Você está na página 1de 165

~7

DlCClDNARID DE VOCABULOS BRAZlLEIRDS


DICCIO ARIO

DE

)CABULOS BRAZILEIROS
PELO TENENTE-GENERAL

X.\Tl"RAL 1.)0 ~rUXJCII'h,) Di! :"ITEKOY

Conselheiro d'Estado e de Guerra, Gran·Cruz da Ordem de .-\viz,


lignit:ario da da Rosa, Commendador da de ChriSlO, éondecorado com a medalha de campanha
içAo de Uruguayana, Gentilhomem da Lmperial Camara, Presidente da Sociedade Central de lmmigraçAO,
:\Iembro honorario do Instituto HisLOricO e Geographico BraziJeiro, correspondente de OUlr'aS
socic:dadcs scientificas c litterari..1.S, nacíol1aes e cstrangeiras. etc.

RIO DE JANEIRO
I:IY-LPREN8.A.. N .A..OION.A..L

1889
1b56- ,
ASUA MAGESTAlJE IMPERIAL

11I1'~IBDOR ro~ 1IT rlOm E DEFEXSOR I'EIII'ET110 110 DR~ZII .•

Como expressão do mais profundo respeito

. D. C.

o l"isamde dI! Bt'ourt'jJaire-Ro/lIl1l.


..----...".-~ ~ ..--
.. ...
E.st~ volumD ClC1 , - : ~ rog:strado
sob núme{'Ç> ?) () 7- .
do ano de .I..1. .s. _
PROLOGO

Apresento-me em publico á sombra do se"'uinte conceito de Gre et: On


doit s'honorer des critiques, mepriser la satire, pi"ofiter de ses (autes et (aire
mieua:.
Em tae condiçõe, não .enho implorar a indulgencia, senão a mais ri-
goro a cen um, e a considera.rei como um acto de benevolencia da parte
daquelle que, intere . n10-- por a.s~umpto- deste "'enero, se dignarem diri-
gir-me uas obser'l"açõe~. no ntido de melhorar o meu trabalho.
A.l"'uro preyej que ~-o credor, de antecipada satisfacção.
Reconheço que o meu DiccionaJ"io de íocabulos B"azileiros melhor preen-
h ria eu titulo -e comprehende - a totalidade da denominações vulgare
do' no o prOtlucto~ naturoe:::. d • tribus do' aborigene que existiram e ainda
exi tem <:1m n - p..'l.iz e da 10calidad - Dja etymologia é tão rica de poesia.
• ão foi certamente por me ti:llt· rem materiae- que deixei de o fazer: foi pelo
receio da p rder meu trabalho, e não me apre;: e cm publical·o no pé em
qne e acham .• '.1. minha a,ançada idade. não é licito confiar muito na vida.
Tal qual o dou a pr lo. poierá - r,ir de b3.-8 a obra de mais de envolV1mento .
não thltará quem di~ o -a eucarr "'ue. com "'rantla proveito da nossa litteratura.
Poder·m hão lU''''uir d pouco -y t m tico quanto ã. ortho"'raphia das pala-
TI':' derivada d tupi. .\ peit fiu-ei apena- ob-°r>'ar que e te" língua,
apezur de suas bellezas . yntactic.'ts, que a fizeram. mui de uma vez, comparar
ao grego, el'a meramente falIada e núo e cripta pela tribu el agens que a pra-
ticavam. Os Europeos, quc primeiro a estudaram e lhe orgauizaram grammaticas
e voc.'tbulario, e viram certamente em grave difficuldade para representar san
completamente extranbos ao nosso alpbabeto, e dabi na ceram as convenções 01'-
tbographicas que cada um procurava ju ti ficar a seu modo. Ha obretudo urna
vogal guttural cuja pronuncia só póde er adquirida por 11ml1 longa pratic.'t.
Moutoya a represeuta por 'Í' alguns .jesuitas portuguezes por ig; e Anchieta
ora por um i com um ponto em baixo, quando e e i, a que elle cJmma aspel"O, se
ncha no meio da dicção, e ora por ig no fim da paJavra. Eu a su:':sti tui em qua.l-
quer caso por !J. O jesuita, tanto bespanhoes como l)Ol'tuguezes, no intuito de
accommodarem aos diversos lialectos da lingua tupi o no so al[ habeto, suppri-
rnil'am a lettra s e a substituiram por c e ç. O ç, quando o escriptor se e quecia
da indispen avel cedilba, foi cau. a do e tropeamento de muitos vocabulos, taes
como amçari, jaçanlln, çavid, convertidos boje, na linguagem sciec ti fica, em
m'acal"i, jacanân, cavid, etc. Em lagar do ç inicial, u o eu francameute do s,
como em .ml'eca, sapil'anga, Sapil"OCa e outro:) mais; e se não escrevo a?'asal'i
jasanan é pelo receio de induzi!' em erro o meu leito!', obriganclo-o a pronunciar
arazari, ja::andn, peln. regl'u bem conhecida de que, salvo poucas excepçõe ,
o s entre ,ogaes tem o som de :;.
Jiío e muito de espantar e te e~tado de de ordem na ol'tllOgl'aphia, ele idiomas
illettrados, quando na no'sa propria e formosa Iin"'ua se ob-erva a tal re -
peito a maior incul'ia. Não nos faltam certamente diccionario.; mas cada
auctor indica 11m modo de escrever e pronunciar diverso dos outros. Parece
incrivel que a lin"'ua portngueza não tenha ainda um diccionario officiaI, que
nos irva de auctoridade.
A re peito de etymologias, não menciono senão aquelln, que me pare-
ceram racionae . Procurai-as na mera semelhança de palavras é um erro que
no conduz a íerdadeil'os ue-propo ito ' Temo.> um exemplo dis o naquellas de
<]ue tratou l\1artius no seu Gtossm'ia Lil1gua1'um Bl'asiUensium.
Martiu e um abio digno da ju-ta veneração ele todo o univel'"o, pelos seu
erviços a scieucia; e nós Brazileiro lhe devemos particular gratidão pela
publicação da Flo/'a Brasilien is, e e oberbo monumento da no a riqueza
vegetal j ma como etymologista claudicou de um modo lamentave]. Seu Glos-
sal'ia, verdadeiro de- erviço feito tL linguistica, e infelizmente a norma por onde
'e guiam certos romanci ta , que, sem estudo e peciaes, c julgam auctorizado
a interpretaI' vocabulo ue que nem sequer conhecem a genuina significação,
Não me extenderei mais sobl'e este as'umpto, não obstante o interesse que nos
póde inspirar, e termLnarei dil'i"'indo meu g rue' u"'rade6imento a totios aquelles
ami"'O que me auxilin,ram com sua informaçüe .
Relacão das vessoas Que contribuíram com informacôes e cUjos nomes estão
l

. citados no correr d'este Diccionario

Abreu e Liml1. General José [gnacio de Abreu e Lima, já t'allecido.


Alberto Felippe José Alberto ja fallecido.
Aragão De. Francisco Pires de Carvalho e Arao-ão.
Aranha. Themistocle. Aranha, já fallecido.
B. de Geremoabo Barão de tl-eremoabo.
B. Homem de Mello Barão Homem de l\Iello.
B. de Jary Barão de Jary .
B. de Maceiá Barão de Maceió, ja. faJlecido.
B. de Marajá Barão de Marajá.
B. de Matto o Barão ele M:1tto o.
B. de Campo Barão de S. Salvador de Campo .
B. Marcondes Coronel Benedicto Marconde Homem de Mello.
C. de Albuquerqu Tenente honorario Francisco tio Pn.llll1. Ca alcanti de
Albuquerque.
Cesar. C. ela, Costa Tonente-coronel honorario Ce ario Correa ela Co~ta.
Chagas Conselheiro Franci co Manoel da Chagas.
Chagas Ooria Major Luiz Mano 1 da Chagas DOI'ia.
Claudiano Clalldiano Xavier de Oliveira.
Colonia Jo é do antos Colonia.
Correia do Morne João José Correia ele Moraes.
D. Braz D. Brn,z le ouza da ilveira.
E. Barbosa 'I ice-almirante Eliziario Jo é Barbo~a.
E. <.le Souza Dr. Antonio Ennes de ouza.
F. Roch:1 Conselheiro Antonio Lacli lau d Fio-ueiredo Roclu\ j:'l.
fallecido.
~. Tavol'a Dr. João Franklin da Silveira Tavora, já fil,llecido.
.:rlaziou Dr. Augusto Franci co Maria Glaziou .
.Jõltli Dr. Emilio Aug-u to GÕILli .
:l. Barbosa Chefe de divisão Hermenegildo Antonio Bal'bosa de
Almeida, já fallecido.
J. Alfredo Conselheiro João Alfredo Corrêa de Oliveira.
J. A. de Freitas Dr. João Alfredo de Freitas.
J. Przewoclowsky João Przewodowsky, ja fallecido.
João Ribeiro João Ribeiro' Fernandes, da Bibliotbeca Nacional.
J. S. da Fonseca Dr. João Severianolda Fon eca.
J. Norberto Commendador Joaquim Norberto de Souza e Silva.
J. Serra Joaquim Maria Serra, ja fallecido.
Lima e Silva Tenente-coronel João Manoel de Lima e ilva.
L. de Beaurepaire Tenente-coronel Luiz de Beaurepaire Rohan.
L. D. Cleve Dr. Luiz D. elêve.
Marinho Falcilo Alferes honorario Ismael Marinho Falcão.
Meira Dr. Olintho Jo é Meira.
M. Brum Dr. José Zeferino de Menezes Brum, da Bibliotheca
Nacional.
Monteiro Tourinho Capitão Franc' co Antonio Monteiro Tourinho, já falle-
cido.
Moreno D. Enrique B. Moreno, ministro plenipotenciario da
Republica Argentina.
Müller Chagas Engenheiro Daniel Pedro Müller Chagas.
Neves Leão Dr. Theophilo das Neves Leão.
Paula Souza Conselheiro Bento Francisco de Paula Souza.
Pereira de CarvallJo Tenente-general Luiz José Pereira d'3 Cal'valho.
Ramos Dr. Franci co da Costa Ramos.
Sagastume D. José Va 'ques Saga tume, ministro plenipotenci:.wio
da Republic<'L Ol'iental do Uruguay.
Salãanha da Gama Dr. José Saldanha da Gama.
Santiago Dr. Galdino Tude de Assumpção antiago.
. antos Souza Dr. Antonio AlvareiJ dos Santos Souza .
S. C. Gomes Saturnino Canclido Gomes.
S. Villal\?a Engenheiro Saturnino Francisco de Freitas Villalva.
Severiano da Fonse~ Dr. ,1oão Sevel'iano da Fonseca.
S. Coutinho Dr. João Martin dflo Silva Coutinho.
Silva Pontes Dr. José Marciano da Silva Pontes.
Soriano Dr. João Soriano de Souza.
ouza Commendaclor Manoel .r osé de 'ouza.
XIfJ

Souza Rangel Dr. Francisco Lnca de 'ouza Rangel.


S. Romero Dr. ylvio Romero.
Valie Cabral Alft'etlo do Valle Cabt'al, dit Bibliotheca acional.
Velarde D. Juan Franci"co Velarde, ministro residente da Repu-
blica tle Boli via.
Vianna J. E. Vianna.
Villaça. Dr. Antonio Francisco \ illaço. de tzevedo, jit l'allecido.
Villas Boa José Diniz Yillo.s Boas.
V. de S. Chri tovão Visconde de S. Chl'i tovão.
V. de Souza Fontes Yi conde de Souza Fontes.
Relação dos anntores e obras llleunionados

.inho Joaquim do Cabo, Jlellwr'ia sobre (L ma'lUli:Jca ou pcTo do Bra:::íZ, l\1s.


Bil liotlleca Nacional.
:a tre, Memol'ia chronolo[lica, historica e geographica, da provincia de
!thy, no tomo XX da Revista do Instituto Historico.
la, .Arte da 9 ,'amrnaticct da lingtta mai usada na costa do Bra::;il .
.c J llllior, Lui;;inha.
'la da Camara (:\1:anoel), Dissertação sob,-e as plamas do B,'a::il que podem
, linAos P,'op?'ioS para muitos ttSO da sociedade e supP,'ir a faUa do canhamo.
ele f1tl"tar, obra que e attribue geralmente ao padre Antonio Vieira.
,ete ( F. J. Calda ) Dicciona"io contempo,'alleo da Ungua. Po?"tugue;;a.
ltran, A. BOI'1'acha, na Revista Ama;;ol1iense, tomo II, pag. 79.
'1veuo Marque, Apontamentos histOl'icos, geogl'aphicos, biographicos, estatisticos
e noticiosos da provincia de S. p(w{,o .
.ena, Ensaio corografico sobre aprovincia do Para.
'lU t Caetano, Apomamelltos sobre o abmieel1ga.
,t Gana, ( Alberto), EZ 'rodeo y la aparta, na Amel'ica litcra,'ia,
nara (Antonio Alves), Ensaio obre as const'rucções nallaes indigenas elo B)'a::;il.
mnecatim (fI'. Bernardo Maria de), Diccionario da língua. bunda ou angolense,
c>ello e Ivens, De Bengue,Ua á terra cle lacca.
\stelnau, Ea;pedition dans les parties centraZe ' de t'Amérique du Sud.
C. A, Marques (Dr.). Diccionario hi'to'rico-geographico da provincia do Ma-
ranhão ; e Diccionario historico, geogl'aphico e estatístico ela provincia do E-
pirito Santo.
Ce imbrn., Ensaio sob"e os costUines do Rio Grande do Sul.
Chesnel ( le comte de ), Dictiormail'e des a'rmces de terre et de mer,
'orreia Netto ( Luciano ), Artigo in~erto no JornaZ do Commercio, de 17 de fe-
vereiro de 1887.
oruja, ColZecçao de vocabulos e phrases usados na p"ovincia de . Pedro do Rio
G,'ande do Su~, na Revista do Instituto Historico.
XVI

Cos ta Rubim, V ocabulario br(t:. ileil'o .


Costa e Sá, Dictionnaire Frcmçais-Po?'tl'(jlâ·.
Couto de Magalhães (Dr.), O Sel'l}agem.
Dic. Mar. Bl'az.- Diccionario llIal'itimo B'·azileiro.
Dic. P01't. Bl'a::.- Diccionario POl'tttgue;;-B J"azitiano.
Escr. Tallnay (senador), Estudos criticos.
F. Denis, Lettre ~tt· l'int)'od~tction du tabac en France.
Fernandes de Souza ( André), .Votidas geo{J"aphica da cllpitania do Rio .Ve[J1'C
na Revista tIo Instituto Ri 'torico vol. X, pag. 411.
Ferreira ~foutinho, Noticia sobn a p"ovincia de llIaUo-Gr@sso.
Ferreira Penna ( D)mingos Soal'es ), A ilha ile l11arajd.
Figueira ( Padre Luiz ), Arte ela g?'amntatica ela lingua Llo Bl'azil.
Flo?'. Bras.- Flor'a Bra 'iliellsi·.
F. Bernardino (conego), Lembl'cmças e Ctt~'iosÍ(lad(~s do Valle do .lmeUOHa>.
F. Allemão ( Dl'.), ·Artigos diver:;o.:; sobre os vegetaes do Bl'azil.
G. Soares, Rotei?'o do Bm:;il.
J. C. da Silva, L'OyalJOC et t'Amazone.
J. F. do:;; Santo (Dr.), Acayacd.
J. L. de Vasconcello , DialeClos interamltenses, na Re'l}i ·ta ele Gl'imco'iies.
J. de Alencar (Dr.), Obra diver:;;as.
José Coriolano tIe Souza Lima, ImlJressiJes e gemiclos.
J. Verissimo, Scenas da vida ama;;onieet.
J. Galleno, Lendas e canções popttlrwes.
lCoster ( Henri), Voyages dali' la ]Ia?'lie septel1trionale cttt Brdsil.
Lacerda, Diccionario da lingua Ji01·tugueza.
Leite Momes ( Dr.), Apontamer.tos ele viagem.
La Maout et Decaisne, Trailé génrh'al de botanique.
Léry ( Jean ele ), H istoi?'e d' I}n I}oyage fieit ell la telTe (l'l} B rdsil.
L. Amaz. ( L. Amazona: ), Diccicna.·io topographico, !tistorico c ele 'cl'iptil}o do
Alto Amazonas.
Macedo Soares ( Dr.), E 'ludo' texicogl'aphicos elo dialecto bra:.ilcil'o, na Re'l}ista
Bl'azileira.
MarcgTave, Histo?'ia rentm natut'alium Brasitice.
Mart., Martius, Glossaria lin,lJttQ?'um brasiliensium.
Montoya, Vocabulario y Te ·O?'O ele la lerlgua rJMarani.
Momes, Diccional'io da lingttaPOttu.lJt!eza.
Neuw. ( Principe Maximiliano de Neuwiecl) Voya[Je au Brasil,.
P. Nogueira, Voccebula?'io inetigence em uso IlCt provincia do Ccre/'l;. '"
P. de Fl'ontíu, llfinas de As 'w'wi, no jOI'llàl O Pai; Je 8 ele Julho de 1886.
Piso, De 1neclicinCt brasiliel1si, lib. I V.
XVII

Rebouça (André e José ), Ensaio de indice geral dasmadei,'as do Brazil.


. Luiz ( FI'. Francisco de ), Glossario de vocabulos portugue~es derivados das
linguas ol'ientaes e africanas, excepto a arabe.
St. Hil., . Hilaire, Saint-Hilaire (Auguste de), Voyages dans le B,·ésil.
Saturnino e FI'ancina, Elementos grammaticaes da língua nbundu.
Seixas, Vocabulario da língua indigena geY'al.
Serpa Pinto, Como eu atravessei a Africa.
Silva Braga, A Bandeira de Arlhangoel'a a Goyaz, na Gazeta Litteraria.
Thesow'o do Amazonas, pelo padre Jolio Daniel, na Revista trimensal do Instituto
Historico, tomo II, pag. 321.
Thevet ( FI'. André ), Les singularite::; de la F'rance antarctique.
T. Pompeo, Diccionario topographico e esta~istico d<t provincia do Ceara.
Valdez (Manuel do Canto e Castro Mascarenhas) Diccionario espanol-por-
tugues.
Vasconcellos ( Padre Simão de ), Obras diver ·as.
Vieira (FI'. Domingos ), Diccionario da lingua portugueza.
V. de Porto Seguro, Breves commentarios à obra de Gab1'iel Soa,·es.
Voe. Bt'az., Vocabulario da língua bra;;ilica, M . da Bibliotheca Nacional e da
Bibliotheca Fluminense.
Yve d'Evreux, Voyage dans le no,·tdu Bresil.
Zorob. Rodriguez, Diccionario de chile11i5mos.
Priucinaes abreviaturas

adj. H.<.ljectivo. Sel'·(j. Sergipe.


lId,j. (. adjectivo feminino. S. Cat. Santa-Catharina.
adj. m. adjectivo masculino. s. ."ubstantivo.
Aclv. .'l.tl verbio. s. (. . ubsmntivo feminino .
Ama... Amazona s. (. pI. ubstantivo feminino
Esp. Santfl. l~ pirito-Santo. plural.
Elym. Etymologia. S.1)2. sub:tantivo masculino
Fig. Figura.damente. s. 1)2. er substantivo masculino
gen. genero. e feminino.
Mal. Gro.. ::vratto-Grosso. s. ?no pI. :ubstantivo masculiuo
Ob.o;. Ob ervação. plural.
Pal·. do N. Parallyba do 'orte. Syn. S) nonymo.
Pem. E el'nambuco. V. veja- e.
jJro'/)s. 11M" ill. províncias meridionn.es Valle elo Ama~. Valle do Ama.zonas.
711'0'/)$. do N'. províncias do 1 orte. '/). inll', verbo intransitivo.
R. r.le fan. I io de Janeil'o. '/). p,'on. verbo pronominal.
R.. Gl'. elo N. Rio-Gmnd do Norte. 'V. t,.. verbo transitivo.
R.. (}r. 'lo 8. Rio-Grande do uI. 'Voe. voca.bulo.

CORRIGENl1J\.. -No artig-o •.J'oh,ô, lin. 2, em vez (le Cl'ytU"uS, leia- e Orl/ptw·us.
DICClüNARlü
DE

V'OCABULOS BRAZILEIROS

ABACATE ABICflORNÁDO
Abacàte~ s. m. fructa do Aba- ponto menor (Alberto). li Etym. E' vo-
cateiro, arvore do genero Pe.rsea ( P. cabulo da lingua yorúba (Neves Leão).
gra.tissima) da familia das Lauraceas, Abarbarádo, adj. (R. 01'. de,
oriunrla do Mexico e de outras parte' S.) temerario.
da America, geralmente cultivada, não Aberêxn., s. m. (Bahiç" R. de
só no Brazil c mo em todos os paizes fan.) bolo feito de massa de milho 01}.
comprehendidos na zona intertropical. de arroz moído em pedra, ordinaria-
II Etym. Corruptela do mexicano AgWJ.- mente um tauto fermentado) envolto
cáte. em muitas folhas de bananeira, dentro
Abacaxí, s. m. primorosa va- das quaes é cozido a vapor e se conserva
riedade do Ananaz, da qual se contam (Alberto). II Etym. E'vocabuloda lingua.
dil'ersa qualidades, geralmente culti- yorliba (Neves Leão).
vadas no Brazil. D'antes essa cultura Abestruz, s. m. (R. ,ar. do ~,)
limitava-se ao Para. e Maranhão j mas v. Ema.
nos primeiros annos deste seculo o Abichornádo, a, adj. (R.
naturalista Arruda, em su',s excursões Gr. do S.) acobardado, acabru.nhado,
botanicas, trouxe do Maranhão para desanimado, aborrecido, envergonhag,0l
Pernambuco muda;:; de ta planta, e vexado: Com a fallencia daquella (\aSa.
d'ahi se propagou a outras provincias. commercial, onde se acbava a maior
n Etym. Em relação a este assumpto, parte da minha fortuna, fiquei a.bichor-
farei apenas observar que ha um af- nado. Ochefe tratou tão desabrJdamente
fluente do Amazonas chamado rio Aba- o seu ajudante, que o deixou abichor-
caxis. Não sei se desta circumstltncia nado. n Etym. E' vocabulo deriva.do de
deveremos inferir que flS margens castelhano abochornado, havendo tam-
daquelle rio são a patria desta fructa. bem ne ta lingua o verbo abgchof'JUlr,
Abajêrú, s. m. nome primitivo que, além de outras significaÇÕés, tepl,
do Guajêrli. no sentido figurado, a de fazer corar
A bará, s. m. (Bahia, R. de .Jan.) de vergonha, irritar, estimular; e mais
comida feita da ma sa de feijão cozida o adj. bochorhoso, com a accepçãQ de
el? azeite de dendê. ~ temperada com vergonhoso, que causa vergonJia e vi·
Plmenta da Costa e Pl.1erecum. Dão-lhe tupario (Valdez). O voe. bochorno, que
a fôrma de bolas e são envoltas em é tanto portugl,lez como castelhano, é
folhas de bananeira, do mesmo modo e certamente o ;radical de todos esses
com a consistencia do Ac!\.ssá, mas ,em termos.
ABÍO 2 ACOLHERAR

Abio, s. ?no fructa do Abieiro se do Abara em er mais apimentado e


(Lucuma Caimilo) , arvoreta da familia não er envolto em folhas de bananeira
das Sapotaceas, natural da America (Alberto). II E/ym. E' voe. da lingua
equatorial, e cultivada no Brazil descle yorúiJa (Neves Leão).
o Para ate o Rio de ,laneiro. Acassá, s. m. (Bahia, R. de
Abíorâlla, s. m. (Valle do Jan.) especie de bolo de arroz ou
Ama... .) fruck"l de uma arvore do me mo de milho moilio em pedra, fermentado
nome (LHcuma lasiocarpa) , da familia ou nào, cozido em ponto de gala-
das Sapotaceas. II Etym. E voc. tupi, tio acon i'tente e envolto, emquunto
sig-nificando semelhante ao Abio. quente, em folha verde~ de bananeira
Abolllbar, v. intr. m. Gr. do S.) dobradas em fórma rectang-ular', de
diz-se que o cavallo abombou, quando. modo a ficar o bolo protuberante úo
tendo feito ""ranele viagem em dia ele centro e achatado par:~ as borda:;.
calor, fica em estado de não poder mai' E ta comida, oriunda da Afl'ic~, acha-
caminhar' mas, depoi de l'el'rescar, se de todo vulgari ada entre u f,\mi-
póde continuar a marcha (Coruja). II Em lias babiaoa ,a qn:;\es d'ella e er-
outras provincia do BrazU servem- e vem à guiza de lJirão I ara comei' o
no me mo caso do verbo afTi'ol~tar. II Vatapa e Cal'uI'i" ou clis'olvicla ligel-
Etym. Nas indagações a que tenho pro- ramelJ te em ngua e a UCiU', como
cedido nada pude encontrar de muito lJebida refrigerante e ulJ tancial, a
satisfactorio a re peito da origem do que chamam Gal'lipa de _-icassu, mui
verbo abombar. Cheguei a pensar que aconselbada li mulhere. que amameu-
fosse de proceJeneia guarani; ma' es- ta.m. Ha tambem o Acassa de leite, qu
tou hoje convencido do contrario. Entre é em ponto menor, someute ele fuLa de
os Chilenismos apontados por Zorob. a.rroz com a -ucnr e leite de cóco, co-
Rodrigues, encontra-se o v. pron. abom- zido em ponto menos con i tente como
bm'se, e o adj. abO?nbado, significando: uma gelatina tremula e mui grata. a
1" perder em parte a lucidez das facul- paladar (Alberto). II Em Pernambuco
dades mentaes; 20 ébrio ou antes lig-ei- dão ao Acassà o nome de Pallloltha de
ramente embriagado, dizendo-se tam- gal"Cipa. II Nas coloniu francezas da
bem bomba na pbra~e estaI' em bomba. America dão u. certo preparado de
O nosso verbo abombar erá. por a aso mandióca o nome de Ca 'save, que pu,-
o resultado da comparação do cavallo, rece pertencer ao mesmo l'adic."ll.
que, por fatigadissimo, não póde cami- Acauân, s. ?lI. especi de a\'e de
nhar, com o homem aquem outro tanto rapina (Falco cachinan' LiD. ex fart.)
acontece no estn.do de embria""uez 1 que ataca pUl'ticnlarmeote os Ophi-
Acabocládo, a, adj. que tem dias. II Etym. E' voz ooomatopaica de-
origem, feições ou cór ele caboclo: rivada do c.'tnto de sa a e. /I Tamberu
Tomei a meu serviço um ral)az acabo- lhe chamam l11acnutin.
clado de muita intelligencia. Fulano Aca,yá" '. /lI. (~Iat.-Gl·OS.) o mes-
'caSou-s'e com uma rarariglt acaboclada. mo q ne Cajá.
Acajú, s. m. antigo nome tupí Açoiteiras, s. f. plUl·. (R.
'do Cajú. Gr. do S.) pon ta das l'ed as com que o
. Acará (1°), s. m. (Bahia, R. de cuxalloiro açoita o c.wallo (Coruja). /I
Jan.) o mesmo que ACalYljé. Etym. Deriva- e do voc. americano-
Acará (2°), s. m. nome vulgar de llespal1/101 . .1.:;otera, que significa açoite,
diversas especies ele peixes, tanto do especie de disciplinas de varias ramos
mar, como dos rios. II Etytlt. E' voc. pre li ás redeas do freio, o com quo
tupio Tambem dizem Cal'a (2°). se uppl'e o chicote, para fazer apres-
Acarajé, s. m. (Bahia, R. de sar o pa o as cavalgaduras (Valdez).
'Jan.) especie de comida Ceita de ma sa Acolherar, v. H'. (R. G,·. elo
de feijão cozido, tendo a fórma de S.) ajoujar, atrelar entre si o u.ni-
bolas, e fritas em azeite de dende com maes, sobretudo os cavallo.', por meio
pimenta malagueta (Capsicum s1J.). da colhéra (Coruja). I Etym, Do cas-
Tambem lhe chamam Acarà. Distingue- telhano acOllal'a)'.
AÇOUGUEIRO 3 ALAGOÂNO

Açoug'ueiro~ s. m. pl'oprietar-io ignificando uma especie de vinho


de um açougue, carniceiro. mui aguado e fraco, produzido pela
Acuéra ~ adj. m. e r (Pat'd) mi tura da agua com o ucco da uva ja
:tnti!!o, velho, abandonado, extincto. expremida. Aulete escreve Agua-pe,
Applica- e a cou as pa sada em tempo tanto no sentido portuguez, como no
mai ou meno remoto, ma cujos ve - sentido brazileiro da palavra, e neste
tiaio ainda e:d tem. II Eflim. E' vOC. ultimo ca o é erro manifesto.
do dialecto tupi do Amazonas. Os ab- Ag'uatá~ 11. intr. (Littoml) o
origenes <.1.'aquella região dão o nome me mo que auatá.
ele oca-acuem a uma ca a que de velha Ag'ulhas~ s. f. pl. (R. (],o. do
cahiu em ruina . II Ha ca os em que S. ) pedaços de carne unidos ao osso do
acuem póde ser empregado como ad- espinbaço do boi. Cada pedaço de e
verbio, iapifica.ndo antigamente. o so com a carne correspondente é o
Afura~ S. m. (Bahia) bolo do ta-
manho de Ullla laranja ordinaria feito que se chama Agulhas (Coruja).
de arroz fermenlado moido em pedra, Ahiva~ adj. m. e r (S. Paulo,
o qual, diluido em agua adoçada, PaI'alui) mau, ruim, sem valor, sem
forma uma bebida refr-ígerante u ada pre timo. ~ Etym. E' voc. tupi. II
entre os naturaes da Africa. pertencen- Tambem se pronuncia ahiba. Algum
te à nacionalidade dos agós (Alberto). uso ainda e faz deste adjectivo
E' qua i o mesmo que o MócórOl'Ó do n'aquella provincia. 1 o Paraná
Maranhão. i Etym. E' voc. da lingua pergunta.ndo eu a um rustico como se
yorúba (Neves Leão). achava de saude, respondeu-me: A's
Agaüchádo~ adj. (R. Gr. do vezes bem e às vezes áhiva.
.) que tem l1abitos de Gaücho (Ce- Aicuna!~ i;lt. (R. G-r.do S.)
simbra). expressão de admiração: Aicuna! que
Aggregádo~ S. m. lavrador ,alente militar (Cesimbra).
pobre qne, em falta de terra proprias, Aipin'!~ S. m. (Provs. rnerid.)
se e talJclece na fazenda alheia. com planta brazileira da familia das Eu-
permis~ão do respectivo propl:ieta- pborbiacea (l1Ianihot. Aypi), cuja
rios, mediante condições que variam de raiz as ada ou cozida é excellente ali-
um lagar para outro. II Em alguma menta. Em Pernambuco e d'ahi até o
provincias do norte, e tende- e esta Pará lbe chamam Macaxeira. II Etyn~.
denominação a toda a sorte de empre- Do tupi A.ipi, que Montoya e Léryes-
gados livres que um proprietario tem creveram Aypi.
a seu el'viço, para os trabalhos da Airí~ s. m. (R. de Jan..) Palmeira
lavoura, da pe caria e occupaÇÕe do- do gen. Astroca1'ytl1n (A. Ayri). II
me ticas. I e tes ca os equivale ao que EtYI1L E' voc. tupi. II Em São-Paulo
nas provincias meridionaes chamam lbe chamam BrejaAuba.
Camarada. Alagadiceiro~ adj., boi ala-
Ag'uachádo~ adj. m. (R. G-r. g-adiceiro é o que come as bervagens e
do S.) diz- e do cavallo que, depoi pasto do alagadiços (Moraes). Este
de muitos mezes de repou o, se acha auctor não menciona a provincia em
mui gordo e de cançado, e como tal que é u ual este voc., e contenta- e
improprio para uma longa. marcha. em dizer que é termo do Brazil. Aulete
II Etym. Deriva-se àe GtIlicho, ao qual não trata d'elle; e eu pela minha
se a semelha o cavallo bem trt\tado parte declaro que nunca o ouvi pronun-
(Zorob. Rodrigues). dar.
Ag"Uapé~ S. m. nome que dão Alag'oâno~ a~ s. natuml da
às di ,er as e l)ecies de vegetações que provincia de Alagoas: Os Alagoílno
se criam à superficie dos lagos e outras são mui dado' à agricultura. I adj.,
aauas lllorta. II Etb'm. E' voc. com- que pertence àquella provincia: A
mUm a todos o dialectos da língua lavoura alagoa91a consiste principal-
tUl)i. II Moraes não o menciona. No mente na cultura da canna d'assucar
seu artigo AGUA, encontra-se Agua pe e do algodão.
ALAMBRÁDo 4 ALVARENGA

AlaID.brádo, s. m. e adj. (R. Aldêiar, 11. tI'. reunir em aldeia


GI·. do S.) telTeno cer'~aclo por meio os iudio' 'I ue vi vem di.;pel'sos.
de fios de arame: Tenho UI extenso AICáf'c.l" s. f. nIne vulg Ir da
al.ambrado. Aquelle campo alambrado luzerna (JIedicago sativa). II Etym. Do
pertence ao meu visinl1o. 1/ Etym. E' ca telhauo Alfatfa.
voe. importado das republicas platina AlibaID.bádo, adj., pre O ao
e cujo radical é Alambre. LibamiJo j acorr ntado. ~ E le voc.
AlaID.brar, 11. tI". (R. GI'. do cahiu completamente em de uso.
S.) cercar um terreno com fios de AlibuID.bar, v. tI'. pI'ender
arame. ao Libambo j acorrentar. li E te voe.
Alçádo, adj. (R. Gr. do S.) amon- cahiu completamente m desu'o.
tado. Diz-se dos gados e Oll tros ani- Alotadôr, . m. (Provs. do N.)
maes dome ticos que se mettem pelos cavallo de lauç lmento, a cujo cal'g'o
mattos, e vivem de garrado á laia de fica um lote de egua : E' bom alotador
animaes bravios. ~ Etym. Provavel- aC]uelle cavallo que impede a disper ão
mente origina-se do verbo alçar-se, da eguas (Meil'a). ~ No R. Gr. do . lbe
que, entre outras significações, tem a chamam Pastor.
de levantar- e, rebell ar-se , ublevar- Alot.u,r, v. tI'. (Provs. do N.)
se; ou do verbo castelhano alzal'se, exel'ce l' a necessaria vigilancia para
que tambem significa retirar- e, apar- impedir que se di (Jel'sem a e"'uas que
tar-se de algum si tio, o que cabe bem ao formam um lote, a, cargo de um cavallo
gado amontado. ~ No Piauhy e outra de hnç'unento ( ieit·;t).
províncias do norte dão, neste caso, ao Alqueire, s. m. (proDs. mel·id.)
gado bovino o nome de barbotão ; e em medida agraria de dimen ão variavel.
Alagoas e sertões da Bahia. dizem a No R. de Jan. é de 10.000 braç'lS,
portugueza amol1!ado, ou, incorrecta- quadradas = 4,84 hectares; no Paranà
mente, montado. e S. Paulo é de 5.000 braças quadradas
Alcagiiêt.e, s. m. e f. (R. Gr. = 2,42 hectare-o Em certos municipios
do S.) alcoviteiro (Cesimbra). ~ Etym. do R. de Jan. e 1íoas-Geraes ha al-
Do castelhano Alcahuete. Com a mesma queires de outras dImensões.
significaçãe ba em portuguez alcaiote, Aluá, s. ?n. bebida refrigerante
s. m. e alcaiota, s. f. Sem a menor duo feita de arroz cozido, assucur e sumo
vida, tanto em urna como em outra de limão. Tam bem a fazem de fuba de
línl:l'l1a, são voc!libulos derivados de um milho. li No Ceara preparam o Aluá
radical commum. com a farinha do milbo torrado e
Aldêia, s. f. Dome esper.ial das as ucar (J. Galeno). II No Maranhão
peTOaiçÕeS campostas exclusivamente de dão a uma bebida semelhante o nome
aborigenes, quer vivam submi os ao de .ilfócó"óró j em S. Po.ulo o de aram-
regimen civilisado, quer vivam inde- btwit; e em Pernambuco o de Ouim-
pendentes nos sertões. ~ Et'ljnt. E' o bembli. 1/ Etym. De Uatita, voo. tia
nome portuguez de povoação rustica lingua bunda que se applica a uma
(Aulete). "No Parana, dão a aldeia e pecie de cerveja feita de mill10 e
dos abori5'enes o nome de toldo j e no outros ingredientes (Oapello e Iven ).
valJ.le do Amazonas o de malóca. No Segundo estes illustres via} ntes, tam-
Brazil chamam implesmente Povoação bem 1l1e chamam quimbombo e ga-
aquilllo que corresponde a Aldeia de I'upa, conforme ao terr<]s. 1/ Moraes e
'Port'Ugal. outros lexicographos e crevem Aloc!.
AldêiaID.ent.o, s. m. o me3mo Lacerda consagra um artigo a Aloa e
que AZdeia: A' margemesquerdado rio antro a Atuâ. São da mflior extrava-
existe um imporltainte aldeiamento de gancia as etymologias com que en-
indios bravios. "Acto de reunir em feitam os artigos respectivos. Aulete
aldeia os aborigenes que vivem dis- não menciona e te vocalmlo.
persas: Ogovemo trlllta do aldeiamento Alvarenga, s. f. (Pem. Bahia,
dos indios que vivem errantes na, Mara1'lhiíO, Pará) especie de Iwncl1a
margens do Araguay. grande de pouoo pontal, de que uSlllm
AMADRINHAR 5 ANANAZ

para. embarque e desembarque do car- tram na sua composlçao justificam a


regamento de navio, e transporte de sua comparação com a Ambrosía dos
materiaes pe ados. Corre ponde, quanto deuses.
ao à1i'eito, á Gabarra e Batelüo de Por- AJD.eixa, s. f. nome que, acom-
tugal, & ao aveil'o do R. de Jan. II panhado sempre de algum epitheto,
Etym. Como appellido de familia, Alva- se dá a diversas fructas, embora não
renga é nome tanto portuguez como tenham a menor affinidade com as
he~panhol. Com outra qualquer signi1:l- plantas do genero Prunm, que nos
cação, não o encontro em diccional'Ío vieram da l!:uropa ; taes são: a Amei-
algum. Só Vieira o menciona com a ~a de Madagascar (Flacourtia Ramon-
significação I]UO tem no Brazil. Aulele tehi) da fam. das Bixineas; Ameixa
não tratadelle demodo algum. ão du- da terra (Ximenia amel'ieana) da fam.
vido que 10, e algum senhor /.1 varenga das Olacineas; Amewa do Japão a que
que in tituis e es e genero de trans- tam bem chamam Ameia;a amarella e
porte e dahi lhe provenha o nome. Ameia;a do Canadá (Eriflbotrya japo-
AJD.adrinhar, v. tr. (p,·ovs. nica) da fam. das Rosaceas; Ameia;a
merid.) aco tumar uma tropa de ani- de Porto-Natal (Carissa Carandas) da
maes muares a viver em companhia fam. oas A pocineas ; Ameia;a do Pará,
de uma eaUl, à qual dão por i so o do gen. Eugenia, fam. das Myrtaceas ;
nome de maddnha, e a acompanhai-a e outras mai .
nas viageu . II (R. (J,'. do S.) aco tu- AJD.endoeira, s. f. nome vul-
mar os cavai lo a per istirem junto da gar da Terminalia Catappa, arvore
egua madrinha (Coruja). II (Riba-Tejo, exotica, geralmente cultivada no Bra-
em Portugal) é jungir O touro com um zil, como planta ornamental, e de
boi manso, afim de aíazel-o ao: tra- cujas fructas são mui avidas as crian-
balho (Aulete). ças. A verdadeira amendoeira (Amy-
AJD.arrar, v. t,'. (R. (J,•. do S.) gdalus communis) é escassamente
aju tal' ou apo tar corridas de cavallos. cultivada nas Provs. merid.
Feito o lljU te, e â vezes com papel de AJD.endohn, s m. o mesmo
trato, fica a corrida amarrada. No que M andttbí .
mesmo sentido, tambem dizem atar AJD.ilhar, v. tr. (prous. mel·id.)
l~ma carreira (Coruja). II Etym. é ver- tratar os animaes a milho, i to é, dar-
bo portuguez tomado neste caso em lhes rações regulares deste cereal.
accepç.'io tigul·ada. AJD.is-tosaJD.ente, adv. ami-
AJD.azoniense, s. m. e {. na- gavelmente. II Etym. De amistoso.
tural da provincia do Amazonas: Na A:DI.istôso, adj. amigavel. n
inrlu tria extractiva con iste princi- E/ym. E' voc. ca telhano.
palmente a riqueza dos Ama::-onien es. AJD.oca:DI.bádo, adj. o mesmo
/I adj. que pertence aquella provincia : que aquilombádo.
O commercio amazoniense e ta em via AlDOCa.lnbar, \lo tr. o mesmo
de prosperidade. II No entido o mais que aquilombar.
geral o voc. Ama~oniense cabe a toda AlDostrinha, s. (. (R. de
a região banhada pelo Amazonas, Jan.) especie de tabaco de pó.
comprehenden lo de ta, sorte as nossas Anacân, s. m. (Pal'à) especie de
dua provincias do Para e Amazonas e ave pertencente a t'amilia dos Psitta-
parte da l'epublica vizinha do Peru. cideos, ordem dos Trepadores.
AJDbrosnáto, s. 'ln. (Sel'g.) Ananaz, s. m. fructa do Ana-
especie de Cl' me (VillllS- Doas). nazeiro (Ananassa sativa) da familia das
A:DI.brosô, s. m. (Pern.) especie Bromeliaceas, indigena do Brazil e em
de comida feita de farinha de milho, geral da America intertropical, e não
azeite de dendê, pimenta e outros tem- da Asia como erroneamente o dizem
peros (S. Roméro). II Etym. Devemos Moraes, Aulete e outros auctores. II
crer que ao abor pl'imoro o desta co- Etym. Do tupí NrlrlfÍ. (Voe. Era;.,
mida deve ella o nome que tem. Não Thevet). Os Gllaranís lhe chamavam
sei porém se os ingredientes que en- NiZru! (Montoya).Léry escreveu Ananas.
ANDÁCA 6 ANÓQUE
Andáca, s. f (Pem.) o mesmo gral. A.ngit de quitandeira, no R. ele
que Trapoerába. Jan., é o nome de uma comida, que con-
Andadôr, s. m. (R. Gr. do S.) si te em Angú, a que e ajunta qual-
o mesmo que esquipadôr. qu r iguaria bem apimentada, tem-
Andadúra, s. f. (R. Gr. do S.) peI'ada com azeite de dende, e muito
o mesmo que esquipádo. do "'osto do gula o . II Em Pernambuco
Andir6ba, s. f. ( Pal'â) fructa dão o nome de bolão de angi, á porção
oleosa da AndirobeiL'a (Carapa ,quja- d'elle arredondado, que e venel com
nensis) da familia das Meliaceas. ~ Etym. guisado ele carurú, que é o conducto
E' corruptela de Jandi-róba, que, em (~10rae ).
lingua tupí, significa oleo amargo. Ang'uhite, s. m. (lJIaranlulo)
I! Na. Ballla e outras províncias do e pecie de comida semelhante ao ca-
norte ha outra planta chamatla indif- rurú.
ferentemente Andit'óba, Jandi1'óba, e Anguzáda, s, f. nome que
Nharldiróba, pertencente ao genero dão a qualquer phenomeno moral em
Fevillea da familia das CucurlJitaceas, que e ob erva a maior confu -o. Uma
e cuja fructa tem as mesmas pL'oprie- ociedade que e reune com determi-
dades que a antecedente. nado fim, e e compõe de membro de
Andorinha, s. f. (R. de Jan.) opiniões oppostas, sem e poderem en-
especie de carro destinado ao trans- tender, forma uma Angu;;rida. E' a
porte de mobilias. arrabulhada dos Portuguezes, no eo-
Andú, s. m. (Bahia) o mesmo que tido figllrado.
Guarido. Anguzô, s. m. (Pern.) especie
Angareira, s. f (Bahia) pe- de esparregado de hervas, emelhante
quena rede rectangular de malhas ao carttrú, que se come de mistura com
miudas, com as cabeceiras c08iclas em o angá.
pequenas varas em que ::ieguram os Anhânga, s. m. nome generico
canoeiros e fixam no fundo da canoa, do diabo na lingua tupi, e do qual são
para nel1a baterem as tainhas, quando e pecies o Cunlpiro., Jurupar'i, e Tagoa-
saltam por cima ela rêde que as cerca" !Jba (Voe. BI'a:;.). II Em Minas-GeL'aes
e cahirem dentro ela canoa (Camara) . as ama tiro.m proveito do A.nJ~(),nga,
AngaturâlD.a, s. m. (Valle do para compor os contos com que entre·
Amaz.) espirita protector do elva- têm os menino (Couto de Magalhães).
gens Muras. II Etym. E' voca):lUlo da lin- AnhúlDa, s. f. nome commum a
gua tupí, significando franco e liberal, duas e. pecies ele aves ribeil'inhas do "'e-
synonymo de Moçacál'a (Voe. Bt·az.), nero Palamedea ( P. comuta e P. Cha-
appellidos estes que davam os Tupi- varia). I! r o valte do Amazonas lhe
nambás as pessoas bemfazejas e ho pi- chamam In1~wma (Baena).
taleiras. Em guaraní dizem, no mes- Anínga, s. f. ( Pará) especie
mo sentido, Angaturã e Angatul'ana, de Aroidea que cresce a beira elo rios
palavra composta de Angn-calú-rana, e lagos, e produz uma fl'Ucta comestí-
significando cottsa semelhante a boa vel (Baena). II E' provavelmente o
alma, formosa, ele boa apparencia, e, Philodenclron arborescens.
por metaphora, honrado, principal An6que, s. m. (R. Gr. do S.)
(Montoya). especie de apparell10 de linaelo á fabri-
Angú, s. m. especie de mas- cação da decoada. Con iste em um couro
sa feita de farinha ele mandioca coziela quadrado pre o lateralmente a quatro
em panella ao lume, e serve, <'t, guisa vara mais curlas que os lados 1'8 ipe-
de pão, para se comer com carne, peixe ctivos, e assentadas sobre quatro for-
e mariscos. Tambem lhe chamam quilhas, de sorte a formar uma conca-
Pirão. Angú de milho ou de arroz é vidade anele se eleita o liquido (Coruja).
a massa identicamente feita do fubá II Em outras partes elo Brazil chamam
destas gramineas. Angú de mandioca a isso Bangüê II Etym. El' vocabulo
puba é aquelle que se faz com a man- portuguez, e de 19na nús corturnes a
dioca, fermenta~a, depois de sovada em valla ou tanque onde se maceram os
ANTA 7 ARAÂN

couros para . e pellarem ou descabel- Apicú, s. m. o mesmo que Api-


Jarem ( Moraes ). cll1n.
An trb, S. (. nome vulgar do Tapi- ApicuDJ., s. m. nome que dão aos
?'us americanus, mammifero da. ordem' alagadiços que se formam no littoral
do Pachyderme" indigena do Bra:zil e com os tran bordamentos do mar, nas
de outras partes dt1.America meridional, occasiões da encl1ente da maré. II Obs.
e du qual -e conta mais de umn. e'pe- na lingua tupi, Apêcú significa lingua
cie. II Elynt. Anta é o nome europeu de (orgão principal da falla). Montoya o
um Ruminante le e pecie gra.nde pe<'c menciona com a mesma significação
tencente ao genero Cel'vus (C. ,4.lce ). e tambem com a de guelra de peixe,
Os Hespanhoes e Portuguezes o impu- pirá-apêcú. Não descubro n'isto a ety-
zeram, bem desacertadamente, ao nosso Olologia do nosso vocabulo. II Tambem
pachyderme, o qual tinlm na lingua dizem AZJicú. .
tupí o Bome de Tapiím. , . este nome. Aplastrádo, adj. (R. Gr. do
Antân, adj. voc, tupi significan- S. ) o me mo que abombado. II Etym.
do du?'o. Só se manifest,l, no nomes de Do verbo castelhano aplastar, ignifi-
certas madeira notaveis pela. un. riO'i- cando ama 'ar, machucar, esmagar,
dez, como Ubantdn, Jacal'a1ulátâ;rt, Inhui-
achatar ( Valdez). 'fomam-o em acce-
banIda, etc. II E~te adj. varia muito de pção figurada.
formn. de um para outro dialecto : no Aporreádo, adj. (R. G,'. do S.)
Guarani Rata, Tãta (l\1ontoya): no diz- e elo cavallo mal domado, ou que
antiO'o tupi de norte Santan (Dic. P01't. não se tem con eguido domar: Cavallo
B;·a::.) . e aiuda aetualmente dizem aporreado (Cesimbra). II Obs. O verbo
Santá no dialecto amazonien e (Se1- aporrear é tanto portuguez (Moraes)
xa ). cr:'mo castelhano (Valdez), no entido
Anú ( l°), s. m. Dome commum de e pancar. Aulete não o menciona.
a duas especies de aves trepadoras do Apuáva, adj. ( R. Gr. do S., Pa-
genero Crotopha.r;a: Ami-guas ú, A mi- ?'anâ) o me mo que al'ud.
mil'im. II Ha tambem, com o nome de Aqnerenciar-se, v. pr. (R.
AnÍt-bl'anco ou rtlma-de-galo, uma ou Gr. do S.) aITeiçoar- e, acostumar-se, a
mai especies pertencente ao genero um certo e deteeminado lagar. Dizem
Cuculu.~. i to e pecialmente dos animaes. Tam-
Anú (2°), S.?n. (R. G?', do S. ) bem e diz que um animal e-ta aque-
nome de uma. elas variedades desses ?'enciado com outro, quand6 se acostu-
baile ca!!!pe tres a que chamam geral- mou ~ viver com elle e o acompanha a
mente Fandnngo (Coruja). toda i1 parte. II E t!lm. Do castelhano
Apáras, s, f. plur. (Pro·us. do N.) aquere)~cia?'sl) (Coruja).
o mesmo que Raspas. AquiloDJ.b~<t,do, adj. refugiado
Apendoar, v. inl?·. (diversas em qnilombo. Tambem se diz, no
Provs. do N.) manife tar- e o pendão mesmo sentido, amocambado.
do milho: Meu milharn.l começt a Aquilo:Q1bar, v. tI'. reunir em
apendoar ( B. Homem de Mello ). II Obs. quilombo escravo fugitivos: Aquelle
Segundo Moraes, o verbo apendoar, malvado conseguiu aquilomba?' grande
hoje antiquado, significava d'antes or- numero de e cravos e tem com elles
nar, guarnecer com pendões: Apendoa.r praticado toda a sorte de attentados .
as naus. Aulete nem seqner o mencio- • II V. p?'·, ocultar-se, refugiar- e em
na. II Na Babia, em relação ao milho, quilombo: Os escravos aquilombal'am-se
dizem pendoa?' (Aragão) ; e em Por- no deserto, além da serra. I 'faúlbem
tugal embandei1'a'r-se o milbo (Moraes, se di z amocambm', amocambar-se.
Aulete ). Araân ! il'lt. (PaTá) expressão de
Apereá, S. f. nome vulgar de saudade ou de sorpresa agradavel (B.
uma e pecie de pequeno mammil'ero do de.Jary).IIEtYIn. E vOC. do dialecto
g-enero Cavia (C. Apereá) ela ordem tupido Ama,zonas. II Obs. Em guarani,
aos Roedores. II Etym. E' voca.bulo tupl, a1'aá tem referencia a sotrrimentos pro~
vulgarmente usado sob a forma P?'eá. duzidos por febres (Montoya).
ÂRAÇÂ 8 ARATANHA

