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O que

respondi... ao
cristianismo não
denominacional
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A redação dos textos aqui apresentados tem por objetivo complementar e explicar a

argumentação das perguntas expostas neste artigo. São um livre comentário de Luiz

Claudio Pereira de Oliveira, pastor auxiliar da Assembleia de Deus em Santos

Dumont. Inúmeras obras são citadas no final deste artigo e parte dos comentários

foram delas embasadas e extraídas. O objetivo deste tratado não é a exploração

comercial, financeira e nem a reprodução destes comentários para fins comerciais,

sendo aqui meu objetivo expresso a edificação espiritual daqueles que tiverem acesso

a estas informações.

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Meus Fundamentos Bíblicos ao Cristianismo Denominacional

Introdução

A paz do Senhor.
Antes de explorarmos a questão de algumas respostas permita-me fazer
algumas considerações.
Com relação a minha fé, muitos dos questionamentos aqui exposto não
embasam minhas crenças e creio que isto vale para muitos daqueles que seguem
piamente a Cristo. Algumas perguntas são apresentas como se muitas das práticas
aqui mencionadas fossem algo comum. Há muitos elementos estranhos que não
fazem parte do meu escopo litúrgico. A palavra fundamento então não se adequa
ao conteúdo que se propõe estes questionamentos.
Outro ponto: “...há muitas igrejas que não pregam mais o verdadeiro
evangelho, há muitos líderes inescrupulosos que por ganância e amor ao lucro,
transformam a igreja em uma empresa particular, o evangelho num produto, o
púlpito em balcão, o templo em uma praça de negócios, os crentes em consumidores.
Esses líderes não querem servir o povo, querem se servido do povo, não apascentam
as ovelhas de Cristo, mas arrancam a lã. Não estão interessados na salvação de
vidas, mas na riqueza pessoal… Precisamos repudiar o falso evangelho”. Porém
“...precisamos afirmar, que ainda existe o verdadeiro evangelho, a verdadeira igreja,
os verdadeiros ministros de Deus que pregam com fidelidade a palavra de Deus”.
Com relação a uma parte das perguntas são legítimas e louváveis, outras
nem tanto. Algumas temos respostas simples, outras talvez não tenhamos sequer
uma resposta dentro do contexto escriturístico. E porque não temos? Onde a Bíblia
se cala, por meu zelo, não me atrevo a falar.
Muito do ritualístico dos cultos modernos tem relação com a cultura local,
são adaptações locais e logo não necessariamente expostos pela Bíblia. Isto é visto
e também contemplado pelas Escrituras. Ha questões neste estudo que tocam
questões culturais dos tempos bíblicos. Veremos isto aqui.
Um outro aspecto: posso eu condenar aquilo que a Palavra não condenada?
Se há uma direção em determinado aspecto de minha vida pelo viés das Escrituras
devo acatá-lo, porém de modo algum posso produzir um juízo sobre algo que não
entendo, algo não explícito, de interpretação difícil, texto único ou não mencionado
nas páginas sagradas. Quando digo isso, não estou relativizando o meu modo de
adoração, visto que, apesar da ausência de alguns pormenores não citados na Bíblia,
como princípio básico, a ordem e a decência devem reger o meu proceder no culto
prestado a Deus.

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Por outro lado, devo tomar alguns cuidados. Se não faço isso, começo a
entrar em um campo condenado por Jesus.
Nos tempos de Jesus, havia um grupo religioso de homens que falaram
onde a Bíblia não falou. Eram bem-intencionados, mas falharam pelos exageros. O
erro não estava em contrariar os preceitos de Deus, mas em acrescentar minúcias,
detalhes que não estavam expostos na lei. O maior problema destes zelosos homens
é que fizeram destes tratados, pesados fardo para todo o povo. Estes acréscimos
passaram a ser aceitos como a própria Palavra. Onde o texto não era tão claro, onde
havia dúvidas, eles usavam a tradição. Quando entramos neste campo corremos um
sério risco e mais do que isto, nos tornarmos legalistas e acreditamos que somos
melhores por fazemos isto, por fazemos aquilo ou por fazemos aquilo outro.
E mais, achamos que somos melhores, passamos a pensar que somos
perfeitos. Nos escoramos em regras e deixamos a Graça inefável de Deus em um
segundo plano. Ledo engano, como disse Tiago: "aquele que cumpre toda palavra,
mas deixa de fora um só ponto, se torna culpado em todos os outros. Alguém aqui
cumpre toda Palavra?
Infelizmente muitos tem entrado pelo caminho da tradição, citando a Bíblia
isoladamente e se esquecendo do espírito dela, se esquecendo que "...onde está
Espírito de Deus aí a liberdade", esquecendo da "liberdade que temos em Cristo” e
passando a ser escravos de textos isolados.
Pois bem, gostaria de esclarece algo mais. Para respondermos algumas
perguntas precisamos usar alguns princípios. Vou fazer uso deles. A Palavra de Deus
é infalível, mas esta infalibilidade vinculasse ao modo que faço a exegese do texto.
Dito isto, vamos observar o seguinte: a interpretação deve ser baseada em alguns
contextos: o histórico, o cultural, o gramatical, o etimológico, o geográfico, entre
outros. Se negligenciamos estes contextos, vamos incorrer em sérios riscos. Nesta
condição, passamos a entrar em conjecturas e subjetivismo. Não é de se esquecer
que para aquele grupo de fariseus, tão doutos, Jesus em termos de correção disse:
"Ide e aprendei o que eu quero dizer".
Outro ponto, não sei se estou equivocado, mas vi o tom desafiador de
algumas perguntas. Se isto é verdade não é bom. Ultrapassa a simplicidade do
aprender o evangelho. Um espírito de humilde deve sempre nos acompanhar. A
soberba precede a ruína e a altivez de espírito a queda. Por maior e mais profundo
que seja o meu conhecimento nas Sagradas Escrituras isto não é e nem deve ser
motivo para vanglorias. Nosso saber é nada. É trapos de imundícia aos olhos de Deus.
Puro legalismo.
Devemos ter o cuidado de não entrar no caminho de João e Tiago. Ao se
depararem com alguns samaritanos que eram vistos como obstáculos chegaram a
usar a Palavra: "Senhor, quer que mandemos descer fogo do céu sobre eles como
Elias fez". A resposta ao legalismo, a soberba e autoritarismo deles foi simples por

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parte de Jesus: "De que espírito sois?". O legalismo é péssimo professor. Devemos
ser humildes. O nosso conhecimento é tão ínfimo que o espírito de arrogância e
soberba é algo que devemos abandonar completamente, se é que queremos servir a
Cristo. Por isso vou procurar responder com temor e tremor a razão da esperança
que habita em mim. O legalismo é o estilo de vida de pessoas que acreditam que o
cumprimento das regras torna o indivíduo merecedor do favor e da salvação divina.
Legalismo significa pôr as regras acima de Deus e das necessidades
humanas. É o estilo de vida de pessoas que acreditam que o cumprimento das regras
torna o indivíduo merecedor do favor e da salvação divina. Esse pensamento não é
Bíblico e foi condenado por Cristo. Vejamos o que a Bíblia diz:

Lucas 18:11- 14 – “O fariseu, posto em pé, orava de si para si mesmo, desta


forma: Ó Deus, graças te dou porque não sou como os demais homens,
roubadores, injustos e adúlteros, nem ainda como este publicano; jejuo duas
vezes por semana e dou o dízimo de tudo quanto ganho. O publicano, estando
em pé, longe, não ousava nem ainda levantar os olhos ao céu, mas batia no
peito, dizendo: Ó Deus, sê propício a mim, pecador! Digo-vos que este desceu
justificado para sua casa, e não aquele; porque todo o que se exalta será
humilhado; mas o que se humilha será exaltado. “

Mateus 12:9-12 – “Partindo dali, entrou Jesus na sinagoga deles. E eis que
estava ali um homem que tinha uma das mãos atrofiadas; e eles, para
poderem acusar a Jesus, o interrogaram, dizendo: É lícito curar nos sábados?
(Claro que eles queriam que Jesus dissesse ‘Sim’ para poder prendê-lo). “E ele
lhes disse: Qual dentre vós será o homem que, tendo uma só ovelha, se num
sábado ela cair numa cova, não há de lançar mão dela, e tirá-la? Ora, quanto
mais vale um homem do que uma ovelha! Portanto, é lícito fazer bem nos
sábados.”

O legalismo é uma forma de escravidão.

Gálatas 4:8-9 – “Outrora, quando não conhecíeis a Deus, servíeis aos que por
natureza não são deuses; agora, porém, que já conheceis a Deus, ou, melhor,
sendo conhecidos por Deus, como tornais outra vez a esses rudimentos fracos
e pobres, aos quais de novo quereis servir?”

O legalismo pode ter aparência, mas é destrutivo.

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Colossenses 2:23 – “As quais têm, na verdade, alguma aparência de sabedoria
em culto voluntário, humildade fingida, e severidade para com o corpo, mas
não têm valor algum no combate contra a satisfação da carne.”

Somos salvos pela graça, mediante a fé em Jesus Cristo e não pelas obras.

Efésios 2:8-10 – “Porque pela graça sois salvos, por meio da fé; e isto não
vem de vós, é dom de Deus.”

Que possamos nos firmar nas Escrituras, tendo a certeza de que não é por
nossas obras que somos salvos, mas unicamente pela graça, mediante a fé em Jesus.
Saindo destas considerações entremos na questão das perguntas. Não vou
responder na ordem. Também não devo abordar todas. Onde a Palavra se cala vou
evitar comentar, se não há uma lei, logo não há transgressão. E mais, prioridade
será dada para perguntas que apresentam referências textuais bíblicas. Não vou me
ater em perguntas que advém de assuntos que não são expostos na Bíblia.
Partiríamos para um campo infrutífero, de especulações e quiçá em um campo de um
viés teológico não explorado pela Palavra. Defender este tipo argumentação nos
conduzirá para as raias do partidarismo faccioso, que é uma obra da carne. Paulo
disse: “Não entreis em questões loucas a respeito da fé...”
Dito isto, vejamos as perguntas e a seguir passaremos a tratar de algumas
respostas:

Um desafio ao fundamento bíblico do cristianismo denominacional

1. Que autoridade nos dá a Palavra de Deus para estabelecermos igrejas


denominacionais ou não denominacionais em meio ao testemunho cristão, quando
as Escrituras condenam a criação de seitas e divisões entre os crentes? (1 Co 1:10;
3:3; 11:18-19)

2. Com que autoridade vinda de Deus os cristãos denominam suas assim chamadas
"igrejas" como Presbiteriana, Batista, Pentecostal, Aliança, Cristã Reformada,
Anglicana etc., quando não há na Bíblia instruções para nos reunirmos em qualquer
outro nome além do nome do Senhor Jesus Cristo? (Mt 18:20; 1 Co 5:4)

3. Com que autoridade os cristãos denominam seus grupos eclesiásticos em honra


de proeminentes e dotados servos do Senhor, como Luterana (Martinho Lutero),
Menonita (Menno Simons), Metodista-Wesleyana (John Wesley) etc., quando as
Escrituras denunciam a formação de grupos de cristãos em torno de um líder na
igreja? (1 Co 1:12-13; 3:3-9)

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4. Que autoridade os homens receberam de Deus para estabelecerem essas igrejas
segundo distinções nacionais, como "Igreja da Inglaterra", "Irmãos Menonitas
Chineses", "Igreja Ortodoxa Grega", "Batista Filipina", "Igreja de Deus Alemã" etc.,
quando as Escrituras nos dizem que não existem distinções nacionais ou sociais na
igreja de Deus? (Cl 3:11)

5. Que autoridade têm os cristãos para ornamentarem seus lugares de adoração à


semelhança do tabernáculo e do templo da ordem judaica do Antigo Testamento?
Muitos desses edifícios, chamados de "igrejas", são ornamentados com ouro e outros
materiais preciosos. Muitos desses edifícios, chamados "igrejas", têm um altar.
Outros têm partes do prédio destacadas como sendo mais sagradas do que outras.
Que autoridade têm os cristãos para emprestarem coisas assim do judaísmo, quando
a Bíblia indica que o cristianismo não é uma extensão da ordem judaica, mas possui
um caráter totalmente novo de aproximar-se de Deus? (Hb 10:19-20; 13:13; Jo
4:23-24)

6. Acaso existe qualquer fundamento na Palavra de Deus para a existência de


campanários, cruzes e outras coisas que são construídas nessas assim chamadas
"igrejas"?

7. Será que existe qualquer base na Palavra de Deus para chamar esses edifícios de
"igrejas"? A definição bíblica de "igreja" é de uma reunião de crentes que, pelo
evangelho, foram chamados para fora, tanto dentre os judeus como dentre os
gentios, e são unidos em um único corpo a Cristo, sua Cabeça no céu, pela habitação
do Espírito Santo. (At 11:22; 15:14; 20:28; Rm 16:5; 1 Co 1:2; Ef 5:25)

8. Que autoridade as Escrituras dão para se colocar um homem na igreja (chamado


de Ministro ou Pastor) para "conduzir" a adoração? As Escrituras ensinam que o
Espírito de Deus foi enviado ao mundo para guiar a adoração cristã (Fp 3:3; Jo 4:24;
16:13-15). A Bíblia indica que é o Senhor, por intermédio do Espírito, quem preside
na assembleia dos santos e dirige os procedimentos do modo como Lhe apraz. (1 Co
12:11; Fp 3:3)

9. Com que autoridade das Escrituras os cultos de adoração nessas igrejas são
organizados com antecedência? Em algumas se costuma distribuir um programa
descrevendo a ordem como se dará a adoração naquele dia em particular.

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10. Com que autoridade das Escrituras esses cultos nas igrejas são chamados de
"adoração", quando eles geralmente se constituem de apresentações musicais e de
um homem ministrando um sermão?

11. Que autoridade o Novo Testamento dá para se utilizarem instrumentos musicais


na adoração cristã? A adoração cristã é aquela produzida no coração pelo Espírito de
Deus, e não por meios mecânicos através de mãos humanas. (At 17:24-25)

12. Com que autoridade das Escrituras são repetidas orações escritas previamente
e impressas em livros de oração durante as reuniões da igreja? A Bíblia diz que não
deveríamos usar de vãs repetições em nossas orações, mas que estas deveriam ser
nossas próprias palavras saídas do coração. (Mt 6:6-8; Tg 5:16; Sl 62:8)

13. Que autoridade há para se ensaiar os Salmos nos chamados "cultos de


adoração", quando os Salmos expressam os sentimentos de pessoas que não
estavam sobre um fundamento cristão e nem conheciam os privilégios cristãos?

14. Por que a maioria das igrejas celebra a ceia do Senhor uma vez por mês ou a
cada 3 meses, quando o costume da igreja nas Escrituras, inicialmente estabelecido
pelo ministério de Paulo, era de se partir o pão a cada dia do Senhor? (At 20:7)

15. Que autoridade há nas Escrituras do Novo Testamento para se designar um coro
de cantores treinados para ajudar na adoração cristã?

16. Que autoridade há nas Escrituras para o uso de vestimentas especiais durante os
cultos de adoração cristã? Os corais costumam estar vestidos assim e dependendo
do lugar o Ministro também usa uma vestimenta característica.

17. Que autoridade têm essas igrejas para permitir que mulheres preguem e
ensinem publicamente, quando a Bíblia diz que o papel das irmãs não é uma atuação
pública na igreja, seja na administração, seja no ensino e pregação? As Escrituras
dizem que elas devem permanecer em silêncio na assembleia. (1 Co 14:34-38; 1 Tm
2:11-12)

18. Que autoridade há para as mulheres dessas igrejas orarem e profetizarem


(ministrarem a Palavra) com suas cabeças descobertas, quando a Palavra de Deus
diz que deveriam cobrir a cabeça? (1 Co 11:1-16)

19. Que autoridade as Escrituras dão para permitir que apenas certas pessoas (como
o Pastor ou Ministro) se ocupem do ministério da Palavra de Deus? Por que não há

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liberdade nessas igrejas para todos os que forem capacitados ministrarem guiados
pelo Espírito? A Bíblia ensina que quando os cristãos se reúnem em assembleia, todos
(os varões) devem ter liberdade para ministrar conforme o Senhor guiá-los por
intermédio do Espírito. (1 Co 12:6, 11; 14:24, 26, 31)

20. Que autoridade as Escrituras dão para apoiar a ideia de que uma pessoa precisa
ser ordenada para estar no ministério? Não existe na Bíblia um pastor, mestre,
evangelista, profeta ou sacerdote que tenha sido ordenado para pregar ou ensinar!
As Escrituras ensinam que o simples fato de uma pessoa possuir um dom espiritual
é sua garantia para usá-lo! (1 Pd 4:10-11)

21. Que autoridade as Escrituras dão para fundamentar a ideia de que existem hoje
no mundo homens que teriam poder para ordenar outros? Onde eles conseguiram tal
poder?

22. Acaso existe qualquer autoridade para dar a pessoas títulos de "Pastor" (por
exemplo, "Pastor João"), quando nas escrituras esse dom nunca foi atribuído a
alguém como um título?

23. Onde nas Escrituras existe autoridade para fazer de um homem o Pastor de uma
igreja local quando as Escrituras nunca falam do dom de pastor como um ofício local?
(Ef 4:11)

24. Com que autoridade das Escrituras os assim chamados Ministros se denominam
a si mesmos "Reverendos", quando a Bíblia diz que "Reverendo" é o nome do Senhor?
(Sl 111:9 versão inglesa) Alguns clérigos adotam o nome "Padre" ("Pai"), apesar de
as Escrituras deixarem claro que não deveríamos chamar ninguém de "Pai"! Outros
adotam o título de "Doutor" (que significa 'mestre' ou 'instrutor' em latim) quando as
Escrituras também dizem para não procedermos assim. (Mt 23:8-10)

25. Seria a escolha de seu "Pastor" ou "Ministro" por uma igreja uma prática com
base nas Escrituras? O procedimento usual é que o candidato a "Pastor" seja
convidado por uma igreja para ter a oportunidade de provar que é qualificado para o
posto ministrando alguns sermões. Se a sua pregação for aceitável, então a igreja
(geralmente através de um corpo de diáconos) irá elegê-lo para ser seu "Pastor"
local. Estaria este procedimento de acordo com a Palavra de Deus?

26. Onde nas Escrituras há autoridade para essas igrejas escolherem seus anciãos?
Não existe na Bíblia uma única igreja que tenha escolhido seus anciãos.

