasil para a Inglaterra, considerada uma nação “amiga”. Não
se podia continuar comercializando com Portugal, por conta da invasão francesa. Então, os negócios
foram feitos a partir do Brasil.
Você lembra que falamos da formação de uma elite nativa? Pois bem, ao longo dos
anos, logo após o Brasil se tornar um Império, tivemos a pressão dessa elite, para que houvesse
uma reforma política e econômica que pudesse favorecer essa elite.
É claro que essa “nobreza” nativa queria partilhar dos mesmos benefícios dos
portugueses que aqui viviam, por outro lado Portugal não queria perder a sua rica colônia, mas a
família real não podia ficar em uma simples colônia. Foi aí que o Brasil foi elevado a Reino Unido de
Portugal.
Muitos conflitos ocorreram desde a chegada da família real (1808) até a independência
do Brasil (1822), no Brasil e em Portugal. Sim, não vamos esquecer, que os portugueses sofreram
com a invasão francesa, mas pouco tempo depois conseguiram expulsar os invasores com a ajuda
dos ingleses. O que era bom ficou ruim, pois sem a presença de um regente em Portugal os
britânicos se ocuparam de “cuidar” do país, mas em 1820 os portugueses fizeram um revolução,
exigindo a volta da família real, o que acabou acontecendo um ano depois.
É claro que Dom João VI ficou preocupado com a situação do Brasil, mas resolveu deixar
seu filho D. Pedro I aqui para tomar conta do reino para Portugal.
Foi nesse momento que se instaurou grande confusão e a elite brasileira começou a
pressionar D. Pedro I, para declarar a independência do Brasil e se tornar o Rei daqui. Portugal,
sabendo disso, mandou chamar o príncipe regente de volta à metrópole. No entanto, D. Pedro não
retornou e todos nós sabemos o que aconteceu, não é mesmo?
Se você não lembra, vou dar uma pista:

“Ouviram do Ipiranga as margens plácidas


De um povo heroico o brado retumbante
E o sol da liberdade, em raios fúlgidos
Brilhou no céu da pátria nesse instante” ....

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Competência 01
Competência 01
Isso mesmo, no dia 07 de Setembro de 1822 aconteceu a Independência do Brasil.
Vamos ver algumas imagens desse momento que foi eternizado.

Figura 8 - Independência do Brasil


Fonte: http://nossahistoria.org/index.php/2016/09/07/independencia-ou-morte/
Descrição: pintura do grito de independência do Brasil. Na ilustração estão cavaleiros e alguns colonos ao redor do
Príncipe Herdeiro, às margens do Rio Ipiranga. Mostra Dom Pedro levantando sua espada e todos o saúdam,
comemorando.

Todos nós reconhecemos essa imagem não é mesmo?


Mais esse foi apenas um momento desse período. Portugal não ficou nada contente
com a notícia. Começou assim o Primeiro Reinado (1822 – 1831), que foi marcado por grande
turbulência política e grande autoritarismo por parte de D. Pedro I.

Você sabe o que foi a Noite das garrafadas? Que tal pesquisar e
saber?

Ao ir embora do Brasil, depois de abdicar, para que seu filho pudesse governar, D. Pedro
I volta para Portugal deixando aqui seu filho D. Pedro II com apenas cinco anos. Depois do Período
Regencial (1831-1840), marcado também por uma instabilidade política, uma das principais
características desse período foi a descentralização do poder. Faltava uma figura que pudesse unir
todo o Brasil, o que acabou por favorecer o Golpe da Maior Idade.

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Competência 01
Competência 01
Esse momento da nossa história ficou conhecido dessa forma por antecipar a maior
idade de D. Pedro II, de 18 para 14 anos.
Você sabia que os primeiros quadros de D. Pedro II, foram pintados para dar um ar de
maturidade ao Imperador?
O Segundo Reinado (1840 – 1889), também teve muita instabilidade política, Revoltas
Liberais e participação em Guerras, mas também de desenvolvimento econômico e estruturais,
concretizado por D. Pedro II, que teve o maior governo da nossa história.
O fim do Brasil império, não por acaso, deu-se um ano após a assinatura da Lei Áurea
(1888). Existe uma grande controvérsia sobre a assinatura dessa lei, para além dos embates
políticos e econômicos, também é questionada a libertação desses escravos sem uma política
pública de inserção deles na sociedade, o que acabou tendo consequências gravíssimas, até hoje.
Mas esse desfecho é pouco comum para uma mudança de sistema político, como foi o
nosso. Fomos dormir Monarquia e acordamos República, sendo esse o começo do próximo período
no Brasil.

1.3 Brasil República

Esse período começa em 15 de novembro de 1889, e já temos aí quase 128 anos de


república, intercalado por momentos ditatoriais, seja por Getúlio Vargas seja pela ditadura militar.
Bom, esse é um período também de muita efervescência política e foi bastante
fragmentado. Mas vamos falar primeiro da República Velha, que compreende dois momentos
distintos: A República da Espada e a República Oligárquica.

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Competência 01
Competência 01

Figura 9 - Alegoria da República Brasileira


Fonte: http://brasilescola.uol.com. br/historiab/republica-velha-1889-1930.htm
Descrição: alegoria da República Brasileira, de Ângelo Agostini (1843 – 1910) publicada na Revista Ilustrada, em 1889. A
República é representada por uma senhora com espada e escudo, em defesa da pátria Brasil. Ao fundo vemos a
bandeira do Brasil e Marechal Deodoro, montado num cavalo. Um cidadão ajoelhado oferece uma coroa numa
almofada à senhora.

A República da espada, como o próprio nome sugere, é estabelecida por militares, tanto
é que os dois primeiros presidentes foram Marechal Deodoro da Fonseca e Floriano Peixoto.
Houve nesse momento a criação da primeira constituição republicana, crise econômica e alguns
conflitos dentro da elite.
A República oligárquica, como o próprio nome sugere, é um governo de poucos,
geralmente pertencentes ao mesmo partido. Foi o que aconteceu neste momento de nossa história,
quando a elite cafeeira (São Paulo), junto com a elite rural (Minas Gerais), exerceram o controle do
poder político, fenômeno esse conhecido como a Política do Café com Leite, quando os presidentes
da República se alternaram entre São Paulo e Minas Gerais. Essa forma de fazer política acabou
favorecendo o coronelismo. Veja uma charge que mostra como eram as votações, nas primeiras
eleições.

Figura 10 – Coronelismo e Voto de Cabresto


Fonte: http://www.grupoescolar.com/pesquisa/ coronelismo-e-voto-de-cabresto.html
Descrição: desenho que satirizava o sistema eleitoral. O eleitor (representado por um homem com cabeça de burro) é
conduzido por um homem de casaca, chapéu e óculos (um coronel) para votar. O homem o puxa pelo cabresto em
direção à urna de votação. No diálogo com a senhora que cuida da urna, ela pergunta: é o Zé Besta? e o coronel
responde: Não, é o Zé Burro.

Esse período finaliza com Getúlio Vargas chegando ao poder. O tempo era 1930.

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Competência 01
Competência 01

1.3.1 Era Vargas

Falar sobre Vargas é certamente comprar briga com muitas pessoas. Você sabe por quê?
Getúlio Vargas é uma das figuras mais controversas da nossa História.
Vejamos!
Ele deu um golpe e chegou ao poder no começo da década de 1930. De 1930 a 1937 foi
ficando no poder. E de 1937 a 1945, instituiu a ditadura Varguista ou o então Estado Novo.
Mas calma lá, que Vargas também fez umas coisas boas. Não falei que ele é uma figura
contraditória?
Vamos lá para o primeiro momento da Era Vargas na História do Brasil.
Os motivos para a revolução de 30 aconteceram na última eleição antes dessa data,
quando Washington Luís que era o presidente e deveria indicar alguém de Minas Gerais, quebrou o
acordo da política do café com leite e indicou um paulista, Júlio Prestes.
Os mineiros insatisfeitos começaram a pensar em um forma de chegar ao poder, para
isso criaram a Aliança Liberal, em 1930. Mesmo o candidato de Washington Luís ganhando as
eleições, não conseguiu assumir, pois já havia a formação de uma aliança que estava insatisfeita
com os paulistas para a tomada do poder presidencial. E, é claro, Vargas é a indicação para ser o
novo Presidente da República.
A indicação para o vice de Vargas vem da Paraíba que foi João Pessoa, que acabou
sendo assassinado por motivos políticos relacionados ao seu Estado, a Paraíba, mas é claro que
Vargas contou outra história dizendo que quem assassinou o seu vice foram os paulistas, o que já
estava ruim para a elite cafeeira, ficou ainda pior.
Vargas fez uma Aliança Liberal. Nessa aliança estavam presentes vários segmentos da
sociedade que estavam insatisfeitos com os paulistas. Você já deve imaginar que para poder
governar nesse momento, Getúlio fez vários acordos com esses segmentos que o apoiaram.
Um desses acordos foi com a igreja católica, militares, trabalhadores e, não podemos
esquecer que, na intenção de diminuir o poder político da elite, Vargas implantou o voto
secreto, o sufrágio universal. Isso mesmo, a mulher podia votar. Ele também colocou interventores
no lugar dos governadores.

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Competência 01
Competência 01
Bom, a partir daí, ele fez alguns inimigos, um desses opositores foi Plínio Salgado, que
depois veio a representar a Ação Integralista Brasileira, a qual teve como lema: Deus, Pátria e
Família. Esses integralistas tinham característica de ultra nacionalistas. Lembra que falamos desse
momento como muito fragmentado e conturbado? Pois bem, nessa década tivemos no Brasil vários
segmentos querendo o poder, poder esse que estava nas mãos de Vargas.
Com muitos segmentos contra Getúlio, ele fez a Lei de Segurança Nacional, para tentar
reprimir os grupos que se levantaram contra ele. Então além de ter esse cenário fragmentado, ele
tinha também uma polarização ideológica para administrar: Integralistas X Comunistas. Sim os
comunistas também figuraram nesse ambiente político que mais parecia um barril de pólvora.

Para entender mais desse período vale a pena conferir um vídeo


documentário chamado: O velho – a história de Luís Carlos Prestes
que conta a História do Brasil através da vida de Prestes desde a
década de 1920 – 1990.

Pois bem, Vargas conseguiu não só sair desse período, mas instaurar um período
ditatorial: O Estado Novo 1937–1945. Esse momento não foi menos controverso, pois Vargas fez
uma nova constituição, chamada A Polaca, criou o departamento de Imprensa e Propaganda (DIP) e
fez a Consolidação das Leis Trabalhistas.
Não vamos esquecer que esse momento foi bem delicado para o mundo. Foi o
momento da 2ª Guerra Mundial e Getúlio Vargas apoiou os EUA, país de economia e política liberal
e democrática, só que Vargas não era nada democrático, e nessa ocasião a elite intelectual e vários
outros segmentos da sociedade brasileira começaram a pressionar para que houvesse eleições.

Aqui está um link para você saber mais sobre a Era Vargas.
http://cpdoc.fgv.br/producao/dossies/AEraVargas1/apresentacao

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Competência 01
Competência 01
Apesar de perder o poder em 1945, Vargas voltou em 1951 e daí até 1954, como ele
mesmo disse, para entrar para história.

Mas agora vamos ver um outro período da nossa história:

1.3.2 O Regime Liberal Populista

Esse período é muito particular porque ele situa-se entre dois períodos ditatoriais, o
Estado Novo (1937–1945) e a Ditadura Militar (1964–1985). Também você vai perceber uma
mudança no sistema educacional a fim de atender às orientações mercadológicas, por isso esse
período acabou sendo um divisor de águas para a Educação.
Depois de tanto tempo em uma ditadura, experimentamos, por um breve momento,
uma reestruturação do regime democrático, o povo brasileiro voltando às urnas, uma mudança
significativa na economia do Brasil com o estabelecimento de uma elite industrial em detrimento da
elite cafeeira do começo do século XX, uma pluralidade partidária e, por último um discurso
populista forte tendo como características o otimismo, a inclusão social e a figura de um grande
líder. Tivemos vários presidentes nesse período, mas falaremos dos mais famosos: Vargas de 1951–
1954. Sim, ele de novo, dessa vez voltando ao poder com o voto popular.
Mas de novo para governar, Vargas tentou fazer aliança com as duas forças políticas da
época: o nacionalismo, que defendia a economia brasileira, e os liberais que queriam o capital
estrangeiro em nossa economia. Na contramão dos liberais, Vargas criou duas empresas estatais:
uma foi a Petrobrás e a outra, a Eletrobrás. João Goulart, seu ministro do trabalho, deu 100% de
reajuste salarial. Tais medidas ocasionaram uma pressão por parte da elite industrial e militares que
viram essas medidas como uma aproximação com o comunismo.
Bom, você sabe o fim da história: Vargas recusou–se a renunciar e cometeu suicídio.
Vejamos um jornal da época, o Última Hora.

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Competência 01
Competência 01

Figura 11 - Manchete de Jornal


Fonte: http://professormarcianodantas. blogspot.com.br/2014/11/getulio-vargas-o-presidente-que.html
Descrição: a imagem representa uma Manchete de jornal, noticiando a morte de Vargas. Na manchete está escrito:
Matou-se Vargas. O presidente cumpriu a palavra: ‟Só morto sairei do Catete!”

O próximo governo foi o de Juscelino Kubitschek (1955–1960).


Um dos feitos mais marcantes de JK foi justamente a construção de Brasília. Ele também
implementou a economia através da indústria, sobretudo a automobilística. Lançou logo de cara o
seu Plano de Meta, tendo como lema: 50 anos em 5. Ao contrário de Vargas, JK se utilizou do capital
estrangeiro para bater suas metas, seu governo chegou ao fim com a inauguração de Brasília em
1960.
Jânio Quadros foi o próximo e meteórico Presidente da República. Seu governo
começou e terminou em 1961. Muito polêmico, o seu governo foi marcado por contradições e
autoritarismo, tendo como característica o conservadorismo que ia desde a proibição do uso de
biquíni à limitação de corrida de cavalo aos finais de semana.
Ele usava como símbolo uma vassoura e dizia que varreria a corrupção do Brasil. Não
conseguiu se manter no poder chegando a renunciar em 1961, ocasião em que seu vice, João
Goulart, estava em viagem à China. Começou assim, de forma muito conturbada o governo de João
Goulart.
Antes de João Goulart voltar para o Brasil, os militares tentaram impedir que ele
tomasse posse como presidente. Começou, então no Brasil uma campanha para se legitimar a posse
do então Vice-Presidente. Somado a isso, Goulart ao voltar de sua viagem, passou pelos EUA para
tentar mostrar que estava afinado com os capitalistas, sendo assim os militares não conseguiram
impedir que Jango tomasse posse, mas conseguiram restringir seu poder ao instalar o

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Competência 01
Competência 01
Parlamentarismo, sistema que criava muitas dificuldades para se governar. Em 1963 é feito um
plebiscito para escolher a forma de governo do Brasil, tendo sido escolhido o presidencialismo.
Em 1964 os militares junto com a elite industrial conseguiram depor Jango, começando
assim uma Ditadura militar que duraria 21 anos.

1.3.3 A Ditadura Militar

Os militares tiveram apoio de vários setores da sociedade para dar o golpe. Esse apoio
foi desde a igreja católica (pelo menos no começo), passando por setores conservadores, à classe
média e até mesmo os EUA.
Todos nós sabemos o que foi a Ditadura Militar no Brasil, que deve ser o assunto mais
abordado e visto da nossa história, é o que mais chama atenção, no entanto, às vezes parece que
esquecemos o que aconteceu e como aconteceu.
Esquecemos o tanto de vidas que foram perdidas para lutar contra essa forma de
governo, que cassava os direitos políticos de quem se opusesse a ele, que reprimia os movimentos
sociais, censurava não apenas os artistas e todas as formas de artes que insistisse em denunciar as
atrocidades cometidas pelos militares, mas também censuravam os meios de comunicação,
detinham o controle sobre os sindicatos e sobre a oposição política (MDB).