Araeá. V. Ara.ssd. Araquân; s. m. e (. nome


Aração, s. f. (Sel'g.) fome commum a tre" especies de Gallinaceas,
excessivà. ~ Acto de àomer com p1'e- . sendo uma do genero Penelope, e dl!las
cipitação: Que aração! dit-se de um do genero O,-talida. I Etym. E' voo. tupL
meninó ou de qualquer pessoa que de- II Tellho ouvido pronunciar tl1mbem
vdra as pressas seu prato de comida Ara1'lq~din.
(8 .. Romero). Arára, s. f. nome commum a
Araçarí. V. Arassari. diver~as especies de aves do gen. Ard,
AracaD:l.ouz (1. 0 ), s. m. da familia dos Psittacideos, ordem dos
(Brihia) cruzeta feita de p.aus encavi- Trepadores.
lhados nos bordos da jangada, onde Arurá, s. m. (R. de Jctn.) nome
descança a verga da mezena (Cil., que dão ao Cupim . exual (Termita)
mara). cujos enxames, em certa epoca do anDO,
AràeaD:l.ouz (~O), s. m. (Ala- sahem a voai', com o tim de pro-
gOriA, Perri., Ceard) armação de paus pagar a espeoie.
fincados nos da jl1ngada, com um no Ararúna, . (. especie de Arára,
centro c0!D. forquilha, onde pendur-an;t de cór azul ferrete. II Etym. E' voe.
oS utenslhos dà pesca. ~ No Ceara tupi sianific ndo A1-àrlt pl'eta.
chamam Espeq~es aos paus que formam Arassá, s. m. fructa do Arassa-
o Ardca??ibuz (Camllra). zeiro, nome commum a diversas es-
Aracatí, s. m. (Cea?'d) nome pecies de plantas do genero Psidium,
qúe na ribeira de Jaguaribe dão ao da familia das. r,;yrtacea . II Etym. E'
vento do nordf'ste, que, no verão, voe. tupí. fi Geralmente Se 65creve
entre sete e oito horas da noute, appa- A'raçd; mas eu prefiro a úl'thographia
rece de ·repente e com grande força. que adoptei, a qual fica. au abrigo dos
II Este nome foi dado pelos Pitaguares, erros a que a outr<1 tem dado Jogar.
e depois passou a designar a povoação, Arassanga, s. (. (Ceara) cacete
hoje cidade de AracaU (Thomaz Pom- curto de que usam os Jangadeiros, para
peo). matar o peixe ja feerado no anzol,
Arádo, a, adj. (Serg. e outras quando cheg,L perto da. jangada, para
ProlJs. do N.) esfomeado, esfaimado: poder colloca1-0 sobre e11a, sem pe-
Depois de muitas leguas de marcha, l'igo (Camara).
éheguei á minha casa arado (8. Ro- Arassarí, s. m. nome commum
mero). ~ Tambem se diz esgurido (João a diversl1 especies de aves do genero
Ribeiro). Pteroglossus da ordem dos Trepadores.
Aranquân, s. m. e f., o meSmo " Etym. EJ' voc. tu pi. fi Geral mente se
que Araquân. escreve Araça1'i ; mas essa ortbogra/Jhia
Arapapá, s. m. (Pro1Js. do N.) tem dado lagar a se escrever Aracari,
ave de ribeirinha, pertencente ao ge" como ainda o faz Aulete.
nero Cal~cromct (C. aochlearia). 1/ Ety.m. Aratáea, s. f. especie de arma-
E' voc. tilpi. dilba para apnnbar animlles silvestre~.
Araponga, s. f. ave do genero II Ety1Ji. E' voc. da.lingua tupi (Vas-
Chctsmar'ynchus (C. nudicoZis) ela ordem conce li os) . II Em guarani dizem A1'atag
dos Passeres, not!lJvel pelo som metalico (Montnya). I Obs. As dimensões desta·
do seú canto. DJm Minas-Gemes lhe armadilha dLpendem da dos auimaes
chamam Ferrador. II EtlJm. E' cor_o que se pretende apanhar, e as ha com
ruptela de Guirapol1g, voc. tupi com-' . destino a capivaras, veados, porcos 6
posto de Guir'd, ave, e pong, onomatopea até onças.
ao canto ruidoso dessa ave. Aratanha, s. f. (Pia~hy) vacca
Al-apúea, s. f. espeoie dA arma- de pequena estatura (Alencastre). 1/ Ha
dilha. P!lJI'l:L apanhar passflros. I Etym. no CeiJT'i\, a serra. de Aratanha; mas isto
Cousidero-a palavra tupi; mas não a não me explica a origem do vocabulo. fi
vi ainda mencionada em obra alg-uma Na provincia de Alagoas e o nome
relativa aquelJa lingua. 1/ No vahe do vulgar, não só de uma especie de ca-
Amazonas dizem Urapúca (Seixas). marão de corpo pequeno, com as duas
ARATlCÚ 9 ARREGANHAR

patas dianteiras mui desenvolvida~, Araxixú, s. m. (8. Paulo)


como igualmente de uma e pecie pe- Dome tu pi da. Hel'va-Moura ( Solanum
quena de sapo tambem chamado en- sp.) .
tanlLa (B. de 1aceiÕ). Será por uma Arayaué I i7lt. (Valle do Amaz-.)
comparação burlesca que se lerá clado expreão de abor'reeimento causado
no Piauhy o nome de Aratanha ás pela repetição enfudouha de qualquer
vacca de pelluena e tatura 1 nolicia já de todo sabida: Arayaué !
Araticú, s. m. fruet, do Ara- tu m cançt\ com a narração de um
ticuzeiro, de que 11a diver as e'pecies facto que ningllem mais ignora. II
pertencente ao genero An07la e Rolli- Corr'e ponde il phr, e vulgar mOTr~u o
nia, da. familia da Anonacea. II Etym. Neves (B. de Jary).
E voc. tupi. Ariranha, s. f mammifero do
·Aratú, s. m. e pecie de caran- gen. Lutra, a que os Tupiuambás cha-
guejo do genero GrapS1ls, o qual vive mavam Arercl1'l, e ão maiore que outra
nos mangu~. especie collgeneee a que davam o nome
Araxa, s. m. alto ebapaclão, de .Iagua)·apeba e nós o de Lontra.
plateau (Coulo de Milglllhães). Eis o ArIDurinheiro, s. 'ln. (R. de
que a re peito deste vaca bulo no' diz Ju.ll.) propriet-lr'io de um armarinho. ~
o illu tre auetor do 8~l"agem: « A E' aquillo a que chamam em Lisboa
palavra AnlXci é tupi e guarani vem Cap~ltisla.
das duas raize ara, dia, e xa ver: A r IDarinho, s. ?no (R. de
dão o nome de A?'oxa á região m ds Jan.) ca ,L de ne,rocio em que se ven-
alta de um y tema qua1llner, como dem miudeza", como cadarço linha,
sendo Il primeira e ultima. ferida pelo' agu I ha ,s I bonete e ou tros objectos de
raios do ai, ou a que por exeellencia pequeno valor. Corr ponde ao que
vê o dia' e sa palavra uo poetuguez, na Ba bia chamam Loja de capellista ;
como nome de logar, é nome do mai em Pernambuco Loja de miud~:as . e
alto pico da Tijuca, e de uma cidade em Li boaLojad~cu.pclla II Obs,D lUte
de Min'\ i eu o aceito em ra.lta de vo- cabia bem <lo e se, e'tabelecimellto a
cabulo por'tuguez, que exprima a idé. denominação que lhes dão no Rio de Ja-
com a me ma preci ão ". O iIlu tre neiro, pOl'que eram.com e1feito lojas de
auctor não nos indica a. região do Brazil pequena c/imen õ~ ,como aquella que
em que é u 'ual e3te vocaoulo, nem eu ainda e observam em diver a ru ,e
o tenho podidú de cobrir, ape ar da principalmente no começo da rua do
tliligencias a que tenho procedido, in- Bo picio ; boje porém tornou-se ella
terrogando ne te sentido a naturae de exten i va a gn\lldes e tAbelecimenlo ,
nossa- (1iver a provincia. O que sei onde, a par de toda a arte de miude-
e o que todos sabem é que ha em 1inas- zas e encontram objectos de luxo
Geraes a cidade de Ar<.xá, cu,j<\ etymo- para o ve tuario da eu hora .
logia intere sou muito o ii bio ain t- Arrostão, . ')$. rede de an'as-
Hilaire, sem resultado sati 'factorio. 1110 é a rede varr doira a rede de ar-
Quanto ao pico mais alto da Tijuca se rastar, que apanba gr'allde quantidade
lhe dão realmente o nome de Araxâ, o de peixe, tendo toda via o ineonveni n-
que alias nunca me constou, não lhe te ele trazer á praia de envolta com
pórie de mudo fi 19um cabei' por Mil a o peixe gl'illldo, o peixo ainda pequeno,
tia smL forma comca, a definição do cha- que e não aproveita.
padao do Bruzileiro, do plateatl dos ArJ'eganhar, \l. int1', (R.
Franceze , nem Íllmpouco do planalto Gr. do .) cerrar o queixo o ca,allo
do Portuguezes. B ta que tão intere sa ca,nçado, de tal ,ort que n50 e lb
tanto a etymologia, como II geo!!'rnphÍ'l, pôde tirar o rI' io além do qu lhe ba te
e eu de ejaria l'cl-a bem elucidada. fortemente o coraçlio di -tendem- lhe
Entretanto direi que um nos o di tincto a enta. I to ae nt e ao ClIvnllo que
vi Ijante, o Dr. everin,no da Fon- sujeital'am !l. uma villg lU ~ r\.ada m
seca, sel'viu- fi <Lmplamente do voeall\llo dia de grande alor. om muito d -
Araxa na sua Viagem ao redor do B?·a:il. canço póde ainda o cavallo a.n·cgallhàd(l
ARREIO 10 ASSENTÁDA

prestar-se a xercicios moderados, mas Arroz-de-Cuxá, s. m. (ilfa-


nunca a serviço rigorúso. ,-allhão) é o arroz simple mente cozido,
Arreio , s .m. pl. (R. G,·. do S.) que e come de mistura com o Cltxá
no sentido dd jaeze, é e te "Vocabulo (n. Braz).
perfeitamente portuguez ; mas o Ar- Arruadôr, s. m. (R. de Jan.)
reios u adas naquella provincia dirre- empregado municipal que tem fi. eu
rem do que SM geralmente emprega- cargo fazer com que nas eclitlcaçõe' e
dús para app~relhar as cavalgaduras. attenda sempre ii. melhor clirecÇ<1o
A sella é ubstituida por um conjuncto que deve ter a rua, impedindo que as
de peças sobrepo ta uma ás outra nas ca a a con truir suiam fora do alinha-
costas do animal. E tas I eças são : o mento. I: Em Portugal, a palavra A,'-
suadouro, a xerga, a carona, o 10mbi11J0, ruador se applica ao vadio quebra-
a cincha, o coxonilho ou pellego, a ba- e quina, amotinador (Aulete). ~ Em
dana, a sobrecinclJa ou cinclJão. Este Pel'U. e Par. do N. ao Arruadol' munici-
modo de arreiar os animaes é certa- pal chnmam Co'·dead8r.
mente muito mais complicado que o da Aruá, adj. (R. Gr. do S., PaI'anã)
seUa ordinaria j mas, além de outras de con fiado, e pan tadiço I indocil. A p-
vantagens que lhe attribuem tem plica-se aos cavallos inquieto, que não
ainda mai a de servir de cama ao ca- e deixam facilmente apanhar, e ante
vaUeirõ, em falta de cousa melhor. Para correm quand o vão ]?render. No
isso estende de certo modo e tas peças mesmo sentido clizem fua, apua'lJa e
no chão, ser\-e-lhe de cabeceira o lom- puàva. ~ Etym. Em guarani ba. aru&. e
bilha, cobre-se com aqueUa e pecie de hÚ"uâ com a significação de damnoso,
capa a que chamam poncho, e as im tendo tambem por synonymos nocivo,
dormem. pernicio o, além de outras accepç5e ,
Arria ôr, s. m. o mesmo que que deixarei de citar, por não terem
Arrieiro. relação alguma com o vocabulo arua,
Arrieiro, s. m. gerente de uma qual o empregamos no Brazil. Quanto
tropa de animae' de carga. O bom Ar- a apua'lJa e puáva, não lhe pude des-
rieiro deve reunir um cerlo numero de cobl'ir a etymologia, bem que me pa-
conheciment s praticas, que o tornem reçam de origem guaran í. .
habil na sua especialidade. Seus 'de- Arubé, s. ,n. (Pará) o mesmo
veres são inspeccionar diariamente os que Ual'ube.
animaes, antes e depois do tr'ljecto do ArupeD1ba, s. f. (3e1"g.) cor-
dia; curar o que e tão doentes; atalha,' ruptela de U"upemba,
as cangalba j manter a boa ordem Assahí, .?n. (VaUe do Amaz.)
nas marchas; examinar os maus passos Palmeira do gen. Eutel]1e (E. ole,-acea)
para os evitar; escolher os pousas' e, de que ha mais quatro especies deter-
finalmente, commandar os demais em- minadas (Flor. Bl'as.). 'l'ambem lhe
pregados da tropa. /I Em Portugal o chamam, em algumas regiões do Bra-
Arrieiro é um simples conductor de zil, Jissára, Jus ara e Palmito. Com a
bestas de cargas u de cavalgaduras, polpa da fructa macerada em agua,
ou que se occupa em as alugar (Aulete). fazem uma especie de a limento, a que
Arrinconar, o. tr.(R. Gr. doS.) chamam tambem Assahí, ao qual ajun-
metter animaes em um rincão. II Etym. tam assucar e fMinha de tapi6ca ou de
E' verbo de origem castelhana (Coruja). mandióca, e passa por ser nutriente
II Em portuguez se diz arrincoar, mas e é agradavel ii. generalidade dos pala-
é pouco u ad') (Moraes, Aulete). dares, ape ar de um certo gosto ner-
Arroz-de-Aussá, s. m. (Ba- hftceo, que repugna aús novatos. ~
!tia) especie de comida, que consiste em Etym. Do tupi Uassahl, Dome ainda mui
arroz cozido sem tempero, e sobre o qual usado, tanto no VaIle do Amazonas,
se deita carne-secca frita em bocadinhos como na provincia de Matto-Grosso.
e molho de pimenta (Loyola). II Etym. Assentáda, s. f. (R. Gr. do S.)
Deve, sem duvida, seu nome a ser uma partida fal a, ou pequena corrida dada
comida dos negros da naçâo Aussil.. do ponto de partida, pelos cavaIlos
ASSOLEAR 11 AZULÊGO

l)urelbeiros. antes de começarem a Aturá~ s. m. (pal'a) especie de


correr. E' de co tume llaver primeira, cesto conico ou cy1indrico de perto de
segunda, terceira e ás ,ezes mais dous metros de altura, servindo na
as en/adas conforme o trato com que e roça para transportar mandióca e
amarl'OU a carreira (Coruja). II Obs. outro quaesquer productos ruraes.
Ea m}, 111.'1 noz o vocabulo assentáda, Parecem-se com o poceiros, de que
que nenhuma relação tem com o \'0- usam os vindimadores de Portugal.
calJuJo rio-/l'randen e. II EI!lm. Deri- Tambem pronunciam Uaturú (Baeoa).
vação do verbo a entar, no sentido II Etym. Do dialecto tupi do Amazonas
de convencionar aju tal' convir, etc. (Couto de lIIagalhães, eixas), e tem
Assolear~ 'lJ. intl·. (R. Or. do S.) por }'nonymo Urussacanga. ~ Obs.
fatigar-se, por ler andado ao solou ~am trazel-o as costa, suspenso por
em dia de calor. Diz-se do animal, uma embira passada entre a te ta e o
principalmente e é gordo. E' qua i o alto da cabeça, e tambem nos bombros
me mo que as on~al' (Coruja). fi EtYIl!. (J. Veri 'imo).
Do castelhano asoleal'. Auatá~ 'lJ. intr. andar, caminhar.
Assonsar~ 'lJ. intr. (R. 01'. do S.) II Etym. E' voc. puu'amente tupi. Heje
é qua i o mesmo que abombal', mas não porém o empregam exclusivamente em
tanto (Coruja). relação a caçada dos Ussás ou caran-
Assú~ adj. o mesmo que guassÍ!. g'ueijos dos mangue, us quaes em
Ata~ s. f. (Cea?'ú, Ma?'onhão, Parei) certa estação do anno, sahem da tocas
fructa da. Ateira, planta do genero e andam et'rante~ e tonteadamente, o
Anona (A. s!]tlamosa) da famHia da que facilita muito a sua apprebensão:
Anonaceas. Nas colonia francezas dizem então que os carn.ngueijos andam
chamam-lhe Aae' no 1 io de Janeiro attatri. Em linguagem tupi se eliz in-
Fructa do conde; na Bahia e Pernam- ditrerentemente attatú ou aguatà. Não
buco Pinha. posso porém afimar que e ta segunda
Atalhar~ 'lJ. II'. ( . Paulo, Mi- forma seja ainda, usual em alguma
nas-Oeraes, Ooya:; e Mat.-Oro .) concer- parte do littora!.
tar as cangalllas, ele modo que não Avestruz;~ s. m. ( R. 01'. do S.)
firam o' a.nimaes. E' obrigação do v. Ema.
al'rieiro ou arriadore . II Obs. Ea na A xi ! ~ int. ( Pa?'à) e:l.-pre são ele
linO'ua portugueza o "orbo atalhar tedio ou repugnancia para com alguma
com a si O'llificação de cortar, iu ter- cou a ou dito desagradavel (8. de Jary).
romper, embaraçar, estorvar, impedir Uol're ponele ao portuguez apre! fÓl'a !
encurtar o caminbo, e em todo e te Tambem dizem Ea:e!
sentido é tambem u ado no Brazil' Ayuára~ . f. ( Pm'ú) o me::mo
mas, em relação ao serviço da ca.nga- que Uyâra.
lha , é e:rpres ão exclusivamente bra- Az;eite-de-cheiro~ s. m.
7.ileiro.. (Bahia) az ite de dende fabricado no
Atapú~ s. m. (Cean't) o mesmo paiz. l?or um pt'ooo o di./Terente do
que Uatapit. ela AfrIC'a.
Atar~ 'lJ. tr. (R. 01,. do .) o Az;eite-de-dendê~ . m. oleo
mesmo que amarral' (Coruja). exLrabido ela fructa do Denelezeiro
Atarahú~ s. m. (Ce('rá) furor: (Elaei gttineen is). E' aquillo a que os
Neste meu atamhit; i to é, quando Portugueze chamam oleo de palma.
me acbo om cstado do furor (Araripo Az; ulêgo~ adj. (R. 01'. do .)
Junior). cavallo oveiro, de pintas miudinbas
Atílho~ s. m. (Par. do N., R. brancas e pretas, o qu~ de longe o ~az
Gr. do N.) o 'nesmo que Câibro. parecer azul, e con tltlle uma varie-
Atolêdo~ s. m. (S. Paulo) ato- tla.do rari'sima (Coruja). II Etym. Ori-
leiro. gil)a- e ela palavra azulejo, que é tnnto
Atropilhar~ 'lJ. tI'. (R. Gr. portllg"ueza como ca telhana. Azttle.qo
do SJ reunir cavallos em tropilha. Dão é enão o arremedo da pronuncIa
(Coruja,). hespanbola.
BÁBA-DE-BÔI 12 BARIA

Bába-rle-bôi~ s. f. (R, de Ja».) Bacurí, s. m. nome vulO'ar da


O m,· '1110 f]uC' Jeriu-i. Platonia ;'lSi(j1lis, arvore da. família das
Bába-de-Inôça~ s. f. especie Guttifera \ nota \'el pela belleza do eu
de duce li rudo fdto com o sumo do porte, pela ua utilidade como ma-
cóco da Bahia. deiru ele con trucção, e pelt\ excellen-
B bádo~ s. m. fôlho, no sentido cio. de ua fl'ucta.
de tiras em pregas, com que e guar- Bacuriparí, s. m. (VaUe do
necem saia, vestido, toalha , colJerta Ama::.) nome vul"'ur de uma arvore
de cama. etc. fI'ucti fera, pertencente á familia das
Babaquára~.ç. m, e f. o mesmo Guttifera .
que Caipira. Bacu8sú~ s. 1'11. (Bahia) canôa
Bacába, $. f. (Vnllf! do Itma~.) grande, cuja cangalha ou upplemento
'"i;jalllleil'a do genero CEllOcarpus (CE. acima da borda, prolonga-se de ré a
Bacaba). Ha mais eleste gellero 'ete van te (Ca.mara).
eSDecies conhecirlH . e entre ella o Badâna~ s. (. (R, G1". do S.)
Batauci ou Patauà( Flor. Bras.). pelle macia lavrada, que se põe por
Baca b<l.da~ s. f ( Pará) e pecie cima do coxonilho (Coruja). II Etym.
de alilllento feit(j com a fructa da pal- E te vocabulo é 1..'1oto pOl"tuguez como
meira BacHha, preparada pelo mesmo ca telhano; e em uma e outra lingua
proce 50 do Assahi. ignifie< uma cameira com que se
Bacalhau~ s. m. azorrague feito
coLrem o livros. Segundo Moraes e
de COUI'O crú tI'llnçado, com varias Aulete, appliC<'tm-o tambem á ovelha
pernas, e com o qual e cllstiga'vam o' velha e magm (]ue já não páreo F"ign-
escravos. II Obs. Como expres ão pnrtu- rada.mente, carne magra,; e finalmente
gueZól, lambem .usual no Brazil, Baca- os alento dos CH pellos da freir'as.
lhau é O nome de uma bem conhecida Como e vê, tem e te voC<'tbulo na nossa
especie de peixe do genero Gadus, de provincia uma i&,nificação mais re-
que se fazem gmnde algas nos mares tricta. Ma ValClez conteota- e em
do norte ela America e da Europa. Ao I diler que a badana é uma pelle corticla
azorrague de te nom chamam Pirahi de carneiro ou ovelha.
em Minas-Gerae (Miiller Ch'Ig'H " vo- Baguál, s. eadd. m. (R. G1'. do S.)
cabulo tupi. cujo radical é Pira, couro cavallo indomito que vive indepen-
ou pelIe. dente de qualquer sujeição: Um bagtlal
Bacarahí, s. m. (R. Gl'. do S.) ou um cavallo bogual. II Etym. E' voc.
nome que dão lia feto da vnCCH, que é
morta em estado de prenhe~, e que da. Americl~ he lJanhola; e, segundo
muita gente Hproveita, como alimento Salvá, oriundo das Anlilha (Zorob.
appetito o./JEtym. Campo to hybl'ido de Rodrigue). II Ao boi que vive nas
baca (vacca) e tai (filho na lingua mesmas condiçõe do cavallo bagual dão
gnaraui). No Paraguay dizem mbacarai o nome de chimalTaa (Coruja).
(MontoYH), cuja traducção litleral é Bagualáda, s. f. (R. 01'. do S.)
filho da uacca. manada de bllguaes (Coruja).
Bacayúba s. f. (Mat.-Gras.) Baguarí~ s. m. (Mat.-Gras.)
O mesmo que MfJ,cahicba. specie de ave do genoro iconia (C.
Bacuparí~ s. m. nome comqlUm Mc~.IIUari). No Pará lhe chamam Ma-
a diversas eSlJecies de arvores l'rucli- guarí.
fera, pertencentes a generos ditre- Bahia, S. f. (lI1at.-G1·OS.) nome
rentes. No R. de Jun. é uma Ga"cinia que dão a qualquer lagõa que e com-
da familia d'IS Gultifera (G. B1-asi- munic<'I. com um rio, p r meio de um
liensi J; em Goyaz uma Sapotucea cUlal mais ou meno espaço o: Bahia
(Saint-Hil.). Negra. Bahia de Mancliol'é etc. II Nas
Ba('uráu~ s. m. e pecie de ave demais provincias do BI'azÜ, lhe dão o
noctllrna, per'lencen te tal vez ao genéro nome portuguez de lagõa., quer tenham,
Caprilnul.q!'/'s. 1/ Etym. E' nome olloma- quel' não, communicaçào com os rios ou
topaico, derivado do seu canto. com o mar.
BAHIÂNO 13 BANCO-DE-GOVERNO

Bahiâno" a (I'), s. e adj. na- papel. E' o que em Portugal e no Pará


tural ou pertencente ii, pro,iuci:1 da chamam Rebuçado; na Bahia, Quei-
Bahia. Tambem dizem BIJtiel'lse. mado; em Pel'lJamhuco, Alagôas e ou-
Bahiano" a (2"), s. m. (Piauhy) tras provincia do norte, Bola. II Etym.
o me mo que Caipira. I E/ym. E' pro- Este confeite. deve, em duvida, IlU
vaveI que se dê e~se nome ao habitan- nome á fôrma arredondada que lhe
te elo campo, por erem consiuerado davam antigamente. Hoje ha Batas de
de cendentes daquelles naturaes da todo o feitio.
Bahia, que, depois da de coberta do Balaiáda" s. f. nome que deram
territorio do Piauby, primeiro se esta- ii, revolta chamada tambem dos Bataios,
beleceram nelle, e alli fundaram fa- que houve 00 MaranhãG em 1839.
zendas fIe criação. II Rad. Balaio, nome do chefe daquella
Bahiano (3 0 ). s. m. (Ceara) o rev lta.
mesmo que Baião. Baláio, s. m. (Para) farnel, no
Ba-hiense, s. e adj. m. e f. o entillo de provi õe de bocca que cada
me mo que Bahiano (la). um leva com igo, por occa~ião de uma
Baiacú" s. m. e pecie de peixe viagem, um pa~ eio ao campo, etc.
do genero Tetraodol'l, da família Gym- II Etym, Como é provavel que irva em
nodontida (V. de Porto- guro). E' geral de meio de condLJcção e a especie
peixe veneno o; entretanto, havendo de ce to a que chamillU')s bataio, deve-
quem o saiba preparar conveniente- mo~ pen ar que ne te ca o toma- e o
mente, tOI'OI1- e come tivel, sem o me- conteúdo pelo coutiuellte.
nor receio. Ha out!'a e pecie a que Balsêdo" S. m. (Dfaranhao) ve-
cbamam DO Rio de Janeil'o Baiacu-ara, o-et,loão Ouctuante compo ta de !lerva
o qual não tem o inconveniente do pri- Muriri, cujas l'Dizes, emnH1ran!lalldo- e
m iro. II Etym. E' 110me tupi. fortemente, cobrem "Ta.nde exteo ões
Baião" S. m. (Ceará) especie de di- do rios e vão até a veia d'agua. Tam-
vertimento popular, aque tamlJem cha- bem lbl:: chama.m Tremed'1.t. II Rad.
mam Bahiano (::lO), e con i-te em danças Bal a. II Ob '. O Balsêdo do iii ,rau1lão
e canto ao 'om dH I11U ica io tl'Umeot:ll. é analogo ao Ayuape das outra pro-
(J. Galeno. II E/ym. Talvez, eja este vin i, .
vocabulo a corl'uptela ue Bailão, termo BaIDbá., s. m. (Bahia) setlimeoto
portuguez que signilica bailauor, ou a que fica no fuodo do va -o em que fà-
altel'aoão de Baltiano. e neste caso de- bricam es&'l, val'iedade tIe az ite de
veriflmo. e- rever Ba/liiio. dendê a, qllfl chamam a7.eite-de-cheil'o.
Baixáda" S. f. vali e, plaoicie BaIDbão" s. ln. (Atagôa» nome
pequena entre dua mODtanha. No vulgar do perlunculo interno dn jaca,
Rio Grande do ui tambem lhe chamam fructa da jllqueira (J. S. da Fon eca).
Canhada. II Etym. E' clara a origem _ a Bahia lhe chamam Manguxo (Ara-
portugueza, de te vociLbulo, Aulete o g-üo).
mencIOna como termo bl'3ziJeiro. BaIDbáquerê, s. m. (R. Gr.
Baixeiro, adj. (R. G1'. do S, do .J nOlue de UID,l da variedade
Para, S. Paulo) uadouro-baixeiro é O des~e' baile campe tres a que chamam
que e põe sobre o lombo do cavai lo geralmente Fftrlrlnngo (Coruj I).
por baixo do arl'eios; cHrona-baixeím Bambê, S. m. (R. de Jon.) matto
é a que se I õe, quando a querem usar, e treito que, a g-uiza, ue cerca, se deixa
por baixo da xerga (Coruja). II Na entre uma roça e outra, como llllba
Parahyba do Norte e outras pro rincias divi.oria.
daquella região chamam cavallo bai- Banco-da-véla" s. m. (Ceará
llIeiro aquelle cujo andar é baixo (cnrto) e outras Pro1ls. elo N.) à o banco
e não a.dianta muito: rIeu cavallo à que serve para su·t nt;lr o ma tro da,
bom bfl.ixeiro (M ira). !!rande e unica véla ua jangtlUa (J.
Bála" s. f. (E. de Jan. e Pro1ls. Gnlf'no).
ITnerid.) pequena Ij!le'l@ta de aSSUC,lr re- B nco-de-governo, s. m.
finado em ponto vitreo e envolto em (Ceara e outms P'·01ls. doN.) é o booco
BANDEIRA 14 BARANGANDÂN

collocado na popa da jangada, e em Gr. do S. II Obs. Seg-undo Aulete, e te


que se a enta o mestre (J. Galeno). vocabulo que elIe escreve Bangwi,
Bandeira, s. f expedição ar- com a erronea pronuncia de BanghC,
mada, mai ou menos numero a, que, tem a ig-njôcação de "fornalha em
sob a direcção de um chefe, e dirige que se collocam a talha (tachas quiz
aos sertões, com o fim de os explorar, ou dizer) nos eng'enhoR de a ucal' no
de castigar os sel,vag'ens, cujas excur- Brazil' e liteira rasa, coche de couro
sões prej udicam os estabelecimento (na. India). Ha em tudo isto muitl
civilisados. D'antes era eu de tino confu ão.
principal aprisionar elvageus e redu- Banguêlê, s. ;n (Minas-Geraes)
Zil-03 a e cravidão. II Ko interior da Lriga. de ordem (G. l\Iüller).
Parahyba do 'arte, e provavelmenle Bâng'ula, s. f. (R. de Jan.) o
nas provincias cÍl'cull1Yisinlia da-se o mesmo que Caltmgueira. II Aulete, in·
nome de Bandeil'a a uma leva de tra- dicando este vocabulo como brazileiro.
balhadores contratados por um ó err1t na pronuncia e creveudo Ball-
dia, para executar algum tr<1balho gúla. Bangúla erà o nome de uma ave
rural. Chama-se a i so bote!?" tlma Ban- africana, por elIe citada.
deif'a: Botei uma Barzdei"a para acabar Banhádo, s. m. cha-rco enco-
a limpa do matto (Meira). Equivale berto p la hervagem .
ne te entido a Muroi'rom. Banzar, 1:1. in!r. ficar pensativo e
Bandeirante, s. m. individuo em estado de cogitação sobre qyalquer
que faz patte de uma Bandeil'a en- uoticia ou acontecimento que não
carregada de explorar 03 sertõe in- é de facil explicação. Tambem admitto
cultos, a deôniç;.'io de Moraes: Pasmar de pena
Bangüê, s. m. homonymo bra- e maguCt I Etym. Tem a sua origem no
zileiro com cinco signiôcaç.ões : 1a (R. vel'bo Cu-ban.~Ct da lingua buntla, que si-
de Jan., S. PavZo, Mina' - Gel'aes, gnifica I eu ar (Capello e Iven )oU Para
Goya::; e Mat.-Oros.) especie de liteÍl'a qu~rn conhece bem a significação deste
rasa com tecto e cortinado de couro, verbo, é eUe mui expre .h'o, e não lhe
conduzida sobre varaes por duas bestas, reconheço equivalente na lingua por-
uma adiante e outra atraz, servindo tugueza. II Ob . Aulete o menciona como
para transportar em viagem enfermo, termo popular, o que me faz uppor
mulheres e crianças. A i so chamam que é usual em Portugal.
liteira nas provincias do norte; mas Baquára, aelj. ( Pern.) experto,
em São-Paulo dão o nome de liteira a deligente, sabido: José é um bl.lljtlàrl.l
uma e pecie de palanquim com as entos que se sahe bem de tudo aquiUo quo
fronteiros, levados por bestas á maneira emprehende (Sou ',. Rangel). II Etym.
do Barzgüê. Para os eufermos é o Ban- Não encontro este vocabulo no ])ic.
güê muito mais commodo, porque lhe pOl·t.-Bt·az.; e nada po o aventurar
serve de cama, quer du!'ante a marcba, sobre a sua origem. Em guarani Baqvd,
quer durante as paradas. 2.° (R. ele syn. de Cabaqud, tem diver as igllifi-
Jan.) ladrilho das tachas, por onde caçõe', todas ella no sentido de acti-
correm nos enD'enhos de assucar as vidade. Assim é que uma phra e em que
espumas que transbordam, por occasião figura este vocabulo é traduzida do e-
da fervura, quando se tem de ajudar guinte modo: con sus pot'fias alcanço de
as caldeiras, ou qUD,ndo o fogo é mui mi lo qil8 quiso ( Montoya ), o que esti\,
intenso. 3.· (Bahia e outras P,"01:lS. du de accordo com o sentido que lhe dão
N.) especie de padiola grosseira, para em Pernambuco.
conduzir terra para as conbtrucções Baqueâno, s. m. e adj. o me -
(Aragão). 4.° ( Pro1:ls. do N.) padiola de mo que Vaqueâno.
conduzir cadaveres. 5.· ( Provs. mel·id. Barang'andân, s.m. (Bahia)
e centr.) apparel110 de couro em forma coUccção de ornamentos de prata, que
de cdche para curtir pelIes, ou para a crioul<1s lrazem pendentes da cin-
fazer decoada, e neste ca o corre- tura nos dias de festa, principalmenl
sponde ao que chamam .flnóqtle no R. na do Senhor do Bom-Fim.
BARBAQUA 15 BATATÃO

Barbaquá~ S.I11. (fa1'al1á) e - elas jangadas. II Etym. E' termo por-


pecie de canu içada ou grade feita de ,a- tuguez, significando, em geral, barca
ra obre forquilha, u ada autigamente grande ( Aulete). ~ Dão tambem esse
em urityba, para a preparação da her- nome a uma embarcação com appa-
va mate. Tinha por tim este apparelho relho proprio para virar de carena os
facilitar a sapdca (chamuscadura) do navios, devencfo ter menos pontal que
ramu culo- e folha da Cougonha (Itex o n,tvio que for virar e o lastro
pal'oguariertsis), 1/ Obs. aint-Hilaire en- nece" ario (Dic. Mal'. Bra::;.).
tra em toclos o detalhe relati,<tmeute nar.rjgueira~ s. f. (R. Gr,
li. erventia deste apparelho, ão me do S.) peça que faz parte d,t cincha,
deterei ne te a sumpto, porque o Bm'- e é a que pa a pela barriga do ani-
baquâ não ó cahin em desuso, como mal (Coruja), Etym. Do ca telhano
até no e quecimeuto, clepoi que outros Ban'i,quel·a.
meio e empregam nll preparação do Barrôso~ adj. (R. Gr. do S.)
mate. II Et!Jm, E' termo da America o mo mo que bmnco, com applicação
he panhola (Valdez). IIIonloya, que, exclu i,a ao boi ou vaeca: Um boi
como "aluez, e creve Bal'bacoa o tra- ba/Toso. Uma. ,acca uan'o a ( Coru-
duz em guarani por Taq!tâ pifmb'í, i to ja ). II Em portuguez o adj. barl'oso
é, gl'ade ne taquára , significa bl\rrento. eg ndo Yaldez
Barbatão~ S, m. (Sel'tãesdeal- ban'oso Ó o epitheto dado ao boi
gumas P,'01)S, do N.) uome CJIl dão ao entre br.\llco e vermelho, ou de um
gado bovino que não tendo sido a:>~i­ branc e curo. Tanto ba ta para a-
gnalaclo com o carim1.Jo da fazenda a berma que é vocabulo castelhano, que
que pertence, e cl'iando- e uo maUo , no veiu da nossas visbha , a re-
se torna bravio, E' o que no R. Gr, publica platinas.
do S, chilmam gaelo alçaclo ou chima1'- Basbáque~ s. m., nome que
l·aO, Equivale ao portuguez amontaclo, dão ~o homem que e ta e piando o
oxpros -úp conhecida e gera I mente u:::a- cardume de peixo junto das ar açóes,
da uo Brazil. . par,t lhe lançar a rede em cerco ( Mo-
Bar beBa ~ s. m. (S, Paulo) o raes, A.ulete). n Nunca ouvi e te Toca-
me mo que o bal'bicacho do R. 131'. do S. bulo, com emelhallte ignificaç.ão.
(B. Homem de l\Ie li o) . 1/ Etym. E' vo- Basto~ s. m. (R, Gr. do S.)
cabu!o portu"uez, com diversa igni- e pecie de lombilho de cabeç:1 mui
ficaçoe e entre ellrts a de cadeia ue ra-a e pequena (Coruja). II Etym, E
fert'o qn gnarIler.e por haixo a bar- .....ocabulo r.<1, telhano. II Em portuO'uez
bada do cavallo, o vai prend r do cacla o tel'mo ba te, signitica ella qlle se
lado nas cãibas do freio (Aulete). T le põe na c<'\,algadura', qUE' tran portam
cntido é vacabulo geralmente u ado as peça, os cofre os reparo de
nú Brnzi I. al'ti Iharia de campanha (Aulete).
Barbicácho~ s. m. (B. G,·. Batalhão~ s. m. (Bahia, erg.)
do '.) ol'dão trançado, cujas pontas o mesmo CJue M'W);irom (B. de Ge-
co idas no hapeo, o prendem ou se- remoabo, Hamos).
O'Ut'am à, po oa que o traz pa audo Batatá s. m, ( , Palllo) nome
P?r baixo da barba (Coruja). II Etym, vul "ar da fructa de uma arvore do "en.
E tlmno ca telha no usual em Extre- Lucuma (L, Beaurepail'ei , Raurlkjal'
madura, Andaluzia e outra pronncia et Gla:;J da familia da apot.\ceas. II
da Ho panha (Yaldez). E' tambem pa- EtYla. E' evidontement de ori"em
lavra I'ortuguezu, no entido ele cabe- tupi' ma yaeillo muito quanto à ua
çada. de corOa parA. 1Je-Las (Au lete). II iO'nificação primitiva, bdo acontec l'
Obs. Em • ão Paulo dão ao bal'uicacllG que ejaa orrnptela de Jlb'l-tatll fructa-
do R, Gr. do S. o nomo de bW'boUa, loo-o,pOt' call a de ua côr rubra, ou H,
Barcáça~ . f. (Pel'll. e Olllms eI !lbcl-ata1l fl'Ucht dum, fruela emp
Pro1)s. do N.) o l)ecie de embar ação dernida.
costeira. destinada ao tran porte do Bata.tão~ s. m. (Pal'. elo .)
mercadorias, e tem as vela como a o me mo que Boitmã.
BA.TAUÁ 16 ~ERNE

Ba-tauá, s. m. (Mai.-Gros.) o feitas de farinha de trigo. Ha outras


mesmo quo Pataud. variedades' de Beijú, a que chamam
Ba-telão, s. m . .( Bahia) canÓl no R. de Jan. Sola e Malampansa
curta o com grande bocca e pontal ou lIlanampansa .. em Peru. e Alagoas
om relação a seu tamanho. Em l\latto- Tapioca, Beiju de côco .0 Beiju-pagão ;
Grosso dão esse nome a uma pe- e em Serg. e Alagoas Malcassá ou
q uena canóa (Camara). Matcasado. Ao Beijü de côco cbamam
Ba-tepandé, s. m. (Sel'g.) jogo em erg. Sampo. fi Erra Aulete em
da cabril-cega:, com que se divertem tudo quanto diz a re peito do Beijú.
as crianças (João Ri beiro), Ião é um bolo, nem tampouco lhe
Ba-tueira, s. f. (Rio de Jan.) chamam tambem iJIiapiata, nome. com-
o me3mo 'que Batuéra. pletamente desconhecido na linguagem
Ba-tuéra, s. f. (R. de Jan.) vulgar do Brazil, e que é vi ivel-
sabugo do milho, depoi.3 de do caro- mente o e tropeamento do vocadmlo
çado, ~ Etym. Da lingua. tupi Abati- tupi Miape-antan, cuja traducção lit-
Ullra, palavra compo ta, significando teral é pão duro, ou biscouto. II Etym.
milho extincto. Em guarani, Abati- E' vocabulo commum ao dialecto
tguê, tem a significação de espiga de tupí e guarani. Os T4pinambás do
mai;z; sin gral~o (Montoya) . II Obs, Tam- Brazü davam o nome de Beijú a uns
bem pronunciam Baiueim. I! Na Bahia certos pãe de milho pisado que eUes
chamam a i so Capuco e Papuco; e guardavam de muitos dias nos juraus,
no Maranhão Tambtleira (2"). e de que e serviam para a fabri-
Bazuláque, s. m. (Alagoas) caç5.0 de Wlla e'pocia de cauhi, a que
o lIIesmo que Sarnbongo." Em Por- chamavam BeiutlltQ-y (Voe. B,·a~.).
tugal Ba~ulaque é termo burlesco Em guarani o termo J11/leiu, além de
signific..·1I1do homem mui gord (A ulete). outras ignificações, tem em caste-
~ebída, s. f. (Pern. e outras ] bano o de tOl'ta (boto) de mandióca
P,'ov . do N.) nome que dão a certos (Montoya)
e determinados mananCÍaes ou depo- Beij ú-assú. s. m. (PahiJ o mes·
sitas de agua pluvial, onde co tumam mo que Catimpuc1'a.
beber os anirriaes, quer dome ticos, Beijúpirá, s. m. peixe do gen.
quer si! vestres: Na estação da sêcca, Elacate (it. americana), e o mais es-
quando é geral li falta cl'agua, são timado do Bl'azil (V. de Porto-Se-
as Bebidas lagares irloneos pan as guro). II Etym. E' voc. tupí (G.
caçadas, pela multidão de aves e Soares).
outro' Mllmao I)ue all1 se reuuem. Bel 'hior, s. m. (R. ele Jan.)
"Etym. Em linguagem portugueza commel'ciante de toda a sorte de
chamam a i so Bebedouro. objectos velhos. II Etym. Este nome
Beijú, s. m. especie de filbó provém de um individuo chamado 1'3e]-
feita de tapióca e tambem da massa cbior, que pl'imeil'o estabeleceu na ci-
da mandióca, e cozida ao forno da dade do R.. de Jao. uma casa com des·
farinha. Ha pOJ'tauto o Beijú de ta- tino a as a E'specie de commercio.
pióca e o Beijú de massa, e a e te Bem.zinho-HJD.Ôr, s. m. (R.
dão no Para I) nome de Beijú-xica. Gr. do S.) nome de uma elas varie-
o R. de Jan. chama.m-Ihe com- dades de I'S baile campestrps, a que
mummente Bijú. Va.l'iam de foro;l.a, e chmnam geralmente Fandango (00-
os hu. quadrados, circulaJ'es, enrolados ruja) .
como cal'tuxoS, etc. Servem á guisa Benção-de-Deus, s. f. (Ce.a-
Ide biscou tos com o oha, café. c:lJldo râ) especie de bailado popular (Al'a-
ou· out!'a qualquer bebida. Aquecidos ripe Junio!').
ao foO'o e temperados com manteiga, aérne, s. m. larva d certa ea-
adquirem um Silbor mui a"'rad" vel. pecie lie in ecto que penetra na. pelle
Se!.('undo G. Soares e Baena, é o Beijit dos gado', cães e onil'os animaes, e nté
invenção da mulhares (Jort4g.uezas, na do homem, e alli se orla e lhes pôde
e serviram-lhes .(1e mouelo as fLlbós determiní1l1' a mor~o, se a nã4l,ex,tr;aAe,r.n
BIATATÁ 17 BIRÍBA

em tempo. II Etym. Parece-me que janO'ada, afim de não quebrar a linha


e-ta palavra não é mais do que a cor- (J. Galeno). Em lJortuguez lhe chamam
ruptda de Venne. O povo da lin"'ua Bicheiro.
tupi llle chamam Ura (Dic. Porto
Bra:;.).
BichÔco, adj. (R. ar. do S.)
diz-se do cavallo que fica com os pés
Biuta á, s. m. (Bahia) o mesmo inchados, por falta do exercicio. /I Em
que Boitatá. Portugal dão o nome de Bichoca a um
Bibóca, s. f., barranco, exc<'\,v<'\- pequeno leicenço (Aulete). Em cas-
ção formada ordinariamente por en- telllano o adj. bichoso de igna aquelle
xurradas ou movimento de a"'ua sub- que anda com difficuldade, por padecer
terraneas, de orte a tornar o tran ito, de calo.
não só incommodo, como até peri- Bico, S. m. (R. de la».) o mesmo
"'oso, obre tudo á e curas: Depoi que Matame.
3as ultima chuvas ficou a e~tl'ada Bicuhíba, s. f. nome commum
cheia de bibõCllS. /I Em Pernambuco a diversas espacies de plantas do e-
e outra pro\'incia do norte tambem nero Myristica da familia das Myristi-
dizem Boboca. Etym. Alteração do caceas. Tambem lhes cham.am Buc'/b-
tupi YbJi'boca. iO'llilicando l-bi} terra Mva. II Etym. São voe. de origem
e Boca, abertura ou fenda. o Gua- tupi.
r,lDi [btbog (Montoya). II Tambem Biguá, s. m. Palmipede do ge-
dão o nome de Biboca a qualquer nero Garbo (C. brasiliensió). UEtym.
terreno brenhoso de diilicil tran ito. II E' voe. tupi.
Figo., ca-inha. de palha (B. Homem de Bijú, s. m. (R. de lan.) o mesmo
Mello). que Beijú.
Bicão, s. m. (Bahia) o mesmo Bilontra, S.?n. (R. de lan.)
que Matame. pe oa abjecta, que frequenta o bote-
Bicha, S. f. (Pern. e outras quins as má companhia e particular-
Provs. do N.) o me mo que Maiulu1·tlba. mente a mulheres de má vida, das
Bichádo, a, ad). bicho o : Estp. qunes se torna o correspondente. _
fl'llcta está bichada. Binga, s. f. (sertiío da Bahia)
Bichar, 11. intr. encher-se de chifre. U Etym. E' vocabulo dl1lingua
l.icho' a fructa ou outra qualquer bunda, o qual e acha inc) uido em um
cousa. E te anno as "'uayaba bicharam vocabulario que organizei em 1844,
muito. O feijão bicha, quando o plan- egundo as informaçõe que me foram
tam em e taão impropria. O madei- dad por um infeliz africano reduzido
ramento da minha ca o. bichou comple- á e cravidão e chegado de sua pntrin,
tamente. havia POUCO" mezes. Entr~tanto Ca:-
Bichal-á, '. m. (R. GI'. do lJello e Ivens no Vocabulano anuexo a
S.) nome que dão ao poncho de lã 'ua obra traduzem chifre por n·guela.
"TO com listras branca e pr tas Certamente e ta ynonymia é o re ul-
ao comprido. Tambem lhe chamam tad.o de uma di:ITerença dialectica. Au-
Poncho de Mostardas, lJor serem feitos lete nada. diz obre esta palavra' Mo-
em uma povoação de te nome, onde raes porém menciona Bi11ga como
e criam muito carneiro (Coruja). iO'llificando uma e pecie de piçarra,
ij 'o Iexico dão o nome de Picha a egUlldo a Hist01'ia aHtica, que elle
uma mallt.'L de lã ordinaria (Valdez). cita, em nos dizer com tudo em que
Sera e sa a ori"'em remota do nosso paiz isto.
Bicharei ? Biríba, '. f. (BaJtia) cacete. U
~icheira (10), s.r. ferida nos
ammae , com bicho , que são a lar'va
Etym. Provém e 'le nOI?e da. UI'VOl'a
Biriba (Lecythi'?) de cUJa ha te e
de certos in e,cto , que neUe depo itam ü.brica e te in trumento. II r a pro-
seu ovo. vincia da Alagoa chamam Embi'riba
Bicheira, (2 0 ), s. r (aeará)
'>l'lLllde <Luzol pre 'o a um cacête, com
a mesma arvOl'e; e emelbantemeute
dão ao cacete desta e~lJecie o nome de
que se puxa o peixe pesado para cima da Embiriba (B. de Macelo).
Dlco. DE OC. 2
BIRmà 18 BOLAS

Bi r ibá~ s. ln. fructn. do Biriba- plebe, especie de batuque. II Etym. E'


zeil"O, planta do genero RoUinia (R. yocalJulo ela America he panhola. igni-
Gttspielata?) da familia das Ano- ficando aivoroto, a_ uada ( aldcz).
naceas. Dócó rIo) s. m., o mesmo que
Biroró~ s. ?n. (R. de Jan.) es- lIlórri (")0).
]Jecie de Beijú feito de mll 8:1 de man- Dócó (2°), s. ?n., o mesmo que
dióca, temperada com assucar e herva Mallc1 .
dOCA, e tor'l':1do no forno da farinha. 13ócório~ s. m., o mesmo que
Bobinête~ s. 11!. (Pani) nome ilIemc1.
que dão ao filó. Boi-espú,ço ~ s. ?n. (~er!J.,
13óbó~ s. ?n. (Bahia·) especie de PiauAy e outl'OS Provs. do N.) Loi
comidn. africana, mui u. ada na Ballia, cujo chifres são mui nbcrto·. Tambom
:1l]ua Lé icit:1 de feijã.o-menduLi, alli dizem chifres espaços (J. Coriolano).
chamado feijclo-muLalinho, bem cozido 13oi"t,atá~ s. ?n. ( ' . Pall/O, ).
em pouC<'t agull, com algum sal, e um Gr. elo S.) logo fatuo II Na Par. do T.
pouco de bunana da terr'a quasi ma- dizem Bata!lio, e 0<1. Balda Bia/alei
dura. Reduzido o' feijão a massa (Valle Cahral). II EtYl1l. Todos esle:;
]louco consi tente, jUfltam-lhe por rim voc~1bulo:; tem a ,"ua orig-em 110 termo
azeite de d.ende, em boa quantid.acle, tupi ilibaé tal li que ignlfica cou. a-r go
para o comerem só, ou encorporado (Anchi.eta) .
com farinha de mandióca. Ha. tambem BóIa ~ s. f. (Pern., 11lagoas e
o Bóid de inhame, em que fl feijão é Otltl'as Pl'ovs. elo lV.) o mesmo que
substituído pelo tuberculo deste nome Bala.
(Alberto). II No PnI'Íl, lJdúd é o pome Dol["o~ s. m. (Pem.) Boliio de
vulgar do pulmão do g-n.do talhado, e Anú'tí é n. porção deUe al'redondallo,
vendido com os c1emais miudos DOS que se veLlde com guizado de carurú,
açmJg'l.1es ( J. Verissimo). que é o conducto ( Moraes).
Bóbóca~ s. f. (Pem. e outras Bolapé~ s. ?no (N.. C". do 8.,
PnJ'vs .. do N.) Omesmo que Biblica. Paraná) nome com o qual se de 19na
Bocayi1ba~ s. f. ( Mal. Gros. ) um vau, quando o rio esta tão cheio
o mesmo que illacaltúba. que maIo póde atravessar o C!1vallo sem
Boccaina~ s. f. (S. Paulo) nadar. Neste caso dizem que o rio estit
nome que dão á. depl'es ão de uma de bolapé. II Etym. Este vOC<'tbulo t m
serra ou cordilbeira, quanrLo n. escarp:1 a sua origem no castel hano volapié.
de3ta parece abril'-se, como formando Segundo Valdez, volapiri é uma locuçã.o
uma grande bocca, que facilita o advcrl ial ignJflcando « a meio vóo,
:1ccesso ao l)Lano snperior ou cbapacla parte andando, parte voando, sem
( B. Homem de Mello). II (R. de J(ln.) pOClel" as 'entar o pê com finne::.a ». E'
bocca de um rio menos coo iderayal an:tlog-amente O que acontece ao alli.-
l]U a barra principal (V. de Souza mal que atraves a um rio, cujo váu
Fontes). II (Pará) entrada de um canal nilo é bemJJrOllUnCiaelO, e no qual, se
ou de um rio (B. de Jar.v). I Dbs. Boc- não ha lia o compLeto, hn. toda.via ag-1lt1
cetina e Boq!lein7o, ol"ig-ioaodo-se llo ba tante pnra que o 1)é do ca\ alio não
mesmo :t>adical óocca, [6m a maior p:.lrte assen te com firmeza no fuodo do rio
dn~ vezes a mesma ignilkação. BóIas~ S. f. pltw. (R. Gl·. do S.)
Boccal~ s. m. (R. Gr. do S.) arma. de appl'ehen ão, de que se serv m,
peça de prata, qne circnmda CJ lóro na. não só o camponezes de ta proviLlcia,
parte inferior, immediata no estl'ibo como os de outras partes cht America
(Coruj~). II Dós. O termo Boccal em para deter o cavallo ou boi CJue foga a
Portugal, além de ontras signiticações, correr. COLlsiste ella em tres (Juascas
que siLo bmbem USUlles 110 Bl'azi I, (til'as de COUl'o) de pouco lT,lnis de 66 cen-
serve para designar a peQ<'t do frGlio timetl'os de cOITI})l'ido, presas entl'e si
que entra na bocca do animal. por uma uas extremidades, e [t. outras
Boch.incb.e~ S.?n. (R. GI'. terminam por pedras espllericas ?'cto-
do S.) cli vertimento chi n('rin proprio da vadas (fonadas) ele couro, seLlCI uma
BOLEADÔH, 19 BORÉ

d~llas de menor dimen-ão, e a chal11ada espião, e não a mais do que a corruptela


1Jf.rmica. E' ne ta qlie pega o Boleador de POmbeal'.
para bolear o animal, atirando-a de BOD1beiro~ s. m. (R. 01'. do S.)
modo que . enrosquem todas nas per- espião; explorador do campo inimigo;
na delle, e o impeçam de e mover. e preitador das acções de outrem para
Boleadôr~ s. m. (R. Gr. do S.) lhe ~onhecer os intentos. JI EtlJm. Não
homem <1e-tro no manejo das Bolas. é mais do que a corruptela e Pombeiro,
Bolear~ 'li. tI'. (R. Gr. do .'3.) pelo metapla mo do P em B. Sob a
deler um animal em sua carreira, fÓl'ma Bombero, a este vocabulo usual
atirando-Ibe as Bolas aos pés. n.as republica~ platinas, e a probabilis-
Bolear-se, 'li. Pj' . (R. Gr. do S.) Slmo que e ll1troduzisse alli, quando
dcixal'- e o cavaUo callir com o ca- nos~a tropas guarneciam o territorio
vi.Ueiro (Coruja). que constitue hoje a Republica Oriental
Boliche~ s. m. (R. 01-. elo S.) do Uru ""uay .
taberninba de pouco sortimento e de Bonde~ s. ln. carro do systema
pouca importancia (Cesimbra). II Etym. americano, que, por meio de tracção
E' germanismo usual na Hespanha animal, percorre, sobre trilho de ferro,
(Vafaez), e tambem no norte do Chile e as ruas e e tradas. O estabelecimento
na costa do Perú 'e Bolívia com a signi- deste ystema de rodagem no Rio de
Jicação de bodega (Zorob. Rodrigues). Janeiro, no anno de J8B , coincidiu
Bolina~ s. f. (Ceará) nome que com uma gnnde emissão de bonds do
dão á taboa que se colloca na parte thesoul'o publico, objecto que occupava
média da jangada, junto ao banco da então a attenção de todos. Houve quem
vela, e serve para cortar as aguas e se lembrasse de da,r o nome de bondes
evilar que ella descaia para sota-vento a esses vehiculos, e esse nome foi ge-
(J. Galeno). ralmente adoptado. Hoje ha em.prezas
BOD1ba~ s. f. (Pern., Par. do de bondes em quasi todas as provincias
N.) bueiro ou cano subterraneo, por do Bl'azil.
meio do qual correm as aguas de um Bonéca~ s. f. espiga de milho
lado a outro da estrada ou rua, sem em flor.
prej uclicar o transito. Ne te sentido o Bonecar~ 'li. intr. (BIJl~ia) es-
termo Bomba, que tem alià em por- pigar o milho: O meu milharal jã.
tuguez muitas signitkações, não deve começa a boneca/·. II Em portuguez 110.
ser empregado na linguagem official, o verbo transitivo emboneca?', com a
como tem acontecido e o tenho visto significação de enfeitar, adornar como
em mais de um documento. II (R. G1·. se faz a uma boneca (\.ulete).
do S., Paraná) tubo delgado por meio Bong'ar~ 'li. t,·. (R. de la/l.)
do quo.l se toma o mate' e a guarnecido catar, bucar, procurar um a um ob-
na parte inf81'ior, que e introduz na jecto quaesquer: Fui ao pomar, e tanto
Cuia, por uma esphera óco. criv!1d~ de bongttai que pude achar uma duzia de
buraquiubo-, por onde pas a o l~qUldo, laranjas. II Etym. Do verbo da linQ:ua
sem trazer comsig as particulas da bunda cu-bongu, si,""nificando apannar
!lerva. (Cn.pello e Iven ).
BOlnbea.r~ 'li. t,'. (R. G,·. do S.) Boquinha, s. f. beijinho. II lo-
espionar, explorar o campo inimin'o, raes o menciona como termo brazileiro.
para lhe conhecer a força, os recursos Aulete apenas o e'mprega na seg-uinte
e os designios. ~ Andar na cóla de locução: « A' boquinha da naute, 1 to a,
[lIguem, espreitar os actos de outrem quando principia a anoutecer », locução
de quem se desconoa: Encarren'uei meu que é tambem usual no Bl'azil.
tilho de bombea,' certo devedor meu, a Boré~ S.?n. (Ceara) especio de
ver se elle pretende realizar a sua trombeta ""l'osseira feita de madeira
viag'om, :mtes de me pagar. II E' voca- ou de algum,. especie de bambu, usada
bUlo usual tambem na America meri- pela plebe nos selJS batuque . /I Elym.
dional hespanbola (Vn.ldez). II Etym. E' voc. de origem tupi, usado tambem
Deriva-se do Bombeiro, uo sentido le no dialecto guara ui.
BÓRÓCÓTO 20 BUBÚ1A

B6r6c6t6, s. m. (Bahia, Pem. Brazino, adj. (R. Gr. do .)


