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EAD

Weber: Racionalidade e
Esfera Religiosa

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1. OBJETIVOS
• Reconhecer o pensamento de Weber.
• Compreender a ética protestante.
• Analisar como se desenvolve o espírito capitalista.

2. CONTEÚDOS
• Max Weber.
• Tipo ideal.
• Tipologia da religião.
• Ética Protestante e o "Espírito" do Capitalismo.

3. ORIENTAÇÕES PARA O ESTUDO DA UNIDADE


Antes de iniciar o estudo desta unidade, é importante que
você leia as orientações a seguir:
56 © Sociologia da Religião

1) Max Weber, sociólogo alemão falecido em 1918, foi um


dos primeiros cientistas sociais importantes a levar em
conta a importância da religião ou da mentalidade reli-
giosa na configuração da economia política. O objetivo
dele foi refutar a tese de Karl Marx, segundo a qual o
capitalismo nascera somente da exploração do homem
pelo homem. Disponível em: <http://educaterra.terra.
com.br/voltaire/cultura/2005/04/02/000.htm>. Acesso
em: 27 nov. 2011.
2) Weber escreveu um excelente ensaio sobre o que defi-
niu como "esfera erótica", que faz uma belíssima decla-
ração de amor à sua companheira. Esse ensaio encontra-
-se em Max Weber. 3. ed. São Paulo: Abril Cultural, 1985.
3) Utilize o Esquema de conceitos-chave para o estudo de
todas as unidades deste Caderno de Referência de Con-
teúdo. Isso poderá facilitar sua aprendizagem e seu de-
sempenho.

4. INTRODUÇÃO À UNIDADE
Nesta unidade, vamos refletir sobre o pensamento de We-
ber, buscando compreender alguns dos elementos fundamentais
da sua sociologia da religião.
Agora, convidamos você a fazer um estudo dirigido que pos-
sibilitará na construção do seu conhecimento. Caso tenha dúvidas,
lembre-se de que seu tutor e seus colegas de curso estarão à sua
disposição na Sala de Aula Virtual.
Vamos começar?

5. MAX WEBER
Max Weber fornece-nos, neste curso, o primeiro exemplo do
que pode ser chamado de um sociólogo da religião.
O fenômeno religioso não foi o foco das reflexões de Marx,
e mesmo Durkheim somente o estudou como parte de um projeto
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maior para o desenvolvimento da Sociologia como disciplina aca-


dêmica e científica.
Weber dedicou mais do que uma parcela de seus estudos ao
que ele mesmo denominou como esfera religiosa. Foi na área de
Sociologia da Religião que Weber produziu o que provavelmente é
seu trabalho mais influente e, por isso mesmo, mais incorretamen-
te interpretado: A Ética Protestante e o Espírito do Capitalismo.
Apesar da importância da obra, ela não será o único foco das
nossas reflexões.
Vamos, então, compreender um pouco mais sobre a meto-
dologia desenvolvida por esse sociólogo, que é um dos pilares das
Ciências Sociais.
Em outra obra, com a "modesta" extensão de mais de 1200
páginas, intitulada Economia e Sociedade, Weber dedicou um lon-
go capítulo (algo em torno de 170 páginas) para aquilo que cha-
mou de Sociologia da Religião. Isso sem contar suas demais pu-
blicações sobre a temática religiosa, incluindo um famoso estudo
sobre o confucionismo na China.

6. TIPO IDEAL
Passamos, em um momento ou outro, pela experiência de
imaginar uma situação qualquer em nossa mente. O exemplo mais
fácil para trabalharmos, aqui, deve ser o campo amoroso.
Poucos podem dizer que nunca idealizaram a sua compa-
nheira ou seu companheiro ideal, tanto pela aparência física como
pela personalidade. Mesmo sem perceber, a construção que faze-
mos em nossa mente é resultado de seleção de diferentes elemen-
tos que nos atraem em pessoas que conhecemos.
A imagem que construímos é um projeto ideal, que certa-
mente não esperamos encontrar na realidade, a não ser correndo
o grande risco de passarmos toda a vida perseguindo um sonho,

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58 © Sociologia da Religião

acabando frustrados com as pessoas reais com as quais, efetiva-


mente, nos relacionamos.
Mesmo as pessoas que declaram, de maneira absolutamen-
te romântica, que o companheiro ou a companheira é a realiza-
ção dos seus sonhos, não estão querendo dizer que encontraram
a imagem idealizada que construíram em suas mentes, mas sim
que tal imagem os auxiliou a encontrar o par ideal, de tal modo
que, agora, podem se dedicar a construir a melhor vida possível
em conjunto.
A imagem anterior ajuda-nos a entender a metodologia dos
tipos ideais, conforme explicada por Weber. Vamos lembrar que
ele é um sociólogo, preocupado em estudar cientificamente a so-
ciedade. Desse modo, assim como Durkheim, ele não pode pres-
cindir de uma metodologia prévia e claramente definida.
Ele chamou a sua sociologia de interpretativa, ou, como fi-
cou mais conhecida, compreensiva. Em que isso implica? Implica
em que Weber não vai se contentar com as macroexplicações so-
bre a sociedade, voltando seu foco para as diferentes ações dos
indivíduos em sociedade. Segundo Gerth e Mills:
Na sua ênfase metodológica sobre a compreensão do indivíduo
como a unidade final de explicação, Weber polemiza contra o pen-
samento organicista dos conservadores, e também com o uso mar-
xista de significados objetivos de ação social, a despeito da cons-
ciência do agente (GERTH; MILLS, 1982, p. 76).