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27. Com que autoridade das Escrituras as igrejas tornam alguns dias "santos" e
observam festas cristãs como Sexta Feira Santa, Dia de Todos os Santos, Quaresma,
Natal etc.? As Escrituras dizem que o cristianismo não tem nada a ver com épocas e
dias especiais. (Gl 4:10; Cl 2:16)

28. Que autoridade das Escrituras têm aqueles que ministram nos púlpitos dessas
igrejas para ensinar doutrinas erradas como Teologia do Pacto, Amilenialismo,
Segurança Condicional, Purgatório, Absolvição, Guarda da Lei etc.?

29. Acaso existe autoridade das Escrituras para se promover reuniões de


"Testemunho", onde um homem se levanta e diz para a audiência como ele foi salvo,
geralmente descrevendo sua vida passada de pecados?

30. Que autoridade há no Novo Testamento para se recolher dízimo (10 % de nossa
receita) da audiência, quando o dízimo é claramente uma lei Mosaica dada para
Israel? (Lv 27:32, 34; Nm 18:21-24)

31. Onde há nas Escrituras base para campanhas para se levantar fundos e pedir
doações de audiências mistas de salvos e perdidos nessas igrejas? A Bíblia indica que
os servos do Senhor não tomavam "coisa alguma" das pessoas deste mundo que não
eram salvas, quando pregavam o evangelho a elas. (3 Jo 7)

32. Seriam os seminários e escolas bíblicas o modo de Deus preparar um servo para
o ministério? Conceder e receber diplomas e títulos (como Doutor em Divindade)
seria uma prática fundamentada nas Escrituras? A Bíblia diz que não devemos dar
títulos honoríficos uns aos outros. (Jó 32:21-22; Mt 23:7-12)

33. Será que existe qualquer fundamento na Palavra de Deus para essas igrejas
enviarem Ministros e Pastores para um determinado lugar para executarem uma obra
para o Senhor? Costumamos ouvir comentários como, "o Pastor fulano foi enviado
por tal organização". As Escrituras mostram que Cristo, a Cabeça da igreja e Senhor
da seara, é quem envia os Seus servos para a obra que preparou para eles, por meio
da direção do Espírito, e que a igreja deve tão somente reconhecer isso estendendo
ao servo a destra à comunhão. (Mt 9:38; At 13:1-4; Gl 2:7-9).

34. Onde nas Escrituras vemos a ideia da igreja ser uma organização que ensina?
Costumamos ouvir pessoas dizendo, "Nossa igreja ensina que..." Na Bíblia não vemos
a igreja ensinando, mas sendo ensinada por indivíduos que são levantados pelo
Senhor. (At 11:26; Rm 12:7; Ap 2:7, 11, 17, 29; 3:6, 13, 22; 1 Ts 5:27).

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Respostas

Perguntas 1, 2, 3, 4 e 7

1. Que autoridade nos dá a Palavra de Deus para estabelecermos igrejas


denominacionais ou não denominacionais em meio ao testemunho cristão, quando as
Escrituras condenam a criação de seitas e divisões entre os crentes? (1 Co 1:10;
3:3; 11:18-19)

2. Com que autoridade vinda de Deus os cristãos denominam suas assim chamadas
"igrejas" como Presbiteriana, Batista, Pentecostal, Aliança, Cristã Reformada,
Anglicana etc., quando não há na Bíblia instruções para nos reunirmos em qualquer
outro nome além do nome do Senhor Jesus Cristo? (Mt 18:20; 1 Co 5:4)

3. Com que autoridade os cristãos denominam seus grupos eclesiásticos em honra de


proeminentes e dotados servos do Senhor, como Luterana (Martinho Lutero),
Menonita (Menno Simons), Metodista-Wesleyana (John Wesley) etc., quando as
Escrituras denunciam a formação de grupos de cristãos em torno de um líder na
igreja? (1 Co 1:12-13; 3:3-9)

4. Que autoridade os homens receberam de Deus para estabelecerem essas igrejas


segundo distinções nacionais, como "Igreja da Inglaterra", "Irmãos Menonitas
Chineses", "Igreja Ortodoxa Grega", "Batista Filipina", "Igreja de Deus Alemã" etc.,
quando as Escrituras nos dizem que não existem distinções nacionais ou sociais na
igreja de Deus? (Cl 3:11)

7. Será que existe qualquer base na Palavra de Deus para chamar esses edifícios de
"igrejas"? A definição bíblica de "igreja" é de uma reunião de crentes que, pelo evangelho,
foram chamados para fora, tanto dentre os judeus como dentre os gentios, e são unidos
em um único corpo a Cristo, sua Cabeça no céu, pela habitação do Espírito Santo. (At
11:22; 15:14; 20:28; Rm 16:5; 1 Co 1:2; Ef 5:25)

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“Ainda tenho outras ovelhas que não são deste aprisco”.

É bom saber que as ovelhas de Cristo estão em outros apriscos. Combinação


perfeita: ovelhas e aprisco. É importante que as ovelhas estejam no aprisco...

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Vou iniciar as respostas destas perguntas usando um princípio de
comparação. Imaginem uma pessoa que:

• Teve decepção com lideranças da instituição;


• Não concorda com a maneira de governo da igreja;
• Está descontente com os ensinos bíblicos;
• Não considera seus líderes e tem aversão a qualquer autoridade eclesiástica
• Não concorda com a ética pregada;
• Não aceita disciplina sobre suas vidas;
• Não querem ter compromisso com nada, somente consigo mesmos;
• Defende sua definição de igreja como a definição mais autêntica e bíblica;
• Agem sempre atestando que estão sob a direção de Deus e seu Espírito;
• Foi criado na igreja evangélica, mas nunca tiveram uma experiência real com
Cristo;
• Foi machucada de mil formas na comunidade em que participavam e resolveu
romper a ligação com a comunidade local;
• Acredita que a igreja não precisa de dízimos e ofertas;
• Continua crendo em Cristo e em partes da Bíblia que selecionaram como
verdade para si mesmos, ao seu bel prazer;
• Não frequenta regularmente, e vive a criticar a igreja. Vive a buscar textos e
textos bíblicos para acusar os defeitos da igreja ou para justificar todos os seus
atos (certos e errados);
• Criticam a igreja “institucional”, mas aproveita as mensagens que são
pregadas, os livros escritos, os textos publicados na internet e em outras mídias
por pastores e líderes dessas igrejas, que são alvos das suas críticas;
• Aproveitam a Bíblia, que foi traduzida por pastores formados pela igreja
institucional.

Imaginem que eu diga que esta pessoa está desviada. Como você acha
que esta pessoa se sentiria? Provavelmente muito ofendida. Eu me sentiria.
Digo isso porque esse foi o meu sentimento ao ler estas primeiras
perguntas.
Elas partem do princípio de que todo aquele que faz parte de uma
denominação são hereges (veja o final da pergunta 1). Não há dúvidas que os textos
citados se enquadram nas obras da carne conhecidas com heresias e facções. Não
há dúvidas, as Escrituras condenam as seitas. Mas gostaria que me provassem
biblicamente que as denominações são seitas. Apenas retórica de quem não concorda
com os moldes da igreja institucionalizada. Isto é um exagero retórico sem respaldo
na Palavra. Convivo muitos bem com meus irmãos de inúmeras denominações. São
servos, andam em temor e que procuram sempre respeitar as diferenças quando

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surgem. Isso faz parte da vida de qualquer um que se diz cristão. Não existem
versículos como: "Não criarás denominações, para trás de mim assembleianos, não
vos conheço batistas, os presbiterianos não herdarão o Reino dos céus". É hilário,
mas é o que de modo implícito algumas destas perguntas querem afirmar. Qual a
base bíblica para isto. Não basta apenas citar textos sobre heresias é atribuir está
condição as denominações. Isto é forçar uma interpretação. Não seria está a posição
de um discípulo citada pela Palavra:

Então replicou João: “Mestre, vimos um homem expulsando demônios em teu


nome e nos dispusemos a tentar impedi-lo, pois afinal, ele não caminha
conosco. – Lc 9.49

Outra coisa, se existe alguma dita denominação que coloca seu dito
fundador acima de Cristo isto é uma profunda abominação e os que assim fazem, se
não se arrependerem são réus de condenação.
Não existe cultos na metodista com orações e adoração a Wesley, na
Assembleia de Deus não se presta louvores a Daniel Berg. Estes homens são apenas
homens, nada mais. Quem não vê assim está profundamente enganado.
É bem verdade que nos tempos de Jesus não existiam as denominações.
Como era feita a destinação das igrejas locais (denominacionais nos tempos bíblicos.
Seguramente não veremos termos como Presbiterianas, Metodistas, Batistas,
Assembleias. Mas vemos que havia uma distinção. Os assuntos tratados pelas
epístolas inferem nesta questão. Vejamos os assuntos abordados. Cada igreja local
tinha suas dificuldades, erros e valores que são destacados pelos descritivos de cada
epístola. Havia igrejas locais que eram mais nobres que outras. Haviam igrejas que
precisavam de correções por abusos e exageros nas questões carismáticas. Havia
outras que estavam apegadas ao ritualismo judaico, outras que haviam deixado o
primeiro amor. Quando contemplamos as igrejas (locais/denominacionais) hoje não
são vistos aspectos semelhantes: igrejas locais que se inclinam aos estudos das
Escrituras, outras voltadas em exagero para o louvor, outras que não oram, outras
que pouco evangelizam, há valores e a falhas. Mas voltando a questão da designação
nominal das igrejas, como era feito. Eram simplesmente designadas com igreja? Ou
mesmo igreja de Cristo? Vamos ver:

Escreve ao anjo da igreja de Éfeso - Apocalipse 2:1

E ao anjo da igreja em Esmirna - Apocalipse 2:8

À igreja de Deus que está em Corinto - 1 Coríntios 1:2

13
Paulo e Timóteo, servos de Jesus Cristo, a todos os santos em Cristo Jesus,
que estão em Filipos, com os bispos e diáconos - Filipenses 1:1

A todos os que estais em Roma, amados de Deus, chamados santos: Graça e


paz de Deus nosso Pai, e do Senhor Jesus Cristo - Romanos 1:7

Vemos que a igreja era tratada diferencialmente e denominada pela cidade


que em foi fundada. Ela era cognominada por alguns epítetos como: Santos,
Chamados, Eleitos, Cristãos, O caminho. Várias eram as designações para a igreja
de Cristo. Mas é muito claro que estas designações não descaracterizavam aqueles
membros do Corpo de Cristo. Não fatiavam a igreja, não fazia da igreja um segmento
herético. Eu faço do Corpo de Cristo não é porque sou da denominação A ou B. Eu
faço do Corpo de Cristo, a Igreja, porque fui lavado, remido, justificado pelo meu
Salvador Jesus Cristo. Um rótulo denominacional não me faz mais ou menos.
Simplesmente me localiza em um meio onde outros comungam da mesma fé em
Cristo.

Outros esclarecimentos

Por esta causa vos mandei Timóteo, que é meu filho amado, e fiel no Senhor,
o qual vos lembrará os meus caminhos em Cristo, como por toda a parte
ensino em cada igreja - 1 Coríntios 4:17 (grifo meu)

De sorte que as igrejas eram confirmadas na fé, e cada dia cresciam em


número – At 16.5.

Cada igreja - Mas a igreja não é única. Há uma clara distinção neste texto.
Um espaço, um nome, uma denominação, não característica pontual de um grupo
faccioso e herético.
O fato de adoramos a Deus em uma congregação que tem um nome, uma
razão social, um CNPJ, um endereço, uma conta no banco descaracteriza esta
congregação como pertencente a igreja de Cristo. Eu me reúno no nome dele... e
onde dois ou mais.... todos conhecem este texto. Só há retórica nas perguntas, mas
bases bíblicas comprobatórias não vi nenhuma.
Mais do que uma aversão por um nome denominacional o que vejo é que
um espaço geográfico, físico delimita pelo conceito de alguns o que é igreja. A igreja
não é o espaço físico. Mas faço uso dele. Bom, mas se um espaço de quatro paredes
não pode ser caracterizado como um local onde podemos nos reunir como o objetivo
de adorar a Cristo o que dizer destes textos:

14
Pedro e João subiam juntos ao templo à hora da oração, a nona - Atos 3:1

Ide e apresentai-vos no templo, e dizei ao povo todas as palavras desta vida -


Atos 5:20

E aconteceu que, tornando-me (Paulo) para Jerusalém, quando orava no


templo, fui arrebatado para fora de mim - Atos 22:17

E foram ter com ele (Jesus) no templo cegos e coxos, e curou-os. Mateus 21:14

E todo o povo ia ter com ele (Jesus) ao templo, de manhã cedo, para o ouvir
- Lucas 21:38

O qual, vendo a Pedro e a João que iam entrando no templo, pediu que lhe
dessem uma esmola - Atos 3:3

Mas, no meio da festa subiu Jesus ao templo, e ensinava - João 7:14


E, cumprindo-se o dia de Pentecostes, estavam todos concordemente no
mesmo lugar - Atos 2:1

E aconteceu que, passados três dias, o acharam (Jesus) no templo, assentado


no meio dos doutores, ouvindo-os, e interrogando-os - Lucas 2:46

E todos os dias, (os discípulos, a igreja primitiva) no templo e nas casas, não
cessavam de ensinar, e de anunciar a Jesus Cristo - Atos 5:42

E entrou Jesus no templo de Deus, e expulsou todos os que vendiam e


compravam no templo, e derribou as mesas dos cambistas e as cadeiras dos
que vendiam pombas - Mateus 21:12

Mas ele, em sua defesa, disse: Eu (Paulo) não pequei em coisa alguma contra
a lei dos judeus, nem contra o templo, nem contra César - Atos 25:8

E de dia (Jesus) ensinava no templo, e à noite, saindo, ficava no monte


chamado das Oliveiras - Lucas 21:37

E pela manhã cedo tornou para o templo, e todo o povo vinha ter com ele
(Jesus), e, assentando-se, os ensinava - João 8:2

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E, falando Jesus, dizia, ensinando no templo: Como dizem os escribas que o
Cristo é filho de Davi? Marcos 12:35

E pelo Espírito foi ao templo e, quando os pais trouxeram o menino Jesus, para
com ele procederem segundo o uso da lei - Lucas 2:27

E tornaram a Jerusalém, e, andando ele (Jesus) pelo templo, os principais dos


sacerdotes, e os escribas, e os anciãos, se aproximaram dele - Marcos 11:27

Embora a família não seja feita por tijolos, mas sim por pessoas, pergunto:
essa família vai subsistir sem casa? Se subsistir, como viverão? E mais:

• E todos os dias, Jesus ensinava no templo (Lc 19:46).

• A primeira vez que os discípulos foram chamados de cristãos eles estavam em


uma igreja local (Atos 11:26).

• Elegeram anciões na Igreja, instituíram cargos eclesiásticos (Atos 14:23).

• Elegeram diáconos na Igreja (Atos 7).

• A irmã Febe servia na igreja de Concreia (Romanos 16:1).

• O ensino deve acontecer em cada igreja (I Coríntios 4:17).

• Os irmãos têm seu melhor momento de união na igreja (I Coríntios 11:18).

Nesta passagem encontramos detalhados os cargos e funções que Deus pôs


na Igreja (I Coríntios 12:28).

• Há alguém doente? Chame os presbíteros da igreja (Tiago 5:14).

Portanto, se Jesus ia à igreja (Templo, quatro paredes) por que muitos “não querem
ir?
Eu não tenho ilusões quanto ao estado atual da igreja. Mas temos que ter
consciência que a igreja e formada por pecadores redimidos e não por redimidos
perfeitos. Esta perfeição só na eternidade.
Ela é imperfeita e continuará assim enquanto eu for membro dela. A
teologia Reformada não deixa dúvidas quanto ao estado de imperfeição, corrupção,
falibilidade e miséria em que a igreja militante se encontra no presente, enquanto

16
aguarda a vinda do Senhor Jesus, ocasião em que se tornará igreja triunfante. Ao
mesmo tempo, ensina que não podemos ser cristãos sem ela. Que apesar de tudo,
precisamos uns dos outros, precisamos da pregação da Palavra, da disciplina e dos
sacramentos, da comunhão de irmãos e dos cultos regulares. É verdade que Jesus
não deixou uma igreja institucionalizada aqui neste mundo. Todavia, ele disse
algumas coisas sobre a igreja que levaram seus discípulos a se organizarem em
comunidades ainda no período apostólico e muito antes de Constantino.

1) Jesus disse aos discípulos que sua igreja seria edificada sobre a declaração de
Pedro, que ele era o Cristo, o Filho do Deus vivo (Mt 16.15-19). A igreja foi fundada
sobre esta pedra, que é a verdade sobre a pessoa de Jesus (1Pe 2.4-8). O que se
desviar desta não é igreja cristã. As igrejas foram instruídas pelos apóstolos a rejeitar
os livres-pensadores como os gnósticos e judaizantes, e libertinos desobedientes,
como os seguidores de Balaão e os nicolaítas (2Jo 10; Rm 16.17; 1Co 5.11; 2Ts 3.6;
3.14; Tt 3.10; Jd 4; Ap 2.6, 14-15). Fica praticamente impossível nos mantermos
sobre a rocha, Cristo, e sobre a tradição dos apóstolos registrada nas Escrituras, sem
sermos igreja, onde somos ensinados, corrigidos, admoestados, advertidos,
confirmados, e onde os que se desviam da verdade apostólica são rejeitados.

2) Jesus instituiu também o que chamamos de processo disciplinar, quando ensinou


aos seus discípulos de que maneira deveriam proceder no caso de um irmão que caiu
em pecado (Mt 18.15-20) e não demonstrou arrependimento. Após repetidas
advertências em particular, o irmão faltoso, porém endurecido, deveria ser excluído
da “igreja” – pois é, Jesus usou o termo – e não deveria mais ser tratado como parte
dela (Mt 18.17), como aconteceu com o “irmão” imoral da igreja de Corinto (1Co 5).
Isso não pode ser feito numa fraternidade informal e livre onde não existe a
consciência de pertencemos a um corpo que se guia conforme as regras estabelecidas
por Cristo.