Piauhy, Mat.-01·os.) terreno escabroso, cór de braza, vermelho com alguma
obstruido de calhaus, excavaçõe alti- ri cas preta . Diz- e do- gado e tam-
baixos e outros quaesquer accidente bem do cãe: Um boi bra;ino. Uma
que embaraçam o transito, II Etym. A vacca bra:;ina (Cc ruja) .
generalidade deste vocabulo, em pro- Brazulaque, . m. (Alagoas)
vincia tão afastadas umas da- outra , o me mo que Bazulaque (B. de :\1aceió).
me faz pensar que elie tem a sua Brej ahúba, S. f. (S, Paulo)
origem na lingua tUl)i ou outra qual- O mesmo que Airí.
quer lingua indigena ; nada porém me Brinquête, S. m. (Cea>'ci) certa
auctorisa a resolver a questão. II Tam- peço da pren a, que expreme a mass:l.
bem pronunciam Bróeótó. da mandióca (J, Galeno).
Borracháda, s. f. (Mat.- Br6ca (1°), S. f. (R. 01'. do S.)
Gros.)clyster.IIEtym. Provém de serem cavidade na raiz do cra.o do cavaUo,
as seringas ordinariamente feit..'ls de que vai minando até a parte uperior
borracha; mas esse nome prevalece, do me mo casco (Coruja). JI Etym. O
qualquer que seja a materia de que se termo é portuguez no sentIdo de ca-
faça esse instrumento. vidade.
Borrachão, s. m. (R. Gr. elo
S.) chifre apparelhado para conduzir Br6ca (2°), S. m. (Pro'Vs. do N'.)
agua ou outro qualquer liquido, sendo o me mo que Roçado.
tapado na parte m<lis larga e aberto Br6ca (3°), s. f. nome de um pc':
na mais estreita, onde se colioca a queno in ecto que fura a madeira, tal-
rolha. Alguns são feitos com primor vez o caruncho de Portuga.l.
(Coruja). II Obs. O vocabulo é Pol'tuguez Br6ca (4°), S. f. peneira grossa
como augmentativo de Borracha; ma , de peneíra.r o café em grão (Costa
tal'lto em Portugal como no Brazil, H.ubim). Este auctor nada diz sobre a
tem tambem a significação de beberrão. localidade onde é usual e te vocabulo.
Bot6que, s. m. rodella de ma- Aulete tambem o menciona na me ma
deira, com a qual certas hordas de sel- aceepção.
vag-ens do Brazil guarnecem o beiço in- Brocar, 'V. tI'. (P?"o'Vs. do N.) o
ferIOr e as orelhas préviamente furados mesmo que ?'oçat·.
desde a infancia; e d onde lhes vem o Br6c6t6, S. m. o me ml? que
nome de Botoeudos. II Etym. O nome Bdrdedtó.
desta rodella provém da 'ua seme- Broquear, 'V tr. (Ceará) O
lhança com a rolha grosseira com que mesmo que t·oçar.
se tapa o oriticio das pipas. A essa rolha Bru.áca, s. f. mala. de couro CI'lI,
dão em POI'tuguez o nome de Batoque; para conduzir cOU'u ii costa do aoi-
porém, segundo Moraes, é mais cor- mae , sobretudo aquelles oqjectos que
recto Botdque. IIObs. Os Tupinambas devem e tal' ao abligo da chuva. A
davam o nome r e iJ![etâra (Voe. Bt·a;;.) Bruáeas prendem-;;e por orelha lis
ou Tametàra ( Die. Porto Bras.) as 1'0- cangalhas, 1Javendo uma de cada lado.
dellas de pedra que traziam no beiço. II No interior úo laranhào, dão à
Branca, s. f. (Ceat'á) o mesmo Bruâea o nome de CasstlCi (8. de Jary).
que Mandurdba. Bubúia, '. f. (Parti) tluctuação.
Brancarâna, S. f. (Maranhão) II Usa-se na locução adverbial de btl-
mulata clara. II Etym. E' palavra hy- buia: vir de bubuia; e-tal' ele btlbuia .
1 rida, campo ta do portuguez branca e andar de bubuia: llcar dc bubuia; O
do tupi ?'ana (J. Serra). cedro não vai ao fundo; fica r.le bub~lia.
Branquinha, s. f. (alguma (J. Verissimo). A canoa ossobrou mas
PY>ovs. do N.) esperteza, fraude, qual- tlcou de bubtlia e ella e agarraram
L

quer artificio com que se procura en- os naufrag·os. 1111' de úuúlJ,ia; lltLVegar
g-anar a outrem; Fulano fez-me uma no sentido da. corrente de um l'io on ti,L
Branquinha, de que o não julgava capaz maré; Fomos ele úllútliel dUI'ante duas
(Meira). horas. II Etym. E' vocabulo do origem
BUBUIAR . 21 BURASSANGA

tupi, pertencendo tanto ao dialecto que do desmantelamento da colonia cal-


"e fallava no R. de Jan, como ao gua- vinista, os Francezes que e deixaram
1',10 i do Paraguar. Em guarani bebui ficar no Brazil, e se puzeram em re-
ig-oifica leviandade, alli via, ligeireza lações com o colono portuguezes,
(Montora); em tupi tem a significação usassem dafluelle vocabulo injurio o,
de leve (Voe. Bm.:;.) No' eu' Aponta- quando se referiam aos seI vageu , e
mentos de Viagem, ohra ultimamente que este vocabulo, tornan 10-, e usnal, se
public:lda, o r. DI'. Leite de Moraes per'petuasse na linguagem vulgar, não
:ub tituill n palavl'a. bubuia por b01'- maIS com a primitiva sig-oificação, senão
bulha, pensando tal vez l]'le a primeira como um nome generICamente a pp li-
nã.o el'a mais do que a corruptela da cado a todos os selvagens hravios. Não
e~und[l, e I]ue cumpria restaural-a. sei se haverá outro qualquer meio de
Foi um verdadeiro quip/'oquo da. sua explicar a origem de te vocnbulo. O
parte. documento offlcial mais antigo em que
Bubuiar~ v, intr. (pará) fiuctuar o vejo empregado é uma. carta diri-
(Couto de Magalhães) e tambem nfl- gida ao rei de Portugal, em 29 ele ou-
vegar no seotido da correnteza do rio tubro de 1723, pelo C<'tpitão-general de
ou maré. E' pouco u ado em uas for- s. Paulo, Rodrig-o Ce nr de Menezes
mas ,erbaes (J. Veri Si010). (Azevedo Marqne). /I Em Se panha,
Buçal, s. m. (R. Gr. do S. ) es- Bugre é o nome que co tuma dar o
pc:::ie de cabre'to com focinheira (Co- vulgo por desprezo, ao- e trilugeiros,
I'uj 1). II E/!/m. Deriva-se do radical, e particularmente aos Franceze . por
buço, egundo COI·uja. e lhe ouvir frequente vezes e ta
Bucuhúva~ s. f. o me mo que palavra (Valdez). I Em Alagoas dão
Bic,Ú~t{)(l. o nome de Bugre a qualquer pe soa
Bug-ío, s. {. (R. Gr. do S., 111at. ig-norante e de curb i11tel Jigencia j e
01'0, .) U me-mo I]ue GUaI'iba. a sim taml em ao passara que ua gaiola
Bugre~ . m. e f. nome depre- não canta (B. de Maceió).
ciativo dado ao elva"'en do Brazi1. II Buxn.ba-xn.eu-boi, s, 111. e-
Etym. E tou in linado a crer que e te pecie de divertimento soll'rivtJlmUllte
vncabulo é de origem fl'anc Z<1, e existe insipido, que consiste em nH1'cal'rrr-se
na tradição de de o tempo em que a um homem com uma caveira de boi.
colonia calvini ta ri Viliegagnon oc- enrola1'- e em uma coberta de lã.
cupou o I', d Jan., entre o annos verme Iba, e arremetter a nma meü.
de 1555 o 15ôi. D:lrei as razãe- em duzia de ~ujeitos, que o excitam com
que fundo a minha r.onjectura. ,T. de aguilhada, cantando constantemente:
Lér)', I]UO fez pal'te d'uquella colonia, Eh! bumba, meu boi. I Não dllVido
tratando do us seco tume do Tu- que es e divertimento tenh~l alO'uma
pinam bá-, e depois de ter feito ob er- emelhança com o que em Por.tuO',tl
var que, não ob tante habitarem um chamam Totwo de eanastl'a.
clima I]uente eram todavia o rapaze Burára, s. {. ( Bahia) arvore que
raparié\'as ma is commedidos do que derrubada sobre a estrada impede o
e poderl<\. p n ar, na8 uas relaçõe tran ito: Nas proximidades da villa lia
cxuaes, aCCT'e centa: «Toutefoi , afin uma BU)'{il-a, que cumpre remover,
de ne les faire pas au i pll1s gens de quanto antes, para que a boiada po a
bicn qu'ils ont, parce lJua quellJue;{'ois passar.
en e ele pitan l'vl1 colltr l'autre, ils Burassanga, . f. (VaZIe do
,'a ppeleut '1'yoi,-e, c'e t i\. dil'e bougre, Ama:.) cacete, maugual. I Empregam
011 peut tl la coniecturer (cal' ie 11'en ordinariamente e te instrumento para
urrerme rien) qu c t abominable pe- bater al~odão, e tambem a roupa por
cM se commet entr'eux.» Não só pelo occasião da lavagem (J. Veris imo). ~
que diz e'te auctor, como pelo que Seixa e creve MUl'as a/lga, com a mes-
affirma Gabriel oares, eram com etl'ei- ma significação. II Etym. Tanto Buras-
to o Tupinambàs mui dado áquelle sallga como 11I urassallga são voca bulas
vici . Bem podemos pensar que, depoi~ do dialecto tupí do Amazonas. Em um
BUl~Í 22 C.\BANADA

e outro transparecem os radicaes i)biJ)'ú dialectos da língua tupi, e e apPUci'


e !JmiJrá que significam madeira, pau, exclusivamente a pl'oductm, L10 r iDO
etc. veget.'tl. Póde, se"'L1l1do as cil'cum. tuu-
Bur;, s. m. (Bahia) Palmeira do cia, i"'nificar matto, 11er\a, folha e
genero Diplothemium (D. caudescens) ramagem (Montora, Dicc. PO)·t. Braz.,
Tambem lhe chamam bnbtt7'í. eixa). Na linguu"'em vul!2'ar só u~a­
Burití, s. m. Palmeira do genero mos deUe em campo. ição com outL'as
Mauritia, ele que ha duas e pecies (M. p~lavras suostanti vas ou adjectivas:
vinifera eM. armata). Alem de te nome, Caàguassu, Caàpdba, Cadp:irliruca; ou
que é o mais geral, chamam-lhe tam- lIIucuracaâ, Callal'ucaa, otc. Quando o
bem, no Valle do Amazonas, Murití e termo Cad é segllickl de um adjectivo,
Mtwutí e no Maranhão Muritim. costuma-s , em g'eral, escrever o pro-
Buritizáda, s. f. (Cem'á) nunciar CaguassÍl, Capeba Cl.tpvJ·órlica:
doce feito com a polpa da fi'ucta do torna- e porém saliente o som do' dou
BUI'iti. aa, quando o termo Caà é coUocado no
Buritizal, s. m. matta de Bu- tim da palavra: MttCuracaà, etc.
ritis. II o Marallhão dão· lhe o nome ele Oába, s. r: (Maranhão, Yalle do
Muritinzal, porque alli. a esta especie Ama:;.) nome vulgar <.las diversas e -
de palmeira chamam Muritim.. pecies de ve pas indi~ana . II Etym. E'
BUl~liquiadôr, o,dj. e s. m. vocabulo commum a todos o dialectos
(R. Gr. do S.) Taclio; inclividuo que da linglla tupi. II Nas demais pl'ovincin.
emprega seu tempo em passeios e vi- do Brazil dão geralmente ús vespas o
sitas, sem nenhum fim util. nome d ilfal'ibondo, que pertence ti,
Burliquiar, v. lntr. (R. Cr. língua buncla. A excepção da provincia
do S.) vtuliar; emprega,r iuutilmente de S. Paulo, o termo portuguez Vespa
seu tempo em passeios e visitas. é geralmente desconhecido da gente
Burriquête, s. m. nome de rustica. Em Campos do Goytacaze,
uma pequena vela triangular, que se applicam exclu ivamente o nome do
iça no mastro da pópa, das garoupeiras Cába a uma espocie de vespa preta de
e bângulas. O Burriquête inverga a ré, ferrão amar 110; e tanto alU, como
e serve para capear, bem como para desde a provincia do R. de Jan. até a
conservar as embarca.ções aproadas ao Bahia, o de Tap/ocaba a outra e p cie
vento, quando fundeadas (Dic. Mar. menor e mui paçonhenta.
B1·a:;.). Oabacinha~ s. f. (Piauhy, M a-
Bussú, s. m. (Pará) Palmeira do ra)'lhão, Pa1'à) nomo que dão às bolas
g-enero Manicaria (lII. saccifera, Mar- de cêra cheias d'uo'ua, com de tino ao
tius). II Etym. E' voc. tupi, contracção jogo do entrudo. No R. de Jan. cha-
de Yba, arvore, e uassit, grande nome mam a is o Limao de cheiro,. e, da
bem merecido, porque, 'segundo Baena, Bahia até Pornambuco, Laranjinha.
têm as folhas desta palmeira 4"',40 de Oabahú, s. m. (Sel·g. ) nome
. comprimento. popular do mel-de-tal1que .
Butiá, s. m. Palmeira do genero Oabanáda, s.f. nom pelo qual
Cocos, de que ba duas especie (C. ca- s designou a revolta de Panellas do
2Jitata e C. e)·iospatha). Produzem uma Miranda e Jacuipe, a qual, tendo co-
fructa, cujo mesocarpo aciclulo é mui meço em 1832 naprovinciade Pornam-
estimado. II Etym. E' provavelmente buco, se estencleu logo á de Alilgõas, o
voc. tupi. durou mais de tres annos, tel'J1'linando
Buzina, s. f. (R. ar. elo S.) bu- em 1835, pela intervenção do vene-
raco do centro rla roda do carro, onde 1'ando bispo de Olinda D. João da Pu-
entra o !:lixo. E' assim chamado por ser rificação Marques Perdigão. E~ e nome
mais largo da parte do den tro do que pa sou depois ~. designar a revolta
da de fÓra. Daqui vem que, quando se do Para iniciada em 1835, terminada
acha gasto, põe-se-lhe um remonte, e em 1838, pelos esforços do o'eneral
a isto se chama contra-buzina (Coruja). SO:1res d' Andróa, depois BtWão de Ga-
ÇJaá, s. ?J~. e fI VQC. cpmmum aos çapávu,
CABANü CXHH.A
Cab[l>no~ s. m. alcunho que se e outras proYincias do norte chamam
alJplicou n. todo aquclle que se havia Ca1)rcts. II tdj. de COI' avermelhada,
envolvido na revolta conhecida pelo til'ante a cóbre: relão cabôclo; fei-
nome de Caballada, tanto em Alao'jas e jão caMclo.1I O fllvarit de 4 de abril de
Pern., como n Pará. II E/ym. Não sei 1755 falia tle Cabuuculo em Jogür de
qual e neste sentido a origem do vo- Caboclo que é a forma actual do voca.-
cabulo. Como adjectivo e termo por- bulo, e prúltibv o sen liSO, como nome
tuguez u ual no Brazil, e de igna o injuri030 dado aos Portuguezes casa-
animal de orelhas de cahida : Um ca.- dos com Indias, ou fl05 que nascenl
valia cabana,. um porco cabana. destes ma.tl'imooios ( Mornes ). .
Cabôcla~ s. f. mulher da ca ta Cabócó~ s. m. (Bahia)o mesmo
do Cabóclos. II oH.. Gr. do S., dão- qu. Cavaco.
lh geralmente o Dome de China, Cabóré ( l° ), s m. e f. (Mat.
por Cctusa de sua semelhança pby io- Gros. ) me. tiço de negro e indio. E' o
nomic.'t com as mulberes do Cele~te que em varia.,; provincias do norte
1m perio. " Adj., da cór do Cabóclos: chamam Caru::, Ca{u:o e Cara{uso, e
Pomba cabocla. na Bahia Cubo-verde. II T:unbem . e diz
Cabocláda~ s. f. a classe do~ Caburó (Couto de Magalbães). II Pel·n.
Cabóclos: A p pulação daquella villa. e R. GI·. (to S.) pessoa trigueir:1 ti-
con ta de pouco branc • e de n ume- mudo a Cabóclo, e tambem aI plic.'l.m
rosa Caboctáda. II 31agote de Caboclos: esse nome ao CaMclo de pouca. idade.
Entrei I ara o . ertão, á testa de tlma Cabóré (20), s. m. (Bahia) boião,
Caboclticla valente. vaso pequeno tle barro vidrado, com
Cabocliuha~ s. f. menina de aza, bojo no centl'o, e treitado na. ba e.1I
cu ta calJócla. " No H.. Gr. do S. dão- Fig. Homem aordo de haixl1 e ta.tu ra.
v
lhe g'eraImente o nome de Chininha, Cabóré 3°), s. m. nome vulgar
(

.Otinoca e Pigualtc7w. (Cesimbra). de di versa e pedes de aves noctur-


Caboclinho (I"), s. {. menino nas pertencentes talvez ao O'enero
de custa cabócla. II No R. Gr. do S. e Strix. MootoY:1 escreve Cabul'é e re-
em outras provincias meridionne do fere- e a duas especies. II E/!Jm. E' vo-
Brazil, dão ao Caboclilúto o nome de c.'tbulo tu pi.
Piá, e tanto ne ta pro"incia, como em Cabortea.. ~ v. int)·. (R. Gr. do
Pel'llambuco o de Cabore. S., Paralld, S. Paulo) proceder mal,
Caboclinho (2°), s. m. nome como o faz um Cabor/eil·o.
vulg-ar de um do pa eres indio'enas Cal:>orteiro~ adj. (R. Gr. do
do Brazil, notavel pelo seu canto. ., Pam1UÍ, '. Pauto) velhaco, ma-
CaboclisD1o~ s. m. acção de nhoso, etc. Diz-se do homem e dos ca-
cabóclo; sentimen to que revela ci vi- vallo e buno (Coruja). Tambem
Ii ação atrazada.. dizem CaooJ'teil·o.
Cabôclo~ s. m. nome que dão Cabos-l:>rancos~ adj. plur.
não só. ao de cendentes jit civili ados (R. Gr. do ::3.) cavallo cabos-brancos
dos aborigenes do Brazil, como tam- é O que tem bl'ancos os quatro pés:
bem ao' me tiçados com a rrLça branc.'t. Baio cabos-ln-ancos. (Coruja).
Em alguma provincias do norte ap- Cabos-negro ~ adj. plw·.
plicam es e nome, tanto aos aborigenes (R. 01'. do S. ) cavallo cabos-negl'us é
civUisados, como aos selvagens, de ig- o que tem negro" os quatros pé : Baio
mwclo- e aquelles por Caboclos mansos c.abo -negros (Cornja).
e este por Caboclos bravios, ao quaes Cabouco~ S.?n. o mesmo que
na províncias meridionaes chamam Caboclo (1I10raes).
Bt/gres e no Para Tapuios. Nas Irovin- Cabo-verde~ S, m. e f. (Bahia)
cias de S. Paulo, Mina -Gemes e R. o mesmo qne Cabol-é (l°).
de Jan., hltmam tambem (}.tbôclo á Cábra~ s. m. e f. mestiço de
gente da infima. plebe, I]ue vive es': mulato e ne~'l'a, e více-vel·sa." o
palhada pelos campos o margells dos Ceará dão iudl tillctamente o nome de
rjosl ~Ofl'e pond.~pdo aQ Ilua no Cea,I'-" CCI['ra ao bpmem qUI;) an~a habitui\-l.,
CABRALHÁDA 24 CACÍQUE.

mente desca,lço (J. Galeno). Alli cha- Caburé~ s. m. e f. o mesmo que


mam tambem Cabra topetudo ao homem Cabore (lO).
valente, audaz e aHivo; e i so, tal- Cacerenga~ s. (. (.4.lagoas) o
vez, por causa do to~ete de que usavam me mo que Carx;irenguengue.
os famigerado mestIços, que, durante Cacháça~ s. f. aguardente feita
a reacção de 1825, espalharam-se pelo com o melou borras do melaço, di fi'e-
sertão do Norte, a afrontar os homen rente da que fabriCt'\m com o caldo da
brancos patriotas (Araripe Junior). Em canna, á, qual cbamam aguardente de
Sergipe dão ao v:al~ntão o nome ~e canna ou canninha. II l!:tym. Aulete
Cab·ra-onça (João RIbeiro). II Etym. Nao attribue a este vocabulo uma origem
havendo a menor analoO'ia entre Ca- exclu ivamente brazileira, entretanto
bra-gente e Cabm-biC/w, nem ~qu~r a que ll~oraes, citando a auctol'idade de
respeito da cõr, porque esta é mteIra- á de Miranda, o dá como portuguez,
mente ,variavel no gado caprino, po- significando 'Vinho de bOI·ras. Diz mai
demos affirmar que outra deve ser a Aulete que tambem lhe cbamam tafiri,. o
origem da denominação dada aos mes- que não é exacto, quanto ao BrazI),
tiços de que nos occupamos. Qual será onde e se termo puramente francez, é
ella 1 Creio que Cabra, no ca o de que completamente de conhecido do vulgo.
tratamús, não é mais do que a cor- fi Obs. Na Bahia, e outras provincias
ruptela de CabOI"é (lO), nome de o.utra do Norte, dão tambem o nome de ca-
classe de mestiços, de que trateI no chaça á escuma grossa, que, na primeira
logar competente. E não vemos. nós fervura, se til'a do ucco da cau na na.
estropiada e sa palavra em CabrJUva caldeira, onde e alimpa, para pa~sar
e Cabra'l'ba, arvore de construcção, as tachas, depoi de bem depura~o, e
cujo nome primitivo era Caboré'[jba ~ ajudado com decoada de cãl ou Cll1za
Cabralháda; s. f. (Sertões do (Moraes). Esta especie de CaClH\I:.a é
Norte) o mesmo que Cab?"oei?·a. distribuida ao gado, e muito concorl'e
Cabrestear~'l.'. intr. (R. Gr. do
para engordaI-o. fi Fig. Paixão d?mi-
S.) sujeitar-se o animal a ser condu- nante: A cultura das flores é a mmba
zido pelo cabresto, sem que faça a cachaça.
menor resistencia. Neste caso dIZ-se Cachaceira~ s. f. (Pern.) lagar,
que o animal cabrestêa bem. onde se apara e aj\lDta a cachal:a, que
Cabroeira~ s. f. (Ceará) malta
de gente compo ta dos chamados e tira das caldeiras de assucar, quando
Cabras: Reuniu-se na praça uma Ca-
se alimpam da cachaça (Morae ).
broeira desenfreada. O delegado de Cachaceiro~ a~ a~j. qualifi-
policia marchou á testa. de uII!<'I; Cabro- cativo da pe oa que é dada ao u o
eirá valente, e consegUIU aprlS~on~r o immoderado da cachaça, e que com
salteadores (Moira). U Tambem dIzem elIa se embriaga: Meu Cl'iado ó um
Cabroeiro (Arari pe Junior.) grande cachaceiro.
Cabroeiro~ s. m. (Ceará) O Cachear ~ 'V. intr. (Bahi~, Ala-
mesmo que Cabroeira. goas, Pem. e Ceará) espigar o arroz.
Cabr6xa~ s. m. e f. nome com II Obs. E' verbo da llDgua POTtugueZl\"
que se designa o individuo ainda jove~ no sentido de encher-se ou courir-se de
pertencente á cast~ dos C~~ras: .TomeI cachos a parreira (Aulete). Quanto ao
por criado um Cabrorx;a mUllDtelligente. arroz é expre são brazileira (Aulete e
Cabrucádo~ s. m. (Bahia) o Moraes).
mesmo que Roçado. Cachoeira~ s. f. (Mara1?]tilo) o
Cabrucar~ 'V. tr. (Bahia) o mesmo que Corredeira. II Em geral,
mesmo que ?·oçar. tanto em Portugal como.no Brnzil, a
Cabungo~ s. m. bispote. fi Etym. palavra Cachoeil'a se applica <'1;0 salLo
Pareee-me termo importado de alguma mais ou menos elevado de um 1'10.
parte da Africa. fi F~g. pe~soa desas- Cacíque~ s. m. (Ama:>.) nome
seiada, ou a quem nao se lIga a menor que, no lUo Negro e proximid~des do
importancia. Orenoco, dão ao chefe de tl'lbu de
cAco 25 CAFÍFE

Imlio ; o me mo que Tw;àua (L. Amaz.) em coser tiras de panno sobre um


fi Et!lm, Ero, o nome que davam desenho préviamente feito naqueUas
ao eu rei os natUl'ae" do, ilha HO"lla- ~eça de roupa, com o ' uma "Verde das
nhola (La - a, , citado por Zorob. tolhas da faveira e outra, de enho
Rodrigue ). 1 o Brazil servem- e de te que desapparece c m a lavagem.
nome para designUl' vagamente os Depoi de cosida a tiras sobre esse
rhefe de quae quer tribu de elvagens. de enho, cortam o excedente, de modo
0, como diz Lourenço 1\ mazonas, os que eUe fica. reproduzido em relevo
Indio do Rio eO'1'o, que demoram na' (B. Maceió). II No Rio de Janeiro dão ao
proximid:tde, do Orenoco, se ervem Cactmdê a nome de Picrido.
de te titulo é porque, sem duvida, o Cacurí" s. m. (Para) o mesmo
receberam do exterior. egundo Morae , que Jiqui. II a provincia do Amazonas
era. o titulo do chefe mexicano- antes chamam Cacuri ao Curral de pe caria
da. conqui ta.. Zorob. H.odriglle ojulga. (L. All1az.).
oriundo da Antilha, Aulete nã o Cadêna" s, f. (R. Gr. do S.)
menciona.. maneira engenhosa de tirar dos chifres
Cáco" S, m. tabaco de caco, ou do touro bravo, sem perigo, o laço em
imple.mente caco é o pó de tabaco de quP e acha preso, e i to se faz com
rumo depois de torrado ao fogo e moido o occorro de um outro laço preso á
em um cuco de louç de barro, e d'arn argola. d'aquelIe em que se achava
lhe veiu o nome. II Obs. Ha outra ,a- laçado: para. so fazer esta. Cadêna
dedade a. que chamam pó, amo, trillha põe-~e o touro no chão, e então e
e canjica. fórma a laçada, a que se dá este nome.
Oacório, Qrl,j. chulo, agaz. a,i- II Etym. E' ,oe. castelhano, signifi-
S<'l.rlo, a tuto, II Rad. Caco, no sentido canelo cadeia (Coruja),
ti O'uro.do ,Ie [1 beç1. juizo. II Obs. I ão Cáecáe, s, m. (R. de la».) es-
duvido que eja vocaLulo usado em Por- pecie de rede de pe cp.ria.
tugal' mas não o encontro em diecio- Ca:f"aj estáda" s. f. acto de Car
nal'io algum. faje te. II Grupo de Cafajeste.
Caculllbí" s. m. (R, de Jan.) o Ca:f'aj é te" " m. homem da in-
me mo que liqtâ ( ilva Coutinho). tima plelJe e de pouco ou nenhum
CacuJnbú, . m. (R. de Jan.) apreço. ij Obs. Tanto em Pernambuco,
machado ou nxada jú, g-a. to e in-er- C011'0 em . Paulo, cHio os estudantes
vi vei. II A metade do di Hi.'1.lllo, que da f'<.Ieu lda/les de direito e se nome a
vai da quinta-feira á sexla-feira da qualquer individuo sem pre timo.
s 1m na-santa. II (Bahia) o mesmo que Oa:t"cl.nga" s. f. cTiulo, (Pel'11.)
Call1il'eYlf/uen[/ue, de dem imnlado pOl' aquillo que se
Cacuncla" s. f. ([orso ou co tas. de eja' recusa appal'ente d'aquillo que
entir tuna dàt' na Cactlrnla é enlíl-o. é ofi'erecído. A i ::;0 chamam botor ca-
na co-ta . E' termo O' ralmente u ado tanga.' OlIereci a Jo é o meu cavaIlo
pela gente inculta' e tal voz provenha por um preço razoa vel; elle botou ca-
aa deformidade conhecida pelo nome tal1ga, ma afin'l! comprou-m'o (Meira.).
de gib') ou giba idade, a que vul~ fi Obs. . Raméro o menciona como
gl1rll1ente chamam corcunda, e ql16 o synonymo de embu -te. •
hajam a pplicu,clo 0.0 dorso me mo ão. Ca:f'ezi..ta." . m. Commi ario
O que torna mai' plau 'ivel e ta idéu, de cale, no mercado do R. de Jan. e
é que, em vez de c01'cunda, ha muita. de anto-.
gente que diz ca,·cI'Ylcia. I1:ntretanto Ca:fí:f'e" s, m. (Pem.) erie de
devo fazer oh ervar que, em língua contrariedade: Sa tempo que vivo
bunda. ricunda, i"'nilica co ta, cbjo em can'tante Catite. E-ton em maré
plural é macul1da ( aturnino e Fran- de Catite. Deu-me o Cafife, e não me
cina). é po ivel alcançar o que desejo
Cacundê, s. 'ln. (P'·OlJs. do ~,) (Meira). II Morrinha, mole tia per-
especie de lavor com que se guarnecem tinaz, que torna o homem incapaz de
as saias e cami as de mulher: Oonsiste qualquer s 1'viço. II E:tym. A e se 1'e-
CAFIROrO-ACCESO 26 A1PÍrU.

speito, apenas farei observar que na Caiaué, S. ?ll. (.-lma;-.) Palmoira


ling\la. bunda Cafi(e é o nome do sa- do gen. Etaei' ( E. melanococca).
rampo (Capello e lveu ). Cãibro, s. m. (Pel·n., Alagoas)
Cafirôto-acceso, s. m.(Cean!) um par li qU.llqllol' objocto, principal-
US'1-se na eguinte locução ad íor1Jial : mente duas espiga de milh t presas
de cafi?'ôto-acceso; i. to a, de candeias ás ntl'e si com a pl'opria pa,ll1a. Yinto o
aves a (Araripe Junior). cinco cãiul'oS formum uma. mão de mi-
Cafundó, s. m. 100"31' ermo e lho (B. de Maceió). ~ lIa. em portug'u Z
longiuquo, de dÍllicil acce-so, orclinilria- o tormo Cambo ignilicando camuarla.,
mente entre montanba : Logo que, onliacln.: Um Cambo d p:lscad (Mo-
pela. perda de minha fo-rtuna, reconheci rao ). 'era e S:I. o ol'igom do nos o
a impossibilidade de viíer na cidade, vocabulo ~ Na PaI'. do . e R. ,r.
retirei-me para esto Carwuló, onde ba- do N .. dão ao Cüibra o nomo d Ati-
bito tranquillamente ba muito anno . lho (Meil'a).
Cafuné, s. ?n. estalinhos que Cail:)ira, s. ??lo (S. Paulo) nome
se dão com o dedos sobre a cabeça de com que se tlosigna. o habitante tio
outrem, como se se estivesse a matar campo. Equival a, Labra{Jo, Aldar"io e
piolhos. 'Chama-se a isto dar Cafime. Campona.:; om Portug,ll ; Boceil'o no
Aulete diz razer Corwu}. II Na Babia R. d ,Tan., !\lato Gros. o Pd'Ú; Ta-
chama-se CarfA,nrJ aos mais pequenos piocúno, Babaquâra e .lI1U1mlango em
cocos de dende do cacho (Vallo Campos do.,; Goytacazes; Alal/ulO m
Cabral). Minas-Gera ,P rn., Par. tIe ., R.
Cafuz, s. m. (PtQvs. do N.) o Gr. do N _ e Alugoa'; Ca'aca e Ba-
mesmo que Cabot'rJ (lO). !Liano no Piauhy; Gttllsca no R. GI'.
Cafuza, s. t. de OJ.{uz e Cartlzo. do S.; Otll'au em 'ergipe; e finalmento
Cafuzo, s. Jn. (Pard) o mesmo Tabar(]o m. Bahia Sergipe, MUl'anhão e
que CabO? (] (lO). Parit. II Etym. Tem-se attrilJuido di-
Caha-tinga, s. f. (Amaz.) terra versas origens ao vocabulo Caipira'
a.lagacliça ou meio n.lagadiça, na qual duas ha, porém, que têm merecido mais
cresce a palmeira Piassa.beira (Frz. partículat· attenção da parte d'aqnell s
de Souza). II E te vocabulo, já pelo que Se dão a e s"s ostudos, e são Cari-
modo púr que e acha orthographado, pôm e Cw·u.plra ambos vocabulo:i
e já pela sua definição, não póde ter da língua tupi: Caapóm, cuja tra-
a mesma et3 mologia que a Catinga ducção Iitteral é habitador do mafto
dos sertões entre Minas-Geraes o Ma- (Dic. Pm·t. Bra.:;.), diz bem com a icléa.
ranhão. que temos ela gente rustica. ; ma' C.UI11-
Cahiva, s. r. (Pal·ana.) matto pre D ttender a que o t01'm Caipól'a,
cujo terreno tem pouco humus, o que o tão u ual DO Brazil, jú, como substan-
torna improprio para a cultura.. CllU- ti \'0 e já. como nr.lje tivo, consena me-
mam-lhe tambem Catanduva e Mal/o- lhor a fúrma do voca,hulo tU]Ji, bem
mau, e se dUing-ue do ~latto-bom pela que tenha si "·Difir.ação dUreI' nte, como
qualidado da vegetação. Naquelle são o discutirei 110 re pectivo artigo. Cunl-
as arvores esguias e entremeadas de pira de. igna um en te phantastico, e -
pastagens; neste são eUas corpulentas pecia do demonio, que vaguêa pelo
e contêm e-'pecies, que não se accom- matto, e s6 como alcunba inJuriosa. po-
modam senão em terrenos reconheci- deria ser applicado ao campon ze·. 11
damente ferteis. A' simples vista Em Pon Le-do-Lima, reino de Portugal,
d'olhos, pMe o lavrador experimentado é vulg-a1' o vocabulo Caipira não mai"
distinguir pel'fei ta.men te o Matto-bom com a signilicação de ruslico, se não
da Cahiva, isto é o bom terreno do com a de ovino, mosquiuho (J. L~it
mau terreno. II Etym. l!J' termo de de Vasconcellos). ão ob tan te e 'ttt
orig-~m tupi, composto de Cad, matto, difl:erença de accepção, não podomos
e a7uva, mau. duvidar de que aquelle homonymo seja
CaiaJ11bó!a 1 s, 1/1, C01'l'uptela cl,e de origom brazileira, e ó es o um phe-
r:al1he?l~bdra: n0111epQ lil1g'ui, tico ele facU c4p\icpção,
27

Em verdade,do Minho v m muita gente tenho sido caipdl'a no ,jogo. 1/ Obs, Se-
no Brazil, e del1o, não pouco inilivi- gundo Morno ',Caipóra é o «lume fatuo»
duo, depois de ter adquirido pelo tra·' que apparece nas mattas, e o vulgo
lJUlhu uma talou qual fortuna, re- diz que são almas de cal.Joucos (sic)
gre am para ua província, Durante mortos m bapti mo. Não duvido que
o' lon~'o tempos que habitaram entre a sim s ja em alguma parte do Bruzil;
nós, íamiliari 'aram-se com certos vo- mas eu nada tenho ouvido que .i usti-
clbulos, e é natural que, já re ti- tique essa. a erção. II Etym. Caip(h'a ê
tuidos ii. patria, li em delles machinal- eyiclentemente a corruptelade cadpóra,
men te em suas couversaçõe , e de ta termo ela lingua tupi, que significa mo-
SOl' to os natUl'ali3em no eu paiz ainda ,'ador do matto,
quo alterados om sua significação pri- Caiporjslll.o~ s. m. má sorte,
mitiva, como aliás acontece 110 Brazil mau fado, infelicidade; estado d'<"lquelle
a 1'0 'peito de muitas palavras portu- que é con tantemente contrariado em
guezn que tóm aqui um entido mui uas a pirações: E talo meu caipo-
tliír rento tio que lh dão em Portugal. rismo que n'aquella emergancia, em
Oaipiráda s. f. acto de caipi- quo me era tão necessaria a protecção
ra' ru ticidado. II Grupo de Caipira. dos meus amigos, achavam-se todos au-
fi Gonornlidade dos Caipiras: A Cai- sentes.
pirácla mani fostou-se toda contra o Cairí~ s. m. (Bahia) o'uisado de
novo imposto. q'allinha temperado com n.zeite de den-
Caipirislll.o~ s. m. o mesmo Clê, pimenta e pevide de abóbora..
que Caipirn.da, no entido de a to de Caissára~ s. f. (Pern.) es-
Caipira: Aquelle individuo commetteu pecie de cerca morta, i to é, d'aquella
um verdadoiro Caipí"ismo, em não acei- que é formada de forquilhas e garran-
tar o convite, ou lhe foi tão graciosa- cho . II E pecie de armadilha para. at-
mente feito pelà dona da ca a. trallir o peL'(e, a. qual con iste em ra-
Caipóra~ s. m. e f. nome de marrens que se lançam ao fundo da
certo ente phallta tico, que, segundo a arrua, quer soltas se a. agua é estaO'-
c!'entlic 11eculíar a cada região do Bra- nada, quer presas a moirões, se a
zll, é ropresentado, ora como uma mu- agua é corrente. O peixe pl'ocura esse
lher umpedo, que anda aos saltos; ora e couderijo, e, reunido em c<wdume
como um,t criança de cabeça. enorme, e mais ou menos numero~o, milito faci-
ora como um caboclinho encantado. lita a pesca ao anzol. T3.mbem póde
O Caipdm ou a Caipdra habita as fi;)- ervir para a pesca á. rede. N'e-te ca o,
re tas ermas, donde sahe á. lloute a lançam-se o ramos soltos ao fundo da.
percorrer as estrada , Infeliz d'aquelle ao'ua, e quando se pre ume que a cais-
que se encontra com asso ell te sobre- sara está. bem povoada, cercam-a com
nalural. Ne e dia tudo 1he sahe mal, a rede, que se arra ta para a praia,
e ou tro tnn to lhe acontecerit nos lias depois de retirados os mmo . lIl\Ion-
sub equente , emquanto estivor sob a, toya, no al'tig:o Cad, traz Caaiçá com a
impres&'i.o do terror que lhe C<'LUSOU o sio'niticação Cle cerc<'l. de ramas e ra-
oncontro silli troo fi FjO'., I?essoa cuja mada , com que ,ão recolhendo o peixe
presença ou in tervenção pode in11 uÍl' como com rede. O Dicc. POI·t. Bra:;.
de UI11 modo nocivo om negocias alheio: escreve Cayçara, qu traduz por trin-
Aquelle homem tem sido amou Caipd- cheim; e Gabriel Soare falia em cerca
ra. II E' tambem Caipdm o indi'-iduo ele caiçd, que os seI vagens construiam,
maltil.dado, aqu lIe que, apezar de su,~ pam. se pôrem ao abrigo do inimigo.
mOI'alidade, ele suas boas intenções e Caissúlll.a~ S. f. (Valle do Ama:;.)
do desejo ele molhomr de po 'içi1.o, se v ó O tucupi engro sado com fitrinba,
const:1lltemente con trariado om sua C:Ll'~~ ou OUtl'O qUD.lquer tuherculo (J.
aspira çõe : Sou um Caipóm. 'e to Veri imo).
sentido corresponde aos termos portu- Caititú (lO), S, m. nome vulO'ar
guezes lwnba e callisto. II Adj. in feli z, du Dicotyles targuatos, mammifero da
oesaCortunado ; Durante tacto este jUez 0\'4erq dos ~fI,chicjerjUes, e inelige!la da
CAITlTÚ 28' C LUNGUEIRA

America. Tambem lhe chamam Tatêto e paraJlelamente nas estradas frequenta-


Taititll. da por tropa de <1nimae nu tempo das
Caii;ii;ú (2°), s. m.. (Ceard, Par. chuva. \'S vezes chegam a impedir o
e R. G1". do N. ) nome que rlão ,1.0 1'0- trn.n. ito, e pelo meno~ o difHcllltam
clete de desmanchar a mandióca, em muito. Em Pernambuco Alagóll, chn.-
razão da roncaria que produz, seme- mam n. is o camaleões.
lhando á que faz o animal deste nome, Caldo, s. m. nome que dão ao u-
desde que o enfurecem (Araripe Ju- mo da canl1a de aSSUCllr: Caldo flp ca nna.
nior). Em S. Pa.ulo e P,lra o chamam Garcipa ;
Cajá~ s. m. fructa da Cajazeira, mas este termo tem outra siglli ficuç'ão
arvore do genero Spondias, fJl11ilh~ em alguma~ pl'ovincia do norte.
das Terebinthaceas, ele que ha varias CalhalDb6La, s. m. corruptela
espécies. A esta fructa chamam no de Canhemból"a.
Pará Taperebd, e em MaL Gros. Calojí, s. m. (Pem. e Pal" i) o
Acayá. Além das especies indio-una , mesmo que Zung1Í.1I EtYllL Talvez seja
temos mais o Spondias dulcis da India, termo de origem africana.
a que dão vulgarmente no R de Jan. Calolllbo, s. m. tumor polmão,
o nome de Cajá-manga. Ha outra inchaç duro em qualquer parte do cor-
especie indigena de Spondias, que tem po. O Dicc. Contempor-aneo o da como
o nome partlCular de Imbú. termo elo Brazil, sigllilicundo coâg!~lo,
Cajei;ilha, s. m. (R. Gr. do sangue ou leite coagulaclo, o que não é
S.) rapaz da cidade, que anda no rigor exacto. II Etym. Terá talvez uma ol'i-
da móda (Cesimbra). II Etym. \ em gem africana.
provavelmente de Cajeta, nome (jue na Calundú, . '711. mau humor qU&
Republica Argentina dão ao peral La, faz com que a pes oa~ delle aCOlllm ttí-
ao peralvilho. O j do nosso voc. . e elas se tornem in. upportavei pela, ua
pronuncia á hlilspanhola. irascibilirlarle. Neste sentido se diz que
Oaj Ú. s. m. fmcta de diversas c pe- um indiviuuo está de calundú, ou com
cies do Cajueiro, arvores, arvoretat) e . eu calunclús, (juando se acha em di po-
até plantas rasteiras do genel'o ...1Wlcar- sição de e impacientar com tudo e com
dium (A. occiclentale, ...1. cul·atelli/"olitwt. todo. Qualquer pe 'soa póde (lizer eie 'i:
A. humile, etc.) da familia d"g. Tere- - Não me impol'tullem hoje, porque
binthacea . O Cajú se compõ de duas estou de ca/.tmdÚ-. II Etym. Creio ser
partes bem distinctas: da castanha. CJ.ue voca,lJlllo n,l'ricano. Na minha iar.Lncia
é verdadeiramente a fructa e .·e come ou \'i-o llJl1itas veze pronunciaI' pelo~
assada ou confeitada, e (lo seu recept<l- es ravos tlL1. raça angolense. IIObs. Nl1.
culo polposo e sumarento de quo se usa Pa r. e H.. Gr. cio N. dizem lttnd1Í: Fnla-
crú, guisado, em doce, em xarope ou no está rle lnndú (Meil'a).
em vinho. II Etym. Do tupi Acajit. Calung'a (l"), s. m. (Pent) bone-
Cajuáda, S. r bebida refl'igera,n- CÕ 0\1 Iloneca.
te feita do sumo do cajú, ag'ua e a, Sllcar. Calunga (20), s. f (Minas Geraes
Caldeirão, s .m. (P1·01JS. do N.) Goyaz e serlüo dc~ Bahict e Pel·n.) nome
tanque natural nos lagedos, onde costu- de uma plantn. clafamilia da,' H.utaceas
ma ajuntar-se a.gua das chuvas (Meira). (8imabn (el·ruginea).
II No R. Gr. do S., é um buraco grande Calung' " (3°), s. m.. (Ballia) o
no meio do campo ou estrada, ('eito pfJr mesmo (jue Camundongo. No sentiuo fi-
. chuvas ou pisada de animae' (Col'uja). gurado signific,t l'utolleiro.
~ No Amazonas é o redomoinho nos rios, Calung'a (4°), s. m. 1101ll0nymo
formado por correntes circulare, qne se COI1I tres sigDitlcações diffdrentes, na
tornam muitfls vezes perigosas ao.'; na- Arric,l occiclen tnl portngueza. Oea é o
vegantes (Castelnau).A estes accidentes nome do mar; ora. ú de um rio affiuente
fluviaes davam os aborigene o nome de do Capororo ; e finalmente um titulo
Jupiá. . de fidalguia na Jinga (CapeJlo e Ivens).
Caldeirões, s. m. plur. cóvas Calungueira, s. t: (R. de
atoladiças que ~e formam transversal e Jan,) . especie de embarcação ele pescllria
CAMAFONGE 29 CAMINHÃO

no alto mar, semelbante à. Gitt'ottpcira peixe d agua doce. a que em outras


de Porto-Seg-uro II Etym. PUl'ec ter a provincias chamam Tamv.atà, perten-
slIa orig-em n termo aDO'olen o Calt/n- cente ao genero Catap7wactus (C. cal-
g!l, 'I ue silro itil:'l mal'. I Tambem lhe Uchthys, ex l\lartius). Este peixe goza da
chum<lID B l/lgula. II em Calungueit'a, CUI iosa faculdu.de de caminhar por
Dem Bângula so encontram no Dice. terra; quando, esgotado o poço em que
Mar. B}·az. vivia, sahe à procura de outrp, que
Ca:rna:tbng'e~s. m. (Pem., Pm·. lhe proporcione meios de existencia.
c R. Gr. do N.) moleque tl'avesso.1I II Etym. E' vocabulo tupi.
(Alagôas) Ente vil. II Etym. Parece ser Ca:rnbuatá (20) , s. m. (R. de
de origem africana. Jan.) e peeie de arvore de construc-
'Ca:rnaleõe!s~ s.m. plur. (Pe}·n. ção, do gellero Cupania (C. vel"ilali ~ da
e Alagôas) o mesmo que Calcleirães. II familia ilas Sapindaceas (Rebouças).
Etym. E' evidentemente cOl'ruptela de Ca:rnbucá, s. m. (R. de Jan.)
Camalhüe , qu são em Portug'alnão 6 fructa uo Cambucazeiro, planta de que
a fôrma da lavra em que a terra fica 11a dua e pecies pertencentes aos gene-
di posta em taboleiros abahulados e pa- ros ilfyrciaria e Rubachia, da familia
rallelo', como tambem na estradas a das Myrtaceas (Fl. Bl·as.)
terra que fic1. entre dous sulcos abertos Ca:rnbucí, s. m. (8. Paulo)
pelas rod:Js dos carros (Aulete). fructa de uma arvore do mesmo nome,
Ca:rna16te, s. m. (valle do Pa- pertencente ao genero Eugenia (E.
raguay) porção de hervaçal que e des- Ca,nbuci) da familia das Myrtaceas.
taca ela margen dos rio' ; o, á, manei- II Etym. E' vocabulo tllpi.
ra de ilhas illlctuanles ão impellidu Cu.:rnbu.hí~ s. m. frllcta do cam-
pela correnteza dtts aguas. E' allalogo buhizeiro, pl[I,Dta de diversas especies,
ao Firiantãn do valIe do Amazona. ~ertencente geralmente ao genero
Ca:rnal:>ú, ,s. m. (Pal'o) fructa de Eugenia, da familia da lI1.yrtaceas.
llma planta hero tcea do genero Phy- II Ety1lt. E' voc. tllpi,
salis, falllilia das Solanacea , da qual Ca:rnbuquira, s. f. (8. Paulo)
ha val'i<ls e pecies no Brazil, toda co- grelos ela aboboreira, os quaes se glli-
me tiveis. zam como outras quaesquer hervas.
CaD1aráda~ s. 111 • ( Pa?'anà II Ety,n. E la palavra, é evidentemente
,'. Pa~tlo, lllina'-Gel'aes, Goya:, nlat.- tupi. O Voe. Bl"az. traduz por Yarn))-
O,'os.) homem a alariado jJara servir qui!'a o gomo tenro ou olho de qual-
uão '6 ue couducLor de llnimne , como quer arvore ou herva; e o Dice. PD1"t.
em tr,\oalhos rumos e uomesticos. II No Braz. por Çoank))l'a o gomo teuro. II
R. de JIlO. e nas provincia, qne lhe Em lingua bWlda, 'chamam ao grelo
ficam no nOl'te tem e te vocabnlo a si- da aboboreira mt{-engtleleca (Cap. e
g'ni Iicação portu "'ueza de compan heiro, 1vens).
amigo, coHega, e é, com em Portugal, Cá:rnína~ s. f. (Parà) armadilha
geralmente usado entl'e os militare. de pesca; que consiste em uma vam fin-
Ca:rnbíca~ s. f. (Cear-u, llIara- cada. no chão, por uma das extremida-
nhao) e pecie de alimento feito com a de-o A outra extremidade, endo forte-
POlPll do Muri i, de mistura. com agu:J, mente acurvada a vara, é presa dentro
leite e tI, ucar'. II Etym. Na lingua. tupi, da agua em um gancbo de pau disposto
Caml))) significa leite. Talvez '(;'ja e ta em um pequeno cesto atado na mesma
a orig-em do nosso vocalnrlo. extremidacle da vara, de arte que, logo
Carnbíto, s. m. (8. Patelo) per- que o peixo toca na, ceva, a, vara des-
nil do porco. • prende-se, e tornando ao seu estado
Oa:rnbôa, s. f. (Pern,) o mo mo natlll'al, traz acima o peixe dentro do
que Gambôa. cesto (Baem:1). II Etlpn. E' provavGlI-
Ca:rnbondo, :. ~ s (Bahia) ama- ment.e tel'mo tnpi.
sio, coocüiJinario (1'11. Brum). CUl.Uinhão, s. m. (R. de Jan.)
Ca:rnbua·tá (\0) s. m. (R. de C<'t1'l'0 de carga de quatro rodas e almo-
Jan.) nome vulgar de nm(I, especie- de J\:\,(l:1, onde toma lagar o cocheiro,.e é
CAMl EÃO 30

puxado ordinariamente por muares. " tou.:.tS as mais accepções a pall1 ra,
Etym, Corruptela do fril,ncez Camion. ca.mpo tem geralmente no Brazil as
OaD1peão~ s. m. (Cea;'li) cavallo me mas jO"oitlcações que em Portugl1l.
do vaqueiro, quando este sah em pro- Call1ucinl.~ s. m. (Campos) es-
cura e tmtamento do gaclo (J. GaIeno). pecie de boiú'o feito de bl1rro preto.
I Com a significação de comba,tent , é "Etym. De C'amuci, nome tupi de
termo. portuguez usual em todo o qUl1lquel' pote. (Voc. Bl·a-;;.)
Brazil. CaD1u~nbeD1be~ s. 111.. (Pem.)
CaD1pea.r~v. tr. andar :lo cavallo vadio, mondigo, individuo quo pertonce
pelo campo em procura, e tratamento a relé do povo (J. Alfredo).
elo gado, Tambem se usa. muito de te CaD1undon~;o~ s. m. (R. de
verbo na accepção de procurar qual- Ja/l. S. Paulo) rato de especie p'-
quer cou a:-Vou ao m rcado campea;' quona. NI1 Bahia lbe cbamam CJalung(t
uvas, Por mais que call1peasse, não pude (3"), e em Peru. Catita. II Etym. E'
encontrar uma ::;ó J(ü'anja em todo o vocabulo dl1 lingua bunLla. Em Angola
pomar. tl1mbem lhe chaml1m illttlldongo (C111 ello
Ca.D1peiro~ s. m. (R. Gl', elo S.) e Iven ').
homem adestrado no trabalho do campo, Call1u.rilD.~ s. m. (Pem. e outras
em relação ao tratamento dos gados. do N.) nome vulgar ela 'ciaena
Pl'OI1S.
O bom Campeiro é um empregado mui lmdecimalis, e peeie de peixe 11 que nas
util nas fazendas de criação j elle tem provs. do S. chamam Robalo (Martiu ').
a seu cargo procurar e arrebanhar as CanariD1~ s.m. (Pará) homem
rezes perdidas, rennil-as nos ;'odeios, magro de peroa comprida (C. de Al-
etc. II O Campeil'o do R. Gr. do S. é o buquerque). E' o que em Portugal ~
mesmo que o Vaqueiro das provincias tambem no Brl1zil cbl1mam figurada-
do Norte. II Jidj. que tem relação com o mente Espicho, "Segundo Moraes,
campo: Freio cctmpeiro é <> que tem ceeta Cmlw-im é o aldeão do" contornos de
forma mais apropriada ao serviço do GÓa. Auiete nã o menciona.
campo. Veado campeil'o, especie do Cancha~ s. m. (a. Gr. elo S.)
genero CervHs que "Vive habitualmente logar nas charqueada oude illl1tarn o
no campo (C. campestl"is). bOlo I Appliclllll o mesm Dome ao la-
CaD1pn~ s. 'ln. nome que dão aos gar onde um parelheil'o está I1CO tumado
descl1mpados mais ou menos acciden- a carl' r. Estar llft sua Cancha Ó estar
tados, formando extensas pastagens em loga.r conhecido, onde é maL forte,
apropriadas á criação de gado ' A Sua etc. (uoruja). I Etyl1'1. E' tormo qui-
vegetação consiste em gramineas r.1S- cllUa usual no Cbile, com [1. me ml1
teil'Us e outras plantas herbace~s. 'ignificação que tem 1111 nos a pl'ovincht
I Corresponde ao que em portuguez (Zorob. H,odrigues),
chamam Campina (AuIete). 110 campo OaneI 'l.a~ adj. (Per"., Pa?·. e R. (1'1'.
contrapõe-se sempre á malta: Pretiro do N.) ca quilho, elegante, bonito, não
caçar perdizes no campo, do que ma- só em relação a pessoas, como a cou-
cucos na marta. A minha fazenda eom- sas: Uma moça cCt?ulíJa; uma s;tla can-
põe-se de mattas, donde tiro LJoas ma- dect. II Etym. No dialecto gua.rani. can-
deiras. de construcçüo j e tIe campos ded, synonymo de catupi1'J, se traduz em
. onde crio o meu gado. I Campo clol))'ado CI1 telhano rior b~teno, hermoso, galall
Ó aquelle que se desenvolve em terreuo (Montoya). "No vocabularios que te-
ondulado j campo cobel'to Ó aquelle que, nho podido consultar relativos ao dia-
oITerecentIo pasLagens para os ""adas, lecto tupi, naUI1 encontrei a semelhante
esta entretanto entremeado de arvoredo respeito j fodavia, i aLtenderm05 11 que
escas o. A esta especie no Paraná e o Lupea Sebac notavel por SUI1 formo-
R. Gr. do S. chamam {ochina ou {aclti- sura, tem, tanto no R, de Jan., como
naZ. Ainda ha o campo natural O o na B.l1hil1, o nome vulgar de Si1'Í-cand8a,
Campo arti/lcictl; .l1quelle Ó o c<'\mpo pri- devemos pen ar que o nosso vocabulo,
mitivo j e te o que so forma depoi' 5:tlvo a prouuDcil1, era commum tanto
da del'rulJadl1 de uml1 ml1tti1. II Obs. Em aos Gmtl"l.I]is do Paraguay, como aOB
'A~DlE[lW 31 CANGU 'SD

Tupiuambú. do Brazi!. Em todo C1S0, dunculo e espatba do coqueil'o, os qunes


lião lhe poelemos a.ttribuir uma. origem se desprendem da arvore, quando estão
portuO'ueza, porque essa especie de seccos. II Etym. B' vocabulo portuguez
lampada. a (lue chamamos calhleia é que e applica ao pedunculo dos cacbos
cel'tamen te a antithe da. formo ura. da uva, e mais, com a. significaçii.o de
No H.. de Jan. dão ao casfJuilho o nome bagaço, :i. parte gros eira que fica dos
de iré-candea. - productos ex premidos (Aulete). fi Em
Candieiro (lO), s. m. (R. Gr. J\.lagóas dizem Cangaraço (B. de Ma-
do .) nome de uma das variCllades ceió ).
desses baile campe tre ,a que cha.mam Cangaço (2°), '. m. (mes-
eralmente Fand nqo. mas p"ovs. acima citadas) objectos
Ca:u.dieiro (20), S, m. (]Jrovs. de uso de uma casa pobre. Neste en-
merid.) homem qu de ordinario, ar- tidouS<l--e no plural, e vem a ser o
mado deaO'uilllarlfl, vai adiante dos boi me. mo que Cangaçaes.
C/II puxam o cnrro, como que 11163 en- Oang'aço ( 3° ), s. m. (me:;m.as
sinflndo o caminho (Coruja.). PI·OllS.) conj uncto. de arma que co tu-
Candiubá~ . m. (Alat.-w·os.) mum conduzir os valentãe :-Fulano
o m smo que U bâ ( l° ). vi ve tlebaixo do Can'laço, isto é, carre-
CandolDbe (1°), s. m. (R. gado de armas ( Moira. ) .
de Jon. ) e pecie cle rede fIe pescar a- Oang'a1l1bá~ s. m. (Sel'/Cio da
marãe , manejada ordinariamente por BaAia e outras prOllS. do ~.) O mes-
um só homem. mo flue III aritacáca.
Calldo1l1be (2"), s. m. (p"OVS. CaDgapé~ s. m. pancada que
mel·id.) esperie de batuque com que se os meninos das escolas, DO jogo da.
el1 tl'etêm o negros em PUS folguedo . lucta, dão á faJsn. fé na barriga da
II E' :lIla.logo ao quimlJéte, ao cLtD;ambit, perna do ad versario para o fazer
ao jongo e iam bem ao mamcatÍt de ca.bir. II No Ceará dão o mesmo Dome
Pernambu o. Talvez seja. semelhante ao pontar é que a mergulhar a crian-
ao Canâombld dfl. Bahia, mas sem exer- ça, ligeit'[I, e O'eit,)samente, dá no
icios de fei tic:.aria.. companheiro dentro d'agua em ani-
Can<loJllbeiro~ s. m., dança- mada brincadeira (J. Galeno). II Etym.
dor de comlol1lbe, frequentador, ucio Parece que pste vocabulo não é mais
( Macedo Soares). do que a altel'ação de cambapc, que
Candon1blé (1°), s. m. (Bahio) em portuguez ex[ rime a mesma idéa.
espccie de b,ltnque de negl'os com exer- Cang'arúço~ . m. (Alagôas)
.:icios de feitiç ria. Como simplss fol- o mesmo que cal!gaço (1°).
guedo é scmelhante ao Cemdombe tia Cangót ~ s. m. nome ,"ulgar
provincia meridionaes, oe tambem ao do occiput. II Etym. Talvez eja uma
mm'acat!t de Pel'lIambuco. II Etym. alteração de cogote, Que tem em por-
Tanto Cawlomblrj como CalUlombe de- tu!!'uoz a me-ma significação.
vem seI' yocabulos de origem aJri- Cangueiro~ a~ s. e ad}. pre-
cana. guiço o vn O'aroso, negli0'8nte: O meu
OandoJl1blé (2°) s. m. ( R. criad é um cangueiro, e sua mulber
ele JOI1. ) quarto pequeno e escuro re- aindfl. mnis callgue.im. II Em outra ac-
erv:::do pam guardar trastes velhos, c p 5es é voc, portuguez' como adj.
ba 11 Ú , etc. (Macedo Soares). r fere-se ao que traz Ca.Ug-iL, que e hi
Ca,no'açaes, s. m'l,l. (Pern.) habituado <Í c.lnga, ou póete ser po to
nomo burlesco que dão à mobil ia. de á can O'a: BeZOl'l'O cangueiro. Como S.
po' oa. pobre ou e ra.vo ( Morae' ). m., é o nome de uma eSjJecie de barco
Cangaceiro~ s. m. (Ceant) de fundo chato usado na navegação
homem que carrega. Ca71[laço ( 3° ), i. to do T~jo (A111ete,).
é, armas em exce so, afTectando valen- Oang'ussu~ s. m. nome vulgar
tia ( J. Gàleno). le uma especie de onça (Feli onça).
Oang'aço ( l0), s. m. (Perll., II Et!Jm. Do tupi Acan[jtt-ussit, cabeça
la,'. etoN.\R. 01'. elo N., Ceo1'C!)pe- gl'ando.
CANHÁDA CANÔA