Weber não acreditava que a sociedade simplesmente se im-


punha sobre os indivíduos, como um processo sobre o qual as pes-
soas não teriam consciência.
Considerando o poder real de coerção da sociedade, Weber
identificava que era a ação dos indivíduos, estimulados por certos
interesses, que movia a sociedade.
Como, então, olhar para a sociedade partindo da ciência?
Vejamos o que Weber nos diz:
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O método científico que consiste na construção de tipos investi-


ga e expõe todas as conexões de sentido irracionais, afetivamente
condicionadas, de comportamento que influem sobre a ação, como
"desvios" de um desenvolvimento da mesma que foi "construída"
como puramente racional com relação a fins. [...] (WEBER, 1997,
p. 7).
"Explicar" significa, desta maneira, para a ciência que se ocupa do
sentido da ação, algo assim como: captar a conexão de sentido
onde se inclui uma ação, já compreendida de modo atual, de acor-
do com seu sentido "subjetivamente mencionado"[...] (Ibid., p. 9).
Para expressar, com estas palavras, algo unívoco, a sociologia deve
formar, da sua parte, tipos puros (ideais) dessas estruturas, que
mostrem a unidade resultante de uma adequação de sentido o
mais plena possível; sendo por isto mesmo tão pouco freqüente na
realidade – na forma pura absolutamente ideal do tipo – como uma
reação física calculada sobre o pressuposto de um espaço absoluta-
mente vazio (Ibid., p. 17).

Vamos nos deter um pouco nas citações anteriores. Em to-


das elas, o assunto é o mesmo, justamente a explicação da meto-
dologia do tipo ideal.
Mas veja que Weber não diz que se trata de uma metodo-
logia exclusiva da Sociologia, mas sim que é um método geral das
diferentes ciências, conforme afirmado na primeira citação.
Sobre esse ponto, veja o que nos dizem Gerth e Mills nova-
mente:
O discutido "tipo ideal", expressão-chave na discussão metodo-
lógica de Weber, refere-se à construção de certos elementos da
realidade numa concepção logicamente precisa. A palavra "ideal"
nada tem com quaisquer espécies de avaliações. Com finalidades
analíticas, podemos construir tipos ideais de prostituição ou líde-
res religiosos. A expressão não significa que profetas ou prostitutas
sejam exemplares ou devam ser imitados como representantes de
um modo de vida ideal.
Usando essa expressão, Weber não queria introduzir um novo ins-
trumento conceptual. Pretendia, simplesmente, dar plena cons-
ciência ao que os cientistas sociais e historiadores vinham fazendo
quando usavam palavras como "o homem econômico", "feudalis-
mo", "arquitetura gótica versus romântica" ou "reinado" (GERTH;
MILLS, p. 78).

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Não se tratava exatamente de um método novo, mas, sim,


de organizar a utilização de uma técnica já empregada por diferen-
tes pesquisadores. Por que organizar? Para dar unidade ao méto-
do, de tal modo que ninguém fosse desculpado ao confundir o tipo
ideal com o tipo efetivamente existente.
Tipo ideal não existe no plano real, ele é uma imagem cons-
truída racionalmente, com o objetivo de auxiliar a análise científica
da realidade. Vem daí a necessidade do alerta de Gerth e Mills: o
tipo ideal não implica em nenhum juízo de valor. Ele não é chama-
do de ideal por ser considerado o modelo que todos devem seguir.
Termo ideal nos liga, aqui, ao sentido de idealizado, imagina-
do, mas com base em características que podem ser encontradas
na realidade.
Entretanto, reside aqui a diferença do conceito científico de
tipo ideal para o exemplo fornecido no começo da unidade. Quan-
do construímos a imagem do nosso amor ideal estamos esperan-
do, muitas vezes, encontrá-lo, de alguma forma, na realidade.
Com base nessa imagem ideal, acabamos por julgar as pes-
soas com as quais nos relacionamos. Se tal julgamento é perigoso
para a sanidade mental de qualquer indivíduo, é inaceitável dentro
da ciência.
Qualquer tipo construído idealmente deve servir para a aná-
lise da realidade, para a verificação de como os fatos efetivamente
se processam, mas não para estabelecer juízos de valor.
Esse ponto é mais importante do que parece, pois nos re-
lembra que estamos discutindo Sociologia da Religião, uma dis-
ciplina acadêmica, distantes, portanto, dos objetivos de qualquer
proselitismo religioso.