3) Jesus determinou que seus seguidores fizessem discípulos em todo o mundo e que
os batizassem e ensinassem a eles tudo o que ele havia mandado (Mt 28.19-20). Os
discípulos organizaram os convertidos em igrejas, os quais eram batizados e
instruídos no ensino apostólico. Eles estabeleceram líderes espirituais sobre estas
igrejas, que eram responsáveis por instruir os convertidos, advertir os faltosos e
cuidar dos necessitados (At 6.1-6; At 14.23). Definiram claramente o perfil destes
líderes e suas funções (1Tm 31-13; Tt 1.5-9; Tg 5.14).

4) Não demorou também para que os cristãos apostólicos elaborassem as primeiras


declarações ou confissões de fé que encontramos (cf. Rm 10.9; 1Jo 4.15; At 8.36-
37; Fp 2.5-11; etc.), que serviam de base para o ensino e a instrução dos novos

17
convertidos e para examinarem e rejeitarem os falsos mestres. Veja, por exemplo,
João usando uma destas declarações para repelir livres-pensadores gnósticos das
igrejas da Ásia (2Jo 7-10; 1Jo 4.1-3). Ainda no período apostólico já encontramos
sinais de que as igrejas haviam se organizado e estruturado, tendo presbíteros,
diáconos, mestres e guias, uma ordem de viúvas e ainda presbitérios (1Tm 3.1;
5.17,19; Tt 1.5; Fp 1.1; 1Tm 3.8,12; 1Tm 5.9; 1Tm 4.14). O exemplo mais antigo
que temos desta organização é a reunião dos apóstolos e presbíteros em Jerusalém
para tratar de um caso de doutrina (At 15.1-6).

5) Jesus também mandou que seus discípulos se reunissem regularmente para comer
o pão e beber o vinho em memória dele (Lc 22.14-20). Os apóstolos seguiram a
ordem e reuniam-se regularmente para celebrar a Ceia (At 2.42; 20.7; 1Co 10.16).
Todavia, dada à natureza da Ceia, cedo introduziram normas para a participação
nela, como fica evidente no caso da igreja de Corinto (1Co 11.23-34).

É curioso que a passagem predileta dos desigrejados (Mt 18.20) foi


proferida por Jesus no contexto da igreja organizada. Estes dois ou três que ele
menciona são os dois ou três que vão tentar ganhar o irmão faltoso e reconduzi-lo à
comunhão da igreja (Mt 18.16). Ou seja, são os dois ou três que estão agindo para
preservar a pureza da igreja como corpo, e não dois ou três que se separam dos
demais e resolvem fazer sua própria igrejinha informal ou seguir carreira solo como
cristãos.
Muito antes do período pós-apostólico, da intrusão da filosofia grega na
teologia da Igreja e do decreto de Constantino, a igreja de Cristo já estava
organizada, com seus ofícios, hierarquia, sistema disciplinar, funcionamento regular,
credos e confissões. A ponto de o autor de Hebreus repreender os que deixavam de
se congregar com os demais cristãos (Hb 10.25).
No final, fico com a impressão de que os desigrejados, na verdade, não são
contra a igreja organizada meramente porque desejam uma forma mais pura de
Cristianismo, mais próxima da forma original – pois esta forma original já nasceu
organizada e estruturada, nos Evangelhos e no restante do Novo Testamento. Acho
que eles querem mesmo é liberdade para serem cristãos do jeito deles, acreditar no
que quiserem e viver do jeito que acham correto, sem ter que prestar contas a
ninguém. Pertencer a uma igreja organizada, especialmente àquelas que
historicamente são confessionais e que têm autoridades constituídas, conselhos e
concílios, significa submeter nossas ideias e nossa maneira de viver ao crivo do
Evangelho, conforme entendido pelo Cristianismo histórico. Para muitos, isto é pedir
demais.

Pergunta 5

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Que autoridade têm os cristãos para ornamentarem seus lugares de adoração à
semelhança do tabernáculo e do templo da ordem judaica do Antigo Testamento? Muitos
desses edifícios, chamados de "igrejas", são ornamentados com ouro e outros materiais
preciosos. Muitos desses edifícios, chamados "igrejas", têm um altar. Outros têm partes do
prédio destacadas como sendo mais sagradas do que outras. Que autoridade têm os
cristãos para emprestarem coisas assim do judaísmo, quando a Bíblia indica que o
cristianismo não é uma extensão da ordem judaica, mas possui um caráter totalmente
novo de aproximar-se de Deus? (Hb 10:19-20; 13:13; Jo 4:23-24)

------------------

Quero ressaltar parte de desta pergunta: “muitos destes edifícios são


chamados de igreja" - muitos, mais nem todos podem ser. Não podemos partir da
exceção para a regra. Minha oposição se dá às pessoas e nunca a igreja (que foi
comprada por um preço que eu não paguei). Aqueles que se dizem igreja mais não
o são, se enquadram nos ensinos de Cristo há de separar o joio do trigo (e não nós).
Por outro lado, podemos dizer que os que assim procedem são joio?
Pensemos nisto. “Deus encerrou a todos debaixo da desobediência para usar de
misericórdia com todos”. Não só a misericórdia, mas o juízo também. Mas veja bem,
Ele, Deus, o Supremo Juiz. Ele é que há uns abates e outros exalta.
Em muitos seguimentos evangélicos a questão cultural que envolve Israel
e seus costumes se tornou um objeto de culto. Água do Jordão, Óleo de Israel, e
tantos outros apetrechos como arcas, menorás são reverenciados. Rudimentos como
diria Paulo. Infelizmente isto tem adentrado o ambiente do culto cristão. Israel se
transformou a "Aparecida do Norte" de muitos evangélicos. O que digo? Sou contrário
à introdução destes elementos no culto cristão.
É bom ressaltar que esta questão não tem sido adotada em todos os
seguimentos evangélicos. Não podemos generalizar.
O Antigo Testamento, com todas as suas leis, rituais e tradições, tem sido
muitas vezes interpretado de forma equivocada, principalmente por alguns
segmentos cristãos - não tão novos como imaginamos - que desde o princípio da
igreja tem procurado trazer para dentro da Nova Aliança elementos oriundos das
tradições judaicas, culminando naquilo que conhecemos como “cristãos judaizantes”
A missão de Israel no Antigo Testamento envolvia elementos muito
particulares para aqueles dias e tentar transferir estes elementos para os nossos
dias, pode certamente nos induzir a erros e a cometer interpretações equivocadas da
missão de Israel.
Israel tem seu lugar de destaque na cultura Cristã. Jesus é judeu. E nosso
carinho e amor por este povo não pode ser esquecido. Elementos do culto judaico

19
não, mas que isto não nos leve ao desprezo por este povo. Tudo no seu devido
lugar...pois abençoarei os que te abençoarem.

Pergunta 6 e 31

Acaso existe qualquer fundamento na Palavra de Deus para a existência de campanários,


cruzes e outras coisas que são construídas nessas assim chamadas "igrejas"?

Onde há nas Escrituras base para campanhas para se levantar fundos e pedir doações de
audiências mistas de salvos e perdidos nessas igrejas? A Bíblia indica que os servos do
Senhor não tomavam "coisa alguma" das pessoas deste mundo que não eram salvas,
quando pregavam o evangelho a elas. (3 Jo 7)

-------------------------------

Estas situações não fazem parte da minha realidade da igreja que congrego.
Sei que são comuns para alguns, não para mim, por isso me reservo no direito de
não responder.

Pergunta 8

Que autoridade as Escrituras dão para se colocar um homem na igreja (chamado de


Ministro ou Pastor) para "conduzir" a adoração? As Escrituras ensinam que o Espírito de
Deus foi enviado ao mundo para guiar a adoração cristã (Fp 3:3; Jo 4:24; 16:13-15). A
Bíblia indica que é o Senhor, por intermédio do Espírito, quem preside na assembleia dos
santos e dirige os procedimentos do modo como Lhe apraz. (1 Co 12:11; Fp 3:3)

--------------------

Esta questão é muito simples. Não há duvidas que Deus preside. Não há
dúvidas que a seu Espírito atua nos governando. Este tipo de pergunta passa pelo
pressuposto que somos marionetes nas mãos de Deus e nossa volição está
mecanicamente atrelada a Ele. E que ele em sua soberania não pode conceder a
homens capacidades, inclusive de conduzir outros adoração.
O princípio da soberania de Deus e da autoridade concedida a homens é
visto no deserto, a presença de Deus dirigia o povo por meio da coluna de fogo. Mas
a palavra nos mostra que Moises buscou também a ajuda de Hobabe. A direção de
Deus não desabilita a ajuda do homem. Muitos hoje dizendo ser guiados

20
exclusivamente por Deus tem entrado em caminhos tortuosos. Que tipo de
espiritualidade e essa?

Quando não há sábia direção, o povo cai – Pv 11.14

Outro exemplo como princípio:

Diante disso, os apóstolos e os presbíteros se reuniram para deliberar sobre


a questão imposta. – At 15.6

Se eles eram conduzidos por Deus porque deliberaram entre si? Vemos que
esta situação é referente a uma decisão que deveria ser tomada em um concilio,
presidida por um homem, Tiago.
Um exemplo muito prático disto é o da igreja em Corinto. Uma igreja onde
não faltava dons. Carismática. Mas totalmente infantilizada e desordeira no culto.
Dentro desta direção “carismática” vemos que declaravam até que Jesus era
Anátema (1 Co 12.3). Homens podem presidir o louvor, podem presidir a direção de
um culto, sem que com isso a soberania de Deus seja maculada. Por isso entre os
Dons Deus concedeu o dom de presidir. Ele tem um amplo alcance. No texto que
esse dom é mencionado falasse de culto. Veja Rm 12.1.... Devemos examinar o
contesto para não ficarmos usando versos isolados.

Quanto ao dom de presidir

O dom de presidir vem ao encontro da necessidade de ter alguém que tome


a frente e faça acontecer a visão de Deus. O possuidor deste dom recebe autoridade
de Deus para passar os alvos a serem alcançados.
No grego prostemi significa ficar em pé diante ou por cima de alguém ou
de alguma coisa, liderar atender cuidadosamente. Está ligado a cuidar de seus
liderados.
Percebem-se as seguintes características no possuidor do dom de presidir;
• Está disposto a responsabilizar por outras pessoas;
• Exerce sua autoridade no amor de Cristo;
• É uma pessoa de visão. Tem a capacidade de propor e esclarecer alvos a longo e
curto prazo;
• Tem a capacidade de tomar decisões rapidamente;
• Atrai as pessoas para sua liderança;
• Deseja completar as tarefas o mais rapidamente possível, quer aceitar um desafio
quando o anterior já foi realizado

21
Pergunta 9

Com que autoridade das Escrituras os cultos de adoração nessas igrejas são
organizados com antecedência? Em algumas se costuma distribuir um programa
descrevendo a ordem como se dará a adoração naquele dia em particular.
-----------------------------

Ora, o Senhor é o Espírito e, onde está o Espírito do Senhor, ali há liberdade


- 2 Coríntios 3:17

Que registro há nas Escrituras que condenam a prática de organizar com


antecedência um culto. Quero fazer um desafio, me mostre um único texto que me
prove que esta postura é um erro, um desvio. Mas vamos falar daquilo que a Palavra
de Deus nos mostra na adoração:

1) Dois princípios-chaves norteiam a adoração cristã.

(a) A verdadeira adoração é a que é prestada em espírito e verdade, i.e., a adoração


deve ser oferecida à altura da revelação que Deus fez de si mesmo no Filho (ver Jo
14.6). Por sua vez, ela envolve o espírito humano, e não apenas a mente, e também
como as manifestações do Espírito Santo (1Co 12.7-12).

(b) A prática da adoração cristã deve corresponder ao padrão do NT para a igreja.


Os crentes atuais devem desejar, buscar e esperar, como norma para a igreja, todos
os elementos constantes da prática da adoração vista no NT.

(2) O fato marcante da adoração no AT era o sistema sacrificial (ver Nm 28, 29).
Uma vez que o sacrifício de Cristo na cruz cumpriu esse sistema, já não há mais
qualquer necessidade de derramamento de sangue como parte do culto cristão (ver
Hb 9.1—10.18). Através da ordenança da Ceia do Senhor, a igreja do NT
comemorava continuamente o sacrifício de Cristo, efetuado de uma vez por todas
(1Co 11.23-26). Além disso, a exortação que tem a igreja é oferecer “sempre, por
ele, a Deus sacrifício de louvor, isto é, o fruto dos lábios que confessam o seu nome”
(Hb 13.15), e a oferecer nossos corpos como “sacrifício vivo, santo e agradável a
Deus” (Rm 12.1).

(3) Louvar a Deus é essencial à adoração cristã. O louvor era um elemento-chave na


adoração de Israel a Deus (e.g., Sl 100.4; 106.1; 111.1; 113.1; 117), bem como na
adoração cristã primitiva (At 2.46,47; 16.25; Rm 15.10,11; Hb 2.12.

22
(4) Uma maneira autêntica de louvar a Deus é cantar salmos, hinos e cânticos
espirituais. O AT está repleto de exortações sobre como cantar ao Senhor (e.g., 1Cr
16.23; Sl 95.1; 96.1,2; 98.1,5,6; 100.1,2). Na ocasião do nascimento de Jesus, a
totalidade das hostes celestiais irrompeu num cântico de louvor (Lc 2.13,14), e a
igreja do NT era um povo que cantava (1Co 14.15; Ef 5.19; Cl 3.16; Tg 5.13). Os
cânticos dos cristãos eram cantados, ou com a mente (i.e. num idioma humano
conhecido) ou com o espírito (i.e., em línguas; ver 1Co 14.15 nota). Em nenhuma
circunstância os cânticos eram executados como passatempo.

(5) Outro elemento importante na adoração é buscar a face de Deus em oração. Os


santos do AT comunicavam-se constantemente com Deus através da oração (e.g. Gn
20.17; Nm 11.2; 1Sm 8.6; 2 Sm 7.27; Dn 9.3-19; cf. Tg 5.17,18). Os apóstolos
oravam constantemente depois de Jesus subir ao céu (At 1.14), e a oração tornou-
se parte regular da adoração cristã coletiva (At 2.42; 20.36; 1Ts 5.17. Essas orações
eram, às vezes, por eles mesmos (At 4.24-30); outras vezes eram orações
intercessoras por outras pessoas (e.g. At 12.5; Rm 15.30-32; Ef 6.18). Em todo
tempo a oração do crente deve ser acompanhada de ações de graças a Deus (Ef
5.20; Fp 4.6; Cl 3.15,17; 1Ts 5.17,18). Como o cântico, o orar podia ser feito em
idioma humano conhecido, ou em línguas (1Co 14.13-15).

(6) A confissão de pecados era sabidamente parte importante da adoração no AT.


Deus estabelecera o Dia da Expiação para os israelitas como uma ocasião para a
confissão nacional de pecados (Lv 16. Salomão, na sua oração de dedicação do
templo, reconheceu a importância da confissão (1Rs 8.30-36). Quando Esdras e
Neemias verificaram até que ponto o povo de Deus se afastara da sua lei, dirigiram
toda a nação de Judá numa contrita oração pública de confissão (cap. 9). Assim,
também, na oração do Pai nosso, Jesus ensina os crentes a pedirem perdão dos
pecados (Mt 6.12). Tiago ensina os crentes a confessar seus pecados uns aos outros
(Tg 5.16); através da confissão sincera, recebemos a certeza do gracioso perdão
divino (1Jo 1.9).

(7) A adoração deve também incluir a leitura em conjunto das Escrituras e a sua fiel
exposição. Nos tempos do AT, Deus ordenou que, cada sétimo ano, na festa dos
Tabernáculos, todos os israelitas se reunissem para a leitura pública da lei de Moisés
(Dt 31.9-13). O exemplo mais patente desse elemento do culto no AT, surgiu no
tempo de Esdras e Neemias (8.1-12). A leitura das Escrituras passou a ser uma parte
regular do culto da sinagoga no sábado (ver Lc 4.16-19; At 13.15).
Semelhantemente, quando os crentes do NT se reuniam para o culto, também
ouviam a leitura da Palavra de Deus (1Tm 4.13; cf. Cl 4.16; 1Ts 5.27) juntamente

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com ensinamento, pregação e exortação baseados nela (1Tm 4.13; 2Tm 4.2; cf. At
19.8-10; 20.7).

(8) Sempre quando o povo de Deus se reunia na Casa do Senhor, todos deviam
trazer seus dízimos e ofertas (Sl 96.8; Ml 3.10). Semelhantemente, Paulo escreveu
aos cristãos de Corinto, no tocante à coleta em favor da igreja de Jerusalém: “No
primeiro dia da semana, cada um de vós ponha de parte o que puder ajuntar,
conforme a sua prosperidade” (1Co 16.2). A verdadeira adoração a Deus deve,
portanto, ensejar uma oportunidade para apresentarmos ao Senhor os nossos
dízimos e ofertas.

(9) Algo singular no culto da igreja do NT era a atuação do Espírito Santo e das suas
manifestações. Entre essas manifestações do Espírito na congregação do Senhor
havia a palavra da sabedoria, a palavra do conhecimento, manifestações especiais
de fé, dons de curas, poderes miraculosos, profecia, discernimento de espíritos, falar
em línguas e a interpretação de línguas (1Co 12.7-10). O caráter carismático do culto
cristão primitivo vem, também, descrito nas cartas de Paulo: “Quando vos ajuntais,
cada um de vós tem salmo, tem doutrina, tem revelação, tem língua, tem
interpretação” (1Co 14.26). Na primeira epístola aos coríntios, Paulo expõe princípios
normativos da adoração deles (ver 1Co 14.1-33 notas). O princípio dominante para
o exercício de qualquer dom do Espírito Santo durante o culto é o fortalecimento e a
edificação da congregação inteira (1Co 12.7; 14.26.

(10) O outro elemento excepcional na adoração segundo o NT era a prática das


ordenanças — o batismo e a Ceia do Senhor. A Ceia do Senhor (ou o “partir do pão”,
ver At 2.42) parece que era observada diariamente entre os crentes logo depois do
Pentecostes (At 2.46,47), e, posteriormente, pelo menos uma vez por semana (At
20.7,11). O batismo conforme a ordem de Cristo (Mt 28.19,20) ocorria sempre que
havia conversões e novas pessoas ingressavam na igreja (At 2.41; 8.12; 9.18;
10.48; 16.30-33; 19.1-5).

Pergunta 10

Com que autoridade das Escrituras esses cultos nas igrejas são chamados de "adoração",
quando eles geralmente se constituem de apresentações musicais e de um homem
ministrando um sermão?