Você já ouviu uma música de Chico Buarque que tem por título:
Apesar de você?
Segue o link com a letra e o vídeo, entre lá e veja, vale a pena
conferir.
https://www.vagalume.com.br/chico-buarque/apesar-de-voce.html

Por fim, depois de tanto tempo, houve a reabertura política com o último Presidente
militar: Figueiredo (1979 – 1985). Foi um momento, como diz a letra da música, “de grande
euforia”. Elegemos, ainda que indiretamente, Tancredo Neves, que não chegou a tomar posse, pois
acabou morrendo, assumindo em seu lugar o vice José Sarney. Esse foi um breve relato histórico
para que você possa compreender as modificações que aconteceram em nosso país. Nas próximas

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Competência 01
Competência 01
semanas vamos abordar outros assuntos mais específicos da Educação no Brasil, eu espero que esse
relato contribua para seu entendimento do assunto.
Até a próxima semana.

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Competência 02
Competência 01

2. Competência 02 | Reconhecer a importância dos principais fatos


históricos do Brasil e suas consequências na Educação Brasileira
Olá, tudo bem?
Estamos chegando à segunda semana do curso e espero que você tenha aproveitado a
nossa conversa sobre a História da Educação do Brasil.
Você deve lembrar que, na primeira semana, nós começamos a trazer um relato
documental da História do Brasil, não é mesmo? Esse relato tinha o objetivo de trazer um panorama
geral da História do Brasil, uma espécie de cenário. A partir desse contexto histórico geral, vamos
começar a analisar partes do cenário, que serão, para nós, os momentos mais marcantes de
mudança da Educação no Brasil, passando por alguns períodos distintos.
Você já parou para pensar sobre o que influencia nossa vida? O que determina criação
de vagas de empregos? Ou a implementação de uma política pública? Ou mesmo a elaboração de
uma lei? Pois bem, a qualidade de vida que temos, e até mesmo as coisas mais simples do nosso
cotidiano, tudo é construído politicamente. Mas a aceitação da população é imprescindível para que
tudo aconteça.
Nesse sentido, vamos estudar agora situações históricas pontuais (partes daquele
cenário), para entendermos as mudanças da Educação do Brasil. Será interessante! Você poderá
perceber as mudanças na Educação, de acordo com cada momento e aí entender como se construiu
o cenário atual.
Sempre gostei de pensar sobre Educação. E aí me vinham alguns pensamentos: como
era a Educação em cada momento da história do Brasil? O que mudou? O que pensavam os
políticos quando estabeleciam alguma mudança ao longo dos séculos? Será que todos tinham
direito à Educação? Ou, antes a Educação sempre foi encarada como um direito? Essas são algumas
das minhas inquietações, quais são as suas?

Vamos percorrer a história do Brasil e pontuar as principais mudanças na Educação,


elencamos aqui oito períodos dos muitos, espero que você goste e esse seja apenas o começo de
sua pesquisa sobre esse assunto tão fascinante. Vamos começar!

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Competência 02
Competência 01
2.1.O Período Colonial

O período colonial, como você já deve saber, foi de 1500 a 1822. Dentro desse período,
você deve ter percebido que estamos considerando também o pré-colonial, vamos entender por
quê.
Nesse momento começa a história do Brasil.
Entendemos a história não como fatos isolados, mas como situações que se conectam e
interferem umas nas outras, por esse motivo precisamos entender como a Educação foi pensada
nesse momento para compreender como ela acabou se desdobrando até chegar em nossos dias.
Vamos fazer um exercício? Não é nada demais, muito fácil. Você conseguiria imaginar
como era o território do Brasil por ocasião da chegada dos portugueses? Para além do território,
imagine só as relações e as atividades que começavam a surgir de acordo com as necessidades
apresentadas pelos portugueses. Esse momento, é muito importante para compreendermos as
relações na atualidade. Quer um exemplo para entender melhor? Vamos falar de algo que ainda
existe na atualidade: o racismo. Todo mundo sabe que existe, tanto é que temos uma legislação
contra ele, mas será que esse sentimento é recente ou uma invenção da nossa época? Sabemos que
não. O racismo é uma “relação social” (estamos tomando como base o significado do conceito), que
foi criado com sua estrutura na escravidão.
Bom, tudo isso é para entendermos como somos afetados pelo nosso passado.
Quando os europeus chegaram aqui ao Brasil encontraram nativos que acabaram os
denominando de indígenas, essas pessoas tinham uma vida que dependiam da natureza sem
necessariamente transformar o meio ambiente de forma radical como os portugueses estavam
acostumados (por favor, entenda que o objetivo aqui não é polarizar que os indígenas são
melhores que os portugueses, mas apenas apresentar as diferenças, para que possamos analisar e
entender esse momento). Quando os portugueses chegaram ao nosso país buscaram transformar
para atender as necessidades da metrópole. E aí sim, começa a nossa história com a Educação.
Para atender as necessidades da coroa, foi implantado um processo de catequização
desses nativos. Podemos dizer que essa evangelização foi uma das primeiras “políticas públicas” a
ser estabelecida por Portugal. Passou a ser extremamente importante que esses nativos fossem
alfabetizados no idioma do conquistador e que também abraçassem suas crenças religiosas, então

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Competência 02
Competência 01
foi assim que começou a primeira ideia de Educação no Brasil. Quem fazia isso? Quem foram os
primeiros educadores do Brasil? Isso mesmo: os padres Jesuítas.
Esses religiosos recebiam ajuda da coroa para educar os nativos e para isso utilizavam a
linguagem religiosa. Por isso, podemos dizer que a Educação era pública e religiosa. Essas são as
características da Educação naquele momento.
Quem era o alvo dessa Educação? Os indígenas e alguns colonizadores também.
Como podemos deduzir, a nossa primeira organização escolar foi uma política
colonizadora e de exploração, ou seja, não tinha o sentido de hoje que é basicamente a formação
do ser humano para a vida e para o trabalho, entendendo a Educação para a vida como uma ação
na formação de uma pessoa crítica e a Educação para o trabalho como uma ação de ensino –
aprendizagem que visse a divulgação de conhecimentos científicos necessários para a manutenção
da existência. O sentido da educação no momento da colonização era a necessidade de se educar
para explorar de acordo com os interesses da coroa portuguesa. Acompanhe o trecho abaixo sobre
os religiosos que chegaram no Brasil e as expectativas em relação ao seu trabalho.

[....] dele dependia [.....] o êxito da arrojada empresa colonizadora; pois que, somente pela
aculturação sistemática e intensiva do elemento indígena aos valores espirituais e morais da
civilização ocidental e cristã é que a colonização portuguesa poderia lançar raízes definitivas [....]
[apud Mattos, 1958, p.31]

Talvez venha daí a aversão que, às vezes, os estudantes possam ter à escola. Se você
trabalha em uma escola, deve ter presenciado algum momento que os estudantes falam que
gostam da escola, mas não de estudar.
Esse foi o pano de fundo do princípio da Educação no Brasil, como já foi dito
anteriormente, não estamos julgando, mas buscamos compreender esse processo da Educação no
Brasil.
Mas calma, que esse é apenas o começo da história, vamos falar um pouco desses
primeiros professores, os jesuítas.

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Competência 02
Competência 01
2.2 A Escolarização Jesuíta

Vamos primeiro falar um pouco sobre quem são os jesuítas. Eles são uma ordem
religiosa católica fundada em 1534 na França, também chamados de Companhia de Jesus. Quando
Tomé de Souza chegou ao Brasil (1549) trouxe alguns religiosos dessa Ordem, chefiados pelo padre
Manuel da Nóbrega (1517 – 1570). Veja a sua imagem logo abaixo.

Figura 12 – Padre Manuel de Nóbrega


Fonte: http://brasil escola.uol.com.br/biografia/manuel-da-nobrega.htm
Descrição: desenho em auto relevo do rosto do padre Manuel de Nóbrega.

Agora vamos pensar como seria essa Educação? Lembra do exercício que fizemos
anteriormente, sobre imaginar como foram as relações aqui no Brasil no período colonial? Façamos
o mesmo agora! Mas antes darei alguns elementos importantes a você.
Será que existe diferença entre a Educação indígena e a portuguesa? Bom, você já deve
ter a resposta não é mesmo?
Existia uma diferença entre a Educação indígena e a portuguesa. As crianças indígenas
participavam das diferentes atividades tribais, sendo isso considerado suficiente para a sua
formação, enquanto que as europeias tinham um outro trâmite que exigia, por exemplo, a presença
do educando em uma instituição.
A Educação lusitana estava diretamente relacionada à questão econômica vigente da
época, que por sua vez estava relacionada ao capitalismo mercantil, pautado em um modelo
agrário-exportador dependente.
Temos aqui abaixo uma imagem de como seria a educação nesse momento no Brasil
Colonial.

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Competência 02
Competência 01

Figura 13. Esquema: Colonização, educação e catequese


Fonte: http://migre.me/woiFn
Descrição: esquema com três círculos com os nomes: Colonização, Educação e Catequese, que apresentam interseção.

Esse esquema apresenta como era pensada a educação no período colonial, mostrando
que havia uma interseção muito pequena entre a Educação realizada por meio da Catequese e a
Educação concebida para os Colonizadores portugueses, tendo por base a classe social a que se
destinava e sua vocação no cenário socioeconômico.

O Plano Educacional elaborado pelo Padre Manoel da Nóbrega servia às várias classes
da população, mas de acordo com a classe social a que a pessoa pertencia, era designado um tipo
de Educação. Temos um modelo a seguir.

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Competência 01
Plano de Estudo

De Nóbrega De Ratio

Aprendizado da língua portuguesa Curso de humanidades

Doutrinação cristã Curso de filosofia

Escola de ler e escrever Curso de teologia

Canto orfeônico Viagem à Europa

Música instrumental

Aprendizado Gramática latina


profissional e agrícola

Viagem à Europa

Figura 14 – Organograma de Planos de Estudos


Fonte: produção do autor
Descrição: organograma mostrando os conteúdos que eram pensados no Brasil Colonial.

Temos aqui esses dois planos de estudos como você pode ver, o primeiro é o de
Nóbrega, voltado para as mais variadas camadas da população, de uma forma geral, só existindo
uma bifurcação quando se fala do aprendizado profissional agrícola que está relacionado ao
trabalho manual.

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Competência 02
Competência 01
Já a Gramática Latina era para quem seguiria o trabalho intelectual, terminando seus
estudos na Europa. Também podemos observar o Ratio que é referente a um estudo mais
intelectual.

Para entender mais sobre a educação Ratio Studiorum visite o site:


http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1413-
24782000000200010

Não podemos deixar de falar sobre a Educação feminina, que era voltada para boas
maneiras e prendas do lar.
A escolarização jesuíta é a base da nossa educação e ao entendermos como ela se
formou, podemos entender suas prioridades e intenções, mas a Educação jesuíta não era apenas
flores, sabia? Houve uma insatisfação por parte da coroa portuguesa, por conta da influência e
importância que a educação dos religiosos acabou tendo no período, mas esse é o nosso próximo
assunto.

2. 3 A Reforma Pombalina

A reforma empreendida por Sebastião José de Carvalho e Melo (1699–1782), também


conhecido como o Marquês de Pombal, tinha alguns objetivos muito claros. Mas gostaria que você
continuasse a fazer aquele exercício de imaginação, sabe por que? Veja, é muito difícil aprendermos
sobre o passado, mesmo que seja um assunto específico como a Educação, sem esse exercício.
A mudança que ocorreu no sistema educacional, entre outros sistemas, no Brasil, no
século XVIII, não foi por acaso. Como nada é, não é mesmo!
O Marquês de Pombal teve a missão de fazer com que Portugal se dinamizasse,
passasse daquela fase de capital mercantil para capital industrial, lembra? Pois a nossa então
Metrópole continuava vivendo dentro dos moldes econômicos medievais, seguia um modelo
agrário exportador e as relações econômicas se espelhavam no medievo.
Talvez você se pergunte: e daí? O que isso tem a ver com o que estamos estudando?

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Competência 02
Competência 01
Nós estamos tentando desenhar a Educação como uma política pública ao longo da
história do Brasil. Toda política pública é pautada sobre o que o gestor público acredita, mas não é
apenas na política. É em tudo. Tentamos fazer acontecer, utilizando o conhecimento adquirido, mas
da forma como enxergamos o mundo. Estamos falando de Educação, mas poderíamos estar falando
de relações pessoais, qualquer coisa, enfim!
Tudo para explicar um pouco sobre essas mudanças o período pombalino.
Você entenderá melhor. Já falamos qual era a missão do Marquês de Pombal, não foi?
Mas o que o levou a ser tão radical?
Bom, Pombal era muito influenciado pelo Iluminismo, tanto é que ficou conhecido como
Déspota Esclarecido, sendo assim, ele não via com bons olhos a influência que os religiosos
exerciam sobre as pessoas, logo tratou de limitar esse poder religioso, mas vamos aos fatos!
Para começar, existia uma briga entre os colonos e os jesuítas, pois os colonos queriam
escravizar os indígenas e os jesuítas se posicionavam contra isso.
Apenas isso? Não! Os jesuítas acabaram interferindo na economia e na política e se
tornaram muito influentes. Além disso, os melhores alunos acabavam sempre se dedicando à vida
eclesiástica, através da institucionalização de uma regra muito observada naquela época, a dos três
filhos: o mais velho seria o herdeiro dos negócios, o segundo entraria para o mundo das letras e o
terceiro se dedicaria à Igreja.
Como já falamos, Pombal era influenciado pelo Iluminismo. Mas espera aí, você sabe o
que é o iluminismo? Certamente já ouviu falar.

DICA IMPORTANTE!
Aproveite e faça uma pesquisa rápida sobre o iluminismo, para
conhecer melhor as convicções de Pombal e aprofundar seus
conhecimentos.

Pombal precisava modernizar a Colônia (o Brasil) e torná-la dinâmica para atender aos
interesses da Coroa Portuguesa. O impasse entre Pombal e os jesuítas chegou a seu final, em 1759,
com a expulsão da Ordem Religiosa Católica do Brasil.

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Competência 02
Competência 01
Alguns problemas surgiram por causa dessa expulsão. Problemas? Isso mesmo! O
Marquês tentou institucionalizar o ofício de Professor, fazendo concurso (para Bahia e Rio de
Janeiro; para Pernambuco, foram designados professores de forma direta). Só que quem formava
professores, aqui no Brasil, eram os jesuítas.
Ele também mudou o que era ensinado (o conteúdo). Por exemplo, Natureza Científica
foi pensada da forma mais prática possível para atender o novo perfil do nobre que se educava e
para aquele que era educado, cujo perfil seria o comércio. Aos poucos, portanto, vai saindo de cena
aquela ideia de vida medieval.
No entanto a Reforma Pombalina, no tocante à Educação foi melhor em Portugal do que
no Brasil. Como já foi dito o sistema educacional estava todo nas mãos dos jesuítas e eles foram
expulsos de forma sumária daqui. Bom, você já deve imaginar o que aconteceu, não é?
Imagine tentar organizar algo a milhares de quilômetros de distância, mudando a
estrutura de uma hora para outra! Vários colégios jesuítas foram fechados e os bens da igreja
confiscados. O que parecia moderno, acabou prejudicando a Educação no Brasil. A Educação
pombalina põe fim ao período colonial.
Vamos ver agora a Educação no Brasil Império, também conhecida como Fase Joanina.