O proselitismo é o intento ativo de converter uma ou várias


pessoas a uma determinada religião ou causa.
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Para termos uma noção mais clara vejamos, a seguir, quais


são os tipos puros de ação social, estabelecidos por Weber:
1) Ação racional com relação a fins:
O indivíduo ordena a sua ação visando determinados objetivos,
podendo empregar todos os meios que conseguir mobilizar para
chegar à meta final.
2) Ação racional com relação a valores:
É a pessoa que atua conforme suas convicções (que podem ser
de valores políticos, econômicos, religiosos, familiares, ou quais-
quer outros), sem levar em consideração as conseqüências pre-
visíveis da sua ação. A questão, aqui, não é o final da ação, mas
o portar-se conforme um conjunto de valores em cada ação a
ser realizada. É oposto ao primeiro tipo, que não importa a ação
empregada para se chegar a um fim predeterminado.
3) Ação afetiva ou emotiva:
É agir guiado pelas emoções que o tomam no momento mesmo
da ação. Age deste modo quem se vinga imediatamente de um
fato. É entregar-se às suas paixões de momento, sejam elas su-
blimes ou toscas.
4) Ação tradicional:
É a ação determinada por um costume já arraigado. Uma rea-
ção obscura aos estímulos habituais, que geram atitudes costu-
meiras. Tudo aquilo que fazemos, conscientemente ou não, por
conta do costume que nos foi passado (a tradição). (WEBER, op.
cit., p. 20-21)

É importante perceber que as ações humanas são, na ver-


dade, uma mistura de todos os tipos definidos por Weber, não ha-
vendo ninguém que atue cotidianamente, somente partindo de
um desses tipos. Partindo desses tipos ideais, Weber desdobrará
muitos outros ao longo da sua obra.

7. TIPOLOGIA DA RELIGIÃO
Temos, agora, maiores elementos para conseguirmos enten-
der a análise da religião realizada por Weber. Assim como ele fez
em outros temas, a análise da religião é fundamentada na aplica-
ção da sua teoria para o estudo de casos concretos.

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Seria muito pretensioso tentar sumarizar aqui toda a Socio-


logia da Religião weberiana. Mais interessante será nos determos
em uma reflexão sobre passagens da sua obra mais famosa neste
campo, A Ética Protestante e o Espírito do Capitalismo, o que pode
abrir o caminho para a busca de um aprofundamento no seu co-
nhecimento sobre este autor.

8. A ÉTICA PROTESTANTE E O “ESPÍRITO” DO CAPITA-


LISMO
Antes de qualquer coisa, é necessário explicar o título da
obra de Weber: A Ética Protestante e o “Espírito” do Capitalismo.
Vamos começar por um detalhe que os mais observadores talvez
tenham notado.
Nas duas primeiras vezes em que o título da obra foi cita-
do nesta unidade, a palavra espírito não foi colocada entre aspas
como agora. Inicialmente, foi apresentada a forma como essa obra
de Weber ficou conhecida mundialmente, sem as aspas.
O prof. Dr. Antônio Flávio Pierucci, da FFLCH-USP, dedicou-se
nos últimos anos a resgatar o sentido original da reflexão weberia-
na, em um trabalho extremamente rigoroso. É ele quem nos alerta
para o fato de que Weber publicou duas versões desse texto, a pri-
meira entre 1904 e 1905, trazendo a palavra espírito entre aspas.
Em 1920 surgiu uma nova versão, com diversos acréscimos
feitos pelo autor. Weber não chegou a ver a publicação da nova
edição, pois morreu pouco tempo antes, mas ela já não apresenta-
va as aspas, como na antiga.
Parece uma discussão detalhista e sem sentido? Talvez para
um olhar mais distanciado dos textos originais. Mas veja o que nos
diz o próprio Pierucci:
Quando, há cem anos, apareceu pela primeira vez nas páginas
da revista Archiv für Sozialwissenschaft (1904) o germinal ensaio
de Max Weber sobre a ética ascética do protestantismo puritano
como berço da cultura ocidental moderna, seu título trazia entre
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aspas – aspas de cautela e ao mesmo tempo de ênfase – a palavra


"espírito". Exatamente como na atual edição. Com essa marcação
diacrítica o autor salientava de imediato aos olhos do leitor o que
é que ele, afinal de contras, pretendia identificar, ao lado da ética
religiosa ali no título, como seu "novo" objeto de análise na busca
sociológica de uma relação causal histórica. E esse novo objeto não
era o capitalismo como sistema econômico ou modo de produção.
Era, sim, o capitalismo enquanto "espírito", isto é, cultura – a cul-
tura capitalista moderna, como tantas vezes ele irá dizer –, o capi-
talismo vivenciado pelas pessoas na condução metódica da vida de
todo dia. Noutras palavras, o "espírito" do capitalismo como con-
duta de vida: Lebensführung (PIERUCCI, 2004, p. 7).