Canháda~ s. f. (R. Gr. do .) gira e não Canjica. Niio vejo razão


valle, planicie estreita entre duas para i 'to. e e"te voe. não tem, nem
montanhas. II Etym. Do castelhano Ca- pÓlle t 1', outra origem senão a de
iiada. Ca7~ja, não ha moti\'o par,1 o cn\ypr-
Callhan:J.bóla~ s. m. e f. cor- mos C/lllr/ica, qU<ln lo lU La"anjiJllta,
ruptela de canhembôra. dimiollliYo de Ia.ranja, oão fazemos
Canhan:J.b6ra, s. m. e f. cor- melhante alteração.
ruptela de canhemuôra. Canjíca (2°), s. f. (Bahia a
CanheD1bóra~ s. m. e f. e - as clemais prous. do N.) e pecie de
cravo que anda fugido e se acouta or- papas feitas de milho verde. A i o
dinariamente ne es escondedouro a chamam Curàu, em S. Paulo e Mat.
que chamam Quitombos ou Mocambos. Gl'O " aOJ'à em Mina -Gemes e R. de
II Etym. E' voc. tupí, que se deriva Jan., e hesta ultima proYincia tambem
do verbo acanhem, eu fujo; e os sel- a. conhecem por PeLpas de milho,
va"'ens o applicavam tanto ao que Canjíca (3 0 ) s. f. (R. de
andava fugido, como ao que tinha o Jan. e outras pI'OUS.) e 'pecie de ta-
costume de fugir. Quando se refe- baco de pô feito com o famo o fu-
riam aqueIle que havia fugido, ainda mo da ilha de . ebastião,
que não fosse mais que uma. ,ez, Canjíca (4°), s. f. (Minas Ge-
chamavam-lhe Canhembára (Ancllleta). )'aeS) e pecie de aibJ'o gro""o, claro,
II O termo CanheJlwóra esta boje mui de envolta com pedra miuda. Tam-
viciado, tanto que muitas vezes se bem lhe chamam Pi,'uricca (J. F. dos
diz e se eSCI'eve canhambóra, CrtnlLam- Santos) e PtlrW'úca (Couto de Ma-
.bota, caiam/Jólcl e cetlhambóla. II Ao es- galhães).
cravo fugido tn.mbem chn.mavam Q ui- Canjiquinha (la), s. f. (1Jli-
lombóla e illocambei)'o, cujos radicaes nas-Gemes) milho pi ado e reduzido
são Quilo,nbo e Mocambo. a fmgmentos miullos, que se prepara.
Canicarú~ s. ?no (Pará) al- á maneira de a.rroz, para a refei-
cunha que os selvagens appliCc:1.l1l aos ÇÕes.
Indio civilisados, que viyem mansa- Caoj iquinh (_0), s. f. (JIi-
mente em aldeias (Baenl). nas-Geraes) especie de tabaco de pô.
Canindé~ s. ?n. e.pecie de Arara. Canna-braYa~ s. f. (R. ele
Canjê:rê~ s. m. (Minas-Garacs) Jan.) o mesmo que Ubri (lO).
reunião clandestinn. de escravo~ com Cann.arana~ '. {. (Valia do
ceremonias rle fetichi mo, temlo por .rima;. ) especie de gmll1inea alta
fim illudir o simplorio, gf1nhaudo- como a ca.nna de a .'ucm', com a qual
lhes o llinheiro, a, pretexto de os de longe se parece. II El!Jm, E' voe.
livrar de moleslias e outros male,;; hybritlo comI sto de <llnna com o ue..
e tambem com a intenção crimiu03a fixo rana, ,emelhante, parecido (J.
de se desfazerem dos que lhos são Veri·simo). I A CarmaraM é talvez a
suspeitos, por meio de veneficios. II Canilabraua de que falla Baeu'), prova-
Etym. Talvez ~eja vOCc:'\bulo de ori- VelI'!lente Ilma especie de Gynerium.
gem africana. Can.ninha~ s. f. aguardente de
Canjíca (la), ,s. f (R. de .fan.., canoa. de a ncal',
. S. Paulo, Para,vl, ,'la. -Cathar., R. Canôa~ s. f. (.ilIinas Gel'aes) oomA
Gr. do S., .illinas-Geraes, Goya=" Mal.- que, nos trabalhos de mineração do
Gros.) especie d frangolho feito de ouro dã.o a conductos alJerto cujo
milIto lJranco contu o, qne geralmente comprimento total é, pouco mai ou
se toma sem tempero algum, mas ao meno , de 10 a 13 cmetro , com a lar-
qual se pôde addicionar assucar, leite gura de uu centímetro'. Este coo-
e canella. As im temperado chamam- uucto.', além de mui indinados, ão
lhe Mungun::;d na Bahia, Perl1. e outras di vididos em t1'es .ou qua.tr·o porções
provs. do N. TamiJem dizem Mungwnsti cham,tdas Bolinelas, fOI'mados por tre8
e Mucunzâ. II Obs. o:; lexicog-rapl1os, talJoas de qHD WIltl. l'tlZ o fnndo e as
sem exceptuar Aulote, escrevem Oan- outras duas os lados (Saint-Hilaire).
CANÔA DE VOGA CAPÊTA

Canôa de v6ga, s. f. geande Cal'>angáda, S. f. multidão de


canóa, cujo eemos são pre os ~os io- capanga.
letes. E ta canó1. póde ser feita de Capaogueiro, s. m. (Millas .
uma só peça ele ma.deiea cavada., ou Gemes) nome que dão áquelle que tem
com acceescentamlilnto no fundo, entre por ÍJl'lu tria a compra de diamantes
as duas peças que formam o costado e em pequenas partidas, havendo-as dos
bordas, para tlca,r mais larga. mineil'03 que se occupam dessa ex-
Canoeiro, S.?n. conductor de tracção.
canóa. II Não enconteo este vocabulo Capão, s. m. bosque isolado no
em dkcionario alg\lm da lingua portu- meio de um descampado. Podemol-o
gueza o que me faz su peitar que não qua i comparar a um oásis, e assim o
é u ual em Portugal. faz aint-Hilaire na descripção que nos
Canzá, s. m. (Bahia, R. GI'. do dá desse accidente florestal. Todavia,
S.) instrumen to mu ical de que usam cumpre não e quecer que os oásis estão
as criança, e serve tambem nos ba- separajos entre si por areaes estereis,
tuques. Consi te em uma taquára na emql1anto que os caZJões existem cer-
qual se praticam regos transversaes, e cados de magnificas pastagens. II Etym.
se faz soar pa anao por elIes uma Este vocabulo no sentido brazilelro, não
varinha de taquáea. II A este instru- tem de portnguez senão a fórma. E'
mento chamam em Sergipe Quêrêguêa;ê apena a alteração de C adpaún, que,
(João Ribeiro) e em outeas p1'ovs. do N. tanto em tupi como em guarani, signi-
Ca~'acaa;â (Meiea), cousa diiferente do tlCiL matta isolada.. O Voe. Bra:o. o
Cal'acaxd de . Paulo. traduz por ilha de matto em campina.
Canzurral, s. ?no (R. GI·. do II Obs. Quasi sempre, para. evitar equi-
S.) matto composto de arbusculos e vocos, se diz Capão de mafto e não
mui prejudicial ao desenvolvimento das simplesmente Capao. Aulete e foraes
pa tagens (Pereira de Cm'valho). nos dão des e voc. uma má definição,
Caõlho, adj. e subs. zarolho, quando, confundindo-o certamente com
que é torto d um olho. C<tpueil-a (outra especie de accidente
Capadoçáda, s. f. acção de florestal) dizem que é uma " matta
capadocio. Tambem dizem CalJado- rOÇ<'l.da que se c;)rta para lenha em
çagem. opposição a matta virgem.,. O Capão
Capadoçage:m., S. f. o mesmo pertence ii. classe das mattas virgens;
(1 ue Capadoçacla. compõe-se de arvoredos de todas as
Capadoçal, adj. á maneira de dimen ões, e nelle se ostentam arvores
Capadocio: Linguagem capadoçal ; mo- colossaes.
do calJadoçaes. Capéba (1°), S. f. (PI·OUS. do N.)
Capadócio, S. m. parlapalão, nome de uma ou mais especies de
fanfarrão, charlatão. II Applica-se O'e- plantas da familia da Piperacea. o
ralmente este termo ao homem da H.. de Jan. lhe chamam Pal·ipal·óba.
plebe, que se dã. ares de importancia, II EI!Jm. E' contracção de Caa-péba, que
aparentando nos modos e nas falIas em lingun tupi significa folha larga.
uma superioridade que lhe cabe mal. Capéba (2°), S. m. camarada,
Oapanga (lO), s. f. (Millas- amigo: E' seu Capdba (1\lol'ae). D
Geraes, Bahia) o mesmo que Moco (2°). Nunca ouvi pronunciar neste sentido a
Capanga (2°), S. m. valentão palavra Capdba. Estimarei que alguem
que se põe ao serviço de quem lhe paga, me possa esclarecer a semelhante
para lhe SOl' o g'lwrrla-cost,as ; f1com- respAito.
panhal-o sempre armado, em suas Capeng-a" adj. e S. III. e f. cóxo,
Vi~gens ; auxiliai-o em obter satisfação manco: Mais depressa se apanha um
de quem o o[endeu ; e servir· lhe de mentiroso que um Capenga. II Tortuoso:
~gente nas campanhas eleitorae . II Na Um caibro capcllga.
Bahia lhe chamam 'lambem Jagullso e Capengar, 'lJ. intl·. coxear.
Peito-laYgo, e em outras provincias Ca])ê·ta, s. m. diabo, demonio.
Espolê/a. II Fig. diabrete, tl1rbt.tlento, traquinas_
Dlco. OE Voe. 3
CAPETÁGEM 34 CAPITUVA

Oapetáge:m., s. f. diabrura. Capinadôr, s. m. mandador,


Capiang'ágelU, s. f. acção de sachadol'. No Paranà, S. Paulo, Goyaz
capiango, furto. e Mat.-Gros. dizem, no mesmo sen-
Capiangar, v. tr. furtar com tido, Ccwpidôr.
destreza, surri piar. CapinaI, s. m. o mesmo que Ca-
Capiango, s. m. gatuno, ladrão pinzat.
astuto e subtil. II Obs. Capello e 1vens Capinân, s. f. (Bahia) especiade
servem-se deste vocabulo na Dccepção Myrtacea, que produz uma fructa co-
de ladrão, e como tal usual uos sertões mestivel. Foi introduzida no Rio de
da Arricu; entretanto não o iuclllem Janeiro pelo conselheiro Magalhães
em nenhum dos seus VocabLttarios. Castro, e é cultivada na sua chacara
Segundo o Voe. bunda, ladrão se tra- elo Engenllo-l ovo.
duz por mu-ije. Capinar, 'li. tl-. mondar, es-
Capilossáda, s. (. (pal-. elo mondar, achar, carpil'; al'ra,ucar o
N., R. Gr. do N.) empreza arriscada, capim ou qualquer hel'va má que cresce
cavallarias altas: Não se melta. em entre as plantas. Nas provincias ele
capilossadas (Meira). S. Paulo, Paraná, Minas-Geraes, Goyaz
Capi:m., s_ m. nome commumiLs e Mat.-Gros. dizem, no mesmo sentido,
diversas especies de gramiuea" ras- Ca1'pi1' .
teiras, que servem de pasto aos gados. Capineiro, s. m. (R. de fan.)
Por extensão comprehendem-se na nom!3 que dão àqueUe cuja industria
mesma denominação as cyperaceas, 6 consiste em fazeI' do capim o seu ne-
em geral todas as hervas, de que tiram gocio. "(Pco'. do N'., R. Gr. do N.)
proveito os animaes, para a sua alimen- Plantação de capim: Vou tratar ele'
tação. \I Etym. E' vocabulo de origem C,\zer um capinei'ro. Sem um bom ca-
tupi. O Dic. Por/. B1-a~. tl'l),duz herva 1,inei'l"o, pas am malas animaes (Meira).
por Caapi'im; o Voe. Bm:t., herva qual- Capinzal, s. m. plantação de
quer por Capii; e Montoya, palha, capim; terreno coberto de capim. II
feno, por Capyi. Aulete erra singular- CapinaI. II Na Par. elo N. e R. Gr. do N.
mente, quando, no seu empenho etymo- cha.mam a isso capi,~eiro ( feira).
log-ico, o faz derivar de Capittl1n da Capi"tão de entrada, s. m.
baixa la.tinidade. IIObs. O Alvará de 3 chefe de uma bandei1-a que d'antes
de Outubro de 1758, citado por Moraes, se dirigia aos sertões ii. conquista do
e relativo a n~gocios do Maranbão, aborigenes, com o fim de os reduzir ao
emprega o vocabulo Capim. Capello e ca ptiveiro.
IVtlns usam d'elJe, como de palavra Capitão do caD:lpo, s. m.
corrente em linguagem portugueza. (provs. do N.) o mesmo que Capitão do
Cumpre-me entretanto dizer que illus- matto.
trados Portuguezes me têm asseveraria Oapitão do n1.atto, s. m.
que, autes de sua vinda ao Brazil, (R. de Jan. e S. Paulo) agente de
ignoravam completamente a existencia policia que tinha d'autes a seu cargo o
de semelhante vocabulo. aprisionameu to dos escravos fugidos.
Capína, s. {. mondadura, sacha, Era, a mór parte das vezes, semelhante
acto de limpar um terreno das hervas emprego exercido por negros li vres. II
.más: A minha horta está precisando de Em algumas pr0vincias elo norte, lhe
uma capina. A capina da minha roça me chamavam CapitiZo do campo.
tem obrigado a gl'anele de pezD. II Fig. Capitúva, s. (. (3. Paulo, R. de
Reprehensão: Pai' caus~, do seu proceder Jan.) nome vulgar de uma especie de
leviano, so!:l'reu aquelle official uma graminea pertencente ao gen. Panic~tm
capina do commanelante. II No sen tido ele (P. Bea~wepai1'ei, Hacle e Glaziou).
operação agricola, tambem se diz ca- Cresce em g'l'andes mautas á margem
p~nafão. II.Em S. Paulo e. outras pro- dos rios e nos lagares humidos. " Etym.
VIDClas dIzem carpa. E' voc. de origem tupi e guarani. Mon-
Capinação, s. f'. O mesmo que t01'a o traduz 1)01' pajonat; e o Voe.
capina, no sentido de sacha. Braz. por ervaçal.
CAPlVÁRA 35 CAPUEIRA

Capivára, s. f. mammifero do Caponga, s. f. (Ceará) nome


genero Hydl'oehoerHs (H. Capyvam) da que na parte meridional desta provincia
ordem dos Roedores. II Etym. E' vo- dão MS lagoeiros d'agua doce que se
Co..bulo de ol'igem tupí. formam naturalmente nos areaes do
Capixába, s. f. (Esp.-Santo) littoritl. Ao norte da cidade da Forta-
]lefjueno estabelecimento agricola. II leza dão-lhe o nome de Lago (Marinho
Etym. Este vocabulo ele origem tupi Falcão). E' o mesmo que nas provin-
é corruptela de Copiroaba, mencionado cias de Pern., Par. do N., R. Gr. do N.
110 Dic. POI·t. BI·az., como traducção chamam Maceió, ou antes Maçaió.
de Quinta e de Roça. I 0" habitante da Oapór6r6ca, s. {. o mesmo
cidade da Victoria têm o appellido de que Póróróca (3 0).
Capiroabas, por cau a de uma foute que Captivo, s. m. especie de seixo
alli exi te, e d'onde bebem. II No VaUe roliço perfeitamente liso, de 061' preta
do Amaz. dizem os Indios Cupiroaua e ás vezes marmoreado, que acompa-
( Seixas). II Em S. Paulo e Paraná dão a nha ol'dinariamente as jazidas diaman-
esses estabelecimento agricolas o nome tinas, e a que por isso dão o nome de
de Capudva . captivo de diamante.
Oapoeira, s. {. (R. de Jan.) es- Capuába, s. f. (Par. do N., R.
pecie de jogo athletico introduzido Gr. do N.) cabana, chóça. II Por exten-
pelos Africanos, e no qual se exercem, são, casa m:11 construida e arruinada:
ora por mero divertimento usando Tua casa é uma capuába velha (Meira).
unic.'\mente dos braço, das perna e da II Etym. E' vocabulo pertencente tanto
c.'\beça para subjugar o adversaria, e ao clialecto tu]?i como ao guarani. Em
ora e grimindo cacetes e facas de ponta, guarani significa cabana (Montoya) ;
d'onde resultam erios ferimentos e ás em tupi, quinta ou herdade onde ha
vezes a morte ele um e de ambos os c.'l a (Voe. Bra::.). II Em S. Paulo e Pa-
luctadores. II s. m. homem que se exer- raná pronunciam eapua1Ja, e é esse o
cita no jogo da eapoeim. Estenome se nome que dão a qualquer estabeleci-
e tende hoje a toda a arte de desor- mento agricola com destino á cultura
deiros pertencentes á relé do povo. São de cereaes, feijões, mandioca e outros
entes perigosissimos, por is o que, ar- mantimentos (Paula Souza). II Fig.,
mados de instrumentos perfurantes, qualquer industria que sirva de meio
matam a qualquer pes oa inotrensiva, de vida: A clinica é a eapuava do me-
só pelo prazer de matar. II Etym. Como clico. II o E I). -Santo dão á eapuava o
o exercicio da capoeira, entre dous incli- nome capiwaba.
viduos que se batem por mero diverti- Capuáva, $. f. (Parand, S. Pau-
mento, se parece um tanto com a briga lo) o me mo que CL puába.
de gaUos, não duvido que este voca- Oapúco, s. f. (Brihia) o mesmo
bulo tenha a sua origem em Capão, do que Baluém.
mesmo modo que damo em portuguez Oapueira (lO), s. f. nome que
o nome de capoeira a qualquer especie dão ao matto que nasce e se desenvolve
de cesto em que se mettem gallinha . em terreno outr'ora cultivado. II Etym.
II V. Capueira. • E' corruptela de Coptlêra, siguiticando,
Oapoeh"áda, s. {. (R. de Jall.) em linguagem tupi, roça extincta,
malta de capoeirl:\s: Adeante do ba- matto que já foi roçado (Voe. Bt·az.) ;
talhão ia uma numerosa eapoeirada, a corruptela devida, em a menor du-
atropelnr os transeunte . I Acção de vida, á semelhança phonetica deste
capooim, capoeiragem. vocalmlo com o vocabulo portuguez
CapoeirageID., s. f. (R. de capoeira. Sendo o ~djecti vo p'Uêra syn-
Jan.) acção de c.'\poeira: Aquelle rapaz, onymo de c'Uêm, os Tupinambás e
que era d'ante tão bem comportado, Guaranis diziam indilIerentemente Co-
entregou-se ultimamente á capoei- puêra (Voe. Braz.) ou Coe'Uêra (Mon-
ragem, e tem dado que filzer á policia. toya). Se esta ultima fórma tivessa
Oapoeirar, v. int'r. (R. ele Jan.) .j?revalecido, não se teria dado a con-
fazer vida de capoeira. 1usão de Copuéra com Capoeira. O Por
CAPUEIRA 36

exten~ão, chama-se Cupueim a todo ' Carajé, S. m. ~ . Paulo) gran-


matto baixo que fica depoi da. extracção geia com que e enfeita o pão-de-lã e
ua grandes madeiras de construcção. doces. I ~Iuito se a-semelha e te termo
II Geralmente e escreve Capoeira em ao Aeamje da Bama. Parecendo
logar de Capueira. nascer ambos de um radical commum,
Capueira (2"), s. f. (R. de cumpre entretanto advertir que Aell-
Jan.) o mesmo que Uru (1°). rajé é termo da lingua yortiba, e ex-
Capueirão, s. m. antiga Ca- prime cousa mui dHIerente do Carajd.
pueim (lo), cujo arvoredo tem adqui- CaralD.burú, s, m. (S. Pauto)
rido grande desenvolvimento. bebida refrigerante feita de milho.
Capueiro, aelj. que habita a Corresponde ao que em outras provin-
Capueira: Veado eapueiro. Lenha ea- cias chamam Aluà.
puei~·a. II Erra Aulete quando diz que CaraJUinguás, S. m. plt!1'.
no Brazil capoeiro (sic) tem a ignifi- (R. GI·. do .) cacaréo, badulaques,
cação de manso, em opposiÇ<1:o ao que cou as de pouco valor, que cada um traz
é do matto virgem. Tão selvagem é o comsigo em viaO'em. II orne que por
animal silvestre que habita a Uapueira modestia se applica á mobilia de uma
como o que habita o matto virgem. casa: O que mais me custa é o tran -
Cará (l°), s. 'ln. nome commum porte do meus eai'amin.'luu p:ll'a a
a diversas especies de Dioscoreas indi- minha nova habitação. II E/11m. Do
genas produzindo tuberculos comesti- guarani Caramengtui, significando co-
veis: Carà mimoso, CaI·ti roxo; Cal·ti fre, caixa, etc. Os Tupinambás do
do ar, etc. Brazil diziam, DO me-mo entido, Cal'a-
Cará (2°), o mesmo que Aearri(2°). memoalt, e é esse aindu. o nome de um
Cará (3°), s. 'ln. (R. G,-. do S.) rio da Bahia, que fig'ura erradamente
nome ele uma das variedades de se' nas cartas geograplucas com o de Cra-
bailes campestres a que chamam geral- rnimuan. .
mente J:tàndango. Cara~oDl.ôJll, S. ln. (Ceal'a,
Cárácárá, s. m. nome commum Par, e R. Gr. do N.) trolua que se
a diversas especies de aves de rapina, addicionú á carg-a regular ue um ani-
e entre 'eUas o Polybortts 'Vulgaris mal (Meira). II Etym. E eviden temente
Vieill. ex Martiu . \I E/ym. E' voc. tupí. corruptela de Caramemoc'tl1.
Caracaxá, s. 'ln. (S. Pattlo) CaraDl.urú, S. m. (Bahia) es-
chocalho com que se entretêm as crian- pecie de peb:e a que o Voe. Bm~.
ças. II De Peru. ao Pará eLão a es'e cbama Lmnp,'eia, e Gabriel Soares
instrumento o nome tupi de ilI a~·aeci. " Morêa. II Alcunba que os TupinambiLs
Em algumas provincias elo norttl deram na Bahia a Diogo Alvares Cor-
Ca~'aeaa;à é o mesmo que Canzà. \I reia, o f,.moso naufmgo portuguez que
Etym. Parece ser voz onom'1topaica. figura com honra na nossa llistoria.
Caracú (l°), s. m. (R, Gr. elo S,) Não se sabe o motivo que determinou
tutano. II Etym. E' vocabulo guarani essa alcunha; em todo cu o, Cam-
(Montoya). II Os Tupinambás da, costa munA, nunca siO'niücon, nem podia
meridional do Brazil davam ao tutano ignificar homem de fogo, como o d'izem
o nome de Canga putuuma. (Voe, Braz.) .10rae e outros lexicograpbos igno-
e o da costa septentrional o de Can- rantes da lin~ua tupí.
giidra pdra (Die. Porto Bra;:;.) II E' sem Carana, s. m. nome commum a
duvida por equivoco que o Sr. Coruja diversa especies ele palmeiras, per-
diz que G'araeú é o osso da perna do tencentes ao genero Maurilia (M. 1I1m'-
animal. liana), Ol-ophoma (O. Caranu) , Leo-
Caracú (2°), a(lj, (8. Paulo, polclinia (L. pulehra), Trit7winaa; (T.
Millas-Ge,-aes) diz-se de uma raça de bmsiliensis ). II ElYi~t. E' voc. tupi.
bois caracterisada por um pello curto: Carandá, s. m. (1I1alto-Grosso)
Um boi earaeú ; uma vaccu. earaeú. o mesmo que Carnahlibu..
Carafl1.zo, a, S. (Pa~'d) o Carão, S. -m. (Se'-g.) reprehensão
mesmo que Cabord (lO). dada em publico a uma criança.
CARAPANÂN 37 CARIÓCA

Aquelle que a da pu sa um ca1'ão; é o mestiço de 001' avermelhada-escura,


aquelle que a solfre leva um carao com cabellos lllstrosos e annela.dos,
(João Ribeiro). 11 Antigamente em por- provindo-da misturado sangue europeu,
tuguez CanTo significava a tez do africano e americano (Araripe Junior).
1'0 to, a epiderme, cariz. Hoje tOlOa- e II Etym. O Dic. Porto Em.::. apresenta
por ü<'tra grande'e di forme (Aulete). Carybdca como traducção de mestiço,
Carapanân, s. m. (Valle do Sem di7:er a que mestiçagem se refere.
Ama.::.) mo quito pernilongo, especie Em todo o caso, ahi se revela a exis-
de Ctllem. "Etym. E' vocabulo do dia- tencia do radical CaraJ.yba, nome
lecto tupi da costa septentrional do que os Tl1pinambá deram aos Portu-
Brazi~. r'o sul davam-lhe os Tupi- guezes e os Guaranis ao Hespanhoes,
nambas o nome de Ma1·igiii. em allu ão aos seu feiticeiros, aos
Oaral>ína, S.?n. artifice em ql1aes con ideravam homens de summa,
carpintaria que e occupa da construc- habilidade e prestimo. CU~'ibdca não é
ção de ca as, carros, etc., para o dis- senão a corruptela de Cm·ibdca.
tinguir daquelte que se emprega exclu- Caríj o, S. 110. (Pa1·am!) armação
sivamente de construcçõe navae, e de varas nas quaes se suspendem o
ao qual chamam ca'rpintei1'o: Na edi- ramos da Congonba, com fogo por
ficação de meu predio urbano tenho baixo, para efi'ectuar a operação da
empt'egado os melhores carapínas; e sapeca, i to é, da chamusca.
confiei a construcção do meu n,Lvio a OariJnân, S. m. massa de man-
bons cal·pinteil'os. II Ml3smo a bordo dos dioca puba, reduzida a pequenos bolos
navios podem ser empregados carapi- seccos ao sol. Com o Carimal1 se fazem
11as, cujo serviço especial consiste na e sas pap s a que chamam mingàtl, e
prom:ptificação dos arranjos internos, ao qual se pode ajuntar gemma de oVlt
moveIs e certa obras de ornato. (D ic. e leite. erve tambem para toda a
Mar. EI·a.::.) II Etym. O Dic. Porto sorte de bolos doces. II Etym. E' voca-
Em;. dá Cal"apina como termo tupi ; bulo tupi (Dic. Porto ErM.). Gabriel
mas a mim me parece que não é mais Soares falla de Ca1·imal1 como especie
do que a corruptela de carpinteiro, de farinha feita da mandioca puba, e
devida a ma pronuncia dos indios. a que elle aUribue grandes vantagens,
i Tambem dizom carpina. II Obs. Na ja como materia alimentícia, já como
provi~ão do con elho ultramarino de contra-peçonha. Segundo Agostinho
20 de Abril de 1736 se falta em Cara- Joaquim do Cabo, no valle do Amaz.,
'pina (Moraes). Não me tem sido tambem lhe chamavam cayar1mãCl. Os
pos ivel descobrir e te documento em gnaranis davam o nome de ca7Íar'imã à
collecção alguma. mandioca secca ao fumo, e o de caiía-
Caraúno, adj. (R. Gr. do S. e r1mãcui à farinha feita da mandioca
Alaf/6as) diz- e do boi preto mui re- as im preparada (Montoya).
tinto (Coruja, B. de ~àceió). II Etym. Cari6ca, s. m. e f. appellido
J as duas ultimas yllabas, uno é mani- dos na turae da cidade do R. de Jao .
fa ta a corruptela de una que na ling'ua "Etym. Caridca era o nome de uma
tupi significa preto. Quanto ás dua ribeira que, passando no Co me-Velho,
primeiras syllabas, não lhe pos o reco- percorre o bairro das Laranjeiras, atra-
nhecer a origem. Sera por ventura ves a o Catete, e deita-se na praia do
cal'aÍtno uma palavra hybrida formada Flamengo. Hoje lhe chamam rio das
do portng'ne7. cam, pOl' -emblfUlt , Cahocla , e o vejo tambem mencionado
phy iOnOQlia.. e un." preto 1 com o nome de rio do Catete, em uma
Caribé, S. m. (Pm'ci) especie de carta topographica da mesma cidade.
alimento preparado com a polpa do Era es a ribeira que fornecia agua po-
abacate. tavel ao habitantes da recente cidade
Carib6ca, S. ?no e f. mestiço de' de S. Sebastião. Actualmente designa-se
sangue europeu e do aborig'ene brazi- com o nome de Ccwióca a um chafariz
leiro. II No pp,rã lhe c]mma,m C.wibdca que se construiu junto do morro de
(José Veris imo). " No Ceara o CW'ibdca Santo Antonio, e cujas ag'uas procedem
C RITÓ 38 CARPtNTEIRü

das mesmas fontes em que tem 3. sua lhe Can'whyba, e em M, tto-Gros o Ca-
origem aquella ribeim. A' margem 1'Undd (Flor. Bra:;.). U Etym. E' voc.
della, proximo ao mar, existia em 1557 de origem tupi, que se decompõe em
uma aldea de aborigene. ejamo o Carami-yba. .
que diz Léry sobre a ignificação de sa Carnahyba, s. m. (sertão da
palavra que elie, como francez, ortho- Bahia) o me mo que Cal·nahitba.
grapha a seu modo: «Km·iauh. En ce Carne de vento. V. Chal·que.
village ainsi dit ou nommé, qui e. t Carne do Oeará. V. Charque.
le nom d'vne petite riuiere dont le Oarne do sertã.o. V. CIta/,-
village prend le nõ, à raison qu'i! est qtle.
assis pras & est interpreté la maison Carne do sol. V. C/tarque.
des Karios, composé de ce mot Karios Carne- ecca. V. Cha1·que.
& d'auq, qui signifle maison, & en Oarneação, s. f. (Rio (Jr.
nstant os, & y adioustãt attq fera ao S.) acto de carnear.
Kariauh». Em relação ao as umpto, Carnear,1J. tI'. (Rio G1'. doS.)
não nós dá este auctor a significação da matar a rez, acondicionando-lhe l\
palavra Karios,. mas no proseguimento carne, couro, etc. (Coruja). U alrlez
da sua narrativa e enumeração das menciona e te verbo como oriundo da.
tribus selva:gens de que tinba noticia, America hespanhola. Aulete o define
faUa nos Karios como de gen te ba- ma.l. Càl"11eal'nUnca foi, como elle o diz,
bitando além dos Touaiaires (Toba- yn. de eharquear.
jaras ?) para RS bandas do rio da CarÔna, s. f. (Pro1Js. met'ids.)
Prat~t. Estes KaJ-'ios não eram pois certa peça dos arreio , que consiste em
senão os Cal,ijós, que oecupavam a uma ~ola ou couro quadrado, ordinR-
parte do littoral comprebendicla entre riamente composto de dlla partes
a Cananéa. e Santa Catharina (Gabriel igllaes cosidas entre i, a qua I se ])õe
Soares). Mas sendo os Carijós ini roigos por baixo ~ lombilho, e cujas abus
dos Tupinambas ou Tamoyos do R.. são mais comprida que a deste (Co-
de Jan., como admittir que houvesse ruja). n (Par. e outms prol1s. do N.)
aqui uma colonia deUes? Ha materia Especie de capa estofada que e põe
para estudo. por cima da ella (Meira). II Etym. E'
Oaritó, s. m. (Pem.) casinhola, vocabulo de orig-em ca telhaua. \ al-
habitação de gente pobre. II (Alagôas) dez traduz Carôna por suadúuro. o
Quarto ou compartimento acanhado Brazil, porém, e em Portugal, o ua-
nas casas de ha.lJitação (B. de Maceió). douro é cousa difrerente, sendo a peça
U (Par., R. (}r. do N., Ceará) can- dos arreio. que assenta immediata-
toneira. U (Fernando de Noronha) es- mente obre o lombo do animal.
pecie de gaiola em que se prendem e Carpa, .~. f. (Pamná, S. Paulo,
se exportam os afamados CaranguE'ijos M i,1as .Ge,'aés, Goya:r, Matto-Grossp) o
daquella ilha. mesmo que capina, no sentido de
Oarlinga, s. (. (Cearei.) tabo- sacha.
leta com furos em baixo do banco da Oarpína, S.?n. o mesmo que
vela de uma jang-ada e na qllftl se carapina.
prende o pé do mastro, mudando-se de Carpinteiro, s. ?no operario
um furo para outro, conforme a con- que se emprega na con~trucção e con-
veniencia da (lceasião (J. Galeno). II certos do casco e ma treação dos na-
Etym. E' termo nautico portuguez, vios, bem como no fabrico do:s escaleres,
significando grossa peça de madeira lanchas, etc. (Diee. Ma.. Brm.). II ~
fixa na sobre-quilha, tendo na face isto se chamava dantes no Brazil cal'-
superior uma abertura por onde entra pinteiro da "ibeit'a, para o distinguir do
a mecha do ma tI'O (Die. Mar. Breu.) utifice em madeira que se occupa da
Oarna,húba, s. m. (Pern., construcção de casas, carros, etc., ao
Par., R. Gr. do N., Ceará, Piauhy) qual dão ho,je o Dome de campina.
Palmeira'do genero Copernieia (C. ee- Cumpre, entretanto, fazer observar
rifem). Nos sertões da Bahia ehamam- que o voe. carpinteiro, em sua accepção
CARPIR 39 CARURÚ

portug'ueza, é ainda usual em muitas sempre indicio de um terreno esteri!.


provincia do Brazil, me mo relati- II Etym. Este vocabulo é portuguez, e,
vamente a obras que nada têm que 1"er além dã odiosa significação de algoz,
com as COD truc ões navaes. é em Portugal o nome de um arbusto
Oarpir,"lI. tr.(Pm'aná, S .Pattlo. silve'tre sempre verde, da familia das
Minas Gl:raes, Goyaz Malta Grosso) O Cupuli feras, que nasce nos terrenos
me mo que capil1ar, como se diz geral- estereis (A ulete). II Seg-undo este lexi-
mente no Brazil, i to é, múndar, cographo, Carrasco e Can'asqtleiro são
sachar, limpar n. terra das herva. que ynonymo~, Diz Saint-8ilaire que 0.03
prejudicam as plantns uteis. ~ Etym. Carrascos de uma natureza. mais vi-
Ten!lo vaci li ado muito, quanto:i. origem gorosa dão em Minas-Geraes o nome
deste verbo, no enlido em que o de Can'asqueil1os, ou talvez Carras-
empregam entre nós, Antigamente em queiros.
portuguez, o verbo carpil' do latim <..Jarrasqueino, s. ln. V. Ca,--
Cal'pel'e, ig'nillcava arl'nncar, colher: rasca.
Carpir a herva que afoO'a o trigo Oarrasqueiro, s. ln. V. Car-
(A ulete). Actualmente SiO'Ilifica tão ?·asca.
ómente prantear lastin~ar, chorar e Oaruára, s. r. (Para) fraqueza
nesta accepção o empregam tanto na das perna: Estou otIrendo tle Ca-
litteratura portugneza como na l)l'a- ,'uára, e mal Vos 'o dar algun passos.
zileir[., Póde-se pensar, portanto, que II Tambem ignifica quebrauto, mau
o ,erbo em que tão é portugllez com a olhado, mole tia. maU vada por feitiços,
'igniflcação, hoje perdida em Portugal, mau e tal', indispo ição physica., acha-
dearranc<ll'a herva má.. Entretanto Que (J. Veri 'imo). II (Da Bahia ao
militam razões para e lhe attribuir Ceal'a) especie de paralysia ou tolhi-
uma origem tupi. No dialecto dos Tu- mento que ataca a' pernas dos be-
pinambá que llabitavam o Rio de Ja- zerros e outros animae recemnascidos
neiro ha via o~ verbos Acapir e Aicapi,' (Aragão). II Etym. R' vocabulo da lin-
com a si~nificaç50, Q primeiro de andar goua tupi signitlcando corrimerltos (Dic.
mondandO, e o segundo le mondar a Porto Bra:. .). Em guara.ni, carugtlá,
planta (Voc, Bra:;.) , O' Tupinamba traduzido para o castelhano, significa
do Tarte diziam Cad pyil' por limpar o dolores en las conyunturas (i\Iontoya)_
matto baixo, sendo esta palavra com- Yve d'Evrelu escreveu Kal'um'l: e o
posta de caá herva e pyir, limpar, trllduziu pllrit o fr::l.Dcez em gotltte.
va.l'I'er (Di cc, POI't. Braz ), O' Gua- Oaruêra, s.r. (Rio de Jan.) o
rani do Paraguay exprimiam a me'mrt. me mo que crueú'a.
idéa dizendo Aicaapi (Montoya), Em Ca rUJn bé, s. m. (lúirlas-Ge-
vista do que tenho expo to. parece-me ,'aes) e"pecie de gamella conica, feita
que ha tanto motivo parajulgn.r que o de madeira e de tinada a transportar
nosso Carpir é' origlDariamente por- pari\. o lagar da lavagem os mine1'ios
tuguez, como que é um metaplasmo de ouro ou diamante (Saint-Hilail'e).
do voca,bulos dos dialecto tupis que Segundo Montoya, o vocabulo Garumb6
citei. é o nome guarani da tartaruga, e dão
Oarrapícho, s. m. nome tambem esse nome a um cesto tosco su
commum a diversas especi de planta " semejante ( sem duvida semelhn.nte na
cujas, ementes 'e prendem à. ronpa dos fónDa ao ca co da tartarug-a), Devemos
que passeiam pelo campo. II Em POI'- peo 0.1' que o Cal'umbe de Minas-Gerae
tuga I, é o atado de cabello no alto da teve l1. me.,ma ol'igem. No Pn.ra, Jabuti-
cabeça. para do re3tnnte ,e fazerem ca1'ttmbd é uma especie de Jabuti (Tes-
tranças ou outl'O penteado (Aulete). tudo te,·restris) ( B. de Jary)_
Oarru."'co, . m. especie de Oarurú, S.?n. e pecie de espar-
ma.tta anao composta de arbusculos de regado de hel'vas e quiabo, a que se
caule e ramo e guias, com quasi ajuntam camarões. veixe, etc. j e tudo
um metro de a Itlra e gera.lmente con- temperado com azeite de dendê e muita
chegados enli'e si ( aint-Hilaire). II E' pimenta. II Este vOC. pertence tanto
CA ÁCA 40 CASTANHA

ao tupí como ao guaranI. Montoya traz tem em Portugal uma significação


Caál'ur'ü e o traduz por Vel"dolagas, isto mais innocente. Caseim alli é a
é, Beldroegas j mas, contrariamente ao, mulher do caseiro, e este o arrenda-
seu costume, não decompõe a palavra. tario de utp predio ou herdade.
No Dicc, P01't. Bm::., Cali rer'ú é tam- Casqueiro, s. m. ('. P(ltllo) o
bem a traducção de Beldroéga, cum- mesmo que Sambaqui,
prindo, porém, advertir que este VOC9.- Cassáco, s. m. (Pel'r1.) o mesmo
bulo é composto ele Cad !lerva e Re-ril que Sanlé. •
vasillla; parecendo, portanto, significar Cassa:rnba, s. f. balde "rdi-
uma vasilha, ou antes um prato de nariamente preso a uma corda, e serve
hervas, o que quadra bem com a deno- para tirar agua dos poços, dos rios ou
minação desta iguaria,. No Rio de Jan. do mar, II Corda e cassamba, 10cuÇ<"ío
e em outras p:n-tes do Brazil, o voc. C I,t- popular para definir duas pessoas iuse-
nwú designa, á excepção da Beldroéga, paraveis:- José e ,Toaquim são a cort:la
certas especies de hervas, sobretudo e a cassamba. Corre ponde á locução
Amm'arathaceas que se guisam. Na Ba.bia pórtugueza a corda e o caldeirão.
todas essas bervas têm a denominação II Especie de estribo em forma de
geral de Bredos, e só adquirem a de chinella , quer sejam de metal, quer
Carurit depois de reduzidas ao estado de couro,
da famosa iguaria, tanto assim que as Cassuá (J 0), S. 'ln. (De Alagoas
hervas pI'aparadas de outro qualquer ao Rio-Gl·. do W.) especie de cesto <le
modo não mudam de denominação. cipó rijo, da feição de uma canastra sem
Uma cousa a notar é que, nas colonias tampa, C0111 azelhas do mesmo cipó,
francezas das Antilhas, dão o nome de para c1ellas se pendurarem uas canga-
caloulou a certo preparado culmario lha. Um par de cassuàs com feijão,
em que entra o quiabo (Alph, de Can- arroz, milho, melancias, etc. con13titue
dole ). . a carga de um animal (Moraes). II No
Casáca, s, ln. (Piauhy) o mesmo interior do Maranhão é o casS'uá feito
que Caipil·a. ~ Etym. Tem sua origem de couro (B. de Jary) e a isso cbamam
no uso que fazem os camponeze da bruàco. em outras partes do Brazil.
casaca de couro ou antes gibão de que Cassuá (2"), s. m. (Rio de Jan,)
se vestem, para percorrerem a~ bre- especie de rede de pescaria de malhas
nhas em procul'a do gado. largas, nas quaes fica preso o peixe
Casa-do-lUeio, s, f. ( Rio de g'l'ande, como a corvina, quando in-
la/t,) o segundo dos tres comparti- tenta atravessai-a. Diz-se que ficou
mentos em que SI:) divide um curral de malhado o peb::e preso elesta sorte.
pescaria. Na Par. do N. lhe chamam Cassúla, s. m. e f. filho ou
Chiqtteil'o. filha mais moço ele 11m casal. II Etym.
Ca!t3cálho, s. m. (1l![in(LS-Gel'aes, E' voc, di.\, litlgua bunda significando
Goya::, Matto-Grosso) alluviões aurife- fiJlw ultimo (Ca\Jello'e Ivens). Tu.m-
ras ou diamantiCe:oas. Contêm em geral bem dizemos CctSsttZe: Aquelle pequeno
muitos seixos roliços (Castelnau). I Os é o meu cassuZa ou cassuld.
depositos de cascalho distinguem-se Cassulé, s. m. e f. o mesmo que
em tres camadas, que os mineiros cassula,
cbamam: cascalho vil'gem, O mais Cas'tanha, s, f. nome vulgar
antigo; pururÍlca, o mais recente e ele <le diversas fl'uctas indigenas, embora
formação contemporanea ; e corrido, u li nllul1la l'elaçã.'J tenh[I,1ll Coill a CCLS-
deposito intermediaria entre a p,.trU- temea vttlga1'Ís provenietúe da EUl'opa;
rüw e o vil'gern (Couto de Maga- taes são, entl'e outras, a Castanha de
lhães). II Etym, E' vocablllo de origem Cajú, fructa do Cajueiro; a Castan!tec
portugueza. do M.aranhiio, semente da Bel,thol-
Caseira, s. f. concubilla ; letia excelsa, que se deveria antes
mulher que vi ve na casa do seu ama- chamar Castanba do Amazonas; a
sio, ii. laia de mulher legitima. I Etym. CastarJ~a do Parú, semente (ta Pachim
R' voc. de origem portugueza ; mas insignis etc.
41 CATINGA

Cáta~ s. (. lugar cavado nas Ca1;ap6ras~ s. f. pl. nome vul-


terras e na mina3, onde já. appareceu gar da varicelle, erupção cutanea a
terra ou matriz de ouro de lava~em que o vulO'o cl1ama igualmente be-
(Morae ). ~ Cova aberta em luaClra- a;igas doudas. Tambem dizem Tata-
tura mais ou menos regular, para póras.
extrahir ouro da' entranflas da terra Catêrêtê~ s. m. (Provs. merid.)
(Co ta RUbim). ii On appelIe ainsi les especie de batuque, que consiste em
excavations faites par les ancien mi- dança, lascivas ao som da viola.
neurs ( nlnt-Hilaire). /I Etym. Parece Catharinense~ s. m. e f. na-
evidente que este voc. deriva-se do tural da provincia de Santa-Catharma.
verbo catar significando buscar, pro- II \dj. que é reiativo a e sa província.
curar, tanto mais que Morae. cita a Cat.iDl.báu~ s. m. cachimbo pe-
eguinte phra e de Bem. Lyma:- queno, vell1o. li Homem ridiculo (Mo-
A cobiça cata o ouro nas entranhas da raes). II Obs. N:lo me recordo de ter
terra. II Obs. No tempo das grandes uma ó vez ouvido usar deste voc.
mineraçõe que e executa,vam nas a não ser como nome de uma ilhota
províncias aurifera do Brazil, era na bahia do Rio de Jao., proximo ao
muito usado este termo. Não ei se l\laruhi-grande. Entretanto, o Dicc.
ainda hoje o empregam. POI·I. Bra;;. o menciona no seu artigo
CataDl.buêra~ '. f. e adj. m. Sarro, como pertencendo ao dialecto
e f. (Rio de Jan.) nome que dão a tupi do Amaz." o Pará dizem Ca-
qualquer fructo vegetal atrophiado: timbá.ua.
l\Iaçaroca catambuêl'a, melancia catam- CatiDl.páua~ s. m. (Pará.) o
buêm, mandiôca catambuêra, etc. " mesmo que Cati111bàu.
Nas fazendas de sert'a-abaL\:o, dizem CatiDl.puêra~ s. f. (Alagôas)
indi1l'erentemente catambuêl'a e calal1- especie de bebida fermentada feita.
güêm (Macedo Soares). /I Tambem pro- com a mandioca man~a ou aipim co-
nunciam quitambuera." a Bahia e zido, reduzido a pasta passada pela
outras província do norte até o Pará, peneira e posta dentro de um va o
dizem tambueil'a ou tambuel'a, nos novo de barro ou pote, de mistura
me mos casos em que se servem no com uma quantidade sutllciente de
Rio de Ja.ll. da pa.lavra. catambuêra, No agua, ó. qual se ajunta mel de abell1as.
Maranhão, porém, a tambueira é a Deita- e o vaso em lug-ar aquecido,
maçaroca. do milho depois de debu- ordinariamente junto ao fação e não
lhada, i to é, o sabugo a. que em Por- mui longe do fogo. Depoi Cle alguns
tugal c\lamam tambem carôlo. Ta dias, manife ta-se a fermentação, e,
Ba1Jia dão particnlarmente o nome de terminada eUa torna-se potavel a be-
gangao ou dente de velha ti. maçaroCc1, bida. Usam da catimpuéra como re-
que contém pouco' grãos e e-te di - galo e como remedia (B. de Maceió ).
perItOS. " Etym, Catambllêm é eviden- Esta bebida é, mai ou menos, a mes-
temente voc, do origem tupi; tam- ma que o Catlim." No Pará dã o
buêra não é senão a apherese delle. nome de Gtlariba ou Beijú-assÍl a uma
II Tanto Moraes como Aniete e crevem especie de Catimpuêl'a.
tambueira, e é e a t<"llvez a pronun- Cat.inga (la), s. (. fartum,
cia mais gemi. cheiro forte e de agradavel que se
Catanuú-v-a (l0)~ (8. Paulo, exhala do corpo humano, sobretudo
Pal'alUi) O me mo que C-ahiva. do dos Africanos, de certos ,vegetaes
Catand1.1.va (2°)~ s. r (Rio-G,'. e animaes, e de comida mal prepa-
do N.) espe~ie de arvore que chega. a rada ou deterioradas. li Etym. E' voc.
ter onze metros de altura, a qual for- pertencente à, lingua tupi. Os gua-
nece madeira .branca. Tem amago ranis dizem Cat'l., por catinga. pelo
violaceo, folhas miuda e casca abun- mesmo motivo por que dizem ti, por
d:mte de tannino (Meira). tinga, variaçõe~ dialecticas que não
Ca1;ang'üéra~ s. f. (Rio ele pl'ejudicam a. unidade da Iingua. Na
Jan.) o me mo que Catambuêl'a. pes ima. edição do Dicc. P01'1. Bra::.
CATINGA 42 ATINGA

impres30 em Lishoa em 1795, não se de apre-entarem fi. iços impenetra-


encontra o voc. Catinga; ma no vei como e ~es que caractel'izam nos-
precioso mfl.nuscripto que lhe erYiu sa Dare t· primitivas, consi tem ge-
de original, e que se acha na Bi- ralmente as Catingas em arvoretas
bliotheca Pnblic. do Rio de Jan., lê- e tortuosas, e a maior parte das vezes
catinga como traducção de cheiro de uf!:l.cientemente separadn.s umas das
,·aposi1ihos. No Voc. Bmz. pertencente outras, de maneira IL facilitar o transito
ao me mo estabelecimento encontra. e, de um cavalleiro; e hu. vaqueiros que,
na lettra C, o seguinte: Cheiro de na perseguição de uma rez, COI'rem por
raposinhos = caatinga; e na 113tlra R, ella a galope bem que com manifesto
Raposinhos, cbeiro = catinga. Essa dif- perigo de vida. II Etym. Muito e tem
ferença orthographica nas duas ver- discutido a etymolo"ia de Catinga, como
sões é certamente devida a erro de denominação da mattas de que tra-
escripta, erro que não se encontra na tamos. Pe soas ha. que, firmando-se
copia que existe na Bibliotheca Flu- apena na estructura actual de te vo-
minense, e foi extrahida do manuscri- cabulo, o fazem derivar de Cad-tinga,
pto pertencente il . Bibliotheca de Lis- matto branco. Esta inter(Jretação não
boa. Errou, portanto, o sabio D. Fran- tem o menor fundamento. Com etreito
cisco de S. Luiz attribuindo-o a An- as catingas nada apre entam que j usti-
gola. Ne se engano o acompanham tique o emprego do adjectivo bl'anco
outros etymologistas. II Parece que é para as qualificar. O que as torna no-
termo já acceito em Portugal, 'e at- taveis, como pude ob ervar nas mi-
tendermos a que CapeUo e Iven o nhás viagens pelos sertões, é que, pas-
empregam constantemente no mesma sada a estação das chuvas, perdem com-
accepção que lhe damos no Brazil. II pletamente a folhagem e fica.m, durau-
Na Republica Argentina e no Estado te parte do anno, com o aspecto de
Oriental do Cruguay, o voc. catinga matta ecca. Foi d'e se facto flue
é usual na mesma ;lccepção que tem parti para re olver a, questão de um
no Brazil, ma na Bolivia, catinga, modo razoavel. Catinga não é mai do
adj. se traduz por elegante, catita que a contracçãn do Ca'i-tillinga, signi-
(Velardo) e isto p lrece indicar que ficando maltas seccas, arvoreclo secco.
este homonymo tem alli uma origem i alguem acha se e lranha e ti etymo-
mui differente da do no- o. logia, eu lhe faria observar que não é
Oa'tin~'a (2°), s. m. e f. ava- es,;e o unico exemplo de contracção que
rento, tacanho, mesquinho. II Etym. a corruptela tem i 11 traduzido em mL!itos
Não sei que analogia possa ter e te termo da lingua tupi, o que torna hoje
voc. co~ aquelle que significa, mau ditricil, se não impos ivel, a decomposi-
cheiro, a meno" que figul'adamente ção de muito. nome de que no servi-
se con idere o avarento tão repulsivo mos diariamen te em lhe' conhecermos
como o fedorento, segundo judicio a·· a primitiva ignificação. Entre outros,
mente pensa Macedo Soares. que deixo de lado, ritarei Cutinguiba.
Oa'ting-a (3°), s. f. nome com- Q'lem r!irá, á primeira vista, que Qu-
mum a certa' plantas pertencentes tinguiba é a contracção de YbiJ-cui-
a 'diíIerentes fami lias botanic:ls, e se tinga-t1fba, cnja traducção litteral é
distinguem entre si por denominações loÚ'ar de pó bl'anco de terr.', que so
especificas. Provêm-lhes o nome de resume eUl al'eal ~ Entretanto <1 'sim
cheiro m'lis ou lTlenos forte flue exha- é. Se bem flrmaclo me achava com a
Iam, e algumas h>1. que são de aroma etymologia propo ta, muito mais o fi-
agradavel, como a C"tinga-de-mulata, quei quando tive a occa ião de ler a
que cheira a an í3. obra de Yve: d'Evreux, Voyage dans le
Oa'tinga ( 4° ), s. (. especie de N01'd du Bresil, na qual achei a mais
mattas enfezadas que se e tendem, pelo plena confirmação da minha interpre-
interior do Brazil, desde a parte s - tação. Vejamos o que diz oste escriptol',
ptentrional de Minas-Gemes, Goyaz e tão minucioso na na,rração do' aconte-
sertão da Bahia, até o Maranhão. Longe cimentos que se eO:'ectuaram no Mara-
CATI GAR 43 CAffiXÍ

nhflO, durante o dominio francez:-«En .Oatolé, s. m. (Provs. elo N.)


