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St lll l l't X I us I >E lliS I'Ó RIA DA MATEMÁTICA

Edir oi' (iaal John A. Fossa

V OLUM E I

o rRaM t aao Lavao Dos ELEMENTOS DE Eucuo1.s

I RINEU BI CUDO

EDITORA DA
SBHMAT
SÉRIE TEXTOS DE HISTÓRIA DA MATEMÁTICA
EDITOR GERAL JoHN A. FossA

V OLUME l

0 PRIMEIRO LIVRO DOS


ELEMENTOS
DE EUCLIDES

IRINEU Brcuoo
DEP. DE MATEMÁTICA, UNESP ( RIO C!AI{O)
Tradutor

'''"'"~·~~~ dirc•t ,unl' nlr do grego feita por l rineu Bicudo- parte da tradução da
u lu .1 tud,1 pnr lllflc•u lhllldo, Carlos Henrique B. Cooç;~lvcs e Henrique G. Murachco

Editora da
SBHMat
200 1
SOCIEDADE BRASILElRA DE HISTÓRIA DA MATEMÁTICA

Presidente: Ubiratan D'Ambrosio


Vice-Presidente: Circe M. da Silva
Secretário-Geral: Sergio Roberto Nobre
'lcsourciro: Marcos Vieira Teixeira
Secretário: John A. Fossa
hlito r: lrineu Bicudo

SUIIMat
<'uixa Postal, 68
l l'i00-970, Rio Claro/SP
Brasi l
mai I:sbhmat@rc.unesp.br
l'

l ••rm , l'rorcto (irMico Beth Camara


I dllur''~"'' l·lctr(inica Camara3 studlo
84 207-2505 Natai!RN
scamara@matrix.com. br

1 t~l"tll'~llu tht puhiKn~no liFRN/ Uibltoteca Central "Zilda Mamedc"


1hvtsllo de Serviços Técnicos

( 11 r tullt 11 I h· 111 do~ /• h'llll'lltos de Euclides I John A. fossa - Editor geral:


Ir 11•[1 111 wlo lludulor Nula): l~ilora SBHMat. 200 I.
11' f I "' I• lu~ de llistbriu da Matemática; v. I )

( ol·nmctria antiga. I. foossa, John A.


111
li I (' l)l ' 5 14 12
SUMÁRIO

APRESENTAÇÃ0--------------------------------------------05

pREFÁCIO--------- -----------------------------------------07

DE FI N IÇOES -----------------------------------------------09
P oSTIH AI)OS ----------------------------------------------11
NoçOI·}i CoMUNS------------------------------------------ 11
ELEMLiN'I'O l ----------------------------------------------13
ELEMENTO 2 ---------------------------------------------14
ELEMENTO 3 ----------------------------------------------15
Et.EM 1\NTO 4 ----------------------------------------------16
ELEMENTO 5 ----------------------------------------------18
ELEMENTO 6 ---------------------------------------------20
ELEMENTO 7 --------------------------------------- ------21
ELEMENTO 8 ---------------------------------------------23
ELEMENTO 9 ---------------------------------------------2 5
ELEMENTO 10 --------------------------------------------26
ELEMENTO 11 ---------------------------------------------27
Elemento 12 ---------------------------------------------29
Elemento 13 ---------------------------------------------3 1
Elemento 14 ---------------------------------------------33
Elemento 15 ---------------------------------------------3 5
Elemento 16 ---------------------------------------------3 6
Elemento 17 ---------------------------------------------3 8
Elemento 18 ---------------------------------------------3 9
Elemento 19 ---------------------------------------------40
Elemento 20----------------------------------------------41
Elemento 21 ----------------------------------------------42
Elemento 22-----------------------------------------------44
Elemento 23-----------------------------------------------46
APRESENTAÇÃO
I~ lcmcnto 24-----------------------------------------------48
I ~I cmen to 25---------------------------------------------5 o
I ~ I cmcnto 26---------------------------------------------5 2
Elemento 27---------------------------------------------5 5 Série Textos de História da Matemática originou-se
Elemento 28---------------------------------------------56
Elemento 29---------------------------------------------5 8
A com os preparativos para o N Seminário da História
dn Matemática, patrocinado pela SBHMat e realizado na cidade de
Elementa 30---------------------------------------------60 Nutul, no Cnmpus da UFRN, de 08 a 11 de abril de 2001. Com o
Elemento 3 l---------------------------------------------61 11111 11In dt• tomur os minicursos mais significantes para os participantes, a
EIementa 32---------------------------------------------62 I )u dw 111 du SBHMat sugeriu que os ministrantes dos referidos
Elemento 33---------------------------------------------64 lllllllllii'Sos O(..'Veriam preparar textos de apoio aos mesmos. Os textos
E! ementa 34---------------------------------------------6 5 1u1t, sc1imn necessariamente limitados ao conteúdo dos minicursos, mas
Elemento 35---------------------------------------------6 7 ~ 'IIUil 1 pequenas obras de referência sobre os temas abordados. Desta
Elemento 36---------------------------------------------68 lw 11111, esses textos não seriam apenas materiais auxiliares das
Elemento 37---------------------------------------------69 IIJlH'srutnl(tks, mas verdadeiros livros independentes, que trariam
Elemento 38---------------------------------------------70 p1 <lVt'll o u todos os leitores, mesmo os que não participaram no N
Elemento 39---------------------------------------------71 SNIIM. ( 'om isto, pretende-se contribuir de forma mais atuante e
Elemento 40---------------------------------------------72 w ncn.: ta ao desenvolvimento da História da Matemática entre nós,
Elemento 41-------------------------------------------,-73 ht·n 1como proporcionar aos pesquisadores desta área um maior fórum
Elemento 42---------------------------------------------74 para o dchat c e para a divulgação dos seus resultados.
Elemento 43---------------------------------------------76 <) presente volume, Vol.l da Série, é uma tradução do primeiro
Elemento 44---------------------------------------------77 hv1o dos 1·,'/C'mentos de Euclides. Uma das mais importantes obras na
Elemento 45---------------------------------------------79 I I1stú1iu Ja Matemática, os Elementos é uma sistema-tização de uma
Elemento 46---------------------------------------------81 gra11dc parte do conhecimento geométrico da época e é entre as
Elemento 47---------------------------------------------82 primeiras obras matemáticas a serem escritas usando o método
Elemento 48---------------------------------------------84 .1xi< ltllútie<). l ~mbomsabemos, hoje, que contémváriosdefeitoslógicos,
c1u 1idndo c a clarc7.a com os quais o seu autor o preparou fizeram dos
I•/, '1111'1/lt )\ llllliTlodclo exemplar de exposição matemática através dos
~l~n dus All1 ugoru lttltava uma tradução brasileira do próprio grego
ck'ISI I 11llJ'Kll1nnll'ohm./\ tradução do Pro( Bicudo, feita como mesmo
rutdndul' dml·:tJIdo original, vem, felizmente, a preencher esta lacuna.

John A. Fossa
Editor Geral da Série
Textos de História da Matemática
PREFÁCIO

sla é a versão que fiz, em português, do Primeiro


1
1
-'I ,ivro (ou Capítulo, se o desejar o leitor) da magnífica
trlu11 dc.•l •'udidcs: os ELEMENTOS; a primeira obra matemática
l'' p1111 t'i•t·gar uté nós, em sua inteireza. Completa, constitui-se em
111 1 ltvms, ussim rapidamente classificáveis: Livros I- VI dizem
11 1 pl'IIO ugeometria plana; Livros VII-IX, os Livros Aritméticos,
tlrltlllll dH teoria dos números; Livro X, o mais complexo de todos,
l lu ..~u f 11.~1 certos tipos de incomensuráveis; Livros XI-Xlli dão conta

clu w ·cHllt~l r in no espaço. Os Professores Doutores Carlos Henrique


1\ Uwi\'Uives (meu ex-aluno de doutoramento), Henrique G.
Mttllll hl·o (professor de grego na USP e que, em encontros
'4llllllllllls, uo longo de muitos anos, ensinou, ao Carlos e a mim,
q1111sc tudo o que sabemos dessa língua) e eu traduzimos todo o
tt:xll >de I·:uclides (o Carlos cuidou dos Livros VII-X; eu, dos Livros
I VI, XII c XIII; o Henrique e eu, do XI). Essa tradução, a primeira
llllllplt•tu, em português, feita a partir do grego clássico, está em
In c luutl de revisão e deverá ser publicada, possivelmente em três
voltu ••es, pela Editora da UNESP. Desse modo, o leitor está
dt·sl•utundo (espero que com prazer e proveito), em primeira mão,
lllluhalho que realizamos.

Irineu Bicudo
1 1 I'IUMIIIHl 1,IVRO l lt'f> E u:MrNros uE Euo.rot;:;

DEFINIÇÕES

I. llm ponto é aquilo de que nada é parte.


2. E linha é comprimento sem largura.
l. I ~ as extremidades de uma linha são pontos.
'1. I .inha reta é a que jaz, por igual, com seus pontos sobre
ill llll'NillU.
'; E superficie é o que tem , somente, comprimento e
IIIIHI II'Il .
(,. E as extremidades de uma superficie são linhas.
7. Superficie plana é a que jaz, por ib7Ual, com suas retas sobre
11a11.:sma.
K. E ângulo plano é a inclinação de uma linha em relação
11 1111ll'll ,de duas linhas no plano, tocando uma a outra e não
111. l'llll~s sobre uma reta .
9. 1·: caso as lit1.~as, contendo o ângulo, sejam retas, o ângulo
l\ dtnrnado retilíneo.
IO. E caso uma reta, tendo sido alteada sobre uma reta,
l11çu os ângulos adjacentes iguais, um ao outro, cada um dos
fi 11gu los iguais é reto, e a reta que foi alteada é chamada
perpendicular àquela sobre que se alteou.
11. Ângulo obtuso é o maior do que um reto.
12. E ângulo agudo é o menor do que um reto.
11 . Fronteira é o que é extremidade de algo.
14 . Figura é o que está contido por alguma ou algumas
llllllll'itnH
I" <'í rculo é uma figura plana contida por uma linha [que
' 'hnatludu runanlerência], em relação a que todas as retas que
IIH 111 HohH·Iu circunferência do círculo], a partir de um ponto,
"" 11111 llll" no interior da figura, são iguais entre si.
Ih li u ponto é chamado centro do círculo.