Um detalhe, muitas vezes, pode nos dizer tudo (ou mudar


tudo)! As aspas são necessárias para evitar um erro de interpreta-
ção muito comum com esse texto de Weber e sobre o qual falare-
mos logo adiante.
O objetivo da obra que estamos focalizando é identificar al-
gumas relações entre o desenvolvimento da ética protestante, da
visão de mundo que os seguidores das religiões protestantes cons-
troem, com o crescimento de uma cultura capitalista.
Muitas vezes tal relação é apresentada por leitores da obra
weberiana como uma relação de causa e efeito, ou seja, como se
todo o desenvolvimento do mundo capitalista se devesse ao surgi-
mento das religiões protestantes. Não é esse, de forma alguma, o
objetivo do autor e as aspas são importantes para nos lembrarem
disso!
Vejamos algumas passagens dessa obra weberiana para ilus-
trarmos a discussão:
Mas cabe atentar aqui para o que hoje muitas vezes se esquece:
a Reforma significou não tanto a eliminação da dominação ecle-
siástica sobre a vida de modo geral, quanto a substituição de sua
forma vigente por uma outra. E substituição de dominação extre-
mamente cômoda, que na época mal se fazia sentir na prática,
quase só formal muitas vezes, por uma regulamentação levada a
sério e infinitamente incômoda da conduta de vida como um todo,
que penetrava todas as esferas da vida doméstica e pública até os
limites do concebível. (...) A dominação do calvinismo, tal como vi-
gorou no século XVI em Genebra e na Escócia, na virada do século
XVI para o século XVII em boa parte dos Países Baixos, no século

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XVII na Nova Inglaterra e por um tempo na própria Inglaterra, seria


para nós a forma simplesmente mais insuportável que poderia ha-
ver de controle eclesiástico do indivíduo. [...] Não um excesso, mas
uma insuficiência de dominação eclesiástico-religiosa da vida era
justamente o que aqueles reformadores, que surgiram nos países
economicamente mais desenvolvidos, acharam de criticar (WEBER,
2004, p. 30-31).

Vamos olhar com um pouco mais de atenção ao tema de


Weber. Grandes religiões protestantes surgem do movimento que
conhecemos como Reforma.
Normalmente, o que se faz é mostrar as críticas que Lutero
fez à Igreja Católica, passando pelas denúncias das diferentes for-
mas de corrupção que assolavam a instituição. Mas a Reforma de
Lutero foi muito mais do que isso. Tivesse ele somente denunciado
a corrupção eclesiástica e sua obra seria obscurecida pela de Eras-
mo de Roterdã, teólogo católico contemporâneo de Lutero.
O centro da reforma iniciada por Lutero partia de uma inter-
pretação diferenciada das escrituras sagradas (lembra-se da rea-
ção da Igreja contra Leonardo Boff?). Ele acreditava na livre leitura
do texto bíblico, por isso, dedicou-se a traduzi-lo. Não acreditava
na infalibilidade do papa, defendendo, inclusive, o que era chama-
do de "sacerdócio universal".
Mas um ponto fundamental de divergência era a chamada
doutrina da justificação pela fé: acreditava-se que a salvação era
uma graça que somente Deus concedia (a Igreja não teria nenhum
papel nesse processo), a qual deveria ser recebida com base na fé.
Corrupção ilustrada pelo comércio das indulgências, ou seja, o per-
dão concedido com base na compra de títulos emitidos pela Igreja.
A teoria da justificação pela fé abriu caminho para o desen-
volvimento da noção de predestinação na obra de João Calvino,
um seguidor das ideias de Lutero, sobre quem Weber concentra
os seus estudos.
A noção de predestinação no calvinismo (religião derivada
das ideias de Calvino) implica em aceitar a soberania completa de
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Deus, que pode dispor do mundo e de todos os homens da ma-


neira a realizar a Sua Vontade, segundo preceitos que não somos
capazes de compreender.
Cabe ao fiel aceitar os caminhos traçados pela Vontade Divi-
na, transformando toda sua vida em um louvor e penitência cons-
tantes, pois tudo na vida, da atividade mais simples aos momentos
mais sublimes, é expressão da Sua Vontade.
Weber percebeu, em seu trabalho, que a maioria dos mem-
bros da classe burguesa havia aderido ao protestantismo, particu-
larmente na sua vertente calvinista.
Coletando uma série de dados disponíveis, constatou que os
protestantes eram maioria entre os proprietários das grandes for-
tunas. Também constatou que entre os alunos do ensino superior
havia a predominância de protestantes e que os católicos tinham
uma participação reduzida dentro do operariado qualificado em-
pregado nas grandes indústrias. Claro que seus dados referem-se
à realidade européia do período em que escreveu.
Na sua obra, ele determinou, somente, que existem algumas
afinidades entre o pensamento protestante e o desenvolvimento
do capitalismo. Em momento algum ele afirma que o protestantis-
mo originou o capitalismo.
Weber faz questão de frisar, na introdução que escreveu
para ser publicada juntamente com a reformulação do texto em
1920, que o capitalismo, sob diferentes formas e em diferentes
partes do mundo, sempre existiu:
O que importa nessa concepção é a efetiva orientação para um
ajustamento dos lucros ao investimento, por mais primitiva que
seja a sua forma. Neste sentido, o "Capitalismo" e empresas
"capitalistas", inclusive com uma considerável dose de racio-
nalização capitalística, existiram em todos os países civilizados
da Terra, como podemos julgar pelos documentos econômicos
(WEBER, 1996, p. 06).