oe temps la Nation des Tremembai;;;, nome commum a Palmeiras de generos
qui dem ure au deçà. de la mOIl tague de di versos. O catole do Piauhy pertence
Camous"y et don les plaines et sn.bles, ao gen. Cocos (O. Como a)' O de outras
vers la I:<.iviere de Toury, nou guere provincias ao gen. Attalea (A. humilis).
esloignee de arbres secs, sables blancs A esta ultima e peeie tambem chamam
et l'lslette Saincte Anne tlt une sorti indiJIerentementl'l Calole e Pindóba no
inopinee vers la forest oll nicheut les Rio de Janeiro (Glaziou).
oyseaw:; rougel, etc.',,- E mais adiante: Oauába, s. f. (Esp. Santo) nome
- 4: 11s e servent de ce lieu des arbres tupi e guarani da vasilha que cflntém
secs a prendre le Tupinambo comme o cauim. aint-Hilaire ainda, o encon-
00 faict de la ratiere a prendre les trou em uso naquella provincia quando
rat ." - Esta bem oIaro que o illu tre alli e teve em 1818.
capuchinho não se el'viu da expre ão Oauassú, s. m. (pará) palmeira.
arbl'es sec'! para designar essa região do ~enero lIIanicarit;t (M. Sacci{era).
ao oriente do Maranfião, a qual eUe Oauhila, adj. m. e {. sovina,
apenas conhecia de noticia, enão por- avaro, tacanho. II Elym. I!!1Joro a
que limiton- e a verter 1itteralmen te origem deste voc.· recordo-me, po-
parti o francez'o nome de Caa-tininga rém, que na minha infancla ouvi mui-
que lhe davam os aborigen~:, como tas veze usarem d'eUe os Africanos,
tambem em sables blancs o l"bJi'-ctli- dizendo inditrerentemente Cauhila e
tinga, e em Oyseaua; rouges o Guira-pi- catlhira. Na língua. bunda, avarento e
tanga, a formo a ave a que damo hoje se tradu7. por ca-cória (Capallo e 1ve11s).
o nome siDgelo de G1,tarci. Fica, cl'esta Oauhira, adj. 111. e (. o me mo
orte, tão patente á naturalidade da que cauhila.
etymologia pl'OpO ta, qUe nenhuma du- Oauiln, s. m. e pecia de bebida
vida póde mai haver obre a origem preparada com fi mandioca cozida, pi-
da palavra Catinga. Accre centarei ada e posta c m certa quantidade de
apenas que em Goyaz, eg-undo me in- agua, dentro de nm va o, onde a
forma um honrado fazondeiro daquella d"lixalll fermentar. Corre. ponde ao qne
provincia ( Correia de Moraes) dão in- am Alag6a chamam ·G.ltimpuêra e no
dilIerentemente a esse' accidentes f1o- Para Guariba ou Heijú-assÍl. Era o
re~taes o nome de Catingas ou de malta cauim a :ebida predilecta. do selvaO'ens
seccos, e i to prova que a tl'adição tem do Brazil, n0 tempo da de coberta, e
alli conservado a pl'imi tiva significa- ainda hoje é usada na provincia do
ção do vúc. tupi. E. p. Santo a em outl·as. Os selvagens
Catingar, v. intr. exbalar mau preparavam a mas a da mandioCl\ por
cheiro. meio da m, tignção. Tambem o faziam
Catingôso, adj., que exhaIn. com milho cozido e igualmente mas-
mau cheiro. Tambem dizem catingtlento. tigado. egundo uaint-Hilaire, no
Catingueiro, a~j. habitante E 'p. SAnto, o chamavam i!!,ualmente
ou frequenta 101' da mattas a que c11a- cCluciba ; mas cauciba ou caguaba é mais
ll1~m Oali?l.qa (40); Veado catingueil'o ; propriamente o vnso que contém o
bOI catingueiro. cauim. O voc. cauim . e ncoutra no
Cat.inguento, adj. o mesmo Dicc. PO?'!. Era::. O Voc. Era::. es-
que catingõso. creve caôy, e Monto} a Câgil1. ~o Pará
Catininga., s. {. (Pa~'â) o me - dão o lndio iI. aguardente o nome de
mo que Pia;irica. cauim (B. de Jary) ou cauen (Seixa ).
Catíta, s. m. (Pe?'n., Par. do N., O catlim prapnrado com o milho é ,jn. t?--
R. G?·. do N.) Ome mo que Carnttndongo. mente o que chamam Chichaam BohvIa.
II Em outraS accepções, o voc. Catita é Cauixí, . m. (Ama::.) materia
PO~'tuguez, e, como adj., ignifica ca - que no Rio Negro e em outro de agua
qUIlho, peralvilho; e tambem airoso, preta l e agglomera. na raizes das ar-
elegante (fallando <las cousas) : Umas vore ii ml1J'gens de ses rio . O cauia;i
botas catitas (Aulete). a.presenta a fórma da. esponja. e tem
OAVALHADA CEMPASSO

propriedades causticas. Os naturaes Bahia Caa;ireltgue e Gacumbú; em Ser-


utilizam-se das cinza desta materia, gipe Caxerenga ; em Alagoas Caccirenga
misturando-a com o barro, para fabri- e Vac/wenga; em Pern., Par. do N. e R-
carem louça (F. Bernardino). Gr. do N., Qllêcê e Quicê; no Oeara
Oavalháda, s. f. porção de Qmicê; no Maranhão Cicica; no Pará
cavaDos. Quando se trata de eguas, Q'Iicê-acica ou simplesmente Quicê. II
chama-se eguacla; se de mulas, mulada. No sentido figLU'udo, dá-se o nome de
II Em referencia a torneios, usa-se no Cal»il'engtlengue ao homem ou animal
plural: Cavalhadas. rachiti.::o, enfezado. Cousa digna de no-
OavaUariâno, s. m. (Prow. tar-se é que, ao pu ~o que li diversas
do N.) mercador de cavallos. II No Rio regiõe:> do Brazil tenham á porfia ad-
Gr. do S., soldado de cavallaria. optado nomes e pecines para designar
Oavallinho, s. m. (R. G,·. uma faca velha em cabo, con:ilituindo
do 8.) couro curtido de cavallo. II Na de ta sorte uma extensa synonymia,
accepção portugueza, geralmente se- não lia em toda a lin~ua portugueza
guida no Brazil, cavallinh'o não é senão um só vocabulo que 1M seja equiva-
o diminutivo de cavallo. lente. E' facil dar a razão deste facto,
Oavorteiro, adj. (R. ar. do O Caro irenguCltglle , sendo particular-
8., 8. Paulo, Pararod) o mesmo que mente destinado a raspar a mandioca,
Caber'tei·ro. não tem em Portugal a utilidade que
Oavouco, $. m. (Alagôas) o lhe dá tamanha importancia no Brazil.
mesmo que Cí:ivócó. Oaxirí (lO), s. m. (Pal'à) especie de
Oaxa1n"bú, s. m. (Minas Gej'aes) alimento :@reparado com o beiju diluíclo
especie de batuflue de negros ao som em agua (Baena). II Obs. Agostinho
do tambor. E' semelhante ao QuimlJête, ;Toaquim do Cabo, na .JIi[emoria sobre a
com a di1l'erença de que este se exerce mal?dioca ou pão do Bm::it (ms. da
nas povoaçõe. , e aquelle nas fazendas. Bibliotheca Nacional), da o Ca;r;il'j 0\1
Oaxarrela, s. m. (Brihia) o ma- Cachiri do Amazonas, como syn. de Mó-
cho da baleia ( Valle Oabral). cÓI'ÔrÓ.
Oaxerenga, s. f. (8erg.) o mes- Oaxiri (2 0 ), s. m. (R. de Jan.) o
mo que Caxirerlgtlengue. me mo que OawÍj·enquen.que.
Oaxingar, '1). intr. (Piauhy, Oaxixí, a1j. (Alag., Pern., Par.
serttio da Bahia) coxear. elo N., R. 01'. do N., Cea)"â) diz-se da
Oaxingue1É;, s. m. (R. de aguardente de qualidade infel'ior:
Jan.) nome "Vulgar de uma ou mais . N'aquel1a taverna não se vende senão
especie de pequenos mammiferos do ge- aguardente caccil»i,
nero SCiHrtlS, dat ordem dos Roeelores. CaxuJllba, s. (. (R. de JcmJ no-
E' o esquilo do Brazil. ~ Etym. Parece me vulgar da Parotite, inílammação da
ser corrupteJa de Ghit'njangtlete, nome Parótida. 1/ Etym. Não sei donde. nos
que dão cm Angola ao l'sto da:, pa.l- vei u e te voctLbulo. Gel'almen te uSLlm
meiras. II Em S. Paulo e Paraná lhe d'elle no plural, porque s mpreinfiam-
chamam Sêrétêpe e tambem Qtlatiaipe ; mam-se as duas g'lanclulas parotidas
no Maranhão e Paraná Quatiptlrú, e creio (B. de Maceió).
que em Pern. Qucrtimkim. Parece ser o Oayaué, s. m. (VaUe do A11la::.)
mesmo animal a (lue Gal.Jriel Soares palmeira do genero Elaeis (E. meta-
chama Cotimirim. 11ococca) .
Oaxirenga, s. (. (Alag8as) o Oearenl3e, s. c. llt\tl'll'al da
mesmo que Oaccirenguengue. provincia do Cear~L. 1/ Actj. pertenconto,
Oaxirengue, s. m. (BciMa, R. rei ativo áquelJa provincüL.
de Jmt.) o mesmo nome que Cawij'en- O JllpaEl o, s. m. (Cem'ri) me-
{}zlen.que. dida ele snperflcie com cem pagsos em
Oaxirenguengue" S, m. quadro. Deu' cem-passos são dons qm,,-
, (Pro1)$. rfl,/wid. e ll!l.atto-Grosso) faca ve- dt'os. Fiz um roçado com lJ' s cem-
lha sam ,cabo. No /.tio de Jan. tambem passos, isto é, de tt'e quacll'os LI cemt
lhe chamam Cal»iri e Cawirengue ; na passos (.J, Galeno).
CERCADA 45 CHAPEIRÕES

Cercáda, s. m. (RiO ele Jan.) Changueiro, s. m. (R. G!'. elo


o mesmo que Otwral de peiq;e. S.) ca, aUo para pequenus corridas,
Cerrado, s. m. (Goyaz, Matto- parelheiro regular. Valdez cita Chan-
Grosso) especie de matta composta de gttei!'o como termo cuba.no, signifi-
::trvol'eta enfezadas e tortuosas, entre cando gracioso, divertido. Não me
as quaes vegetam gramineas apro- parece que is o nos possa condu-
priadas ao pasto do gado. E' Cerrado zil' á etym. do voc. rio-graudense.
fechado quando as arvores estão mais II Aulete escreveu errada.mente C'ham-
proxima umas das outras, e Ce1'1'aelo qlleiTo.
ralo quando di tam entl'e si, de maneira Ohangüi, s. m. (R: GT. do S.)
a facilitar o tran i to dos animaes. Os usa-se deste vocabulo nas seguintes
OCl'l'uclos occuRam qua i sempre esses locuçãe : Dar ehangüi, ou não dar
tcrr'enos elevados a que chamam tabo- ehangiii, isto é, fazer, ou não concessões
leiro (Cesar. C. da Co ta). ao adversario. E' expres ão mui em-
Chó.cara, s. f. (R. de Jan. e 'Pregada em relação à corridas. Um
provs. mel'id.) e pecie de quintrt nas vi- corredor muitas vezes trata com outro
ziohanç..'ts das cidade. e villa . Na Bahia lillla. corrida, tendo certeza de a perder,
lhe chamam Roça, no Para Rocinha e para depois ganhar uma melhor. Dizem
em PerD .• itio. No R. GI'. do S. esten- a isto dar ehangiii ( . C, Gomes). II Et!Jm.
dem a denominação de Chacam às pe- E' voc. castelhano significando pa-
quenas herdade destinadas á criação lavrorio, palavras em fundamento
de gados. I Etym. Do quichua Ohha- (Valdez).
cra, Sii:;Ditlca.ndo herdadf:l· de cultura, Chapáda, s. f. plallice no alto
granja (ZoIob. Rodrigue). II Valdez de uma moutanha.. I No Maranhão é
e Cl'eve Chacra, e é essa realmente n. qualquet' planice de vegetação rasa,
pron unci;), mais usual. sem arvoredo. II Em Portugal é tambem
Chacareiro, s. m.(R. ele JaI1.) qualquer extensa planice, sem relação
administrador on feitor de uma Chá- nenhuma com as monÍ<mhas. Aulete
Cara. II (R. G!'. do S.) pequeno criadOl' cita a esse respeito a autoridade de
de gado. Latino Coelho, quando se refere prova-
Chacarinha, s. f. pequeDa velmente ao desertos do Sahara. I A
Chacal'a .. ChacanJla. Chaprida dos Brazileiro é um caso par-
Obacaróla, s. f, o mesmo que . ticulal' de topogt'aphia, qu nunca se
ChaCal' i l1ha. . dev confundir com o Pla.l1a.ltO dos Por-
Oh' lana, s. f., pequena em- tuguezes. Si tivessemo , por exemplo,
barcação d fundo chato, la lo l'ectos e de de crever a cidade de Petropolis, di-
prõ,\ e pOpa f\.lientes, empregada no rian~os acertadamente que ella esta si-
trar go do rios ig,\rape (Diec. Mat·. tuada no Planalto centra.! do Brazil;
Bra:; .). II No H.. L1e Jan. e outra fll'ov. mas errariamos, sem duvida, se disse -
lho chamam fJ1'allcha. II E'tym. E' vo- somos que a edificaram em uma Cha.pa-
oul nl0 'a tolha no, ignlllca,ndo bar o da.. I o Planalto de Wlla região podeIll- e
chato para tran ·p.orto,r 111 rcndoria obSOrVI\l' montanhas e erra j a Cha-
(Vn ldez). padct a, pelo contrario, uma. perfeita
Ohall'u."rritu.s. f. (R. G,'. do .) pln.nice, aiuda que d extensão limi-
I~om (l um;\ das vlwiedndos ele ·sc.' tad~\ .
lmil s camvestt' ,a qu hHl1ll'Lm g - hapadão, s. m. chapa ia mni
r!l.lment hlrlclango. xtensa. "
hO,1Uhoqu il.~o Ui, adj. Ohapeádo l s. ?no (R. Or. do S.)
( crg. C Jllag.) 'Immboado, g'ro 'oiro abeçaela g'llarnecida ele prata, no todo
to co: m an 1 cl1allllJoquasro. ma on em parte (Coruja).
pes oa d rei s l1C1ll1õol}ueiJ'(t (.10ão Ohapeirões, s. ?n. pl. nome
Rih ii' , 13. ri Mo i6). I Et!Jm,]]' v . guo têm os reci!' s ii. flor d'agua que
de o1'i . 1'1\ POI"tll'lI za. O'lla1'lleCem a costa ao Oé te do Al.Jro-
h.nl'lg"U ir t . s. 111. (R. GI·. Thos,·deixando entre este um canal de
<lo .) dill1inuitiv tlohctH!luoiro. fncil no,veg·ação. A formação destes re-
CHAPELINA 46 CHIMARRÃO

eifes é summamente fragil e semellJan- mas não e tau longe de preferir a se-
te ::l. grandes chapeus, tle que deri va o gunda, que é com etreito a mais ge-
nom.e (Dicc. Mar. Bras.). ralmente seguida entra nós.
Chapelina, s. f. (Ceara,) especie Charqueação, s. f. (R. Gr.
de chapeu usado pelas mulheres do do S.) acção de preparar o charque.
sertão (J. Galeno). Charqueáda, s. /. (R. Gr.
Chapetão, s. m. (R. Gr. do S.) elo S.) grande estabelecimento em que
sonso, tolo, que se deixa enganar (Ce- se prepara o charque (Coruja).
simbra). II Etym. De Chape, voz al'auca- Charqueador, s. m. (R. Gr.
na (Zorob. ·Rodrigues). do S.) pl'C'prietario de uma char-
Chape-tonáda, s. (. (R. Gr. queada. 1/ Fabricante de charque.
do S.) engano. Pagar ch'.lpetonada é Charquear, 'V. tr. e intr. (R.
sahir-se de modo contrario ao que se Gr. do S.) preparar a carne d<ll rez e
esperava (Cesimbra). della fa.zer charque (Coruja).
Charque, s. tl1o. carne de vacca Charsqueiro, adj. (R. Gr.
salgada, di posta em mantas, qual a. do S.) ql1alificativo do trote largo e
l)reparam, não só na provinr.ia 110 Rio incommodo. Trote chasqueit'o é o que
Gr. do S., como nas republicas plati- no Rio ele Jan. chamam Trote it1glel
nas, e é objecto de avultado commE'r- (Coruja).
cio de exportação e de multo consumo Chá ta, s. f. embarcação de duas
na maior parte das nossas provincias proas, fortemente construida, de fundo
do littoral. Além do Charque salgado, chato e pequeno calatlo. Na guerra
ha tambem O Chm'que ele 'Ve'1to ou antes entre o Brazil e o Paraguay, foram
ca'rne de vento, que é ordinariamente usadas estas embarcações como baterias
preparado com carne de vitella, ou fluctuantes (Dicc. Mat'. Bra;;;.). Ü
de 'vacca propriamente dita., e cujas Etym. E' vocabulo castelhano, cor-
mantas mais delgadas recebem pouco respondendo ao que:em Lisboa cllamaOl
sal, são seccas a sombra, e, sendo de Bateira.
pouca duração, não são expol'tatlos Chicha, s. f. o me3moque Cauim.
( Coruja). Et1lm. Do araucano Chm'qui, Chico-da-ronda, s. m. (R.
e mais originariamente do quichua Gl'. elo S.) nOlDe de uma das variedades
C7Jtarque, signiticando tassalho e ta.m- desses bailes campestres a que cha-
bem secco (Zorob. Rodrigues). II Bem' mamos geralmente Fandango.
que este vocabulo seja geralmepte Chico-puxado, s. m. (R.
conhecido no Brazil, todavia o nome Gr. do S.) nome de uma das varieda~es
do producto varia muito de uma a desses bailes campestres a que chaml1l11
outra região. ~o Rio de Jan. e provs. geralmente Fandango.
adjacentes, assim como no Para, lhe Chiéu, I. 1Ji. V. Xieu.
chamam Ca1'ne-secca; na Bahia Otrfle Chilêna, $. (. (R. Gl·. do S., S.
do se,·tão; em Pern. Can1e do Oem'a ; Pauto, Paranli) espora grande, de haste
Estes tlous ultimos nome3 são tradicio- virada e grandes rosetas, de que usam
naes, desde o tempo em que a Bahia oS cavulleiros. II E/ym. O nome pa--
recebia do sertão, e Pepo. do Ceal'a, a rece indicar que o modelo desta eSl'lecie
carne salgada; que foi mais tarde sub- no' veiu do' Chile.
stituida pelo Chat'que do Rio Gr. do Chi:lnarrão, aelj. (R. Gr. do S.)
S. e Rio da Prata. No Jittoral, ao norte nome que dão ao g'aelo bovino que foge
da Babi~ e em Sergipe, lhe dão mais o para os mattos e nelles vive fóra de
nome de Jabd. O Chewque fabricado no toda a sujeição. Em algumas provín-
interior da Bahia e d'ahi até o Mara- cias do norte chamam-lhe barbatãO. ~
nhão é chamado Can'ne do sol, e é in- Etllm. Corruptela dR cimaron, voca-
comparavelmente mais saboroso que o bulo ela America. hespanhola, com o
importado do sul, mas quasi que o não qua,l se desig'nam não só os escravos fu-
destinam senão'ao consumo local. II Es- gidos, como tambem as plantas silves-
crevendo Charqtle e não Xarqtle, adoptei tres (Valdez). E' certamente no sen-
a orthographia seguida por Coruja; tido de cousa rustica que chamam de
CHIMB~ 47 eICA

eb.imal"l·ão ao mate sem assucar. ~ Nas Ohiripá~ s. m. (R. Gr. cio S.)
colonias francezas se diz man'on tn,nto baéta encarnada que os peães costu-
em relação ao e"crn,vo, como a qualquer mam trazel' ao redol' da cintura (Co-
ani mal dome Uco que foge para o ma,tto ruja). Correspont!.e na fórma à tanga
(00 tn. e Sà), dos africanos, e ájulata dos Guaicuras
Chil:n.bé~ aclj. (R. G1'. do S.) de Matto-Grosso. Devo, porém, fazer
cliz-se do n,uimal que tem o focinho observar que os l)eães do Rio Grande
chato, com o dogues. II Em S. Paulo usam do chiripá sobre as calças; en-
dão o nome de chi/l1,béva à, pe soa que tretanto que os Africanos, os Guai-
tem o nariz p queno e acbatado ii, se- curas e outros aborigen de Matto-
moI hança, daq uelles cães. ~ Ety m. Chim- Gros o set'vem-se aquelles da tanga e
bd é de origem guarani, e Chimbeva e te da}ulata como unica roupa. II
vem do tupi. Este vocabuJo são a Etym. E' voc(l,bulo da Americ(l, hes-
corruptela de Timbe e Timbdba. A mu- panhola (Valdez).
clnnça do eh ou ro em t e ob erva mui- . Oboça - de - cai"titt1, I. I.
tas vezes ne tes dialectos. Em guarani (Ceal"tl) casinLala onde os lavradores
e diz inITerentemente clzipá e'tipa: pobres manipulam a farinha de man-
e eu ouvi mais de uma "Vez no sertão dioca (Aral'ipe Junior).
dizer al'aroicil por al'atieú. ChopiJ:n.~ s. m., passara d0 ge-
OhiJnbéva, adj. (S, Pa1,tlo) o nero Cassic~'s (C. ictel'onotus) notavel
mesmo que chimbe. por seu canto. Varia muito de nome
r
Ohina, s. (R. GI', do S.) mu- vulgar: Chopim no Pa.rana, CI~ico-pl'CtO
lher de raça ahol'ig-ene. I[ (S. Pauto) no Piauhy, Cm'aúna em Pernambuco,
e pllcie de raça bovina onunda talvez Vim-bosta no !-<.io de Janeiro,
da China (B. Homem de Mello). Ohoradinho~ s. m. especie
Ohininha, s, (. m. GJ'. do de toada musical ao som da qual se
S.) joven cabocla, caboclinha a que t!.ança o lunda. E' tambem a nome de
tambem chamam Chindca e Pigtlancha uma das variedades desses bailados
(Oesimbra). Ao. do sexo masr.ulino dão a que chamam samba.
o nome de Pia. Ohucro~ adj. (R. Gl·. do S.)
Ohinóea, S. r (R. G,·. do S.) a bravio, selvagem; [allando dos an!-
mesmo que Chininha. maes. II Fig., bravio, selvagem, in-
Ch.iqueirá, .. m. (E. de Jan.) sociavel. aspero, inurbnllo; fallando
o mesmo que Cltiqu,eil"ad01". dos homens e das crianças estranha-
Ohiqueirador, S. m, (Pl"OVS. nas. " Quanto aos animaes, é quasi
a" N.) especie de chicote campo to de o mesmo que chimarrao. II Etym. E'
um cacete com uma tirade couro torcida contt'acção de chúcaro, palavra de ori-
ou chata, em uma de suas extl'emida- gem peruanro, geralmente usada em
llos. ~ E' o que no Rio de .1an. chamam tod~t <t America Meridional hespa-
Chique irá. nhola (Valdez).
Ohiqueiro, S. m. (Pel·n., ..." )a'I·., Obl.1.rrasco~ s. m. (R. Gr. do
do N., R. Gl·. do N.) o segundo dos S .) pedaco de carn assada nas bra-
compartimentos de um curral de pes- zns" " Etym. E' da America hespa-
caria, d'onde não póde mais sahir o nhola (Valdez). ~ apello e Ivens
peixe Ç]ue lá entrou. ~ Tapagem que se e crevem Cltumsco, e usam delle como
faz em um riacho para impedir que de um termo vulgar na Africa.
Qor eUe desça o I eixe tinguijado. II (Rio Ohl.1.rrasquear~ v. intl". (R.
Gl". elo S., e tambem nas prov. do N., Gr. do S.) Preparar o churrasco e
onde se C~tlti'l)a a industria pecual'ia) pe- comeI-o. II Por extensão se applica o
queno curral para bezerros, geral- verbo chw'rasquear a qualquer comid8. :
mente construido ao lado do das vac- Vamos churra quear (Cesimbra).
cas, Serve tambem para ovelhas e ca- Oica, s. f. (R. de Jan.) especie
bras. II Com a significação portugueza de adstringencia particular a certa.s
de possilg'a, é termo geralmente em- .fructas, e em geral áquellas que não
pregado no Brazil, estão perfeitamente maduras, d'onde
CICicA 48 CIPOAL

resulta causar um certo travo a quem Oinchão, s. m. (R. Gr. do S.)


a come. Corresponde ao que em P01'- cinta larga de tecido e fl'anja, que sub-
tugal chamam rascancill, em relação stitue a sobrecincha, e sõ se usa em
ao vinho mui carregado de tan rti no : arreio mai decentes (Corujólo).
O cajú seria a melhor das fructas. se Oinchar, '\l. tr. (R. Gl·. do S.)
não tivesse tanta eiea. A goiaba ter o animal preso pelo lal}o, e este
verde te~ cíea. II Etym. Creio que preso á cincha (Coruja).
vira de, Ye!.íea, nome tupi da resina. Ointo, s, m. (Perl'l., Pal·. do N.,
Ojc:Lca, s. f. (Marcmhüo) o mesmo R. Gr. do N.) especie de bolsu. comprida
que eaa;i1·ellgHMgue. e estreita ['eita de tecido de malhas com
Oidade, s. f. vasto formigueiro fio de a.lgod~o, que os viajantes :ltam
de Saúbas, 'Composto de diversos aloja- na cintura, ora por cima e ora por
mentos, a que chamam pal1eUas. baixo da roupa, e tam bem o trftzem a
OHh- o, aclJ. (R. Gr. do S.) tiracollo. E' aberta na duas extremi-
assim se chama o cavallo que tem o. dades, e cada qmu. dessas bocca é guar-
espinhaço encurvado no meio, isto é, necida de cordões que servem não
no logar em que se poem os arreios mais sómen·te para apertai-as, como para
baixo que a anca e as cruzes ( Coruja ). prender o ein!o ao corpo. Usam delle
II E' o que em Portugal, e tambem em para conduzir dinheiro j e para melhor
varias provincias do Brazil, cbamam accommodal-o, costumn.m dividil-o em
cavallosellado. II (Portugal) s. m:cillla duas partes iguaes, por meio de um
grande. arrrocbo na parte média (Meir:l). II
Oincêrro, s. f. (R. Gr. do S. Corre, ponde quasi ao que no Rio Gr. do
Paral1a, S. Pa~tlo, GfJyaz, llIinas-Ge- S. cha.mam Guaidca.
1'aes, Matto-Grosso) campainha gran- Ointo-de-couro, s. m. (R.
de, que se pendura ao pescoço da egua- G,'. do S.) meio que se emrrega em
madrinha, úu da besta que serve de viagem para impedir a ['uga de um
guia ás outras. II Et!Jm. Do castelhano preso. Consiste em uma cinta larga de
eeneerro. couro crú em cujas extremidades ha
Oincha, s. f. (R. GI·. do S.) es- ilhõs, por onde se aperta, com tiras de
pecie de cilha ou cinta, que serve para. couro, pelas costas. á semelhança. do'
apertar os arreios de um cavallo enGi- espartilhos de senhoras; e tem presi-
lhado. Compõe- 'e do t1'avessüo que se lhas nos lados para ligar ao corpo os
colloc[\, no lugar em que tem de sen- braços elo paciente (Coru,ia). !I Nas Ala-
tar-se o, cavalleiro ; ba1Tig tteim, que, gôas chamam a isso Colete de eotwo (B.
pre a ao travessão, cinge o cavli.llo de Maceiõ).
pelo lado da barriga; quatro al'golas Oip6, s. m. nome commum as
nas duas extremidades do travessão diversas especies de plantas sarmen-
e ,nas duas da barrigueira; láte.r;o, tosas e trepadeiras, e particularmente
qúe, preso a uma das argolas do tra- ás que se empregam a guisa de cordel
vessão, o une a ar0-0la da barrigueira, ou barbante para amarrar entre si
apertando; e sobrelátego, que preude a quaesquer objectos. Com ello tambem
barrigueira ao traves ão pelo lado op- se fazem cestos. Na construcção das
posto, por meio das duas argola (Co- chonpanas, erve igualmente para ligar
ruja). II Etym. E' vocabulo castelba,no, umas às outras as dilIorentes'11eças de
que se traduz em portuguez por eil1Ul,. madeil'U, donde rllsultlL dizer-se que
Oinchadôr, s. m. (R. Gr. do o Oipó e o prego do pobre. II Ety m.
\ S.) peça de ferro ou couro presa. a cin- Deriva-se do tupi i~eipó (Voe. Bm,::.).
cha, com uma argola, na qual se prende Oipoáda, s. (. golpe dado com
a extremidade do laço opposta a outra o cipó; chicotada.
extremidade que tem uma argola. A Oipoal, s. ?no matto abundante
parte do laço que prende o :1l1imal tem de cipõs e tão enredados que difT:lcul-
:na ponta uma argola com que se forma tam o transito. II Fig. Negocio intri-
a luçaela; a outra,' que se prende ag cado em que alguem se metteu, sem
Cil1ehaclor, não a tem ( Coruja). mais saber como delle poderá sahir.
crpOAR 49 COIVÁRA

Cipoar, ll. tI". açoutar com cipó. E' ,ocabulo e trangeiro, talvez afri-
Ciscar, v. intr. (par. do N., R. cano ou asiatico.
Gr. do rv., CeaI"Ci) e torcer-se no chão, Côco (2°), s. m. especie de vasilba
apoí\ um gol pe, ou na vasca da feita. do endocarpo do Cóco da Ba,hia, no
morte. II (Alagoa) arredar, revolver o qual e embebe, perto da bocca, um
ci co e palhal-o, como o fazem as cabo torneado. erve para tirar agua
gallinh IS, principalmente as que têm d03 potes. Por exteu ão, dá- e o mes-
pinto", com o fim de de cobrirem in- mo nome a va ilhas analogas feitas de
ectos e vermes. Outro tanto se diz do metlü ou de outra qualquer materia :
certa cobras que limpam o ter'reno m Coco de pr::tta, de cobre, de folha
para deporem o tilho em local de em- de Flandres, de madeira, etc.
baraçado (B. de 1uceió). II Mames men- Côco-de-ca.-tar:rho, s. ?no
ciona cisem', v. tl"., como termo de ( R. de Jan.) o mesmo que llIacahuba.
aO'ricultura significando« alimpar a Côco-inchádo, s. m. (Cea1"ci)
terra, que se vai arar, do::> gL'aveto e nome de uma certa dança popular.
ramos qne o fogo não queimou » e figu- vocoróte, S. m. 0.1,1'010, panca-
radamente « cisem' a. terra de ladl'óes- dinha que se dá na o.'tbeça ele alguem
zinhos » j e mai aindet ci cW'-se, v. pr., com o nó dos dedo. II Etym. Como
termo chulo, «fugir orrateiralUente, e3sa pancadinha. se dá ordinariamente
furtar-se, escapulir- e.» ~obre o cocoruto ela cabeça, nascerá
Cisqueiro, s. m. ciscalhagemj dahi talvez o no so vocabulo.
Jogar onde e accumula o cisco. Cocu~bi, s. m. (provs. merid.)
aI i na., s. {. (R. Gr·. elo S.) crina. e. pecie de dança festival propria dos
II E vocltlJulo castelhano; ma tal11- Africano . II Tambem se diz Cucwnbi.
b m assim o pronunciavam an tigoa- Oodório, S. m. góle de vinho
lTI'3n to 0111 Portugü.l. ou de aguardente: De quando em quan-
Coandú. V. QHOHdil. do toma meu criado o, eu codório. II
Coberta, s. f'. (Para) embar- E/ym. Do latim Qtlod 01'e.
cação de dua tolda' de madeira, urna Côfo, S. m. especie de cesto oblongo
avante e outra a ré. Armam-as a de bocc.a e treita, onde os pescadores ar-
hiate e htmbem a escuna. r8::'adam o peb::e, camarõe e outros ma-
Cóbócó, s. ?no (BaAia) o me mo riscos. E' o Ulesmo ou quasi o mesmo
que Cóvóco. que o Sambtu"d, pelo meno quanto à.
Cocáda S. f. doce secco divi- serventia. I No Rio.de Jan. dão tambem
dido em talhada, feito de coco ra- o nome de cOto ao tipiti comprido.
lado e a sucar branco. II Coctida pua;a Cog;otUho, s. m. (R. GI'. do
(Bahia) é a J11esma COCMa preparada, S.) nome que dão ás crinas do cavallo
porém, com as ucar mascava ou tosadas, de maneira que, nas cruzes e
melnço, e LIa consi tencia da alféloa. entre as orelhas, ficam mais curtas que
Côcho, S. m. especie de vasilha no meio, pal'a anele se vão elevando
oblonga feita ordinariamente de uma regularmente de um e.. outro lado.
só peça ele madeira e tambem de ta- A sim to adas as crinas, de ordinario
boa', onde se põe agua ou comida se deixam j un to às cruzes algumas
para o gado. E' o que em Portugal compridas para segurança do caval-
chamam gamêllo. II Em l\1atto-Grosso leiro. II Etym. Deriva-se de Cogóte (Co-
é nma e'pecie de viola grosseira (Fer- ruja).
reiro. Moutinho). Coidarú, s. m. (pa?'d) o mesmo
Côco (10), s. ?n., nome com que que Cuidaru.
se designa geralmente a fructa de qual- Coi-té, s. m. (2"'01/S. do N.) o
quer especie de Palmeira, quer indí- mesmo que Cuitli.
gena, quer exotico., acompanhando-o Ooh'ára, s. f. lilha. de ra-
empre de um epitbeto especifico: magens a que se põe fogo nos roçados,
Coco da Bahia (Cocos nUCirel"a); Coco jJara desembaraçar o terreno e emeal-o.
de dendê (Elaeis .tJuineerlSis); Coco de Um roçado consto. sempre de numerosa's
catarrho (Acl'ocomia sp .), etc. II Etym. coi varas, e estas se fazem em seg'uida
DICC. DE Voe. 4
COIVARAR 50 COPIAR

á queimada geral, a que se sujeitou a Co:r:n.p6rtas, S. f. plw·. (Ba-


matta depois da derrubada do arvo- hia,Pe1'l~.) artificias de que se serve
redo. I, Etym. E' vocabul0 de origem um pretendente _ para III inuar-se,
-tupí. introduzir-se. Quando se diz que
Ooivarar, v. tr. formar nos um individuo é cheio de compórtas,
roçados essas pilhas de ramagens a que equrvale i so a dizer que tem muita
se chama coivaras. Tambem se diz lftbia, muito geito para captar a con-
IJncoivarat" . fiança daquelle a quem se dirige. com
061a, S. f. (R. Gr. do S.) cauda a Í1l tençl10 de commovel-o. II Ety m.
dos animaes. Etym. E' vocabulo ca- Tem talvez a sua origem no v. pt·.
telhano. Na lingua portllgueza é neste comportar-se.
sentido antiquaao, entretanto que o Cong-onha, S. f. nome vulgar
empregam a~nda nas seguintes phrases: da Itere paraguariensis, arvore do
- Ir na cola de alguem, seguil-o de Brazil e do Paraguay, com cujas fo-
perto. Andar na cola de alguem, es- lhas se fabrica o Mate. II Por antono-
preitar os actos de outrem, de quem masia tambem lhe chamam He1'va. II
se desconfia. Cumpre advertir que ha outras plantas
Colête-de-couro, s. m. (Ala- a que dão tambem o nome ele Congo-
goas) o mesmo que Cinto-de-cow"o. nha, pel'tencente umas ao genero
Colhéra, s. f. (R. Gr. do S.) llere. e algumas a l5eneros e família,
nome que dão ao ajoujo por meio do diversas. II Etym. E' vocabulo de ori-
qual sejungem dous animaes eutre si. gem tnpí. Os Guarltnis do Paragllay
Consta de uma corda ou tira de couro lhe chamavam Côgôi.
crú, a qual em cada urna das extre- Congonhar, v. intr. (R. Gr.
midades tem o anilho, especie de coPeira, do S.) tomar mate, bebida feita com a
que envolve o pescoço do animal e se congonha: Vamos congonJtat', emCluanto
prende por um botão. II E1ym. Do não cheg'am os companheil'os. II Tam-
castelhano Colléra, significanua Cadeia bem dizem matear (A ulete).
dos forçallos das galés (Valdez). Contra-buzina, s. f. (R.
Oolla, s. f. leitura ou copia da Gr, do S.) V. BtIZina..
lição ou ponto de exame a que tem de Contrapontear, v. ti'. (R .
. responder o estudante, principalmente G?'. do S.) contrariar, contradizer,
nas provas escriptas, sobre materia que causa.r a.llorrecimento na discussão:
deveria conhecer, sem essa leitura Não me contt'aponteie (Cesimbra.).
clandestina: II Etym. Deriva-se do verbo
collar, na supposição de que o estudar.te C6pas, s. (. plur. (R. GI·. do S.)
se serve desse meio, para fazer adherir . chapas redondas e convexas, de prata,
ao seu livro as notas que lhe são uteis. as quaes se poem nas dlla extremidades
Colorádo, adj. (R. Gr. do S.) do boccal do feaio campeiro. O que tem
vermelho. II Etym. E' vocabulo cas- essa guarnição é chamado freio de
telhano que se applica aos caval10s de copas (Coruja).
pello avermelhado, assim como a outros Copiá, s. ?no (algumas pt'ov. do
objectos, como, por exemplo, baeta N.) o mesmo que oopia,".
colorada, por baeta encarnada (Coruja). Copiar, S. m. (Pem. Ceara,
Co:r:n.boieiro, S. ?no (Alagoas, Para) varanda, a.lpenelle. II Na Par.
piauhy, Ceara) conductor de um com- elo N., significa. sala (Maira). " No Rio
bOfO. ele Jan., é o nome que, nos telhados
Co:r:n.boio, s. m. (provs. do N.) de quatro aguas, se clã aos telhados
especie de caravana composta de be,,'ias lateraes. E' o que em lillguagem por-
de cargà, para o transporte de mer- tug'ueza se ahama tacaniça. " Nos ser-
cadorias, e a que nas provincias rne- tões do Norte se lJrOnuncia mais COIU-
riclionaes chamam Tropa: II Em Matto- mLl1llmente Copia. ~ O Dicc. Porto Bl"a::,
Gvosso, Minas-Geraes e Goyaz, dava-se traduz varanda em Copidra, e nessa
o nome de Comboio a uma leva de Afri- forma é tambem usado este vocabulo_
canos boçaes. II Etym. E' de origem tupi.
COPIÁRA 51 COSCÓS

Oopiára~ s. m.· o mesmo que assucar, correm os balcões, em que se


Copiar. expõe o a.sucar ao sol. Âulete não
Oorá~ s. m. (R. de Jan., Minas menciona este vocabulo, nem em uma,
Gemes) o me mo que Canjica (2°). nem em outra accepção.
Ooração~ s. m. (R. de Jan.) o Oorredôr~ s. 'I1L (R. Gr. do
mesmo que Varanda. S.) jockey, individuo que cavalga nas
Oordeadôr~s. m. (Pern., Par. corridas (Cesimbra.).
do N.) O mesmo que Arn,adôr. Oorrído~ s. m. (Minas-Geraes)
Oordiana~ s. f. (n. G,·. do S.) especie de cascalho.
e pecie de gaita de que u am os cam- OorriD1.b6que~ s. m. (Ala-
ponezes (Cesimbra). II Etym. E' cor- .r;aas) o mesmo que cOl·nimbóque.
ruptela de Acordium, nome que nas Oorrução~ s. f. o mesmo que
republicas platinas dão a gaita de Macitlo. II EtYln_ Parece ser méra al-
folies ( . C. Gome ). teração de corrupção.
Ooréra~ s. f. (Valle do Ama.::-) Oorrupixél~ s. m. (Bahia)
o mesmlJ que On,(ei1'a (10). in trumento de colhêr fructas, e so-
Oornear~ v. tI'. (R. Gr. do J bretudo as mane-as e outras que, es-
escornar, marrar, ferir com os chifre. tando madura, uespregam·se ao mais
~ O u o deste termo não é admittido ligeiro con tacto. Con i te em uma
na sociedade polida. Lon!3'a vl1ra, em cuja extremidade su-
Oornêta~ a,lj. (R. 01'. do S.) perIOr se adapta um acco, com a bocca
diz-se do boi ou vacca a que falta um guarnecida de um circulo de t..'tquara,
dos chift'es (Coruja). II Aulete men- cipó ou arame, onde ca,i n. fructa, sem
ciona e te voca,bulo, em le ignal' a se Illng'uar (Aragão).
pl'ocedencia. Sendo sua definição a Oórta-jáca~ s. m. (Minas-Ge-
mesma que ll1e dá Coruja, podemos l-aes, Para) especie de dansa sapa-
pensar que houve descuido da ua tea.da.
parte, em não indicai-a como termo Oorteleiro~ s. llh (Serg.) boi
brazileiro, sal vo e é tam bem u ual manso, que vem sempre ao curral,
em Portugal. por opposição ao boi barbatc1o, que é
OornÍJ:n.b6que~ s. m. (pl'OVS. amontado (S. Roméro). ~ Etym. Tem
do N".) ponta de chil'l'e de boi servinclo sua origem no radical cdrte, lermo
de caixa de tabaco em pó. II Em Ala- portu"'uez significando pàteo, curral,
goas dizem Corl"imbóque e Tal'óque, casa âestina.da a habitação de animaes
sendo tambem este ultimo tisual em domesticas.
Sergipe. Oortiço, s. m. edificio construido
Ooróca~ adj. m. e (. adoentado. com ú fim de dar accommodação inde-
II Applica-se mais particularmente ás pendente a grande numero de familias
pessoas ido" s: Um velh cordoa; uma. da classe pobre. Seu nome provém da
velha cordca. II s. m. e f., pesso L f1nalogia de semelhantes estabeleci-
adoentada: AqueHe cordca expõe-se ás mentos com os cortiços de abelhas.
intemperies, como se gozasse de plena " Em Portugal, além de synonymo de
saude. colmêa, dá-se figuradamente o nome
Oorredeira~ s. f. parte do de cortiço a uma pequena casa habi-
um rio na qual, por causa de uma tada por Illuit.'l. gente (Aulete). Este
ditrerença de nivel, adquirem a.s a~uas antor e en&,ana quando relativamente
uma rapidez extraordinl1ria, impedllldo ao Brazil etil. ao cúrtiço a significação
ou, pelo menos, difficultaodo o transito de pil.teo.
de canoas, e expondo-as a perig,).;. E' Oosc6s~ s. f. (R. Gr. do S.)
o que os l'rancezes chamam W~ mpide. roseta de ferro, que se costuma pôT no
No rio ltapicuru, no Maranhão, dão á meio tio boccado do freio campeiro,
cOl'redeira o nomo do cachoeira. Mo- para fazer bullla à proporção do mo-
raes dá á cOl'redeira outrn. significaÇ<\o. vimento da língua do caVl1l1o. II Etym.
Segundo eUe, as corredeiras são o" Alteração do castelhano Ooscoja (Co-
ban.õos soure os quaes, nos eng'enhos de ruja) .
C6STA 52 CRDEIRA

Oósta, s. f. (R. Gr. do S.) mar- caval1eiro. II Etym. Do castelhano Co-


gem, não só do mar, como de um rio: jillillo, pequeno coxim.
Acam pámos na costa do rio Camaqucl.n . Cral.í.no, adj, (R. Gr. do S.) o
Coste~...r, v. tI'. (R. G,·. do S.) cos- me mo que cara imo ,
tear o gado é arrebanhaI-o, de qna.ndo Criouláda, s. f. porção de
em quando, a. pequeno illterval10 , não crioulos: Em eu testamento, declarou
só para impedir que se di~per-e, como o commendador livre sU,\ numerosa
para acostumal-o a reunir-se em certos cl'ioulàda,
e determinados pontos da fa,zendu, aos Crioulo, a, S. e adj. negro nas-
quae clJamam l·odeios. IIl'ías provincias cido no Brazil. II Pessoa, animal Ou ve-
do norte dizem vaqueja,·. II Obs. Em getai nascidos em certa e determinada,
portuguez, o verbo costem' refere-se <1, localidade: Eu sou crioulo desta f1'e-
nave&,ução que se ex.ecuta nas proxi- guezia. Tenho du~ vaccas criottlas e
midaaes da costa. um boi mineiro. A can na C1'ioula é a.
Costêio, s. m. (R. G,·. do S.) qne e cultiva.va DO Bl'azil, anles ela
acto de co teàr o gado, introducçl'í.o da. de C;1yenna. II Obs. Os
, Costilhar, s. m. (R. Gl'. do S .) Franceze dão o nomtl ele crdole e os
conjuncto de co tellai, ou parte elo Hespanhoes o de m"iollo ao fi lho de Eu-
corpo em que eiitão situadas. I E/ym. ropeo nascido na colonias.
Do ca telhano Costitlar. Crneira (l°), s. f. fmgmentos
Cotréa, s. (. (Serr;.) o mesmo da mnndioca ralada, que não pas-am
que Manclu)'(Jba, pelas ma,lhas da peneira, onde e a[Jul"1
Coucêiro, adj. (R. Gr. do .) a mas a, para ir cozer no forno o con-
couceador·. Diz-se i so dos animaes acos- vertel-a em farinha (V. de SOUZ,\ Fon-
tllmac!os Ui dar couces. tes). I Em •. Paulo lhe chamam Qui-
Couráça" s. m. (Serg.) Vesti. rrh"a. II Em alguma. fazenda elo Rio
men t~ de couro usada pelos sertanejos ele .Taneil'o, dizem tambem Cantera,
(João Ribeiro). C rud,'a, C ruBra (Macedo Soare). ~
Courear, v. tI'. (R. Gr. elo S.) No Pará dão-lhe o nome de Crueim
extrahir o couro de um animal (Corllja), (B. de Jar.y), e mais os de CUi'uêra,
Cóva-de-lll.andióca, S. f. C II l"l.leira e C ""l"era, sendo e~ta ullima
( R. de Jan. e O.U/l'as pl'01JS. mel·id. ) forma a mai geralmente usada (J. Vo-
o l11e~mo que llIaiombo. ritisimo). II E/YIn. Não olJstante a sua
COTanca, S. r. (R. ele 'Jan.) feição porlugueza, CI';;ei'ra não é mais
terreno cercado de morros com entrada elo quo a corJ'uptela d CUl'tu!ra da lin-
natural de um só lado. I E' orclinaria- gua tupi, -igniticanJo alimpadul'as do
men te o extremo ele um vaUe ou joeiraelo ; e se elecompõe em C m'll.ba =
varzea, CUI'Ú, pedaço, e Hera, forma do prete-
Cóvócó, s. m. - ( Pern.) c:wflil'O rito, que, ne te C.\50, significa abando-
ou levada, por onde despeja a a"'ua nado, desprezado, 'em serventia parn.
que ahe dos cubos das rodas do en- aquillo a que se destina a mamlióca ra-
g-enhos de moer cannas de assucar, e Iada. j cm uma palavra, refuo'o. Quando,
por elte sahe a rio ou baixa (Moraes). porém, os Tupinambàs e r feriam ao
II a Bahia dizem Cabócó e Cóbdco, e farelo e tudo o que fica da farinlm pe-
em Alagó1 Cavouco. neiraLla., d;wam-lhe o nome de Mindd-
Coxílha, S. f, ( R. Gl'. do S.) ex- curudra (Voc. Bm;;.) e os Uuarani,; o
ten a e prolongada lomba ou lombada, de MyndoCUl'e (Montoya). A CUnil"a
cuja, vegetaçlio consiste em her,as de do Parit. é uma ligeira alteração do
pastagem. Quando a' coa;ilhas se suc- Conira do dialeto do Norte, ignificun-
aedem parallelamente um'as ás outras, do Cal' lagem, farelo, ap, rus ( Dicc.
tomam essas pastagens o nome de POI"t. Braz. ). II Obs. A Crueil'a serve
campo dobl·ado. o1'dinariame~te ele pasto á criações.
Coxinílho, s. 1n.:(R. Gr. do S.) No Parit. fazem-a tambem seccar ao
teciqo de lã tinto de preto, que se põe sol, e com ella preparam um mingdtt
sobre os a.rreios, para commodo do grosseiro ( B. de Jary).
CR ÊIRA 53 CffiAMBUCA

Cruêira (2°), s. f. (Pera.) Cuêra, s. f. (R. Gl'. do S.) o


especie de tumor secco que ataca a ca- mesmo que Unheiro.
beça das galliqhas. II Etym. 'ão sen- Cuêrúclo, adj. (R. Gr. elo S.)
tia natural que esta pahvra tenha, a que oITre da cuêra. V. Unhei1'a.
rue ma origem que o eu ho01on)01o Cuia, S. f. e pecie da'vasilha feita
anterior, e licito pensar que ej.l. a cor- da fl'ucta Cuita. Partida ao meio no
ruptela tie Caruâra. sentido longitucl.inal da cada fructa
Cruéra, s. f. (R. de Jan.) o duas cuia . A Cuia é applicada a di-
mesmo que Cruei,'a (I0). versos usos. Nas roças, serviam-se deIla
Cruêra, s. f'. (R. de Jan.) os escravos, e serve-o o a gente pohre
o me mo q ne C I'twi1'a (1°). tanto a guisa de prato para a comida,
CI'uzáclo, s. ?no quantia de di- como de tigella ou copo para agua e ou-
nheiro i"'ul'JI tallto em Portugal como tl'O liquidas. Nas mesas, ainda mesmo
no Brazil, fi. 400 reis. E!':ll\1atto-Gro so da ps soas abastada , figuram as Ottias
o Cruzado é igual a 720·réis. como prato' para fal·inha.-de mandióca
Cuandú. V. Quanelz't. ou de milho; mas neste caso são ordi-
Cuatá. V. Quatâ. nariamente preparadas com primorosa
Cuatí. V. Quatí. esculptura e envernizada, quaes as
Cúba, s. ll/, (Pom.) indií'iduo fazem no Pará. A palavra C"ia tambem
poderoso, influente, atilado, matreil'O : e applica a toda e qualquer va ilhll,
Se quel'e., obter o emprego que desejas, que tem a forma e a see,entia da Cuia
dirige-te ao commendador, que . o natural; assim poi , ha a Cuia de prata,
Ci/ba desta comarca. Quizeram Hlu- ele madeira, de tartaruga, etc. II No
dil-o ; ma. elle se houve como um per- R. Gr. do S. e Paraná, ct CLlia a o vaso
feito Cieba. II Em Mina -Geraes diwm que serve pn.ra tomar o mate, e con-
Ouêbas, e em S. 1aula 111 ancuêbel. II Em si te em uma c2.bacinha. especial cha-
portuguez, Cuba e uma va ilha g'\'ande, mada 1'01'0ngo, em cujo bújo, na parte
que. erve para varias u"os indu triae . superior, se pratica uma abertura cil'-
Cúca (l°), s. t. fazer Cuca 011 cular, por onde se introduz a hel'va
Cucas, a procurar metier medo as mato e ti. agua quente, e em eguida a
crianças: Si continna a chorar, cha- bomba, pOl' meio da qual se chupa o
marei a onça para que te coma. Pro- liquido. II Em Pero. e outra provo do
curei convencer meu vizinho do perigo '. dava- e o nome de Guia a uma me-
,1. que se expuuha e pel'"isti se na sua dida de capacidade equivalente a 1/ S2 do
tentativa; mas elle me di 'se que não alqueire. 'o eará chamam Ouia de vela
ti nha metia de Cucas. II MOl'aes m n- a uma concha de pau com a qual e
ciona côco no me mo sentido. A.ulete molht~ a vela. II Etym. O vocabulo Cuia
ualla diz a trd respeito. pel'tence ã Iingua tupi. Montoya, men-
Cúml. (20), s. (. (Pem .., Ala,q~a~) cionando o nome de diver'as vasilhas
mulhel' velha e feIa, espeCle di elli- que os Q'uaranis faziam com a cabaça,
ceira, que pMe com seus 'ortilegio' cita 'tacut com a significação de calabaço
cau ar males a gente (8. de Maceió). como l'Zato grande. De todos os termo
Tam bem lhe chamam cOl'lJca, otlJ'uca e por elle apontados, é e te o uuico que
cllrumba. mai se a semelha à nos a Otlia.
Ouc4arra, s. f. (R. Gr. elo .) OUiall'l.búca .. s. f. vaso feito ue
colher de chifrp. de que u am no campo. cabaça, com uma abertura circular na
II Etym. E' voc, bulo castelhano. fi parte uperior, e serve principalmente
Tambem a sim se chal1!a um do tres para conter agna e outros liquidas.
modos de pialar (Coruja). Em alguma' provincias do Norte, em-
CUCUD1bí, S. ?no (p)'ovs. mel·id.) pregam para is o a fl'ucta de uma es-
o me mo que cocumbi. pecie de Lagenal'ia, e esta é de forma
Cuêbas, S. ?no (1l!inas-Gel'aes) o comprida e estrei1.'1.. No Para e ou-
mesmo que cuba. tras provincia servem- e para isto
Cuê-pucha! int. (R. GI'. elo S.) da fI'ucta ela cuieira 011 cuitezeira.. ~
o mesmo que Eh-pucha! Por metaplasmo lhe chamam tambem
CUIDARÚ 54 CURABÍ

Oumbúca, e é esse o termo usado nas O,m20 de diametro, que e de envolvem


provs. merid., bem que eu o tive se nas raizes horizontaes do Imbuzeíro.
ouvido tambem DO Piauhy. Na estação calmos1 qu tndo mais e
Cuidarú, s. f. (Para) especie de faz sentir a fal ta, de agua., são as Cuncas
clava de lm,ia de comprimento, chata, o refrigerio dos vaqueiros e caçadore ,
esquinada, de cinco centimetros de lar- que com ell: s matam a sêde. Chu-
gura e mais grossa em uma das extre- pam-as como se fuz com a canna de
midades, e da qual usam certas hordas as ucar (P. Nogueira).
de selvagelJS do Para. " Tambem dizem Cunhân, s· f. (VaUe do Ama~.)
CoidarÚ. II E' semelhante a Tamal,âl1a. nome que dão ás meninas de raça abori-
Cuieira, s. {. o mesmo que Cui- gene. II Tambem e mais apropriada-
tézeij'a. mente dizem CUllhantaim." Etym. São
CuÍIn, s. m. alimpaduras do arroz vocabulos tupis significando, o I ri-
(Costa Rubim). II Etym. Do tupi Cu~, meiro, mulher, e o segundo, menina. II
que significa pó. No Piauhy, no tempo em que lá me
Cuit.é, s. {. fructa da Cuieira ou achei, e !la di 80 mais de meio eculo,
Cuitézeira. empregavam o vocabulo Cunhdn em
Cuit.ézeira, s. m. arvoreta do sentido depreciativu para com a' mu-
genero Crescentia (C. cujete) lIa familia lbere daquella raça.
das Bignoniaceas, de cujas fructas se Cunhant. liIn, S. r. (yalle do
fazem as cuias. Tambem lhe chamam Amaz.) o mesmo que OUllhúll.
Ouieira. " Etym. E' vocabulo de origerr: CupiIn (l0), S. m. nome commum
tupi. a todas as especies de Termitas. II
CujubiIn, s. m. (Valle do Ama- Etym. Do tupi Cupii, e as im lhe cha-
.;onas) gallinacea elo genero Penelope mavam tambem os Guarani' do PaJ'a-
(P. Cumanensis, Jacq. ex Martius). guay. Esta denominaç.'i.o vulgar é muito
II Etym. E' provavelmente voc. do mais acceitavel do que a ele formiga
d'ialecto tupi do Amazonas. branca, que lhes dão na Europa. Bem
CUInariIn, s. m. pimenta do ge- que as Termitas tenham, pelos seu ha-
nero Capsic~lm (C. (rutescens) da fa- bitas, uma certa anologi,l com as For-
milia das Solaneas. I Etym. E' voca- migas, é, entretanto, sabido que na
bulo tupi (G. Soares). classe dos insectos pertencem a ordells
CUOlarú, s. m. (Yulle do Ama~,) difl'erente3.
nome vulgar da Dipteria;· odorata, CupiIn (2°), S. m. babitação de
grande arvore' de construcção civil e insectos do mesmo nome, tendo ora a
naval, pertencente á familia das Le- fórma de monticulos arredondados, e
guminosas, notavel sobretudo pela sua ora a ele cones de dons e mais me-
semente (l·romatica. Tambem proa lln- tro" de flltUl'a. Este mesmo nome se
ciam Cumbaru. extende ás habitações qne fazem nas
CUInbarú, s. m. (Valle do arvores. Tambem lh cham, lU Oupin-
Ama•.) o mesmo que Cumarú. zeiro.
Cumbúca, s. {. o mesmo que CupiIn (3°), S. '/?I. (pia?ihy e
Ouiambúca. outras provs. do N.) llCme que dão ao
CU:nl.búco, a, adj. (provs. do toutiço lias touros, peln. semelhança que
N.) diz-se do animal vaCCllm, cujos têm com esse pequenos mail les de terra
chifres, na curva que descrevem, ficam que COII troem os cupins para a sua
com as pontas voltadas uma para a halJitação, já no chão, e já nos rn.mos
outra: Um uoi cumbúco. Uma vaccll. das arvores (J. Coriolano).
cumbuca. Tambem se diz que um boi ou Cupinzeiro, s. m. o mesmo
uma vacca tem neste caso chifres C111n- que Cupim (2°).
bucos (J. Coriolano). II Obs. E,-,te auctor Cupixáua, s. r (Valleclo Ama~.)
escreveu combuco; mas !;lU me cinjo á o mesmo que Capia;àba.
pronUncia na orthographitt que adopto. Curabí, s. m. (Para) pequena
Cunca, s. r (Ceara) especie de seUa hervada, de que usam os sel-
tuberculos sumarentos com cerca de vagens dos sertões.
CURÁU 55 CURURú

Ouráu (l0), s. m. (MattO-GI'OSSO, em linha recta, e é por eUa que o peixe


S. Paulo) O me mo que Canjica (2°). caminha até entrar na varanda ou co-
Ouráu (2°), s. ?no (Serg.) o me mo ração, donde pa sa para o segundo e
que Caipira. terceiro compartimento. II Ao Curral de
Ourêra" S. f. (Pará, Amaz.) o peillle tambem chamam Cercada.
mesmo que Crueira. OurrulD.bá" s. m. (Pern.) o
Ourí" S. m. (Para) e pecie de me mo que Sambongo.
argila de tingir, que se encontra em di- Ouruá" s. m. (Para) palmeira
versas 10ca,lidades (Baena). E te auctor do gen. Affalea, de que ha tres varie-
não lhe menciona a cór. dades; Curua-piranga, Ourua-pixuna e
Ouriangú" s. m. (S. Paulo) ave Ourua-tin.Qa (Flor. Bras.)
nocturna do genero Oap?'imulgus, da Ourúba" s. f. (Pa?'á) sarna. II
ordem dos pas eres. II Etym. ~ voz Dão tambem esse nome ao bicho da
onomatopaica. 'arna (B. de Jary). II Etym. E' vocabulo
Ouribóca" S. m. e f. o mesmo tupi.
que Ca?·ibdca. O urúca" s. f. (provs. do N.) o
Ouricáca" s. f. ave ribeirinha me mo que Cordca, Curumbae Oúca(2°).
do genero Ibis (1. albicoUis). Tambem Ourucáca" s. f. o mesmo que
lhe chamam Curucaca. II Etym. E' voz Curicàca.
onomatopaica. Ourueira" s. f. (Pará, Ama.z.)
OuriJnân" s. f. (Bahia e outros o mesmo que Orueira (lo).
pt·ovs. do N.) peixe do mar do genero Ouruêra" s. f. (Pará, Ama.:.) o
Mugil (M. Curema Cuv.). II Este nome mesmo que Crueim (1°).
era u ual entre os lndios do Rio de Jan., OurulD.ba" s. m. (Par. do N. )
quando aqui se achava Jean de Léry, titulo depreciativo dado aos homens de
em 1557; mas hoje ninguem mais o baL\:a condição, que, a pé ou a cavallo,
conhece aqui, e foi sem duvida sub ti- e mal trajados, transitam pelas estra-
tuido por ..11"'um nome portuguez, ao da ; Quem será aquelle Curumba de
contrario do que aconteceu nas pro- chapão de couro ~ II (Babia) s. f. mulher
vincias do Norte. velEa, a que tambem chamam Cm'dca,
Ourünbó" s. m. (pa?'a) o mesmo Ourüca e Cúca (2°).
que Tabaflue. OurulD.í" s. m. (Pará) me-
OurJ.xa" s. f. (Malto-Grosso) nino. I Etym. E' vocabulo puramente
nome que dão aos sangradouros por tupi.
onde correm, a ele pejarem-se nos rios, Ourupíra" s. ?no (Pará) ente
as aguas que se accumulllm nos phantastico que habita a mattas e con-
campo', ou procedem do lagoas que siste, segundo a uperstiÇ<'io popu1.1.r,
transbordam. Corresponde ao portu- em um tapuia com pés ás ave sas, isto
g'lloz desa[Juaeleiro, san[JI'aelow'o, valla é, com os calcanhare para diante e os
para elesa[Jua?' campos, etc., com a dedos para traz. Outros o chamam
differença, porém, que e tes termos Caipdra. II Etym. E' o nome tupi de uma
envolvem a idéa de um expediente da e pecies desse demonio a que elIes
artificial, entretanto que a Curia:;a é chamavaUl A'fIhanga.
obra da natureza. Oururú (l°), s. -mo nome generico
Ourral-de-peixe" s. m. ..1.1'- do sapo na lingua tupí. Hoje s6 o
maclilha de pesca. Divide-se em troo . applicam a certas especies destes Batra-
compartimentos; o l° tem no R. ele cios.
Jan. o nome de val'anda ou cO?'açúo, e Gllrurú (2°), S. m. (íIIatlo-Grosso)
na Par. elo N. o de sala j O 2" no R. de especie de batuque usado pela gente da
Jun. casa elo meio e na Par. elo N. chi- plebe, no qual os homens e ás vezes as
lJuei?'o j o 3° no R. de Jan. viveiro e na mulheres formam uma roda e volteando
Par. do N. [J?'e. E' neste ultimo que e burlescamente cantam á porfia, ao som
effectúa a pe ca, por meio de rede apro- de insipida musica, verso improvisa-
priada. Da entrada do primeiro com- dos, e tudo iss~ animado pela cachaça
partimento até a praia vai uma cerca (Ferreira Moutinho).
CUTÍA 55 DESCAXELADO