9
Irincu Bicudo ll l 'lllr..llll<n I .IVI<O nos Ü.J.;MENros or:.EucLIDES

17. E diâmetro do círculo é qualquer reta traçada através do PosTULADOS


centro e sendo limitada, em cada uma das direções, pela
circunferência do círculo, a qual (reta) também bissecciona o círCülo. l·íquc postulado traçar uma linha reta a partir de todo ponto
18. E semi-círculo é a figura contida pelo diâmetro e pela 111 llldo ronto.
circunferência interceptada pelo mesmo. E o centro do semi- J. Também prolongar uma reta limitada continuamente
círculo é o mesmo que também é do círculo. 11hH· uma reta.
19. Figuras retilíneas são as contidas por retas; triláteras, I. Também descrever um círculo com todo centro e raio.
as compreendidas por três; quadriláteras, as por quatro, e 11 ·1'ambém serem todos os ângulos retos iguais entre si.
multiláteras, as contidas por mais de quatro retas. S. Também, caso uma reta, encontrando duas retas, faça
20. Um triângulo equilátero, é entre as figuras triláteras, a ,,H ~ ngulos interiores e sobre o mesmos lados, menores do que
que tem os três lados iguais; isósceles, a que tem só dois lados dt!IN retos, sendo prolongados ilimitadamente as duas retas,
iguais, e escaleno, a que tem os três lados desiguais. t'IH..·ontrarem-se sobre o lado em que estão os menores do que
21. E, além disso, um triângulo retângulo é, entre as figuras dois retos.
triláteras, a que tem um ângulo reto; obtusângulo, a que tem
um ângulo obtuso, e acutângulo a que tem os três ângulos
agudos. NoçõES COMUNS
22. Um quadrado é, entre as figuras quadriláteras a que é equilátera
e também retangular; um oblongo, a que é retangular porém não 1. As coisas iguais à mesma coisa também são iguais entre si.
equilátera; um losango, a que é equilátera, porém não retangular; e um 2. E, caso coisas iguais sejam adicionadas a coisas iguais, os
rombóide a que tem os lados e os ângulos opostos iguais entre si , a lodos são iguais.
qual não é equilátera nem retangular. E as figuras quadriláteras além 3. 1~. caso coisas iguais sejam subtraídas de coisas iguais,
dessas sejam chamadas trapézios. us restantes são iguais.
23. Paralelas são retas quaisquer que, estando no mesmo plano, 4. 1E, caso coisas iguais sejam adicionadas a desiguais, os
e, sendo prolongadas ilimitadamente em cada umas das direções, lodos são desiguais.
em nenhuma das duas se encontram. ) 1·:, os dobros da mesma coisa são iguais entre si um .
h J'amhém as metades da mesma coisa são iguais entre si.]
I I ~ ns coisas que se ajustam uma sobre a outra são iguais
I 11111' SI
H I : o 1odo [é] maior do que a parte.
1)1; duus retas não contêm uma área.

10 11
O PRIMEIRO Llvtw oos ELEMENTos DE EucuoE.s

1
SOBRE A RETA LIMITADA DADA, CONSTRUIR
UM TRIÂNGULO EQUILÁTERO

Seja AB a reta limitada dada. É preciso, então, sobre a reta


AB, construir um triângulo equilátero. Com um centro, o A, e com
um raio, o AB, fique traçado um círculo, o BCD, e, de novo, com
um centro, o B, e com um raio, oBA, fique traçado um círculo, o
ACE, e a partir do ponto C, em que os círculos se cortam, até os
pontos A,B fiquem ligadas retas, as CA, CB. E como o ponto A é
centro do círculo CAB, a AC é igual à AB. De novo, como o ponto
B é centro do círculo CAE, a BC é igual à BA. Mas a CA também
foi provada igual à AB; portanto, cada uma das CA, CB é igual à
AB. Mais coisas iguais a uma mesma coisa são iguais entre si;
portanto, também a CA é igual à CB; portanto, as três, as CA, AB,
BC são iguais entre si.

l'mlunto,o triângulo ABC é equilátero, e está construído


'''" 1 11 ll' lll AH, limitada dada. [Portanto, sobre a reta limitada
dudn 1 si a construído um triângulo equilátero]; o que era preciso
I ' ~ '''

I I
lríneu Bicudo O JIHIMI\mo Liv ltO nos F:u:MtNms DE E unu>I·S

2 3
COLOCAR NO PONTO DADO UMA RETA IGUAL l E DUAS RETAS DESIGUAIS DADAS, TIRAR DA
À RETA DADA MAIOR UMA RETA IGUAL À MENOR

Sejam o ponto dado o A e a reta dada a BC; 'preciso, então, Sejam as duas retas dadas desib>uais, as AB, C, das quais
col~car: no ponto A, uma reta igual à reta dada, a BC. Fique, seja maior a AB; é preciso, então, tirar da maior, a AB uma reta
e~tao, ligada uma reta, a AB, a partir do ponto A até o ponto B, e igual à menor, a C. Fique colocada no ponto A a AO, igual à
seJa construido, sobre ela, um triângulo equilátero, o DAB, e fiquem reta C; e com um centro, o A, e um raip, o AD, fique traçado
prolongadas retas, as AE, BF, sobre uma reta com as DA, DB, e um círculo, o DEF.
com um centro, o B, e um raio, o BC, fique traçado um círculo o
CGH, e, de novo, com um centro, o D, e um raio, o DG, fique c
traçado um círculo, o GU. Como, de fato, o ponto B é centro do
círculo CGH, a BC é igual à BG. De novo, como o ponto -D é 0
centro do círculo IJG, a DJ é igual à DG, das quais a DA é igual à
DB. Portanto, uma restante, a AJ, é igual a uma restante, a BG. E
Mas a BC também foi provada igual à BG; portanto, cada uma das 8
AI, BC é igual à BG. Mas as coisas iguais à mesma coisa são
iguais entre si; portanto, também a AJ é igual à BC. Portanto, no
ponto d~do , o A, jaz uma reta, a AJ, igual à reta dada a BC; 0 que
era preciso fazer.
E como o ponto A é centro do círculo DEF, a AE é igual à
AD; mas também a C é igual à AD. Portanto, cada uma das
AE, C é igual à AD; assim, também a AE é igual à C.
Portanto, tendo das duas retas desiguais dadas, as AB, C
está tirada da maior, a AB, a AE, igual à menor, a C; o que era
preciso fazer.

14 15
.....
lnneu Bicudo ( 11 'l i t~lltll 1 1V1co 111 r, ü 1 Ml Nros m. Euc t.nws

4
CASO DOIS TRIÂNGULOS TENHAM OS DOIS
LADOS RESPECTIVAMENTE IGUAIS [AOS] DOIS
LADOS E TENHAM O ÂNGULO IGUAL AO
ÂNGULO, O CONTIDO PELOS LADOS IGUAIS,
TERÃO TAMBÉM A BASE IGUAL À BASE, E O
1•c >is o triângulo ABC sendo ajustado sobre o triângulo DEF e
TRIÂNGULO SERÁ IGUAL AO TRIÂNGULO, E OS
1 ndo colocado o ponto A sobre o ponto De a reta AB sobre a
ÂNGULOS RESTANTES SERÃO, 1)I•', o ponto B também se ajustará sobre o E , pelo ser a AB igual
1\ 1)E. Sendo ajustada, então, a AB sobre a DE, também a reta AC
RESPECTIVAMENTE, IGUAIS AOS ÂNGULOS
t IIJW!luró sobre a DF pelo ser o ângulo sob BAC igual ao sob
RESTANTES, SOB OS QUAIS OS LADOS IGUAIS 1 IW; assim, também o ponto C se ajustará sobre o ponto F, pelo
t•r·, de novo, a AC igual à DF. Mas, certamente, também o B se
SE ESTENDEM
IIJIIstou sobre o E. Assim, uma base, a BC, se ajustará sobre uma
hlll{l', ~~ EF. Pois se o B, tendo se ajustado sobre o E, e o C, sobre
Sejam dois triângulos, os ABC, DEF, tendo os dois lados, ,, I:, a base BC não vier a se ajustar sobre a EF, duas retas conteriam
os AB, AC, respectivamente, iguais aos dois lados, os DE, DF, 1111111 úrca; o que é impossível. Portanto, a base BC se ajustará
o AB ao DE e o AC ao DF, e um ângulo, o sob BAC, igual ao 'lohrc a 1 ~1 : c será igual a ela. Assim também um todo, o triângulo
sob EDF; digo que também uma base, a BC é igual a uma base, AIH ', se ajustará sobre um todo, o triângulo DEF, e será igual a
a EF, e o triângulo ABC será igual ao triângulo DEF, e os ângulos d1', c: c>s ângulos restantes se ajustarão sobre os ângulos restantes e
restantes serão, respectivamente, iguais aos ângulos restantes, !lc 11h, iguais a eles, o sob ABC ao sob DEF, e o sob ACB ao sob
sob os quais os lados iguais se estendem, o sob ABC ao sob I >JII ;
DEF, e o sob ACB ao sob DFE. l'mtanto, caso dois triângulos tenham os dois lados,
""IH·ctivumente, iguais [aos] dois lados, e tenham o ângulo
1p11.ll ao ângulo, o contido pelas retas iguais, também terão a
lu t 'lt 1gual ã base igual, e o triângulo será igual ao triàngulo, e
,,,. ,lugu los restantes serão, respectivamente, iguais aos ângulos
ll''lluutcs, sob os quais se estendem os lados iguais; o que era
JH l' liSO J')fOVar.

16 l7
lrineu Bicudo 1 1111 IIIIHI I I V I(Ilil()h l:I.IMI:N'I'OS DEEUCI.LDCS

5 ( ' tllllll . de fàto, a AF é igual à AG, e a AB à AC, então duas,


'" l 1\ , /\( • st1o, respectivamente, iguais a duas, as GA, AB; e
' ""''"111111 tingulo comum, o sob FAG; portanto, uma base, aFC,
Nos TRIÂNGULos rsócELES, os ÂNGULos 1 ltlllu tu nu base, a GB, e o triângulo AFC será igual ao triângulo
• ' "· t os ftngulos restantes serão, respectivamente, iguais aos
JUNTO À BASE DOS TRIÂNGULOS ISÓSCELES
''' t t h111 n~st an Les, sob os quais se estendem os lados ii:,JUais, o sob
SÃO IGUAIS ENTRE SI, E, TENDO SIDO C 'I• 1111 sob t\HG, e o sob AFC ao sob AGB. E como uma toda,

• I•, c' iHuul a uma toda, a AG, das quais a AB é igual à AC,
PROLONGADAS AINDA MAIS AS RETAS
tll•tlllltl o, uma restante, a BF~ é igual a uma restante, a CG. Mas a
IGUAIS, OS ÂNGULOS SOB A BASE SERÃO li lt1111hém f(>i provada igual à GB; então duas, as BF, FC, são,
•• l lt't Ii vn rncnte, iguais a duas, as CG, CB; também um ângulo, o
IGUAIS ENTRE SI
,,,h BH' é igual a um ângulo, o sob CGB, e uma base deles é
lllllllllll, u BC; portanto, também o triângulo BFC será igual ao
Seja um triângulo isósceles, o ABC, tendo o lado AB I• t 1tgt tio CG B, e os ângulos restantes serão, respectivamente, iguais
igual ao lado AC e fiquem prolongadas retas, as BD, CE, sobre 111111 ugu los restantes, sob os quais se estendem os lados iguais;
uma reta com as AB, AC; digo que o ângulo sob ABC é igual P•lll n111 o o sob FBC é igual ao GCB, e o sob BCF ao sob CBG.
ao sob ACB, e o sob CBD ao sob BCE. <'•" 'to, de tàto, um todo, o ângulo sob ABG, foi provado igual a um
Fique, pois, tomado sobre a BD um ponto ao acaso' o F, lt1d1 >, o 5ngulo sob ACF, dos quais o sob CBG é igual ao sob BCF,
e fique tirado da maior, a AE, a AG, igual à menor, a AF e pntltutlo, um restante, o sob ABC, é igual a um restante, o sob
fiquem ligadas as retas FC, GB. A< 'Jl; c estão junto à base do triângulo ABC. Mas o sob FBC
luruhélll lüi provado igual ao sob GCB; e estão sob a base.
A Portanto, nos triângulos isóceles, os ângulos junto à base
'lilo ig11ais entre si, e, tendo sido prolongadas as retas iguais, os
llllf.tlllos sob a base serão iguais entre si; o que era preciso provar.