Nada nos autoriza, como fazem alguns leitores menos aten-


tos da obra de Weber, a pensar que é o protestantismo que dá ori-

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gem e suporte ao capitalismo. O objetivo do autor é mostrar como


um certo tipo de ética religiosa adaptou-se melhor ao que se pode
definir como o “espírito” do capitalismo.
Quais são, então, os pontos de afinidade? A seguir, há outra
passagem para refletirmos:
Eis um exemplo justamente daquela atitude que deve ser chama-
da de “tradicionalismo”: o ser humano não quer “por natureza”
ganhar dinheiro e sempre mais dinheiro, mas simplesmente viver,
viver do modo como está habituado a viver e ganhar o necessário
para tanto. Onde quer que o capitalismo [moderno] tenha dado
início à sua obra de incrementar a “produtividade” do trabalho
humano pelo aumento de sua intensidade, ele se chocou com a
resistência infinitamente tenaz e obstinada desse Leitmotiv [moti-
vo condutor] do trabalho na economia pré-capitalista, e choca-se
ainda hoje por toda parte, tanto mais quanto mais “atrasada” (do
ponto de vista capitalista) é a mão-de-obra da qual se vê depender.
(...) Aliás, a uma consideração desatenta já pôde parecer e ainda
hoje parece que há uma correlação entre salário menor e lucro
maior e tudo que é pago a mais em salários significa por força uma
correspondente diminuição dos lucros. Pois esse caminho, também
o capitalismo desde o início o trilhou e repetidamente tornou a tri-
lhá-lo, e por séculos a fio vigorou como um artigo de fé que salários
baixos eram "produtivos", que eles aumentavam o rendimento do
trabalho e que, como já dizia Pieter de la Cour – em plena concor-
dância, nesse ponto, com o espírito do antigo calvinismo, conforme
veremos: o povo só trabalha porque é pobre, e enquanto for pobre
(Ibid., 2004, p. 53).

O autor holandês Pieter de la Cour afirmou que as pessoas só


trabalham quando são impelidas pela necessidade.

O fragmento anterior pede uma reflexão. O primeiro ponto


destacado é uma afirmação: os seres humanos não desejam traba-
lhar e acumular cada vez mais por instinto. A argumentação desta-
ca que os homens preferem trabalhar somente o necessário para
viver, afirmando que tal ideia concorda plenamente com as ideias
do calvinismo antigo.
Observe que se não há nada de natural no desejo de acumu-
lar e trabalhar sem parar temos, então, um sinal nos indicando que
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tal desejo é cultural. Se é cultural, então, é, necessariamente, uma


construção humana, realizada em ambiente social e transmitida
de uma geração para a outra. Weber nos lembra, então, que por
muito tempo vigorou, nas análises econômicas, uma concepção
que considerava necessário empregar baixos salários, por dois mo-
tivos:
• Primeiro: o pagamento dos salários é considerado parte
dos prejuízos da empresa, ou seja, não é bom para a saúde
financeira da empresa pagar salários melhores. (qualquer
semelhança com a atualidade não é mera coincidência).
• Segundo: conforme o pensamento de que as pessoas
não estão dispostas a trabalhar constantemente, somen-
te para acumular, era necessário estimulá-las para tanto.
Desse modo, a lógica era pagar o valor mínimo necessário
para a sobrevivência do trabalhador, de modo que, para
garantir seu sustento, ele tivesse que voltar sempre no
próximo dia.
Esse é o sentido da última parte da citação, que mostra a po-
breza como uma condição necessária para o desenvolvimento do
capitalismo: somente pessoas mantidas na pobreza, muitas vezes
na miséria, submeteriam-se às condições de trabalho dentro das
indústrias capitalistas, como única alternativa para a sua sobrevi-
vência.
Veja que neste ponto estamos bastante próximos do pen-
samento de Marx, que estudamos na primeira unidade. Qual é,
então, a relação estabelecida com a questão de religião? Weber
vai destacar que é uma relação educativa, pois é a religião que vai
ensinar que o trabalho é um valor:
Pois aqui não se faz indispensável simplesmente um elevado senso
de responsabilidade, mas também uma disposição que ao menos
durante o trabalho esteja livre da eterna questão de como, com um
máximo de comodidade e um mínimo de esforço, ganhar o salário
de costume; e mais, uma disposição de executar o trabalho como
se fosse um fim absoluto em si mesmo – como "vocação". Mas tal
disposição não está dada na natureza. E tampouco pode ser susci-

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tada diretamente, seja por salários altos seja por salários baixos,
só podendo ser o produto de um longo processo educativo (Ibid.,
p. 54).
Os homens trabalham pois são ensinados que o trabalho é uma
atividade que possuí um objetivo muito maior do que a ação efe-
tivamente realizada. O trabalho deve então ser entendido como
uma vocação: "A vocação é aquilo que o ser humano tem de acei-
tar como desígnio divino, ao qual tem de "se dobrar" – essa nuance
eclipsa a outra idéia também presente de que o trabalho profissio-
nal seria uma missão, ou melhor, a missão dada por Deus" (Ibid.,
p. 77).