2.4 - O Brasil Império

No Brasil Império houve uma mudança significativa na Educação. Você sabe por que?
Para responder a essa questão precisamos nos situar historicamente, mas é muito fácil, eu sempre
tento ver a história como uma linha do tempo, aquela que a gente aprende na escola, acho que
você deve se lembrar. Apesar da história ser apresentada em bloco e isso não é muito interessante
para nós, a linha do tempo nos dá uma ideia de cronologia e isso sim, é importante: sabermos
encontrar os acontecimentos e as mudanças. É apenas uma dica....
Estamos tentando relacionar as mudanças que vão ocorrendo na educação com as
mudanças políticas e econômicas. Por favor, não esqueça.
Essa fase da história do Brasil terá o seu prenúncio com a chegada da família real, em
1808, ao Rio de Janeiro. Sim, você já sabe disso!
Mas o que mudou? Nós tínhamos uma política educacional de fora para dentro, e
depois houve a necessidade de estabelecer algumas prioridades relacionadas com o

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Competência 02
Competência 01
desenvolvimento local e a elite começa a defender a liberdade econômica e política, exigindo
mudanças que favorecessem os habitantes da Colônia.
A Educação também foi alvo dessas reivindicações e apareceu na constituição de 1824,
ficando estabelecida a gratuidade da Educação Primária. Aconteceu também o rompimento com
aquele ensino jesuítico colonial e houve investimentos na Educação, ainda que não tenham sido
suficientes, mas, com a chegada da família real, percebeu-se esses investimentos, por exemplo:
implantação de cursos de Engenharia da Academia Real da Marinha (1808) e da Academia Real
Militar (1810), o Curso de Cirurgia da Bahia (1808), de Cirurgia e Anatomia de Rio de Janeiro (1808),
de Medicina(1809), também no Rio de Janeiro, de Economia (1808), de Agricultura (1812), de
Química (química industrial, geologia e mineralogia), em 1817, e o Curso de Desenho Técnico
(1818).
Podemos observar que não era mais necessário sair do Brasil para fazer o ensino
superior. É claro que essas escolhas estavam relacionadas às necessidades apresentadas,
principalmente após a abertura dos portos (1808) para se comercializar livremente.
A lei que vai determinar sobre o ensino elementar é a de 15 de outubro de 1827. Essa
lei, na realidade, é o resultado do projeto de Januário de Cunha Barbosa (1826 ) [....em que estavam
presentes as ideias da Educação como dever do Estado, da distribuição racional por todo território
nacional das escolas dos diferentes graus e da necessidade graduada do processo educativo.
Ribeiro, 2011, p. 30.

Figura 15 - Januário de Cunha Barbosa (1780–1846)


Fonte: http://www.viafanzine.jor.br/site_vf/ arqueo/oleg_dyakonov4.htm
Descrição: foto de um homem, Januário da Cunha Barbosa. Sentado com vestimenta com várias medalhas na altura do
peito.

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Competência 02
Competência 01
Apesar dos “avanços” em relação à Educação, encontramos um entrave comum, até os
nossos dias, mesmo depois, em 1834, por meio de um ato adicional à Constituição ficar
estabelecido que a Educação seria responsabilidade das Províncias. Qual o entrave? É o tamanho do
Brasil.
Em 19 de abril de 1879 houve a reforma Leôncio de Carvalho que não chegou a ser
aprovada pelo Legislativo, mas que prenunciava grandes mudanças ainda que não tenham
funcionado na prática, são elas: 1- Liberdade de ensino; 2- O exercício do Magistério e, 3 –
Liberdade de frequência.
É nesse contexto que finda esse período e partimos para o próximo, já não tão ligado ou
dependente de Portugal. Fica a reflexão: será que melhorou?

2.5 - A República

Esse período abrangeu da Proclamação da República até final da década de 1920, isso
porque o período republicano no Brasil vai de 1889 até os dias atuais. É claro que todos sabem que
este mesmo momento histórico é recortado por vários outros períodos e mudanças bem distintas,
que são rupturas tão significativas que pretendemos analisá-las separadamente.
Então vamos lá!
Existem alguns autores que dizem que fomos dormir Império e acordamos República,
isso para explicitar que o processo não teve participação popular. Quando vamos para a história do
cotidiano, conhecemos relatos de funcionários públicos imperiais que não sabiam o que fazer ao ir
para o trabalho no dia 15 de novembro de 1889, ao ler nos jornais que não éramos mais um
Império!
Mas existia sim uma insatisfação com um modelo de governo que já não dava conta dos
problemas e demandas que o Brasil pedia naquele momento. Vários grupos sociais estavam
insatisfeitos com o Império por vários motivos, também por conta da corrupção, pois os melhores
cargos geralmente ficavam com portugueses ou para quem era fiel à ideologia da coroa.

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Competência 02
Competência 01
Você pode estar se perguntando: não éramos independentes? É verdade. Tínhamos
proclamado a independência no dia 7 de setembro de 1822, mas ainda tínhamos relação com
Portugal. A separação total só veio com a Proclamação da República.
Os grupos sociais, como militares e a igreja católica, estavam insatisfeitos. No setor
econômico também houve uma perda enorme dos cafeicultores por conta da assinatura da Lei
Áurea (oficialmente a Lei Imperial nº 3353, de 13 de maio de 1888).

Figura 16 – Documento oficial que institui a Lei Áurea.


Fonte: http://www.infoescola.com/historia-do-brasil/ lei-aurea/
Descrição: documento ilustrando a Declaração de Extinção da Escravidão no Brasil

Na República, Educação existia, é claro!


O espaço escolar começa a se tornar mais parecido com o que temos hoje,
principalmente, com o surgimento do Grupo Escolar.

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Competência 02
Competência 01

Figura 17 - Foto do Grupo Escolar "Marechal Floriano" - Vila Mariana (ano: 1919)
Fonte: http://www.ibamendes.com/2011/06/fotos-de-escolas-antigas-de-sao-paulo.html
Descrição: fachada de uma escola. Um prédio com trinta janelas de frente. Muro baixo com grades. Há um carro antigo
e algumas pessoas na frente.

Esse novo projeto educacional republicano era referência, pois estruturava:


1. a construção de um prédio
2. uso de novos materiais didáticos
3. uma nova metodologia de ensino
4. mobiliário escolar adequado
Essa composição buscava centralizar os estudos nesses prédios e a partir dessa nova
modalidade de ensino foi institucionalizado o oficio de Professor com a criação inclusive de Escolas
Normais, que visavam à formação de professores para atender a demanda do ensino primário.
Em sua grande maioria quem compunha esse quadro de professores eram mulheres de
classe média que aceitavam os baixos salários. Esse modelo surgiu em São Paulo e se espalhou por
todo o Brasil como uma política educacional dos estados.
Os grupos escolares iriam se contrapor ao modelo anterior das letras apenas. Eles são a
inovação, o avanço e tiveram os moldes que representaram e serviram à República.
Eles foram importantes também porque começaram a estruturar o espaço escolar,
como por exemplo: pedagogias, espaços administrativos que foram muito parecidos com o que
temos hoje. É claro que esse modelo também não conseguiu dar conta da demanda existente no
país. O número de escolas era inferior à demanda de alunos.

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Competência 02
Competência 01
2.6 - A Era Vargas

Se a história do Brasil é polêmica, chegamos a um dos personagens mais polêmicos


ainda, mas o que nos interessa nesse momento são as mudanças, que ocorreram na Educação sob a
tutela varguista.
Já discutimos que as mudanças na Educação acompanharam mudanças na economia e,
tivemos mudanças profundas na economia brasileira, pois o capitalismo provocou a passagem de
um sistema econômico agrário para o industrial.
Um golpe de Estado orquestrado por Vargas é posto em prática de 1937 a 1946, o então
conhecido Estado Novo.
Em 1930, é criado o Ministério da Educação e Saúde Pública e foi nomeado para
ministro, Francisco Campos que efetuou uma reforma na Educação no ano seguinte, reforma esta
que ficou conhecida pelo seu nome.
E o que dizia a reforma?
Bom, dentre outras coisas, essa reforma estabelecia o seguinte:
• Criação de um Sistema Nacional de Educação;
• Criação do Conselho Nacional de Educação;
• Ensino secundário em dois ciclos: fundamental (5 anos) e complementar (2 anos).

O governo de Vargas ainda fez grandes mudanças na Educação com:


1. o ensino técnico–profissional;
2. a criação do SENAI e SENAC.
3. a gratuidade e a obrigatoriedade do ensino primário;
4. os Estados deveriam organizar o seu próprio sistema de ensino;
5. a Educação receberia recursos de um Fundo Nacional do Ensino Primário;
6. e foram criadas algumas normas para carreira de Professor e a organização
escolar, tais como: remuneração, formação e preenchimento de cargos do
magistério e administrativo.
Não podemos deixar de falar sobre a primeira Lei de Diretrizes e Bases da Educação nº
4.024, de 1961. Também nesta mesma década começou a Educação Popular pautada na Teologia da

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Competência 02
Competência 01
Libertação, tendo a participação da Igreja Católica e pedagogos, dentre eles, Paulo Freire (1921–
1997), que ainda hoje é uma figura de destaque por sua contribuição e pensamentos.

Figura 18 - Paulo Freire.


Fonte: http://www.paulofreire.org/paulo-freire-patrono-da-educacao-brasileira
Descrição: foto do Professor Paulo Freire

Existe um vídeo muito interessante sobre Paulo Freire neste link:


https://www.youtube.com/watch?v=WJryIAcbRRE
Ao acessar você conhecerá um pouco de suas ideias e contribuições
e porque ele é tão comentado.

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Competência 02
Competência 01

2.7 - O Golpe Militar de 1964

Figura 19 – Protesto contra a Ditadura


Fonte: http://prof-tathy.blogspot.com.br/2015/09/30-filmes-sobre-ditadura-militar-no.html
Descrição: foto de estudantes, pichando um muro com os dizeres “Abaixo a Ditadura”. Na parte mais baixa do muro há
a frase: “Fora ditadura”.

Esse período histórico para a Educação foi bastante polêmico. Essa polêmica surgiu por
algumas frases que foram repetidas sem embasamento algum, como por exemplo: a Escola durante
a ditadura militar era boa. Era mesmo? Você também concorda com essa frase? Bom, independente
do que pensamos é bom analisarmos vários fatos, presentes nas nossas fontes históricas.
Todos sabem que o regime militar começou no dia 31 de março de 1964 com a
deposição do então Presidente João Goulart e foi até 1985 com a eleição indireta para presidente
da República, sendo eleito Tancredo Neves como presidente e José Sarney, como vice. Tancredo
morre antes de assumir e José Sarney assume a presidência.
Vamos conhecer algumas mudanças que ocorreram nessa época.
Durante a Ditadura houve a expansão das matrículas e esse seria um bom indicador
para a Educação se a qualificação no processo não fosse tão baixa, pois a escola era extremamente
doutrinadora, com dias festivos referentes ao militarismo e uma alteração também das disciplinas
ensinadas nas escolas, o surgimento de componentes curriculares como Moral e Cívica, por
exemplo, que representava bem a ideologia ditatorial, sem contar que não se fomentou a formação
docente dessa época.

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Competência 02
Competência 01
A escola perdeu qualidade, quando perdeu o seu caráter reflexivo, pois o espaço escolar
não serve apenas para se aprender as ciências que organizam a nossa sociedade. Ela é também um
espaço de reflexão onde tentamos trabalhar a ideia de uma sociedade mais justa para todos. A
escola onde esses valores não são os carros chefes, dificilmente existe a valorização do ser humano.
Ocorreram transformações na estrutura do modelo que vigorava na era do Estado Novo,
que foi mantido pela LDB, de 1961. Sendo ele:

Pré-Primário: Maternal e Jardim da


+ opção de 2 anos a mais
Infância 4 anos (Curso de Artes Aplicadas)
Primário

Ginasial 4 anos
Ensino Médio 7 ou 8anos Colegial mínimo de 3 anos

Durante a Ditadura Militar foi mantida a estrutura de 1961, mas eram obrigatórios
apenas os 4 primeiros anos, que equivalem, hoje, ao Ensino Fundamental I.
Lembro de minha mãe sempre comentando que os seus pais não tinham dinheiro para
pagar a continuação dos estudos e assim ela só pode estudar até a antiga 4ª série. Outra mudança
que ocorreu foi a não obrigatoriedade da família em matricular a criança, caso ela tivesse alguma
doença que a impedisse. É claro que esse modelo acabava excluindo também as pessoas com
deficiência.

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Competência 02
Competência 01

Figura 20 - Hasteamento da Bandeira


Fonte: http://jornalggn.com.br/blog/tamara-baranov/a-politica-educacional-durante-a-ditadura
Descrição: a foto registra o hasteamento da Bandeira Nacional num pátio de uma escola em Gama (DF), 1975. As
autoridades encontram-se em frente aos alunos, que estão fardados e em filas.

Nas escolas, a disciplina e a ordem eram enaltecidas. E obrigatórias.


Muitas mudanças ocorreram na história da Educação do Brasil, o nosso último momento
abordado é o da redemocratização do país.

2.8 - A Redemocratização

Vamos pontuar dois momentos nesse período: aquele que compreende o governo de
Fernando Henrique Cardoso, que foi de 1995 a 2002 e o governo de Lula, de 2003 a 2010.
Formam momentos bem distintos no que se refere à Educação. O primeiro teve uma
orientação ideológica de ordem neoliberal e observou uma expansão das matrículas, mas acabou
tendo uma diminuição da ação do Estado. Foram medidas desse governo:
1. Elaboração da Lei Nº 9.394, de dezembro de 1996.
2. Ensino de nove anos.
3. Privatização do ensino superior.
4. Divisão da responsabilidade pelo ensino: Municípios (Ensino fundamental),
Estados ( Ensino Médio ), União ( Ensino Superior)

O governo seguinte foi o do Presidente Lula:


1. O ensino básico teve a ajuda do FUNDEF.
2. Criação do PROUNI para a Educação superior.
3. Instituiu o piso salarial para os professores.

Muitas mudanças ocorreram ao longo da história da Educação do


Brasil, vá até a linha do tempo da Educação no Brasil e veja as
principais mudanças.
http://educacaointegral.org.br/linha-do-tempo/

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Competência 03
Competência 01

3.Competência 03 | Refletir Sobre as Teorias Educacionais que


Orientaram o Processo Educacional do Século XX, no Brasil.
Olá,
Apenas recapitulando…
Em nossa primeira semana, pudemos desenvolver uma retrospectiva da história do
Brasil e alguns acontecimentos significativos para uma compreensão dessa trajetória histórica.
Nessa terceira competência iremos dar maior atenção às teorias educacionais que foram se
instalando no Brasil, principalmente no século XX. Vamos nessa?
Antes de falarmos sobre as teorias educacionais, queria que você pensasse um pouco
sobre sua época de escola. Você se lembra de suas aulas, da forma que seus professores lhe
ensinavam, dos livros, de como eram as aulas? Se você tivesse que escolher uma aula para fazer
uma reflexão, você diria que era conduzida de forma tradicional ou diferenciada? Quais os
argumentos que você usaria para ajudar nessa escolha? Qual ou quais as diferenças entre uma aula
tradicional e uma não tradicional?
É sobre isso que iremos falar nesta competência. Temos estudados os momentos
históricos da história da Educação no Brasil, mas para entendermos um pouco mais, vamos
acompanhar um pouco algumas teorias educacionais, que chegaram ao Brasil e que de certa forma
influenciaram as nossas escolas, nossos professores e a aprendizagem.
Alguns estudiosos falam que se fôssemos dividir as teorias educacionais em dois grandes
grupos, poderíamos falar que elas são conduzidas por dois caminhos: Educação Tradicional e
Educação Nova. Sei que é muito simples dizermos que são apenas dois grupos, mas no desenrolar
dessa competência iremos verificar que, dependendo do período, existem outras divisões que
iremos detalhar. Mas para começarmos nossa conversa e nos ajudar a entender algumas disputas
adiante, vamos ver as diferenças entre esses dois caminhos ou grupos de que falamos.
As correntes pedagógicas ou teorias da Educação, normalmente estão envolvidas com
tentativas de melhorar as questões sobre o ensino e a aprendizagem, e que podem ser percebidas
também nas relações entre educadores e educandos. A partir de como se observam esses dois
lados e o enfoque que é dado a cada um desses, poderemos ter uma melhor compreensão, para
verificar em qual das duas tendências se posicionam as teorias por vir, se pertencem às tradicionais
ou às novas.