D E

18 19
lrineu Bicudo l i I 'IUMIIIU > I .IVRO nos Cl.cMENro:; DE Euo.mES

6 7
CASO os DOIS ÂNGULOS DE UM TRIÂNGULO '1l >1\RE A MESMA RETA, OUTRAS DUAS RETAS,
SEJAM IGUAIS ENTRE SI, TAMBÉM OS LADOS, QUE 1\I•:S PECTIVAMENTE IGUAIS A DUAS MESMAS
SE ESTENDEM SOB OS ÂNGULOS IGUAIS, SERÃO I{P'I'AS, NÃO SERÃO CONSTRUÍDAS EM UM E
IGUAIS ENTRE SI <H JTRO PONTO, NO MESMO LADO, TENDO
AS MESMAS EXTREMIDADES QUE
S~ja um triângulo, o ABC, tendo o ângulo sob ABC igual
ao ângulo sob ACB; digo que também um lado, o AB, é igual a AS RETAS DO COMEÇO
um lado, o AC. Pois, se o AB é desigual ao AC, um deles é o
maior. Seja maior, o AB, e fique tirado do maior, o AB, a DB, Pois, se possível, sobre a mesma reta a AB, outras duas
igual ao menor, o AC, e fique ligada a DC. tl'lns, as AO, DB, respectivamente, iguais às duas mesmas retas,
11'1 A(', CR, sejam construídas em um e outro ponto, o C, e o D,
A
uo mesmo lado, tendo as mesmas extremidades, de modo a
'll' l l' ll1 u CA igual à DA, tendo a mesma extremidade com ela, o
A, cu CB à DB, tendo a mesma extremidade com ela, o B, e
l1quc ligada a CD.

Como, de fato, a DB é igual à AC e a BC é comum, então


duas, as DB, BC são, respectivamente, iguais a duas, as AC,
CB, e um ângulo, o sob DBC, é igual a um ângulo, o sob ACB;
portanto, uma base, a DC, é igual a uma base, a AB, e o triângulo
DBC será igual ao triângulo ACB, o menor ao maior; o que é
<'orno, de fato, a AC é igual à AD, também um ângulo, o sob
absurdo; portanto, a AB não é desigual à AC; portanto, é igual.
A< 'I>é igual ao sob ÂDC; portanto, o sob ADC é maior do que o
Portanto, caso os dois ângulos de um triângulo sejam iguais s11h I>< 'H; portanto, o sob CDB é bem maior do que o sob DCB.
entre si, também os lados, que se estendem sob os ângulos iguais I>t• novo, como a CB é igual à DB, também um ângulo, o sob
serão, respectivamente, iguais entre si; o que se era preciso provar.

20 21
lrincu Bicudo ti'IIMIIIUl l .tvRo nos ELE.MENros m-: EucuDES

CDB, é igual a um ângulo, o sob DCB. E foi também provado bem


maior do que ele; o que é impossível.
8
Portanto, sobre a mesma reta, outras duas retas,
respectivamente, iguais a duas mesmas retas, não serão construídas ( ~ASO DOIS TRIÂNGULOS TENHAM OS DOIS
em um e outro ponto, no mesmo lado, tendo as mesmas
- -- -.....extremidades que as retas do começo; o que era preciso provar. I ADOS, RESPECTIVAMENTE, IGUAIS [AOS)
DOIS LADOS, E TAMBÉM A BASE IGUAL À
BASE, TERÃO TAMBÉM O ÂNGULO IGUAL AO
ÂNGULO, O CONTIDO PELAS RETAS IGUAIS

Sejam triângulos, os ABC, DEF dois triângulos tendo os


dois lados, os AB, AC, respectivamente, iguais aos dois lados,
os DE, DF, o AB ao DE e o AC ao DF; e tenham também uma
husc, a BC, igual a uma base, a EF; digo que também um ângulo,
o sob BAC, é igual a um ângulo, o sob EDF.

c
B
F

Pois, sendo ajustado o triângulo ABC sobre o triângulo DEF


l'sendo colocado o ponto B sobre o ponto E e a reta BC sobre a
I:F, será também o ponto C ajustado sobre o F, pelo ser a BC igual

22 23
Irincu Bicudo 1 I'111MI,IIHI I .IVRO oos E LEM ENros DE Eucutll:s

à EF; então, sendo ajustada a BC sobre a EF, serão também as


BA. CA ajustadas sobre as ED, DF. Pois, se uma base, a BC, for
9
ajustada sobre uma base, a EF, e os lados BA, AC não forem
ajustados sobre os ED, DF, mas passarem além, como os EG, GF, ) \ISSECCIONAR UM ÂNGULO RETILÍNEO DADO
serão construídas, sobre a mesma reta, outras duas retas,
respectivamente, iguais às duas mesmas retas em um e outro ponto,
no mesmo lado, tendo as mesmas extremidades. Mas não são Seja o ângulo retilíneo dado, o sob BAC. É preciso, então,
construídas; portanto, não sendo ajustada a base BC sobre a base lussccciona-lo.
EF, não serão ajustados também os lados BA. AC sobre os ED, Fique tomado sobre a AB um ponto ao acaso, o D, e fiq~e
DF. Portanto, serão ajustados sobre; assim também um ângulo, o ttnu.lu da AC a AE, igual à AD, e fique ligada a DE, e seJa
sob BAC será ajustado sobre com um ângulo, o sob EDF, e será l'onstntída sobre a DE um triân!:,TUIO isósceles, o DEF, e fique
igual a ele. hguda a Af; digo que o ângulo sob BAC está bisseccionado
Portanto, caso dois triângulos tenham os dois lados, IWiu reta AF.
respectivamente, iguais [aos] dois lados, e tenha a base igual à
base, terão também o ângulo igual ao ângulo, o compreendido A
pelas retas iguais; o que era preciso provar.

B c

Pois, como a AD é igual à AE, e a AF é comum, então


duas, as DA, AF são, respectivamente, iguais a duas, as EA,
AI:. 'l'ambémuma base, a DF, é igual a uma base, a EF; portanto,
um ângulo, o sob DAF, é igual a um ângulo, o sob EAF. ,
Portanto, o ângulo retilíneo dado, o sob BAC, esta
h1sscccionado pela reta AF; o que era preciso fazer.

24 25
I rit1êu Bicudo 1 11 'tuMtii<O l .tvRo o os ELEMENTOs DE EucuoFS

10 11
BISSECCIONAR A RETA LIMITADA DADA ' I 'JV\ÇAR UMA LINHA RETA EM ÂNGULO REfO
COM A RETA DADA A PARTIR DO PONTO
Seja a reta limitada dada, a AB; é preciso, então,
bisseccionar a reta limitada AB. DADO NElA
Seja constnúdo sobre ela um triângulo equilátero, o ABC, e
fique bisseccionado o ânbTUlo sob ACB pela reta CD; digo que a Sejam a reta dada, a AB, e o ponto dado sobre ela, o C; é
reta AB está bisseccionada no ponto D. p1 cciso, então, pelo ponto C traçar uma linha reta em ângulo

reto com a reta AB.


c Fique tomado sobre a AC um ponto ao acaso, o D, e fique
rolocada a CE igual à CD, e seja construída sobre a DE um
lrifingulo equilátero, o FDE, e fique ligada a FC; digo que está
1ruça da uma linha reta, a FC, em ângulo reto com a reta dada, a
AB. a partir de um ponto dado C nela, o C .

A D B F

Pois, como a AC é igual à CB, e a CD é comum, então


duas, as AC, CD, são, respectivamente, iguais a duas, as BC,
CD; e um ângulo, o sob ACD, é igual a um ângulo, o sob BCD; A B
portanto, uma base, a .A..D é igual a uma base, a BD.
Portanto, a reta limitada dada, a AB está bisseccionada no
D c E

D; o que era preciso fazer.


Pois, como a DC é igual à CE, e a CF é comum, então
duas, as DC, CF, são, respectivamente, iguais a duas, as EC,
<'F; também uma base, a DF, é igual a uma base, a FE; portanto,
11111 ângulo, o sob DCF, é ig...1al a um ângulo, o sob ECF; e são
mljaccntes. E quando uma reta, tendo sido alteada sobre uma
rei a, Jàça os ângulos adjacentes iguais entre si, cada um dos
t1ngulos iguais é reto; portanto, reto é cada um dos sob DCF, FCE.

26 27
lrineu Bicudo ll i 110MHmO LIVRO DOS ELEMENTOS DE EUCLIOFS

Portanto, está traçada uma linha reta, a CF, em ângulo reto


com a reta dada, a AB pelo ponto dado nela, o C; o que era
12 !
preciso fazer.
,l'HAÇAR UMA LINHA RETA PERPENDICULAR À
RETA ILIMITADA DADA A PARTIR DO PONTO
DADO, QUE NÃO ESTÁ SOBRE ELA

Sejam a reta ilimitada dada, a AB, e o ponto dado, que


111lo está sobre ela, o C; é preciso, então traçar uma linha reta
perpendicular à reta ilimitada dada, a AB, a partir do ponto
dado, o C, que não está sobre ela.

A wG~E
D
B

Fique, pois, tomado, no outro lado da reta AB, um ponto


110 acaso, o D, e com um centro, o D, e um raio, o CD, fique
I raçado um círculo, o EFG, e fique bisseccionada a reta EG no
11, c fiquem ligadas as retas CG, CH, CE; digo que está traçada
a ('li perpendicular à reta ilimitada dada, a AB, a partir do
ponlo dado, o C, que não está sobre ela.
Pois, como GH é igual HE, e a HC é comum, então duas, as
<ill, I IC são, respectivamente, iguais a duas, asEH, HC;também
11ma base, a CG, é igual a uma base, a CE; portanto, um ângulo, o
sob ( 'IIG, é igual a um ângulo, o sob EHC. E são adjacentes. Mas,
q111111do uma reta, tendo sido alteada sobre uma reta, faça os ângulos

28 29
lrineu Bicudo O P RIMEIRo LNRO DOS ELEM ENros DE E u c LIDES

adjacentes iguais entre si, cada um dos ângulos iguais é reto, e a


reta que está alteada é chamada perpendicular à sobre que se alteou.
13
Portanto, está traçada a CH perpendicular à reta ilimitada
dada, a AB, a partir do ponto dado, o C, que não está sobre ela; CASO UMA RETA, TENDO SIDO ALTEADA
o que era preciso fazer.
SOBRE UMA RETA, FAÇA ÂNGULOS, FARÁ OU,
EM VERDADE, DOIS RETOS OU
IGUAIS A DOIS RETOS

Pois alguma reta, a AB, tendo sido alteada sobre uma


reta, a CD, faça ângulos, os sob CBA, ABD; digo que os ângulos
sob CBA, ABD são ou, em verdade, dois retos, ou iguais a dos
retos.
E A
I

D B c
Se, de fato, o sob CBA é igual ao sob ABD, são dois retos.
E, se não, fique traçada, a partir do ponto B, a BE em (ângulo)
reto com a [reta] CD; portanto, os sob CBE, EBD são dois retos;
também, como o sob CBE é igual a dois, os sob CBA, ABE,
fique adicionado um comum, o sob EBD; portanto, os sob CBE,
EBD são iguais a três, os sob CBA, ABE, EBD. De novo, como
o sob DBA é igual a dois, os sob DBE, EBA, fique adicionado
um comum, o sob ABC; portanto, os sob DBA, ABC são iguais
a três, os sob DBE, EBA, ABC. Mas, também os sob CBE, EBD
foram provados iguais aos mesmos três; e as coisas iguais à mesma
coisa também são iguais entre si; portanto, também os sob CBE,
Imo são iguais aos sob DBA, ABC; mas os sob CBE, EBD são

30 31
Irineu Bicudo o PRIMEIRO LIVRO DOS ELEMENT'O S DE EUCL.IOES

dois retos; portanto, também os sob DBA, ABC são iguais a dois 14
retos.
Portanto, caso uma reta, tendo sido alteada sobre uma reta,
faça ângulos, fará ou, em verdade, dois retos, ou iguais a dois CASO, SOBRE ALGUMA RETA E NO PONTO
retos; o que era preciso provar. SOBRE ELA, DUAS RETAS, NÃO JACENTES,
NO MESMO LADO, FAÇAM OS ÂNGULOS
ADJACENTES IGUAIS A DOIS RETOS, AS
RETAS ESTARÃO, UMA COM A
OUTRA, SOBRE UMA RETA