Desse modo, é necessário perceber que temos uma diferen-


ça importante sendo destacada aqui. No catolicismo, o trabalho
aparece como uma maldição: Adão e Eva são expulsos do Jardim
do Éden e condenados por Deus a trabalhar para que consigam
sobreviver. Todo trabalho, portanto, seria a forma de pagarmos a
penitência imposta diretamente por Deus.
Contudo, encarar a vocação, o trabalho, como uma missão
divina é uma das características da obra de Lutero, apesar do mon-
ge alemão não ter sido o primeiro a pensar de tal forma, é justa-
mente com ele que temos a propagação de tal maneira de encarar
a vocação: o trabalho é um dom, não uma maldição, que deve ser
exercido como missão imposta por Deus. Mas é no calvinismo que
tal concepção encontra o seu maior desenvolvimento, que Weber
vai discutir na maior parte desse texto. Vejamos mais algumas pas-
sagens que nos explicam esse tema:
Weber lembra em seu texto que alguns pensadores místicos
alemães, como os frades dominicanos Johann Tauler, já haviam de-
senvolvido uma concepção semelhante.
O calvinismo foi a fé em torno da qual se moveram as grandes lutas
políticas e culturais dos séculos XVI e XVII nos países capitalistas
mais desenvolvidos – os Países Baixos, a Inglaterra, a França. E é por
isso que nos ocupamos dele em primeiro lugar. Considerava-se na
época e de modo geral se considera ainda hoje a doutrina da pre-
destinação como o mais característico dos dogmas do calvinismo
[...] (Ibid., p. 90).
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Na continuação, Weber faz uma citação da chamada


Confissão de Westminster, elaborada em 1647. O texto faz parte
das profissões de fé do calvinismo:
Capítulo III (do decreto eterno de Deus), n° 3: Por decreto de Deus,
para a manifestação de Sua glória, alguns homens [...] são predes-
tinados (predestinated) à vida eterna, e outros preordenados (fo-
reordained) à morte eterna. N° 5: Aqueles do gênero humano que
estão predestinados à vida, Deus, antes de lançar o fundamento
do mundo, de acordo com Seu desígnio eterno e imutável, Sua se-
creta deliberação e o bel-prazer de Sua vontade, escolheu-os em
Cristo para Sua eterna glória, por livre graça e por amor, sem qual-
quer previsão de fé ou de boas obras, ou de perseverança numa e
noutras, ou qualquer outra coisa na criatura, como condições ou
causas que O movessem a tanto, e tudo em louvor da Sua gloriosa
graça. N° 7: Aprouve a Deus, segundo o desígnio insondável de Sua
própria vontade, pela qual Ele concede ou nega misericórdia como
bem Lhe apraz, deixar de lado o resto dos homens para a glória de
Seu poder soberano sobre Suas criaturas, e ordená-los à desonra e
à ira por seus pecados, para louvor de Sua gloriosa justiça (Ibid., p.
91-92).

Weber lembra-nos, também, que a ideia de predestinação


vai diminuindo nas obras de Lutero ao longo de sua vida, enquan-
to, em Calvino, o processo é o contrário; ela vai aumentando.
O que temos aqui definido? Primeiro vamos lembrar uma
relação que já aparece claramente na primeira citação: a relação
entre o calvinismo e os países capitalistas mais desenvolvidos. Veja
que, entre os três países mencionados na passagem, podemos des-
tacar, claramente, a Inglaterra, considerada a pioneira justamente
do processo conhecido como Revolução Industrial, força motriz da
expansão capitalista pelo mundo.
Agora, devemos estabelecer claramente as relações entre a
ética religiosa calvinista e o desenvolvimento do capitalismo. Ini-
cialmente, é preciso ficar claro que Weber não pretende, em mo-
mento algum, afirmar que o capitalismo foi o resultado final da
ética protestante.
No desenvolvimento do capitalismo, na condição de siste-
ma econômico e político, diversos outros fatores foram determi-