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Com que autoridade das Escrituras adorações que geralmente se constituem
apresentações musicais e de um homem ministrando um sermão NÃO PODE SER
CHAMADOS DE CULTO. Onde estão texto bíblico que me respalda esta pergunta.
Texto com contexto. Mais uma vez, regra onde não há regra. A palavra diz que:

Pois onde dois ou três estiverem reunidos em meu nome, ali estou no meio
deles” (Mt 18,20)

O primordial está aí. Foi Jesus quem disse. A presença dele é a essência do culto.
Claro que não podemos esquecer da ordem e da decência. Falaremos disso mais
adiante.
Na prisão Paulo e Silas oravam cantavam hino – At 16... – Isto não é um Culto?
Teve ministração de mensagem? Teve profecia? Salmos? Então não foi culto.

Pergunta 12

Com que autoridade das Escrituras são repetidas orações escritas previamente e impressas
em livros de oração durante as reuniões da igreja? A Bíblia diz que não deveríamos usar de
vãs repetições em nossas orações, mas que estas deveriam ser nossas próprias palavras
saídas do coração. (Mt 6:6-8; Tg 5:16; Sl 62:8)
-------------------------------

Particularmente não é um hábito da denominação que participo de orações


estarem atreladas a estes moldes de orações escritas. Me sinto pouco à vontade com
esta prática. Também creio que em grande parte das igrejas protestantes não se
adota como hábito este tipo de oração. Também sei que em uma minoria das igrejas,
há o costume de alguns pontos de a liturgia serem lidos - no caso aqui mencionado
em orações. Este procedimento litúrgico tem sido usado em larga escala nas
celebrações romanistas.
Não defendo, nem ataco. Sei que muitas destas orações são feitas de modo
mecânico, sem vida e poderia dizer de modo repetitivo. Mas que garantia temos que
as orações não escritas também não são repetições vazias. A questão em si não se
dá pela repetição do que é escrito, porém pelo conteúdo e motivação. Será que
muitos daqueles que em sua simplicidade, limitações, falta de recursos verbais,
quanto recitam este tipo de oração não estão se entregando, não apenas nas palavras
repetidas, mas também em seu coração. A Palavra diz que Deus é quem sonda os
corações. Será que podemos caracterizar uma oração como vã, tomando como
critério a inscrição dela em um livro? Creio que não. Apenas Deus.

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Por outro lado, vamos ao cerne da questão, precisamos definir o que é vã
repetição. Quando nos propomos a verificar o sentido de vã repetição nos originais,
vemos que esta pergunta perde em muito a sua essência. O texto citato em Mateus
6 está além do que aqui é proposto.
O termo grego empregado para “vãs repetições” é “battologeõ”; essa
palavra “ocorre apenas neste versículo no Novo Testamento. Sugerem-se os
seguintes significados: ‘balbuciar’, ‘dizer a mesma coisa várias vezes’, ‘murmurar’,
‘falar rapidamente’, ‘falar sem se prestar atenção no que se fala’. Jesus não proibiu
que se repetissem pedidos em orações, pois Ele mesmo empregou essas repetições
(Mateus 26:44).” Lembra-se das repetições que eram usadas nos Salmos de
Romagem (Sl 120, 121, 122...). Em suas peregrinações os judeus iam repetindo os
textos de alguns Salmos até chegar em Jerusalém na época das celebrações. Outro
exemplo, no Getsêmani, Jesus fez o mesmíssimo pedido três vezes (Mt 26.44). Isto
é uma vã repetição? A questão não é a repetição, seja ela falada, ou repetida por
uma escrita, mas o espírito vazio daquele que se propõem a repetir.
Há exemplos na Bíblia que nos ajudam a compreender como os gentios
oravam e usavam as “vãs repetições”.
Primeiro exemplo: O desafio entre os adoradores de Baal e o profeta Elias,
que era adorador do único Deus verdadeiro. O livro de Reis descreve esse episódio:

“Tomaram o novilho que lhes fora dado, prepararam-no e invocaram o nome


de Baal, desde a manhã até ao meio-dia, dizendo: Ah! Baal, responde-nos!
Porém não havia uma voz que respondesse; e, manquejando, se
movimentavam ao redor do altar que tinham feito. Ao meio-dia, Elias zombava
deles, dizendo: Clamai em altas vozes, porque ele é deus; pode ser que esteja
meditando, ou atendendo a necessidades, ou de viagem, ou a dormir e
despertará. E eles clamavam em altas vozes e se retalhavam com facas e com
lancetas, segundo o seu costume, até derramarem sangue” (1 Reis 18:26-28).

Em contraste com a atitude dos idólatras, a oração de Elias foi simples,


racional, com sentimento e reverência, reconhecendo-se a soberania divina. Elias
orou a Deus dizendo:

“Ó SENHOR, Deus de Abraão, de Isaque e de Israel, fique, hoje, sabido que tu


és Deus em Israel, e que eu sou teu servo e que, segundo a tua palavra, fiz
todas estas coisas. Responde-me, SENHOR, responde-me, para que este povo
saiba que tu, SENHOR, és Deus e que a ti fizeste retroceder o coração deles”
(1 Reis 18:36, 37).

26
Segundo exemplo: Os habitantes de Éfeso eram politeístas e fizeram um
tumulto na cidade para conter a pregação de Paulo e dos obreiros que afirmavam
“não serem deuses os que são feitos por mãos humanas” (Atos 19:27). Diana ou
Ártemis era uma conhecida deusa da fertilidade. Havia um grande templo em Éfeso,
uma das maravilhas do mundo antigo. Ali ficava a sede para sua adoração. Festas
anuais em culto a Diana ou Ártemis levavam riqueza à cidade. Por isso que a pregação
de que Jeová é único Deus, criador de todas as coisas e único digno de receber
adoração, gerou uma reação contrária, conforme descrita no seguinte texto:

“Todos, a uma voz, gritaram por espaço de quase duas horas: Grande é a
Diana dos efésios!” (Atos 19:34).

Portanto, o ensinamento de Jesus advertia contra a prática de orações


mecânicas, longas, repetitivas como se estas características fossem uma
demonstração de verdadeira piedade. Era uma advertência contra o exibicionismo e
verbosidade, muito praticadas pelos judeus daquela época. “Havia outras formas de
repetição que os judeus, como todos os povos orientais, sentiam-se inclinados a
utilizar e às vezes em demasia.”

Pergunta 13

Que autoridade há para se ensaiar os Salmos nos chamados "cultos de adoração", quando
os Salmos expressam os sentimentos de pessoas que não estavam sobre um fundamento
cristão e nem conheciam os privilégios cristãos?

---------------------------

Eu não estou acreditando que este tipo de questionamento que foi feito.
Estou a observar aqui algumas incoerências. Poderia até usar as palavras de Jesus:
“errais não conhecendo as Escrituras” – Mt 2.29. Há momentos que as perguntas
usam textos do Antigo Testamento para respaldar o ponto de vista do autor (Veja as
perguntas: 12, 13, 24, 30 [olha o dízimo aí] e 32). Há momentos que o VT assume
um protagonismo e é usado em um caráter de autoridade. Há outros, que parece que
ele foi escrito por homens que não foram inspirados. Sem valor nenhum. Está no
mínimo faltando honestidade teológica aqui.
Vamos ver o que diz as Sagradas Escrituras em um contexto geral. Gosto
das afirmações de Paulo:

27
Toda a Escritura é inspirada por Deus, e útil para ensinar, para repreender,
para corrigir e para formar na justiça. Por ela, o homem de Deus se torna
perfeito, capacitado para toda boa obra - 2 Tm 3:16,17 (Grifo meu)

Porque tudo que dantes foi escrito para nosso ensino foi escrito, para que,
pela paciência e consolação das Escrituras, tenhamos esperança. – Rm 15.4

Jesus diz:

Examinais as Escrituras, porque julgais ter nelas a vida eterna; e são elas que dão
testemunho de mim – Jo 5.39

É lógico que eu não posso desconsiderar o aspecto didático em que


contemplo o Antigo Testamento. Além de questões importantíssimas nas questões
histórias e proféticas, não devo me esquecer de alguns aspectos da lei:

• Lei Moral: para distinguir o grupo de mandamentos vigentes e válidos à toda


humanidade.
• Lei Cerimonial: para indicar o regimento vinculado ao sistema litúrgico da antiga
aliança que foram cumpridos e, consequentemente, revogados.
• Lei Civil ou Judicial: para determinar os preceitos e as jurisprudências que
guiaram as questões administrativas e jurídicas do antigo Estado de Israel.

Devemos entender também o que disseram alguns escritores sagrados:

Muitos textos do AT são sombras das coisas futuras" (Cl 2:16-17), que
algumas delas "servem de exemplo e sombra das coisas celestiais" (Hb :5), "foram-
nos feitas em figura" (1 Co 10:6), e podem ser vistas como "figura do verdadeiro"
(Hb 9:24).
Mas não devemos nos esquecer de que tudo isso é "a sombra dos bens
futuros, e não a imagem exata das coisas" (Hb 10:1), portanto embora seja de muito
consolo, ensino e exortação nos ocuparmos com os tipos, figuras, sombras e
princípios do Antigo Testamento, jamais devemos buscar ali (no Antigo testamento)
doutrinas para a Igreja, pois ela é um vislumbre da realidade no Antigo Testamento.
A Igreja, e tudo o que lhe diz respeito, foi um segredo ou mistério revelado
apenas muito mais tarde a Paulo, Ef 3:1-10, portanto até mesmo os profetas que
escreveram o Antigo Testamento não faziam ideia de que ela viria a existir. A doutrina
para a igreja você encontra nas epístolas dos apóstolos.
Muita má doutrina existe hoje na cristandade por não se entender esta
distinção e por se buscar no Antigo Testamento elementos para aplicar à igreja. Mas

28
em tudo isso devemos ser muito cuidadosos para não lançarmos fora os preciosos
ensinos do Antigo Testamento. Estes também são a palavra de Deus.
Pontualmente na questão. Alguém que usa os Salmos no contexto desta
pergunta é réu do fogo do inferno?
Os que expressam os sentimentos de pessoas que não estavam sobre um
fundamento cristão e nem conheciam os privilégios cristãos estão falsificando o seu
culto com declarações mentirosas? Toda Escritura é divinamente inspirada, disse
Paulo.
Os Salmos devem ser descartados dos louvores. Não posso embasar meus
cânticos e louvores em textos da Antiga Aliança? Qual a base deve usar dar Palavra
para este procedimento.
Jesus e os escritores do Novo Testamento fizeram o uso dos Salmos. Vamos
ver:

Lucas 24: 44. E disse-lhes: São estas as palavras que vos disse estando ainda
convosco: Que convinha que se cumprisse tudo o que de mim estava escrito na lei de Moisés,
e nos profetas e nos Salmos.

Efésios 5: 19. Falando entre vós em salmos, e hinos, e cânticos espirituais;


cantando e salmodiando ao Senhor no vosso coração;

Colossenses 3: 16. A palavra de Cristo habite em vós abundantemente, em toda


a sabedoria, ensinando-vos e admoestando-vos uns aos outros, com salmos, hinos e cânticos
espirituais, cantando ao Senhor com graça em vosso coração.

Pergunta 14

Por que a maioria das igrejas celebra a ceia do Senhor uma vez por mês ou a cada 3
meses, quando o costume da igreja nas Escrituras, inicialmente estabelecido pelo
ministério de Paulo, era de se partir o pão a cada dia do Senhor? (At 20:7)

-----------------------------

Vejamos o texto em questão:

E no primeiro dia da semana, ajuntando-se os discípulos para partir o pão,


Paulo, que havia de partir no dia seguinte, falava com eles; e prolongou a
prática até à meia-noite. At 20.7

Onde está escrito no texto que era costume? Só na pergunta. No texto não.

29
Ainda que fosse um costume não é dito que era um mandamento. E se fosse
costume serviria apenas para nos orientar de algo que era um hábito.
O texto é descritivo. Não é imperativo. Não se trata de um mandamento,
mas faz referência ao fato.
Não existe nenhum mandamento ou regra no seio das Escrituras que
definam a frequência como também o dia da celebração da ceia. O fato é que o texto
não é conclusivo.
O que a Bíblia nos mostra é o que Jesus disse: "fazei isto é memória de
mim".
Não é melhor nem pior celebrar a Ceia todas as semanas, uma vez por
mês, de três em três meses, duas vezes por ano ou só uma vez por ano. Desde que
seja celebrada, a igreja tem liberdade para escolher quando. Se tiver algum texto
que traz um mandamento gostaria de vê-lo.

Perguntas 15 e 16

Que autoridade há nas Escrituras do Novo Testamento para se designar um coro


de cantores treinados para ajudar na adoração cristã?
Que autoridade há nas Escrituras para o uso de vestimentas especiais durante os
cultos de adoração cristã? Os corais costumam estar vestidos assim e dependendo do lugar
o Ministro também usa uma vestimenta característica
.
-------------------

Porque é mandamento sobre mandamento, mandamento sobre


mandamento, regra sobre regra, regra sobre regra, um pouco aqui, um pouco
ali - Isaías 28:10

Quero fazer um esclarecimento, este versículo foi colocado aqui


propositalmente distante de seu contexto original. No entanto, ele expressa
literalmente o que vejo nestas perguntas. Muitos não se satisfazem com aquilo que
as Escrituras nos revelam. E passam a criar um sistema elaborado de normas e
mandamentos. O problema é que não há respaldo bíblico para proibição desta prática
(coro de cantores treinados para ajudar na adoração cristã...)
Não há uma autorização nas Escrituras... Mas também não há uma
desautorização...
Então se crio regras, onde não há regras, passo a trilhar o campo que foi
severamente condenado por Jesus: a tradição humana.
Mas se por um lado não há proibição, também não este uma regra para
liberação, diria alguém.

30
A palavra de Deus não é um livro que apresenta soluções tipo 1+1=2. A
Bíblia se cala pontualmente em alguns assuntos. Mas ela não se cala em deixar
princípios. Se um assunto não é tratado, princípios que o regem não. Mais do que
um livro de regras, a Bíblia é um livro de princípios. Tem dúvidas? Leia o Sermão do
Monte.
Há um princípio que gosto muito de usar. Está no texto: "Faça tudo
descentemente e com ordem". Em que usar uma vestimenta em um coral fere este
princípio? Falta ordem, falta decência?
Neste outro texto vemos outro princípio: 1 Co 10: 31- Portanto, quer
comais, quer bebais, ou façais qualquer outra coisa, fazei tudo para glória de Deus.
Em que usar uma veste de coral na igreja ou um coro treinado fere a Glória de Deus?
A Bíblia não fala de vestimentas de ministros nem de corais no contexto
neo-testamentário. No entanto, ela nos deixa princípios.
Mas aprofundemos um pouco mais nesta questão. Vamos nos dedicar nas
entrelinhas, o que está por trás deste tipo de pergunta? Qual o âmago destes
questionamentos? Que tipo de valor espiritual podemos extrair delas?
Jesus censura os escribas e fariseus pela incapacidade de distinguir entre o
essencial e o secundário; em discernir o que vem Deus e o que é meramente prática
e tradição humanas, talvez boas e louváveis, mas não essenciais. Em matéria de
religião, nem tudo tem igual valor, nem tudo tem a mesma importância. A medida
de tudo é o amor: o amor é a plenitude da lei (Rm 13,10); só o amor dá sentido a
todas as coisas!
Outro motivo de crítica é que uma religião assim, apegada a preceitos
exteriores, torna-se desatenta do coração, sem olhar a intenção com que se faz e se
vive. Cai-se na hipocrisia (a palavra hipócrita vem de hypokrités = ator teatral): uma
religião meramente exterior, sem aquelas atitudes interiores, que são as que
importam realmente: “Este povo me honra com os lábios, mas seu coração está longe
de mim. De nada adianta o culto que me prestam!”. É sério: a atitude exterior (lábios)
não combina com o interior (coração)! As práticas externas valem quando são sinal
de um compromisso interior de amor e conversão em relação a Deus. É importante
observar que Jesus não condena as práticas exteriores, mas a sua supervalorização
e a sua atuação sem sinceridade: “Importava praticar estas coisas, mas sem omitir
aquelas” (Mt 23,23).
Há também o perigo da autossuficiência: a pessoa sente-se segura de si
mesma por causa de suas práticas: “Ah, eu louvo assim, eu oro deste modo. Estou
em dia com Deus!” O homem nunca está em dia com Deus. Pensar assim, é deixar
de perceber que tudo é graça e que jamais mereceremos o amor que Deus nos tem
gratuitamente. Sem contar que tal atitude nos leva, muitas vezes, a nos julgar
melhores que os outros, desprezando os que julgamos mais fracos ou imperfeitos!
Era exatamente o que ocorria com os fariseus: “Este povo que não conhece a lei são

31
uns malditos!” (Jo 7,49); “Tu nasceste todo no pecado e nos ensinas?” (Jo 9,34); “Ó
Deus, eu te dou graças porque não sou como o resto dos homens, ladrões, injustos,
adúlteros, nem como este publicano!” (Lc 18,11). É interessante comparar estas
atitudes com as que Paulo recomenda aos cristãos em Rm 12,3-13.
Jesus convida a ir ao essencial: vigiar as intenções e atitudes do nosso
coração, pois “o que torna impuro o homem não é o que entra nele vindo de fora,
mas o que sai do seu interior”. Com um coração puro, poderemos reconhecer que
tudo de bom que temos é dom de Deus (“Todo dom precioso e toda dádiva perfeita
vêm do alto; descem do Pai das luzes!”) e que, diante dele, somos sempre pobres e
pecadores, necessitados de sua misericórdia. Isto nos abre de verdade para o amor
aos outros e para a compaixão: somos todos pobres diante de Deus: “A religião pura
e sem mancha diante de Deus Pai é esta: assistir os órfãos e as viúvas em suas
tribulações e não se deixar contaminar pelo mundo”.

Pergunta 17 e 18

Que autoridade têm essas igrejas para permitir que mulheres preguem e ensinem
publicamente, quando a Bíblia diz que o papel das irmãs não é uma atuação pública na
igreja, seja na administração, seja no ensino e pregação? As Escrituras dizem que elas
devem permanecer em silêncio na assembleia. (1 Co 14:34-38; 1 Tm 2:11-12)

Que autoridade há para as mulheres dessas igrejas orarem e profetizarem (ministrarem a


Palavra) com suas cabeças descobertas, quando a Palavra de Deus diz que deveriam cobrir
a cabeça? (1 Co 11:1-16)

------------------

A mulher cristã deve usar véu ou cobrir a cabeça na igreja?