Pois, sobre alguma reta, a AB, e no ponto sobre ela, o B,


duas retas, as BC, BD, não jacentes no mesmo lado, façam os
ângulos adjacentes, os sob ABC, ABD, iguais a dois retos; digo
que a BD está sobre uma reta com a CB.

c B D

Pois, se a BD não está sobre uma reta com a BC, esteja a BE


sobre uma reta com a CB. Como, de fato, com a reta, a AB está
alçada sobre uma reta, a CBE, portanto os ângulos sob ABC, ABE
são iguais a dois retos; e também os sob ABC, ABD são iguais a
dois retos; portanto, os sob CBA, ABE são iguais aos sob CBA,
ABD. Fique subtraído um comum, o sob CBA; portanto, um
restante, o sob ABE, é igual a um restante, o sob ABD, o menor ao

32 33
lrineu Bicudo O PRIMEfRO LIVRo oa; ELEMENros n E EucuoFS

maior; o que é impossível. Portanto, a BE não está sobre uma reta


com a CB. Do mesmo modo, então, provaremos que nenhuma
15
outra, exceto a BD; portanto, a CB está sobre uma reta com a BD.
Portanto, caso, sobre alguma reta e no ponto sobre ela, duas CASO DUAS RETAS CORTEM UMA A OUTRA,
retas, não jacentes no mesmo lado, façam os ângulos adjacentes FAZEM OS ÂNGULOS NO VÉRTICE
iguais a dois retos, as retas, uma com a outra, estarão sobre uma
reta; o que era preciso provar. IGUAIS ENTRE SI

Pois duas retas, AB, CD cortem uma a outra no ponto E;


digo que o ângulo sob AEC é igual ao sob DEB, e o sob CEB
ao sobAED.
A

D c

Pois, como uma reta, a AE, está alteada sobre uma reta, a
CD, fazendo ângulos, os sob CEA, AED, portanto, os ângulos sob
CEA, AED são iguais a dois retos. De novo, como uma reta, a
DE, está alteada sobre uma reta, a AB, fazendo ângulos, os sob
AED, DEB, portanto, os ângulos sob AED, DEB são iguais a dois
retos.
E também os sob CEA, AED foram provados iguais a dois
retos; portanto, os sob CEA, AED são iguais aos sob AED, DEB.
Fique subtraído um comum, o sob AED; portanto, um restante, o
sob CEA, é igual a um restante, o sob BED; do mesmo modo,
então, será provado que também os sob CEB, DEA são iguais.
Portanto, caso duas retas cortem uma a outra, fazem os ângulos
no vértice iguais um ao outro; o que era preciso provar.

[Corolário:
Disso, então, é evidente que, caso duas retas cortem uma a
oulra, farão os ângulos na interseção iguais a quatro retos.]

34 35
Irineu Bicudo 0 PRIMEIRO LlVRO DOS E LEMEN'rO S DE E UCLIDES

16 FEC; pois no vértice; portanto, uma base, a AB, é igual a uma


base, a FC, e o triângulo ABE é igual ao triângulo FEC, e os
ângulos restantes são, respectivamente, iguais aos ângulos
"
~ENDO PROLONGADO AINDA MAIS UM DOS restantes, sob os quais se estendem os lados iguais; portanto o
sob BAE é igual ao sob ECF. E o sob ECD é maior do que o
LADOS DE TODO TRIÂNGULO, O ÂNGULO sob ECF; portanto, o sob ACD é maior do que o sob RA.E. Do
EXTERIOR É MAIOR DO QUE CADA UM DOS mesmo modo, então, bisseccionada a BC, será provado também
o sob BCG, isto é, o sob ACD, maior do que o sob ABC.
ÂNGULOS INTERIORES E OPOSTOS Portanto, sendo prolongado um dos lados de todo
triângulo, o ângulo exterior é maior do que cada um dos ângulos
Seja um triângulo, o ABC, e fique prolongado ainda mais interiores e opostos; o que era preciso provar.
um lado dele, o BC, até o D; digo que o âni:,TUlo exterior, o sob
ACD, é maior do que cada um dos interiores e opostos, os
ângulos sob CBA, BAC.

A F

Fique bisseccionada a AC no E, e, tendo sido ligada a BE,


fique prolonga sobre uma reta até o F, e fique colocada a EF igual
à BE, e fique ligada a FC, e fique a AC traçada completamente até
oG.
Como, de fato, a AE é igual à EC, e a BE à EF, então duas,
as AE, EB, são, respectivamente, iguais a duas, as CE, EF;
também um ângulo, o sob AEB, é igual a um âni:,JUlo o sob

36 37
lrineu Bi.cudo O PRIMEIRO LIVRO DOS E LEMENroS DE EucLmFS

17 18
Os Dors ÂNGULOS DE TODO TRIÂNGULO, Ü MAIOR LADO DE TODO TRIÂNGULO
TOMADOS DE TODA MANEIRA, SÃO MENORES SUBTENDE O MAIOR ÂNGULO
DO QUE DOIS RETOS
Seja, pois, o um triângulo, o ABC, tendo o lado AC maior
do que o AB; digo que também um ângulo, o sob ABC, é maior
. Seja um triângulo, o ABC; digo que os dois ângulos do do que o sob BCA.
triânf,:rulo ABC, tomados de toda maneira, são menores do que
dois retos. A

D
c
Fique, pois, prolongada a BC até o D. E como de um Pois, como o AC é maior do que o AB, fique colocada a
triângulo, o ABC, um ângulo, o sob ACD, é exterior, é maior AO igual à AB, e fique ligada a BD.
do que o interior e oposto, o sob ABC. Fique adicionado um Como também de um triângulo, o BCD, um ângulo, o sob
comum, o sob ACB; portanto, os sob ACD, ACB são maiores ADB, é exterior, é maior do que o interior e oposto, o sob DCB.
do que os sob ABC, BCA. Mas, os sob ACD, ACB são iguais a E o sob ADB é igual ao sob ABD, visto que também um lado,
dois retos; portanto, os sob ABC, BCA são menores do que o AB, é igual ao AD; portanto, também o sob ABD é maior do
· dois retos. Do mesmo modo, então, provaremos que também que o sob ACB; portanto, o sob ABC é bem maior do que os
os sob BAC, ACB são menores do que dois retos e ainda os sob sob ACB.
CAB,ABC. Portanto, o maior lado de todo triângulo subtende o maior
Portanto, os dois ângulos de todo triângulo, tomados de Hngulo; o que era preciso provar.
toda maneira, são menores do que dois retos; o que era preciso
provar.

38 39
lrineu Bicudo O PRIMEIRO LrvRo DOS ELEMENI'OS DE EucLIDES

19
SOB O MAIOR ÂNGULO DE TODO TRIÂNGULO ÜS DOIS LADOS DE TODO TRIÂNGULO,
SE ESTENDE O MAIOR LADO TOMADOS DE TODA MANEIRA, SÃO MAIORES
DO QUE O RESTANTE
Seja um triângulo, o ABC, tendo o ângulo sob ABC maior
do que o sob BCA; digo que também um lado, o AC, é maior
do que um lado, o AB. Seja, pois, um triângulo, o ABC; digo que os dois lados
do triângulo ABC, tomados de toda maneira, são maiores do
A que o restante, os BA, AC do que o BC, e os AB, BC do que o
AC, e os BC, CA do que o AB.

B D

Pois, se não, ou, em verdade, o AC é igual ao AB ou


meno;; o A~, de fato, não é igual ao AB; pois se fosse igual, B c
tambem um angulo, o sob ABC (seria igual) ao sob ACB; porém,
não é; portanto, o AC não é igual ao AB. Nem, certamente, 0 Fique, pois, traçado completamente o BA at~ o ponto D, e
AC é menor do que o AB; pois se fosse menor também um fique colocada a AD igual à CA, e fique ligada a DC.
ângulo, o sob ABC, (seria menor) do que o sob ACB; e não é; Como, de fato, o DA é igual ao AC, também um ângulo, o
portan:o, o AC não é menor do que o AB. Mas foi provado que sob ADC, é igual ao sob ACD; portanto, o sob BCD é maior do
nem é tgual. Portanto, o AC é maior do que o AB. que o sob ADC; e como o DCB é um triângulo, tendo o ângulo sob
:ortanto, sob o maior ângulo de todo triângulo se estende BCD maior do que o sob BDC, e sob o maior ângulo se estende o
o mator lado; o que era preciso provar. maior lado, portanto o DB é maior do que o BC. Mas o DA é igual
no AC; portanto, os BA, AC são maiores do que o BC; do mesmo
111odo então, provaremos que os AB, BC são maiores do que o
<'i\, c os BC, CA do que o AB.
Portanto, os dois lados de todo triângulo, tomados de toda
rnancira, são maiores do que o restante; o que era preciso provar.

40 41
--------------------------------------~---
O PRIMEIKO I.rv&o uos ELEM ENrDS DE Eucum:s
\I
Irineu Bicudo

21 como os dois lados, os CE, ED, do triângulo CED são maiores do


que o CD, fique adicionado um comum, o DB; portanto, os CE,
EB são maiores do que os CD, DB. Mas, os BA, AC foram
CASO SOBRE UM DOS LADOS DE UM provados maiores do que os BE, EC; portanto, os BA, AC são
bem maiores do que os BD, DC.
TRIÂNGULO, A PARTIR DAS EXTREMIDADES,
De novo, como o ângulo exterior de todo triângulo é maior
DUAS RETAS INTERIORES SEJAM do que um interior e oposto, portanto, o ângulo exterior do
triângulo CDE, o sob BDC, é maior do que o sob CED. Pelas
CONSTRUÍDAS, AS CONSTRUÍDAS SERÃO
mesmas coisas, então, também o ângulo exterior do triângulo
MENORES DO QUE OS RESTANTES ABE, o sob CEB, é m~~r do que o sob BAC. Mas, o sob BDC
foi provado maior do que o sob CEB; portanto, o sob BDC é
DOIS LADOS DO TRIÂNGULO, E CONTERÃO
bem maior do que o sob BAC.
UM ÂNGULO MAIOR Portanto, caso sobre um dos lados de um triângulo, a partir
das extremidades, duas retas interiores sejam construídas, as
construídas serão menores do que os restantes dois lados do
Sobre um dos lados, o BC, de um triângulo, o ABC, a
triângulo, e contêm um ângulo maior; o que era preciso provar.
partir das extremidades, as B, C, fiquem, pois, construídas duas
retas interiores, as BD, DC; digo que as BD, DC são menores
do que os restantes dois lados, os BA, AC, do triângulo, e contêm
um ângulo, o sob BDC, maior do que o sob BAC.