Cutía (l°), s. f. pequeno ma.mmi- De déo elD. déo, loco adverbial


fero do genepo Dasyprocta (D. lig·uti) da (R. de Jan.) diz-se que anela de d.eo
ordem dos roeuores. II Etym. Corruptela. em deo a pes oa ou cou a que não se
de .11cwi, nome tupi de te animal. fixa em ponto algum. Aquelle que tem
Cutía (2°), s. f. (R. GI·. do S.) es- €ln aiado di versas industrias sem dellas
pecie de madeira de construcção. tipar proveito; que tem 8ielo succes i-
Cutitiribá~s.m.(Pa?'·d) nome de vameute marinheiro, criado, cocheiro,
uma Sapotacea fructiCera, pertencen te carroceiro, e 'empre a procura. de me-
talvez ao genero Lttcwna ( L. ,"evicoa '?). Olor posição, anda, de eldo em ddo. Uma
No Maranhão e Pll1uhy lhe chamam cousa sem dono, que passa de uma mão
TuttWtcbd. II Et1lm. E' provavelmente pal'a outra, sem que ninguem a queira,
corruptela de Oiti-tw"uM. anda de deo em ddo.
Cutúca~ s. f. (Goyaz) especie de Dente-de-velha, s. m. (Ba-
se11im com dous arções altos destinado hia. e Serg.) o mesmo 'lue Gangão.
principalmente aos cavallos que se tpa- Derrubáda s. t. operação ag'l'i-
ta de domar, por ofi'erecer maior segu- cola que se segue li. ?'oçada, e coo Í;,;te
ranço. ao domador (Valle Cabral). II E' o em abutel' as grande arvores ue uma
que chamam em Poptug'al seUa á gineta matta, com o fim de prepi1l'ar o terreno
(Aulete). No Ceará e no Piauhy dizem para I lantnções. II Fig. demissão em
seUa ginete, ou simplesmente ginete. massa de todo~ os ompl'egado" tle ordem
Cutucão, s. m. cutilada, facada, politica, que não são ela confiança do
II Etym. Do tu pi cutüca, significando g'overno : Com a ascençi10 do novo mi-
golpe. nisterio, houve geral derrubada II Etym.
Cutucar, v. /1'. tocar ligeira- Do verbo clerrul)ar.
mente algnem com o dedo ou com o co- Descachaçar, v. /1". (pTOVS.
tovelo para lhe fazer uma advertencia do N.) alimpar da cacbnça, ou e cumas
que se não quer fazer oralmente. Tem grossas e sujas o succo, ou caldo da
e te verbo a. ua origem no verbo cutilca canoa ele asmcal', a qual vem acima
da. lingua tupi, que significa palpitnr, com a fervura, e com a elecoalla; e se
picar tocar de leve, e é ne ta ultima deixa esborrar, ou se alim pa. com a
accepção que o empregamos. O seu e euma lelra (Mora ). Esle a,uctor es-
eqtli I'alente na lingua portugueztt é creve erro.<.lamente Descachew, 1 Ol' Des-
coto elar, no entido de tocar com o cacllaçal", entretanto que, no nrligo
cotovelo, para excitar a attenç<"ío ou Me llachcra , II a do verbo Dascachecçm',
reparo. . Aulete meuciom.Dascachal" 01'110 termo
Cuvú~ s. -mo (Alagoas) o mesmo brazileiro. Lacel'ela, m nei011l1 como
que JUfJuid. contl'acção de Descac1taçal·.
ClL~á~ . m. (ilal'an1tcfo) especie De calábl.'o, s. m. lu 111110,
de comida feita. com as folhas tla 'vina- contratempo, pr jui7.o,p I'dft, d ·,;gl'aça,
greira (Hibi cus abda1'iffa) e quiabo derrot : A g'uerI'(. foi 11 (\.!l 'II (LI des-
(Hibi'ct/s e culentus) a que e ajunta cellauI'odas no' ns finanças. A 1I1'l.l' llia
ger~elim ( esamum ol'ientale) torrlldo reduziu a. Dação fi 11 I\iO}' clasonlauro
e reol1údo a pó, de mi-tura com fariJ;l1la quesep tleimn,rJ'illl.l,I'. ~ n'Mll'oqne
fina de maocuoca.. Depoi de bem cozido tivemos com lllimlg HOn'r Il 'le o
deihull-o -obre o arroz e a is-o cha- mais ompl to rlO$()ii/nbl'o. IIPJtllm. E'
mam .111'1'0;;' de cU$(i (D. Em;;;.). vOC. fi lellll.tllo.
Cu-~ila.r~ u. intl·. tosc..'tnejar e--
cadelecer e tar a ct\bir com omno
D S ""lU '" :\Üi, s. (. m. 1'. do
.) d cliv d0UI11li, '()xlllll~ou lotnhn por
abrindo e fechando o olho e tudo ])11 x u\, n. d Ido, ]lfU'l1J YI~lIe.
isto ante- 'entado ou de pé do que D fi.' 1" lo mlJ. ( , 1'(/. )
deitado: Tenho e-tado a curoil{ll' a e - cliz-so do lndl Idu) tjll f.I mos!,!' l~ll'mi­
pera de meu amo. UEtym. Crei ar rlld , ::;pl1,1I tlttlil, d II IIOÜ lutlt1, OU, ' mo
'Voc. de orjQ'8m africana e'provavel- diz-m 1I1g'1\,1'11l lltll, (til QIl ,'aJO lIhido:
mente de Anaola. amo v m-rlu.v fI t'ltlllo L\qn 11 Iiltl.! lto!
uxilo~ s. tIl. acto de cu,; 'l{ll", ( ,I III l' .)
DE ENCAIPOR.\.R 57 EMBEAXIÓ

Desencaiporar, '!l. tr. fazer que foge a correr, quando o querem


ce" ar a infelicida.de de alauem : Fula- prenner.
no, depois de ter .olicitado em ,ão um Disparar, v. intr. di per-
empreao durante muito annos já e sar- e de repen te uma manada.
achava de todo desanimado quanJo o Doce-de-pinlenta, s. m.
mini tI'O actual o desencaiporou, no- (provs. do ~.) o me mo que F1·uita.
meando-o pa.ra um bomlogar. O v. irltl·. DouradillLo, (I/lj. (R. Ul'.
ce' ar a infelicidade de alguem : Com do .) côr do cavallo, a quo no Rio
a entrada do novo mini terio, José des- de Jan. chamam ca tanho. II Segundo
e,lcaiporol'. fi Etym. E' o contral'io de Aulete, clourrrdilho, cór de ouro, ver-
cllcaiporal' . melho-claro [Diz-so doa cavalias] .
, De encilhar,v.tr. de ellar, Dunga, s. m. (Pen'1.) valentão. ~
tirar a .ella e em .;eral os arreio do Não ró nesta provincia como em outras
animal. EtYII1. Do ca telhano desell- partes do Brazil, dão tambem o nome
silhar. de DUiuJa ao dous de pau no jogo da
DesJnanivar, 'D. ir. (Ceará) rodinha o outros.
aparar a rama d.1 mandioca, com o fim Durasnal, s. m. (R. Gr. do S.)
de melhor-ar o producto (F. Tavor-(1). II pomar de pecegu iro abandonado e
Fig. desembarilçar um neaocio. vencer reduzido ao e tado silve tI'e. II Etym.
uma dimculdade: Entreg,L a t'la. ques- De DW'asllo, nome castelhano do pece-
tão a um bom advogado, Que eile des- gueiro, ou pe ego durazio (Valdez).
mallilJa isto. Tambem.o emprega na Ecô ! illt. Lrado de que se servem
accepção de de 'bara ar: AQuelle sujeito os caçadores parA. açular os cães.
deSmalli'!lou a legitima materna em Ecoxupé! irlt. (l-'arq) voz do
meno de eis meze (Araripe Junior). caçador mandando os c::i.es 'oguir a
De""pen('ar, v. tr. epar.lr do caça. No Dicc. Porl, Bl'OZ" ho. j(JJuprJ
cacho a divol"'-3.s penca de bananas. II por A elle!
v. intl·. cahir de astradamente de Ef'6, .~. m. (Balda) ospecie de glli-
grande altura: Quando o rap~z se zado rI camarões e herv'l , o tempe-
.. aclrlva no ponto o mais el vado da rado com azeite de dendê e pimenta.
arvore, perdeu os en tidos, despencou Eguáda, s. (, (R. ar. elo ,)
e morreu da quana. porçã{) do agua .
De b c .... d , adj. (Cearâ) Erna, s. (. nome vulgar da Rhea
tliz- e do inflividuo adourlado, que, sem amel'icwta ou Abestl'tlZ do Brdzil o lo
respeitai' a.<; conveniencias, dá 1J0r paus outl'as p,l'les da Am ri '1,. II E/ym.
e POI' pedr.ul. Sou nomo primiLi vo m Iingun.'" m
De. o te'~, '!l, Ir. (R. Gr. lupi r, Nhll11f.J.!I, que Monl yn. iS I' ve
Iln 8.) cort..'l.r o tO/Jota do Cf v, 110, pal'a {L castolha.n N ,mIL"" C C'JIIO 5 fi'1'I11lt: 7, S
que lhe não caía 80bre Oll 01110';. atlopLal'am 50b a Ji)rmt~ Nal1llotl. O "
D ra a1', v. t,·, ín.llllnr, ]i;mrll' i inll'oduzidop 10l Jl I'Lug'1l Z S,
maltratar com l'all.tVra9: Fui I II pedir é tulv,z () 11 m HsitlLi U 1\1'1'i [1110
o lIleu dinbclm, c (lU , om IIlS'jJl' do mo ela n,]/;I~IOn. IWO II Irlllhn,nL {n ,HU,
pagoar, de~{"(IJ,(:Ju-me ,glléI'. '1 alllJlIY>. pl'OYfLV JmenL r1ft (1I'~II'lI: do nnLlg't)
i cU J: , ~. (, fOf'!rlll. ln r/til til conLín ula, SIg'und(1 Aul tI I ti r1Vrt-x
ue m.J.drínha., cl i.wab 1'1)11/(1, n Ir1 d IIlJII 1\
ín i ., I. m.. fOrmfl, IIll'fiOLlI parnlll Ln d W /I}' ('lm;(II'I1t,~, (l H,lo
ue parJtillllO: lJiWJlrl/W mB r1 II 11m (lr', do S. 11 Erl/Il I; ['111m 11 Lo ,)-
ann I'ío, m(/fUYlII(~ III/ll hOM/lil. oh Illdn JII lo nOlll r[ 111J(1I1II'" PlI
í ' . , li. m. (prlll:.tl. me- A"eHI,'/I; •
1·id.) dI J'(s1'4JJ1 dO /;fUlfl, ,won"/) !:I.Jf'I'f I,," ~ 9. 'II. (P" '11) li lt
do t'cJffin 1,(; o fim VIu/1ft" 111 r CçfJlJf.I ti LuIJOr:fl-, rio Hr'lttll'llIll/(l,ll1l I rJI1 os I~­
(V!ild/;~). !tll/flt. SNl(uudo !§W ItIl'LOt', 110 '!Oll lo' ln na '1\(11)11 j (lI, 111 .lm'.I').
é ter'mll du. Atr1oricl~ OOillJíwholu,. umpI' Il.c/ v l'UI' Fplr Hill Iltt il[~ l I\li8
i f ' . mU. r,to fJllO Ó 111 lôll'H) 11lt!Ll'lItn nL(j 1101110 lIo M(Jlib-
acosturoooo 11.dlllpllJ'l11!. Vfz.-oo dlJ IHllw J /)oí(,l,-(JJltl. Q(.lfl,1 dos ti LIli L ['mOIl fl 1'1 I)
EMBIÁRA 58 EMPAlOLAR

mais vulgar. Em ambos elles, nota-se negocio, fazendo, porém, crer aos inte-
a existencia de dou radicaes do dia- res aelos que se procura activar a ter-
lecto tupi do Amazonas; a saber: minação elelle (Coruja). II Etym. E'
membú, gaita; e iaa;ió chorar (Seixas). voe. C<'t telhano, significado caçoar,
EJDbiá... a~ s. f. (Valle do Amaz.) gracejar a custa de algu.;m, e tam-
a presa, o que se colheu na caça, na nem i1ludir com palavra e trapaças.
pesca ou na guerra. " Etym. E' a (Valdez).
fôrma vulgar de mbidra, vo . tupi EJD.bruacádo~ adj. mettido
(Anchieta). Em guarani, tembidra tem em Bruaca: Tenho todo o feijão em-
a mesma ümificação (;\10ntoya). brllaeddo.
ElDbígo - de - :f'reira~ s. m. ED:lbruacar~ v. tr. arrecadar
(Bcihia) especie de biscoutas doces que cou a em Brudea: Mandei embí'uacar o
se servem ao chá. milho. .
EJD.bíra~ s. f. nome commum a EJDbuáva~ S. m. e {. (. . Paulo,
todas as fibras vegetae que pôdem Paranà, J1linas-Geraes, Goyaz, ltIatto-
servir de liame, quer provenham das Grosso) alcun1Jacom que e de3ignao na-
camadas corticaes, como acontece a tural de Portugal, a qual, porém, nada
diversas especies de malvaceas e ou- tem de in.iuriosa, e é o re ultado de
tms, quer provenham de folhas como tradições historicas, desde os tempos
as de caraguaLá, de certas palmeiras, coloniaes.
pandanus, etc. II Etym. Do tupi ybyí'a, EJD.buça]ar~ v. ti', (R. Gr, do
nome que se extende a qualquer es- S.) pôr o buçal no nnimal. II Enganar:
pecie de estopa (Voe. Braz.). II A Quizeram embuçalar-me; mas não o
muitas arvores' do Brazil que oil'e- conseguiram (Coruja).
recem materia prima para cordas e ED:ll>acadôr, adj. diz-se do ca-
estopa se dá o nome de Embim, taes valia ou burro que tem por habito em-
s110 a EmbiTa-bj'anca, a Embira-veí'- pacar. E' o que os francezes chamam
meZha, a Embií'êtê, a Embií'iba, o Em, chevaZ i'dar II Etym. O termo Empa-
birussú, etc. II Tem-se escripto tam- con, com a significação ue contumaz,
bem Envira, e a sim o fazem Gab. é da Allferica Meridional he ·panhola. •
Soares e Baena; porém o mais gemi é (Valdez). Sem dnviela o recebemos dos
Embira, "Fig, Estar na embiras, se nossos visinhos do Rio da Prata.
diz de quem se acha em difficuldades EJD.pacar~ v. intr. emperrar o
pecUlliarias. Corresponde ao portuguez cavallo ou burro; parar firmando ma-
estar na e pinha. . nha 'amente as patas, sem que possa
EJDbíra-branca, s. r omes- o C<'1.valleiro obrigal-o a pro egUlr na
mo que Jangadeira. viagem. " Etym. Do V. pron. caste-
EJD.biriba ~ s. f. (AZagoas) o lhano empacarse, com a iO'nifiC<'tção de
mesmo que Biriba. obstinar-se. E' usual neste sen tido,
EJD.'Hjrussú~ s. m. (Bahia, em relação ao cavallo t imo o, em toda
Pern.) e pecie de Bombacea ou Lecythi- a America he p:mhola (Zorob. Ro-
doo, ele cUJa ca C<1. se extrahe embira. drigues). ti Ea, tanto em portuguez
En'lbondo~ s. m. (R. de Jan.) como em castelhano, o homonymo em-
difficuldade, embaraço: Com a uaixa pacar, no seutido de empacotar, en-
do cambio, acha- e o commercio em um fal'deln.l', encaixotar, etc. II as nos-
embondo. A tua candidatul'a ao lagar sas provincias do norte, em lagar de
de deputado me colloca em um em- empaCaí' o cavallo ou burro, servem-se
bondo, petrque já eu havia promettido do verbo portuguez acuar (Mei1'l1).
meu voto a outro. Elnpaiolar~ 'V. tí·. (Pl·OVS. me-
EJD.broJD.adôr~ s. m. (provs. rid.) arrecadar cousas em um paiôl. "
merid.) o que embroma, trapaceiro, Este verbo, aliás muito usado en'LL'e
enganador. " Etym. E' voc. cas.telhano, nó , não o encoutl'o em nenhum elos
syn. de Bi'omista (Valdez).· . 'nossos lexicographos, hem que seja
EJDbroD:lar~ 'Íl. intr, (pí'OVS. mui expressivo e de origem portu-
mericz') demorar a, solução de qualquer gueza.
EMPALAMÁDO 59 ENGAMBELAR

Em.palaDl.ádo, a, adj. pallido, meu passeio ao campo, encarrapichei-me


como o são a pe oas opilada , hydro- de tal sorte que tive de mudar de
pica ou de uma gordw'a frouxu e de - roupa.
corada. II Elym. 1\1orae o dli como Encérra, s, {. (R. Gr. do S.)
termo usual no Bmzil, o que é bem esp cie de cu 1'1'0. 1 feito no meio do
verdade ; e o faz derivar de empale- campo para apanhar baguaes. São, em
mado (emplastrado, cheio de doença.). feitio, mui emelhaote aos curraes
Aulete, por ua vez, o da. como n.dj. que fazem o pescadores nos lagares
popular e familiar, ignificanJo ca- de pouca agua para apanhar peixe
berIa de emplastros, e, por exten ão, (Coruja). II Elym. Do verbo encerrat'.
coberto ele chagas. Neste sentido não MOl'aes menciona. encerro com a signi-
o empregamos. egunJo elle, é cor- ficação de encereamento, clausura,
ruptela do ca telhano emplumado. pri ão elc.
ElD.papuçado, a, adi. incha- EncestalD.ento, s. m. acto
do, opado do que tendem à 1Lyclropi- de encestar.
sia,. II Et!lm. Do ca telhano popt<jado Encestar, v. tr. arrecadar em
(Mame ). cesto quaesquer objectos.
Encaiporar, V. Ir. encalis- Enchiqueirar, V. tr. meiter
tal' (00 entido mais geral deste vo- no chiqueiro: Encbiqueirar o bezer-
calmJo); influir nocivamente na sorte ro . II v. intl'. (liltoral ele Pe1'l1.) entrar
de alguem, infelicital-o: Havia um, o peixe no repaetimento do curral de
hora que eu jogava com folicidade; pe Ü<'lria, a que chamam chiqueiro.
veiu Fulano sentar- e ao meu lado, e Encoi.varar, v. tI'. o mesmo
encaiporou-me de tal modo que não que COiVal'Q1'.
puele mais ganhar uma ·ó mão. II Et!J11t. EncoDl.pridar, V. tI'. (R.
De caipóra,. Gr. do S.) alongar alD'uma cousa,
Encallir, V. tr. (ALa,q.) sujei- tornando-a mais comprid.'1.: EncoTlt-
tar a uma fervura prep rataria o in- pl'idar o lóro do e tribo' encompridar
testinos uo boi, afim ue limpa l-os me- o l'abicho, etc, (Coruja).
lhor. ~ E te verbo é u ado no Minho Encontro8, s. m. pl, (R. (h-.
com a signiflcaçãe de assar a meio a elo S.) peito do an imal en tl'e as es-
carne ou peixe para con erval-o ( 10- p'ldlla . II Em portuguez, e te voca-
raes, Lacerda), e neste sentido cOl're- bulo i"'oifiü<'l a e padua, o hombro.
sponde ao verbo bra zileiro moqtlear. Nas aves, os encontros das a::as ão a,
Aulete não o menciona. parte uperior d'ellas, onde vai fazendo
Encan~;alhar, V. tr. arrear a volta e d'oode na cem as pennas
com a cangallla, a, besta ele Ü<'1rga. II Au- maiore (l\1orae). Em toda as mais
lete menciona, o veria encCl.ngal har ncC'opçõe , é termo usual no Beazi!.
com duas significações diJ.rereotes, ne- Encourádo, s. e adj. (pro'Vs.
nhuma" porém, com relação á caogalha, do N.) designativo daquelle que se
da bestas de carga. A primeira como veste com roupa de couro, segundo o
v. tr. é de embaraçar, prender; a e- u o dos vaqueiros no sertào. II Em
gunda como v. pron., atracarem-se l'ol'tuguez, este adj. se appliü<'t a qual-
dous navio, ue modo q' e IilJuem en- quer olÜecto que é coberto de couro:
ra,scados os ca bos de um com os de ou- Arcas e caixa el1COtwadas (Aulete).
tro; e paI' extensão é prender- e com En:f"J:'enar, v. t,', (R. GI'. do
outro, sem poder separa,l'-se delle im- S.) 'nfrear, II EI!lm. E' vocabulo cas-
mediatamente, telhano, nào geralmente u ado.
Encanoar, v. inlr. (R. de Jan.) En~'á, s. m. V. Ingd.
empenar-se a taboa. no sen tido tl'ansver- Eng'alD.beladôr, a, udj. e s.
sal, afl'ectando a fórma, de lillla. cl1nóa: embelecador.
A taboa. ainda verde encanôa, se é ex- Eng-aDl.belar,v. tI'. embelecar,
posta ao sol (.T. Norberto). engodar, embalar com esperança,s vã ,
Encarrapichar-se,v, com caricias, com daelivas e outros
pl'Ofl. encher-se de carra,pichos: No meios de que se póde tirar proveito
Êr GAMBÊLü 60 ENTUJUC \.DO

para n.ttrn.hir n. confiança ele n.l guem. II EngraD1bela:r~ 1,). tI'. (Pa'"d)
No Pari~ dizem engmmbelaJ' (B. de o mesmo que enÇ/ambelm",
Jn.ry). Enlaçar~ v, Ir. (R. Gr. do S.)
Engalllbêlo~ s, ?no embeleco, O me mo que laça,',
Ellg'aDg'or:rádo~ aelj. (Piau- Entabular~ 'lJ. tI'. (R, 01'. do S.)
hy) preso a uma. ga'ligol'l'a (2°) (J o.:ié acol>tumar Ulll g'aranhão n. certo nu-
Coriolano). . mero de eguas, paeu. fOI'mar a manada:
EngaDjento~ adj. (Bahia) o Entabular uma manada (Coruja).
mesmo que G~njento. EDtaipáva~ s. r: (Ama;;.) o
Engarapar~ 'lJ. t1', (Pern.) dar mesmo que Itaipú a (Castelnau).
garapa a. " Fig. fazer a bocca doce a Entjjucádo~ a, adj. :ujo de
alguem para o reduzir úquillo que lJ.ue- barro 011 lama a lue vulgarmente cha.-
remos ( 10mes, Aulete). mam 1'ij~tco. II Tambem dizem entujtt-
Engenheiro~ s. m, (S. Paulo, elido.
Paraná e lJIauo-Grosso) proprietario Entijucar~ 'lJ. t,'. enlamear. II
de um engenho de assucn.r ; senhor ele pron., enlamear-se.
'lJ. II Tambemdizem
engenho, II Este vocabulo tem o incon- entuducar·.
veniente de confundir cousas que são Entrepeládo~ aad. (R. Gr, do
bem di tinctas entre si. Por engenheiro S.j que tem pêlo de trcs cóee , preto,
se entende em toda a parte n.quelle que branco e vermelbo; quasi rosaceo;
professa a Engenha'"ia, sciencia. que e diz-se do ca,vallo (Coruja). II Etym. R'
di vü.le em va.rios ramos, donde resultn. vocabulo castelhano, que se traduz em
que lia engenheiros 'geographos, hy- portuO'uez por interpolado (Valdez).
draulicos, mIlitares, civis, machir.ist.ls, Ent,reverar~ 'lJ. intr. (R. Gr,
etc, Um senha," de e'~genho não tem n:ldn. do S.) entremettee, mistumr. I to e
disto. E' simplesmente o proprietario diz ua guerra, qua.ndo dous corpos de
de um engenho ele moer C<'tnna para n. pa.rtidos lliIIerentes se atacam com tal
fabricação de assucar, ou ele moer n. ímpeto que se mi tnram no furor cio
congonha para a. preparaçã.o do mate. comba.te e continuam ao peleja, üa qual
A respeito do mais póde ser completa- resulta sempre gl'ande mortandade.
mente ignorante. Recordo-me que uma II Etym. E' vocabulo puramente cas-
vez na. camara dos deputados, em uma telhano,
di cu são que interessavn. n. lavonra, . Entrevêro~ S. m. (R. Gl', do
um representante çla. Nação servia-se S.) recontro de dous corpos de caval-
repetidamente da vocabulo engenhei- laria em acção de combate, de tal sorte
"0, em lagar de senhor de engenho. que ficam mi tnrados. II Etym. R' ter-
Seu discnrso foi um verdadeiro des- mo da America Meridional hespanltola.
tampntorio; ninguem sn.1Jia o que que- (Valclez) ,
ria. elle dizer. Seria. a. desejar que Entrosar, 'lJ. intr. (Cea"á) im-
as pessoas bem educadas não sanccio- pór: Ent"osm' de valentão; querer fi-
nassem com ima auctoridade esse erro gurar com impostura, parecer o que
vulgnr, nrLo é (J. Galeno), II lIa em portuguez
EDgellho~ s. ?no estabelecimento o verbo enlr'osar no senticlo transi-
agricola de tinado à cultura. da cannn. tivo de en{]l'anzar, metter os dentos
e à fabricação do assuca.r. Na provin- da roua nos vãos .lo entroz ou car-
cia do Parana, onde llão ha por om. rete; m tter por entre o dentes de nm
engenhos 'de a!\Sucar, dão esse nome eixo dentado os dentes de outro, para
aos estabelecimento. dotados ue ma.-' lhe communicar o movimento, No sen-
chinas e appu,relbos proprios para moer tido intransitivo, eng,"an:;a1', metter os
a congollhn. com que se fabrica o mate. dentes de um eixo por entre o' do
Engenhóca~ S. f. pequeuo en- outro para o mover e, flgurad,tmonte,
genho qnel. sendo destinado principal- ordenar bem cousus complicadas (An-
mente :i. !fabricação de aguarden le, lete).
serve tambem para a de assucar e ra.- Entujl.l.cádo, adj, o mesmo que
paduras. entijuccielo,
ENTUJUCAR 61 ESPOCAR

Entujucar, 'V. tI'. o mesmo de cobrir, iu,estigar, anaJy ar por


que enlijucar. miudo (Aulete). io vejo analogia
Enveredar, v. intr. (provs. entre os dou vocabulo.
merid.) segnir com destino exclusi vo a Esg'urído~ a~ adj. o mesmo
certo e determinado Jogar: Logo Clue que arado.
soube do de astr'e, cltvel'eclei para a ESnJ.oIalUbádo~adj, e 'fart'a-
casa da victima.1I Corresponde li tocuÇ<'iopado, que tem o fato em molambos.
adverbial portugueza-ir ou vir de fl'c- Espar rallládo, a adj. e tou-
cha, ir' directtllllente, em linha recta, ,ado, de regrado incon ideeado: E' um
sem tOI'cer caminho. II 'D. ti'. guiol',:Jllca-
homem de vida 8sparramada. ~ Desali-
minhar: [elt nmiO"o Linha seu' nego- nhado, m(l,\ a "entado: Uma vassoum
cio tão c Jmplicado que nem mai:> S<1.bia esparramada. Uma barba espa1'1"amada
por onde deviil pl"incipiar o pleito: eu (iUeird) .
o enveredei, e de"de então tndo lhe E""parralllar, v. ti". e intt·.
correu bem. e petl'l'allmr, di. per ar, separar cou a
Envíra, s. f. o mesmo que EJ1l- que devem e,tar juntas. E' vocabulo
blra. applicado, sobretudo, a tropas de ani-
Euxergão~ . m. (R. Gr. do maes, que, pouco acle trado ,se dLper-
, .) o me mo Clue Bairociro. am pelo campo, em vez de eguieem
Enxerido, a, ar?j. (Pal'. á,) 1\ ., reunido em determinada direcção. fi
R. GI'. do .) iutrometlitlo: Ha homens Etym. E' veebo ca telhaoo.
mui erur;el'idos em to Los os neO"ocio E 'parrâu1e, s. m. acção e
alheioE. I influído, eutha íasmado: Elle en'eito ele esparrama!'; e palhamento,
and'1 actualmente mui lJl1xerido com a. deb:lllda,d;:l, di persão: om as descar-
filha uo vi iuho (Santiago, Mei!'lL). ga da artilharia, assu tou·se a cava-
II Etym. Talvez provenha do verbo il1- lhada e houve um completo espal'l'ame.
gel'i~·-se. II A pparato, o tentação: Por occasião
~ púcha! il1t. (R. Gl·. do ,.) do casamento da filha, ol:l.'eeeceu o om·
exp!'e ão de admiração: apl/cha! que mendador ao eu amigo uma fe ta
lindo cavallo! que homem valenle! de esparl'ame. A Conde a apreselltou-
II E' usual no Chile e em outras partes e com um yestunrio de espao·ame.
da America Meritlional. , egundo Zoroh. Hou ve um jall tal' de eSpalTallw.
RodriO"ues, e te voca.balo baixo e g!'os- Espéques~ s. m. pl. (Ceat'd)
seiro e oriundo da He panha. nome elos tres pau encaviJ hados DOS
Escaldádo~ s. m. especie de det jangada, e formando o A1'acambttz
Pi1'ÜO. ('Jamal'a). .
E cang'álho (l°), s. ?no (R. Esping'oIádo, s. m. (Pel'll.)
ele Jan.) pareele escarpada, cujo rim é homem alto, mageizela e de ageitado
nEter as teera de um monte. ( . Romero).
E cangáIho (2°), s. m. (p1·OVS .. EspinheI, . m. apparelbo de
(lo N.) de oedem, de m;:lutelo, confu ão pescaria, que con'iste em uma exten a
ruina: Aquelle individuo foi a villa, cOI'da em que e peendem de di tancia
e promoveu desordem de que re ul- em di taoci;:l, linhas armadas de an-
taram ferimentos e outros damnos; zoes. II Em oastelhano ",sse apparelho
foi um escangalho de toclos os dialJos Lem o nome de Espinal (Valdez).
(Meircl. ). II Etym. Do verbo escrtll- Nenhum diccionaL'io portuguez o men-
l/aI/141'. ciona.
Escarnar, v. tr. (Ceará) .pre- Espipocar, V. Ir. e intr. o
pa!'ar as arm;:l ,quando e tem de fazer mesmo que pipocar.
u o dellas. Escd1"na1' a esping[1,l'da e lispírito-8antense, s. tn. e
nrmar-lhe o cão: cscanta1" o pUllhal e (. natural da provincia do E pirito-
desembainhaI-o 'U. G[1,leno. II Obs. Ha Saut? ~ adj. que é relativo á mesma
em portuguez o verbo esca1'nar signi- pr VlnCla.
ficando descobrie um osso, tirando-lhe Espocar, v. tI'. e int)·. o mesmo
a came que o c~bre j e, flguradamen te, que pipocaI'.
ESPOJEIRO 62 ÊTÊ
Espojeiro, s. m. (Ceará) pe· vocabulo da America Meridional hespa-
queno cercado em torno da ca a ( \.ra- nhola (Valdez). Em Cuba dão o mesmo
ripe Junior). ~ AuIete menciona este vo- nome a uma casa de campo com horta,
cabulo com a seguinte definição: logoar proxima das povoaÇÕes (Valdez). No Rio
onde a besta se espoja. E' e- a certa- de Janeiro, chamam Estancia ao mel'·
mente a origem do termo cearen e. II cada de len ha.
Fig. Pequena roça: Aquelle paLre ho- Estancieiro, s. m. (R. Gr.
mem ·fez um espoieiro e plantou-o do S.) pl'Oprietario de uma e tancia.
(Meira). II (R. de Jan.) proprietario de uma e -
Espolêta, s. m. o mesmo que tancia de len ha. a primeira accepção,
capanga (2°). deriva- e o no so vocabulo de estanciero
Esquipádo, s. m. andadura de origem hisp' no-americana (Valdez).
do cavallo, a que em Portug-al cbamam Em PortuO'al ao dono de uma estancia
tambem FtMa-passo. Em diversa,s pro- de madeira, lenh'l. ou carvão dão o
víncias do Brazil dão ao esquipàdo o nome de estanceiro CAulete).
nome de guiniZha. Os francezes lhe Estancióia, s. f. (R. Gr. do S.l
chamam amble. II Consiste o esquipàdo pequena e taneia, chacara (Cesimbra).
em levantar o c,tvallo ao mesmo tempo E;;;rtaquear, 'll. tr. (R. Gr.
q pé e mão do mesmo lado. E' uma do S.) estender um couro e entesal-o
marcha ligeira e mui agradavel ao ca- por meio de e tacas fincadas no chão
valleiro: O meu cavallo tem um excel- para o fazer seccar. II A e -as estaCc:'ls
lente esquipddo. Da. villa ao meu sitio fui chamam em Portugal espichos, e dahi
em um esquipàdo (sem paral'). II Etym. nasce o verbo espichar com a mesma
O vocabulo esquipddo é um adjectivo da sign ificaçllo ue e taquear. II Estaquear
lingua portugueztt, o qual, além de um h mem é amarral-o de pés e mãos a
outras accepções, que nada têm que ver estacas fincadas no chão, tlCc:1,ndo o pa-
com a hippiatrica" signitica tamiJem ciente estendido de costa. E' um meio
ligeiro, rapido, veloz (Aulete) ; e é esse horrendo de impedir a fuga le um
justamente o caracteristico da anda- preso. II (Pern. e outras p"OV. do N.)
dura que definimo. . CoHocar estacas a prumo, p:1ra con-
Esq uipadôr, s. ?n. e adj. , Cc:1,- strucção de cerCc:'lS (Meira). II Auiete cita
vallo que usa do pass chamado esqui- o verbo estaquea,', sem o attribuir ex-
pàdo. II No Rio Gr. do . e outras pro- clu ivamente ao Brazil, bem que a sua
vincias lambem lhe -cham 1m andador, 'definição seja evidentemente extrahida,
cavallo de guinilha. lI,Aulete não men- com pequena alteração, da CoUecçúo
ciona este vocabulo. de 'llocabulos e lJM'ases de Coruja.
E!!Iquipar, 'll. inh'. executar o Estrafegar, 'll. tr. estraçoar,
cavallo a especie de marcha a que fazer em pedaços, espedaçar (Silva
chamam esquipàdo, o mesmo que anda- Coutinho) .
dura, II Segundo Aulete, é coner ligei- Estrafêgo, S.?n. (Campos) ele -
ramente a embarcação, o cavallo, ete. pedaçamento, laceraç1i.o de cousas (Silva
II No sentido transitivo, tem este verbo Cou tinha).
muitas outras signiticaÇÕes tanto em Estl1.lD.ar,'ll. tI'. as anhar,açular,
Portugal como no Brazil: Esquipar um excitar os cães, por meio de grito e
navio. a sovios apropriados. II Não encontl'o
Estal~iro, s, m. (ele Pern. ao este vOC<1,bulo em eliccionario algum da
Cearà) leito de paus sobre forquilhas,. lingna portugueza. Quer me parecer
de mais ou menos lm,50 de altura, e no que não é senão uma contracção de esti-
qual se põe a seccar milho, carne, etc. mular. II No Rio Grande do Sul dizem
E' propriamente fallando um Jirau alto. isco." os cãl S,
II Et!Jm. E' vOCc:1,bulo de orige~ portu- Etê, adj. vocabulo tup i que serve
gueza. de su(fixo a substantivos da, me ma
Estancia, s. f. (R. Gr. do S.) lingua, quando e trattt de exprimir a
fazonda de tina,da à. criação do gado superioridade qualitativa de l1lg'uma
vaccum e c:1vaUar. Nesta accepção é cousa sobre outras da mesma especie,
EXEI 63 FARINHEIRA

como se observa em muito nomes que proezas ou influencia: F. é o famana:;


ainda fazem parte da lin8'uagem vul- daquella villa.
gar: Tatu, Tatuétê; 19ara, Igarêtê; Fandango, S. m. (p'·ovs. me-
Cuia, Cuiêlê, e outro' mais. j'id.) nome de certos lJailes ruidosos,
Exe: int. (para) o me mo que Axi! de que usa a gente do campo, can-
Faca-cle-ras"to, s. f. (R tando, dançan<lo e sapateando ao som
Gr. do .) grande faca ou facão, cnjo da viola. ão muitas a varie<ladcs
de tino ó abrir caminho no matto, destes baile ,e e di tinguem pelos
cortar cipó, etc. (Coruja). nome de Anu, Bambaquere, Bem-
Faceirar, v. intr. ostentar ele- zinho-amór, Cará, Candieiro, Chamar-
gancü1 tanto no vestuario, como nas ri ta" Chará, Chico-puxado, Ohíco-da-
maneiras. ronda, Feliz-meu-bem, João-Fernan-
Faceirice, s. (. tafularia os- des, Ieia-canha, Pagará, Pega-fogo,
tentação de elegancia. \I Ar pI'eten- Recortada, Retorcida arra,balho, Ser-
cioso: As (aceirices da rapariga afu- rana, Tatu, Tyranna e outra, cujos
gentaram o pretendente. 1/ A pecto ri- nomes se re entem da origem caste-
anho: Que agua tão azue (a do lhana (Coruja\. .
lago de Como), que areias tão branca, Faudang'ueiro, aelj., o que
quantos palacetes a se mirarem com go ta do Fa,ulan.qo (Coruja).
facei;'ice! (Escr. Taunar). Fangapellla (Todos os diccio-
Faceiro, a, adj. taful, ele- nario portug-ueze que tenho a mão,
gante. fi Em Portugal facei;'o tem a inclu iye o moderni imo de Aulete,
significllç;,1.o de bonacheirão, loiraça, com excepç-ão do Dicc. PI'osodico,
enfeitado com ornato de mai vi ta trazem e te vocabulo com a igni-
que valai' (Aulete).; donde s v que ficação de « instrumento de que o gentio
o vocabulo portuguez tem uma igni- do Mamnhão \l a para 0<lntear peâra »;
Qcação mui di.ITerente da do BrazIl. ma é i o evidentemente um erro.
Fachina, s. m. o mesmo que E te vocabulo não póde pertencer á
Fachin-l. lingua tupi, onde não existe a lettra F.
Fachinal, s. 111. (8. Paulo, Provóm, portanto, o erro de se ter tro-
Pami'la, Santa-Cath., R. G,-. do S.) cade a lettra. T por um F. 7'anga-
Cfunpo de pasta&,em entremeado de ar- ]Jema, ou antes ltangapema, como as-
voredo esguio. II Tambem 1l1e chamam cre,'e Anchieta, tem a signiô.cação de
em algull lagares Fachína. 1/ Etym. espada de (e rI'o . Póde acontecer que os
E' vocabulo de origem portugueza. Tupinambà do Maranhão des em e se
Alóm de sua signiôcaç.ilo brazileira, nome ao in tl'umento de ferro que lhes
o termo Fachina ó entl'e nó usado forneceram os Fraucezes ou Por lu-
em todas as accepções que lhe dão em guezes para COI'tar a pedra; mas, em
Portugal. todo o ca o, semelhante denominação
Fachudáço, a, lUZj, sup. (R. está inteil'amente perdida e bem pMe
GI'. elo S.) mui lindo, lindissimo (Ce- ser excluida dos diccionarios, ainda que
simbra). a corrijam como o indiquei,)
Fachúdo, a, adj. (R. GI·. do Farinha-queilllacla, s. f.
S.) lindo (Cesimbra). (Ceal'a) e pecie de bailado popular
Falha, S. f. interrupção casual (Araripe Juniol').
de uma viagem: Tive dous dias lle FC,I,rinháda, . f. (Pct?'. do N.,
falha, por cau a da chuva, Rio Gr. elo N., Cem-a) fabrico da fa-
Falhar, v. intr. interromper rinha de mandioca: E tau occupado
accidentalmente uma viagem, por causa na {al·;nltada. Convidou-me um amigo
de qualquer contrariedade: Por me a ajudaI-o na faj'inhada O mez de
terem faltado o, animaes, ou por causa aO'o to é tempo prollrio da fal'inJwda.
da chuva Oll de mole tia, etc. tive Acabei a (a;-;Iúlalla (J. Galeno, l\Ieira).
de falhar dura.nte alguns <lias. Farinheira, s. f. va o o pe-
Falllanaz, acij. (Serg. e Cea?'à) cialmente destinado ti. fttrinha le man-
pessoa mui afamada. por seu valor, cHoca ou de milho, que se serve ás
FARÓFA 64 FÔRNO

reCeiçõe". A fal'iriheira póde er de do S. pela denominação de Esta11Oias.


louça, de vidro ou de metal. A mais Nas segunda, se cultiva café, Ci\nna
geralmente usada é a cuia. d'as ucar, algodão, cereae, etc. A
Faró:t"a, s. f. especie de comida de canna são geralmente chamada
feita de farinha de mandioca0u de milho, Engenhos.
que, depois de humedecida com agua, é Fazendóla, s. f. pequena fa-
frita ou an tes cozida em toucinho ou zenda, heruade menor que uma, fazenda,
manteiga. Come-se a farófa" a g-uisa de dando porém lagar á grande cultura.
pão, com a carne, peixe e mun coso !l 1"'eliz-Dl.eu-beDl.~ s. m. (R.
Etllm. Não encontro e te vOcablllo em Gr. do S.) nome de uma das va-
diccionario algum dalingua portugueza. riedades de se baile campestre a qne
Aulete menciona fal'ofia como vocabulo chamam geralmente Fandango.
portuguez designando uma especie de Ferradôr, s. m. (Minas-Ge-
doce feito de claras de ovos batidos ?'aos) o mesmo que A?'apoll,qa.
com assucar e cannela, igualmente Ferragista, s. ?no ferrageiro;
chamado basofias, globos de neve e es- negociante de ferragens.
p~mas. Tambem diz que no Brazi l a
fw'ofia é uma especie de comicla feita Fiadôr, s. ?no (R. Gr. do S.)
de farinha de pdU bem misturacla com buçal, ~em focinheira. (Coruja).
qualquer mólho. Acceitallllo a <lefinição, F ilau te~ S. m. e f. nome que dão
porque, afinal de conta, póde haver aquelle que procur.\ obter as cousaS
muitos modos de preparar essa comida, sem gastar uinheiro. " Ety,n. Pa.rece ser
devo, entretanto, fazer observar que a oriundo elo verbo fila.t·, cm senLido figu-
isso chamam no Bt'azil favofa e não rado. II lO Rio Gl'. cio S. tambem di-
farófia. Capello e Ivens tambem fallam zem, no mesmo sentido, possúca (Ce-
da fal'ofia como de uma comida usual simbra). '
na parte da Africa portugueza que Fióta, S. e adj. (Pem., Par'. do
visitaram, e dizem que é a simples N., Rio Gl·. do N.) janota, casquilho,
mi tura da farinha com vinagre, azeite elegante (Claudiano).
ou agua, a que se r1junta lJimenta do
Chile ou d'jilUlungo. Como se vê, é
FluDl.inense, s. rn. e natu- r
ral da ciclade e província elo Rio de
i so apenas uma variedade da fcwofa Janeiro. II Obs. Ao natural ela me Ola
do Brazil. Segundo Aulete, o termo cidade dão mais particularmente o
{al'ó(ia em Portuga.l tem, no sentido nome ele Ca?·ióea. II Etym. Do latim
figurado, a significação de cousa ligeira, flumen.
de pouca importancia, insigrlificancia. Fogo-Dl.or·to.-Dizem quo um
No Braúl, farofa não tem esse alc nce. engenbo de as ucat' eslit de fogo rno}'to,
FarraDl.barnba, s. f. (p'·ovs. quando, por qua.lquel' circumstancia,
do N.) fanfarronada, bravata, jactan- deixa de fnllcciC'nar.
cia, vangloria, vaidade: Deixa-te d'essas Folheiro, adj. (R. GI·. do S.)
{al'rambambas (S. Roméro). airoso, de boa appal'encia: Como vem
Farráxo, s. ?no (Bahia) especie follteil'o o ga tloho no seu bagual! II
de terçado sem g'ume, com o qual se Applicam-o lambem para exprimir
mata peixe a noute. 11. pesca que assim tudo quanto vem com facilid:;tde, sem
se faz, attrahindo-se o peixe por meio encontrar embaraço (Ce ·imbra).
da luz, se chama posea de fal'raa;o Fona, s. f. (Serg.) e pecie de jogo,
(Aragão). IIObs. Este meio de pescar con istindo em um pL'Ísma de mndeira,
corresponde ao qne no Pará ch,tmam alongado, que se atira ao ar; na queda,
lJesea da pil'ahdm (H. de Jary). a face superior, gros eiramente grava-
:l<--'azenda., s. f. herdade com da, indica se o jogador perdeu ou ga-
destino á grande cultura. Ha Fa:;onclas nhou (João Ribeiro).
ele el'iaçiio, e Fazendas de lavowa. Fôrno. S?n. e. pecie de bacia chata
Nas primeiras se cuida de gados, sobre- ele cobre ou ferro a semelhança de uma
tudo do bovino e cavallar, e são par- grande frigideira, que se colloca sobre
ticularmente conhecidas no Rio Gr. uma fomalha especial, e onde se põe
ü5 GAJ.lo

a massa da mandióca para a fazer sec- rill1ta ele mandioca na denominação de


cal' e reduzil-a a farinha, havenrlo o fub i.
cuidado de a re\ol ver con tan temente F u béca, s. f. (JI il1as-Geraes)
até ficar prompta. Seeve tambem para óva (D. Mül1er).
a fabricação da farinha de tapióca, em FulD.o, s. m. nome vulgar não
llue se emprega a fecnla da mandioca, só do tabaco tle fumo, como da propria
e ainda mai para se filzer beijú e seus plauta. em vida.
congoneres. II Aulete e. creveu (amo por Punca, s. e adi. m. e f. (S. Paulo)
forno. pe soa ou cou a de pouco prestimo,
Fórróbódó, s. m. (Rio de .Tall.) mau, ruim: Aquelle homem é um
baile, sarau cbinfrim. O baile dado pelos funca. Tivemo hoje um jantar fUflca,
carnavalescos não passou de um (ór- Fura-bôlo, s. m. e f. intro-
,·óbódó. mettido, cnl'ioao, que procura ingerir-se
Franqu iro, s. m. (R. G,'. em todos os negocio . II Ftwa-bolo é
do S.) Nça de bois de corpo e aspa t'\mbem o nome pupular do dedo in-
gl'andes (Cesimbra). li Em '. Pl)ulo lhe.> dicador. Em Portugal dizem, u'este
chamam bois da F?'al1ca, por serem ori- ca o, Fura-bolos (Au1ete).
undos daquelle municipio, Furádo, 3. 1n. (Ballia) o mesmo
F récha, s. (. nome que dão á que FtI1'O,
canna do.> foguetes. II Tambem dizem I"úro, s. m. estreito entre duas
flecha. ilhas, ou entre uma ilha u a terra firme.
Frége, s. m. (Rio de Jall.) COI're ponde àquillo a que em terra
e-pecie de tasca, cujo nome so deei va chamam atalho, porque torna mais b['e-
da principal indu trin, que consiste em ve o trajecto das canoa e outras embar-
exhibir peixe frito aos fl'eguezes. II Ob". caçOes pequenas. No Para, quando o
E te nome não é mais do que a :1bl'e- furo comprellendido entre uma illla e a
viação elo de Frege-moscas, pelo qual terra firme é muito extenso no sentido
se de ignam geràlmente esses esta- do comprimento, lhe chamam Pal·aná·
beleci mentos. 71lirin~. Na Babia dão ao Furo o nomi
Frigideira, s. f'. nome que de Ftlrádo.
dão a qualquer fritada: Uma frigi- Fu.rrundú (lO), s. m (S. Paulo)
deim de camarões etc. especie de doce feito de cid1'[\, ralada,
Fructa-de-Oonde, s. (. (Rio gengibre e assucar mascavo. Tambem
de Jan.) o mesmo que Ata. dizem Ftwnmdtlnl.
Fruita, s. f. (p7·O'l)S. do N.) es- Furruudú (2°), s. m. (S. Paulo)
pe(lie de bolo feito de farinha de especie de dansa, de que nsam os cam-
mandioca, assucar e pimenta d,. India. ponezes.
Tambem lhe chamam doce ele pimenta FurrundulD., s. m. (8. Paulo)
(João Ri beiro). o mesmo que Furnmdü (1°).
Fuá, adj. (R. Gr. do S.) o mesmo Futicar, '1). tI'. (Rio de Jan.) co-
que k'llá, ser ligeiramente e a grandes ponto'
Fubá, s. m. farinba de milho qualquer roupa, ou eja para di farçar
Oll de arroz moida ua mó. II No Al'garve alguma rasgadura accidental, ou seja
chamam Xe"8m a sa farinha de pal'a terminar qualquel' costura que
Illilho, de que se fazem paI as (Aulete). não admitte demora. Em S. Paulo, Ba-
I) Etym. Tem origem uo termo Fuba da hia e Pernambuco dizem furoicar.
hugu bunda; mas na Africa e dá es e Fuxicar, '1). ti'. o mesmo que
. nome a qualquer especie de farinha (Ca- tutica'r.
pello e Ivens, Serpa Pinto). No Brazil Fuxíco, s. iII. (Sel·g.) mexerico,
o (uba de milho é cousa dilferente da intriga (João Ribeiro).
farinba ele milho. Esta ee consegue pi- Gajão, s. m. titulo ob3equioso de
sando o milho no pilão, e deseccando-a que usam O' Ciganos para com as pes-
ao fogo. O fubá de milho é preparado soas extranhas á sua raça. Meu gajão
a feio. Engana-se Aulete, qUl1ndo, equivale amou seuhor, ou cousa seme-
em referenCia ao Bl'azil, inclue lL fa- lhaute.
Dlcc. DE VOl'. 5'
GALALÁU GAPUlAR
Galaláu, $. m. (Bahiu) homem , duas GangolTas, que cada uma, pelo
de elevada estatura. Corresponde ao menos, ha de ter ciocoenta palmos de
Manguari de S. Paulo. c0mprido, quatl'o de as ento e cinco de
Galpão, s. m. (R. Gr. do S.) alto "
varanda, alpendre, ou galeria aberta Gangôrra (2°), s. f. (Piauhy)
adherente a uma casa de nabitação. ob especie de aJ'madilha que, para prender
a forma Galpon, é usual em todos os es- os animaes bravios, e estabelece or-
tados americanos de origem hespanhola, dinariamente entre desfiladeiros e
e foi delles que o recebemos. II Etym. E' boqueirões. Consiste em um pequeno
voc. da língua azteca (Zorob Rodri- curral em redor de uma cacimba ou
guez). aguada) com uma entrada ou porteira
GaD1.bá, s. f. (R. de Ja».) o por onae facilmente entra o animal, e
mesmo que Saruê. com uma sabida que é para elle um
GaD1.bôa, s. f. (littoral) pequeno labyriotho. O animal engangorrauo,
esteiro que enche com o fluxo do mar e ou se deixa pegar, ou terá de romper
fica em secco com o refluxo. Em Per- ou de altar a cerca (.T. Coriolano).
nambuco, como em Portugal, chamam Ganja, s. (. vaidade, presumpção:
a is o O:tmb6aj e no littoral do Plauhy e Tu~ ganja não tem razão de sei'. Dei-
Maranhão, Igarapé. I Em Portugal xa-te dessas ganjas, que mal cabem a
Gamb6a é a fructa do Gamboeiro, várie- um homemserio. Não dêsganja áquella
dade úo Marmeleiro (Aulete). mulher, jã. tão disposta a e julgar o
Gangão, s. m. (Bahia) espiga de prototypo da perreição. IIObs. Moraes
milho atropruada, contendo poucos não menciona e te vocaliulo. Auiete
grãos, e esses dispersos pelo sabugo. da-o como nonle ele resina extrahida
Tambem llle chaLuam Dente de velha, de uma especie de canhamo, e é a
e Tatnbueira. No Rio de Janeiro dão- base do ba chisch. Isto nada tem que
lhe o nome de Catambuêra, que entre- ver com o nos o vocabulo, do qua.l é
tanto se estende a todos os fructos ve- apenas o bomonymo.
getaes mal desenvolvidos. Ganjen-to, adj. vaidoso, presu-
Gangôrra (lO), s. f. (Rio de mido : Depois que o irmão entrou pat'a
Jan. e ouH'as provs.) nome de um ap 'a- o mini terio, ticou José tão ganjento
relbo destinado ao divertiment.o de ra- que maio podem abordar seus (lmigos.
pazes, e consiste em uma trava apoiada Minba fillJinha e-tá toda ganjenta com
pelo meio em um espigão, sobre o qual o vestido que lhe deu de festa a ma-
gira horizontalmente e em cujas estre- drinha. IIObs. Moraes escreve gan-
midades cavalgam. Em POI'tugal lhe gento; mas, como o radical de te adje-
chamam ArrebW1"Ínho; no Cearjl. e OL~­ cti vo é seguramente ganja, parece-me
tras provincias do norte João-Galamal-te; que a ortllogravhia que êldopto é mais
em Pernambuco Jangalamaste; e em razoavel. Este auetor não menciona
Minas-Geraes Zaltgaburrinha. II Mo- este vocabulo como exclusivamente
raes menciona Gangorra como termo brazlleiro; mas Aulete o supprimiu, o
obsoleto de significação incerta, tal- que me faz pensar que não é usado em
vez designando alguma mole tia, o Portugal.
que não me par~ce de bom conceito. Gapuia, s. f. (VaUe do Amaz-.)
G. Soares, na descripção das madeiras modo de pescar que consi te em fazer
de con trucção da Bahia, falla muito da o que chamam Mucuóca, isto é, atra-
Gangorra como de peça necessaria nos ve sal' o riacho com aninga e tUjliCO
engenhos de assucar. Attentemol-o no enco tados em paus cravados a prumo,
seguin te trecho. - « Juqultibá é outra afim de não passar toda a <tgua j e em
arvore real, façanho a na groi ura e bater o ti",bó, pllra f;'zer sobren ,dar
comprimento, de que se fazem Gan- o peixe SI? o logar é algum tanto funrlo;
gorraç, mesàs de engenbos e outras e se o não é, toma-se o peixe á mão,
obras, e muito taboado j e já se cortou sem o n.uxilio do timbó (Baena).
arvore destas tão comprida e grossa, Gapuiar, 'V. intr. (Valle do
que deu no comprimento e grossura Ama.a-., Ma~'anhão) pescar nos baixios
GARAJÁU 67 GARRÓTE

um pouco ao acaso, lançando o harpão dão tambem os nomes de Ualúa e quim-


para o ~irarucú ou a flecha para. o bombo, conforme as terras.
tambaqUl tucunaré e outros peixes Gari ID.par, 'li. il1tr. (Min4s-
aqui e alli j apanhar camarões em Geraes) exercer o oilicio de Garim-
cestos nas pequenas lagàas; tomar peiro.
peq uenos peixes à aventura nos baixos; Garbnpeiro, s. m. (Minas-
procurar uma cousa qualquer ao acaso Geraes) nome que se deu outr'ora a
da sorte (J. Verissimo). 1/ E gotat' a uma e pecie de contrabandistas, cuja
agua que resta na vasante do pequeno industria consistia em catar furtiva-
rio tapado, por meio do Pari, para mente diamantes nos districtos em que
pegar o peixe miudo que nelte fica (B. era prohibida a entrada de pessoas
de Jary). 1/ Esgotar uma lagóa, para estranhas ao serviço legal da mine-
deixat' o peixe em secc@. 1/ Extrahir a ração. Para exercerem seu arriscado
agua de pequenos poços ou riachos, officio, os garimpeiros penetravam em
com o fim de apanhar o peixe (Seixa ). magotes no~ lugares mais ricos em
Garajáu, s. m. (Pern,) especie diamantes e os procuravam. Emquanto
de cesto oblongo e fechado, em que os uns executavam este serviço, outros se
camponezes conduzem g-allinhas e ou- postavam de sentinel1a nos pontos al-
tras aves ao mercado. II No R, Gr. do tos, afim de avisai-os da apflroximação
N, é o Ga"ajdtl um apparel ho para. de solJados. Então se refug-iavam nas
conduzir peixe secco. Compõe-se de montanhas mais escarpadas, onde não
duas pecas chatas e quadrangulares, podiam ser alcançados. "Elym. Pelo
com cerca de 66 centimetros de compri- que diz St. Hilaire, o nome de Garim-
mento e 55 de largura, formada cada pei?"os nãJo é mais do que a corruptela de
peça por quatro varas presas pelas Grimpeiros, que foi dado a esses aven-
extremidades, cheio o intervallo com tureiros em allusão à Grimpa das mon-
embiras ou palhas de carnahuba tecidas tanhas em que se ocultavam. Aulete,
em malhas largas. Sobre uma dessas mencionando esse vocabulo, o dã como
peças deitada no chão arrumam cui- pouco usado, mas nada diz a respeito
dadosamente o peixe secco e o cobrem de ua nacionalidade.
com a outra peca, atando as extre- Garôa, s. f. (prou$. merid.) chu-
Illidades, para que não se desliguem visco. II Etym. E' vocabulo de origem
durante a marcha (Meira). I Murae peruana. No Perú di zem Gal'úa, e assim
menciona Garajda e Aulete Garajat~ : o tambem no Chile e em outros paizes
primeiro como ave maritima da costa hispano-nmericanos.
de Guiné j o segundo como ave palmi- Garoar, v. inN', (p1·OVS. merid.)
pede, com o nome zoologico de Slerna chuviscar. Tambem dizem garuar.
{luviatilis. Nã.o lhe encontro anõ110gia Garoupeira, s. (. especie de
passivei com o nosso vocabulo. embarcação que se emprega na pesca.
Garápa, s. (. nome commum 9· da gat'oupa nos baixos dos Abrolhos,
diversas bebidas refrigerantes. Em e da qUlll fazem grandes salgas, con-
S. Paulo, Goyaz e Matto-Gt'o so dão stituindo a indu tria capital de Pot'to-
es~e nome ao caldo da canna, e tam- Seguro, e seu maior commercio de ex-
bem lhe chamam Guarápa. Em algu- portação. E' armada com um mastro a
mas provincias do norte Gal'apa picada meio. e wn outro pequeno á pôpa,
é O caldo da canna fermentado, e o onde se iça uma vela chamada bUl'ri-
nome de Gal'apa se applica tambem quete (Dica Mal". Bra$.),
a qualquer bebida adoçada com me- Garrão, s. m. (R. GI'. da S.)
IRÇO. Segundú Simão de Vasconcellos, nervo da perna do cavallo. II Etym.
Gal'apa, é o termo com que os Tupi- Do castelhano Garron, signHlcando es-
nambás designavam uma certa belJida porão das aves, e em Aragão cal-
feit" com mel de abelhas. Em Angola, canhnr.
Do dizer de Capello e lven , entende·se Garr6te, s. m. bezerro de dous
por Garápa uma especie de cerveja feita a quatro annos de idade. "O homony-
de milho e outras gramilleas, â, qual mo portuguez significando arrocho,
GARh,OTEÁDO G8 GINETÁÇO

coto de páu com que se dá volta ao de origem latina, nãoo encontro em dic-
laço posto no pescoço, po,ra estrangu- cionario alg-um da nossa lingua. Aulete
lar, não pMe ser a origem do nos'o menciona Ga~ldio com a significação de
vocabulo. aleg-I'io, rego'ijo, folia e brinquedo.
Garroteádo, a, cuJj. (R. Generôso, S. m. (R. Gr. do S.)
Gr. do S.) diz-se do couro que, con- ente phanta tico que, segundo a cren-
venientemente sovado e batido, torna- dice popular, era o terror das famílias
se nimiamente macio: Couro garrotearlo no territorio das Missões. Entrava in-
(Col'uja). visivelmente nas ca as, fazia barulho
Garrotear, '!l. tr. (R, Gr. elo pelos quarto, tocava instrumentos mu-
S.) sovar e bater o couro, até ama- sic..'l.e', qual a viola, e nas noutes de
ciai-o bem. fi Etym. E' "erbo antiqu'l- boile, no calor da dança, sentiam-lhe
do da língua castelhana, significando a" pisltd:ls, e aproximando-se <10 tocador
da.r arroclladas, pauladas, bastonada da viola C!lntava, esta quadl'inlta:
(Corllj~).
Garrucha s.f. pistola de gran- Eu me chamo Generoso,
de dimensão. ~ Tanto em POI'tug'uez, Morador em Pirapó ;
como' em ca telhano, aquillo a que Gosto muito de dançar
chamam gmTucha é cousa mui dill.'e- Com as moças de paletot (Cesimbra).
rente. II No R. Gr. do S. a gar?"ucha Genipápo, S. m. V. J,mipâJ1o.
é o bacamarte de bocca ele sino; e figu- Geraes (lo), s. m. lJl. diz-'e que
radamente dão esse nome à índia ve- alguem esta nos seus gemes, quando
lha (Cesimbra). vi ve satisfeito com a po ição que occnpa.
Garúa, s. f. o mesmo que Garôa. Equivale a não caber em si de con-
Garuar, '!l. in!?". o mesmo que tente: Aquelle sujeito, que tanto dese-
Gal·oal". java um emprego pulJlico, e tá nos
Gassába, s. f. o mesmo que seus geraes, depois que o nomeat'am
Igassdba. in pectol' das escolas mUllicipaes.
Gáteádo, adj. (R. GI·. do S.) Geraes (2°), s. m. pl. (Cearã,
diz-se do ca.vallo baio com as crinas Piatl.h!J) luga.res longinquos, ermos e
côr de flexa (Coruja). II Segundo Ce- invios, onde não co tuma penetrar
simbra, é o cavallo de pêlo amarello- gente: Perdi-me naquelles Gel'aes, sem
avermelha.do. . maL" poder atinar com a direcção que
Gato do D1atto, S. m. o mes- me cumpria, eguir (J. Galeno).
mo que Maracajá. Geral, S. m. (Pm". do N., R.
Gal.'Í.cháda, .~. r. (R. (1'1". do Gr. elo N.) 10g'or coberto de matto:
S.) acção própria de gaúcho 0; astucia, AquelIa. parte da provincia é um .l'Jeral.
ardil (Valdez). Meu roçado, dantes tão bem cultivado
Gaúchar, '!l. int?·. (R. Gr. do S.) é boje um geml (Meira).
pratica.r o gaucho os seus co tumes, aLI Geralista, s. m. e f. (pI"O'!ls.
Imitai-os um estranho (Valdez). mericl.) nome que muitas vezes dão ao
Gaúchíto, s. m. (R. GI·. do S.) natural cl... provincia de ~1ina '-Gerl1es,
dim. de gaúcho, gaüchinho, pequeno om lugar de Uinei?"o.
gaucho ':Cesimbra). Gerebíta. V. le?·eblta.
Gaúcho, s. ?no (R. Gr. do S.) Gia. V. Ji't.
habitante do campo, oriuudo, pela maiol' Gibão, s. m. (iJrovs. do N.) OS-
parte, de indigena, portuguezes e pecie de veste de couro, de que usalll
lIe panhóefl. São naturaes não só das os vaqueiro.', no exercicio de sua pro-
republicas p latinas como tio R. Gr. do fissão. II Et!JlI1. E' voc. portuguez, salvo
Sul. Dão-::;e á criação do gado vaccum e a applicação que l!le dão no Brazil.
cavalIar, e· são notaveis por sell v:l.lor Giboia, s. f. V. Jibóia.
e agilidade. Giló, s. m. V. liló.
Gaudério, a, adj. pamsita, Ghn.bo, s. m. V. limbo.
amiO'o de vivar à custa alheia. II Et!Jm. Ginetáço, s. ?no (R. 01'. elo S.)
Ailla,t que pilreça. ser te1'lllO pol'tug'uez giuete que Ctt alo',L bem e com garbo
GRUMIXÁ