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nantes, entre eles a religião calvinista, mas não necessariamente


o mais determinante, nem mesmo indispensável. O capitalismo
desenvolveu-se, também, em países onde o calvinismo não exer-
ceu tanta influência, como Weber mesmo nos lembra: "Capitalis-
mo existiu na China, na Índia, na Babilônia, na Antigüidade e na
Idade Média, mas, como veremos, faltava-lhe precisamente esse
ethos peculiar." (Ibid., p. 45). Ou seja, o calvinismo introduziu um
elemento novo no capitalismo, relacionado justamente com a sua
ética, com a doutrina da predestinação. Em uma das notas, Weber
também faz questão de ressaltar:
Claro que estamos falando da empresa racional moderna específi-
ca do Ocidente, não do capitalismo dos usurários, financiadores de
guerras, arrendatários dos cargos públicos e da coleta de impostos,
dos grandes mercadores e dos magnatas das finanças, dispersos
pelo mundo há três milênios já, na China, na Índia, na Babilônia, na
Grécia, em Roma, em Florença, até os dias de hoje (Ibid., p. 181).

Portanto, fica claro que não se trata de uma relação de ori-


gem entre o capitalismo e o calvinismo. Weber está falando da
empresa racional moderna ocidental, ou seja, do tipo de capita-
lismo que vai começar a se desenvolver em algumas nações euro-
péias. Veja como tal maneira de organizar a reflexão faz parte das
preocupações metodológicas do autor! Como sociólogo, ele não
vai realizar uma afirmação generalizante, não vai ter a pretensão
de explicar o sistema capitalista como um todo, como se o mesmo
não tivesse variação.
Nesse caso, o autor delimita claramente o seu objeto de
estudo: um tipo de movimento religioso, em algumas regiões es-
pecíficas e, novamente, alerta: “O calvinismo foi historicamente
um dos portadores da educação para o ‘espírito do capitalismo’”
(Ibid., p. 181). Novamente: “um” dos portadores, e não "o" porta-
dor exclusivo!
O ponto central da relação entre o calvinismo e o desenvol-
vimento desse tipo de capitalismo é justamente a doutrina da pre-
destinação: "O trabalho social do calvinista no mundo é exclusiva-
mente trabalho in majorem Dei gloriam (para aumentar a glória de
Deus)" (Ibid., p. 99).
© U3 - Weber: Racionalidade e Esfera Religiosa 71

Na medida em que nossos destinos já estão determinados,


tudo acontece por vontade exclusiva de Deus. O sucesso profis-
sional também. Mas trabalhar é uma obrigação, pois o trabalho é
uma forma de louvar a Deus, empregando os dons que dele rece-
bemos.
Para o protestante, todos os momentos da vida são encara-
dos como uma forma de oração. É interessante destacar que uma
das críticas dirigidas contra a Igreja Católica do período da reforma
era justamente sua intromissão em todos os assuntos.
Com Lutero e os demais reformadores, o que temos? Te-
mos o desenvolvimento de uma nova religião, na qual todas as
dimensões da vida são encaradas como uma forma de louvor. Do
momento em que se levanta ao momento em que vai se deitar,
o homem é obrigado a manter-se em um estado permanente de
graça, pois não há outra maneira de descobrir se você se encontra
entre os escolhidos:
Uma questão impunha-se de imediato a cada fiel individualmente
e relegava todos os outros interesses a segundo plano: Serei eu um
dos eleitos? E como eu vou poder ter certeza dessa eleição? Para
Calvino pessoalmente, isso não era problema. Ele se sentia uma
"ferramenta" de Deus e tinha certeza do seu estado de graça. Assim
sendo, para a pergunta de como o indivíduo poderia certificar-se de
sua própria eleição, no fundo ele tinha uma resposta só: que deve-
mos nos contentar em tomar conhecimento do decreto de Deus e
perseverar na confiança em Cristo operada pela verdadeira fé. [...]
Com efeito, na medida em que a doutrina da predestinação não se
altera, nem se atenua e nem é fundamentalmente abandonada,
surgem na cura de almas dois tipos básicos de aconselhamento,
muito característicos e mutuamente relacionados. De um lado,
torna-se pura e simplesmente um dever considerar-se eleito e re-
pudiar toda e qualquer dúvida como tentação do diabo, pois a falta
de convicção, afinal, resultaria de uma fé insuficiente e, portanto,
de uma atuação insuficiente da graça. [...] E, de outro lado, distin-
gue-se o trabalho profissional sem descanso como o meio mais
saliente para se conseguir essa autoconfiança. Ele, e somente ele,
dissiparia a dúvida religiosa e daria a certeza do estado de graça
(Ibid., p. 100-102).

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72 © Sociologia da Religião

Resumindo, é um dever considerar-se parte dos eleitos e


trabalhar constantemente para adquirir confiança nisso, pois ao
alcançar o sucesso profissional e pessoal certamente saberia que
Deus a escolheu. Afinal:
Só quem é eleito possui a verdadeira fides efficax (fé eficaz), só ele
é capaz, por conta do seu renascimento (regeneratio) e da santi-
ficação (sanctificatio) da sua vida inteira, de aumentar a glória de
Deus por meio de obras boas realmente, não apenas aparentemen-
te boas (Ibid., p. 104).