Fique, pois, traçada completamente a BD até o E. E, como


os dois lados de todo triângulo são maiores do que o restante,
portanto, os dois lados, os BA, AE, do triângulo ABE são
maiores do que o BE; fique adicionado um comum o EC·
' '
portanto, os BA, AC são maiores do que os BE, EC. De novo,

43
42
lrineu Bicudo
O PRIMEIRO LIVRO oos E r.EMENros DE EucLIDES

22 Fique exposta uma reta, a DE, limitada em D, mas ilimitada


em E, e fiquem colocadas a DF igual à A, e a FG igual à B, e a GH
igual à C; também, com um centro, o F, e um raio, o FD, fique
DE TRÊS RETAS, QUE SÃO IGUAIS A TRÊS, AS traçado um círculo, o DIJ; de novo, com um centro, o G, e com
(RETAS] DADAS, CONSTRUIR UM TRIÂNGULO; raio, o GH, fique traçado um círculo, o Illi, e fiquem ligadas as IF,
IG; digo que, de três retas, as iguais a A, B, C, está construído um
E É PRECISO SEREM AS DUAS, TOMADAS DE triângulo, o IFG.
TODA MANEIRA, MAIORES DO QUE A Pois, como o ponto F é centro do círculo DIJ, a FD é igual
à FI; mas a FD é igual à A. Portanto, também a IF é igual à A.
RESTANTE (PELO SEREM OS DOIS LADOS DE De novo, como o ponto G é centro do círculo Jlli, a GH é igual
TODO TRIÂNGULO, TOMADOS DE TODA à GI; mas, a GH é igual à C; portanto, também a IG é ibTUal à C.
E também a FG é igual à B; portanto, as três retas, as JF, FG, GI
MANEIRA, TAMBÉM MAIORES DO são iguais a três, as A, B, C.
QUE O RESTANTE) Portanto, de três retas, as IF, FG, GI, que são iguais a três,
as retas dadas, as A, B, C, está construído um triângulo, o IFG;
o que era preciso fazer.
Sejam as três retas dadas as A, B, C, das quais as duas,
tomadas de toda maneira, sejam maiores do que a restante, as
A, B, do que a C, as A, C do que a B, e, ainda, as B, C do que a
A; é preciso, então, das iguais às A, B, C, construir um triângulo.

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lrineu Bicudo
O PIUMHI<O LIVRO oos Er. I:M F.NJ'OS DE EucLmJ<S

23 Como, de tàto, duas, as DC, CE são, respectivamente, iguais


a duas, as FA, AO, e uma base, a DE, é igual a uma base, a FG,
portanto, um ângulo, o sob DCE, é igual a um ângulo, o sob FAO.
SOBRE A RETA DADA, E NO PONTO SOBRE Portanto, sobre a reta dada, a AB, e no ponto sobre ela, o A,
ELA, CONSTRUIR UM ÂNGULO RETILÍNEO está construído um ângulo retilíneo, o sob FAO, igual ao ângulo
retilíneo dado, o sob DCE; o que era preciso provar.
IGUAL AO ÂNGULO RETILÍNEO DADO

Sejam a reta dada, a AB, e o ponto sobre ela, o A, e o


ângulo retilíneo dado, o sob DCE; é preciso, então, sobre a reta
dada, a AB, e no ponto sobre ela, o A, construir um ângulo
retilíneo igual ao ângulo retilíneo dado, o sob DCE.

a F

:~G A B

Fiquem tomados, sobre cada uma das CD, CE, pontos ao


acaso, os D, E, e fique ligada a DE; também, de três retas, que
são iguais a três, as CD, DE, CE, seja construído um triângulo,
o AFC, de modo a ser a CD igual à AF, e a CE à AO, e, ainda,
aDEàFO.

46
47
Irineu Bicudo
O PKtM~.IKO LivRo n a; ELI::Mt:Nr·os DE EucunFS

24 Pois, como o ângulo sob BAC é maior do que o ângulo sob


I~ I)J;~ seja construída sobre a reta DE, e no ponto sobre ela, o D, o
sob EDG igual ao ângulo sob BAC, e fique colocada a DG igual a
CASO DOIS TRIÂNGULOS TENHAM OS DOIS qualquer uma das duas, as AC, DF, e fiquem ligadas as EG, FG.
LADOS, RESPECTIVAMENTE, IGUAIS [AOS] Como, de fato, por um lado, a AB é igual à DE, e, por outro,
a AC à DG, então duas, as BA, AC, são, respectivamente, iguais a
DOIS LADOS, E TENHAM O ÂNGULO, O duas, as ED, DG; também, um ângulo, o sob BAC, é igual a um
CONTIDO PELAS RETAS IGUAIS, MAIOR DO ângulo, o sob EDG; portanto, uma base, a BC, é igual a uma base,
a EG. De novo, como a DF é igual àDG, também e o ângulo sob
QUE O ÂNGULO, TAMBÉM TERÃO A BASE DGF é igual ao sob DFG; portanto, o sob DFG é maior do que o
MAIOR DO QUE A BASE sob EGF; portanto, o sob EFG é bem maior do que o sob EGF. E,
como o EFG é um triângulo tendo o ângulo sob EFG maior do que
o sob EGF, e sob o maior ângulo se estende o maior lado, portanto,
Sejam dois triângulos, os ABC, DEF, tendo os dois lados, também um lado, o EG é maior do que o EF. E o EG é igual ao
os AB, AC, respectivamente, iguais aos dois lados, os DE, DF, o BC; portanto, também o BC é maior do que o EF.
AB ao DE, o AC ao DF, e seja o ângulo no A maior do que o Portanto, caso dois triângulos tenham os dois lados,
ângulo no D; digo que uma base, a BC, é maior do que uma base, t cspcctivamente, iguais a dois lados e tenha o ângulo, o contido
aEF. pelas retas iguais maior do que o ângulo, também terão a base
maior do que a base; o que era preciso provar.
A

B D
c

48 49
Irineu Bicudo
O PRIMEIRO L i vRo nos Et.F.MFNros DE Eucr.mFS

25 também uma base, a BC, seria igual a uma base, a EF; e não é.
Portanto, um ângulo, o sob BAC, não é igual ao sob EDF; nem,
verdadeiramente, o sob BAC é menor do que o sob EDF; pois,
CASO DOIS TRIÂNGULOS TENHAM OS DOIS se fosse menor, também uma base, a BC, seria menor do que
LADOS, RESPECTIVAMENTE, IGUAIS AOS DOIS urna base, a EF; e não é; portanto, o ânt:,rulo sob BAC não é
menor do que o sob EDF. E foi provado que nem é igual;
LADOS, E TENHAM A BASE MAIOR DO QUE A portanto, o sob BAC é maior do que o sob EDF.
BASE, TAMBÉM TERÃO O ÂNGULO, Portanto, caso dois triângulos tenham os dois lados
respectivamente iguais a dois lados, e tenham a base maior do
O CONTIDO PELAS RETAS IGUAIS, que a base, terão também o ângulo, o contido pelas retas iguais
MAIOR DO QUE O ÂNGULO maior do que o ângulo; o que era preciso provar.

Sejam dois triângulos, os ABC, DEF, tendo os dois lados,


os AB, AC, respectivamente, iguais aos dois lados, os DE, DF,
o AB ao DE e o AC ao DF; seja uma base, a BC, maior do que
uma base, a EF; digo que também um ângulo, o sob BAC, é
maior do que um ângulo, o sob EDF.

B
~c

Pois, se não, ou, em verdade, é igual a ele ou menor; de


fato, o sob BAC não é igual ao sob EDF; pois se fosse igual,

50
51
lrineu Bicudo
O P RIMEIRo LrvRo oos ELEMENros DE Eucuu~s

26 Pois, se o AB é desigual ao DE, um deles é maior. Seja o AB


maior, e fique colocado o BG igual ao DE, e fique ligada a GC.
Como, de fato, por um lado, o BG é igual ao DE, e, por
CASO DOIS TRIÂNGULOS TENHAM OS DOIS outro, o BC ao EF, então dois, os BG, BC, são, respectivamente,
ÂNGULOS, RESPECTIVAMENTE, IGUAIS A DOIS iguais a dois, os DE, EF; também um ângulo, o sob GBC é
igual a um ângulo, o sob DEF; portanto, uma base, a GC, é
ÂNGULOS E UM LADO IGUAL A UM LADO, OU, igual a uma base, a DF, e o triângulo GBC é igual ao triângulo
EM VERDADE, O SOBRE OS ÂNGULOS IGUAIS DEF, e os ângulos restantes serão iguais ao ângulos restantes,
que os lados iguais subtendem; portanto, o ângulo sob GCB é
OU O QUE SE ESTENDE SOB UM DOS ÂNGULOS igual ao sob DFE. Mas o sob DFE foi assumido igual ao sob
IGUAIS, TERÃO TAMBÉM OS LADOS BCA; portanto, também o sob BCG é igual ao sob BCA, o menor
ao maior; o que é impossível. Portanto, o AB não é desigual ao
RESTANTES (RESPECTIVAMENTE] IGUAIS AOS DE; portanto, é igual. E também o BC é igual ao EF; então,
LADOS RESTANTES E O ÂNGULO RESTANTE dois, os AB, BC, são, respectivamente, iguais a dois, os DE,
1 ~1 ~; também um ângulo, o sob ABC, é igual a um ângulo, o sob
AO ÂNGULO RESTANTE I)J ~F; portanto, uma base, a AC, é igual a uma base, a DF, e um
fi ngulo restante, o sob BAC, e igual a um ângulo restante, o sob
Sejam dois triângulos, os ABC, DEF, tendo os dois ~o:nr.
ân&rulos, os sob ABC, BCA, respectivamente, iguais a dois, os Mas, então, de novo, sejam os lados, que se estendem sob
sob DEF, EFD, por um lado, o sob ABC (igual) ao sob DEF, e, os iingulos iguais, iguais, como o AB ao DE; digo, de novo, que
por outro, o sob BCA ao sob EFD; e tenham também um lado lamhém os lados restantes serão iguais ao lados restantes, por
igual a um lado, primeiro o sobre os ângulos iguais, o BC (igual) 1I 111 lado, o AC ao DF e, por outro, o BC ao EF, e ainda o ângulo

ao EF; digo que também terá os lados restantes, respectivamente, ~t·stanlc, o sob BAC, é igual ao ângulo restante, o sob EDF.
iguais aos lados restantes, por um lado, o AB ao DE e, por Pois, se o BC é desigual ao EF, um deles é maior. Seja o BC
outro, o AC ao DF, e o ângulo restante ao ângulo restante, o 11 11 11o1~ se possível, e fique colocado o BH igual ao EF, e fique ligada
sob BAC ao sob EDP. 1 1\ li I: como, por um lado, o BH é igual ao EF, e, por outro, o
\I' m> I>E, então dois, os AB, BH, são, respectivamente, iguais a
d111 • os DE, EF; e contêm ângulos iguais; portanto uma base, a AH
l l):tllul a uma base, a DF, e o triângulo ABH é igual ao triângulo
I H 'I:, t.' ( >s fingulos restantes serão iguais aos ângulos restantes, sob
'' qtuw.. se estendem os lados iguais; portanto, o ângulo sob BHA
1 IJIIIItlnn sob EfD. Mas o sob EFD é igual ao sob BCA; então,
d• 11111 111 ugulo, o AHC, o ângulo exterior, o sob BHA, é igual ao

52
53
lrineu Bicudo
() Pt~IMFmo L!vRo nos EI.EM t:Nros DE Eucum:s

interior e oposto, o sob BCA; o que é impossível. Portanto, o BC


não é desigual ao EF; portanto, é igual. E também o AB é igual ao 27
DE. Então, dois, os AB, BC, são, respectivamente, iguais a dois,
os DE, EF; e contêm ângulos iguais; portanto, uma base, a AC, é
igual a uma base, a DF, e o triângulo ABC é igual ao triângulo DEF, CASO UMA RETA, ENCONTRANDO DUAS RETAS,
e um ângulo restante, o sob BAC é igual ao ângulo restante, o sob FAÇA OS ÂNGULOS ALTERNOS IGUAIS ENTRE SI,
EDF.
Portanto, caso dois triângulo tenham os dois ângulos, AS RETAS SERÃO PARALELAS ENTRE SI
respectivamente, iguais a dois ângulos e um lado igual a um lado, ou,
em verdad{\ o sobre os ângulos iguais, ou o subtendendo um dos ângulos
Faça, pois, uma reta, a EF, encontrando duas retas, as
iguais, também terão os lados restantes iguais aos lados restantes e o
AB, CD, os ângulos alternos, os sob AEF, EFD, iguais entre si;
ângulo restante ao ângulo restante; o que era preciso provar.
digo que AB é paralela à CD. Pois, se não, sendo prolongadas
as AB, CD se encontrarão ou, em verdade, do lado dos B, D, ou
no dos A, C. Fiquem prolongadas e encontrem-se, no lado dos
B, D, no G. Então, o ângulo exterior, o sob AEF, de um
triângulo, o GEF, é igual ao interior e oposto, o sob EFG; o que
é impossível; portanto, as AB, CD, sendo prolongadas, não se
encontrarão no lado dos B, D. Do mesmo modo, então, será
provado que nem no dos A, C; mas as que não se encontran:
em nen hum dos dois lados são paralelas; portanto, a AB e
paralela à CD.