O uso do véu deve ser tratado como uma questão cultural. Este mesmo
acessório que foi usado por Paulo como distintivo para a mulher na cidade de Corinto
foi o mesmo que fazia distinção para uma prostituta na cultura cananita. Veja Gn 38.
O que caracterizava uma prostituta nos tempos de Judá é o mesmo que era usado
para demonstrar a decência da mulher em Corinto. Veja bem, em Corinto. É algo
cultural, não moral em essência. Se assim o fosse em todos os tempos as prostitutas
não usariam um acessório inanimado que caracterizou a santidade e a pureza.
O bom senso nos leva ao entendimento que cada mulher deve decidir de acordo com
sua consciência sobre o assunto. Só há uma passagem sobre o uso do véu na Bíblia
e ninguém vai para o inferno por cobrir ou deixar de cobrir a cabeça.

32
O véu na Bíblia

Em 1 Coríntios 11:3-16, Paulo defende que as mulheres devem cobrir a


cabeça quando oram ou profetizam. Ele compara a mulher de cabeça descoberta com
a mulher de cabeça rapada e defende que tanto homens como mulheres se devem
vestir de forma decente e honrosa. Naquele tempo, em Corinto só uma prostituta
rapava ou cortava seu cabelo curto. As mulheres decentes usavam um véu sobre a
cabeça em público para mostrar que tinham marido e não estavam disponíveis.
Mulheres sem véu na cabeça podiam ser consideradas imorais A imoralidade sexual
era um problema em Corinto e Paulo não queria que a forma de vestir das pessoas
piorasse o problema.
Paulo também levanta a questão da humildade e da honra devida a Deus.
Durante o culto, toda a honra e atenção pertence a Deus. O cabelo era a glória da
mulher, sua forma de se exibir. Por isso, ela devia cobrir a cabeça (ou cortar o cabelo)
para mostrar que estava debaixo da autoridade de Deus; a atenção não devia estar
na sua aparência. Do mesmo jeito, o homem devia ter a cabeça descoberta porque
seu cabelo não era sua glória, mas um chapéu era um adorno. Tal como tirar o
chapéu era uma forma de o homem mostrar respeito, cobrir a cabeça era uma forma
de a mulher mostrar respeito (1 Coríntios 11:6-7). Dentro da igreja, as pessoas
devem seguir as normas culturais de decência. Por exemplo, no Paquistão a mulher
decente ainda usa véu, por isso na igreja no Paquistão também convém usar véu.
Mas uma mulher decente no Brasil pode andar na rua com a cabeça descoberta e ter
cabelo curto. Isso não significa que é uma mulher imoral nem rebelde. Então não é
necessário que use dentro da igreja. Mas a pá de cal neste tipo de argumento é como
Paulo complementa o texto. É importante lermos até o final. É por isso que a Bíblia
diz que cada igreja deve decidir se convém ou não a mulher ter a cabeça descoberta
(1 Coríntios 11:13).
Se a mulher quer usar o véu por motivos de consciência, ela pode. Ninguém
a obriga a ter a cabeça descoberta se isso lhe é constrangedor. Mas também não
deve ser obrigatório usar véu onde não é culturalmente relevante.
Independentemente de sua opinião sobre o assunto, a Bíblia diz que não é um
assunto sobre a qual vale a pena fazer polêmica (1 Coríntios 11:16).
Espero que esta pergunta não seja para polêmica.

Vamos a mais uma questão.

As mulheres não podem falar nas igrejas?

“As vossas mulheres estejam caladas nas igrejas; porque não lhes é permitido
falar; mas estejam sujeitas, como também ordena a lei.” (1 Coríntios 14:34).

33
É comum ouvir no meio cristão algumas perguntas, como: as mulheres
podem ou, não, falar nas igrejas? Responda: Sim ou, não? Há quem se dê por
satisfeito com um sim ou, com um não, dependendo do seu interesse, em particular.
Mas, se a resposta não agradar, algumas pessoas saem em busca de uma explicação
que se amolde ao seu interesse, sem se importar com o que a Bíblia propõe. Faz-se
necessário analisar o motivo pelo qual o apóstolo Paulo deu essa ordem especifica às
mulheres cristãs, levando-se em conta alguns princípios de interpretação das
Escrituras. Para compreender a ordem para as mulheres ficarem caladas, temos de
considerar que os apóstolos acordaram entre si em não impor encargo algum aos
cristãos convertidos, dentre os gentios:

“Na verdade, pareceu bem ao Espírito Santo e a nós, não vos impor mais
encargo algum, senão, estas coisas necessárias: Que vos abstenhais das coisas
sacrificadas aos ídolos, do sangue, da carne sufocada e da prostituição, das
quais coisas bem fazeis, se vos guardardes. Bem vos vá.” (Atos 15:28-29).

Temos de considerar que todas as coisas são lícitas aos cristãos, entretanto,
se faz necessário verificar se tais coisas convêm ou, se edificam.

“Todas as coisas me são lícitas, mas nem todas as coisas convêm; todas as
coisas me são lícitas, mas nem todas as coisas edificam.” (1 Coríntios 10:23).

Temos de considerar que todo cristão deve se portar, de modo a não causar
escândalo a judeus, gentios e nem à igreja de Deus.

“Portai-vos de modo que não deis escândalo, nem aos judeus, nem aos gregos,
nem à igreja de Deus.” (1 Coríntios 10:32).

O bom porte do cristão visa não trazer entrave à divulgação do evangelho,


de modo que as boas ações do crente servem de adorno à doutrina de Cristo.

“Não defraudando, antes, mostrando toda a boa lealdade, para que em tudo
sejam ornamento da doutrina de Deus, nosso Salvador.” (Tito 2:10);

“Não dando nós escândalo em coisa alguma, para que o nosso ministério não
seja censurado;” (2 Coríntios 6:3).

Não podemos esquecer que todos os cristãos, em função de estarem em


Cristo, são iguais, quer sejam macho ou, fêmea:

34
“Porque todos quantos fostes batizados em Cristo, já vos revestistes de Cristo.
Nisto não há judeu, nem grego; não há servo, nem livre; não há macho, nem
fêmea; porque todos vós sois um, em Cristo Jesus.” (Gálatas 3:27-28).

Temos de considerar que, embora os cristãos sejam livres no Senhor, tal


liberdade não pode constituir escândalo para os fracos.

“Mas vede que essa liberdade não seja de alguma maneira escândalo para os
fracos.” (1 Coríntios 8:9).

Pontualmente, mas qual era o motivo para a proibição?

As mulheres eram inferiores aos homens? Não! Em Cristo, as mulheres são


diferentes dos homens? Não! No corpo de Cristo se impõem encargos diferentes as
mulheres? Não! As mulheres têm mais encargos que os homens? Não! As mulheres
tem liberdade menor que a dos homens? Não! A pergunta a se fazer é: as mulheres
falarem nas reuniões é questão de licitude, de conveniência ou de edificação?
Observe que a recomendação paulina vem acompanhada de motivação: porque não
lhes é permitido falar! O apóstolo não diz: eu proíbo as mulheres de falarem na igreja,
antes: não é permitido a elas falarem. Se fosse um mandamento do apóstolo Paulo,
ele deixaria expresso:

“Mas aos outros digo eu, não o Senhor: Se algum irmão tem mulher descrente
e ela consente em habitar com ele, não a deixe.” (1 Coríntios 7:12);

“Ora, quanto às virgens, não tenho mandamento do Senhor; dou, porém, o


meu parecer, como quem tem alcançado misericórdia do Senhor para ser fiel.”
(1 Coríntios 7:25).

Com relação à questão de a mulher permanecer calada na igreja, a


imposição não partiu do apóstolo, senão o apóstolo Paulo deixaria sublinhado de
quem partiu a ordem.
Qual a extensão dessa proibição? Seria como um voto de silêncio às
mulheres, enquanto permanecessem na reunião? Percebe-se, por outras passagens
bíblicas, que não, pois era permitido às mulheres orarem e profetizarem, assim,
como, fizeram Izabel, Maria, Ana, etc. (1 Coríntios 11:5). O apóstolo Paulo deixa
claro que não era permitido às mulheres falarem na igreja por ser vergonhoso e não
que a liberdade da mulher necessitava de ser cerceada em relação aos homens, por

35
serem mulheres. O termo grego traduzido por vergonhoso é aischros, cujo significado
é ‘extremamente sujo’, ‘baixo’, ‘desonroso’.
Quem estabeleceu que era extremamente sujo, desonroso ou baixo uma
mulher falar na igreja? Os apóstolos? Não! Tal concepção não teve origem entre os
apóstolos e nem decorre de costumes dos judeus, antes, a determinação tem por
base uma questão cultural dos gregos.

Aristóteles, no seu livro A Política, faz referência a uma frase atribuída a um


dos poetas do seu povo, que diz:

“… um modesto silêncio é a honra da mulher” Aristóteles, A Política [1].

Desse enunciado, percebe-se que o silêncio da mulher era uma questão


cultural dos gregos, e não do apóstolo dos gentios. Tampouco, as mulheres
permanecerem caladas em uma assembleia não se restringia a uma concepção do
filósofo Aristóteles, antes, era questão retratada pelos poetas da Grécia, o que reflete
um valor cultural intrínseco à sociedade grega, à época dos apóstolos. O apóstolo
Paulo recomenda que as mulheres dos cristãos da igreja de Corinto estivessem
caladas nas assembleias (Eclésia). A ordem não tem em vista todas as mulheres
cristãs, antes, têm em vista as mulheres dos cristãos de Corinto. As mulheres cristãs
de Corinto deviam render-se à admoestação paulina, ou seja, obedecer, e não só
isso, mas, levar em conta a regra estabelecida, que no caso em questão, pode ser
uma lei, um costume, uma regra, um preceito, uma injunção, etc.
A questão em análise não se refere a presidir uma reunião, pois, à época,
possivelmente nem se aventava tal questão. As mulheres deveriam permanecer
caladas, mesmo se desejassem ser instruídas em alguma questão. Se quisessem
alguma instrução, que perguntassem aos seus esposos em casa. E as solteiras? Como
aprenderiam? Por analogia, deveriam perguntar aos seus pais, ou seja, a quem elas
estavam sujeitas. Através do verso 35, fica sublinhado que uma mulher falar em
público diante de uma plateia era indecoroso, quase que obsceno, ao passo que
permanecer em silêncio lhe caia bem, quase como um adorno. O que um cidadão
grego, que ainda não havia se convertido ao evangelho, pensaria se visse uma
mulher ensinando ou, perguntando em uma reunião? Tal pessoa ficaria escandalizada
e reputaria que os cristãos estavam atentando contra as leis e os costumes dos
gregos, estabelecendo, assim, entrave à propagação do evangelho. O apóstolo Paulo
bem sabia o entrave que surgiria, caso os cristãos fossem acusados de corromper
costumes dos povos que evangelizavam. Em nossos dias está vetado que as mulheres
falem ou, que ensinem em uma reunião de membros do corpo de Cristo? Não!
Por que não? Porque hoje não há o entrave que existia à época do apóstolo
Paulo, com relação aos costumes dos gregos, de que a modéstia da mulher estava

36
em ficar calada na igreja. Hoje, caso um não crente compareça em uma reunião
cristã e se depare com uma mulher falando na tribuna, ou, ensinando, não será caso
de escândalo como o era para os gregos, e a regra de ouro para os cristãos não
estaria sendo quebrada:

“Portai-vos de modo que não deis escândalo nem aos judeus, nem aos
gregos, nem à igreja de Deus.” (1 Coríntios 10:32).

Quanto ao evangelismo, ensino, etc., as mulheres não devem ser preteridas


em relação aos homens. O que é inadmissível é exercerem qualquer função sendo
neófitas, ou seja, não sabendo manejar a palavra da verdade.

“E peço-te, também, a ti, meu verdadeiro companheiro, que ajudes


essas mulheres que trabalharam comigo no evangelho, com Clemente e com os
outros cooperadores, cujos nomes estão no livro da vida.” (Filipenses 4:3).

Mesmo no passado, as mulheres desempenharam papel importante no


período patriarcal, bem como no período dos juízes. Pela fé alcançaram bom
testemunho das Escrituras, como foram Raabe, Rute e Tamar. Ao escrever a Tito, o
apóstolo Paulo recomenda às mulheres mais experientes que ensinem as mais novas
e de todas as questões elencadas, a sujeição ao marido aparece em conexão com a
necessidade de o evangelho não ser blasfemado.

“As mulheres idosas, semelhantemente, que sejam sérias no seu viver, como
convém a santas, não caluniadoras, não dadas a muito vinho, mestras no
bem, para que ensinem as mulheres novas a serem prudentes, a amarem
seus maridos, a amarem seus filhos, a serem moderadas, castas, boas donas
de casa, sujeitas a seu marido, a fim de que a palavra de Deus não seja
blasfemada” (Tito 2:3-5).

À época do apóstolo Paulo as mulheres possuíam no Senhor a mesma


liberdade que os homens, pois foram libertas da lei do pecado e da morte, porém,
apesar de livres, falar na igreja em uma comunidade grega, apesar de lícito, não era
conveniente e nem edificaria, antes traria escândalo e entrave ao evangelho.

Pergunta 25

Que autoridade as Escrituras dão para permitir que apenas certas pessoas (como o Pastor
ou Ministro) se ocupem do ministério da Palavra de Deus? Por que não há liberdade nessas
igrejas para todos os que forem capacitados ministrarem guiados pelo Espírito? A Bíblia

37
ensina que quando os cristãos se reúnem em assembleia, todos (os varões) devem ter
liberdade para ministrar conforme o Senhor guiá-los por intermédio do Espírito. (1 Co 12:6,
11; 14:24, 26, 31).

---------------------

Não há dúvidas todos são chamados a pregar a Palavra de Deus:

E disse-lhes: Ide por todo o mundo, pregai o evangelho a toda criatura -


Marcos 16:15
Porque, se anuncio o evangelho, não tenho de que me gloriar, pois me é
imposta essa obrigação; e ai de mim, se não anunciar o evangelho! -
1 Coríntios 9:16.

Também sei que esta pergunta tomada por verdade não se materializa em
todas as igrejas denominacionais. O local que congrego todos tem esta liberdade. E
muitos outros lugares de minha convivência também. Agora temos que ressaltar uma
verdade e ela também é declarada na Palavra de Deus. Nem todos tem a capacidade
de expor algumas verdades da Palavra com clareza. Quando digo isto não estou
falando de pregar o evangelho àqueles que ainda não foram alcançados pela Graça
de Cristo. Há neófitos, existem alguns que precisam ser esclarecidos, precisam estar
aptos. E veja bem, isto não tem nada a ver com ser guiados pelo Espírito. Lembra
de Apolo, homem poderoso nas Escrituras. Ignorava alguns fatos, portanto não
estava apto para tratar de algumas verdades. Precisou ser orientado por Priscila (uma
mulher – vi que a pergunta faz distinção falando de varões, mas já falei sobre isto
antes) e Aquila. Deus coopera conosco, mas nós também cooperamos com Deus. A
Bíblia diz isto:

Então, os discípulos saíram e pregaram por toda parte; e o Senhor cooperava


com eles, confirmando-lhes a palavra com os sinais que a acompanhavam.
(Mc 16:20)

E nós, cooperando também com ele, vos exortamos a que não recebais a
graça de Deus em vão.2 Coríntios 6.1

Há necessidade de preparar-se. De dedicar-se. E nem todos fazem isto. Não


é só abrir a boca que Deus vai enchê-la. É por isso que ouvimos tantas aberrações
por aí. Não leem, não estudam, não buscam. A unção vem de Deus e o preparo? É
preciso estar apto. Vejamos a definição desta palavra: Apto é um termo aplicado
àquilo que satisfaz uma exigência anteriormente imposta para a execução de

38
determinada atividade. Quando se aplica a alguém, significa que está preparado para
realizar a tarefa de acordo com as condições estabelecidas. É sinônimo de habilitado
ou aprovado. O antônimo de apto é inapto. Para não ficar só nas minhas palavras,
vejamos o que diz a Bíblia:

É necessário, portanto, que o bispo seja irrepreensível, esposo de uma só


mulher, temperante, sóbrio, modesto, hospitaleiro, apto para ensinar 1 Tm
3:2 (grifo meu)

Quanto a nós, nos devotaremos à oração e ao ministério da Palavra – At 6.4

Procura apresentar-te a Deus aprovado, como obreiro que não tem de que se
envergonhar, que maneja bem a palavra da verdade - 2 Timóteo 2:15
Na igreja que estava em Antioquia havia alguns profetas e doutores, a
saber: Barnabé, e Simeão, chamado Níger, e Lúcio, cireneu, e Manaém, que
fora criado com Herodes, o tetrarca, e Saulo (grifo meu)

Meus irmãos, muitos de vós não sejam mestres, sabendo que receberemos
mais duro juízo – Tg 3.1

Por esta causa te deixei em Creta, para que pusesses em boa ordem as coisas
que ainda restam, e de cidade em cidade estabelecesses presbíteros, como
já te mandei: Aquele que for irrepreensível, marido de uma mulher, que tenha
filhos fiéis, que não possam ser acusados de dissolução nem são
desobedientes. Porque convém que o bispo seja irrepreensível, como
despenseiro da casa de Deus, não soberbo, nem iracundo, nem dado ao
vinho, nem espancador, nem cobiçoso de torpe ganância; Mas dado à
hospitalidade, amigo do bem, moderado, justo, santo, temperante; Retendo
firme a fiel palavra, que é conforme a doutrina, para que seja poderoso, tanto
para admoestar com a sã doutrina, como para convencer os contra dizentes.
Tito 1:5-9

Nem todos tem capacidade, existem neófitos:

A Bíblia diz do líder: “não seja neófito, para não suceder que se ensoberbeça
e incorra na condenação do diabo” (1Tm 3.6). Esta é mais uma qualificação que só
aparece na lista de Timóteo. Fica claro que o líder de igreja deve ser alguém
relativamente maduro na fé. Literalmente neófito significa “recentemente plantado”,
como uma árvore verde, recém-convertido (alguém que tenha recentemente se

39
tornado um cristão). Alguém que tem tamanha responsabilidade como a de
administrar uma igreja não pode ser um novo convertido. Em 1 Timóteo 5.22 Paulo
alerta Timóteo dizendo: “A ninguém imponhas precipitadamente as mãos”, ou seja,
ele falou contra ordenações precipitadas. A igreja no caso aqui é Éfeso que já devia
ter mais de dez anos na época que Paulo escreveu. Ele não fez essa mesma exigência
para Creta, que era supostamente uma nova missão. Isso é interessante, pois não
se pode esperar maturidade no início de uma igreja, mas por outro lado não se pode
esperar que numa igreja que tenha anos, a mesma seja liderada por meninos
espirituais. Em outras palavras, deve haver maturidade entre os crentes (At 21.16).
O perigo da liderança em um neófito, é que isso pode lhe “subir à cabeça”, ele pode
ficar inchado. Lembremos que a palavra fala que o Diabos pela multidão de seus
conselhos, perverteu e levou consigo os anjos que caíram.

