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3[3] Habermas (1990) define com precisão e síntese as tradições filosóficas que
constituem o chamado pensamento metafísico: "Caracterizo como metafísico o
pensamento de um idealismo filosófico que se origina em Platão, passando por Plotino e
o neoplatonismo, Agostinho e Tomás, Cusano e Pico de Mirandola, Descartes, Spinoza
e Leibniz, chegando até Kant, Fichte, Shelling e Hegel". Destaca como aspectos comuns
do pensamento metafísico o pensamento da identidade, o idealismo e a filosofia da
consciência.
conhecimento. No plano empírico essa correspondência foi posta na correlação
entre um dado e uma lei geral. No plano filosófico se expressa na correspondência
entre representação (o conceito) e coisa mesma ( o real).
"O recurso das humanidades às analogias explicativas das ciências sociais é uma
prova da desestabilização dos gêneros e da ascensão do giro interpretativo, e sua
conseqüência mais visível é a transformação do estilo discursivo dos estudos
sociais. Os instrumentos de validação do pensamento estão mudando e a sociedade
se apresenta cada vez menos como uma máquina ou como um quase-organismo, e
mais como um jogo sério, um teatro de rua, ou como um texto dirigido" (Geertz.
1994:35).
4[4] Segundo Aramayo (1995: 289), esta ruptura epistemológica engloba diferentes tradições
entre as teorias que se situam dentro de um referencial linguístico: "Entre estas haveria que
mencionar a tradição anglosaxônica, influenciada por Wittgeinstein, J.L. Austin e G. Ryle; a
francesa, que parte de Saussure e chega até Derrida; e a alemã, que culmina em Gadamer e,
de certo modo, também em Apel e Habermas"
5[5] Para Geertz (1994: 34) "A explicação interpretativa - e se trata de uma forma de
explicação não de uma glosografia exaltada - centra sua atenção no significado que as
instituições, ações, imagens, expressões, acontecimentos e costumes têm para aqueles
que possuem estes costumes, instituições etc. O resultado disto não se expressa
mediante leis como a de Boyle, ou em forças como as de Volta, ou através de
mecanismos como os de Darwin, mas sim por meio de construções como as de
Burchhard, Weber ou Freud: análises sistemáticas do mundo conceitual em que vivem
os condottieri, os calvinistas ou os paranóicos".
"La hermenêutica misma es solo interpretación: no funda su pretensión de
validez en un supuesto accesso a las cosas mismas sino que, para ser
coherente con la crítica heidggeriana de la idea de verdad como
correspondencia, en la cual se inspira, puede concebir-se a si misma solo
como la respuesta a un mensaje, como la articulación interpretativa de la
propria pertenencia a una tra-dicíon" (Vattimo, 1992: 157)".
"Se buscarmos uma saída que possa superar o dualismo apontado, levando-
se em conta o fato da própria educação reforçar a fragmentação disciplinar
das ciências ambientais, não podemos fugir de duas condições. Primeiro,
seria necessário revincular as questões ambientais ao agir humano que as
originou; e segundo, tal revinculação do homem ao meio ambiente teria que
recorrer a uma postura científica não mais objetificadora, portanto, não mais
reduzida ao modelo de explicação causal de fatos, usadas pelas ciências
"duras" (grifo meu).
6[6] Um exemplo dos efeitos de uma interpretação que vem se descolando das condições
sócio-históricas de produção de sentido é o consenso encobridor que tem se formado em torno
do conceito de desenvolvimento sustentável. A despeito de toda a disputa ideológica que
permanece na origem deste conceito, o conflito de interpretações sobre os critérios de
sustentabilidade bem como os valores políticos e éticos nas diferentes acepções deste
conceito, tem sido sistematicamente apagado pela ampla generalização e esvaziamento do
termo.
7[7] Estou usando o termo ideológico no sentido amplo de universo de valores culturais
que englobam sua acepção política embora não se restringe a esta. Estou excluindo,
portanto, as definições de ideologia que tomam o conceito como mistificação ou
distorção do real.
3.1. A natureza domada
Assim, como nos mostra Thomas (1989) em seu excelente estudo sobre a
mudança das atitudes em relação às plantas e aos animais entre 1500 e 1800, nos
séculos XVI e XVII, terra boa e bonita era sinônimo de terra cultivada. As áreas
silvestres, montanhas e pântanos eram tidos como os símbolos vivos do que
merecia ser condenado. Louvava-se o solo que ha duras penas fora limpo e
conquistado frente a mata, aos arbustos e ervas daninhas. A paisagem cultivada
neste período distinguia-se dos padrões rurais anteriores por suas formas cada vez
mais regulares. A prática de plantar cereais ou vegetais em linha reta não era
apenas um modo eficiente de aproveitar espaços mas também representava um
modo agradável de impor a ordem humana ao mundo natural desordenado.
"no lugar do jardim formal aparado como por manicure, que antes fora o
ideal da horticultura, desenvolveu-se um estilo caracteristicamente inglês de
jardinagem paisagística, tão informal que às vezes parecia difícil distingui-lo
de um campo não cultivado; e, ainda mais notável, a paisagem agreste
deixou de ser objeto de aversão para se tornar fonte de renovação
espiritual"(Thomas, 1989:307)
8[8] O conceito de longa duração foi introduzido na história pela Escola dos Annales,
particularmente por Fernand Braudel, que buscava fazer uma história que captasse os
efeitos de permanência de estruturas simbólicas geradas em conjunturas históricas
passadas no contexto contemporâneo. Ernest Bloch também operou com esta idéia que
nomeia como "não-contemporaneidade". Para uma aplicação deste conceito de Bloch às
raízes "não-contemporâneas" do sentimento de pertencimento à terra expresso nos
atuais movimentos ecológicos ver Alfanderry (1992).
Referencias bibliográficas
Elias, N. O processo civilizados; uma história dos costumes. Rio de Janeiro; Jorge
Zahar editor, 1990.