Ou seja, a certeza da salvação surge naquele que realmente


voltou toda a sua vida para a glória de Deus, empregando os dons
que recebeu em obras verdadeiramente boas.
O trabalho surge, portanto, como uma forma de louvor. Ha-
via muito de novidade nesse fato, pois Weber nos lembra de que
no catolicismo somente os monges levavam uma vida metodica-
mente religiosa:
Mas isto é que foi decisivo: o indivíduo que par excellence [por ex-
celência] levava uma vida metódica no sentido religioso era e conti-
nuou sendo, única e exclusivamente, o monge, e portanto a ascese,
quanto mais intensamente tomava conta do indivíduo, mais o apar-
tava da vida cotidiana, já que a vida especificamente santa consistia
mesmo em suplantar a moralidade intramundana. Quem primeiro
deixou isto de lado [...] foi Lutero (Ibid., p. 110).

Informação Complementar––––––––––––––––––––––––––––––
A ascese diz respeito a todas as práticas necessárias para uma vida religiosa,
como orações, meditação, penitências, etc. Intramundano refere-se a tudo que
acontece neste mundo, portanto superar a moralidade intramundana significa
abraçar completamente os valores religiosos, pautados por uma moralidade ex-
tramundana, de tudo aquilo que transcende o nosso mundo, ou seja, o divino.
––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––
Veja, então, que no catolicismo aquele que pretendia seguir
uma vida perfeitamente religiosa neste mundo acabava na verda-
de afastado dele, pois precisava se retirar para os mosteiros e con-
ventos.
Lutero e Calvino mudaram tal realidade, de tal modo que:
[...]agora cada cristão devia ser um monge ao longo de toda sua
vida. [...] Só que o calvinismo, na seqüência de seu desenvolvimen-
© U3 - Weber: Racionalidade e Esfera Religiosa 73

to, acrescentou a isto um aporte positivo: a idéia da necessidade


de uma comprovação da fé na vida profissional mundana (Ibid., p.
110).

A relação entre a ética protestante, a ética da predestinação


que valoriza o trabalho como forma de louvor, e o chamado "es-
pírito" do capitalismo deve, então, ter ficado clara. O capitalismo
é o sistema que, ao explorar ao máximo o trabalho humano, tam-
bém valoriza ao máximo as suas potencialidades. Qual operário
pode ser melhor do que aquele que acredita ser seu trabalho uma
forma de louvor e de busca da resposta para o mistério divino da
predestinação?
Para terminarmos, é preciso ressaltar que a construção feita
por Weber sobre o protestantismo calvinista e sua relação com
o capitalismo é realizada dentro da metodologia dos tipos ideais
que vimos aqui. Não devemos, portanto, ater-nos a ela como um
retrato absoluto da realidade. Com tal observação e a certeza de
que existe muito para se pensar no momento, vamos fazer uma
parada, preparando-nos para a próxima unidade.

9. QUESTÕES AUTOAVALIATIVAS
Confira, na sequência, as questões propostas para verificar
seu desempenho no estudo desta unidade:
1) Explique como funciona o método Weberiano de análise da sociedade por
meio dos tipos ideais.

2) Vimos a discussão sobre a retirada das aspas do título original da obra de


Weber A Ética Protestante e o Espírito do Capitalismo. De que maneira tal in-
formação nos auxilia na interpretação correta das reflexões e análises dessa
obra fundamental de Weber?

3) Quais as relações que o autor estabeleceu entre o desenvolvimento da ética


religiosa calvinista e o que chamou de “espírito” do capitalismo.

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10. CONSIDERAÇÕES
Você pôde estudar nesta unidade o pensamento de Weber,
como ele compreendia a ética protestante e o espírito capitalista.
Lembre-se sempre de que existe uma relação de afinidade
entre ambas, mas que ela não é uma relação determinante para o
desenvolvimento do capitalismo nem do protestantismo quando
considerados separadamente.

11. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS


GERTH, H. H.; MILLS, C. W. (Orgs.). Max Weber – ensaios de Sociologia. 5. ed. Rio de
Janeiro: Guanabara Koogan, 1982.
MILLS, C. W. A imaginação sociológica. Rio de Janeiro: Zahar, 1965. Avançados, v.18, n.
52, p.17-28, dez. 2004.
WEBER, M. A psicologia social das religiões mundiais. In: GERTH, H. H.; MILLS, C. W.
(Orgs.). Ensaios de Sociologia. 5. ed. Rio de Janeiro: Guanabara, 1982.
______. Rejeições religiosas do mundo e suas direções. 3. ed. São Paulo: Abril Cultural,
1985. (Col. Os Pensadores).
______. A ética protestante e o espírito do capitalismo. 10. ed. São Paulo: Pioneira, 1996.
______. A ética protestante e o espírito do capitalismo. São Paulo: Cia das Letras, 2004.
______. Economia y Sociedad. 2. ed. México: Fondo de Cultura Económica, 1997.

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