Nem todos tem capacidade para isso. Deus não faz acepção de pessoas,
mas é muito claro que nem todos podem fazer tudo:

A um deu cinco talentos, a outro, dois e a outro, um talento; a cada um


conforme a sua capacidade pessoal. E, em seguida, partiu de viagem –
Mt 25.1. (grifo meu).

Pergunta 25

Seria a escolha de seu "Pastor" ou "Ministro" por uma igreja uma prática com base nas
Escrituras? O procedimento usual é que o candidato a "Pastor" seja convidado por uma
igreja para ter a oportunidade de provar que é qualificado para o posto ministrando alguns
sermões. Se a sua pregação for aceitável, então a igreja (geralmente através de um corpo
de diáconos) irá elegê-lo para ser seu "Pastor" local. Estaria este procedimento de acordo
com a Palavra de Deus?

---------------------

Este procedimento normalmente é usado pelas igrejas que tem seu sistema
de governo CONGREGACIONAL. A Congregação tem um poder de veto e de tomar
decisões. Eu não quero entra no mérito desta questão de escolha. Creio que se somos
guiados por Deus, faremos escolhas corretas quando assim somos guiados. Além
deste procedimento, creio e aqui não foi mencionado pela pergunta, que a igreja que
se propõem a fazer este tipo de escolha deve fazer debaixo de oração e súplica. A
oração faz parte da vida da igreja e pontualmente Deus nos orienta em muitas

40
decisões não exposta por sua Palavra. Lembremos de uma situação não contemplada
pela Palavra onde homens de Deus tomaram algumas decisões (veja Atos 15.1...).
A oração é um princípio aqui não mencionado na pergunta, mas sei de meus
irmãos que adotam este sistema de governo que isto faz parte deste tipo de escolha.
Para ilustra isto lembro-me da escolha de Matias (At 1...) onde um corpo de homens
de Deus escolheu um substituto para o caído Judas. No entanto isto apenas ilustra.
Tomo a liberdade de usar o recurso inverso da parte final deste questionamento:
onde a Palavra de Deus condena? Ela não aprova, mas também não desaprova. Não
há como condenar aquilo que a Palavra de Deus não condena. Há meu ver é um
procedimento, apenas isto. No entanto se houver algum texto da Palavra gostaria
que fosse mencionado.

Pergunta 20, 21, 22, 23 e 26

Que autoridade as Escrituras dão para apoiar a ideia de que uma pessoa precisa ser
ordenada para estar no ministério? Não existe na Bíblia um pastor, mestre, evangelista,
profeta ou sacerdote que tenha sido ordenado para pregar ou ensinar! As Escrituras
ensinam que o simples fato de uma pessoa possuir um dom espiritual é sua garantia para
usá-lo! (1 Pd 4:10-11)

Que autoridade as Escrituras dão para fundamentar a ideia de que existem hoje no mundo
homens que teriam poder para ordenar outros? Onde eles conseguiram tal poder?

Acaso existe qualquer autoridade para dar a pessoas títulos de "Pastor" (por exemplo,
"Pastor João"), quando nas escrituras esse dom nunca foi atribuído a alguém como um
título?

Onde nas Escrituras existe autoridade para fazer de um homem o Pastor de uma igreja
local quando as Escrituras nunca falam do dom de pastor como um ofício local? (Ef 4:11)

Onde nas Escrituras há autoridade para essas igrejas escolherem seus anciãos? Não existe
na Bíblia uma única igreja que tenha escolhido seus anciãos.

---------------------

Precisamos ler mais a Bíblia.

Então pareceu bem aos apóstolos e aos anciãos, com toda a igreja, eleger
homens dentre eles e enviá-los com Paulo e Barnabé a Antioquia, a saber:

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Judas, chamado Barsabás, e Silas, homens distintos entre os irmãos. Atos
15:22

Alguém já tem dito que: “Um pastor cuida de quem permite ser cuidado,
alimenta quem permite ser alimentado e pastoreia quem permite ser pastoreado.
A princípio gostaria de esclarecer algo com o conteúdo destas perguntas. A
palavra PODER aqui usada tem um peso muito grande. Realmente poder é algo
atribuído no sentido absoluto da palavra somente a Deus. Não é uma questão de
poder, mas sim de autoridade. Vamos ver isto então.
Na maioria das denominações ou igrejas, aqueles que têm cargos
importantes são reconhecidos quando são designados para um ofício. As questões
diante de nós são: como devemos entender a importância desse ato e quando ele
deveria ser realizado?

A importância da Ordenação

Para que discutamos a importância do reconhecimento público de uma


pessoa que tem cargo importante, precisamos olhar para os diferentes termos usados
no Novo Testamento para descrever esse processo.
Lemos em Atos 14.23 que Paulo e Barnabé “elegeram presbíteros” em cada
igreja em várias cidades da Ásia Menor. O termo grego traduzido para “eleger” é
cheirotonço, que é composto das palavras “mão” (cheir) e “estender” (teinô). No
grego clássico, a palavra significava “escolher” ou “eleger”, originalmente ao levantar
a mão. Atualmente, entretanto, o elemento da “mão” se tornou uma metáfora
morta”.
Assim, no grego bíblico, cheirotonço simplesmente significa eleger alguém
para um ofício ou designar alguém para uma tarefa específica. A única outra
ocorrência do verbo no Novo Testamento é encontrada em 2Co 8.19, onde um irmão
bem apresentado foi “eleito pelas igrejas” para acompanhar Paulo em sua jornada.
Está claro nesses termos que cheirotonço significa designar ou eleger alguém para
uma posição.
Não obstante, no grego da era patrística, veio significar novamente
“ordenar com a imposição de mãos”. Por causa desse uso posterior, alguns
intérpretes leem esse significado no Novo Testamento e mantém que Paulo e Barnabé
ordenavam homens para o ofício de presbítero pela imposição de suas mãos,
indicando algum tipo de reunião especial de autoridade ou poder eclesiástico. Apesar
da imposição de mãos ser geralmente associada com o apontamento de presbíteros,
o autor transmite tal significado por usar um termo diferente.
Por exemplo, quando Lucas quer falar da imposição de mãos, ele usa o
verbo epitithmi mais o nome “mão” (cheir) (Atos 6.6; 8.17, 19; 9.12, 17; 13.3; 19.6;

42
28.8; veja também 1Timóteo 5.22). Aqui, segundo alguns estudiosos palavra
cheirotonço significa “votar” no contexto de Atos 14.23. Apesar de ser um significado
possível do verbo, não é provável que seja baseado no contexto. Paulo e Barnabé
elegeram, não votaram, os presbíteros da igreja.
O outro verbo usado para transmitir a ideia de “eleger” é encontrado em
Tito 1.5 quando Tito é exortado por Paulo para “constituíssem [kathistmi] presbíteros
em cada cidade”. Em ambas situações, no grego clássico e no grego bíblico, kathistmi
é usado com o significado de eleger alguém para um ofício. Por exemplo, Jesus
perguntou a alguém: “quem me constituiu juiz ou partidor entre vós?” (Lucas 12.14).
Também lemos acerca de como o Faraó demonstrou favor a José: “que o constituiu
governador daquela nação e de toda a casa real” (Atos 7.10).
A imposição de mãos é geralmente associada com a eleição ou
comissionamento de alguém para um ofício específico ou tarefa. Os sete que foram
escolhidos para servir a igreja para aliviar as responsabilidades dos apóstolos foram
apresentados “perante os apóstolos, e estes, orando, lhes impuseram as mãos” (Atos
6.6). Na igreja de Antioquia, o Senhor escolheu Barnabé e Paulo para realizar uma
tarefa especial: “Então, jejuando, e orando, e impondo sobre eles as mãos, os
despediram” (Atos 13.3). Em outro contexto, Timóteo é exortado por Paulo para não
negligenciar o dom que foi dado a ele “mediante profecia, com a imposição das mãos
do presbitério” (Atos 14.4). Deveria ser notado que ali o corpo inteiro de presbíteros
impôs suas mãos e elegeu Timóteo para o serviço e não somente um presbítero ou
bispo. Finalmente, Paulo adverte a Timóteo: “A ninguém imponhas precipitadamente
as mãos” (1Timóteo 5.22). Apesar de Paulo não especificar a designação pública de
alguém para o ofício de presbítero, o contexto lida exclusivamente com presbíteros.
Oração e jejum também são associados com a seleção e eleição de líderes.
Os apóstolos seguiram o exemplo de Jesus que orou toda noite antes de escolher
seus 12 discípulos, os apóstolos (Lucas 6.12-13).
VEMOS UM ATO DA ESCOLHA DIVINA CONFIRMADO PELA AUTORIDADE
HUMANA. O ASPECTO HUMANO É AUTENTICADO AOS OLHOS DA CONGREGAÇÃO
DIANTE DAS QUALIFICAÇÕES MORAIS DO APONTADO COMO MINISTRO. DEUS
SONDA OS CORAÇÕES, MAS AO OLHOS HUMANOS HÁ NECESSIDADE DE SE
OBSERVAR O CARATER.
Depois que a igreja selecionou os sete, lemos que os apóstolos oraram
“impondo-lhe as mãos” (Atos 6.6). Similarmente, quando Barnabé e Paulo foram
eleitos como missionários, a igreja jejuou, orou e então os enviaram (Atos 13.3).
O Novo Testamento nunca usa a palavra “ordenar” (no sentido moderno e
técnico) em conexão com um líder cristão que é designado para um ofício#5. Assim,
geralmente leva a um mal-uso do termo “ordenar” em nosso contexto moderno, se
alguém tiver em mente o conceito bíblico de eleição pública ou designação para um
ofício. Hoje em dia, a palavra “ordenar” carrega consigo a ideia de que uma graça

43
especial é transferida através do ato de impor as mãos. Diferente da tradição
episcopal que alega que a autoridade do ofício vem do bispo e é passada para quem
é eleito pela imposição de mãos, a autoridade do ofício vem de Deus, que chama e
concede dons a homens para liderar sua igreja (Atos 20.28; 1Coríntios 12.28; Efésios
4.11). O Novo Testamento não ensina que aqueles escolhidos para liderar a igreja
são “ordenados” para um ofício sagrado e sacerdotal. Ele não ensina que somente os
chamados “ordenados” homens do clero possuem o direito de pregar, batizar e
conduzir a Ceia do Senhor, ou pronunciar uma benção.
É o dever da igreja reconhecer aqueles a quem Deus separou para essa
importante tarefa. Grudem comenta: “Se alguém é convencido que a igreja local
deveria selecionar presbíteros, então pareceria apropriado que a igreja que elegeu
aquele presbítero – não um bispo externo – deveria ser o grupo que outorga o
reconhecimento externo da eleição ao designar a pessoa em um ofício ou ordenar o
pastor”. Strauch adverte contra o entendimento da eleição de presbíteros à luz do
sacerdócio do Velho Testamento:

“Presbíteros e diáconos não são eleitos para um ofício sacerdotal especial ou


uma ordenação clerical santa. Em vez disso, eles estão assumindo ofícios ou
serviços de liderança entre o povo de Deus. Deveríamos ser cuidadosos para
não sacralizar essas posições mais do que os escritores da Bíblia o fazem. O
Novo Testamento nunca acoberta a designação de presbíteros em um
mistério ou ritual sagrado. Não há rito sagrado para realizar ou cerimônia
especial para cumprir. A eleição de presbíteros não é um santo sacramento.
A eleição não confere graça especial ou fortalecimento, nem faz alguém se
tornar padre, clérigo ou homem santo no momento da designação.”

Entrando pontualmente na questão 22:


Sei que hoje alguns tem se escorado em títulos. A arrogância é tanta que
vivemos tempos onde títulos tem se multiplicado. E aqueles que tem o espírito de
orgulho e soberba dependem disto. Existem os pastores chamados e os chamados
pastores.
Mas deixando estas questões, não vejo nada de mais em usar o título com
uma questão de reconhecimento do dom e da função que estes homens tem recebido
de Deus. Quem realmente recebeu o chamado de Deus pode ser chamado de pastor,
presbítero, diácono. Nos tempos de Cristo até de apóstolo. Vamos embasar isto:

João autointitulado em um ofício local:

2 João 1: 1.

44
O PRESBÍTERO à senhora eleita, e a seus filhos, aos quais amo na verdade, e não
somente eu, mas também todos os que têm conhecido a verdade,

3 João 1: 1.
O PRESBÍTERO ao amado Gaio, a quem em verdade eu amo.

Outros exemplos:

Atos dos Apóstolos 14: 14.


Ouvindo, porém, isto os apóstolos Barnabé e Paulo, rasgaram as suas vestes,
e saltaram para o meio da multidão, clamando,

1 Coríntios 1: 1.
PAULO (chamado apóstolo de Jesus Cristo, pela vontade de Deus), e o irmão
Sóstenes.

Gálatas 1: 19.
E não vi a nenhum outro dos apóstolos, senão a Tiago, irmão do Senhor.

Atos dos Apóstolos 21: 8. E no dia seguinte, partindo dali Paulo, e nós que
com ele estávamos, chegamos a Cesareia; e, entrando em casa de Filipe, o
evangelista, que era um dos sete, ficamos com ele.

Um esclarecimento não questionado

É comum que as pessoas recebam o título de “pastor” sem terem sido


ordenadas. Porém, se a análise acima estiver correta, então ser um “pastor” da forma
correta (ou diácono) é ser “ordenado” no sentido de ser designado publicamente para
esse ofício. A ideia de separar o título do ato público de comissionamento não é
achada na Bíblia. Presbíteros não são eleitos para um ofício depois de se tornarem
presbíteros. Mas ao se tornarem presbíteros, eles são eleitos para o ofício.
Assim, ser eleito para o ofício de presbítero implica que um homem possui
as qualificações bíblicas, tem sido chamado por Deus, tem sido aprovado pela
congregação e consequentemente tem sido reconhecido publicamente como aquele
que possui o ofício. Não necessariamente implica que ele trabalha de tempo integral
para a igreja ou foi para o seminário. Em vez disso, significa que Deus tem chamado
e dotado uma pessoa para a liderança humilde da igreja. Também é sem precedente
bíblico chamar alguns líderes da igreja de “pastores” antes da ordenação e então
“ministro” depois da ordenação.

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Presbíteros deveriam ser “ordenados” se pela ordenação nós simplesmente
queremos dizer reconhecimento público de alguém para um ofício e ministério
particular. Talvez um termo mais apropriado e bíblico seria “eleição” ou “comissão”.
A eleição para um ministério era geralmente acompanhada por oração, jejum e
imposição de mãos. Esses atos públicos atraem a atenção para a seriedade e
importância da eleição. Ademais, presbíteros deveriam ser eleitos tão logo quanto
assumissem seus ofícios.

Pergunta 27

Com que autoridade das Escrituras as igrejas tornam alguns dias "santos" e observam
festas cristãs como Sexta Feira Santa, Dia de Todos os Santos, Quaresma, Natal etc.? As
Escrituras dizem que o cristianismo não tem nada a ver com épocas e dias especiais. (Gl
4:10; Cl 2:16)

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Temos que saber quais seguimentos denominacionais se propõem a


guardar estes dias. Eu não guardo. Não seriam os católicos, eles sim o fazem, jejuam,
não comem carne, fazem suas procissões, vinculam estas práticas com sua liturgia.
Mas permita-me fazer aqui um contraponto. Natal para min são todos os dias. Cristo
nasceu e vive em mim. A Páscoa me traz à lembrança o sacrifício e ressurreição de
Cristo. Não é a data, não é o ritual, mas a essência do fato.

Pergunta 28

Que autoridade das Escrituras têm aqueles que ministram nos púlpitos dessas igrejas para
ensinar doutrinas erradas como Teologia do Pacto, Amilenialismo, Segurança Condicional,
Purgatório, Absolvição, Guarda da Lei etc.?

-------------------

Minha resposta é curta nesta questão. Vou dizer algo já afirmado. Não se
parte da exceção para regra. Parece-me que está pergunta quer sugerir que isto é
uma realidade de toda igreja denominacional. Há igrejas sérias que prezam pela
ortodoxia e pela ortopraxia doutrinária. Não quero entrar pontualmente nas doutrinas
aqui citadas. Faltaria tempo. Se não estão em acordo com a palavra vão se enquadrar
no que Paulo falou: nos últimos tempos muitos púlpitos iam ser utilizados para
anunciar doutrinas de demônios. Jesus falou de falsos profetas. Mas esta realidade
não é particular de nossos dias. Isto já acontecia no tempo deles. O fato é que não

46
prego heresias e a denominação que frequento e as que visito também não. Como
conselho deixo o que Paulo falou: “examinai tudo, retende o bem”.

Pergunta 29

Acaso existe autoridade das Escrituras para se promover reuniões de "Testemunho", onde
um homem se levanta e diz para a audiência como ele foi salvo, geralmente descrevendo
sua vida passada de pecados?