(Coruja). fi Aulete escreve erradamente Gra1l1ádo, S. ??t. terreno plan-


Gin'taco. tado de grama, com ele tino a pa taO'em
Ginête (1°), . m. cayalleiro: OU:1 ornamentação de jardin . ~ adj.,
Aquelle sujeito é um bom ginete. ~ Tam- coberto de grama: Um campo [li'a-
bem designa, com" em Portugl\'l, um mado.
cav:\,llo de boa raça. Gra1l1ar, v, ti'. cobrir de grama
Ginêtc (2"), s. m. (Ceal'd) especie um terreno: üccupo-me agora. em gl'a-
de ella gl'os eira fabricaela no paiz, e mal' o meu jardim. II Af6ra a signitica-
da qua.l umas vaqueiro no exercicio ção brazileira, o verbo grama)' é portu-
úa sua profi são. E de assento raso, guez em outro.:; sentidos, e como tal
em coxlm, nem rele,'o algum atr'az, usual tambem entre nó , como, por
nem dos lado. AS abas terminam fluasi exemplo, [l,'anwr um su'to, gl'ama,'
sempre em linba recta. e não curva, uma óva j mas B'e te caso não póde,
como as das seUa ordinarias (Meira). como o nos o, ter a. sua origem, na
Giqui. V. Jiqui. graminea a que damos pat'ticufarmente
Girau. V. Jird~" o nome de gm.ma; e é portanto erronea
a etymologia affirmada por A ulete.
Giz, s. ?no (Pel'n., Pal·. do N., Granar, V. irlt?'. engraecer o
Ceal'á) traço rectilíneo, a ferro quente, milho.
com que se assignala o anima.I vaccum, Graxear, v. intl'. (R. Gr, do
indica.ndo, por occa ião ele inventario, S.) namorar (Coruja). E' expre são
que esse anim ti já foi contado. E' tam- u ual entre a. gente elo campo.
bem a contra-marca que se põe em um Gré" s. m. (Pal'. elo W.) o ultimo
animal, logo que pas a para outro dos t1'es compartimentos de um curral
possuidor. de pescaria, e onde, por meio de uma
Gizar, V. tr. (Pel'n., Pai'. elo N., rede apropriada, e apanha o peixe
Ceard) assignalar o animal vaccum, (Souza Ran O'el). No Rio de Jan. lhe
por meio tio traço a ferro quente, cba- chamam vivei,'o.
mado Gi:;. G .róg-ój 6, s. m. (Alagôas) espe-
Goyâno, a, s. natural da prov, cie de cucurbitacea semelLJante ou
ue Goyaz. II ad,j. que pertence a prov, identica ao porono-o do Lll, de que se
de Goyaz. fazem a cuias de mate (SeveI'iano da
GOlll.lna, S. (. (BaJiia e outl'as Fonseca). II E' a Cucu?'bita ovoide dos
pj'O'!>, do N.) o mesmo que Xa]JirJca. uotanicos (Aulete).
Gongá (l°), s. ?no (Rio ele .Jal~.) Gróta, s. f. terreno em plano
especie de cestinha com tampa. fi Etym. indinado na intersecção de duas mon-
Vem da lingua bunda Ngonya. 11 Tl\'m- tanhas, E' mui apl'upl'iaelo U. cultura
bem lhe chamam Quittmgo (V, de Souza das bananeirfls, por tel-as ao abrigo
Fontes). das ventanias. II Etym. ParecI' ser uma
Gong-á (2") S. m. e aclj. (pl·OV'. do moelifica.ção de gl'uta. \I Aulete, referin-
N.) nome ele uma especie de abiá pouco do-se, . em duvida, a Portugal, define
apreciado: Sabiá-Gongá. gr6ta: «Abertura na mu.1'gem do rio,
Gorgulho, s. m. (Uinas-Ge- que f"zem as aguas das enchentes, por
?'aes) fragmentos das rochas ainda an- onde se lançam para lontra dos campos
gulosas,. no meio elas qUlteS se encontra e 'e de pejam na de cida.
o ouro nas lavras ch,tmadas de gttpidr'a Grul.nixá, S. m. (Mirlas-Novas)
(8t. Hilaire). II Pequenos seixos de grés, espede de ca ulo corneo que se encon-
de quartzo e de silex roliços, ora altos tra nos rios, pertencente a uma larva.
e ora liO'ados entre si, por meio de Tem de comprimento meia pollegada
uma argila amarelJa e vermelha da na- (om,01875).São lisos, lu trosos e negros.
tureza ela ganga (Castelnau). II Na mais Com elles fazem braceletes os seivagen
geral accepção, GOl'{j~,lho é, tanto no l\Iacuni, ( 1. Hilaire). II Cumpre fazer
Brazil como em Portugal, o nome vul- observar que ha na provo do Esp.-Santo,
ga.r de um pequeno Coleoptero, que com o nome de Crubia;d, um ribeiro
ataca os celJeiro.'. que elesce ela cordUheit'a dos Aimorés
GRUMIXAMA 70 GUAPÉVA

por entre rochedos, nos quaes se en- Guácho, s. m. (R. Gr. do S.)
contra certa e:lpecie de coral mui fragil, cavallinho ou bezerro criado em casa.
de cOr escura, com que as mulheres dos Equivale a eogeitado, por não ser ali-
Botocud08 costumam enfeitar a cabeça, meotado pela propria mãe (Coruja). ~
pescoço, braços e pernas (Cesar Mar- E' usual em todos os Estados da Ame-
ques). Não duvido nada que as palll.vras rica Mer·idiooa!. No Peru e Bolivia.
Grumiroà e Crubiroà, se diíferenceem dizem guacha. II Etym. Tem a sua ori-
apenas pela pronuncia, e sejam ambas gem em Huaccha, da lingua quichua,
a corruptpla de Cunibiroá. Poucas le- significando orpbão, pobre. Em ai-
guas ao norte da villa do Prado, na mara, huajcha tambem significa orphão.
prov . da Bahia, ha uma enseada de- Em araucano huach~, se traduz por
nominada Curwmuroat))ba por uns, e filho illegitimo, e animaes mansos e
Ounlburoat))ba por outros, havendo até domesticêl,dos (Zorob. Rodriguez). II Em
quem lhe chame Orumuroat))ba. Tudo guarani guachã é o equivalente de me-
isso parece indicar que são todos a nina, empregado no vocativo (Mon-
córruptela de um radical commum, e toya). •
que esse radical é o termn Otwubi. Guaj erú, s. m. arbusto fiucti-
Tanto mais o creio assim, que Cesar fero do g-enero Chl"ysobalanus (C. [caco)
Marques menciona tambem, no seu da familia da 110saceas. Tambem lhe
Dicc. hist. geogr. e estat. da prov. do chamam Guajurú, e no Pa.rá Uajurú.
Esp.-Sa'Ylto, um ribeiro comia nome de E' o Abajerit de Gab: Soa,res. Vegeta
Ounlbia:à-mü·im. nos areaes do littoraI. II Etym. E' voc.
Gruxnixaxn.a, f. f. fructa da de origem tupi.
Grumixameira, arvoreta do genero Guaj urú, s. m. o mesmo que
Eugenia (E. brasiliensis) da f" mUia das Guajerú.
Myrtaceas. II Etym. Do tupi Ybàmixl2na Guaxnpa, s. f. (R. Gr. do S.,
(Voe. B,·az.). Paraná, S. Paulo) nome que no campo
Guabijú, s. m. (R. Gr. do S.) dão geralme.,te ao chifre do boi; e
fiucta do Guabijueiro, arvoreta do ge- mais particularmente quando o pre-
nero Eugenia (E. Guabijú), da familia param a guiza de copo para beber
das Myrtaceas. I Etym. E' voc. tupí. agua em viagem. II Etym. Este Dome
Guabirába, s. f. fructa da nos veiu por intermedio das republicas
Guabirabeira, nome .commum a duas platinas, onde é usua.l. No Ohile dizem
especies de Myrtaceas, pertencentes 'ao Guà?npa1'o (Zorob. Rodriguez); mas este
gerrero AbbeviUa e Eugenia, sendo esta auctor nada diz a respeito de sua
natural do Ceara, e a outra da Bahia e origem.
Pernambuco. II Etym. E' voc. tupi. Guando, s. m. (Rio de JaYl.)
Guabir6ba, s. f. fructa da fructa do Gualldeiro (CytiS~lS cajanus),
Guabirobeira, nome commum a diversas arbusto da familia das Leguminosas.
especies de Myrtaceas nertencentes aos Come-se-Ihe a semente a guiza de er-
generos Psidium e Eugenia. II Etym. vilhas. Em Pernambuco lhe chamam
E' nome tupi. Guandü, e na Bahia Andil. E' planta
Guabirú, s. m. (Pern. e outras exotica e provavelmente introduzida
provs. do N.I nome vulgar do Rato de da Africa.
casa, de g-rande especie (Mus tecto- Guandú, s. m. (Pel'n.) o mesmo
rum ~). II Etym. E' voc. túpi. II Houve. que GuaYl.clo.
em Pernambuco um partido politico ao Guapéba, s. (. nome commum
qual seus adversarias, os Praieiros, a diversas especies da plantas fructi-
deram por mofa o nome de Guabirit. feras pertencentes a familia da Sapo-
Guacá, s. m. (S. Paulo, Rio de taceas. Tambem dizem Guapêva.
Jan.) nome vulgar de duas espécies de Guapetão, adj. m. (R. Gr. do
Sapotaceas fructiferas. II Etym. E' voc. S.) allgmentativo de guapo, valentão
tupi. (Cesimora) .
Guachíto, s.m. (R. Gr. doS.) Guapéva, s. f. o mesmo que
diminutivo de Guacho (Cesimbra). Guapêba.
GUAPI'I'O 71 GUAXE

Guapfto, adj. m. (R. G,·. do S.) toya. II o Pará dão á Coqueluche o


dÍltJinutivo de guapo. nome de Tosse de Guaríba.
Guapnrunga, s. f. (S. Paulo, Guaríba (2°), s. f. (Pard) O
Paranà) fl'lIda. dn guapurungueira, me mo que Catimpuêra.
arbusto dI) genero Mm'Hera (M. tomen,- Guarir6ba, s. f. nome vul-
to,a) da familia dfl' Myrtaceas. ~ o gar de uma especie de Palmeira do ge-
Para O"uay e em Bolívia é e se o nome nero Cocos (C. oleracea), a qual fornece
que d'ão á ja.huticll ba, outra Myrtacea um palmito amargoso mui apreciado.
do genero M!I,'ciaria. ~ Etym. E' voc. Guasca (lO), s. f. (R. ar.do S.)
de or'igem tu pi. tira ou correia de couro cru (Caruja). \I
Gu .. quíca, s. f. (Rio de J(lfI.) Etym. Do qnichúa huasca significanáo
plantll fI'uct irera pertencente ao ge- so,'!n, cordel (Zorob. Rodriguez).
nero Eu.qenia da farni li l da l\1yrtaceas. Guasca (2°), s. m. (R.GI'. do S.)
II Etym. E' provavel ql1e este vocabulo o mesmo que Caipira. fi Obs. E'
seja de orig-em tupi. de notavel inju tiça a alcunha de
Guará (l°), s. m. nome vulgar de Guasca applicada aos habitantes do
uma especie de man1IDI re1'O perten- campo naquella provincia. Guasca, com
cente ao genero Ca'lis (C. jub'ltu<). ~ a igllificação de tira dd couro cru, é o
Etym. E' alteJ'ação de Aguara, nome instrumento o mais gros eiro que se
que lhe davllm os abol'igene tanto do pMe imaginar j entretanto que o cam-
Bra.zil merirlional, como do Pal'aO"uay. ponez d'al li, ainda mesmo o da classe
Gnal·á (2°), s. m. nome vU'g-ar mais humilde, é notavel pela polidez
de uma e pecie de ave do genero Ibis de que usa para com todos. Não só nas
([, 1'ubra) pertencente á orrlem da republicas platinas como no Chile e
Pernaltas. II Etym. Do tupi Guyrd-pi- outras partes da America Meridional
ranga, ave vermelha. Ião ao 110mem do campo o nome de
Guaraná, s. m. especie de Guaso, cuja origem é huasa da llngua
ma s'~ duri sima feita com a fl'ucta de quichua, segundo Zorob. Rodriguez.
uma planta do Amllzonas chamada Devemo pllnsar que Guasca, no caso de
guaraná (Paullil'lia so,·bilis). E' inven- que se trato, não é mais do que a cor-
ção do inrlios Maués, o quaes faziam ruptela de Guaso.
disso 11m myst rio. Hoje, porém, e ta Guascaço, s. m. (R. ar. do S.l
no dominio de todo. U a- e desta pre- gol pe ou pancarla dada com fi, gua ca.
pnração como bebida refrigerante. Guasquear, v. t,'. (R. Gr. do S.)
Para isso l'ala-se de c1da vez uma açoutar com a guasca.
colherada da massa, a qual se deita em Guassú, adj. voc. tupi, signi-
um copo com agua e a ucar, mexe- e t1cflndo gl'ande, e do qual nos s61'vimos
e toma-se. A propl'iedades medicinaes muitas vezes para distinguir certos
do GU01'and ão notaveis. oujectos maiore que outros. Os me-
Guarápa, s. f. (S. Paulo) o nores distinguimol-os pelo adj. da
mesmo que Gara",a. mesma língua mirim : Ar, sá guass'Ú,
Guarda-peit.o s. m. (Sertões Ara sa mirim; 1'amanduá guassú, 1'a-
do N.) pedaço de pelle que se ata ao manduá mil'im. II 1'ambem, por mo-
pescoço e cintura j resguarda o peito do tivo de euphonia se pronuncia assú.,
vaqueiro e lhe erve de collete. uassit., ossú e ussit.. Quando a penul-
Guaríba (10), s, f nome cqm- tima syllaba do substantivo é aguda se
mum as duas especies de Quadrumanos usa, de ~ISSU (Anchieta) : 1'aquára, Ta-
do genero Mycetes, aos quaes no Rio quorussú. etc.
Gt'. rio Sul e em Matto-Gt'OS o chamam Guaxe, s. m. nome vulgar do Cas-
Bugio. Creio t:Jmbem que em algumas sicus haem01'rhous, especie de pa ere
pattes do Brazil a8 conhecem por Bar- commum a todas a províncias do Brazil
bado.~. II Etym. E' vocaLulo tupi, men- e em gel'al a America intertropical.
cionado 101' G. Soares. ão tratam, Vi ve em grandes bando, e é Dotavel,
porém deUe nem o Voc. Bt·az., nem o não só pelo cantu que. lhe é proprio,
lJicc. Port. Bra;:, e nem tão pouco Mon- como pela facilidade de imitw o de
GUAXIMA 72 HERVA
outras aves e a voz de quaesquer ani- Gupiára, s. f. (M.inas-Geraes)
maes. Seus ninhos têm a forma de nome que nas regiões auriferas dão
uma bolsa pendurada nos ramos das ar- a uma especie de cascalho em camadas
yores altas. Tem outros nomes vulgares inclinadas nas fraJdas das montanha,
conforme as provincias Xexéu, Xiéu, e donde se extratle ouro.
Japu, Japujuba, Japim, João-Congo, etc. Gurí (l°), . mo (R. Gro do S)
Além da especie compreheudida nesta denominação geralmente dada ás crian-
extensa synonymia, conta-se mais o ça . II Etym. Do guarani NgYl'2, titulo
Japú-assu (Cassicus cristatlAs) e o Japú- que dão os pais a.s criança do exo
mirim (Cassicus icte?·onolus). feminino (Montoya).
GuaxÍIn.a s. f. nome commum a Gurí (2°), s. m. (Rio de Jan. e
diversas especies de Malvaceas, de algumas provo do W.) nome que dão
cuja fibra se fazem cordas. Em alguns ao bagre pequeno. Em Alagóas ao
lagares lhe chamam Guaa;uma. II EtY/ll. bagre grande ch mam Guri-gua u.
E' corruptela do tupi Aguairoyma (Voe. "Etym. E' vOC. tupi.
Bra?:.). Guríba, adj, mo e f. (Rio de
GuaxinÍln, So ?no especie de Jan.) que tem as pellllas arripiadas:
mammifero do genero GaUctis (G. Gallinha. gUl·iba. Gallo guriba.
vittata ex-Martius) da ordem dos Car- Gurirí, s. m. (Rio de Jan., BaAia)
niceiros. nome vulgar de uma especie de Pal-
Guaxúnl.a, s. f. o mesmo que meÍl'a pertencente ao D'enero Diplote-
Guaa;ima. miwn (D. ma?'ilimum). WElym. E' vOC.
Guayába, s. f. fructa da tupi.
Guayabeira, de que ha varias especies Guríta, s. fo (sel·trIo da Bahia)
indigenas, pertencent9s ao genero Psi- egua velha.
diwn, da familia das Myrtaceas, e se Gurugun1ba, S. f. (Campos,
compõe de arbustos, al'voretas e ar- S. Fidelis) especie de cacete o " Etym.
vores. II Etym. Não sei se este vo- E' o nome de certa m~deira mui rija,
cabulo, goeralmente usado no Brazil, é propria para bengalas (8. Coutinho).
indigena ou exotico. O certo é que o> Gurupênl.a, s. f. o mesmo que
mais antigos escriptores das cousas,do Urupêma.
Brazil, como Go Soares. Gandavo e Haragãno, adj. (R. Gr. do S.)
outros, não ó mencionam e só fallam do diz-se do cavallo difficil de lJegar-se,
Al'assá, nome ainda vulgar entre nós, por iss) que foge, quando delis se apro-
designando a fmcta de outras especies ximam. II EtYI1L E' vocabulo c te-
de Psidium lhano, cvm a significação de mand, ião,
Guayabáda, s. f. doce secco ocioso, pregouiçoso, e diz-se de quem
feito com a gua-yàba á maneira da mar- foge ao trabalho e vive no ocio. Ha
mellada. E' o que em Portugal chamam uma certa analogia entre o sentic10
tambem doce de tijolo. Na Bahia lhe moral desta expressão e o mau habito
chamam Doce de al,'assa. do animal que, não se deixando pren-
Guayáca s. f. (R. Gl'. tio S.) der, foge ao serviço a que o querem
bolsa de couro presa a uma cinta, e obrigar.
na qual o viajante guarda dinheiro e I-J:echôr, S. m. (R. Gr. do S.)
outros obj ectos de pequenas dimensões. asno ou bUI'ro que serve de garanhão
II Etym. Do'quichua huayaca (Zorob. em uma manada de eguas, afim ue pro-
Rodriguez). omover a hybric1ação, de que resulta. o
Guenzo, adj.. (Campos, S. Joéio gado muar. " Etym. E' voc'lbulo caste-
da Barl'a) diz-se do individuo que, por lhano antiquado, com a significação de
fraqueza ou ou tro qualquer so:tIrimento, fazed01' .
anda penso de um lado (Coutinho). II Hep ! int. (R. ar. do S.) Usa-se
(pel'r!., Par .. e R. Gr.doN.) s.,e no campo para excitar os animaes a
adj., magriço, en fesado, pern i longo o andnr. O h é aspirado (Coruja).
Guinilha, S. {. (Rio Gr.' do Herva, S. f. (R. ar. do S., Pal'cmà)
S o) o mesmo que Esqttipado o antonomasia da Congonhao II Tambem
HERVAL 73 ILHA.PA

chamam HenJa a qualquer planta ve- dade depende do estado dá maré.


nenosa qne se encontra nas pastagens, /I Etym. E' vocabulo do dialecto tupl
e essa denominação é geral a todo o do norte do Brazil, ignificando Ca-
Brazil. minho de canôa, i to é, Rio; e assim o
Herval, s. m. (R. GI·. do S., Pa- traduz o Dicc. Porto Bmz.
?"and) malta em que domina a Herva- Igarité, s. ?no (para) pequena
mate ou lJongonha. em ta I'cação, ujo fundo, como as canoas,
Her,\rateiro, s. m. (R. GI'. (lo é de um ó madeiro, alteada de falcas e
S.) individuo que negocia em herva- chan fradas iL prôa e popa" tendo á ré
mate. uma tolda, a qne chamam Panacarica
:I-liapiruára. V. Iapiruara. (H. Barbosa). II Em Matto-Grosso dão
Hôsco, adj. (R. 01·. do S.) desi- o mesmo nome a uma. especie de Chata
gnativo do animal vaCCLlm de rol' es- (Cesario C. da Costa). II Etym. E' vo-
cura, com o lombo tostado. II Etym. E' cabulo tupi ligeil'ameutlil alteI'ado pela
vocabulo castelhano, sig-nificando fusco. substitUIção do {!tê em ité. Os Tupi-
(Coruja). nambàs davam o nome de "gal'êtê á
Iáca, s. f. (Mamnheio) o mesmo canoa con truida de uma ó peça de
que inháca. madeira, para a di lTerença,r da ;ipe-
Iapiruára, s. m. (Pm'a) nome 'fIgrira, que erafei tn, de casca de pau; da
que os indios do Baixo Tapajoz dão aos ygapeba, jangada; e da Pil'ipiriygdra,
que habitam o Alto Tapajoz, e igni- que o eI'i;\, de junco. A palavra ygm'été
fica geme do sertilo (Baena). Este auctor decompõe-se em .lígá1·a, canóa, e êtê,
e creve Biapirudm; mas eu entendi expressão de upel'iol'idade qualitativa.
dever su pprimir o H, por desneces ario. Tambem lhe chamavam ~b~l'á~gdl'a,
Igapó, s. m. (Pa1-á) pantana, canõ I de madeira.
charco, brejo coberto de mattos. ~ Etym. Igarvana. Encontro este voca-
E' vocabulo tle orig-em tupi e ll1ui bulo em MOréteS e em Aulete, com
usado naquella provincia. Em guarani, a significação de homem navegadot,.
Yapo tem tambem a significação de Moraes fuuda-se na auctoridade de
pantana. Na província tIo Parana, VieÍl'a. H ,porém, manife to erro de
temos o rio Yapó. II O nome de Oyapoc, escl'ipt'l. ; e deve-se ler Iga1'uána, cuja
dado ao rio que nos serve de limite ao teaducção litteral é morador na canô.l,
Horte com a Guiana-Franceza, tem a e portanto navegador.
mesma origem, tanto mais que ha Igassií.ba, S. (. (Pa1'á) pote de
cartas em que, em lo~r dilqllelle barro de bocca larga geralmente, quer
nome, e usa de Iapoc e rapoc (J. C. se destine a agua. qner sirva pua
da Silva). guardar farinha, ou outros quaesquer
Igára, s. f. fórma vulgar de generoso Tambem se applica o mesmo
,'ljgám, nome que em Iingua. tu pi se nome a geandes cabaças pl'epal'adas
applica genericamente a torlas e quaes- para. o meSr:lO fim. D'antes se serviam
quor em bal'cuções, salvo os desig'nati vos os sei vagens do BI'azil (e tal vez outro
especiaes para a' distinguir umas das tall to filçam as tribus que nos são pouco
úutl'llS, conforme o systema e materiaes conhecida) das I.qassaba.~ de barro á
adoptados em sua constI'llcção. Como guisa de urnas funeru.ria·, que en-
tnl, ainda hoje entra na composição de terravam com os despojos ele seus de-
muitos vocabulos usuaes, como Iga1'a- funtos. Ainda hoje se encontram des'as
pe. 19adtc, etc. urnas nos seus au tigos cemiterios. Em
Igarapé, s. m. (Pal'á) rio pe- Montoya !ta 'taça, correspondendo ao
queno ou riacho navegavel. II Long'o e tupi I,qassaba. /I Tambem dizem Gas-
estreito canal comprehendido entre duas saba.
ilhas ou entre uma, ii ha e a tel'ra fil'me. Ilh.ápa, S. f. (R. G1·. do S.) nome
I No littoral do Maranb.ão e Piauhy, dão que dão a j.lul'te mais gl'OS a do Laço, a
este nome aquelle pequenos esteiros a qual tem pl'oximamente 2m ,2 de com-
qne em outras provincias chamam primento e é presa na argola do laço
Gambôa ou Carnbôa, e cuja navegabili- (Cesimbra).
1MBONDO 74 INVERNISTA

IlD.bondo, s. m. (S. Paulo, Rio Ingurúnga, s. {. (Bahia) ter-


de Jan.) dJfficuldade, embaraço, obsta- reno ului accidentado, com subidas e
culo: Cu,,'tou-me a ahir d'aquelle im- descid>ls ing-remes por entre morros,
bondo, em que me haviam collocado as e de difficil tran ito ( ragão).
minhas relaçlles politicas. Inháca, s. f. mau cheiro parti-
IJD.bú, s. m. (provs. do N.) fructa cular a certas cousa-. A inhdca df\ ba-
do 1mbuzeiro (Spondias tuberosa), ar- rata, da cobra, do persevejo, da febre
vore da familia das Terebinthaceas. (S. Roméro). ~ No Maranhão dizem ldca
Tambem dizpm Umbit. (B. de Ja,r·y).
IlD.burí, s. m. (Bahia) o mesmo InhaJD.bú, s. m. o mesmo que
que Bu.ri. lnambit.
Irnbuzáda, s. (. (sertões do Inhún1a, s. f. (VaZIe do Ama:.)
Norte) nome de um alimento feito de o·me mo que Anhttma.
leite misturado com o sumo da fructa Intaipába, s. f corruptela de
Imbú. Tambem dizem Umbu~d.da. Itaipàva.
Inajá, s. m. (Pal'à, Marawv"Zo) Intaipáva, s. f. corruptela de
palmeir,t do gen. Maa;imiliana (M. Itaip1vn..
regia). II Etym. E' voe. tupi, iden- Intân, s. f. cOl'rllptela de I1âa.
tico a Indaiá, bem que se appliquem Inubia.- Os poeta, nos eus
às vezes a palmeiras de generos di- versos, têm fallado dE- inubia, cousa
versos. 1\ Os Tupinambás davam tam- qu nem o guaranis das tis ões, nem
bem o nome de Inajà á fructa da pal- os tupis da costa, nem os omagufls do
meira PinrlÓba.. sertão conheceram: o n me generico de
InaJD.bú, s. f. nome commum à flauta em abaiieênga era mimby, que,
diversas especies de aves do genero escripto 1nl)bu e tambem rnubu, depois
Crypturus, da família das Perdiceas. tornou-se inubie, expressão que a meu
Tambem lhe chamam Nambú,Nhambit, ver ajunta lettras de um modo ave o á
e Inhambú. ~ Etym. E' voe. de origem indole do abaiíeênga (Baptista Caet:100).
tupi. Invernáda (l0), s. r (provs. do
Indaiá, s. m., palmeira do ge- N.) chuvas r'igorosas e prolongadas
nero Attalea (A. Indayà). 1\ Etym. E' durante a estação pluvial, a que cha-
voe. de orig-em tupi. mam Invemo, bem que tenha. lugar no
Indaiá-ras-teiro, s. m. estio e outono do hemispher'io austral.
(Goyaz) palmeira do genero Attalea II Em Portugn,l, a palavra Invernada
(A. eccigua). tem a significação de inverno rigoroso,
Indio, $. m. nome que se applica invernia; longa duração de m lU tempo;
geralmente aos.aoorigenes da America, chuveiros, frios, neves, ventos tem-
o que os co funde com os naturaes das pestuosos como ba n J inverno (AuIete).
Indias Orientaes. E' um erro ethno- Inverná'ia (2°), 3. f.. (provs.
g-raphico que se commetteu uesde a merid.) nome que dão a certas pasta-
descober~a da America, pela crença em gens conveuien temente cercadas de ob-
que ficàra Colombo ue ter chegado à staculos naturaes ou nrtificiaes,onde se
India. Modernamente tem sido prú- guardam animae cavallares,muare' ou
po tos differentes nome para distin- bovinos, para descançarem e recupera-
guir os aborigenes americanos dos asia- rem as forças perdidas nas vi, gens ou
ticos, mas parece que a esse respeito nos serviços que prestaram. Nas estan-
nada se tem 1'e olvido. No Brazi lo ,'0- cias do R. Gr. do S. a Invernada é
ca bulo Indio é geralmente usado, mas tamb m destinada para, dUl'ante o in-
ha outros alcunhas c'lm que o desi- verno, engordarem os novilho.;,e fazer-
gnam, taes são Tapuio, Cabôclo e $u.qre. se ás vezes alguma criaçi'i.o especial,como
Ingá, s. m. fructa da Ing-azeira, cruzamento", etc.
arvore do genero Iflga da família das Inveroista, s. m. nome que
Leguminosas, de que lIa varias espe- dão áquelle que tem pO' industria pro-
cies. II Etym. E' nome tupí. G. Son.res porcionar campos de pastagens para a
lhe chama Engá. i11vernada de gados.
INVER o 75 ITAPÉVA

Inverno, s. m. (provs. do N.) I-tacuân, s. m. (pard) nome de


estação das chuvas, as quaes principiam certa pedra amarella, que serve para
ordinariameute em janeiro e vão até ali" r as panelIa feitas a mão (Baena).
junho, .iulbo e as vezes até agosto. II Etym. Em guuani, é e se o nome
.. I pú, s. m. (Ceard) o mesmo qne que dão á pedra que sel've de prumo ao
Ypu. anzól i e se decompõe em Ità, pedl'a, e
Ipueira, s. (. (S/H'lões da Bahia, cuâll, ca calho, e assim dizem Pil'ldd
e de outras provs. doN.) o me'mo que itacuân,que se traduz litteralmente por
Ypueim. cascalho de pedra do anlrol (Montoya).
Irára, s. f. nome vulgar de uma It.aiUlbé, s. m. (R. Gr. do S.
especie de mammifero carDlceiro rlo ge- Parrmd) despenhadeiJ'o, precipicio: O
nero Galictis (G. Bal'bam). Tambem 1be monte Corcovado úo lado do mar ter-
chamam Papa-mel, pela preferencia mina por um Itaimbé. II Em Matto-
que da a esse genero de alimento. Gros olhe chamam [també ou Tromba
Iriz, s. m. (,vacaJuJ, P?·ov. do R. (J. S. da Fonseca). Em varias provin-
de Jal~.) nome de certa epiphytia par- cias do Brazil ba logares denominados
ticular ao cafeeiro (Correa I etto). Itambé, visivel corruptela de Itairnbé.
Irizar, 1J. il1tr. (MacAAP) er o II Etym. E' voe. tupi, campo to do
cafeeiro atacado da epipbytia a que Itd, pedra, rochedo: e aimbé, afiado,
dão vulgarmente o nome de lriz: E-te e tambem aspero como pedra. pomes
anno irizou ~rande parte dos mens ca- para 1'0. par (Montoya). Tambem dizem
feeiro (CoI'rEia [ etto). II Em portnguez, Taimbé.
ovo tI'. iriüarsigniticaabrilhantar com Itaipáva, S, f. recife que, atra-
as côres do arco iris, o que não tem re- ves ando o rio de mar&,em a. margem, o
lação alguma com a molestia do torna vadeavel ue se lOgar. Como ex-
cafeeiro. pre são topogmphíca, é termo util e
Isca! il'lt. Voz com que se estimu- digno de ser adoptado. I Etym. EJ' voc.
lam os cães: Isca! Isca! tupi. Em guarani dizem Itaipd (Mon-
Iscar, 11. tr. (R. Gr. do S.) o toya). II Em Goyaz dão-lbe o nome de
mesmo que estumal'. II Ha na lingua Intaipava e Il'ltaipaba (Couto de Maga-
portugueza o homonymo iscar, com va- lháe ), o que não é mai do que uma
rias SIgnificações tambem usuaes no corrllptela. Leite de Mornes escreve
Brazil. Itaipava, quando e refere á navegação
Isqueiro, s. m. pequena caixa do A raguaya, e diz que é synonymo
de algi beira de pon ta de chifre, onde o de Travessão. Nos rio do Maranhão,
fumant"ls guardam a isca. II Mames o TI'avessüo é formado de areia. II
menciona isqueiro como synonymo de o Amazonas dizem Entaipava (Cas-
Eriophoro ba tardo: Cardo isqueiro. telllf1 u).
Aulete não trata deste vocabulo. 11 aD1bé, s. m. (Matto-Grosso) o
Issá, s. (. (S. Paulo) V. Sailba. mesmo que Itaimbé.
Itá, s. m. voc. tupi sig'nitlcanrJo Itân, s. (. (Pm"d) nome de certos
pedra, rochetlo. Não usamos delle senão ornato de pedra polida que se encon-
em nomes composto, apphrfldos sobl'e- tram nas urnas funerarias de an tigos
tudo a localidades: \tatina, ltaporanga, povo aborigenes (Couto de Magalhães).
ltapuân, Itapéva, ltápuc3,etc. Ha, en- II E3pecie de concha bivalves que se
tretanto, muitos nomes que e acham encontram nas areias dos rios. li Etym.
estropiados pela erronea anteposição do E' voc. tupi e guarani. II Dbs. A estas
I; taes são Tapémirim, Tapétininga, concha chamrm geralmente intan, por
Tapirussti, Taplrapuan; hoje conver- corrnptela (Meira).
tido em Itapémirim, Itapétininga, etc. o Itapéva" s. f. (Mamw!áo) espe-
que lhes transtorna completamente a cie de recife parallelo á mar~em daria.
significação, e põe em emb<lraço' os II Etym. E' voc. tupi, signilicand0ePe-
etymologistas menos adestrados na in- dra. chata, pedra largfl. II E' nome de
terpretação dos vocabulos de origem va.rias localidades do Brazil, e entre
tupi. ellas a de uma villa em S. Paulo.
ITI~ 70 JAC NIAUBA

Ité, adj. (8. Paulo) insipido, insul- Na Bahia e outras provi>. do N., lhes
so, sem go'to: Uma comida iII!. Uma chamam Tittil·O:./. e em Ma.tto-Grosso
fructa iII!. Urumbamba. 1Il!;tym. Todos 'se syn-
Itupáva, s. f. (8. Paulo) corre- ouymos são provavelmente de origem
deira, encachoeiramento nos rios (B. tupi.
Homem de Mello). J acú, s. m. nome com mum a di-
Ixe! ínt. ironica (8. Paulo e R. de versas aves do genero Penelope, da or-
Jun.) Pois n11o! Essa é boa! ~ Em dem das Gallinaceas: Jucit-linga, Jacú-
Montaya ha yche ou nic1uJ com a igni- cáca, Jacit-pemba, Jact't-assú, etc.
flcação de certamente, parecendo porém JacÚba,s. f. e pecie de alimento
ser no sentido serio. ra.lo feito de fariuha ele mandioca, que
Jabá, S. m. (Bahia, erg.) o mes- se deita em agu'\' fria. o Pará e Ma-
mo que Cha,·que. ranhão, tambem lhe chamam tiquára e
Jabutí, S. m. nome commum a a;ibe. Usam della os viajantes do inte-
diversas especies de tartarugas terres- rior para applacar a fome, emquanto
tres. II Etym. E' voe. tLlpí. não ha outro meio de a satisfazer.
Ja.buticába, s. f. fructo da Ja- Quando as circumstancias o permittem,
buticabeira, de que ha varias especies, addicionam-Ihe as ucar e summo de
arvores, arvoretas e arbustos perlen- limão, o que a torna um refresco mui
centes ao genera Myrcia"ia, da famliia agradavel. ~ Etym. Jecuacúba, em tupi,
das Myrtaceas. 111 o Paraguay e em e Jecoacú, em guarani, ignificam jejum.
Bolívia lhe chamam Gttapurunga, nome Não duvido qUJ d'ahi provenha o voca-
que no Brazil pertence a outra especie bulojacúba, attendendo a que, em falta
de Myrt<.'l.cea. II E/ym. E' voe. de ori- de pão de trigo, é provavel que os je-
gem tupt. suitas sujeitüssem seus penitente:>,
Jacá, s. m. especie de cesto de em elhsdejejum, ao uso da farinha de
fÓT'ma varilJ.vel, feito de taquara ou mandioca molhada em agua fria. J. Ve-
cipó,para conduzir,ás costas de animaes, rissirno l?ensa, porém, que é voe. de ori-
carnes salgada, peixe,toucinho, queijos, gem afl'llÃ.'l.n 'lo
etc. II Etym. E' corruptela de Aiacá Jaculllân, s. m. (valle do
vocabulo tanto tupi, como guarani. Amaz.) pôpa da canóa e por extensão o
JacallliJu, S. ?il.(valle do Amaz.) leme, que o selvagem não couhecia. II
nome commum a diversas e"pecies de O homem elo jacuméZl'I, o :1['l'aes. II No
aves ribeirinhas, do' g'enero Psophia, Para não se da ao leme o nome de jacu-
todas notaveis pela faCilidade CO!'!l que mlln, e simplesmente se emprega e. te
se domesticam. II Elym. E' voe. tu pi. termo, em reln.ção fi, perjuenas canôas
(montarias e pequenos igarités) que o
Jacaré, s'. m. nome commulll a não tem e são governadas pOl' diver-
diversas especies de Crocoditus que vi- so" movimentos que dá ao remo o su-
vem nos rios. II Etym. E' voe. tupí. jeito sentado á pópa. A expres ão usa-
Jacatirão, S. m.. (R. de Jan., da é pegaI' o jacumlln: Este curumim
8. Paulo) arvore do gen. Miconia (111'. já sabe pegar o Jac~mléZn, isto é, e3te
Candoleana Trian'l) da familia das Me- rap,\'zinho já sabe governar uma canóa
lastomaceas (Glaziou). Como madeira (J. Verissimo). " Os Tupinambas ela
de construcçt1u, serve para caibros. Em co ta. do Rio de Janeiro davam o nome
S. Paulo extrahem d'ella. uma resina . de jacwnan ou nhacuman á ba lisa de-
que empregam como verniz. pescaria ou a umas varas a que se atavn.
Jacatupé, s .. m. planta trepa- a embarcação, emquaoto se pescava
deira do genera Pachirl'hislls CP. angu- (Voe. Eraz.).
latus) da familia das Papiliouaceils, e Jaculllaúba, S, m. (Pal·á) pi-
cuja raiz tubero~'l. é comestivel. 11 Etym. loto de uma c::\oô,\'. II Ely1l'l. E' voe. tupí.
E' provavelmente de origem tupi. . O Dic. Port. Braz. e creve ja cu-
Jacitára, s. r (Pará) nome mayba. Segundo Montoya, igar'opttá
commum a di versas plantas cIo genera coc4ra, em gual'ani, é a traclucção de
Desmoncus, da familin. das Palmeiras. piloto. Diz J. Verissimo que o termo
.1.\.C 'Tli\G-A 77 JANUAUA

.Tacumat·cba é hoje desusado, sendo sub- J angáda, S. f. especie de balsa


stituido pela expre são homem do· ja- de ete a oito metros de comprimento
cwnan. sobre 2 01 ,60 de largura, feita de seis
Jacu-tinga ( l°), s. m. nome paus de uma certa madeira mui leve,
de uma. a,e da ordem das galUnacea , ligados entre si por meio de cavilhas
Ilertencente ao genero Penelope e uma de madeira rija. A jangada é princi-
das melhore" caças do Brnzil. palmente destinada á pe5ca desde o
Jacut.inga (2°), s. f. (Minas- norte da Bahia até o Ceara. Tambem
Geraes) scbisto ferrugi no'o e manga- a empregam como meio de tmnsporte
niCero decom posto, ou pelo menos Ca- de passageiros, e neste caso são guar-
cilmente alteravel, o qual serve de necidas de um toldo, o dão-lhe o Dome
ganga ao ouro (Cartel nau). Este autor de ]Jaq"ete. 05 dous pau do centro são
escreveu errada men te jaco/Íl1ga. o" meios; os dous immediatos os bm'-
Jaguané (1°). s. m. nome de dos; e os dou ultimos as membúras.
um pequeno <:<1.0 bravio, refeito e com Segundo .Tuvenal Galeno, de próa a
riscas (Costa Rubim). pópa, as suas pat·tes accessorias são:
Jaguané, (2°) adj. (R. 01'. do .) I° Banco de vela, que serve para sus-
qualificativo do l.:oi ou vacca que tem tentnr o mastro ; 2~, Cadinga, taboleta
branco o fio tio lombo, preto ou ver- com furos em baixo do banco de vela e
melho o lado das costella. e de ordi- em que se prende o pé do mastro,
nario a barriga brauca (Coruja). II mudando-o de um furo para outro,
Tambem se pronuncia Joguamis (B. conforme a cOllveniencia da occasião;
Homem de 1el1o). II No Chile, dizem 3°, Bolina, taboa que, entre os dous
Agua,lds: Um hermo o toro oguands meios e junto ao banco de vela, serve
(Ble ,t Gana). para cortar as aguas e evitar que a
Jag'uapéba, S. m. (S. Pc.tttlo) jangada descaia para sot<wento; 4°,
nome de uma variedade de pequeno" Vela, uma grande e uníca vela cosida
cães domesticos de pernas curtas. em uma corda j unto ao mastro, o que
rr Etym. E' vocabulo tupí que se da- se chama palombM' a vela; 5", Ligeira,
compõe em Jaguá, cão, e ptiba, chato. cord,t pre a á ponta do ma tro e nos
Jaguára, s. m. nome que em espeques para egut'ar aquelle; 6°, Re-
lingua tupí se di indi1l"erentemente ao tranca, vara que abre a vela; 7°, Es-
cão e á onça, e que muitas vezes se cala, corda amal'l'ada na ponta. da re-
estende a mammiCeros de outros ge- tranca e nos caçadores. Para encher a
neros, di tinguindo- e, porém, uns rio vela de vento, puxa- e a escóta. 8°, Cow
outros por meio de epitheto . II Em çado7'es, dous torno pequenos na proa;
S. Paulo, ainrla é usual o nome de 9'>, Espeqtces, dous tornos de 001 ,22,
jagwíra applicado ao ~ío que não tem com uma traves a e no meio uma for-
p1;e timo para a caça. quilha. Na forquilha cada pescador
Jag'unso, s. m. (BaJúa) o mes- amarra uma corda, e, quando é preciso,
mo que Capanga (2°). II Aulete men- n~lla segura-se derl'eando o corpo para
ciona este voe. brazilêiro; mas e. creve o mar, e as.,iJU agwmlanúo a quecla da
jagunço. jangada. Nos e. peques e CorquiJh::t, col-
JaDlant.a, s. m. jangaz, ho- loca-'e o barril d'agua, o tauassu, a
memzarrão 0111.1 feito de corpo, de - qttimanga, a cuia de vela, a tapi-
ageitado. II Em alguma provincias do nambaba, o sambw'à e a bicheiJ'ct;
Norte, dão esse nome ao calça.do pro- ]0, Tauassit, pedra furada, presa a
prio para andar por casa: l.im par de uma corda, e serve de ancora. ; ] I, Qui-
jamanlas ( Meira ) . manga, cabaça que guarda comida; 12,
.JalllarÚ, s. m. (Valle do Cuia ele vela, concha de pàu com que se
Amazonas) especie de cncnrbitacea molha a vela; 13, Tapinambaba, ma-
grande, prepal'ada como cuiambuca, çame de linhas com anzoe ; 14, Sam-
afim de servir de 'vasilha para agua bW'à, cesto de bocca apertada em que
(J. Verissi01o). se g'uarda o peixe; 15, Bicliei?'ct, grande
Jandiróba, S. f. V. AmlirôbC!. anzol preso ,t um cacete, com que se
JANGADEIRA 78 JENIPAPADA

puxa o peixe pesado para cima da Jarazn.acarú, s.m. (Valle du


jangada, afim de não quebrar a linha; Amaz ) o mesmo que Manclacarú.
16, Banco de gove~'no, banco á pôpa em r
Jararáca, s. nome commum
que se assenta o mestre; 17, emfim, a diveJ'sas especies de serpentes, e
macho e femea, dOlls calços a J,lópa, entre ell:1s o Cophia att"oro. II Etym. Se-
onde se mette o remo, servindo este de gundo G~1b. Soare, os Tupinambás
leme. 1/ Etym. E' termo usual em lhe chamavam gereraca. A de3cripção
Portug-al, bem que a Jangada de lá que elle faz deste ophidio cabe bem á.
não tenha a applicação que lhe dão no chamada jararaca pt'eguiçosa.
Brazil. Parece que este vocabulo é re- Jareré, s. m. O mesmo que
lativamente moderno na lingua por- JerenJ.
tugueza. R' certo que, em 1587, já Jarivá, s. m. o mesmo que Je-
delle se serve Gabriel Soal'es ; mas an- rivá.
teriormente, em 1500, Vnz de Caminha, Jassanân, s. f. pequena :1ve ri-
descrevendo a Jangada que vim em beirinha do ~enru Parra (P. Jaçana).
Porto-Seguro, lhe dá o nome de At- Jalahí (l°), s. m. especie de
madia. Em tupi tem a Jangada o Mellipona, cujo mel é mui apreciado.
nome de Igapeba, que se traduz em 'fambem lhe chamam Jati.
Canoa chata. Jatahí (20), s. m. nome commum
Jangadeira, s. f. (provs. do a diversJ.s especies de al'vores do ge-
N .) nome 'vulgar da Apeiba cymbala- nero Hymenaea, da fa,milia das legu-
t'ia, arvore da familia das Tiliacells, e minosas. Ha especies congeneres, a.
cuja. madeira, notavelmente leve, serve que chamam Jatobd.
para a construcção das jangadas. Tam- Jatí, s. m. o mesmo que Ja-
bem lhe chamam Embira-branca. Os tahí (l°).
Tupinampás a denominavam Ape)}ba. Jatobá, s. m. o mesmo que Ja-
Jangadeiro, s. m. dono ou tahi (2°).
patrão de uma Jangada. Jauára-icíca, s. f. (Pal'd) es-
Jangalazn.aste, s. tn. (Fel·n.) pecie de resina ou I.Jreu de cM escura,
o mesmo que Gangorra ( l° ). cheiro activo e salílor acre, o qual se
Janipába, s. m. V. Jenipapo. . emprega como betume (F. Bernar-
Janipápo. s. m. V. Jenipapo. dino de Souza). ~ Etym. E' vocabulo
Japá, s. m. (Vatle do Ama:.) do dialecto tupi do Amazonas e signi-
esteira tecida de folhas de p;t,lmeira. fica resina de cão.
Serve de tolda á canoa, de tecto á Jauarí, s. m. (Amaz.) palmeira
barraca improv.isada e de porta á casa do geneJ'o .Astrocaryum (A. Java1"i).
(J. Verissimo ). If E' tambem usual no J avevó, adj. (S. Paulo) de
Maranhão ( B. de Jary). aspecto desagradavel, em relação as
Japecanga, s. m. nome com- pe soas; feio, mal amanhado no ves-
mum a di.ver'sas plantas medicinaes de tuario ; de gordura balofa: O noivo é
genero Smilaw, da fa.mUia das Smi- bonito: mas a noi va é Jãvevo. Apre-
Iaceas, e portanto congeneres da Salsa- sen tou-se javevo no baile j isto é, mal
parrilha. arranjado. - F., depois ali, molestIa,
Japizn.~ s. m. o mesmo que ficou jaoevó ( D. Anna, Azevedo).
Gttawe. Jembé, s. m. (Minas-Geraes)
Japú, s. m. o mesmo que Guawe. nome de um espernegado de quiabo e
Japujuba, s. m. o mesmo que outras hel'vas, com lombo de porco
Guawe. salgado e angli 1:':' quasi o mesmo que
Jaracatiá. s. m. nome com- o Cat'urú da Bahia, sem azeite de
mum a duas ou mais especies de .arvo- denclê.
res do generõ Caryca, da familia das Jenipapáda, s. f. (Alagôas)
Papayaceas. e cuja fructa é comestivel. nome de uma especie de d')ce feito de
Jaraiúva, s. f. (Amaz.) pal- Jenipapo cortado em pequenós pedaços
meira do genero Leopoldinia (L. pul- e misturado com assuoar a frio ( B. de
chra Martius). Maceió ).
JENIPÁPO 79 JIQUITAIA

Jenipápo, s. m. fructa do Je- o producto como o respectivo nome.