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Competência 03
Competência 01
O formato mais aproximado de escola com o que vivenciamos hoje começou a ganhar
força a partir do século XIX. É nesse século que se desenha o modelo tradicional. O foco está em
ensinar, a atenção principal é procurar entender e buscar a melhor forma de ensinar. Sendo assim,
o professor é a grande figura na escola. Ele é o detentor do saber acumulado ao longo dos anos pela
humanidade e que precisa ser transmitido para o estudante que não está pronto e precisa receber
esse conhecimento. Os alunos precisam de uma Educação rígida e formal, em que a disciplina
precisa ser mantida, para que a aulas possam acontecer da melhor forma possível. A preocupação
com a quantidade na Educação é primordial nesse formato.
A partir do final do século XIX e início do século XX temos, no Brasil, a chegada de novas
ideias para a Educação, que criticavam o formato das escolas até então. O foco, nessas ideias,
deslocam-se do professor para o estudante. Como ele aprende é mais importante do que como se
deve ensinar. Enquanto as correntes tradicionais trazem, em sua maioria, a influência de correntes
filosóficas, os novos modelos são significativamente marcados pela influência de correntes
psicológicas, que amadureceram o ramo da psicologia do desenvolvimento da Educação.
O Professor não perdeu sua importância nem o seu papel, mas agora o ator principal é o
estudante. O Professor é um mediador, não mais o grande detentor do saber, ele deve facilitar da
melhor forma o aprendizado dos estudantes. A qualidade no processo da Educação é mais
importante que a quantidade. Ainda no século XIX nos Estados Unidos, com as ideias de John
Dewey(1859-1952), a Escola Nova, que é um marco na busca da superação da escola tradicional e
que teve grande repercussão aqui no Brasil. Sua forma de pensar sobre a Educação era chamada de
“educação nova”, “pedagogia nova”, “escola nova”. Alguns autores brasileiros irão se inspirar nesse
modelo e lutar pela implementação de um modelo semelhante.
Na proposta de Dewey, os estudantes e os educadores deveriam desenvolver uma
relação comunitária, centrada na formação das crianças para a autonomia, preparadas assim para o
autogoverno em uma sociedade democrática mais ampla. Neste formato, em vez de disciplinas e
conteúdos impostos, as crianças aprenderiam mais através das próprias experiências, tendo como
apoio os professores e os livros. A escola não seria o melhor local para isso acontecer, mas a própria
vida. E para desenvolver esse seu pensamento, ele montou uma escola laboratório para testar suas
ideias.
Seguindo seus estudos, ele desenvolveu o conceito de um pensamento reflexivo. Isso o
levava a crer que, usando esse tipo de pensamento, o indivíduo consegueria formar as suas opiniões

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Competência 03
Competência 01
de forma mais consciente, conseguiria refletir sobre as consequências de suas ações e tudo isso,
orientando as mesmas, de forma ética. Para esse pensamento se desenvolver, o estudante teria que
nutrir uma atitude investigativa diante da vida. Nesse sentido, a investigação e a pesquisa seriam
necessárias para se esclarecer as dúvidas que surgissem ao longo da vida.
Qual seria, para ele, o papel do Professor?
De forma alguma, o papel do Professor seria simplesmente transmitir conhecimentos ou
ainda verdades que não pudessem ser questionadas. Mas sim, desenvolver um pensamento
reflexivo e dessa forma, contribuir para que os alunos vivenciassem situações de aprendizagem que
os conduzissem a um pensar reflexivo e, assim, adotarem uma postura ética em relação à vida
democrática.
Uma proposta dessas colocava em cheque o tipo de Educação que era vivenciada aqui
no Brasil. Bastante tradicional, o estudante não poderia sequer questionar seus mestres e o foco do
trabalho se limitava à repetição, através de exercícios e modelos a serem seguidos e a memorização
era o instrumento mais importante no processo de aprendizagem.
Vamos seguir nosso trabalho e refletir um pouco sobre algumas teorias educacionais
que nos influenciaram ao longo da história de nossa Educação.

3.1 – Pedagogia Tradicional Religiosa (1549-1759)

Para entendermos um pouco melhor o século XX, que é nosso objetivo nessa
competência, vamos nos antecipar um pouco, para listarmos as principais correntes que nos
influenciaram.
Para começar, e como já estudamos anteriormente, as terras que hoje compõem o
Brasil foram colonizadas pelos portugueses num período simultâneo ao movimento da Reforma
Protestante na Europa. Uma das posturas da Igreja Católica num movimento de contra a reforma foi
a estruturação de uma ordem religiosa, os Jesuítas, que eram responsáveis pelo fortalecimento e
ensinamento das doutrinas e valores da Igreja. Foram eles que vieram para o Brasil e tiveram a
responsabilidade de montar escolas para catequizar e ensinar as primeiras letras aos índios aqui na
colônia.
A hegemonia da Educação estava nas mãos dos Jesuítas com um filosofia estritamente
religiosa, cujo foco era alcançar as crianças. Não à toa, foram trazidos com eles, crianças órfãs da

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Competência 03
Competência 01
Europa para assim facilitar o trabalho dos mesmos com as crianças locais. Tiveram que aprender as
línguas nativas e estabelecer o intercâmbio de cultura e precisamente, transmitir e estabelecer
elementos de convergência da cultura europeia para os índios.
As escolas Jesuítas foram espaços onde os índios, através da “cultura” eram inseridos no
“mundo” europeu. Mudando a forma de falar, vestir, pensar, comportar-se, viver sua religiosidade.
A Educação era mais um instrumento usado para essa conquista. Num formato extremamente
tradicional, afinal, ainda não havia se estruturado uma preocupação com a Educação como a do
século XIX.

Figura 21 – Representativa de Jesuítas em Contato com os Índios.


Fonte: http://migre.me/wnva2
Descrição: padre Jesuíta acima ao centro à sua volta, formando um semicírculo índios sentados e em pé aparentando
ouvir o que o padre falava.

3.2 – Coexistência de Concepções Pedagógicas Tradicionais Religiosa e Leiga (1759-


1932)

Queremos salientar que esse é um período muito extenso, e que neste intervalo muitas
coisas aconteceram que não vamos poder detalhar, mas que vocês podem aprofundar seus estudos
desse período, para entenderem como a história se desenvolveu nesse longo período e quais as
repercussões para Educação. No entanto, vamos identificar alguns marcos para nos ajudar nessa
trajetória que pretendemos seguir.
Lembram de Pombal e o que ele fez com os Jesuítas? Ele não era a favor do trabalho
dessa ordem religiosa. E, em 1759, as coisas mudaram. Uma nova orientação educacional passava a
intervir nas aulas naquele território. Claro que não se afastava definitivamente do mundo religioso,
mas não era exclusiva de uma ordem religiosa, mas outras ordens religiosas e pessoas poderiam

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Competência 03
Competência 01
entrar no circuito das escolas. O processo se tornava mais aberto, mas ainda num formato
tradicional.
Tem início um novo período, o das “aulas régias”. Vamos ver como elas funcionavam?
Eram aulas avulsas de Latim, Grego, Filosofia e Retórica. Nesse caso, os professores preparavam os
locais de trabalho e requisitavam ao governo o pagamento das aulas, não era típico desse período
salas com muitos alunos, as aulas eram individuais. O Estado Português agora tinha um papel mais
ativo no processo de Educação.
É nesse período que o pensamento de Joseph Lancaster chega ao Brasil através da lei
para escolas de primeiras letras em 1827, era o método mútuo ou lancasteriano, muito conhecido
na época. Era um formato diferenciado para época que viria atender a necessidade da falta de
professores, mas ainda enquadrado no formato tradicional de ensino.

Figura 22 – Representação de Alunos Monitores no Método Lancasteriano.


Fonte: http://migre.me/wnz6t
Descrição: oito grupos de pessoas recebendo explicação. Cada grupo com uma professora.

O grande diferencial era que uma turma inteira era posta num mesmo ambiente para
que as aulas fossem orientadas por um Professor. Já era um formato diferente a composição de
uma turma, mas a escolha de alunos monitores para auxiliar o professor em suas aulas ainda era
ainda mais inovador. Os alunos que se destacavam eram escolhidos para ensinarem, sob a
supervisão do mestre, às séries inferiores, ou mesmo alunos menos desenvoltos de sua turma. Era
também uma forma de atender a demanda de falta de professores com uma equipe que não era
nem remunerada nem preparada efetivamente para ocupar esse papel. Sem falar que as aulas eram
focadas no formato oral e a memorização era o elemento principal para o que se esperava como

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Competência 03
Competência 01
aprendizagem. Sem falar num estímulo à hierarquização entre os estudantes, esse método não
durou por muito tempo.
Em seguida, tivemos aqui no Brasil a disseminação da ideia do método intuitivo. Mais
um formato importado pelos brasileiros. Com o advento da Revolução Industrial, novas exigências
são demandadas e as escolas não estavam preparando os jovens para os postos esperados. Nesse
sentido, novos materiais didáticos foram preparados com o objetivo de atender às lacunas deixadas
pelos modelos anteriores.
Dentre os materiais didáticos, podemos citar: mobiliário escolar, quadros negros, caixas
para ensino de cores e formas, quadros do reino vegetal, mapas, diagramas, diferentes objetos
como pedras, metais, madeiras, louças, cerâmica, vidros, enfim, diversos elementos para
enriquecer as aulas.

Figura 23 – Página Aberta do Livro “Primeiras Lições de Coisas”.


Fonte: http://migre.me/wnzAr
Descrição: um livro aberto. Na página esquerda com figuras geométricas coloridas. Na página direita um texto escrito.

Para o uso desses materiais eram necessárias orientações em manuais como o livro
Primeiras Lições de Coisas, do norte-americano Norman Allison Calkins. Nesses manuais se buscava
uma orientação para os professores conduzirem as aulas.
Percebe-se que, nesse método o foco era o professor, e não os alunos. Ele encontraria
modelos de procedimentos para trabalhar com seus alunos. E a diversidade de recursos para as
aulas, justificava-se na compreensão de que o ensino deveria partir de uma percepção sensível.

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Competência 03
Competência 01
Para isso se fazia necessária a aquisição de tão grande número de materiais didáticos,
proporcionando aos estudantes o contato com diversos elementos que o ajudariam. Esse método
intuitivo perdurou até a Primeira República.
Esse método intuitivo esteve presente por muito tempo nas aulas para formação de
professores nas Escolas Normais, escolas que eram responsáveis por prepararem os professores
que ensinariam nas escolas primárias.
O que se percebe nesse grande intervalo de tempo é que os métodos iam se tornando
cada vez mais diferenciados. Novos elementos estavam sendo incorporados e dando outra forma à
realidade das escolas, à medida que os anos se seguiam.
A preocupação com a ampliação do acesso às escolas motivava indiretamente a
reformulação da proposta pedagógica que vinha sendo utilizada. Alguns modelos de fora do país
acabavam servindo de referência para a aplicação nas escolas por aqui, mesmo que muitas vezes a
diferença da realidade não garantisse o sucesso desses métodos, além das próprias limitações
conceituais.
Durante a Primeira República o Governo Federal e alguns estaduais realizaram reformas
na Educação na busca de um melhor modelo a ser implementado. E essas reformas foram dando
novos formatos à Educação no país. Se um modelo fosse bem sucedido em um estado, rapidamente
era copiado para outros. A exemplo da Reforma Caetano de Campos, em São Paulo. Um exemplo
que ganhou o Brasil, inclusive Pernambuco, foi o Grupo Escolar onde a modernidade pedagógica e o
método intuitivo estavam em convergência. Se observava nesse formato o ensino seriado, classes
homogêneas e reunidas num mesmo prédio, sob uma única direção.
Pelo Governo Federal tivemos uma sequência de reformas. Sugiro que você possa ir
mais adiante pesquisando e procurando entender quais as propostas que alguns políticos
propuseram.
Entre essas propostas tivemos as de Benjamin Constant (1890), Epitácio Pessoa (1901),
Rivadavia Correa (1911), Carlos Maximiliano (1915) e João Luís Alves (1925). Além das propostas
filosóficas ou pedagógicas de especialistas, tínhamos no país uma série de proposta que afetavam
diretamente a prática das estruturas escolares, o movimento político sempre vivo, quando se
tratava de Educação na República.

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Competência 03
Competência 01
3.3 – Emergência e predominância da Concepção Pedagógica Renovadora (1932-
1969)

Nesse período, alguns autores dizem ter sido vivenciado no Brasil um “entusiasmo pela
educação” e um “otimismo pedagógico”, mesmo que o tema da educação já estivesse presente há
bastante tempo.
Significativamente, nesse período tivemos um corpo de intelectuais pensando em
estratégias e formatos para melhorar nossa educação, como exemplo podemos citar a Associação
Brasileira de Educação – AEB (1924), as Conferências Nacionais de Educação, a partir de 1927 e o
Lançamento do “Manifesto dos Pioneiros da Educação Nova” em 1932.

Sugiro que você acesse o link para ler e estudar o Manifesto dos
Pioneiros na íntegra.
http://www.histedbr.fe.unicamp.br/revista/edicoes/22e/doc1_22e.pdf

Tivemos a partir desse momento, mesmo que não tenha sido implementada na época
de forma significativa, uma grande reflexão sobre o formato das propostas educacionais até então.
Os estudos de psicologia passaram a ter um papel mais presente nas discussões sobre
Educação. No entanto, o grande inspirador desse movimento chamado de Escola Nova foi o norte
americano Jonh Dewey, que já falamos no início dessa competência.
O movimento de Escola Nova era uma crítica à educação tradicional da época.
Assim sendo, podemos perceber que sempre houve uma preocupação em melhorar as
formas de ensinar e encontrar caminhos para atender as necessidades do povo e o interesse da
nação.
À época se concebia que a estrutura se mostrava uma “concepção vencida”, a Educação
deveria ser “mais pragmática”. Era, na verdade, a proposta de um movimento renovador em
relação à época.
Entre seus objetivos vamos encontrar, entre outros:

a) A Educação como instrumento essencial de reconstrução da democracia no Brasil;

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Competência 03
Competência 01
b) A Educação deve ser essencialmente pública, obrigatória, gratuita, laica, e sem
qualquer segregação de sexo ou cor.
c) Todos os professores devem ter formação universitária, mesmo os do ensino
primário.
Eram propostas que tinham a intenção de movimentar e alterar o formato de Educação
vivenciado até então.
Porém, grupos católicos da sociedade foram contra as propostas da Escola Nova,
posicionaram-se e reafirmaram suas propostas. Os manuais das Escolas Normais eram em sua
maioria de influência católica e tradicional. Mas com o passar dos anos, esses mesmos grupos
conservadores tiveram que rever algumas de suas posturas, para não perderem público em suas
escolas. Já que o modelo da Escola Nova era o que se tinha de mais moderno para aquele
momento.
Entre os anos de 1950 e 1960, um novo movimento tem força na Educação brasileira.
Um processo de mobilização popular passa a refletir sobre a questão da cultura e da educação
populares.
Entre esses movimentos, podemos citar o Movimento de Educação de Base (MEB) e o
Movimento Paulo Freire, ambos sob orientação de grupos da Igreja Católica que, nesse momento,
já têm outra postura e outras correntes em sua estrutura, mais voltada para a renovação e para a
busca de justiça diante das desigualdades vivenciadas, até então, no Brasil e que se refletiam na
Educação. Já que grande parte dos adultos não era nem alfabetizada.
Nesse período é possível perceber uma mudança no perfil do povo brasileiro, havíamos
deixados de ser maioria rural e passamos a ser maioria urbana. Você lembra que, desde o século
XIX, havia um crescimento da população urbana? E que a industrialização nos centros urbanos tem
papel decisivo nesse processo? A partir de então, a população do país estava, em sua maioria,
presente nos centros urbanos e nas grandes cidades.
Foi no meio desses movimentos que tivemos a presença do educador Paulo Freire. Com
sua pedagogia libertadora, conscientizadora e popular, ele fazia uma crítica à Educação tradicional,
que ele chamava de bancária. Segundo Freire, o professor precisava assumir outra postura. A
alfabetização de adultos e jovens, que não tiveram a oportunidade de serem sequer alfabetizados,
foi uma de suas grandes preocupações. Veja que a atenção dele e, consequentemente, desses
movimentos se deslocou da elite para os que não tiveram oportunidades.