Portanto, caso uma reta, encontrando duas retas, faça os


ângulos alternos iguais entre si, as retas serão paralelas; o que
era preciso provar.

54
55
lrineu Bicudo O I'KIMI!IRO LivRo oc~ ELEMEN1·os DE EucuDES

28 De novo, como os sob BGH, GHD são iguais a dois retos, e


tumbém os sob AGH, BGH são iguais a dois retos, portanto, os
sob AGH, BGH são iguais aos sob BGH, GHD; fique subtraído
um oomum, o sob BGH; portanto, um restante, o sob AGH, é igual
CASO UMA RETA, ENCONTRANDO DUAS RETAS u um restante, o sob GHD; e são alternos, portanto, a AB é paralela
FAÇA O ÂNGULO EXTERIOR IGUAL AO INTERIOR E
'
ú CD.
Portanto, caso uma reta, encontrado duas reta, faça o
OPOSTO E DO MESMO LADO, OU OS INTERIORES E ângulo exterior igual ao interior e oposto e do mesmo lado, ou
DO MESMO LA..DO IGUA..IS A DOIS RETOS, AS os interiores e do mesmo lado iguais a dois retos, as retas serão
paralelas; o que era preciso provar.
RETAS SERÃO PARALELAS ENTRE SI

Faça, pois, uma reta, a EF, encontrando duas retas as


AB, CD, o ângulo exterior, o sob EGB, igual ao ângulo interlor
e oposto, o sob GIJD, ou os interiores e do mesmo lado, os sob
BGH, GTTD, iguais a dois retos; digo que a AB é paralela à CD.

Pois como o sob EGB é igual ao sob GIID mas o sob


EGB é igual ao sob AGB, portanto, também o sob AGH é i!:rual
ao sob GHD; e são alternos; portanto, a AB é paralela à CD.

- - - - · --
56 57
Irineu Bicudo O PRIMEmo LrvRo DOS ELEMENTOS DE Eucw ws

29 Seja maior o sob AGH; fique adicionado um comum, o sob


llGll; portanto, os sob AGH, BGH são maiores do que os sob
BGli, GHD. Mas os sob AGH, BGH são iguais a dois retos.
A RETA, ENCONTRANDO AS RETAS Portanto, [também] os sob BGH, GHD são menores do que
PARALELAS, FAZ OS ÂNGULOS ALTERNOS dois retos. Mas as prolongadas ilimitadamente, a partir de
menores que dois retos, encontram-se; portanto, as AB, CD,
IGUAIS ENTRE SI, E O EXTERIOR IGUAL AO prolongadas ilimüadamente, se encontrarão. Porém não se
INTERIOR E OPOSTO, E OS INTERIORES E DO encontram pelo assumir-se-as paralelas; portanto, o sob AGH
não é desigual ao sob GBD; portanto, é igual. Mas, o sob AGH
MESMO LADO IGUAIS A DOIS RETOS é igual ao sob EGB; portanto, também o sob EGB é igual ao
sob GHD. Fique adicionado um comum, o sob BGH; portanto, os
~ncontre, poi~, uma reta, a EF, retas paralelas, as AB, sob EGB, BGH são iguais aos sob BGH, GHD. Mas, os sob EGB,
CD: dtgo que fa~ os angulos alternos, os sob AGH, GHD, iguais, BGH são iguais a dois retos; portanto, tan1bém os sob BGH, GHD
e o angulo extenor, o sob EGB, igual ao interior e oposto o sob são iguais a dois retos.
GHD, e os interiores e do mesmo lado os sob BGH GHD Portanto, a reta, encontrando as retas paralelas, faz os
iguais a dois retos. ' ' ' ângulos alternos iguais entre si, e o exterior igual ao interior e
. Pois, se o sob AGH é desigual ao sob GHD, um deles é oposto, e os interiores e do mesmo lado iguais a dois retos; o
maJOr. que era preciso provar.

58 59
Ir in eu Bicudo O PKIMFIKO LtvHo IJ(}-; E1.n..t1 NJ os Dh Eucum::s

30 31
As PARALELAS À MESMA RETA SÃO PELO PONTO DADO, TRAÇAR UMA LINHA
TAMBÉM PARALELAS ENTRE SI RETA PARALELA À RETA DADA

Seja cada uma das AB, CD paralela à EF; digo que, Seja o ponto dado, o A, e a reta dada, a BC; é preciso,
também, a AB é paralela à CD.
então, pelo ponto A traçar uma linha reta paralela à reta BC.
Encontre, pois, as mesmas uma reta, a GI. E como uma
reta, a GI, encontrou retas paralelas, as AB, EF, portanto, o sob A
AGI é igual ao sob GHF. E-------,---- F

A ______ _QL B
B
-------~~---------
D
I c

F Fique tomado sobre a BC um ponto ao acaso, o D, e fique

---- I:,..._______D
ligada a AD; também, seja construída sobre a reta DA e no
C ponto sobre ela, o A, o sob DAE igual ao ângulo sob ADC; e

I lique prolongada uma reta, a AF, sobre uma reta com a EA.
E como uma reta, a AD, encontrando duas retas, as BC,
El:, lcz os ângulos alternos, os sob EAD, ADC, iguais entre si,
De novo, como uma reta, a GI, encontrou retas paralelas, portanto, a EAF é paralela à BC.
as EF, CD, o sob GHF é igual ao sob GID. Mas, também o sob Portanto, pelo ponto dado, o A está traçada uma linha reta,
AGI foi provado igual ao sob GHF. Portanto, também o sob a I ~ A f, paralela à reta dada, a BC; o que era preciso fazer.
AGI é igual ao sob GlD; e são alternos. Portanto, a AB é paralela
àCD.
[Portanto, as paralelas à mesma reta também são paralelas
entre si;] o que era preciso provar.

60
61
lrineu Bicudo 0 !'RIM I IKO (,I\'Klllll~ /:1 fM~N1'0S l>u bUCI.lDES

32 BAC; portanto, um todo, o ângulo sob ACD, é igual a dois, os


interiores e opostos, os sob BAC, ABC.
Fique adicionado um comum, o sob ACB; portanto, os
SENDO PROLONGADO UM DOS LADOS DE sob ACD, ACB são iguais a três, os sob ABC, BCA, CAB., Mas
TODO TRIÂNGULO, O ÂNGULO EXTERIOR É os sob ACD, ACB são iguais a dois retos; portanto, tambem os
sob ACB CBA CAB são iguais a dois retos.
IGUAL A DOIS, OS INTERIORES E OPOSTOS, E . Po;tanto: sendo prolongado um dos lados de todo
OS TRÊS ÂNGULOS INTERIORES DO triângulo, o ângulo exterior é igual a dois, os interi?res e ~postos,
c os três ângulos interiores do triângulo são igua1s a d01s retos;
TRIÂNGULO SÃO IGUAIS A DOIS RETOS o que era preciso provar.

Seja um triângulo, o ABC, e fique prolongado um lado


dele, o BC, até o D; digo que o ângulo exterior, o sob ACD, é
igual a dois, os interiores e opostos, os sob CAB, ABC, e os
três ângulos interiores do triângulo, os sob ABC, BCA, CAB,
são iguais a dois retos.

A
E

c D

Fique, pois, traçada pelo ponto CaCE paralela à AB. E


como a AB é paralela à CE, e a AC as encontrou, os ângulos
alternos, os sob BAC, ACE são iguais entre si.
De novo, como a AB é paralela à CE, e uma reta, a BD, as
encontrou, o ângulo exterior, o sob ECD, é igual ao interior e oposto,
o sob ABC. Mas, também o sob ACE foi provado igual ao sob

62 63
lrincu Bicudo o J'J{IMIIW I.IVIWDth ELEMENTOS DE EucunE.'>

33 34
As RETAS LIGANDO AS IGUAIS E PARALELAS, ÜS LADOS E OS ÂNGULOS OPOSTOS DAS
DO MESMO LADO, TAMBÉM ELAS SÃO ÁREAS PARALELOGRÂMICAS SÃO IGUAIS
IGUAIS E PARALELAS ENTRE SI, E A DIAGONAL BISSECCIONA--AS

Sejam iguais e paralelas, as AB, CD, e liguem-nas, do Sejam uma área paralelogrâmica, a ABCD, e uma
mesmo lado, retas, as AC, BD; digo que também as AC, BD diagonal dela, a BC; digo que os lados e os. ângulo~ opostos do
são iguais e paralelas.
paralelogramo ACDB são iguais entre st, e a dtagonal BC
hissccciona-o .

c
Fique ligada a BC. E como a AB é paralela à CD, e a BC c D
encontrou-as, os ângulos alternos, os sob ABC, BCD são iguais,
um ao outro. Também, como a AB é igual à CD e a BC é Pois, como a AB é paralela à CD e uma reta, a B~, enco~trou­
comum, duas, então, as AB, BC, são iguais a duas, as BC, CD; us, os ângulos alternos, os sob ABC, BCD, são igurus entr: st. De
lll lVO como a AC é paralela à BD, e a BC encontrou-as, os angulos
também um ângulo, o sob ABC, é igual a um ângulo, o sob
BCD; portanto, uma base, a AC, é igual a uma base, a BD, e o Hltcn~os, os sob ACB, CBD, são iguais entre si. Então os ABC,
triângulo ABC é igual ao triângulo BCD, e os ângulos restantes 1\( 'I) são dois triângulos, tendo os dois ângulos, os sob ABC, ~CA,
ll 'lllCct ivamente, iguais a dois, os sob BCD, CBD, e u:n lado tgual
serão, respectivamente, iguais aos ângulos restantes, sob os quais
"' gu1ostgu
· rus·, portanto,
os lad~s-iguais se estendem;·portanto, o ângulo sob ACB é igual 1111111111do ocomumaeles,oBC, sobreosan
1.1111h(·mos ·
' lados restantes serão, respectlvamen te, ·tgurus
· aoslados
ao sob CBA. E como uma reta, a BC, encontrando duas retas,
as AC, BD, fez os ângulo alternos iguais entre si, portanto, a ' "'~ltullcs, c 0 ângulo restante ao ângulo restante; portanto, ?.lado
AC é paralela à BD. Mas, foi provada também igual a ela. A1\ é igual a CD, e o AC ao BD, e ainda o â~gulo sob BAC e tgual
Portanto, as retas ligando as iguais e paralelas, do mesmo sob ( ·DB. E como o ângulo sob ABC é Igual ao sob B,~D, e o
11 o

lado, também elas são iguais e paralelas; o que era preciso soh ( 'BD ao sob ACB, portanto, um todo, o sob ABD, e tguaJ a
provar.