---------------------------
Vejamos alguns textos:

E, quando chegaram e reuniram a igreja, relataram quão grandes coisas Deus


fizera por eles, e como abrira aos gentios a porta da fé - At 14.27

E, quando chegaram a Jerusalém, foram recebidos pela igreja e pelos


apóstolos e anciãos, e lhes anunciaram quão grandes coisas Deus tinha feito
com eles. At 15.4

Eu vi que esta pergunta não apresenta o texto bíblico que a respalde. Então
entendo que é um questionamento particular.
Mais uma vez, posso eu condenar aquilo que a Bíblia não condena? Eu
concordo que devemos tomar muito cuidado com algumas experiências pessoais
trazidas como testemunho. Os chamados tristimunhos. Não edificam, não glorificam
a Deus em nada.
Mas não podemos generalizar. Existem testemunhos que têm conduzido
muitas vidas a Cristo. A Bíblia chama-os de adorno da doutrina. Um testemunho deve
apresentar pelo menos três características: trazer alegria em meio ao povo de Deus
pela vitória alcançada mediante a ação do Senhor; despertar a fé dos crentes e
também dos incrédulos que ouvem, mas acima de tudo, glorificar ao nosso Pai.
O maior testemunho sem dúvida e a Palavra de Deus. Mas particularmente
vejo no tom desta pergunta uma medida descabida de rigor. Veja os versículos nesta
introdução.
Mas me responda outra pergunta: onde a Bíblia diz que não se pode dar
testemunho de fatos acontecidos em sua vida em uma igreja. Apresente aqui um
verso. Devemos ter cuidado pois as vezes "coamos mosquitos, mas engolimos
camelos", bem disse Jesus. Mas para não ficar só nas minhas palavras quero usar o
exemplo de um homem que gostava de contar seus testemunhos. Falava com muita
frequência de sua vida de pecador como também de experiências pessoais. Os
testemunhos dele foram apresentados a não crentes, a crentes na igreja e também

47
fazem parte das Escrituras. Para reprová-lo preciso retirar alguns textos bíblicos. Dito
isto vejamos os testemunhos deste homem chamado Paulo:

Atos dos Apóstolos ...22: 3. Quanto a mim, sou judeu, nascido em Tarso da
Cilícia, e nesta cidade criado aos pés de Gamaliel, instruído conforme a
verdade da lei de nossos pais, zeloso de Deus, como todos vós hoje sois. 4.
E persegui este Caminho até à morte, prendendo, e pondo em prisões, tanto
homens como mulheres, 5. Como também o sumo sacerdote me é
testemunha, e todo o conselho dos anciãos. E, recebendo destes cartas para
os irmãos, fui a Damasco, para trazer amarrados para Jerusalém aqueles que
ali estivessem, a fim de que fossem castigados. 6. Ora, aconteceu que, indo
eu já de caminho, e chegando perto de Damasco, quase ao meio-dia, de
repente me rodeou uma grande luz do céu. 7. E caí por terra, e ouvi uma voz
que me dizia: Saulo, Saulo, por que me persegues? 8. E eu respondi: Quem
és, Senhor? E disse-me: Eu sou Jesus Nazareno, a quem tu persegues. 9. E
os que estavam comigo viram, em verdade, a luz, e se atemorizaram muito,
mas não entenderam a voz daquele que falava comigo. 10. Então disse eu:
Senhor, que farei? E o Senhor disse-me: Levanta-te, e vai a Damasco, e ali
se te dirá tudo o que te é ordenado fazer. 11. E, como eu não via, por causa
do esplendor daquela luz, fui levado pela mão dos que estavam comigo, e
cheguei a Damasco. 12. E um certo Ananias, homem piedoso conforme a lei,
que tinha bom testemunho de todos os judeus que ali moravam, 13. Vindo
ter comigo, e apresentando-se, disse-me: Saulo, irmão, recobra a vista. E
naquela mesma hora o vi.

Outro testemunho:

Atos dos Apóstolos ...26: 10. O que também fiz em Jerusalém. E, havendo
recebido autorização dos principais sacerdotes, encerrei muitos dos santos
nas prisões; e quando os matavam eu dava o meu voto contra eles. 11. E,
castigando-os muitas vezes por todas as sinagogas, os obriguei a blasfemar.
E, enfurecido demasiadamente contra eles, até nas cidades estranhas os
persegui. 12. Sobre o que, indo então a Damasco, com poder e comissão dos
principais sacerdotes, 13. Ao meio-dia, ó rei, vi no caminho uma luz do céu,
que excedia o esplendor do sol, cuja claridade me envolveu a mim e aos que
iam comigo. 14. E, caindo nós todos por terra, ouvi uma voz que me falava,
e em língua hebraica dizia: Saulo, Saulo, por que me persegues? Dura coisa
te é recalcitrar contra os aguilhões. 15. E disse eu: Quem és, Senhor? E ele
respondeu: Eu sou Jesus, a quem tu persegues; 16. Mas levanta-te e põe-te
sobre teus pés, porque te apareci por isto, para te pôr por ministro e

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testemunha tanto das coisas que tens visto como daquelas pelas quais te
aparecerei ainda; 17. Livrando-te deste povo, e dos gentios, a quem agora
te envio, 18. Para lhes abrires os olhos, e das trevas os converteres à luz, e
do poder de Satanás a Deus; a fim de que recebam a remissão de pecados,
e herança entre os que são santificados pela fé em mim.

Mais um testemunho

2 Coríntios... 12: 1. Em verdade que não convém gloriar-me; mas passarei


às visões e revelações do Senhor. 2. Conheço um homem em Cristo que há
catorze anos (se no corpo, não sei, se fora do corpo, não sei; Deus o sabe)
foi arrebatado ao terceiro céu. 3. E sei que o tal homem (se no corpo, se fora
do corpo, não sei; Deus o sabe) 4. Foi arrebatado ao paraíso; e ouviu palavras
inefáveis, que ao homem não é lícito falar. 5. De alguém assim me gloriarei
eu, mas de mim mesmo não me gloriarei, senão nas minhas fraquezas. 6.
Porque, se quiser gloriar-me, não serei néscio, porque direi a verdade; mas
deixo isto, para que ninguém cuide de mim mais do que em mim vê ou de
mim ouve. 7. E, para que não me exaltasse pela excelência das revelações,
foi-me dado um espinho na carne, a saber, um mensageiro de Satanás para
me esbofetear, a fim de não me exaltar. 8. Acerca do qual três vezes orei ao
Senhor para que se desviasse de mim. 9. E disse-me: A minha graça te basta,
porque o meu poder se aperfeiçoa na fraqueza. De boa vontade, pois, me
gloriarei nas minhas fraquezas, para que em mim habite o poder de Cristo.

Poderia usar também o relato da Carta de Filipenses. Ali ele fala


de sua vida de religioso. Algo que ele declarou ser como refugo.
Bem, finalizando esta pergunta digo que, a meu ver não procede, mas estão
aí algumas bases, é só ler.

Pergunta 30

Que autoridade há no Novo Testamento para se recolher dízimo (10 % de nossa receita) da
audiência, quando o dízimo é claramente uma lei Mosaica dada para Israel? (Lv 27:32, 34;
Nm 18:21-24)

------------------
“Mas ai de vós, fariseus! porque dais o dízimo da hortelã, e da arruda, e de
toda hortaliça, e desprezais a justiça e o amor de Deus. Ora, estas coisas
importa fazer, sem deixar aquelas”. (Lucas 11:42)

49
Foi Jesus quem disse esta frase. E não foi no Antigo Testamento. Algo
importante antes da resposta. Antes deixarmos o dinheiro como oferta precisamos
temos que ofertar nosso coração. Muitos demonstram sua falta de amor, gratidão e
fidelidade a Deus nas ofertas e dízimos porque seus corações ainda estão presos ao
dinheiro. Somente quebrando as correntes deste tipo de coração é que haverá
liberdade para se entregar a alguns destes preceitos ensinados pela Palavra. Se não,
ficaremos presos retoricamente em leis e justificativas fora de um contexto no Antigo
Testamento.
Esta pergunta de número trinta é bastante interessante, mas sua
formulação expressa um grosseiro engano e desconhecimento das Escrituras. Vou
demonstrar isto ao longo desta resposta.
Temos observado a relutância de algumas pessoas sobre a necessidade de
dizimar. Uma parte compreende que é bíblico o dízimo e que este deve ser o dever
de todo Cristão. Devolver a Deus aquilo que lhe pertence. Por outro lado, outros,
entendem de modo contrário, estabelecem a convicção da desnecessidade de
dizimar.
É evidente que o que vamos abordar, servirá como base a todos aqueles
que desejam uma resposta convincente. Antes das respostas algumas
considerações:

- O dízimo é a devolução a Deus, daquilo que já é de Deus.

- O dizimo não é um imposto, taxa, pagamento, contribuição, porque Ele


(O Pai Celestial) não precisa; Não é resto do que sobra que oferecemos, mas nosso
dízimo é exatamente a resposta da fé, do amor, obediência e reconhecimento; pois
tudo o que somos e que temos, vem D’Ele.

- O dízimo é uma atitude de fé. É consciência de que uma parte dos nossos
rendimentos é de Deus e, consequentemente da comunidade. Por isso, ele é
devolvido para manutenção da comunidade, desde a ação social da Igreja, como da
casa de oração, de obreiros e afins. Dízimo demonstra apego as causas de Deus e
desapego aos bens terrenos. Muitos que se escondem atrás da negativa ao dízimo
estão apegados ao dinheiro e são reféns da avareza. O texto que Paulo trata do
perigo do amor ao dinheiro, em seu contexto fala também repartir (ofertar) de boa
mente:

"Porque o amor ao dinheiro é a raiz de todos os males; e nessa cobiça alguns


se desviaram da fé, e se traspassaram a si mesmos com muitas dores... Que
façam bem, enriqueçam em boas obras, repartam de boa mente, e sejam

50
comunicáveis; que entesourem para si mesmos um bom fundamento para o
futuro, para que possam se apoderar da vida eterna 1Tm 6.10, 18-19

Pontualmente entrando na questão. Na pergunta os textos de Levítico


27:32... e Nm 18:21... são usados para atribuir e restringir o recolhimento dos
dízimos ao período da lei mosaica. Se partirmos da premissa que isso é verdade, em
nenhum outro período (salvo o período da lei) não encontraremos respaldo para a
prática do dízimo. Isto não é verdade, o dízimo não é da Lei e antecede a lei ele vai
além da lei. Senão vejamos:

Antes da lei

O dízimo de Abrão: (Gênesis 14:18-20), o mesmo assunto está registrado


em Hebreus 7:4-6. Os antidizimistas afirmam que o dízimo não é da dispensação
cristã e, sim da Lei de Moisés. Aqui o dízimo aparece uns 400 anos antes da lei dada
a Moisés, (Gálatas 3:17), se o dízimo apareceu, na história do povo de Deus, tanto
tempo antes da formação da nação de Israel e da lei, certamente, não é criação de
Moisés, e muito menos, sua exclusividade. Mas, pensemos um pouco a respeito da
pessoa de Abraão e a sua relação para conosco. Abraão é nosso pai na fé, todo o
capitulo 4 de romanos nos faz esta revelação, no verso 16 diz precisamente o
seguinte “portanto, é pela fé, para que segundo a graça, afim de que a promessa
seja firme a toda a posteridade, não somente à que é da lei, mas também à que é
da fé de Abraão, o qual é pai de todos nós”. Paulo escreveu em (Gálatas 3:7-9),
“sabeis, pois, que os que são da fé são filhos de Abraão, ora tendo a escritura previsto
que Deus havia de justificar pela fé os gentios, anunciou primeiro o Evangelho a
Abraão, dizendo todas as nações serão benditas em ti”, não parece dúvida! os crentes
de todo o mundo são filhos do crente Abraão! E, Abraão devolveu o dízimo! Dele nós
temos esta herança de benção; além da herança da fé. E note-se Abraão pagou
dízimo de todos os seus bens, e, quando estava na incircuncisão, isto é, quando ainda
era gentio. Portanto o dízimo nada tem relação com a lei de Moisés no tocante a sua
origem, pois surgiu muito antes dela, arranque-se da Bíblia todo o conteúdo da lei
dada a Moisés e ainda fica o Dízimo, na sua íntegra exatamente na parte que nos
toca a fé e a justiça de Abraão, de quem, espiritualmente, descendemos. Enfim,
muitos dizem que não havia lei do dizimar no tempo de Abraão, porém está claro e
evidente que todas as coisas que Deus requer de nós sempre foi manifestado como
lei (os mandamentos), ordenanças e estatutos e isto é bem claro que Abraão Guardou
e que foi também requerido de Isaque que ele Guardasse para ser abençoado
(Gênesis 26:5), veja que a primeira ordem que ele recebeu de Deus já obedeceu,
não desça para o Egito. Assim, se torna claro que o dízimo era não um costume e
sim um estatuto dado por Deus como o era a oferta de sacrifícios e isto desde de

51
Abel, e não vemos nada escrito este respeito, como também não aparece sobre
animais imundos ou sábado diretamente, mas sim nas obras ou no proceder destes
homens de Deus.
Certamente que todos os que combatem contra o preceito do dízimo
concordam com ele, e aceitam ser uma prática bíblica, mas para o período do
sacerdócio Levítico.
Mas, que com Jesus mudou o sacerdócio Levítico, assim, mudou as leis
concernentes aos sacerdotes e nesta mudança o dízimo ficou fora permanecendo
somente as ofertas, e que a igreja deve viver somente de ofertas.
Obviamente que nós concordamos com as ofertas, mas, a força da oferta
está nos dízimos. Se não há dízimo, logo chegaremos à conclusão que não existe
também oferta.
Estes dois estão intimamente ligados, sendo o dízimo uma oferta com
porcentagem determinada segundo a prosperidade do contribuinte.
Não vou entrar na questão de Jacó que também dizimou também a exemplo
de Abraão antes da lei. Mas entremos no contexto do Novo Testamento.

Vamos ver o que disse Jesus

Analisando as palavras de Jesus, descobriremos que ele não falou nada


contrário ao dízimo, antes foi favorável a permanência do mesmo. O que ele chama
a atenção é que ninguém pode comprar a salvação por devolver o dízimo ou justificar
suas más ações. Antes ele orientou aos judeus que deveria sim devolver o dízimo,
porém sem omitir os demais preceitos do Senhor. (Mateus 23:3, 4 e 23)

Veja que os inimigos de Jesus nunca o acusaram de ter mudado a lei ou


ensinado nada contrário ao dízimo. Certamente teriam prazer em acusa-lo, mas nada
falou Jesus contrário a prática de dizimar, antes confirmou que o que é de Deus deve
ser devolvido a Deus (Mateus 22:17-21), e o que é de direito ao homem deve-se
devolver aos homens. Exemplo que ele demonstrou aos seus apóstolos e a nós.
(Mateus 17:24-27).

“Mas ai de vós, fariseus! porque dais o dízimo da hortelã, e da arruda, e de


toda hortaliça, e desprezais a justiça e o amor de Deus. Ora, estas coisas
importa fazer, sem deixar aquelas”. (Lucas 11:42)

Jesus critica os Fariseus por que eles deixaram de praticar a justiça e o


amor de Deus, não por entregar seus dízimos, eles que entregavam o dízimo das
coisas mais valiosas como hortelã e especiarias que naquela época valiam mais que
o ouro, porém, desprezavam outros preceitos até mais importante como a justiça.

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Em toda questão de ordem moral, espiritual ou teológica, Jesus é autoridade máxima,
e a sua palavra é decisiva. O seu parecer, sobre qualquer assunto, é suficiente para
dirimir a mais intricada questão doutrinária ou controvérsia religiosa, em torno de
qualquer tema bíblico.

Em (Mateus 23:23) duas coisas importantes quero destacar nesta


passagem.
Primeira, é a declaração de Jesus, afirmando que a fé, a misericórdia e o
juízo, também pertencem à lei.
Ele diz precisamente, isto Vós dizimais a hortelã, o endro e o cominho e
desprezais o mais importante da lei, o juízo a misericórdia e a fé. Dizer que o juízo e
a misericórdia e a fé constituem o mais importante da lei, é tão maravilhoso que
somente o Mestre Divino poderia fazê-lo.
Segundo, é que se você retirar o dízimo, também pode retirar o juízo
(justiça) a misericórdia e a fé. Jesus demonstrou que ambos faziam parte da mesma
lei.
Jesus não condena o ato de dizimar dos fariseus. Ele não estava falando do
dízimo. Reprovou aos líderes religiosos porque, havendo perdido a verdadeira
perspectiva dos valores divinos, obedeciam com cuidadoso detalhe até aos menores
requerimentos de Deus, mas ao mesmo tempo deixavam de lado responsabilidades
tão importantes como a justiça, a misericórdia e a fé. Estavam preocupados com os
mínimos detalhes do dízimo, mas indiferentes à prática de tão nobres virtudes. Com
esta reprovação, Jesus deixou bem claro que o dízimo não pode ocupar o lugar da
Justiça, da Misericórdia e do Amor, mas tampouco pode ser desprezado. Ao contrário,
confirmou-o com palavras enérgicas: “FAZER ESTAS COISAS, SEM OMITIR
AQUELAS”.
Podemos ficar certos de uma coisa, o ato de dizimar e ofertar hoje e cada
vez mais tem perdido o seu brilho, muitos dizimam ou ofertam por interesses
próprios, outros por um mandado ou por apelos dos dirigentes e são poucos os que
fazem com gratidão a Deus. Talvez, alguns digam que o dízimo não tenha sido para
nós, no tempo da graça, mas mesmo assim posso dizer é um belo exemplo que temos
do Velho Testamento. Por que uma coisa é certa, quem não concorda com o dízimo
muitas vezes nem das ofertas se lembra de entregar.
Vejamos a incoerência: o ato de congregar no templo foi estabelecido na
Velha Aliança, mas hoje estamos na graça, pelo sacrifício de Cristo e nem por isso
deixamos de congregar e construir um local (templo), mas se todos deixarem de
dizimar e ofertar como iremos ter templos com um mínimo de conforto com
iluminação, serviço de som, poltronas etc...

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Muitos daqueles que não dizimam esquecem que mais do que a
formalidade do cumprimento da Lei de modo frio, está o amor, a gratidão e o desejo
que a obra de Deus nesta terra seja mantida.
Como explicar o constrangimento de Paulo diante de uma igreja que
negligenciava a entrega das ofertas e dízimos, veja o texto:

2 Coríntios 11: 8. Outras igrejas despojei eu para vos servir, recebendo delas
salário; e quando estava presente convosco, e tinha necessidade, a ninguém
fui pesado.

A exemplo de muitos que hoje negam a entrega de suas ofertas dizendo


que o dízimo é coisa da lei mosaica não podemos supor que está fosse a realidade
daquela igreja? Ou seria falta de gratidão e avareza? Não importa a resposta, tanto
uma, quanto outro vemos o desprezo pela vontade de Deus na entrega do dízimo e
ofertas.