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Competência 03
Competência 01
Buscando uma Educação como um processo de humanização, Paulo Freire produz uma
vasta obra. Entre seus escritos, o clássico livro Pedagogia do Oprimido.
Através da Educação ele entendia que seria possível ampliar a participação consistente
das massas e levar a sua organização. Não era mais possível uma Educação em que o estudante não
se percebesse como sujeito histórico, com capacidade de modificar sua percepção de mundo e sua
realidade. Sua visão era horizontal, diferente do formato elitista vigente até então, que percebia as
relações verticalizadas. Essa percepção de horizonte é refletida dentro da sala de aula e na relação
aluno e professor.

Figura 24– Paulo Freire e a Capa de seu Livro Clássico: Pedagogia do Oprimido.
Fonte: http://migre.me/worHi
Descrição: uma foto do educador Paulo Freire, à esquerda e a capa do seu livro: Pedgogia do Oprimido, à direita. Na
capa acima, há o nome do autor, Paulo Freire e o Título do Livro: Pedagogia do Opromido. Abaixo, uma foto de crianças
em uma sala de aula.

Assim, enquanto no método tradicional, o qual Freire questionava, o professor é o


detentor do saber: o aluno aprende, o professor fala, o aluno ouve, o professor, que é o detentor do
conhecimento, deposita no aluno toda a sua carga de conhecimentos.
No método Paulo Freire havia uma proposta de relação dialógica, em que o professor e
o aluno estão ambos em construção e existe a troca de conhecimentos e de experiências,
constituindo-se em uma relação dialógica e dialética.
O seu método de alfabetização e suas reflexões sobre a prática educativa servem de
inspiração para diversos outros trabalhos e para a reflexão da postura de muitos professores, ainda
hoje em dia, que conhecem a luta desse educador pernambucano.

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Competência 03
Competência 01
3.4 – Emergência e predominância da Concepção Pedagógica Produtivista (1969-
2001)

A partir dos anos de 1960, o modelo Renovador passa a perder força. Mesmo com
outros movimentos vivos e em luta, outra forma de compreensão da Educação ganha força, a
produtivista. Ela é apoiada na Teoria do Capital Humano, em que o estudante precisa ser
preparado para o mercado de trabalho, buscando a racionalidade e a produtividade. A Educação
deveria atender as demandas do mercado, o que seria importante para o desenvolvimento
econômico do país. Esse modelo passa a vigorar no período da Ditadura Militar, que teve seu
início em 1964.
Por conta desse posicionamento é que, nos anos de 1970, surge uma postura que passa
a fazer duras críticas ao modelo produtivista. É a chamada “tendência crítico-reprodutivista”, que
apresenta os argumentos que a escola e a educação não poderiam estar a mercê do mercado
capitalista. Se assim o fosse, seriam as classes dominantes que estariam sendo beneficiadas pelos
resultados da Educação.
Nos anos de 1980, outra postura passa a ser discutida. Ela apresentava a escola como
um espaço neutro, no qual escola e trabalho estavam desvinculados. A justificativa da existência
das escolas seria o seu papel na formação da cidadania e não de uma formação voltada para o
mercado de trabalho.
Num relativo espaço de tempo, pudemos ver uma efervescente discussão sobre o papel
das escolas, um reflexo direto no objetivo de sua existência e propósitos. Deve-se ter o foco na
preparação para o mercado de trabalho, deve-se ter postura crítica em relação ao seu papel dentro
da sociedade capitalista, ou mesmo vê-las como um espaço neutro.
O que se pode verificar é que, acompanhando o processo de um regime ditatorial,
seguindo para outro momento de luta pela redemocratização, a compreensão do papel da escola
vai mudando, tendo suscitado diversas reflexões.
Apesar das discussões, o modelo que vigorou nesse período foi a pedagogia tecnicista. O
ajuste da Educação para o mercado de trabalho ficou como modelo oficial do regime ditatorial,
sendo a escola pensada como local para preparar o capital humano para trabalho. O professor e o
aluno passaram a segundo plano nessa pedagogia, o mais importante seria conseguir a eficiência
nesse mercado, pensando em produtividade.

56
Competência 03
Competência 01
A partir do modelo Neoliberal, nos anos de 1990, tivemos uma readaptação dessa
pedagogia tecnicista, em que se dá ênfase à preparação do indivíduo dentro de uma lógica privada,
guiada nas capacidades e nas competências que cada pessoa deve desenvolver para que possa estar
melhor colocado no mercado de trabalho. E se enraíza de forma que o próprio indivíduo busca essa
qualificação, não necessariamente para estar empregado, mas para estar apto a concorrer numa
condição de empregabilidade.

3.5 Outras concepções pedagógicas

Movimentos de esquerda como o Anarquismo, o Socialismo e o Comunismo aqui no


Brasil também propuseram modelos pedagógicos nos primeiros 50 anos de século XX. Esses se
preocupavam com a classe proletária, criticando a inoperância do Estado em relação à instrução
pública, criticando o uso das escolas como instrumentos de sujeição dos trabalhadores, lutando
alguns deles pela abertura de escolas profissionais em continuidade às escolas primárias, melhoria
da situação do magistério, promovendo a instalação de escolas que transmitiam suas propostas e
visão de mundo e também montagem de bibliotecas públicas para a população menos favorecida.
A Teoria do Sistema de Ensino como Violência Simbólica também circulou entre os
intelectuais. Essa teoria está baseada principalmente na obra “A reprodução: elementos para uma
teoria do sistema de ensino”, do sociólogo Pierre Bourdieu e J C Passeron, que apresenta o
argumento de que as classes dominantes exercem uma violência simbólica sobre as classes menos
favorecidas. Isso aconteceria pela formação da opinião pública, pela pregação religiosa, pela
educação familiar e pela ação pedagógica institucionalizada, ou seja, o sistema escolar. Segundo
esse trabalho, não restam dúvidas que a função da Educação é a reprodução das desigualdades
sociais.
Como já falamos, os psicólogos também tiveram um papel significativo no século XX, na
influencia das teorias educacionais. Dentre esses, podemos citar o nome de Jean Piaget, que teve
seus estudos relacionados com o conceito de Construtivismo aplicado à Educação. Mesmo não
sendo psicólogo, foi responsável por significativas contribuições para esse campo de conhecimento
e para a Educação. Uma proposta que fez uma crítica significativa ao modelo tradicional ao colocar
o estudante e a forma de aprender no centro do processo educacional. Suas ideias não apenas

57
Competência 03
Competência 01
contribuíram para a fundamentação do movimento da Escola Nova no Brasil, como até os dias de
hoje é estudado e utilizado em muitas propostas pedagógicas.
Mesmo não sendo uma pessoa ou uma corrente, mas tendo um papel marcante nas
políticas e práticas educacionais internacionais, a Organização das Nações Unidas para Educação, a
Ciência e a Cultura (UNESCO) tem exercido influências nas políticas educacionais no Brasil. O nosso
país, como um de seus membros desde 1946, tem atividades dessa organização nas áreas de
Educação, Ciências Naturais, Ciências Humanas e Sociais, Cultura, Comunicação e Informação. Com
foco na Educação, vem desenvolvendo e influenciado a fomentação à Educação de jovens e adultos,
através de conferências educacionais, atua também na área da alfabetização, além de trabalhos que
visam atingir as metas estabelecidas em acordos internacionais propostos por órgãos
internacionais, como por exemplo, a Declaração Mundial sobre Educação para Todos e do seu Plano
de Ação.
Isso contribuiu, por exemplo, para a aprovação da Lei e Diretrizes e Base da Educação
Nacional, em 1996, como parte do cumprimento das metas estabelecidas e também a realização do
Plano Nacional de Educação em 2001.

3.7 Conclusões

Como apresentamos ao longo dessa competência e espero que tenha gostado, houve
uma série de posturas embasadas por algumas teorias filosóficas, psicológicas e políticas, que de
alguma forma, interferiu na maneira de se ver as escolas e o papel do professor e do estudante.
Sei que foi um período muito grande o que foi apresentado e, com certeza, muitos
eventos e pessoas ficaram de fora. Você pode aproveitar e se aprofundar em algum dos
movimentos que mais lhe chamou atenção e refletir sobre o papel da educação hoje.
No início perguntamos se você lembrava de sua época de escola, se ela era tradicional
ou renovada. Mas gostaria de deixar uma reflexão. Cada período desse faz parte de uma
categorização, utilizada para entendermos melhor por meio da delimitação e denominação desses
períodos e da classificação de pessoas e movimentos. Muitas das características desses movimentos
estão presentes em nossas escolas até os dias de hoje.
Muitas vezes é difícil dizermos se uma escola é tradicional ou renovada. Seus
professores podem se mesclar. A prática de um professor, por exemplo, não se enquadra numa

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Competência 03
Competência 01
categoria assim, ele pode ter momentos tradicionais ou renovados. Quero chamar atenção para a
complexidade da sociedade, somos muito dinâmicos para nos fecharmos em um modelo apenas,
mas devemos estar sempre em busca de uma melhor prática e compreensão de nossas ações para
contribuirmos melhor com a nossa sociedade.
Atente para o fato de que, elementos de diversas áreas acabam por influenciar as
propostas para o desenvolvimento da Educação. A filosofia, a psicologia, a política nacional e
internacional têm papel decisivo e significativo na construção de propostas pedagógicas para nossas
escolas. A escola, de forma alguma, é um ambiente neutro.
Cada percepção diferente das relações que se estabelecem na escola, carregam em si
um conjunto de intenções e valores e uma forma clara de se perceber a realidade.
Concluímos essa competência, convidando você a refletir sobre o papel da educação na
sua vida.

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Competência 04
Competência 01

4.Competência 04 | Compreender a consolidação da Educação em


Pernambuco
Chegamos a nossa quarta competência. Espero que você esteja gostando do nosso
percurso ao longo da história da Educação no Brasil. É inevitável fazermos algumas relações
políticas e legais, para que possamos entender melhor os pensamentos pedagógicos e mesmo
filosóficos que contribuíram para a construção de nosso sistema educacional.
Finalmente, nessa competência iremos nos ater à consolidação da Educação em
Pernambuco. Como já dissemos, vamos precisar circular em alguns panoramas políticos e
legislativos, para entendermos como se deu essa consolidação por aqui, em nosso Estado. E, outras
vezes, vamos fazer referência a eventos nacionais para deixar mais claro qual era a situação de
Pernambuco no panorama nacional.
Vamos observar alguns fatos e eventos históricos que marcaram nossa historia, no que
se refere à Educação. E para isso vamos começar no século XIX, ainda no período do Império.

4.1 – Faculdade de Direito em Pernambuco

Mesmo no período Colonial e também no período Imperial, a situação da Capitania de


Pernambuco, e depois Província de Pernambuco, não era muito diferente das outras. A Educação
era muito precária, o foco era a formação de uma elite pensante, enquanto a grande maioria da
população pobre e até escrava, não tinha sequer acesso à escola. Não era como em nossos dias,
quando temos que cumprir metas de organismos internacionais ou mesmo do planejamento dos
governos Federal e Estadual em busca de atender a maior parte da população.
Muito menos tínhamos recursos que, hoje, ajudam na luta por escolarizar o maior
número de pessoas em idade escolar, e os que não fizeram isso em idade própria.
Temos hoje programas públicos e de fundações privadas e organizações não
governamentais, que além da Educação regular, se dedicam a dar poio a jovens e adultos com
supletivos e ações, que possibilitam o cumprimento da Educação básica. Aliado a esses programas,
temos Internet que favorece o desenvolvimento da Educação a distância, como o nosso caso para a
formação técnica.

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Competência 04
Competência 01
Mas, no século XIX, nada disso era sequer uma possibilidade ou um pensamento. Se
nem ainda havíamos superado a marca terrível da escravidão, não seria diferente com a Educação.
Como falamos anteriormente, a Educação além de ser ineficiente em seu alcance, já que a grande
maioria da população era analfabeta, ela era dual. Havia uma Educação para os filhos da elite e
outra para as demais pessoas que tivessem oportunidade de estudar. E para esses, quando não se
limitava ao conhecimento das primeiras letras, eram ensinamentos direcionados para aprenderem
uma atividade profissional e desempenharem uma profissão e não para exercerem uma vida
acadêmica e alçar cargos da elite.
Vejamos o que aconteceu aqui em Pernambuco.
Com o deslocamento da Corte portuguesa para o Brasil, Dom João VI promoveu o
estabelecimento de algumas instituições significativas para o desenvolvimento do ensino superior
em nosso país, base inclusive que tradicionalmente ainda hoje é mantida nos estados e que tiveram
seu início ainda no século XIX. Mesmo não criando universidades, criou cátedras isoladas de ensino
superior. Foi o caso de Medicina, na Bahia e, no Rio de Janeiro, Engenharia.
Cinco anos depois da independência, em 1827, o Imperador Dom Pedro I estabeleceu
dois cursos Jurídicos no país, um em São Paulo e outro aqui em Pernambuco. O estabelecimento
dessa unidade de ensino aqui nessa província foi decisivo para a formação de quadros de
administradores, que tiveram grande representatividade na nação. Pernambuco sempre teve
grande importância e representatividade no cenário nacional e essa instituição foi de grande valia
para as discussões políticas e, inclusive, dava a Pernambuco a condição de estar sempre articulado
com as ideias que circulavam em outras partes do mundo.
A Faculdade de Direito de Pernambuco, primeiro, estabeleceu-se no Seminário em
Olinda, depois foi mudada para Recife. Professores e alunos que passaram por essa instituição
tiveram papel importante nos rumos intelectuais de nosso país. Jovens de todo o país e,
principalmente, do Norte e Nordeste, vinham para o Recife para cursarem Direito em tão
importante instituição. Ficava claro que era um espaço extremamente seleto, favorecendo a elite
do país. Hoje a faculdade foi incorporada à Universidade Federal de Pernambuco e tem seu prédio
histórico, depois de mudar algumas vezes de endereço ao longo sua trajetória, situado na Rua
Princesa Isabel, no centro do Recife.

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Competência 04
Competência 01

Figura 25 – Faculdade de Direito


Fonte: http://migre.me/wosJB
Descrição: fotografia do atual Prédio da Faculdade de Direito no Recife, situado no centro da cidade.

Mesmo que a maior parte de nossos estudos aqui, seja direcionada à Educação básica, é
importante termos ciência desse acontecimento significativo em nossa história educacional. Não
acha?
E antes de adentrarmos no século XX, onde de fato tivemos uma significativa
estruturação da Educação em Pernambuco, que tal verificarmos mais uma situação educativa no
século XIX?