- · - - --·-··-
64
Irincu Bicudo ._) PKIMHlW 1.1\'1<<• nu-. Eu:lllc.NJOS DE Eucuor~<;

um todo, o sob ACD. Mas, também o sob BAC foi provado igual
ao sob CDB. 35
Portanto, os lados e os ângulos opostos das áreas
paralelogrâmicas são iguais entre si.
Digo, então, que também a diagonal bissecciona-as. Pois
ÜS PARALELOGRAMOS, OS QUE ESTÃO SOBRE
como a AB é igual à DC, e a BC comum, então duas, as AB~ A MESMA BASE E NAS MESMAS PARALELAS,
BC ~ão, respectivamente, iguais a duas, as CD, BC; també~
um angulo, o ~ob ABC, é igual a um ângulo, o sob BCD.
SÃO IGUAIS ENTRE SI
P~rtanto, tambem uma base, a AC, é igual à DB. E [portanto) 0
tnangulo ABC é igual ao triângulo BCD. Sejam paralelogramos, os ABCD, EBCF, sobre a mesma
Portanto, a diagonal BC bissecciona o paralelogramo hasc, a BC, e nas mesmas paralelas, as AF, BC; digo que o
ABCD; o que era preciso provar. A BCD é igual ao paralelogramo EBCF.

A D E F

Pois, como o ABCD é um paralelogramo, a AD é igual a


BC. Então, por causa das mesmas coisas, também a EF é igual
;) BC; assim também a AD é igual à EF; e a DE é comum;
portanto, uma toda, a AE, é igual a uma toda, a DF. E também
a AH é igual à DC; então, duas, as EA, AB, são, respectivamente,
1guais a duas, as FD, DC; e um ângulo, o sob FDC, é Íb'llal a um
ungulo, o sob EAB, o exterior ao interior; portanto, uma base, a
l ·ll. c igual a uma base, a FC, e o triângulo EAB será igual ao
l111111gulo OFC; fique subtraído um comum, o DGE; portanto,
um restante, o trapézio ABGD, é igual a um restante, o trapézio
I~GCF; fique adicionado um comum, o triângulo GBC; portanto,
um todo, o paralelogramo ABCD, é igual a um todo, o
paralelogramo EBCF.
Portanto, os paralelogramos, os que estão sobre a mesma base
l ' lUIS mcsmus paralelas, são it:,ruais entre si; o que era preciso provar.

66
lrineu Bicudo 0 l'RJM[,JRO LrvRo nos EtEMI'Nl'OS DE EucLIDlli

36 37
ÜS PARALELOGRAMOS, OS QUE ESTÃO SOBRE ÜS TRIÂNGULOS, OS QUE ESTÃO SOBRE A
BASES IGUAIS E NAS MESMAS PARALELAS, SÃO MESMA BASE E NAS MESMAS PARALELAS
IGUAIS ENTRE SI SÃO IGUAIS ENTRE SI

Sejam paralelogramos, os ABCD, EFGH, que estão sobre Sejam triângulos, os ABC, DBC,. sobre a m~~ma base, a
bases iguais, as BC, FG, e nas mesmas paralelas, as AH, BG; BC, e nas mesmas paralelas, as AD, BC; dtgo que o tnangulo ABC
digo que o paralelogramo ABCD é igual ao EFGH. é igual ao triângulo DBC.

F' G
B c

Fique prolongada a AD em cada um dos lados até os E, F, e


Fiquem, pois, ligadas as BE, CH. E uma vez que a BC é
pelo B tique traçada a BE paralela à CA e pelo C, fique traçada a
igual à FG, mas a FG é igual à EH, portanto, também a BC é
CF paralela à BD. Portanto, cada um dos EBCA, DBCF é um
igual à EH. E são também paralelas. E as EB, HC ligam-se; e,
paralelogramo; e são iguais; pois estão sobre a ~esma .~ase, a
as que ligam as iguais e paralelas, do mesmo lado, são iguais e
BC, e nas mesmas paralelas, as BC, EF; t~bem .o tnangulo
paralelas; [portanto, também as EB, HC são iguais e paralelas].
ABC é metade do paralelogramo EBCA; pms a diagonal AB
Portanto, o EBCH é um paralelogramo. E é igual ao ABCD;
bissecciona-o; e 0 triân.gulo DBC é metade do paralelo~am.o
pois tem com ele a mesma base, a BC, e está nas mesmas
DBCF; pois a diagonal DC bissecciona-o. [E as II_Ietades do_~tgurus
paralelas com ele, as BC, AH. Por causa das mesmas coisas,
são iguais entre si]. Portanto, o triângulo ABC é Igual ao tnangulo
então, também o EFGH é igual ao mesmo, o EBCH; assim,
também o paralelogramo ABCD é igual ao EFGH. DBC. b
Portanto, os triângulos, os que estão sobre a ~esma ase e nas
Portanto, os paralelogramos, os que estão sobre bases
mesmas paralelas, são iguais entre si; o que era prectso provar.
iguais e nas mesmas paralelas, são iguais entre si; o que era
preciso provar.

68 69
Irineu Bicudo O PRIMEIRO LrvRo DOS ELEMENros DE Eucr.roES

38 39
Os TRIÂNGULOS, OS QUE ESTÃO SOBRE BASES Os TRIÂNGULOS IGUAIS, OS QUE ESTÃO
IGUAIS E NAS MESMAS PARALELAS, SÃO SOBRE A MESMA BASE E DO MESMO LADO,
IGUAIS ENTRE SI TAMBÉM ESTÃO NAS MESMAS PARALELAS

Sejam triângulos, os ABC, DEF, sobre bases iguais, as Sejam triângulos iguais, os ABC, DBC, que estão sobre a
BC, EF, e nas mesmas paralelas, as BF, AD; digo que o triângulo mesma base, a BC e do mesmo lado; digo que também estão
ABC é igual ao triângulo DEF. nas mesmas paralelas.
Fique, pois, ligada a AO; digo que a AD é paralela à BC.

A D

B
c E F

Fique, pois, prolongada a AD de cada um dos lados até os


G, H, e pelo B fique traçada a BG paralela à CA, e pelo F fique B c
traçada a FH paralela à DE. Portanto, cada um dos GBCA,
DEFH é um paralelogramo; e o GBCA é igual ao DEFH; pois Pois, se não, fique traçada pelo ponto A a AE paralela à
estão sobre bases iguais, as BC, EF e nas mesmas paralelas, reta BC, e fique ligada a EC. Portanto, o triângulo ABC é igual
BF, GH; e o triângulo ABC é metade do paralelogramo GBCA. ao triângulo EBC; pois está sobre a mesma base, a BC, com ele
Pois, a diagonal AB bissecciona-o; e o triângulo FED é metade e nas mesmas paralelas. Mas o ABC é igual ao DBC; portanto,
do paralelogramo DEFH; pois a diagonal DF bissecciona-o; [e também o DBC é igual ao EBC, o maior ao menor; o que é
as metades das iguais são iguais entre si]. Portanto o triângulo impossível; portanto, a AE não é paralela à BC. Do mesmo,
ABC é igual ao triângulo DEF. então, provaremos que nenhuma outra, exceto a AD; portanto,
Portanto, os triângulos, os que estão sobre bases iguais e a AO é paralela à BC.
nas mesmas paralelas, são iguais entre si; o que era preciso Portanto, os triângulos iguais, os que estão sobre a mesma
provar. base e do mesmo lado, estão também nas mesmas paralelas; o
que era prectso provar.

70 71
lrineu Bicudo
O PRIMEmo LrvRo nos ELEM wros DE EuctmES

40 41
ÜS TRIÂNGULOS IGUAIS, OS QUE ESTÃO
CASO UM PARALELOGRAMO TENHA UMA
SOBRE BASES IGUAIS E DO MESMO LADO,
BASE, A MESMA, COM UM TRIÂNGULO E
ESTÃO TAMBÉM NAS MESMAS PARALELAS
ESTEJA NAS MESMAS PARALELAS, O
Sejam triângulos iguais, os ABC e CDE, sobre bases PARALELOGRAMO É O DOBRO DO TRIÂNGULO
iguais, as BC, CE, e do mesmo lado. Digo que estão também
nas mesmas paralelas. Pois tenha um paralelogramo, o ABCD, uma base, a
Fique, pois, ligada a AD; digo que a AD é paralela à BE. mesma, a BC, com um triângulo, o EBC, e esteja nas mesmas
paralelas, as BC, AE; digo que o paralelogramo ABCD é o
dobro do triângulo BEC.

Pois, se não, fique traçada pelo ponto A a AF paralela à B c


· BE, e fique ligada a FE. Portanto, o triângulo ABC é igual ao
triângulo FCE; pois, estão sobre bases iguais, as BC, CE, e nas Fique, pois, ligada a AC. Então, o triângulo ABC é igual
mesmas paralelas, as BE, AF. Mas o triângulo ABC é igual ao ao triângulo EBC; pois está sobre a mesma base com ele, a BC,
[triânguloJ DCE; portanto, também o [triângulo] DCE é igual e nas mesma paralelas, as BC, AE. Mas o paralelogramo ABCD
ao triângulo FCE, o maior ao menor; o que é impossível; é o dobro do triângulo ABC; pois a diagonal AC bissecciona-o
portanto, a AF não é paralela à BE. Do mesmo modo, então, ; assim o paralelogramo ABCD também é o dobro do triângulo
provaremos que nenhuma outra, exceto a AD; portanto, a AD é EBC.
paralela à BE. Portanto, caso um paralelogramo tenha uma base, a
Portanto, os triângulos iguais, os que estão sobre bases mesma, com um triângulo e estej~ nas mesmas paralelas, o
iguais e do mesmo lado, estão também nas mesmas paralelas; paralelogramo é o dobro do triângulo; o que era preciso provar.
o que era preciso provar.

72
73
Irineu Bicudo c l I'HtP..tiiiHl l .tvRo n a, f.t.fMENms DE EucLIDES

42 11JMralelogramo FECG é o dobro do triângulo AEC; pois tem uma


base, a mesma, com ele, e está nas mesmas paralelas com ele;
portanto, o paralelogramo FECG é igual ao triângulo ABC. E tem
CONSTRUIR UM PARALELOGRAMO IGUAL AO o ân!:.'tllo sob CEF igual ao dado, o D.
Portanto, está construído um paralelogramo, o FECG, igual
TRIÂNGULO DADO, NO ÂNGULO
ao triângulo dado, o ABC, em um ângulo, o sob CEF, que é
RETILÍNEO DADO igual ao D; o que era preciso fazer.

Seja o triângulo dado, o ABC, e o ângulo retilíneo dado,


o D; é preciso, então, construir um paralelogramo igual ao
triângulo ABC, no ângulo retilíneo D.