Veja outro ponto no texto:

1 Timóteo 5: 18. Porque diz a Escritura: Não ligarás a boca ao boi que
debulha. E: Digno é o obreiro do seu salário.

Paulo faz a ligação neste texto entre um preceito da lei e realidade implícita
que aponta para necessidade de recursos para mantimento de um obreiro. Muito
interessante.
Como será que este obreiro viveria em uma igreja dos dias atuais, se esta
não contasse com a fidelidade da entrega dos dízimos.? Provavelmente muitos
pediriam a Deus que enviasse um corvo para sustento dele para se isentarem da
prática da entrega dos dízimos. Ou talvez afirmassem: ele não precisa de
pagamentos. A Bíblia diz que o justo viverá da fé. Sarcástico mais é uma verdade.

Além destes, veja outro texto:

1 Coríntios 16: 1-2: ORA, quanto à coleta que se faz para os santos, fazei
vós também o mesmo que ordenei às igrejas da Galácia. No primeiro dia da
semana cada um de vós ponha de parte o que puder ajuntar, conforme a sua
prosperidade, para que não se façam as coletas quando eu chegar.

O que Paulo quis dizer na expressão conforme a sua prosperidade. Esta


expressão na verdade tem a ver com a proporcionalidade. Dízimo também não é uma
proporção: 10 por cento. E não adianta dizer que a referência aqui é para ofertas.

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Paulo distingue a entrega da proporcionalidade da oferta. Oferta é segundo o que se
propõe no coração. São bem distintos.
Não obstante, poderia entrar no texto de Hebreus onde o dízimo é
mencionado. Jesus é citado ao lado de Melquisedeque. O assunto dízimo é tratado
claramente. Se o dízimo foi entregue a Melquisedeque porventura também não
deveria ser entregue a Jesus. Leia o texto com atenção. Jesus e o Sacerdote da Nova
Aliança. Se foi feito a Melquisedeque quanto mais a Cristo.

Pergunta 32

Seriam os seminários e escolas bíblicas o modo de Deus preparar um servo para o


ministério? Conceder e receber diplomas e títulos (como Doutor em Divindade) seria uma
prática fundamentada nas Escrituras? A Bíblia diz que não devemos dar títulos honoríficos
uns aos outros. (Jó 32:21-22; Mt 23:7-12)

---------------------------

“O Mestre está aí” (João 11:28).

“Pois haverá tempo em que não suportarão a sã doutrina; pelo contrário,


cercar-se-ão de mestres segundo as suas próprias cobiças, como que
sentindo coceira nos ouvidos; e se recusarão a dar ouvidos à verdade,
entregando-se às fá- bulas” (II Tm 2: 3,4).

Já comentei anteriormente sobre a questão da multiplicação de título


eclesiásticos. Não há dúvidas que em breve ouviremos alguém será promovido a
cargo de vice deus. A soberba infestou o sangue humano deste a queda e o desejo
de ser semelhante ao Altíssimo continua a acompanhar muitos. Digam Herodes que
caiu comido de bichos e Nabucodonossor que teve a sua morada com os animais
selvagens. Toda a honra e toda Glória devem ser dados a Deus!
Por outro lado, temos quer ser equilibrados e não sair criando tribunais de
inquisição. Há título acadêmicos, há títulos honoríficos, há honrarias devidamente
cabíveis que não contradizem a Palavra de Deus. Estas nada tem a ver com o que
aqui foi proposto nesta pergunta. O grande problema é quando estes títulos são
dados com intuído de exaltar homens e quando os homens se inclinam a ceder sobre
os status destes títulos.
A Palavra faz uma distinção. Vemos isto na Palavra, Paulo se dirigindo a um
governador disse:

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E, dizendo ele isto em sua defesa, disse Festo em alta voz: Estás louco, Paulo;
as muitas letras te fazem delirar. Mas ele disse: Não deliro, ó potentíssimo
Festo; antes digo palavras de verdade e de um são juízo - Atos 26:24,25

Lucas, o evangelista na introdução do evangelho que tem o seu nome afirmou:

Pareceu-me também a mim conveniente descrevê-los a ti, ó excelentíssimo


Teófilo, por sua ordem, havendo-me já informado minuciosamente de tudo
desde o princípio - Lucas 1:3

O que me preocupa mais uma vez é o que está por traz deste tipo de
pergunta. Não é o fato de frequentar um seminário ou mesmo buscar apreender um
pouco mais sobre a Palavra em uma Escola Dominical que deve ser taxado como um
problema. São meios, são louváveis. Paulo aprendeu em uma famosa escola. Foi
criado aos pés de Gamaliel, um famoso rabino de sua época. Eliseu conduzia uma
escola de Profetas. Esdras e Neemias prezavam pelo ensino da Palavra a todo o povo.
Tudo aquilo que fizermos para conhecermos e com isso servirmos melhor a Deus
deve ser priorizado.
Temos que ter a consciência que não se trata aqui simplesmente de ter um
conhecimento. A Palavra diz: “O saber incha, mas o amor edifica”. Mas bem sabemos
em que contexto isto foi digo.
A orientação da Palavra é clara. O salmista sedento por conhecer mais de
Deus disse: “Desvenda os meus olhos para que eu compreenda as maravilhas da tua
Lei”. O Profeta afirmou: O meu povo é destruído por que lhe faltou conhecimento.
Ao contrário, um povo ignorante, será sempre massa de manobra nas mãos
de mestres inescrupulosos. O que diz as Escrituras sobre eles: Matheus 7:15
"Acautelai-vos dos falsos profetas, que se vos apresentam disfarçados em ovelhas,
mas por dentro são lobos roubadores".

Mateus 24:11 "levantar-se-ão muitos falsos profetas e enganarão a muitos".

Mateus 24:24 e Marcos 13:22 "porque surgirão falsos cristos e falsos profetas
operando grandes sinais e prodígios para enganar, se possível, os próprios
eleitos".

Já que o assunto foi mencionado a questão do ensino, vu falar


bastante sobre esta questão começando por Jesus:

Jesus viu no ensino a gloriosa oportunidade de formar os ideais, as atitudes


e a conduta do povo em geral. Ele não se distinguiu primeiramente como orador,

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como reformador, nem como chefe, e, sim, como mestre. Vemos perfeitamente que
ele não pertenceu à classe dos escribas e rabinos que inter-pretavam
minuciosamente a Lei. Não. Ele ensinou. De forma alguma se distinguiu ele como
“agitador da massa popular”. Não comprometeu sua Causa com apelos em reuniões
populares, com práticas ritualistas, ou com manobras políticas, não. Ele confiou sua
Causa aos prolongados e pacientes processos de ensino e de treinamento. L. A.
Weigle diz: “Jesus lançou mão do método educativo, e não do método de força
política, ou de propaganda, ou do poder.” E J. A. Marquis acrescenta: “A principal
ocupação de Jesus foi o ensino. Algumas ve-zes ele agiu como curador, outras vezes
operou milagres, pre-gou frequentemente; mas foi sempre o Mestre. Ele não se pôs
a ensinar porque não tivesse outra coisa a fazer; mas, quando não estava ensinando,
estava fazendo qualquer outra coisa. Sim, ele fez do ensino o agente principal da
redenção.”
A ênfase que Jesus deu ao ensino ressalta do fato de em geral ser ele
reconhecido como Mestre. “À luz dos Evangelhos, vemos que seus discípulos e
contemporâneos o tornavam como mestre.” Ele foi mesmo chamado Mestre,
Professor ou Rabi; e tudo isto, traz em seu bojo a mesma ideia geral expressa por
Nicodemos quando disse: “Rabi, sabemos que és mestre vindo da parte de Deus”
(João 3:2). Nos Evangelhos, Jesus é cha-mado mestre nada menos de quarenta e
cinco vezes, e nunca se fala nele como pregador. L. J. Sherril diz que, somando-se
todos os termos equivalentes a mestre, temos o total de ses-senta e um.11 Norman
Richardson anota que o vocábulo Mestre é usado sessenta e seis vezes na Versão
King James; cinquenta e quatro vezes é derivado da palavra grega que significa
profes-sor ou mestre.12 Fala-se em Jesus ensinando, quarenta e cinco vezes; e onze
apenas pregando, e, assim mesmo, pregando e ensinando, como vemos cm Mateus
4:23 — “ensinando em suas sinagogas e pregando o evangelho do reino”.
Chamavam-no mestre não apenas os doze, mas também outros mais discípulos seus.
Outrossim, Jesus a si mesmo se chamava Mestre, dizendo: “Vós me
chamais Mestre e Senhor; e dizeis bem, porque eu o sou” (João 13:13). Também
dizia ser “a luz”, vocábulo que traz a ideia de instrução. Nesta linha de pensamento,
interes-sante é notar que João Batista sempre foi mais chamado pre-gador que
mestre.
Outra indicação desta ênfase sobre o ensino é. a termino-logia empregada
para descrever os seguidores e a mensagem de Jesus. Não são eles chamados
súditos, servidores ou camara-das. A palavra cristão só é empregada três vezes em
o Novo Testamento para caracterizá-los e assim mesmo uma vez como zombaria. No
entanto, vemos a palavra discípulo, que significa aluno ou aprendiz, empregada 243
vezes, para referir-se aos seguidores de Jesus. A mensagem de Jesus diz-se ser
ensino (39 vezes), e sabedoria (seis vezes), não dando tanto a ideia de preleção ou
sermão. A expressão Sermão do Monte não é usada pelos escritores do Novo

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Testamento. Mateus apenas diz — “E ele se pôs a ensiná-los, dizendo…” (Mat. 5:2).
Tal peça deve ser intitulada — O Ensino do Monte, e não O Sermão do Monte.

Mestres chamados imitando o Supremo Mestre

Concluímos que Jesus foi consumado mestre na arte de ensinar, quando


vemos que ele praticamente empregou aqui e ali, pelo menos em embrião, os
métodos usados hoje em dia — perguntas, preleções, histórias, conversas,
discussões, dramatizações, lições objetivas, planejamentos e demonstrações. Por-
menorizadamente estudaremos este assunto no lugar próprio, noutro capítulo.
Vemos ainda que Jesus conhecia perfeitamente a arte de ensinar pelos processos de
que lançou mão, pois, quando analisamos suas partes componentes, descobrimos
que suas lições tinham exórdio, desenvolvimento e conclusão sempre muito
apropriados. Também daremos maior atenção a isto mais tarde. Ele tratava
diretamente dos assuntos, com ilustrações mui adequadas, aplicando sempre muito
bem seu ensino a situação e ao momento. Na arte de ensinar, foi mestre de mão
cheia.
Buscando dominar bem esta difícil e gloriosa arte, bem andaremos se
seguirmos o exemplo que Jesus nos deixou. A dedicação, o entusiasmo e a fidelidade
o ensino não ressarcirão a falta de conhecimento dos métodos de ensino, nem
desculparão um ensino fraco e precário. Em regra, ninguém nasce mestre. Os
mestres se fazem. Pelo menos, como já se disse, os mestres “não nascem feitos”.
Necessário se faz o estudo cuidadoso, e também prática prolongada e paciente.
Esperamos que para este fim o presente volume contribua de algum modo. É verdade
que devem ser compulsados e estudados outros mais livros sobre este assunto, bem
como livros que tratam dos alunos e das suas necessidades. Do ponto de vista
humano, sabemos que Deus pode usar com muito maior proveito um professor
preparado do que um que pouco ou nada sabe. Urge procurarmos ser a nossos olhos,
e aos olhos de nossos alunos, os melhores mestres que se possa encontrar.
Quando olhamos para Jesus, e o vemos à luz de sua perfeita personalidade,
do seu espirito de servir, de sua confiança no ensino, do seu conhecimento das
Escrituras e da humanidade, do seu domínio dos métodos e processos de ensino,
concluímos que ele foi o mestre melhor qualificado que o mundo já conheceu. Ele foi
de fato “o Mestre dos mestres”, ou “o Mestre Magistral”, como o caracterizou Horne
no título de sua obra. Ou, como bem o disse J. L. Corzine: “Jesus é mais do que o
Mestre Mor. Ele é o Mestre Incomparável.”
“Qualquer pedra de beira de estrada, qualquer tripeça tomada por
empréstimo a um tugúrio, sentando-se Jesus aí, transforma-se num trono de
autoridade e sabedoria universal, invejado por soberanos e pontífices.”25 Jesus é o

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nosso modelo incomparável, e sempre temos o que aprender com seus métodos e
mensagens. Como disse Marta: “O Mestre está aí” (João 11:28). “Ao contrário dos
mestres religiosos do seu tempo, Jesus ensinou com sua própria autoridade. Não
ensinou como os escribas, que repetiam e citavam dizeres de outros. Jesus falou
movido pela consciente paixão da verdade que fervilhava no seu íntimo.
Por isso sou um defensor de Seminários e Escolas Bíblicas. O resto
são títulos.

Pergunta 33

Será que existe qualquer fundamento na Palavra de Deus para essas igrejas enviarem
Ministros e Pastores para um determinado lugar para executarem uma obra para o Senhor?
Costumamos ouvir comentários como, "o Pastor fulano foi enviado por tal organização". As
Escrituras mostram que Cristo, a Cabeça da igreja e Senhor da seara, é quem envia os
Seus servos para a obra que preparou para eles, por meio da direção do Espírito, e que a
igreja deve tão somente reconhecer isso estendendo ao servo a destra à comunhão. (Mt
9:38; At 13:1-4; Gl 2:7-9).

----------------------------

At 13:2 E, servindo eles ao Senhor, e jejuando, disse o Espírito Santo: Apartai-me


a Barnabé e a Saulo para a obra a que os tenho chamado.

Eu não preciso de uma igreja. Deus trata diretamente comigo. É muito bom
dizer que Deus tem me guiado, me conduzido, fala diretamente comigo e eu obedeço.
Não preciso da “igreja” para me enviar. Eu sou sensível a voz do Espírito e faço
somente aquilo que Ele me conduz a fazer. Boa esta afirmação. Mas o que vemos é
que em muitos destes casos o que reina é um espírito de insubmissão e rebeldia.
Muitos se escondem atrás de argumentos como estes para fazer o que bem querem.
E no final é só aparentar uma pretensa espiritualidade e dizer: Eu fiz o que Deus me
mandou. Esta é a realidade que está por trás deste tipo de pergunta.
Outro ponto, não se trata aqui de uma independência à ação de Deus
daqueles que fazem parte da igreja institucionalizada. Quando se diz que a igreja
envia, sabemos que ela, a igreja, está sob a tutela e soberania de Deus.
A um texto mencionado acima em At 13.2. É dito: “apartai-me a Barnabé e
a Paulo. A pergunta é quem apartou. Os servos que estão na igreja. Vejo nesta
pergunta apenas mais um jogo retórico.
Vamos fazer o exercício de lógica muito simples. A igreja é composta por
homens. Quando o Espírito fala aos homens, estes homens que fazem parte da igreja

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agem em obediência à direção do Espírito. Neste sentido, a igreja envia por meio da
ação dos homens. Vamos ver alguns textos onde esta verdade é vista explicitamente:

Atos dos Apóstolos 11: 21. E a mão do Senhor era com eles; e grande número
creu e se converteu ao Senhor. 22. E chegou a fama destas coisas aos ouvidos
da igreja que estava em Jerusalém; e enviaram Barnabé a Antioquia.

Atos dos Apóstolos 11: 25. E partiu Barnabé para Tarso, a buscar Saulo; e,
achando-o, o conduziu para Antioquia. 26. E sucedeu que todo um ano se
reuniram naquela igreja, e ensinaram muita gente; e em Antioquia foram os
discípulos, pela primeira vez, chamados cristãos.

Atos dos Apóstolos 11: 29. E os discípulos determinaram mandar, cada um


conforme o que pudesse, socorro aos irmãos que habitavam na Judeia. 30. O
que eles com efeito fizeram, enviando-o aos anciãos por mão de Barnabé e
de Saulo.

Atos dos Apóstolos 19: 21. E, cumpridas estas coisas, Paulo propôs, em
espírito, ir a Jerusalém, passando pela Macedônia e pela Acaia, dizendo:
Depois que houver estado ali, importa-me ver também Roma. 22. E, enviando
à Macedônia dois daqueles que o serviam, Timóteo e Erasto, ficou ele por
algum tempo na Ásia.

Pergunta 34

Onde nas Escrituras vemos a ideia da igreja ser uma organização que ensina? Costumamos
ouvir pessoas dizendo, "Nossa igreja ensina que..." Na Bíblia não vemos a igreja
ensinando, mas sendo ensinada por indivíduos que são levantados pelo Senhor. (At 11:26;
Rm 12:7; Ap 2:7, 11, 17, 29; 3:6, 13, 22; 1 Ts 5:27).

-----------------------

Esta pergunta no meu singelo parecer traduz apenas um jogo de palavras.


Só é uma questão de semântica, um exagero retórico. Quando se diz "Nossa a igreja
ensina que..." na realidade esta expressão demonstra que aqueles que foram salvos
por Cristo e fazem parte deste corpo exercitam a prática de ensinara Palavra de Deus.
A igreja só é igreja porque tem membros que fazem parte de sua estrutura sendo
estes ligados a cabeça que é Cristo. Outra coisa, um membro só é membro, só tem
relevância, quando está ligado ao corpo.

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Mais o que vale ser ressaltado acima de tudo é o que é ensinado. O
fundamento deste ensino deve ser a inerrante e infalível Palavra de Deus.

Conclusão

Vou repetir algo já mencionado anteriormente. A igreja é um local de


pecadores remidos e não de remidos perfeitos. Ao longo de sua jornada ela tem
sofrido muitos ataques. Muitos de fora, mas creio que os piores vêm daqueles que
fazem parte dela, ou melhor, daqueles que dizem fazer parte dela. Não importa,
independente dos ataques a convicção daqueles que tem procurado seguir piamente
a Cristo confirmou-se no passado e ainda hoje continua a ser confirmado hoje:

De sorte que as igrejas eram confirmadas na fé, e cada dia cresciam em


número – At 16.5.

Obras consultadas

https://bibliajfa.com.br/app/acf

http://verdadesbiblicasonline.blogspot.com/sombras-das-coisas-futuras.

https://sites.google.com/site/iasdonline/home/reparador/leis

http://tempora-mores.blogspot.com/2013/09/os-desigrejados

http://www.destakenewsgospel.com.br/2017/02

http://ultimato.com.br/sites/estudos-biblicos/assunto/igreja/desigrejismo-

crentes-caindo-fora-da-igreja/

A PEDAGOGIA DE JESUS, J. M. Price

Manual do Pentateuco – CPAD, Vitor P. Hamilton

61

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