4.2 Primeiras Letras entre as “Comunidades Inferiores”

Já vimos que, para a elite, a Educação apontava alternativas, e a Educação dual já fazia
uma marcante divisão entre os que seriam preparados para governar e os que deveriam se ater a
uma atividade profissional para sobreviver. Na província de Pernambuco, grande parte da
população se enquadrava na categoria de “comunidades inferiores”. Entre esses estavam os negros
(livres, libertos ou escravos), os índios e as mulheres. Além de brancos pobres que não estavam
incluídos nos circuitos da sociedade.
Grande parte da população era analfabeta e poucos sabiam assinar o nome para alguma
necessidade. Como já vimos em competências anteriores, ainda no século XX, mais da metade da
população não tinha nenhuma escolarização, imagine então no século XIX, quando as condições
eram ainda piores!
Em 1827 foi autorizada por lei a criação de Escolas de Primeiras Letras pelo Império para
atender essas camadas inferiores. Mesmo garantindo a possibilidade legal de criação de escolas, o

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Competência 04
Competência 01
Estado não cumpria seu papel, pelo contrário, a sua presença nessa empreitada educacional não
funcionou; era mínima e pontual.
Diante dessa realidade de atuação estatal, praticamente não havia escolas para atender
a massa da população, mesmo sendo uma preocupação presente em alguns discursos, desde a
época da Colônia, a garantia de escolas para todos não existia.
Muitas das escolas que existiam funcionavam nas casas dos professores ou no ambiente
doméstico da família interessada em manter seus entes alfabetizados. Alguns professores chegaram
a alugar espaços para manter seus estabelecimentos educacionais. Mas era uma situação muito
difícil, a circulação de dinheiro era restrita, o acúmulo de bens era muito mal distribuído. Difícil era
para o professor se manter nessas condições, dependendo de seus alunos.
Aos negros, que representavam grande parte da população, restava como alternativa
aprenderem alguma atividade profissional e assim conseguirem sobreviver nessa sociedade. No
caso de escravos, era até uma estratégia de senhores de engenho, ensinarem alguma habilidade
aos seus escravos na intenção de acrescer valor a esses em possíveis momentos de posterior
negociação.
À medida que os anos seguiam e as exigências culturais também mudavam, aumentava
o número de negros que também aprendiam a ler e escrever. Sem falar de casos de africanos que já
chegavam no Brasil alfabetizados, possivelmente aprenderam enquanto ainda estavam em solo
africano.
Nesta realidade escravista e extremamente preconceituosa, tivemos diversos casos de
pessoas da “comunidade inferior” que conseguiam particularmente superar a dificuldade de
alfabetização.
Além de casos particulares, havia referências a irmandades religiosas de negros que
também funcionavam como espaços de resistência e possibilitavam um acúmulo de conhecimentos
e o fortalecimento desse grupo.
Havia também espaços religiosos a exemplo da Sociedade de Artista Mecânicos e
Liberais de Pernambuco, criado em 1841, que funcionou como um espaço de acolhimento, proteção
e até de reivindicações.

63
Competência 04
Competência 01

Figura 26 – Foto do Prédio da Sociedade de Artista Mecânicos e Liberais de Pernambuco


Fonte: http://www.ibamendes.com/2012/06/fotos-antigas-da-cidade-do-recife_26.html
Descrição: edificação com sete janelas de cada lado e uma porta ao Centro. Uma imagem da fachada do prédio da
Sociedade de Artista Mecânicos e Liberais de Pernambuco, hoje Prédio Histórico do Liceu de Artes e Ofício.

Vamos dar um salto à frente e começar a falar da Educação em Pernambuco no período


da República. Quero que você me acompanhe nessas novas reflexões.

4.3 A Educação na Primeira República

Com a chegada da República no Brasil, durante a virada do século XIX para o XX, com as
transformações que a indústria, os meios de comunicação e os de transporte vinham trazendo, a
sociedade passa por uma reviravolta e busca, de várias formas, apagar as marcas que os anos
anteriores tinham deixado em nosso país.
A “modernidade” era o que se buscava. Países capitalistas e desenvolvidos, entre eles os
Estados Unidos da América, eram modelos a serem alcançados. A busca em incorporar o modo de
produção capitalista promovia mudanças nas estruturas de poder, nas formas de pensar e de
encarar a realidade. Não dava mais para ficar no atraso ou para trás em relação às nações que
deram certo.

64
Competência 04
Competência 01
Entre os argumentos a serem alcançados, inclusive aqui em Pernambuco, estava a
Educação. Se fazia necessária a reorganização da instrução pública. Inclusive, nos primeiro anos do
século XX, duas escolas protestantes em moldes norte-americanos foram instaladas: uma em
Garanhuns e duas no Recife. As formas de ensino aplicadas nessas escolas receberam grandes
recomendações e elogios. Já que eram modelos importados dos Estados Unidos e que se
diferenciavam do tipo aplicado aqui em Pernambuco, extremamente tradicional. Eram colégios
particulares e, dessa forma, acabavam também sendo espaços ocupados pelos filhos da elite que
queriam se envolver com o status de terem seus filhos educados num formato que, ao menos nos
EUA, vinha dando certo.

Figura 27 – Colégio 15 de Novembro


Fonte: http://migre.me/wotkX
Descrição: fachada do prédio do Colégio 15 de Novembro, instituição protestante em Garanhuns.

No que se refere a Eudcação, a realidade da sociedade pernambucana não havia


mudado muito em relação ao século XIX. Mesmo com um discurso modernizador, a realidade não
era muito favorável.
Em 1920, estima-se que havia no país uma população aproximada de 30 milhões de
pessoas e muitos analfabetos, sendo que a maior parte se concentrava no Norte e Nordeste.
Pernambuco era um estado que atraia muita gente, diante das oportunidades de uma
metrópole, que era o Recife. A população da capital mais que duplicou entre os anos de 1900 e
1920, de 113.106 pessoas para 239.000 pessoas. As migrações internas promoveram esse grande
crescimento.
A indústria vinha trazendo a mudança de mentalidade às pessoas. Claro que
Pernambuco estava no topo dos Estados industrializados do país e era daqueles que surgiam

65
Competência 04
Competência 01
diversas oportunidades nesse ramo. E para entrar em uma indústria ou fábrica, já não era suficiente
poucos conhecimentos ou a condição de analfabeto, por isso era necessário o mínimo de
escolarização para que se pudesse manusear as máquinas.
Consequentemente, a Educação ganha força, dentro de um argumento da
modernidade, que para se ter a cidadania plena, fazia-se necessária a preparação em escolas e
assim assumir postos dentro dos ramos produtivos que demandavam conhecimentos para que os
candidatos pudessem estar em seu espaço no mundo do trabalho. Foi dentro desse novo valor dado
à Educação que foi estruturado o Ministério da Educação e a Empresa Brasileira de Correios e
Telégrafos.
Na década de 1920, a Educação passa a ser de interesse público de forma mais incisiva.
Essa luta agora ganha o apoio do discurso da modernidade, que via a escolarização como necessária
para todos. E não apenas isso, com a chegada da República, tivemos alguns embates entre setores
que defendiam a Educação laica, Bandeira da República, e grupos da Igreja Católica, que
paulatinamente estavam tendo o seu espaço reduzido dentro da Administração Pública.
Como já foi dito, na prática, o formato da Educação no Estado, era a Lei Geral do Ensino
Elementar de 1827, em que o foco estava nas primeiras letras. Não havia preocupações no sentido
formativo do indivíduo e muito menos em sua realidade.
Em 1891 havia sido promulgada uma Constituição Republicana Estadual, que determina
delegar ao Poder Legislativo Estadual a promoção do progresso, das ciências, artes e indústria. Além
disso, esse poder deveria estabelecer a instrução normal, secundária, profissional ou técnica.
Para isso, deveria, concorrentemente com o Município, criar e manter escolas primárias públicas
ou particulares.
Por outro lado, a União empurrava para os Estado e os Municípios a responsabilidade no
que se relacionava ao ensino público. Sob o argumento de uma estrutura descentralizada, o
Governo Federal pouco interviu nos problemas da Educação do Estado.
Em 1900, tivemos o seguinte panorama: o Estado mantinha 16 escolas de instrução
primária no Recife e a municipalidade era responsável por 105. Além destas, o Município tinha 08
escolas primárias noturnas e escolas particulares.
De modo geral, podemos perceber que, no século XX, há uma nova preocupação com a
Educação no Estado, e com o movimento das lutas e conquistas até o final do século, esse universo
de escolas aumentou significativamente.

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Competência 04
Competência 01
Os primeiros governadores do Estado de Pernambuco, agora na República, propuseram
mudança na estrutura da Educação. Como fora dito antes, a Educação passou a ser um problema
social e todos estavam interessados em que as coisas mudassem. A preocupação em um Estado que
estivesse no topo do pensamento moderno da época, pelo menos não permitia que, no discurso, as
coisas permanecessem como estavam.
Manoel Borba, governador entre os anos de 1915 e 1919, em uma de suas falas,
levantou alguns problemas identificados na Educação no Estado de Pernambuco, que eram:
a) Deficiência no número de escolas, sendo apenas 177 públicas estaduais.
b) Fragilidade nos programas, métodos, materiais e má remuneração dos
professores;
c) Falta de fiscalização, o que em sua visão, contribuía para a baixa qualidade do
ensino no interior;
d) Os prédios eram inapropriados e desaparelhados em relação ao material escolar;
e) Os professores eram em sua maioria “indivíduos em idade avançada”, com longo
tempo de serviço e alguns incapazes de ensinar.

Pode ser que alguém queira comparar essa realidade com a dos nossos dias. No
entanto, não tem como comparar. Já avançamos significativamente em todos os itens apontados
pelo então Governador.
Claro que não vamos ficar satisfeitos se há condições de melhorar. Mas era uma
realidade muito difícil para quem tinha como modelo, nações desenvolvidas economicamente e
com outra trajetória histórica, que favorecia a formação de uma escola pública de melhor qualidade
que as que eram vivenciadas por aqui.
Mas será que esse Governador, tão preocupado com a Educação conseguiu mudar
algumas coisas nesse panorama que ele mesmo apresentou?
É triste, mas a história mostra que não houve mudanças em seu governo que viessem a
superar essas dificuldades. Os salários permaneceram baixos, não foram dadas condições de
acompanhamento das escolas e muito menos houve o aparelhamento dos prédios com material
adequado para as aulas.

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Competência 04
Competência 01
Sergio Loreto foi outro governador no Estado de Pernambuco - de 1922 até 1926 - que
também declarou preocupação com a Educação. Veremos se esse conseguiu contribuir em alguma
coisa, diferente de seu antecessor.
Desde os anos de 1910, a inclusão de temas educacionais estavam presentes nas rodas
de discussão de intelectuais em Pernambuco. O que não era diferente no país como um todo.
Alguns falavam mal da aristocracia que sabia ler e escrever, mas que não se preocupava em
combater o analfabetismo. Na prática, a diversificação das atividades econômicas e a abertura de
novas ocupações profissionais cresciam rapidamente, mas a realidade educacional não
acompanhou esse progresso.
A partir dos anos 20, começam a aparecer técnicos e profissionais da Educação, nesse
processo os problemas educacionais se desvincularam dos demais problemas e passaram a ser
tratados por especialistas. Os jornais faziam propaganda do Sul e Sudeste, dizendo que o sucesso
dessas regiões estava ligado ao investimento em Educação, diferente de Pernambuco. Os jornais
reforçavam também a necessidade de qualificação do profissional da Educação.
Além da comparação com outros estados e com atenção no professor, as matérias nos
jornais pediam um sistema de Educação mais pragmático, profissionalizante, diferenciado, menos
teórico, eficiente e em sintonia com a sociedade educacional. Elementos que estavam sendo
influenciados pelo que já ouvimos falar noutra competência, a Escola Nova. Essa forma de pensar
na Educação estava permeando a sociedade brasileira. Em um momento onde a preocupação com a
Educação estava em fervente ebulição. E não era diferente em nosso estado.
O governador Sergio Loreto dizia que havia recebido a Educação num estado deplorável.
Não era fácil, nos seus argumentos, fazer alguma coisa de forma tão rápida. Segundo ele, havia
poucos professores e a maioria das escolas estava em prédios improvisados. Ele começou a lançar o
Anuário da Educação, abrangendo o ensino primário, secundário e o normal com informações e
imagens da Educação no Estado. E aos poucos foi fazendo alterações na realidade das escolas em
Pernambuco. O setor de inspeção foi restabelecido, a distribuição de material foi retomado a
contento e fez mudanças no calendário escolar de forma a dar melhor qualidade às aulas.
É possível fazer uma avaliação positiva da forma de governo de Sérgio Loreto, pois ele
conseguiu dar direcionamento à Educação no Estado na busca de uma melhor qualificação desta e,
consequentemente, atender a população.

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Competência 04
Competência 01
No entanto, não podemos concluir que todos os problemas foram resolvidos, mas
pegando o embalo de tantas discussões sobre a Educação que vinham acontecendo na sociedade
daqueles dias, esse Governador conseguiu avançar um pouco.

4.4 Estado Novo e a Educação em Pernambuco

No período que compreende o Estado Novo em Pernambuco, já estudado em nossa


primeira competência, estava no poder aqui um interventor chamado Agamenon Magalhães
(1937 até 1945) . Vamos ver quais foram as características de seu governo aqui e mais
especificamente no âmbito da Educação.

Figura 28 – Agamenon Magalhães


Fonte: http://migre.me/woEOu
Descrição: imagem de um homem de óculos usando paletó e chapéu, trata-se de uma fotografia do Interventor
Agamenon Magalhães.

O governo tinha uma clara proposta de implementação do Estado Novo através de um


projeto pedagógico. Dessa forma, Agamenon entendia muito bem o papel da Educação na
contribuição para a disseminação de uma ideologia. Assim, a escola foi usada como um aparelho
ideológico, com fim de preparar a sociedade, desde os menores, nos valores e princípios defendidos
pelo governo ditador.
Na verdade, a postura em relação à Educação vinha do macro, o Governo Federal, com o
Ministro da Educação, Gustavo Capanema, já implementava esse pensamento de cima para baixo. E

69
Competência 04
Competência 01
por outro lado, era fruto da influência do governo fascista alemão, o qual o governo brasileiro
copiou em muitas de suas posturas.
Carregando a bandeira dos princípios da trilogia de Deus, Pátria e Família o governo
disseminou ideias, valores e princípios como ordem, tradição e patriotismo através da Educação. A
Educação precisava ser disciplinada, não à toa, era um governo ditatorial que estava em curso.
No discurso pedagógico implementado pelo Estado Novo, foram montadas narrativas
que visavam levantar o grande “inimigo da ordem”, neste caso, o comunismo e o liberalismo. Neste
sentido, a “ordem” deveria ser mantida. E tudo que se levantasse contra essa ordem, precisava ser
combatido. Nesse caso, tudo que se identificasse com a velha República, com as propostas da
“esquerda” nas quais se enquadravam os defensores da escola nova com suas “pedagogias
exóticas”, precisava ser eliminado.
Em defesa do nacionalismo, foi proposto uma nacionalização do ensino, isso contra a
escola “internacional”, que estava presente na Escola Nova. Contra esse formato, o Estado Novo
propõe uma “Educação Dirigida” com a intenção de deter a pedagogia inimiga.
Em 1937, foi realizado um Seminário Pedagógico que visava controlar e fiscalizar o
ensino no Estado. O que se esperava era formar no estudante uma concepção de vida patriótica e
cristã. Para isso, foram promovidos encontros semanais com os professores, quando eram feitas
leituras que reforçavam as opiniões do governo interventor no Estado. Os professores eram
cooptados também através de prêmios e cargos para ficarem do lado do governo. Não havia espaço
para oposição e críticas às ações do Governo. Os que pensavam de forma oposta eram perseguidos
e muitos foram exonerados.
Por essa parte de nossa história aqui no Estado, podemos refletir que não foram
apresentadas muitas mudanças em relação à Educação. Mas fica claro o poder de uma ideologia
aliado ao poder político e militar e como a Educação e seus profissionais sofreram diante de um
governo autoritário.
É importante perceber a dicotomia da importância da Educação, que no início do século,
era vista como um dos instrumentos para a transformação da sociedade e neste momento é vista
como um instrumento de controle e de doutrinação. Uma faca de dois gumes, a depender do
direcionamento que é dado a ela.

