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OPINIÃO
Por Matheus Falivene
Assim, cria-se uma expectativa de que a lei será interpretada, pelo tribunal, daquela
mesma forma em que foi interpretada no caso anterior.
Não é por outro motivo que o Código de Processo Civil, no seu artigo 489,
parágrafo 1º, inciso IV, dispõe que não se considera fundamentada a sentença que
deixar de seguir enunciado de súmula, precedente ou jurisprudência sem aplicar a
devida distinção, criando-se um verdadeiro sistema de precedentes.
Porém, quando a jurisprudência versa sobre Direito Penal, não basta que a
jurisprudência seja estável, íntegra e coerente. Há de se ir mais além, fazendo com
que a jurisprudência seja também anterior.
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2019527 ConJur Matheus Falivene: Retroatividade da jurisprudência no Direito Penal
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2019527 ConJur Matheus Falivene: Retroatividade da jurisprudência no Direito Penal
[1] Sobre a questão no Direito Processual Civil, vide: (STRECK, Lenio Luiz; NUNES,
Dierle; CUNHA, Leonardo Carneiro da. Comentários ao Código de Processo Civil. São
Paulo: Saraiva, 2016. p. 1.186 e ss.
[2] No mesmo sentido é a lição de Mariângela Gama de Magalhães Gomes: “[...]. A
fim de tornar efetivas as garantias do princípio da legalidade no direito penal, a
regra da anterioridade deve prevalecer na jurisprudência da mesma forma que em
relação à lei e, nesse sentido, merece ser acolhida e utilizada. Se o objetivo da
uniformização da jurisprudência é fazer com que desapareçam as consequências
indesejáveis dos contrates na aplicação do direito, é importante eliminar a
possibilidade de alguém ser responsabilizado criminalmente de um modo que não
poderia prever no momento em que atuou, em razão de um entendimento
sedimentado em sentido diverso do que lhe foi aplicado”. (Direito Penal e
interpretação jurisprudencial: do princípio da legalidade às súmulas vinculantes. São
Paulo: Atlas, 2008.p. 173).
[3] Existem outras perspectivas sobre o fenômeno, como a fundada no pensamento
de Niklas Luhmann, que é trabalhada por Misabel Abreu Machado Derzi:
Modificações da jurisprudência no Direito Tributário: proteção da confiança, boa-fé
objetiva e irretroatividade como limitações constitucionais ao poder judicial de
tributar. São Paulo: Noeses, 2009. p. 316 e ss.
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