A
vF G

B
DZJ E c

fique bisseccionada a BC no E, e fique ligada a AE, e


seja construída sobre a reta EC e no ponto sobre ela, o E, o
sob CEF igual ao ângulo D, e pelo A fique traçada a AG paralela
à EC, e pelo C fique traçada a CG paralela à EF; portanto, o
FECG é um paralelogramo. E como a BE é igual à EC, também
o triângulo ABE é igual ao triângulo AEC. Pois, estão sobre
bases iguais, as BE, EC, e nas mesmas paralelas, as BC, AG;
portanto, o triângulo ABC é o dobro do triângulo AEC. E também

74 75
lrineu Bicudo
( >JlRIMhiRO LlvHo Dos Er.EMEN'f'OS DE EuctmES

43 44
DE TODO PARALELOGRAMO, OS APLICAR À RETA DADA UM PARALELOGRAMO
COMPLEMENTOS DOS PARALELOGRAMOS EM IGUAL AO TRIÂNGULO DADO, NO ÂNGULO
TORNO DA DIAGONAL SÃO IGUAIS ENTRE SI RETILÍNEO DADO

Sejam um paralelogramo, o ABCD, e uma diagonal dele,


Sejam a reta dada, o AB, o triângulo dado, o C, e o ângulo
a AC, e sejam paralelogramos em torno da AC, os EH, FG, e os
retilfneo dado, o D; é preciso, então, aplicar à reta dad~, a AB,
ditos complementos, os BI, ID; digo que o complemento BI é
um paralelogramo igual ao triângulo dado, o C, no tgual ao
igual ao complemento ID.
ânbrulo D.
A H D

G c
J E

Pois, como o ABCD é um paralelogramo, e a AC é uma


diagonal dele, o triângulo ABC é igual ao triângulo ACD. De
novo, como o EH é um paralelogramo, e a AI é uma diagonal
dele, o triângulo AEI é igual ao triângulo AHI. Por causa das
mesmas coisas, então, o triângulo IFC é igual ao IGC. Como, H A J

de fato, o triângulo AEI é igual ao triângulo AHI, e o IFC ao


IGC, o triângulo AEI, junto com o IGC, é igual ao triângulo Seja construído um paralelogramo, o BEFG, igual ao triângulo
AID, junto com o IFC; e também um todo, o triângulo ABC, é c, em um ângulo, o sob EBG, que é igual ao D; e fique de modo a
igual a um todo, o ADC; portanto, um restante, o complemento estar a BE sobre uma reta com a AB, e fique traçada completamente
BJ é igual a um restante, o complemento lD. a FG até o H, e pelo A fique traçada a AH paralela a qualquer uma
Portanto, de toda área paralelogrâmica, os complementos das BG, EF, e fique ligada a HB. E como uma reta, a HF, e~~ntr~u
dos paralelogramos em torno da diagonal são iguais entre si; o paralelas, as AH, EF, portanto, os ângulos sob AHF, HFE sao tgu~s
que era preciso provar. a dois retos. Portanto, os sob BHG, GFE são menores do que dots

76
77
lrineu Bicudo {) l'RlMEtRo LIVRO oos ELEMLN1'0S DE Euo.mE.c;

retos; e as prolongadas ilimitadamente a partir de menores do que


dois retos se encontram; portanto, as prolongadas, as HB, FE, se
45
encontrarão. Fiquem prolongadas e encontrem-se no I, e pelo ponto
I fique traçada a IJ paralela a qualquer uma das EA, FH, e fiquem CONSTRUIR UM PARALELOGRAMO IGUAL À
prolongadas as HA, GB até os pontos J, L. Portanto, o lUIF é um
paralelogramo, e a HI é uma diagonal dele, e os AG, LE são FIGURA RETILÍNEA DADA, NO ÂNGULO
paralelogramos em torno da HI, e os JB, BF, os ditos RETILÍNEO DADO
complementos; portanto, o JB é igual ao BF. Mas o BF é igual
ao triângulo C; portanto, também o JB é igual ao C. E como o
ân&rulo sob GBE é igual ao sob ABL, mas o sob GBE é igual ao Sejam, por um lado, a figura retilínea dada, a ABCD e,
D, portanto, também o sob ABL é igual ao ângulo D. por outro, o ângulo retilíneo dado, o E; é preciso, então, construir
Portanto, está aplicado à reta dada, a AB , um um paralelogramo igual à figura retilínea ABCD, no ângulo
paralelogramo, o JB, igual ao triâni:,JUlo dado, o C, em um ângulo, dado, o E.
o sob ABL, que é igual ao D; o que era preciso provar.

J
H A

Fique Hgada a DB, e seja construído um paralelogramo, o


FH, igual ao triângulo ABD, no ângulo sob HIF, que é igual ao E;
fique também aplicada à reta GH um paralelogramo, o GL, igual ao
triângulo DBC, no ângulo sob Glll-, que é igual ao E. E como o
ângulo E é igual a cada um dos sob HIF, GHL, portanto, também o
sob HIF é igual ao sob GHL. Fique adicionado um comum, o sob

78 79
lrineu Bicudo O l'RIMEJ~O LrvRo oos ELJ:.MENros nr:: EucLIDES

IHG; portanto, os sob FIH, IHG são iguais aos sob IHG, GHL.
Mas os sob Fffi, IHG são igual a dois retos; portanto, também os
46
sob IHG, GHL são iguais a dos retos. Então, sobre uma reta, a
GH, e no ponto sobre ela, o H, duas retas, a IH, HL,jazentes não SOBRE A RETA DADA, DESCREVER
no mesmo lado, fazem os ângulos adjacentes iguais a dois retos;
portanto, a lli está sobre uma reta com a HL; e como uma reta, a UM QUADRADO
HG, encontra paralelas, as TI..-, FG, os ângulos alternos, os sob LHG,
HGF, são iguais entre si. Fique adicionado um comum, o sob HGJ; Seja a reta dada, a AB; é preciso, então, sobre a reta, a
portanto, os sob LHG, HGJ são iguais aos sob HGF, HGJ. Mas os AB, descrever um quadrado.
sob LHG, HGJ são iguais a dois retos; portanto, também os sob
HGF, HGJ são iguais a dois retos; portanto, a FG está sobre uma c
reta com a GJ. E corno a FI igual e paralela à HG, mas, também a
HG à LJ, portanto, também a IF é igual e paralela à LJ; e retas, a o '(o;

TI..-, FJ ligam-nas; portanto, também as IL, FJ são iguais e paralelas;


portanto, o IFJL é um paralelogramo. E como o triângulo ABD é
igual ao paralelogramo FH, e o DBC ao GL, portanto, uma toda, a
A B
figura retilínea ABCD, é igual a um todo, o paraldogramo IFJL.
Portanto, está construído um paralelogramo, o IFJL, igual à Fique traçada a AC em ângulo reto com a reta AB a partir
figura retilínea dada, a ABCD, em um ângulo, o sob FIL, que é do ponto sobre ela, o A, e fique colocada a AD igual à AB;
igual ao dado, o E; o que era preciso fazer. também, pelo ponto D, fique traçada a DE paralela à AB, e
pelo ponto B fique traçada a BE paralela à AD. Portanto, o
ADBE é um paralelogramo; portanto, a AB é igual à DE, e a
AD à BE. Mas a AB é igual à AD; portanto, as quatro, as BA,
AD, DE, EB são iguais entre si; portanto, o paralelogramo
ADEB é equilátero. Digo, então, que também é retangular. Pois,
como uma reta, a AD, encontra paralelas, as AB, DE, portanto,
os ângulos sob BAD, ADE são iguais a dois retos. Mas, o sob
BAD é reto; portanto, também o sob ADE é reto. E das áreas
paralelogrâmicas os lados e também os ângulos opostos são
iguais entre si; portanto, também cada um dos ângulos opostos,
os sob ABE, BED, é reto; portanto, o ADEB é retangular. Mas,
foi, também, provado equilátero.
Portanto, é um quadrado; e está descrito sobre a reta AB;
o que era preciso fazer.

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lrineu Bicudo O Pl<tMEJJW LivRo nos ELEMENros DE EuctmFs

47 Fiquem, pois, descritos um quadrado, o BDEC, sobre o BC,


e os GB, HC sobre os BA, AC, e pelo A fique traçada a AJ paralela
a qualquer um dosBD, CE; e fiquem ligadas as AD, FC. E como
Nos TRIÂNGULOS RETÂNGULos, o cada um dos ângulos sob BAC, BAG é reto, então sobre uma reta,
a BA, e no ponto sobre ela, o A, duas retas, as AC, AG, não
QUADRADO SOBRE O LADO QUE SUBTENDE O
jazentes do mesmo lado, fazem os ânt:,rulos adjacentes iguais a dois
ÂNGULO RETO É IGUAL AOS QUADRADOS retos; portanto, a CA está sobre uma reta com a AG. Por causa
das mesmas coisas, então, também aBA está sobre uma reta com
SOBRE OS LADOS QUE CONTÊM O ÂNGULO
a AH. E como o ângulo sob DBC é igual ao sob FBA; pois, cada
RETO um é reto; fique adicionado um comum, o sob ABC; portanto, um
todo, o sob DBA, é igual a um todo, o sob FBC. E corno, por um
lado, a DB é igual à BC, e, por outro, a FB à BA, então duas, as
Seja um triângulo retângulo, o ABC, tendo reto o ângulo
DB, BA, são, respectivamente, iguais a duas, as FB, BC; e um
sob BAC; digo que o quadrado a sobre o BC é igual aos
ângulo, o sob DBA, é igual a um ângulo, o sob FBC; portanto, uma
quadrados sobre os BA, AC.
base, a AD, [é] igual a urna base, a FC, e o triângulo ABD é igual
ao triângulo FBC; também o paralelogramo BJ [é] o dobro do
H triângulo ABD; pois, têm uma base, a mesma, a BD, e estão nas
mesmas paralelas, as BD, AJ; e o quadrado GB é o dobro do
triângulo FBC; pois, de novo, têm uma base, a mesma, a FB, e
I estão nas mesmas paralelas, as FB, GC. LE os dobros dos iguais
são it:,JUais entre si ;] portanto, também o paralelogramo BJ é igual
ao quadrado GB. Do mesmo modo, então, sendo ligadas as AE,
F
BI, o paralelogramo CL será também provado igual ao quadrado
HG; portanto, um, o quadrado BDEC, é igual a dois, os quadrados
GB, HC. E, por um lado, o quadrado BDEC está descrito sobre a
BC, e, por outro, os GB, HC, sobre as BA, AC. Portanto, o
quadrado sobre o lado BC é igual aos quadrados sobre os lados
BA,AC.
Portanto, nos triângulos retângulos, o quadrado sobre o
lado que subtende o ângulo reto é igual aos quadrados sobre os
D J E lados que contêm o ângulo reto; o que era preciso provar.

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lrineu Bicudo o PRIMI.lRO LivRo uos ELEMENTOS Dh Eucr.mF.s

48 Mas, o sobre a DC é igual aos sobre as DA, AC; pois o ângulo s~b
DAC é reto; e o sobre a BC é igual aos sobre os BA, AC; pots,
está assumido; portanto, o quadrado sobre a DC é igual ao quadrado
CASO O QUADRADO, SOBRE UM DOS LADOS sobre a BC; e, assim, um lado, o DC, é igual ao BC; e como a DA
DE UM TRIÂNGULO, SEJA IGUAL AOS é igual à AB, e a AC é comum, então, duas, as DA, AC, são iguais
a duas, as BA, AC; também uma base, a DC, é it:.JUal a uma base, a
QUADRADOS SOBRE OS RESTANTES DOIS BC; pattanto um ânt:.JUlo, o sob DAC, [é] igual a um ângulo, o sob
LADOS DO TRIÂNGULO, O ÂNGULO CONTIDO BAC. E o sob DAC é reto; portanto, também o sob BAC é reto.
Portanto, caso o quadrado sobre um dos lados de um triângulo
PELOS RESTANTES DOIS LADOS DO seja igual aos quadrados sobre os restantes dois lados do triângulo,
TRIÂNGULO É RETO 0 ângulo contido pelos restantes dois lados do triângulo é reto; o
que era preciso provar.
Seja, pois, o quadrado sobre um lado, o BC, de um
triângulo, o ABC, igual aos quadrados sobre os lados BA, AC;
digo que o ângulo sob BAC é reto.

D B
A

Fique, pois, traçada a AD, a partir do ponto A em ângulo


reto com a reta AC, e fique colocada a AD igual à BA, e fique
ligada a DC. Como a DA é igual à AB, também o quadrado
sobre a DA é igual ao quadrado sobre a AB. Fique adicionado
um comum, o quadrado sobre a AC; portanto, os quadrados
sobre as DA, AC são iguais aos quadrados sobre as BA, AC.

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SI~ IUH ~l·t=x 1os 1>E l-IIs róRIA DA MATEMÁTICA

Edn or <;,·ral John A. Fossa

VOLUME I

o PRIMEIRO LIVRO DOS ELEMENTOS DE EUCLIDES


lRINEU BICUDO

EDITORA DA
SBHMAT

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