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Competência 04
Competência 01
Assim cabe a reflexão sobre nossa realidade hoje. A quem temos servido? Qual o
propósito da Educação hoje? Quais ideias são apresentadas pelos governantes e se há algum
interesse maior ou particular por trás dessas propostas? É possível termos um projeto pedagógico
que seja dominador e controlador, cerceador das liberdades individuais e coletivas. Precisamos
estar atentos para não colaborarmos com a disseminação e o fortalecimento de ideias e propostas
que fazem retroceder a Educação no nosso estado e no nosso país.

4.5 A Educação no Governo de Miguel Arraes

Vamos dar um longo salto na história e fazer uma comparação refletindo sobre esse
período ditatorial e outro do segundo momento de ditadura em nosso país. Vamos avançar da
década de 1930 para a década de 1960, no momento em que havia sido eleito prefeito da capital do
Estado de Pernambuco o senhor Miguel Arraes de Alencar.
A presença de Arraes é significativa e em um período para implementação na capital de
um projeto direcionado para Jovens e Adultos, que não haviam sido alfabetizados ainda. Faziam
parte desse movimento pessoas ligadas à esquerda e da ala progressista da Igreja Católica. Pessoas
que estavam preocupadas com a inclusão de todos, inclusive os mais simples nos conhecimentos
letrados.
Era o Movimento de Cultura Popular no Recife – MCP. Além de sua contribuição
significativa para o público atendido, era uma instituição emblemática para a luta em defesa de
uma Educação de qualidade, inclusiva, e que não seguia o modelo tradicional e bancário tão
criticado por Paulo Freire em seus trabalhos nesses mesmos anos.

71
Competência 04
Competência 01
Figura 29 – Sítio da Trindade
Fonte: http://migre.me/woFbn
Descrição: imagem de uma casa em destaque com palmeiras na frente. Trata-se de foto da Sede do Movimento de
Cultura Popular – MCP, no Recife.

Atualmente, o espaço onde era o MCP é conhecido como Sítio da Trindade.


O MCP era um movimento de Educação que estava voltado para a cidadania, em que
era enfatizada e concretizada a democratização da Educação e da cultura popular. O objetivo era
erradicar a “doença” do analfabetismo entre os jovens e adultos. Na primeira lição da cartilha desse
movimento, a primeira frase que aparecia era: “O voto é do povo”. Começar com essa frase já
demonstra uma série de opções dos educadores que estavam envolvidos nesse processo.
Se lembrarmos dos anos da Educação no Estado Novo, a liberdade era cerceada. Era um
governo de ditadura, não havia voto, as decisões eram de cima para baixo. Começar dizendo que o
voto é do povo, é levar o jovem e o adulto analfabetos a refletirem que não seria essa condição que
lhe impediria de decidir os destinos políticos de seu país, estado, cidade ou comunidade. O
indivíduo tinha voz e vez. Direcionado por uma Educação libertadora e conscientizadora, apoiado
pelo Governo Municipal, o MCP ganhou o Recife com suas propostas.
Não era apenas um processo que visava que os alunos aprendessem a habilidade
técnica de ler e escrever, era muito mais que isso. Era um movimento político que visava trazer
liberdade política e intelectual. Não era um processo para incluir o estudante no mundo do trabalho
e ser mais um consumista. Mas lhe devolvia a dignidade e dava a ele instrumentos para ser um
sujeito histórico.
“Zé é menino e já trabalha.
Trabalha porque precisa.
É menino e não estuda.
Não tem escola para o Zé.
Todo mundo precisa estudar.
O povo precisa de escola.
Por que não tem escola para o Zé?
Por que não tem escola para todos?”

Esse é um dos textos presentes nas cartilhas do MCP. Reflete sobre a condição de Zé,
uma pessoa comum que tendo que trabalhar desde cedo, não teve oportunidade de estudar.
Possivelmente, a mesma condição dos estudantes que foram atendidos. E as duas últimas
perguntas trazem a tona a nossa temática da Educação, relacionada ao indivíduo e à coletividade.

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Competência 04
Competência 01
Por que não tem escola? Ao refletir sobre isso se leva a uma análise do entorno e do macro, das
conjunturas políticas, sociais e econômicas. Não era um problema simples, muito menos culpa de
Zé. Pelo que estamos estudando, era um problema antigo em nossa nação e no nosso Estado. E,
naquele momento estava servindo de reflexão para pessoas que tinham sido afastadas pelas
adversidades da vida e de posturas políticas, do processo educativo.
Miguel Arraes segue seu caminho político, sendo eleito Governador do Estado, em
1962, dando continuidade a sua política democrática e preocupada com o povo. Estendeu suas
ações e políticas nas zonas rurais. Grande exemplo foram as Ligas Camponesas e as conquistas que
conseguiu implementar em relação aos direitos dos trabalhadores do campo.
Mas em 1964 os Militares assumem o poder e toda a política de Arraes, considerada de
esquerda e comunista é contestada. Ele foi convidado a se retirar do poder, o que não o fez, até ser
exilado e sofreu a suspensão de seus direitos políticos.
Como podemos ver, mais uma vez o governo do país caiu nas mãos de ditadores. Dessa
vez com uma interrupção, em nosso Estado, de um governo inclusivo e que estava preocupado com
os mais pobres.
Com o enfraquecimento da ditadura e a anistia, Miguel Arraes retornou a Pernambuco
em 1979. Foi eleito governador do Estado em 1986. E depois, teve seu terceiro mandato de
governador, sendo eleito em 1995 e governou até 1999.
Os anos 80 e 90 foram significativos para o processo de universalização do ensino no
Brasil e, consequentemente, nas escolas do Estado de Pernambuco. O que se discute desse período
é que se conseguiu significativamente o crescimento do número de matrículas nas escolas.
No entanto, a luta para atender a totalidade de crianças e jovens em idade escolar nas
escolas não acabou e acrescentou-se ainda, a busca de qualidade na prática escolar da docência e
melhoria das condições para o estudante e para os professores.
Ainda a respeito do último mandato de Arraes, destacamos que foi marcado pela
descentralização. As Diretorias Executivas Regionais de Educação – DERE receberam mais
responsabilidades para exercer a supervisão e garantir a presença do Estado nos mais diversos
municípios do Estado, no que se refere à execução das políticas públicas.
Aquele mandato de Arraes é lembrado como momento de descentralização, articulação
e democratização da gestão. Fóruns, debates, incentivos para a participação da comunidade na
escola era uma marca de sua gestão.

73
Competência 04
Competência 01
4.6 Últimos anos do século XX e início do século XXI

Nestes últimos anos a ideologia liberal e os critérios do capital são marcantes nas mais
diversas redes escolares. As fundações e organizações privadas e da sociedade civil estão nas
escolas com propostas, programas e campanhas na intenção de implementar pautas e metas para
Educação.
A partir da Constituição Federal de 1988, foram consolidados os sistemas de ensino
federal, estadual e dos municípios, e surgiu a necessidade do alinhamento e de todas as instâncias
com a legislação educacional vigente até nossos dias. A Educação passou a ter um capítulo especial
e passou a ser defendida como um direito de todos e dever do Estado. Aliado a isso, o processo
de universalização da Educação na busca do maior número possível de atendimento às crianças e
adolescentes em idade escolar.
Com a Lei de Diretrizes e Base da Educação Nacional, que iremos estudar melhor em
nossa última competência, a Educação se fortalece passando a ser uma prioridade nacional.
Uma das últimas e significativas políticas que nos primeiros anos do século XXI vem
ganhando força e dando resultado dentro da política de resultados adotada desde a chegada do
então Governador Eduardo Campos no Estado, é a implementação de escolas em tempo integral no
ensino médio.
Essas vêm sendo implementadas desde o ano de 2008 e articuladas com as Escolas
Técnicas que oferecem, em regime de tempo integral, educação profissional para adolescentes e
jovens, vêm dando resultados significativos na rede pública estadual aliadas a outras propostas com
fim de atender às demandas atuais dos nossos jovens. O programa está fundamentado na filosofia
da Educação interdimensional, que procura perceber o estudante em suas dimensões cognitiva,
afetiva, espiritual e corporal.
Chegamos ao fim dos anos do século XX, depois de um século de luta. Você pode
lembrar de como era difícil a situação de Pernambuco em relação à Educação: poucas escolas,
didática do professor muito diferente do que vivemos hoje em dia, as escolas eram praticamente
nas residências e o acompanhamento individualizado.
Hoje já temos uma grande rede de escolas que atendem a maior parte das crianças e adolescentes
em idade escolar. E se nos direcionarmos às escolas municipais, a rede é ainda maior e o alcance mais
significativo.

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Competência 04
Competência 01
Não chegamos ao patamar ideal de Educação, é verdade. Mas depois de toda
movimentação do Plano Nacional de Educação (PNE), aprovado pela Lei 13.005, de 2014, houve
motivação para a construção de um Plano Estadual de Educação que indica as nossas fragilidades e
desafios a cumprir. As suas diretrizes, metas e estratégias estão alinhadas ao PNE. São 20 metas que
projetam até onde queremos chegar até 2020, ou se possível, ultrapassar.
Em comparação com as demandas surgidas ao longo de todo o século XX, fica
constatado que já avançamos significativamente na consolidação da Educação em Pernambuco.
Mas como foi dito, ainda temos muito chão a percorrer. E entendemos que as gerações se renovam
e muitos desafios se refazem a cada nova geração.

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Competência 05
Competência 01

5.Competência 05 | Conhecer a estrutura da Educação Básica em


Pernambuco
Olá! Chegamos à última competência de nossa disciplina. Já estudamos os regimes e os
contextos políticos da história do Brasil, já relacionamos esses momentos a eventos situados na
história no Brasil, vimos algumas correntes filosóficas da Educação e como se deu a consolidação da
Educação em Pernambuco.
O caminho já percorrido foi bem longo, mas ainda temos mais um passo a dar. Vamos
estudar a estrutura da Educação Básica em Pernambuco. Vamos nos dedicar a verificar como, nos
dias de hoje, está estruturada nossa Educação a partir da Legislação Nacional, já que, apesar de
termos uma relativa autonomia nos rumos da Educação, seguimos o modelo que é orientado pelo
Governo Federal.
Assim, vamos trabalhar especialmente com a influência que a legislação implementa na
Educação pelo Governo do Estado, que tem papel importante, inclusive nas orientações para os
municípios, que chegam a usar documentos e formatos seguidos pelo Estado nas Secretarias de
Educação locais.
Espero que você nos acompanhe com entusiasmo nesse caminho. Vamos nessa!

5.1 Algumas reflexões sobre a Educação

Antes de entramos diretamente na estrutura da Educação que de fato essa competência


nos indica, gostaria de sugerir uma reflexão sobre a Educação.
As Novas Gerações – Você já parou para pensar que a cada nova criança que nasce todo
o esforço e trabalho que a Educação executa tem que recomeçar? Tudo tem que ser ensinado
novamente? E já tem princípio na família. A família ensina a criança a falar, andar, regras de
comportamento, valores etc. A cada nova geração tudo recomeça. É uma situação no mínimo
curiosa e que algumas vezes passa despercebida.
Se hoje temos uma meta para “erradicar” o analfabetismo, situação que já tivemos no
Brasil e é sempre uma preocupação presente, daqui a 10 anos essa meta precisa ser revista.
Com o aumento da população, as famílias e o poder público devem ter uma
preocupação e uma avaliação e um planejamento constantes, para que não ocorram novamente

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Competência 05
Competência 01
altos índices de analfabetismo. Se bem que, a cada nova geração, a preocupação com a Educação e
seu papel na inserção no mundo social é fundamental, ainda mais com o uso das tecnologias
batendo à nossa porta. As crianças mal sabem organizar seus pensamentos e falarem com clareza e
já sabem manusear equipamentos de alta tecnologia ou telefones celulares. A cada nova geração,
tudo recomeça!
As Relações Humanas – Ao pensarmos na educação escolar, precisamos pensar que
além de relações pedagógicas de ensino e aprendizagem, por trás de tudo isso existem relações
humanas se desenvolvendo a todo momento. Estudantes, professores, gestão, técnicos escolares,
equipe da limpeza, equipe da cozinha, os técnicos que representam a Secretaria de Educação, todos
são seres humanos com histórias individuais, alegrias e tristezas.
Esses diversos segmentos e pessoas se relacionam entre os membros de cada grupo e
entre os grupos. Por exemplo, professores e estudantes estão em constante contato nas aulas,
estudantes fazem reclamação de seus professores à gestão ou ainda, para montagem de uma feira
de conhecimento, a comunidade escolar mantém, por um período significativo, contato
permanente, para que tudo corra bem.
Portanto, as relações de poder estão sendo realizadas a cada momento. Uniões,
divisões, cooperações, articulações, tudo para que a finalidade da Educação seja alcançada. Apesar
de termos os prédios e toda a estrutura física, não podemos esquecer que Educação é basicamente
desenvolvida a partir de relações humanas. Isso é importante para viver sua realidade com mais
“humanidade”.
Paulo Freire, que já falamos em outro momentos, escreveu um texto que serve bem
para exemplificar o que estamos falando. Vamos dar uma olhada em alguns trechos desse poema.
Depois você pode pesquisar e ter acesso ao texto na íntegra.

A escola é – Paulo Freire.

“A escola é

... o lugar que se faz amigos./ Não se trata só de prédios, salas, quadros, / Programas, horários,
conceitos... / Escola é sobretudo gente que trabalha, que estuda / Que alegra, se conhece, se estima.

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Competência 05
Competência 01
O diretor é gente, / O coordenador é gente, / O professor é gente, / O aluno é gente, / Cada funcionário
é gente.

(...)

Importante na escola não é só estudar, não é só trabalhar, / É também criar laços de amizade, / É
criar ambiente de camaradagem, / É conviver, é se “amarrar nela”!

Ora, é lógico... / Numa escola assim vai ser fácil estudar, trabalhar, crescer / fazer amigos, educar-se,
ser feliz. / É por aqui que podemos começar a melhorar o mundo.”

Esse poema nos ajuda a pensarmos que na escola passam outros elementos que fazem
parte das relações humanas que poderiam estar presentes em qualquer outro ambiente e na escola
não é diferente.
A diversidade na educação – já falamos da trajetória da Educação no Brasil e podemos
concluir que apesar de não vivenciarmos um modelo de Educação que gostaríamos, temos o nosso
sistema de Educação que já sofreu diversas mudanças e nos colocam numa situação mais agradável
que há mais de 100 anos atrás. Mas como disse, não estamos satisfeitos e lutamos para melhorar
ano a ano.
A princípio pensamos na Educação da criança e do adolescente, mas nem todos
conseguem frequentar a escola e, por diversos motivos, como: doenças, necessidade de emprego,
desestímulo e outras razões, deixaram de concluir os estudos relativos à Educação básica. Para esse
público que precisou abandonar a escola, existem políticas e material didático específico, para que
possam voltar à escola e terem o maior aproveitamento possível, por exemplo, por meio da
Educação de Jovens e Adultos, uma preocupação, de certa forma, antiga na Educação Brasileira.
Outro grupo que também demanda uma atenção especial são os estudantes na
condição de pessoas com deficiência. Hoje é preferencial que eles estudem nas mesmas escolas que
todos os outros alunos. No entanto, existem algumas necessidades, como, por exemplo, de
acessibilidade, materiais didáticos ou mesmo de técnicos especializados que auxiliem e ajudem a
ampliar as suas possibilidades e assim possam acompanhar todas as discussões nas escolas. Essas
demandas estão sob a responsabilidade de todos, pois precisamos juntos, trabalhar para que a

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Competência 05
Competência 01
inclusão seja feita da melhor forma possível, para atender essa parcela da sociedade que
igualmente tem direito a uma Educação de qualidade.
Já verificamos nas competências anteriores que a população urbana cresceu
significativamente em todo o século XX, no Brasil. Mas a realidade de nosso país não se limita à
população urbana, temos também um grande número de pessoas que preservam sua vida na zona
rural dos diversos municípios do Estado. E pensando em nossa história ainda e na formação do
Brasil enquanto nação, vemos grupos indígenas e afrodescendentes que se preservam em nossa
sociedade lutando por suas identidades e pelo direito de uma Educação que valorize e fortaleça
suas lutas.
Existem propostas e leis para que a inclusão de discussão dos temas indígenas e
afrodescendentes estejam presentes nas escolas. Por isso, A Educação no Campo, Quilombola e
Indígena são demandas presentes em nosso Estado e temos na rede estatual escolas específicas e
com uma política direcionada e particular para cada uma desses segmentos, que respeitam as suas
identidades.
Como muitas vezes estamos distantes ou desatentos a essas bandeiras, não
conhecemos ou não ouvimos falar dessa realidade.
As Instituições de Educação – como Paulo Freire falou naquele poema, a escola não se
trata só de prédios, mas eles nos ajudam a entender melhor o que vamos falar agora. Para o
funcionamento da educação não é suficiente, para uma rede educacional, de qualquer instância, a
existência apenas das escolas. Outras instâncias são estruturadas para que a Educação possa fluir
como rede.
Tomando como exemplo a Rede Estadual de Educação, ela está estruturada da seguinte
forma: considerando o tamanho do Estado de Pernambuco, o mapa é dividido em 16 regiões
menores que são responsáveis pelas escolas de sua jurisdição. Temos assim 16 Gerências Regionais
de Educação, espalhadas por todo Estado. Elas são o braço local da Secretaria de Educação, que
funciona hoje em um prédio central, e assim há uma descentralização da implementação,
acompanhamento e fortalecimento das políticas públicas de Educação do Estado.

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Competência 05
Competência 01

Figura 30 – Mapa de Pernambuco com Referência da Distribuição das Gerências Regionais de Educação no Estado.
Fonte: http://www.educacao.pe.gov.br/portal/?pag=1&men=77
Descrição: mapa de Pernambuco com sinalização das das Gerências Regionais de Educação – GRE, no Estado. Abaixo do
mapa há uma legenda que indica por cores e nomes as GRE.

Seguindo uma estrutura de organograma, temos a equipe central da Secretaria de


Educação; em seguida as 16 Gerências Regionais de Educação e, subordinadas a elas ficam as
escolas, dentro de cada respectiva jurisdição. Esse formato descentralizado possibilita uma melhor
atuação das equipes envolvidas que cooperam umas com as outras.
Depois dessas reflexões, que irão nos ajudar a compreender a estruturação da Educação
Básica, iremos trabalhar, a seguir, com a LDB.

5.2 Lei de Diretrizes e Base da Educação Nacional

Foi a partir dos anos de 1980 que a expressão “Educação Básica” foi incorporada aos
discursos das políticas, dentro do processo de Universalização da Educação para as crianças e os

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Competência 05
Competência 01
adolescentes. Na Constituição de 1988, a expressão usada era de ‟primeiro e segundo graus” sendo
depois substituída por Ensino Fundamental e Ensino Médio, respectivamente.
O Brasil passa a ter, nos anos de 1990, uma nova Lei de Diretrizes e Base da Educação
Nacional (LDBEN), que depois de consecutivas discussões desde a Constituição, foi aprovada e
compôs a Lei nº 9.394 de 20 de dezembro de 1996.

Link da LDB -
http://portal.mec.gov.br/seesp/arquivos/pdf/lei9394_ldbn1.pdf
Acesse e se aprofunde do conteúdo dessa lei.

Logo no seu primeiro artigo há um entendimento do que vem a ser Educação. É


bastante abrangente e compreende “os processos formativos que se desenvolvem na vida familiar,
na convivência humana, no trabalho, nas instituições de ensino e pesquisa, nos movimentos sociais
e organizações da sociedade civil e nas manifestações culturais”. Perceba que por essa definição, o
conceito de Educação se relaciona à educação nas relações familiares, da sociedade, trabalho,
instituições e sociedade civil. Entende-se a Educação formal e informal. No entanto, a lei pretende
disciplinar a Educação escolar, que, também segundo a lei, deve estar vinculada ao mundo do
trabalho e à prática social.
Vejamos o que diz o Art. 2º da Lei:

A educação, dever da família e do Estado, inspirada nos princípios de liberdade e nos


ideais de solidariedade humana, tem por finalidade o pleno desenvolvimento do
educando, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o
trabalho. (grifos nossos)

Numa responsabilidade compartilhada entre família Estado e baseada em princípios, a


Educação Básica deve atender a pelo menos três finalidades, como vimos acima: O pleno
desenvolvimento do educando, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o
trabalho.

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Competência 05
Competência 01
Assim, o pleno desenvolvimento do educando como ser humano, ser em formação e
que na educação escolar irá ser estimulado para que seu desenvolvimento aconteça de forma
satisfatória.
O exercício da Educação é outro fim da Educação. O estudante está inserido em uma
sociedade com demandas políticas e precisa conhecer e praticar seus direitos e deveres, participar
ativamente de sua sociedade mais restrita e mais ampla como sujeito ativo e participativo, que tem
sua cidadania reconhecida. Nesse sentido, a escola também proporciona momentos e
conhecimentos que o ajudam para o reconhecimento e o amadurecimento de sua cidadania.
A terceira finalidade é a qualificação profissional. Além do desenvolvimento pessoal e da
cidadania, a lei também inclui a qualificação profissional no item fins da Educação, já que os
estudantes também são potencialmente indivíduos que serão incluídos no mercado de trabalho. E a
escola também deve proporcionar a qualificação para isso.
Outros princípios são apresentados e devem ser mantidos nas escolas. Depois pesquise
o Art. 3º da LDBEN e veja quantos outros princípios estão listados.
Vamos ver alguns:
O acesso e a permanência na escola deve ser a mesma para todos os que estiverem na
escola. Esse princípio nos remete ao século XIX, quando não havia nem escola para todos e também
se mantinha uma estrutura fortemente dual (uma Educação para as classes menos favorecidas e
outra para os filhos da elite). Esse primeiro princípio nos ajuda a refletir e a lutar para que a
Educação escolar atinja a todos da mesma forma, independente de sua condição social, sua origem,
religião ou qualquer outro fator.
Todos devem ter acesso e deve-se dar todas as condições necessárias para
permanecerem na escola. Na prática, temos conhecimento de que é um princípio que ainda não é
100% observado. Algumas comunidades nem têm escolas, ou não oferecem as condições ideais
para o acesso e a permanência dos estudantes.
Outro princípio é o pluralismo de ideias e de concepções pedagógicas. Como estudamos
na competência anterior, observamos que ao longo do século XX e mesmo agora no século XXI,
temos várias ideias e concepções pedagógicas circulando, mas a Educação escolar não deve estar
vinculada exclusivamente a uma corrente, filha de um único modo de pensar. É permitida a
liberdade de pensamento. Não vivemos mais em uma ditadura, como em outros tempos estudados
aqui. As redes de ensino e as escolas podem fazer opções diversas e livres.

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Competência 05
Competência 01
Esse princípio se articula com outro que trata do respeito à liberdade e o apreço à
tolerância. Basta pensarmos que vivemos em um país continental e que mesmo no Estado de
Pernambuco, a diversidade cultural, religiosa, étnica, política é muito grande. Se a escola tivesse
uma única orientação, não poderia preservar o seu fim, relacionado ao desenvolvimento humano e
à cidadania. Por vezes, a falta de liberdade e intolerância geram um ambiente contrário ao que a
LDBEN propõe para o formato desejado da Educação Básica.
Não iremos listar todos os princípios, mas eles ainda tratam da coexistência de
instituições públicas e privadas, da valorização do profissional da Educação, da gestão democrática,
da busca de padrão de qualidade, da valorização das experiências extraescolares, da gratuidade em
estabelecimentos oficiais, entre outros. Aprofunde seus conhecimentos, estudando o texto da Lei
na íntegra, que está disponível no link que já apresentamos.
Apenas pela indicação de alguns princípios, é possível perceber que estão presentes
princípios que atendem a luta de anos por uma Educação mais democrática, livre, tolerante,
respeitosa e que possibilite que todos estejam atentos às demandas da sociedade.

5.2.1. Educação: direitos e deveres

Já a partir do Art. 4º, a lei apresenta os deveres do Estado e dos pais. No caso do Estado,
é seu dever garantir uma Educação básica obrigatória e gratuita dos 04 anos aos 17 anos e que
corresponde à seguinte organização:
a) pré-escola;
b) ensino fundamental e
c) ensino médio.
Estende mais os deveres, tratando como obrigatório ainda o atendimento educacional
especializado gratuito aos educandos com deficiência ou transtornos de desenvolvimento ou
superdotados, preferencialmente na rede regular de ensino. Para os que não concluíram os ensinos
fundamental e médio em idade própria, é dever do estado garantir acesso público e gratuito, para
que concluam essas etapas. O ensino noturno, a oferta de Educação regular a jovens e adultos e
atendimentos por programas, como: acesso ao material didático-escolar, transporte, alimentação e
assistência à saúde.

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Competência 05
Competência 01
Mais uma vez não vamos tratar de todos os deveres, mas esses já nos ajudam a
entender a proposta do texto.
Sobre os deveres dos pais ou responsáveis, a LDBEN diz que esses devem efetuar
matrícula das crianças na Educação básica a partir dos quatro anos de idade.

5.3 A Estrutura da Educação

Mesmo já aparecendo indiretamente em outros momentos nessa competência, vamos


ver mais detalhadamente como está organizada a estrutura da Educação em Pernambuco e que
segue a proposta da Educação Nacional, presente na LDBEN.
Podemos perceber duas dimensões na estrutura e funcionamento da Educação,
segundo a LDBEN. Uma vertical e outra horizontal.
Vertical: São os níveis da Educação – Básico e Superior
Horizontal: São as modalidades da Educação – Educação de Jovens e Adultos,
Profissional e Especial.
Então, numa sequência para melhor compreensão, o estudante inicia sua vida escolar
na Educação básica e pode chegar até a Educação superior. Mas em sua trajetória pela Educação
básica, ele passa por algumas etapas: a Educação Infantil (creche e pré-escola), seguindo para o
Ensino Fundamental até chegar a última etapa da Educação básica que é o Ensino Médio. A
Educação Básica também pode ser feita na modalidade da Educação de Jovens e Adultos.
Vejamos a tabela abaixo:

NÍVEL ETAPA DURAÇÃO SISTEMA


ADMINISTRATIVO
Educação Básica Educação Infantil 05 anos Municipal
Creche 0 aos 3 anos
Pré-escola 3 aos 5 anos
Ensino Fundamental 09 anos Municipal e
6 aos 14 anos Estadual
Ensino Médio Mínimo 03 anos Estadual e Federal
15 aos 17 anos
Ensino Superior Municipal, Estadual
e Federal
ETAPA MODALIDADE DURAÇÃO SISTEMA
ADMINISTRATIVO

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Competência 05
Competência 01
Ensino Educação de Jovens e Mínimo de 15 anos Estadual e Municipal
Fundamental Adultos
Ensino Médio Educação de Jovens e Mínimo de 18 anos Estadual e Municipal
Adultos
Educação Profissional A partir dos 15 anos Estadual e Federal

A tabela estrutura, por etapa, modalidade, duração e sistema administrativo, a


organização da Educação no Brasil.
A Modalidade de Educação Especial deve estar presente em todos os níveis, etapas, e
modalidades, não tendo nenhuma restrição nem limite de idade.
Essas duas tabelas nos ajudam a atender como está estruturada segundo a LDBEN a
Educação Brasileira e, consequentemente, a Educação em Pernambuco.
A divisão proposta em níveis já estava presente há muitos anos em nossa história da
Educação. À medida que as lutas e as necessidades aumentaram, elas foram se tornando mais
complexas e atendendo a demandas específicas da sociedade. As etapas, bem como os níveis,
atendem o amadurecimento dos estudantes, que vão progredindo e aumentando a complexidade
do conhecimento.
O Estado de Pernambuco em sua rede de Educação Pública atende aos dois níveis de
Educação, e na Educação Básica desde a Educação Infantil, ensinos Fundamental e Médio, as três
modalidades também são ofertadas.
Tendo como sua principal responsabilidade a etapa do Ensino Médio, a Rede Estadual
de Educação vem investindo significativamente nos últimos anos em políticas, que proporcionem
uma melhor atuação nessa etapa de ensino. Dentre elas, vamos destacar algumas que têm
conquistado mais visibilidade a cada ano: o aumento do número de escolas em tempo integral e as
escolas técnicas com ensino médio integrado.
Fundamentado na filosofia da Educação Interdimensional que defende a construção do
ser humano na sua inteireza nas quatro dimensões (cognitiva, afetiva, espiritual e da corporeidade).
Assim, a partir do ano de 2004, começaram a ser criadas as Escolas de Referências do Ensino Médio
(EREM) e, em seguida, o estabelecimento das Escolas Técnicas Estaduais em tempo integral.

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Competência 05
Competência 01

Figura 31 - Logomarca do Programa de Educação Integral em Pernambuco


Fonte: http://migre.me/woGeV
Descrição: logomarca representando o Programa de Educação Integral, Escola de Referência em Ensino Médio. Possui a
palavra Integral em destaque. Acima as palavras: Programa de Educação e abaixo: Escola de referência em Ensino
Médio.

A preocupação com o formato de uma escola em tempo integral já estava presente nas
discussões da Escola Nova, que já estudamos anteriormente e desde então, em nosso país, alguns
projetos pilotos foram implementados em alguns Estados e diferentes governos.
Em 2009, como um programa indutor da Educação Integral do Ensino Médio, o MEC
lançou o Programa Ensino Médio Inovador (ProEMI). Programa que previa curso com carga horária
de 3.000h para três anos dessa etapa, acrescentando, assim, um total de 600 horas, além das já
vivenciadas no regular. E, em 2011, as EREM foram incluídas nesse programa.
Ganhando significativamente força em sua implementação, primeiro em algumas
escolas experimentais, o modelo foi expandido para um número maior de escolas, apresentando
dois formatos básicos (Integral e Semi-integral).
As Escolas Técnicas também tinham o horário Integral, sendo os componentes do
técnico vivenciados de forma integrada. Esse formato de Ensino Médio vem ganhando força em
nosso Estado e renovando a proposta para essa etapa.

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Conclusão
O Estado de Pernambuco vem alcançando resultados significativos nas avaliações
externas de Educação no país, dando um salto marcante em sua história nas duas últimas avaliações
do IDEB, estando em 4º Lugar entre os Estados, na penúltima versão dessa avaliação, foi agora para
o 1º Lugar em sua última versão. Esse resultado é fruto do trabalho de todas as equipes envolvidas
no processo de ensino e aprendizagem desde a Secretaria de Educação, Gerências Regionais de
Educação e principalmente das equipes nas escolas.
E não se pode deixar de destacar a atuação dos estudantes em todos os processos. Eles
são os principais atores nesse processo. E como já falamos no início dessa competência, a cada novo
ano tudo começa novamente, em busca dos benefícios que a Educação possa proporcionar, desde a
Educação Infantil até o Ensino Médio.
Rever as teorias da Educação e verificar a necessidade de recriar é necessário para que
as metas e finalidades sejam alcançadas. E sempre deixando claro que toda a organização e
estrutura da Educação visam a seu melhor funcionamento e a melhor adequação aos interesses de
todos, que são alcançados por seus resultados.
Lembro que você, estudante deste curso técnico, faz parte de um dos maiores e mais
respeitados programas de ensino técnico a distância do país.
Como disse Paulo Freire, “É por aqui que podemos começar a melhorar o mundo”. Uma
visão sempre renovada da escola é o melhor caminho para melhorarmos o mundo. É contribuindo
com a vida das crianças e jovens que a escola cumpre seu papel na sociedade.

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