nipapeiro, arvore do genero Genipa, da " T}lmbem se tem escripto Gilá.
familia Jas RulJiaceu.s, de que ba Ya- Ji:an.belê, s. m. ($. Paulo) nome
rias especie. II Etym. E' vocabulo de que dão a CanJica (2°) (B. Homem de
ol'igem tu pi . II No Parà lhe chamam Ja- Mello) .
nipa/-,o (BJ.eu.l), e assim se encontra em Ji:an.~o, s. m. dinheiro. II Etym.
alguns chl'ouistas antigos. Tambem se EJ' voe. tia liogl1a bunda, e é o nome
tem escri pto Janipdba r: Genipápo. que no Congo dão a moeda repl'esen-
Jerebit.a, s. f. o mesmo que tada por uma certa especie de concha.
Mandureba. II Moraes e Aulete es- A outra qualquer especie de dinheiro
crevern Gel·ebita. chamam Qui-tare (Capello e I vens).
Jêrêré, s. m. (Pem. Par. e Tambem dizdm JimboragfJ. II Obs. E' tão
Rio Gr. do N. ) e pecie de reuefolle somen te por gracejo que nos servimos
para pe cal' camarõe". Tem a rede a do tel'mo Jimbo : 8i eu tive se Jimbo,
forma de um SflCCO pl'eso a um sell~i· compraria uma casa para minha resi-
circu lo ue madeira com uma travessa den~ia. ~ Moraes escIeve Gimbo e Gim-
diamentral, e é munido de um cu.bo de bongo. Aulete mencIOna. Gimbo como
madeira no melo no arco O pescador nome de um pa 'saI o africano.
egurando ne3se cabo e mergulhando o Ji:an.bongo, s. m. o mesmo que
Jêrêre, p:1 S ia com elle pelct agua e Jimbo.
colhe a porç'í.o de camarões que lhe Jiquí, $. m. (De Alag8as até o
convem. " No Riode Jan. lhe chamam Pará) especie de nassa, que consi te
PU~sa. Na. Babia o Pussa é um pequeno em um cesto mui oblongo e afunilado,
Jêrêre, destinado á pesc,t uo siri." AO feito de arA,S finas e flexiveis. Para
Jêrêre tambem chamam Ja,-ê,·e. que o Jiqui funccione conveniente-
JeriolÚ, $. m. o mesmo que Ji- mente, pra:ioalO os pescadores uma
rimíl. cerca q!le tOCHa toda a largura do
Jerivá, s. m. (R. Gr. do S.) riacho, deixando no meio uma abertura
Palmeira do gano Cocos ( C. 1lda r tiana, na quaI col1ocam a parte larga daq uella
Drude, Gla,ziou). Etym. Origina-se do nassa, ficl1indo a estreita no sentido da
tup! Jara"ba, nome que tambem lhe corrente. O peixe impellido pela fOlça
davam, ou a algum,t especie congenere da correnteza precipiLa-se no Jiquí e
os Gual'anis tio Paraguu.y. Entr'e nós a hi tlca pr'eso. II No Pal'à lhe chl1J1lam
ha quem lhe chame Jariva. No Rio de Cacl,I.rí (Baen;) e tambem Jequí (J. Ve-
Jan. é mais conhecido por' Baba-de-boi rissimo) ; no R. de J,\O. ('acumbí (Si!va
Na' provo de Matto-Gr'o so lhe chamam Coutinho); em Matto-Grosso Juquiá
indi ~rerentemeute Jerivà ou JUl'uva. (Ce 'ario O. da Costa), nome que, no Es-
Jevúra, adj. m. (S. Paulo) pIrita-Santo, se applioa a outra especie
nome qne tlão ao reijão plantado em fe- ae nassa, e em Guarapuava a uma ar-
vereiro ou m lrço, que é a estação da madillla para tomar passaras. ~ Nas
seCCil (S. Villalva). pI'ovincias do Norte, dão tambem o
.Jía, s. f. (Bahia) nome vulg-ar da nome de Jiqui a uma entrada mui es-
Ran. II Etym. E' alter .ção de Ju'[j, um treita nos curraes de pesoaria, pela
do nomes que, tanto no Brazi! como qual entra o peixe, sem mais poder
no Pat'aguay, davam os aborigenes a sahir; e figuradallleuta a qualquer
essa e pede de Batracio.. ." . pas agem nimiamente e treita. II Etym.
Jibóia, s. f. especle de oph[dlO ill' voo. de origem tupi, tanto usual
de grande dimensão, pertencente ao entre os Tupin'lTIlbas tio Bra2.il, como
genero Boa. EJ' congenel'e do Sucurt, entre os GUH<lni" do Par'aguay.
mas vive em terra, entr'etanto que o Jiquit.áia, $. f. pó de qualquer
outro \1'1 bita as aguas uoces. pilIJ60La Jo genero Capsicum, que, de-
Jiló, s: m. fructa do Jiloeiro, pois de bem madura e secca, é conve-
planta borten~e do genero Solanum nientemente triturada. Este pó, lançado
(S. Gilo), da familia das Solaneas. em caldo, vinagre ou sumo de limão,
II Etym. E' de origem africana tanto serve de tempero a mesa. II Etym. Do
JlRAu 80 JUPÜ

tupi Juq!'itaia, significando sal ardente. ouvir durante a noute. 'erá. talvez o
fi ~' o que em Portugal chamam sal- lnambú-hôhô dos Guaranis, e o 1nambú-
pimenta. tord do Pará. fi Esta ave pertence tam-
Jiráu, s. m. e,.pecie de grade de bem á Fauna tio 1exico ; mas ignoro
varas sobre esteios fixados no chão, e o nome vulgar que aLli tem.
mais ou menos elevados, segundo o Jongar, '1). intr. (Rio de )all.,
mister a que se deve prestar. Ora, é Minas-Gemes, S. Paulo) dançar o
destinado a leito do dormir nas casas jong-o ( 13. Homem de Melta ).
pobres; ora serve de grelha para mo- Jongo, s. m. ( Rio ele Jan., Mi-
quear a carne ou peixe, ora para nelle nas-Geraes, S. Paulo) especie de dan-
expor ao sol. objectos quaesquer. ça, de que em seu folguetlos usam os
Tambem dizem Juráu. fi Em algumas negros nas fa.zenda·. E' acompanhado
provincias do Norte, appLicam igual- por seus rudes instrumentos musicaes,
mente o nome de Ji,'úU a uma e teira como a puita, o tambor, etc. (B. Ho-
su pensa e presa ao tecto da casa por mem de Mello). II E' analogo ao can-
quatro ou mais cordas, e serve para dombe, que se pratica nas mesmas pro-
nelLa se guardarem queijos e outros vincias, e ao lJlaracatu de Pernambuco.
generos, que ficam desta sorte ao J uá, s. m. (Bahia e outras provs.
abrigo dos ratos e demnis alimarias do N. ) ['mcta do J u>\,zeiro, arvore do
damninhas (Meira). II Etym. E' voc. da genel'o Zizypht's (Z. j!'a::eiro) da
lingua tupi, e parece corruptela de familia das R,lmmnaceas. II Tem o
Juráu. Tem-se escripto Gil'do e Giniu mesmo nome nas provs. do Sul di vel'sas
(Mol'fles, Aulete). fI'uctas da familia, das Solanea .
JirÍlnú, s. m. nome que, sobre- Júba, adj. ?no e f. vocabulo
tudo nas provincias do Norte, dã.o ti, tupi significa,ndo amarello. E'te adje-
abobora amarelia, especie de cucurbi- cli vo não se manifesta sellão em nomes
tacea de que eJristem muitas varie- compostos, cujf1 etymologia bem pouca:!
dades. 11 Etym. E' voc, de origem tup], pessoas conhecem, taes como Jw'!!-
que se pronuncia diversamente segundo júba, Gum'ájitba, Piracanj!!ba e ou-
as localidades: Jirimu, Jil'imum, J'l- tros. II No dialecto amazoniense, em vez
nm.ú, Jtwumum. Gabriel Soares, tra- de júba diziam taguá (Dicc. Pm·t. Bm::).
tando das variedades 'indi,:renas de-ta II V. Tauá.
planta, a chama Gerwnú. E' essa 'em Juláta, s. f. (Malto-Grosso)
duvida a origem do Giromon dos Fran- "eO;1 de panno em que se envolvem os
ceze , embora Larousse a vá procurar lndios e [ndias em lalta do outra qual-
no Japão. quer roupa. Corresponrle ii. Tanga dos
JirilD.ulD., s. m. (pem. Alagôas) Africanos. II Etym. Parece-me ser vo-
o mesmo l'Jue Jil'imi,. ca.bulo guaÍl.:LlrLi.
Jissára, ô.
Assahi.
r o mesmo que Jll.ndiá, s. m. nome commum a
diversas especies de peixes d'agua doce,
J oão-Cong'o, ô. m. o me3mo e enü'e eUes o P,atystoma Spatula.
que Guaxe. Tam1Jem lhe dão o nomo POl'tuguez de
João-Fernandes, s. m. (R. Bagre. II Etym. E' voe dm[o tupt.
Gl'. do S.) nQme de uma das variedades Jupatí, S. m. (VaLte do Ama-
des es bailes campestres a que chamam . zonas) palmeira do g-enero Rhaphia
geralmente Fandan.rJo. (R. /}inifera ) de que ha uma sub-es-
João-Galamarte,s.111. (Par. pecie ou variedade com o nome botanico
do N., R. Gr. do 1\l., Cear'i) O mesmo de R. taedigera (Flor. Bras.). II Et!ln1.
que Gang01Ta (10), . E' voc. tupi.
J ohô, s.' m. (Goyaz, ltIalto,G,'osso) Jupiá, S. 'in. remoinho nmfaguas
ave do genero Ol"yturus (C. nocti/}agus) de um rio, aspecie de voragem, que o
da famiLia das Perdiceas. Em outl'as pro- navegador deve evita.r pa'!'a se não ex-
vlncias lhe chamam Zabêlê, 11 Etym. E' pór a grande pel'igo. A respeito deste
vocabulo onomatopaico, que se deriva accidente flUVJal, Silva Braga, na suo.
do canto desta ave, que mais e faz memoria.t bemeleira do Allfwngiidl'a a
JüQUIÁ 81 LÁÇO

Goya;; em 1772, diz o segllinte : « A JurupêJll.a, s. r o mesmo que


minha canóa se viu perdida, porque, sa- Ui·upêma.
hida, das pedra , deu em um Jt~piâ, Jururú, adj. triste. Applica-se
doude depoi de dezesete ou dezoito sobretudo à aves e outros unimaes que
voltas que neUe deu, a me ma violencia se conservam tristes, sem que nada os
da agua a l'Inçou para fóra. (Ga::;eia desperte, nem mesmo o pasto. Entre-
Litiei·al'ia).» Aiuda. em 18-16, ll(l.yegando tanto, se usa às vezes deste vocabulo
cu na agua. do Pal'aguay, deram os cm relação ao homem: Que tens que
tripolantes da minha canóa o nome de te vojo tãojul'uril1 II E/11m. E vocabulo
Jupiá a um remoinho junto do qual pas- de origem tupi e guarani. Os Tupi-
amos. Creio, porém, que esse vocabulo nambàs diziam Xe ann'ú, por estar tl"is-
já não se conserva al1l na linguagem ton/w (Voe. Bm;;.).
popular. Em Goyaz catá do todo perdido. Juruté, s. ?no (8. Pettllo) nome
Como nome proprio de localidade, existe de uma planta fructifera da familia das
em corta paragem do rio Paraná, Cord iaceas.
abaixo la foz do Tieté. II No nUe do Jurutí, s. f. nome de umn, ou
Amazonas chamam-lhe Caldeirão. mais especies ele aves do genero Co-
Juqu.iá, s. m. (Esp.-Santo) o pe- lumba, da familia das Gallinaceas.
cio de nassn. feita do ubt\ e aberta nas Juruvá, s. n~. (Malto-Grosso) o
duas extremidades. Terá uns om,80 de mesmo que Jerivá.
altura. E' destinado á pescaria nos loga-
res rasos e lodoso' dos rios e lagoas. O J ussára, s. f. o mesmo que
pescador lovanta-o e fa.l-o cahir rapida- AssaM. II No Pará dão o nomo de Jus-
mente na agua assentn.ndo no fundo a sci1'a á fasquia do caule da palmeira
parte larga. Se acontece fjcar preso um Assahi, de que se fazem ripas.
peixe, introdu?' o braço pela eSÍl'eita La(}áço, s. m. (R. ar. do 8.)
abertura superior e o toma á mão golpe dado com o laço. Dar laçaços é
(Saiut-Hilaire). II la prov. de Alagoas, aç0utar com eUe (Ooruja). ~ Etym. E'
dão a essn. nassa o nome de Cuvi, termo que recebemos dos nos os vi-
(B. de Maceió). Em Gual'l1puava, no zinhos pIa tinos.
Pa.raná, o JUl)lIici é uma especie de Laçadôr, s. m. (R. G,·. do 8.)
ratoeira; mas designa-so m::ds parli- homem dextro no exercicio de ln,çar
cularmente com este nome uma certa. (Cesimbra) .
armadilha para apanhar pas aro., [\ Laçar, v. ir. apprel1ender um
llual consiste em um cestinho redondo homem, um cavallo onDoi por meio do
com umn. abertura de fórmn. conica por laço, que se lhe atira quando vai a
onde entl'l1 o animalziuho, e cuja extre- correr. II Tamuem dizem enlaçai' (Ce-
midade interior termina por lascas pon- simbra). II Fig. Embair, adquiriL' pre-
teagudas elo taquara, quo lhe impedem dominio sobro alguem (Meira). II Etym,
o reglesso (L. D. Cleve). II Em 1\1:atto- Tanto laça;' como elllaçetl' são verbos
Grosso, como instrumento de pesca, o portuguezes, sal vo o sentido peculiar
Jtlquici é o mesmo que .Jiqt,t. que têm no Braz iI.
Juráu, s. ln. o mesmo que Jirci~,. Láço, s. m. arma de apprehensão
Jurubéba, s. f. (Pel·n.) planta ~econ~~emu~oo~adeco~
medicinal do genero Solanwn (S. pani- trançado, de 15 a 25 metros de com-
eulatum) da familia das Solaneas. II primento, com um nó corredio em nma
Eiym. E' provavelmente de origem tUTlí das extremidades, ficando a outra ex-
Jurtllubéba, s. f. (R. de Jan.) tremidade presa ao einehadol', por
plantada família das Cactaceas. II Elym. meio de uma presilha, se o laçador e tá
Alteração de Unmmtbêba, nome tupi montado. Joga-se o laço ao pescoço ou
desto vegetal. aos pés do homem ou do animal, e
JurlllD.ú, S.?n. (Pal'á) o mesmo elesta sorte o seguram. II Obs. Segundo
que J irimil. Cesimbra, o laço era uma arma u nal
JurUll1uJn, s. ?no (Pal'â) o mes- entre o aborigenes, 6 delles o rece-
mo que Jil·imti. beram os Irim01ros povoacloros de raça.
DICa. DE Vor. 6
LAGEADo 82 LOGRADÔR

portugueza. ~ Chesnel, citando Pau- Lavarinto, s. m. (Cea,'ú e ou-


sanias, diz que o~ antigos Sarmatas h'as provs. do N.) tl'abllho de agulha,
prendiam e subjugavam seus inimigos a que, tanto em Portugal como nas
atirando-lhes o laço. II Dá- e o nome no "U província' meridionae ,chamam
de tiro de laço ao acto de jogar o laço crivo. I Etym. Talvez Vlnha d portu-
com o fim de laçar o individuo que se guez lltvor, oura feita com agulha e por
quer segurar. deseuho, como renda', bortlado . te-
Lag;eãdo, s. m. (R. GI'. elo S., cido' etc. ão ma parece acertada a
Pararut) arroio ou regato, cujo leito é opinião d'aquelles que o fazem derivar
de rocha. de lab.1J'·il1tho.
LaD1ball1ba, s. m. ( 'I·g.) be- Leite-de-côeo, s. '111. nome
berrão de cachaça (João Ribeiro). que dão aú sumo lia :t lU6nJoa do cõco
LaD1bança, s. f. (prous. rlo (Cocos nuci{em), depois de l'ulatIo. E um
N.) jactancia, bazofia de que usam tempel'o mui u ado em muitas pl'epa-
aquelles que se querem inculcar. rações culinarias.
LaD1banceiro, s. m. (p"OU. LiaD1ba, s.f. o mesmo que Pango.
do N.) individuo que e inculca., con- LibalD 0, S. m. cadê.1 de I'el'ro a
tando de si grandes proezas, e sempre que se liga pelo pe coço um lote de
disposto a fazer de tudo questão, a condemuatlo , quantIa tem de ahiL' das
faUar 10ngamentR e a ralhar, ~ri (les a s I'viço. I' Et!J,n. E' voe. da.
Laranjinha (lO), s. f. aguar- ling'ull, bunda.
dente de canna aromatizada com casca, Ligá, s. I/L (3. Prtulo, .Mina '-Ge-
de laranja. raes, GO!Jaz, R. G1'. elo . e jjIatto-
Laranjinha (2°), s. f. (Bo.hia, G"05S0) couro cr'u de IJoi, com o qwtl
Serg., Alagoas, Pern.) como in tru- se cobl'em a cal'gas tL',tnsporlal1a' por
menta de entrudo, o mesmo que Ca- animaes, afim de as pór ao aUl'igo d,t
bacinha. chuvtt. II Etym. Tem provavelmente
Laranjinha (3°), s. t: (Pern.) oJ'igem no verbo liUa,-.
especie de arVOl'e de con trucção, cnja Lig'eira, S. t: (PCLl'. do LV J espe-
madeira. é de cór amaJ;ella (Rebouças). cie de chicole de qne nsam os vaqueil'os
Laranjo, adj. laranjarlo, ala- pam açoutar os c.1vallos ( ant.iago). II O
ranjado ; diz-se do animal vaccum que me mo nome dã nas provincias do
tem cór de laranja; Boi lamlljo. II Nas nOl'te a uma cortht qu prende o chifl'6
províncias do norte, tambem se diz boi do boi por uma de suas extremidades,
laranja (Meira). e Ó a outm amarl'a.da a um fueiro do
Largãdo, adj. (S. Paulo, R. Gr. cano, com o 11m de dil'igil' e amausar
do S.) abandonado, desprezado; diz-se o boi novo (Meira).
do cavallo de que ninguem mais cuida, Lig'eiro, s.m. (AmazJ remal1ol'de
por ser indomavel, ou tambem d'a- Igarité, Montaria, etc. (L. Amazonas).
quelle que, sendo manso, ha muito tem- LiD1ão-de-ch iro, S. m. (R.
po não é montado. Figul'adamente de Jan.) o mesmo que C"bacinha.
applicam-o, no primeiro s ntido, ao ho- Lindãço, adj. sup. (R. 0-,'. do
mem, quand'o se perdeu a esperança de SJ mui lindo (Cesimbra).
o corrigir (Coruja). Lingua-de-vacca, s. {. (Ba-
Lãtego, S. m. (R. Gr. do S.) hia) o mesmo que 1I1m'ia-Gomes.
tira de couro cru que terá 1UI ,30 ele Listãrio, s. m. (Minas-Geraes)
comprimento obre om,04 de largura, nome que davam antigamente ao feitor
com a qual se apertam o::; arreios; incumbido de escrever o numero e peso
faz parte da cincha (Coruja). II Obs. dos diamantes achados (Saint- Hilaire).
Este voe. é usual em .Portugal, ja com Lobúno~ adj. (R. Gr. do .)
a siguificação de açoute de correia ou qualificativo do cavallo que tem càr
de corda, e já com a de corda d t cilha de lobo. II Etym. E' voc. castelhano.
da sobl'ecal'ga, a que se chama ta,mbem Log'radôr~ . ln (Cearei) nome
inquerideira (Aulete). II Etym. Deriva- que dão u. uma ecção da fazenda de
se do castelhano lcitigo. criação, em lagar retirado no qual se
LOMBEIRA 83 MACAMBA

estabelecem curral, aguada" etc. e cabulo é evidentemente importado das


onde vai o vaquell'o tratar do gado republio.'\.s platina.s, tanto que no Rio
e princip:l.1mente rias vacca feridas que Grande do Sul o pronunciam a o.'\.s-
fllli e estabelecem. Todas a "'!'andes telhana. Entretanto o seu radical
fazend I têm sens logl'ado"e . I Etym. Lunar' é tanto portuguez como cas-
E' corr'uptela de logradouro. telhano.
LOlllbeira, s f. muUeza de Lundú (l°), s. f. nome de uma
corpo; quebrantamen to de força dança popular que se executa ao som
Estou 1I0je de lombeim, e não pos o de mu ica mui attrahente. Entre gen-
trabalhar (J. Norberto). te grosseira é dança mai ou menos
LOlllbiar,1). tr. (Paraná) ferir indecente; mas, entre pessoas mora-
a seUa o lombo do animal ( '. Roméro). Usadas, é sempre praticada de modo
LODl.bilho, . m. (pro1)·. merid.) conveniente. O mesmo nome tem a.
nOUle do apeiro que substitue, DOS musica que a acompanha. /I Etym.
arreio usado nesta parte do Brazil, Segundo Moraes, é voc. da lingua
a sella, o seltim e o serigote. II Etym, congueza e bunda. Póde er que assim
De Lombo, seja; ma Capello e Ivens não a men-
, Lonca, s. f. (R. GI', do 8.) couro cionam em parte alguma da sua obra.
de lue se rapou o pêlo (Coruja), Lundú (2°), s. ?no (pal'. do N. e
R. Gr. do N.) o mesmo que Calundú.
Lonquear, 1). h'. (R. Gr'. do 8.) lUacáco, s. m. (R. de Jan.)
!'a par pêlo de um couro emquanto pilar em cuja construcção se empregam
fresco (Coruja). apenas dous tijolos por camada. II Além
L6te, s. M. grup de bestas de desta accepção, tem no Brazil este vo-
car~a, ClljO numero não excede ordi- cabulo todas as significações usuaes em
narIamente a dez. Es as caravana, a Portugal, tanto applio.'ldas a certas
que no BrazU chamam Tropa , são especies de quadrumanos, como a ma-
divididas em ldtes, e cada lute tem chinas bem conhecidas.
seu conductor. A es e conductor dão, l\'.Iacahíba, s. f. (Pern.) o mesmo
conforme as re"'iões, o pome de que M acahti.ba.
Cama?"ada, Tocador e Tangeelo?', II Macahúba, . f. (Minas-Geraes)
Na' provincias do norte onde ha palmeira. do genero Ac,'ocomia, de qúe
criação d~ gado,;, dão tambem o nome "e contam tres e pecies em todo o
de tdte a um·\ certa porção de eguas Brazil intertropical, va.riando, porém,
a carg'o de um garanhão (,VIeira). A ele nome vulgar coni'orme as provin-
isso chamam no H., Gr. do S. Manada cias: No Para e Maranhão, Mucajd ; em
ele eguas. II Boi de ldte se diz para Pernambuco, Macahíba; em Matto-
di'tinguir o touro do boi manso acos- Gro SO, Bacayuba e Bocayuba; e final-
tumado ao trabalho. mente no E io de Jan. Coco de catar~·ho. /I
LUDl.inária, s. f. (8. Paulo) e - Etym. Afóra este ultimo nome, são os
pecie de doce de cóco contido em um mais de origem tupi. O de Côco de ca-
pequeno vaso feitú de massa de fari- tardw, vem, egundo dizem, de se
nha de trigo. lO Rio de Janeiro cha- empregar a polpa mucilaginosa d'esta
mam a isso Viu1)a, No norte Quei- fructa no tratamento do catarrho.
jadinha. 1':IacalD.ba, s. m. e f. (R. ele
Lunanco, adj. (R. Gr. do S.) Jan.) nome com que a quitandeiras
nA,fego; diz- e do ca vallo ma.l con for- desiguam seus freguezes (Valle Ca-
mado dos quartos, por ter uma. anca bral). /I E' vocabulo frequente entre os
mais alta que a outra. II Etym. E' escravos clo littoral do Rio de Janeiro
Voc. castelhano, para designa.rem os eus parceiros, con-
Lunar~jo, adJ. (R. 0,.. do 8.) viventes na. mesma fazenda, ou ujeitos
nome que dão ao animal que se dis- ao mesmo senhor (Macedo Soares). II
tingue por qualquer signal no pêlo: EtY1n. Na lingua ou dialecto da Luneta,
Um cava.llo lunal'l!io. Um novilho lu- em Afdcu, este voc. é o plural de
na?'ejo (Cesimbra). II Etyn~. Este vo- e-camba, amigo (Capello e Ivens).
MACANÁ 84 :.\IADÚRO

Macaná~ s. m. (Valle do Amaz.) nas mattas, P- é ullla das melhores


instrumento de guerra oifensiva e de- caças do Brazil. 1\ EtYlll. E' abreviação
fensiva, especie de maça feita de ma- de ~Iacucaguà, nome tu pi.
deira rija e pesD,da, da qual usam os Macl1.1o~ s. m. especie de diar-
selvagens, e é semelhante àquelllt de rlléa com prolapso da mucosa do anus,
que se serviam os Romanos nos circos caractel'isada pl'incipalmente relo re-
(F. Bernardino). laxamento do esphincter e dilatação d:1
Macauân~ s. ?no (Piauhy) o abertura respecti a (B. de 1aCoiÓ)./,
mesmo que Aca~1 m. Tambem lhe chamam Con·ução. I
]U:acaxeira~ S. (. (pl·OVS. do N.) Etym. E' de nrigem africana, e mui
o mesmo que Aipim. provavelmente pertence à lingua bun-
Macéga~ 'S. (. (pl·OVoS. me?'iel.) da. Capello e Ivens fallam de t:1 mo-
nome que dão ao capim dos campos, Jestia e indicam-liJe o tratamento usado
quando està secco e tão crescido que n:1 Africa; IDas não a incluem em
fórma um massiço cuja. altura excede nenhum dos seus vocabularios.
a da metade de um homem e se torna ~.racu.rú~ s. m. (Vali e elo Ama.:.)
desta sorte de ditlicil tl'ansito. E' nestas balanço formado por dons circulas de
circumstancias que se lhe põe fogo grossas talas ou madeira fle)..ivel, sepa~
para que, brotando de novo, possa ser,il' rados de Qm,22 um do outro, e li-
de pasto ao gado. II Etym. E' vocabulo gado por cordas que o suspendem
portuguez significando, segundo A ulete, do tecto, onde deixam as crianças na
herva brava e damllinha que nasce nas primeira infancia en treg-ues a si pro..
terras semeadas. prias. Os dons arcos são revestidos de
~.raceg·al~ s. m. (pl·OVoS. mel'i/L) panno, sendo o de baixo forrado de
grande extensã,o de terreno coberto de moclo a qne a criança fique assentada.
Macéga. com as perninhas pendentes. Collo-
~.racei6; s. m. (Pel·n., PalO. c R. cam-a debruça.da soure' o primeiro
(}j'. elo N.) lagoeiro que se fórm:1 no arco, e elIa, com o movimen to na.tul',t!
littoral, por effeito das agu:1s do mar das pernas, tem esta armadil h:1 el11
n:1S grandes marés, e tambem das continuo movimento, sem haver risco
aguas da chuva. 1\ Ordinariamente pro- de bater-se e magoar-se (J. Verissimo).
nunciam 1I1assaid. II Maceió é tambem II Etym. Segundo o auctor deste artigo,
o nome da capital da provincia de Ala- é vaca bulo de origem tupi, (/ue elIe
gàas. 1\ A e sa especie de lagoeims decompõe emmã, atar, ligar, envolvel',
chamam Caponga no Cearà, ao sul da an:rorrar, prender, e 1I.Y)'y, o pequer-
cidade da Fortaleza. rucho, a cl'iancinl1a.
Macêta~ a/lj. (R. Gr. elo S.) Madeireiro~ s. m. negociante
diz-se do cavallo doente das mãos ou de madeiras. Chamam-lhe em Por-
com defeito nellas, isto é, que tem os tugal Estallceiro de madei,'as.
machinhos mais gTOSSOS elo qne é ordi- ~.radrjjo~ s. f. (Bahia) nome
nario (Coruj:1). Ha tanto em portuguez que dão á baleia mãe, pam a distin-
como em castelhano o vocahulo Macêta, guir do baleMo (Aragão).
não, porém, com a significação que lhe Madrinha~ S. f. nome que
dão no Rio-Grande do Sul. dão á egua que erve de pastora e
Mac6ta~ s. m. homem de pres- guia de uma tl'opa de bestas muares.
tigio e iníluencia' na loc lidade: Se Penduram-lhe ao pescoço um:1 especie
queres ser eleito vereadàr, procura a de campainha a que chamam cincen·o.
protecção do Commendador, q!le é o E' singular a iníluencia que este ani-
l11acdta do municipio. II Etym. E' voca- mal exerce sobre todo os outros da.
bulo da lingua bunda, significando tropa, evitando desta sorte que se dis-
fid:1lgo, conselheiro do sóva ou chefe persem e extraviem.
da tribu ( erpa Pinto), Macl(lro~ s. m. (R. de Jall.) es-
Macúco~ s. m. ave do genero pecie de belJid:1 fermentada feita C('ID
Tína1ntLS (T. b,'asiliensis), da ordem das mel de tanque misturado com agu:1.
Gallinacea , familia das Perdiceas. Vi ve Constitue uma especie de cerveja qne
MÃE-D'AGUA 85 IVIA1\IELUCO

dizem ser panca sadia,. II Etym. Em dahi vem a denominação da molestia de


Portugal dão o nome de vinho maduro, que se trata.
ao que é feito em geral de uva bem ma- Mal6ca, s. f. (VaUe do Amaz.)
dLwL j mas isto não me parece poder aldeia campo ta de indios, quer selva·
ser a origeiD do nosso vocaLlUlo. Quero gens quer mansos. 11 (Cea1'á) magote de
antes crer que seja o metaplasmo de gado que os vaqueiros ajunta,m, por
Maluvo, que na lingua bunda signHica occasião das vaquejadas, e coneluzem
vinllo, tanto mais que o MaZ~too dos para os curmes j ou daquelle que cos-
Africanos é feito com mel fermentado. tuma 1)!L ceI' em certos e determinados
~.rãe-d'agua, s. f. o mesmo pastos nas fazendas de criação. ~ Em
que Uydra. geral, magotc de gente de pouC<'l. cou-
~.J:ag·uarí, s. m. (pal'd) o mesmo tiança. : Uma maZoca de ciganos. Uma
que Bagtta1·i., malóca de desordeiros. Uma maZóca de
Maláca, s. f. (S. Paulo) moles- selvagens. II Elym. E' vocabulo de ori-
tia. II Etym. Talvez seja uma altera- gem araucana com a significação de
ção ae MaZácia, no sentido p:.tthologico correrias em terras inimigas (Zorob.
deste termo. Rodriguez). Nós o devemos, sem duvi-
Malacafento, c:dd. adoentado: da, a qualquer das republicas nossas
Tenbo estado ba dias maZacafel1lo. II vizinhas j mas não sei por que ponto da
Elym. Parece ori"'inaL'-sede maldca. fl'onteÍl'a entl'OU elle para o Brazil. Em
Malacára, adj. e s. ?no e f. (R. todo o ca, o, ne se trajecto, a.lterou-
GI'. do S.) diz-se do c<wallo qne tem se-lhe muito a primitiva a.ccepção.
a testa branca com uma listra da mes- Malpingo.inho, s. m. (Ala-
ma cór, desde o focinho até o alto da g6as) o mesmo que Mapingttim.
cabeça. Exceptua-se, porém, desta, de- Malungo, S. m. camarada, com-
nominação o cavallo de cóI' escura, ao panheiro, ti tulo que os escravos afri·
qual, ainda que tenha o mesmo signal, canos davam aquelles que tinham
se chama picaço. Do boi se diz maZa- vindo para.o Brazilna lllesma embar-
ceil'a bragado. ~ Etym. Do castelhano cação. Depois ela, e.xtincção do trafico,
maZa cara (Coruja). tem perdido este vocabulo a ua. antiga
l\f:ala~pansa, S. f. (R. ele Jal1.) razão de ser; todavia, na linguagem
o me mo que Manampansa. vulgar,tem-se mantido como expres ão
Malandéu, S. m. (Balda) ma- depreciativa na accepção de compa-
landrim. nheiro da mesma laia: Elles são ma-
Mu.I-arr~1.Jnado, s. m. (S. Z'tmgos, lá se avenh'l.ll1. Não me tome
PauZo) terreno coberto de g·ra.ncles pe- por sen rnaZwt,qO. II Etym. E' provavel-
daços de rocha, por m io dos quaes se mente palavra africana, mas não a
transita com difIiculdacle. E' o que no vejo mencionada em vacabulario al-
Piauhy e outras provincias cba,mam gum.
RÓ1·ÓcÓIÓ. l\J:alllalúco (la), s. m. O mesmo
Malcasado, S. m. (Sel·O.) espe- que J1IameZÍlco.
cie de Beijú, a que ta,mbem chamam Malllalúco (20), s. m. (Alagôas)
.iI1alcassâ. Fazem-o de tapioca, a que nome vulgar de Ull\ l especie de ar-
se ajunta leite de cõco, e assam-o a vore de construcção.
fogo brando, anvol to em folhas de ba- l\f:alllelúco, s m. mestiço filho
naneira (João Ribeiro). de europeu e de mulher india. II Etym.
Malcassá, s. m. (Sel·g.) o mes- Este vocabulo,de ol'igem arab. eea
mo que Jlialcasado. aquelle com que se designava a celebre
Mal-de-escancha, s. 1/1.. milícia do Egypto, que depois de
(1tla1'al1]u"io) o mesm que Quebl·a-bunda. ter adquirido a maior preponderancia
Mal-de-vaso, s. 11'1. (R. GI'. do naquelle paiz, tcve de seI' destruída
S.) ferida cancerosa na raiz dos ca,scos como unico meio de pôr um paradeiro
elos cavallo ou bestas muare'. ~ Elym. aos desacatos que commettia.Achou-se
'Vaso em castelhano, além de outras sem duvida toda a analogia eutre os
accepções, significa casCo de cavallo, e Mamelucos do Egypto e o mestiços do
MAMPARRAS 86 MANDUBÍ

Brazil, os quaes eram com eíl'eito mui vez em outras províncias do norte, se
accusados de insubordinação, e foi por chama Beijú, com a unica diJrerença de
isso que lhes consagraram aquelle ser a massa simplesmente temperada
nome historico. II Tambem se diz 111"a- com sal e se chama Beijú paga.o, e as
malúco. nNo Parà, o 1I1amelúco pro- vezes mi turada com cóco ralado, sem
vém da mistura do sangue branco nenhum outro tempero, e é' isto o Beijú
como Ouribóca(J. Verissimo). de côco.
MaD1parras~s. f. pl. subterfu- Manangüêra~ aaj. m. e f.
gios, evasivas: Executa as minhas or- (S. Paulo) magro, fanado. Diz-se do
dens, e deixa-te de 1I1ampa?··ras. homem e da mulher. II Elym. Parece
MaD1ulengos~ s. m. pl. (Pe?·n.) ser alteração de Manen-cuem; e tem
especie de divertimento popular, que muita analogia com Mandingiiêl'a, bem
consiste em representações dramati- que este se applique especialmente aos
cas, por meio de bonecos, em um pe- leitões que nascem aca,nhados.
queno palco alguma cousa elevado. Manapussá~ s. m. (Ceará) ar-
Por detraz de uma empannada, escon- vore fructifera, talvez do gerrero l11f1U-
de-se uma ou duas pessoas adestradas, riria, da família das Melastomaceaso
e fazem que os bonecos se exhibam l\J:anauê, So m. especie de bolo
com movimento e faUa. A esses dra- feito de rabá de milho, mel e outros
mas servem ao mesmo tempo de as- ingredientes. Dão o mesmo nome à
sumpto scenas biblicas e da actuali- Pamorlha de mandioca-ptlba. Em Per-
dade. Tem lagar por occasião das fes- nambuco e Alagôas lhe chamam Pri de
tividades de 19-reja, principalmente moleque.
nos arrabaldes. O povo applaude e Mancuêba~ s. m. (S. Paulo)
se deleita com eSsa distracção, recom- o mesmo que Cttba.
pensando seus auctores com pequenas Mandacarú~ s. mo nome com-
dadivas pecuniarias. Os Mamulengos mum a diversas plantas do genero Ca-
entre nós são, mais ou menos, o que os ctus da familia das Cactaceas. Segundo
Francezes chamam )J1arionette ou Poli- o Voc. Bra::;., seu nome tu pi era Nha-
chinelle. Em outras provincias, como mandacarÍt. 'o Pará lhe chamam Jara-
no Ceara e Piauhy, dão a esse diverti- macarú.
mento a denominação ele Presepe de l\'Iandingüéra~S. m. (S. Pau-
calun.qas de sombra. Ahi os bonecos lo) nome com que, em relação ao gado
sãó representados por sombras, e re- suino, se de igoam os leitõe inho que
montam-se ii. historia da creação do nascem acanhados, e que por isso o
mundo (J. A. de Freitas). Na Bahia bons criadores supprimem desrIe lagoa
dão aos mamulengos o nome ele Pre- para vingarem melhor os outros mai
sepe, e representam grotescamente as robusto.> (B. I'L de Mello).
passagens mais salientes do Genesis. Mandióca, s. f· planta do Re-
Manáda, s. f. (R. Gl·. elo S.) nero l1fanoihot (iii[. utilissima) da. familia
magote de eguas ou de burras (trinta das Euphorbiaceas, da qual ha muitas
a quarenta) domi nadas por um gara- especies. II Etym. E' voe. de origem
nhão. ~ Etym. E' vocabulo portuguez, tupl, hoje universalmente adoptado,
com a significação ele rebanho de gado ainda quo variando de fórma de uma.
grosso. Nas provincias do norte, em para outra lingua européa; em francez
lagar de l1i[anàda de ~guas, dizem Lote e inglez m.anioc, em italiano manioca;
de eguas. O nespanhoes lhe chamam, porém,
ManaD1pansa~ s. f. (R. ele Jan.) yuca, nome que não se deve con-
especie de beijú espe so feito da massa fundir com o do genero yucca, da ra-
da mandioca, temperado com assucar e milia das Liliaceas.
herva doce, o qual se coUoca entre ro- Mandiocal~ s. mo terreno plan-
ll)as de bananeira e se põe a tostar no tadQ de mandioca. "Em Pern. lhe dão
forno da farinha de mandioca. Tam- especialmente o nome de ?"oça o
bem se diz Malampansa. E' isto o que, Mandubí~ S.?n. nome tupl do
em Pernambuco, Alagôas, Pará e tal- Al'achis hypogcea, planta da tribu das
MANDURÉBA 87 MANGUE

Papilionaceas, familia das Leg-umino- l\J:angabal~ s. m. terreno geml-


sa . Hoje dizem geralmente 'ilIendubi mente coberto de mangabeiras, que
e tambem anbendo'i, como já no seu nelle crescem espontaneamente.
tempo o fez G. oare. II No Ceara lhe Mangangá, s. m. especie de
chamam jlf udubim (P. 09,"uei I'a) . insecto da ordem dos Díptero , perten-
l\:landuréba, s. f (Ceará) nome cente talvez ao genero Asilus. E' o
chulo da cachaça (Araripe Junior). terror do outros insectos; e sua fer-
TamlJem lhe chamam em diver-'a roada no homem produz uma dóI' in-
provincias do norte Branca, Bl'a/1{l~ti­ tensa, acompanhada de calafrios e fe-
n1w, Bicha, Jerebita, Pi/oia, Teimosa, bre (B. de Maceió). fi Em Sergipe dão
Cotrea, etc. figuradamente o nome de l11angangá ao
Mané, s. ?li. individuo inepto, in- maioral da localidade, ao homem de
dolente, desdeixado, negligente, pa- pre tigio pela influencia de que gosa (S.
lerma. II Tambem dizem 1lIanecoco e no Roméro). II Etym. E' voc. commum ao
Amazonas Manembro. fi Etym. E' n :1])0- tupi e guara.ni.
cape do teemo Munêma, que. tanto em Mangará (l0), s. m. nome que
tupi como em guarani. significa frouxo davam o Tupioambás aos tuberculos
(Montoya) e mofino (Voc. BI·az.), o que come tivei de diversas espedes de
está do accórc10 com a no sa definição. plantas do genero Caladium, familia
.11 E' yn. cle Boco o Bocario, ele que das 1\ roideas.
Igualmente se usa no mesmo sentido Mangará (2°), s. m. (Pern.)
depreciativo. " Obs. Ha o termo homo- ponta terminal da inflare cencia da
nymo Mane, de que se serve a gente bananeira, constituída pelas bracteas
da plebe, como diminutivo de Manoel. que cobrem as pequenas pencas de
Mall.êa, s. f. (R. Gr. do S.) correia flores abortadas (Glaziou).
de c01!ro tr'ançada com que se peiam Mang'arfto, s. f. planta do
os ammaos, ou pelas mãos, o que é I\enero Oalaclium (C. súgittaefolium) da
mais II ua], ou pelos pé'. A melhores fllmHia das Aroldeas, cujo tuberculos
são as que têm argoln, botão. etc. ão comestivei . II Etym. E' vocabulo de
l\:laneadôr, s. ?no (R. Gr. elo S.) origem tupi. Seu nome primitivo era
tira de couro crü g'arJ'otead[l, que serve Mangara-mirim.
no Fiador ou Buçal. Quando é teançado, Mang'uá, s. m. (Bahia) correia
a trMlça. é achatad.a (Coruja). com que e açoutam os unimaes. Tam-
Manear, V. tr. (R. Gr. elo , .) bem lhe chamam Tdca.
prender o cavai lo com a manêa. II Etym. l\:lan~uára, s. (. (lJahia) especie
E' VOI'OO cn telbano. " Em portuguez, de bnstão mai grosso na parte inferior,
maneal" exprime o mesmo que mane- e mui u ado para auxiliar a marcha
jar (Autete). em ter11eno escorregadio (E. de Souza).
Manécôco, s. e aelj. m. o mes- Manguarí, s. m. (S. Paulo) O
mo que Mand. me mo que Galalau.
Mall.êllla, s. o aelj. m. e f. o l\'J:angue, s. m. (littm'al) nome
mesmo que Mand. que dão á margens lamacentas, não
l\J:aneID.bro, s. -mo (Valle do ó rio portos, como dos rios até onde
Amaz.) o me mo que Mané. (~hog'a :l acção da agua salgada, e onde
Mallg'a (lO), s. f fructa da Man- vegetam o bo ques des as plantas a
gueil'a (l°). que iambem dão o nome de Mangue,
Manga (2°), s. (. (Bahia) pe- pertencentes aos generos Rhizophora,
queno pasto cercado, onde se guardam Avicenia, Laguncvlaria, etc. E es la-
cavallos e lJois. " (Pia1JhIJ) extens cer- maçaes são o viveiro ele diversas espe-
cado com pa to, onde se põe o gado em cies de carangueijos. II Aulete erra nas
certa, occa_iões (Meira). ires primeiras definições que dá de
l\:langába, s. f. fructa da. Man- Mangue. Não cabe o nome de Mangue a
O"abeira., arbu to do genero Hanco?'nia lJuaiquer terreno pantanoso, nem á
(H. speciosa),da familia das Apocyneas. manga, [ructa da mangueira, ll~m tam-
11 Etym. E' termo tupi. pouco é synonymo de manguem\,.
1ANGUEAR 88 MANÓCA

Manguear, v. (t'. (R. Gr, do S.) ~.Ianissóba, s. f. (Pern. e ou~


repontar os animaes no intuito de os tras p"ovs. do N.) a folha da mandioca,
dirigir e fa,zer entrar nessa especie de " Etym. E' voeabulo tupi composto de
curral a que chamam Mal~glleira. Outro lIIani e sóba. Em guarani 111andii hoba
tanto se diz quando, em ca,nóJ., se re- tem a mesma significação. " Naquella
-pontam os animaes, no acto de atra- provincias chamam tambcm 11Ianissóba
ve sal' a nado alg'um rio (Coruja). a um esparregado prepal'lldo com a Co-
Mangueira (l0), s. {. arvore lha da mandióca, e a que se ajunta
fructiCera do genero 1lIangitet'a (M. carne e peixe. II Manissóba é tambem
Inclica) da família das Terebinthaceas, o nome de uma planta semelllante pela
oriunda das Inclias Orientaes, e geral- folha a mandi6ca e de cuja raiz se far.
mente cultivada nas provincias inter- fariD hn. em tem pos de pen uria. I-Ia
tropicaes do Brazil. tambem com este nome uma especie de
Mangueira (2°), s. t. (R. Gl'. do JatrolJha de que se extl'ahe gom1l1a
S.) curral grande para onde se podem elastiea.
manguem' (dirigir) animaes, tan to man- Maniva, s. f. (ÍJ1'ovs. do N.)
sos como bravos. Fazem-a no prolon- caule da mandioca. II A maniva, divi-
gamento ele uma cerca, por anele os dida em pedaços de uns vinte centime-
animaes seguem como illudidos. Diífere tros de comprimento, c plan tada d
do que se chama pro-priamente curr'al, estaca, reproduz o arbusto, cuja raiz ó
não sà no tamanho, como porque ao a materia prima p:1ra a falJricação da
curral s6 acodem os auimaes mansos farinha. II No Rio de Janeiro e outras
(Corujá). provincias do Sul dão a maniwt o nome
~.Iangúxo, s. m. (Bahia) o mes- de ,'ama ele mandióca. II EtYI1l. Este voe.
mo que Bambüo. de origem tupi decompõe-se em mani,
~'1aníca, s. (. (R. GI'. do S.j cuja significação é duvidosa, e Ilba,
nome da menor das tres bolas, na qual arvore; e portanto quer dizer arvore
se péga para, manejar as outras duas. do mani. Os g'uaranis lhe chamavam
II Etym. Vem elo castelhano mano ou mandi!J !Jbu. A di.fi·erença que se obser-
do portuguez müo (Coruja). ~ V. Bolas. va entre mandifi e muni é méra questão
~.lanicuéra, s, f. (Pa"d) succo de pronuncia.
de uma especie de mandioca assim cha- Manj a, s. r (Cea?'{i) folguedo de
mada, com a qual fazem cozinhar o crianças semelhante ao Tempo-serã. II
arroz, e é tão eloce que dispensa o as- 1\1oraes menciona Manja, com a igni-
sucar. "Em Peru. e outras provs. do ficaçi10 de COU::;l~ que se desCructa sem
N., o succo de qualquer especie de trabalho. Aulete nã.o trata deste voca-
mandioca tem geralmente o nome de bulo em sentido algum.
ManíptleiJ'a, significação ic1cntica a de Maujaléco, s, m. (Pern. o
lIianicuéra, salvo as qualidades espe- Cem'á) marmanjo.
ciaes de ta. Aulete escreve erronea- ~.Ianjang·ô.llle, s. m. (Pem. e
mente llIani'lueil·a. PUI'. do N.) o mesmo que Mal'ia-Gomes.
Manipueira, s. f. (Penl. e 0101- ~.Ialljúba (1°), s. f. (R. de Jan.J
tms provs. do N.) liquido que, por especie de peixe rrtiudinho, talvez o
meio da pres,são, se extrahe da man- mesmo a que na Bahia chamam 2Jiti-
dioca ralada. Ne te liquido se contém . tinga (C. LeUis). II A manjitba de Pern,
todo o veneno da raiz da mandioca, é a mesma pititin[Ja da Bahia (Valle
veneno analogo ou semelbante ao acido Cabral).
cyanhydrico, o qual, sendo exposto a Manjúba (2°), s. f. (Bahia) co-
acção do solou do fogo, evaporai-se; e mida : São horas da omanjúba. Meu co-
então torna-se a lJ1anipueiJ"a, conve- zinheiro nos deu hoje uma boa man-
nientemente temperada com pimenta júba. " Etym. Parece ser alteração de
e outros condimento, um excellente mtl"!fLla (Moraes).
molho, ao qual no Pará chamam Tucupi, Man6ca, s. r (Bahia) màlho de
"Etym. Fàrma vulgar do tupi lIIani- cinco a seis folhas de tabaco, assim dis-
pwJl'a. postas para as f,tzer secear (Aragão).
MANOCAR 89 IARANHENSE

I Em Moraes encontro Mano}o, termo S. Paulo dão a esso chocalho o nome


derivado do castelhano, com a sigui- de CaracaaJa.
ficaçi'io de mólho ou rolo pequeno ma- J\-.Iaracajá, s. m. nome vulgar
nual, por exemplo, de folha de tu.baco de uma especie de O'ato indigena e il-
atadas. Moraes e Aulete trazem tam- vestre (Felis Pa?'dalis, Neuw.) II Etym.
bem manólho com a significação de E' vocabulo tupi. II Tambem lhe ch[\,-
manojo. mam Gato do Matto.
Manocar, 'll. tr. (Bahia) fazer J\.Iaracanân, s. m. nome com-
manócas de folhas de tabaco (~ragão). mum a di versa e pecie de aves per-
JUano-táço, s. m. (R. G,·. do S.) . tencentes á familia dos Papagaios. ii
. pancada que dá. o cavallo com a mão Et!lm. E' vocabulo tupí.
para adiante ou para o laclo. Se nela Maraca-tiJn, S. m. (Pett'à) em~
contra o chão é 1,atcida (Coruja). fi barcação do tamanho da 19a1'ite, mais
Etym. Do ca telhano jJIanolá;;o, que geralmente usada nas costa da região
tambem se diz Manotàda, significando orienta.! desta provincia. II Etym. De
palmada, bofetada, pancada com a mão ma?'Cecà, chocalho; e tim, na.riz, rostro.
(Valdez). As antigas canóas dos indios traziam á
Manotear, 'll. tr. e int1". (R. Gl·. pró aquelle insÍl'llmeuto, e as im e
rlo S.) dar manotaços o cavallo. II Etym.. chamavam. Comquanto eUe tenha des-
E' verbo castelhano. apparecido, o nome, em1Jora em deca-
Mapiação, s. (. (Malto-G?'osso) dencia de uso, ainda existe (J. Veris-
o me3mo que pauteação. simo).
~.Iapiar, 'll. inh'. (Mel/to-Grosso) O J\!Iaraca-tl.l., S. m. (pern.) e pe-
mesmo que pautear. II Elym. E talvez cie de dança, com que se entretêm os
corruptela de 1,apear. negros boçaes (Abren e Lima). II E'
MapillguiU1, S.?l?.. (CeUl'c~ nome analago ao candombe e ao jongo das
que dão ao tabaco de fumo importado provincias meridionaes. II Etym. Deve
das Pl'ovwcia elo sul, para o distin guir talvez seu nome ao uso que fazem do
do (umo da ten'a, producto daquella maracà, como in trllmento musical.
provincia (J. Galeno). II Em Alagõas é ~.rarac uj á, S. m. fru cta do l\Iara-
esse o nome do tabaco em ?'ôlo fino, im- cujazeiro, planta do genero Passi(lom,
portado do sul. Tambem lhe chamam da família da Pa sifloraceas, de que
lIIalpinguinho (H. de Maceió) e Mapin- ha innumeras e"pecies, umas sarmen-
{fuinho (l\Ieira.). tosas e outras arboreas. ii Et!lm. Alte-
~.Iaping1.1.inh.o, s. ?no (Cearei) O ração do tu pi MUl'ucujd.
mesmo que 111al,inguim. Maraj ú" S. m. (Pal·ti) nome
JU:aqueira, S. f. (Valle do Ama,:;.) coml1lum a duas palmeiras, s ndo uma
especie de rede de dormir que o' Iudios do genero Astl'ocat·ywll. (A. aculeatum)
fazem com a. fibra. de Tucw17, e ormtm e outl'" do genem BacO'is (B. Ma?"ojci) ,
com penDas de aves. II A rede de 1I1a- e cujas fructas ão comestiveis. II Et!lll?
queira não é, como o diz Aulete, uma E' vocabulo tupi. .
rede ele pescar. Marandúva, . f. (Maranhito)
J\:lará, S. m. (Pm'd) vara que serve pêta, fabula, conto: I to que me dizes
tanto para impellir a canóa, quando é uma. ma?'a?mú1Ja. Não creias em taes
elh, é posta em movimento, como para mamndimas. II E tY1n. Corruptela de
prendei-a no porto fixando-a no chão. mOJ"ancluba, voca.bulo tupi e guarani,
II Etym. E' corruptela. de )jm!J{' t. com a signiftcaÇ<'io de noticia, historia,
Maracá, S. m. (pem. e outl'a narração, relação, ete. Em ambos o
P'·01JS. do N.) chocalho com que 1rincam dialectos é india'erente dizer mormmu-
as crianças. II Etym. E' o nome que os ba ou l'0mwluba. II Na Hahia póssóca é
aborigenes, tanto no Hrazil como uo o equivalente de marandiwa (Valle Ca-
Paraguay, davam aos CllOClllho' feitos bral).
de cabaça. ÓC), com pedrinhas dentro, e Maranhense, s. ?no e f. na.tu-
de que usavam como instrumento mu- mI dl, prov. do Mara nhão. II ad}. que
sical nas suas danças e festas. II Em ó relativo á mesma provincia.
MARCA-DE-JUDAS 90 MASSA

Marca-de-Judas, s. m. ef. lingua. bundo, e nella se diz indifferente-


(provs. do N J pessoa de baixa, e tatura. mente 1lJa?'ibondo, 1lJal'ibundo e Malibun-
Marcádo, s. ?no (R. Gr. elo S.) do. II Aulete definemol o nos')o vocabu-
homem que g-osta de enganar o outros, lo, dando-o como nome de uma só e -
e mais esp cialmente se appUea áquelle pecie de vespãQ.
que negocia. O~ habitantes da roça JUarúnarí, s. m. (Pará) nome
chamam tambem marcados ao da ci- vulgar de uma arvore fructifera do ge-
dade, suppondo-o empre di-posto a nel'O Cassia (C. bl'Ctsiliaw./.). " Etym.
ílludil-o (Coruja). Pertence ao dialecto tupi do Amazonas.
Maré, s. f. (Pm·ti) nas viagens JHaritacáca, s. f. (Pel·n. e
íluviaes em que se filZ sentir a acção do outras provs. do N.) nome vulgd.T uo Me-
fluxo e do refluxo do mar, designa-se phitis sttffocans, pequeno mammifero da
por man! a di tancia itineraria de um ordem dos Carmceiros, o qual, quantia
ponto fi. Outl'O. Tendo, por exemplo, de é a.tacado, rlespede de si tamonho fedor
ubir ou descer um rio, aproveita-se, que far. recuar tanto o homem como
no primeiro caso, da enchente, e no se- q.ualquer féra. Em alguma partes o
gundo, da vasante. e vinja-se até que chamam Cangambci, e no Rio Gr. do S.
cesse o fluxo ou refluxo, parando então, ZOlTilho.
tt. espera de outra mal'é, e as im por r
MaroIllba, s. (Piauhye ottl?'as
diante, até attingir o ponto a que e provs. do N.) nome que o vaqueiros dão
destinava. A im, poi ,quando se diz a um magote de boi . II Em portuguez,
que entre o sitio tal e t 11 ha uma, dua , o termo JIuro111ba significa a var.t com-
ou mais maré ,dá-se U1na idéa do tempo prid:l com qlle se equilibram os dl1Dça-
que se gasta em vencer e.sa distancia. ri nos de corda, e esse termo é tambem
Maria-Gô:rnes, s. t. (Il. de neste sentido usual em todo o Dr'aúl. I
Jan.) plant:\ hortense do O'en. TaUnuln Em NiLeroy dão a certa vAl'iedade ele
('1'. lJatens) da família uas Portulac:\- sal'dinh,L gl'unde o nome de Sardinha
ceas. Tambem lhe chamam Marlangom- ma?'omba (J. r orberto).
be. E' o Marl;jan!J8me de Pernambuco e Marruá,s. m. (p?'ov.·. do N.)
a Lin!Jt!a de vacca da Bahia. Cresce tão touro.
espontaneamente por toda a p'1rte que l\'.lartiníca, s. r (PiauhIJ) ca,lçl1s.
ninguem se dá ao trabalho ele a cul- II Diz Co ta H.ubim que,no Maranhilo, é
tival' . uma especie de calça la J'ga (le que u ft
Maria-D'l.ollc, s. f. (Pm'aná) o a gente milllla j e da hi VAm o dita (lo :
mesmo que Umbú (2°). homem de 'Iltal'tinica e .iaq1teta, ::om que
Maria-:rnucanguê, S. (. (R. se de igna a gente rustica.
de Jan.) certo divertimento de crianças. Mascataría, s. (. profissão do
Maria-Rósa, s. f'. (iIlinas-Gc- masra te : A mascatarh me tem feito
?-aes) palmeira rio gen. Cocos (C. PI'O- ganhar bnstante dinheiro.
copiana, Glaz. ).11 O nome •pecifico de ta Mascáte, s. m. mercador am-
palmeh'a Ihe foi dado pelo i II ustre bulante qne percOl're ns rnas e es-
classificador. em memorü\ de Mariano trada , a vender objectos manufactu-
Procopio FeÍ'reira. Lage, em cujas ter- rados, pHDnos, joia, etc. " E t.e
ra a encontrou. nome ftO'ura, na l1i toria do Rrazll
l\LariangoIllbe, s. m. (R. de desde o anno de 1710, em que houve a
Jan.) O me mo que Maria-Gomes. celebre Gucn'a dos Jl1ascatcs, entre os
Marianinha, s. (. (pal'u, M(wa- hahituntes de Olinda e os Mascates do
nhão:e Bahia) o mesmo que '1'I'opoeraba. I ecife.
Maripondo, S.?lI. nome com- l\t:ascateação, S. (. acção de
mum a todas a especies de vo pa , mascatear .
meno no Maranhão e valle do Ama- .. ~.t:ascatear, v. intr. exercer a
zonas, onde é ainda u ual o nome tnpi proft . ão de mascate.
de Gaba, c em S. Panlo anele se ervem l\íassa, S. f. mandióc<'1. rallada, a
gera lmen te de denominação portugue- qual, depois de expremi.da no tipiti, é
za de vespa. II Etyrn. E' vocabulo d~t peneirada antes de ir ao forno, onde
MASSAIÓ 91 MATOLÃO

pelo cozimento e completa, a fabricação JUatapí, s. m (para) especie de


da farinha e das diversa especies de na '\. semelhante no Cacu1'i, sendo
beij ti . A' parte mai gr03sa da massa porém mais oLJlonga No Dicc. p(Jrt.
que não pa. sa pelas malha da peneira, Era::., Matapv tem a . ignilicação de
dão, con forme as provincias, o nome CÓ1)OS de peia;e miúdo.
de crueiret e outros mais, tod03 deri- 1'.latarú, s, m. (]fatto-Gvosso)
vados do tupí. rr V. Cnteira. especie de va:;o de barro destinado :1
Massaió, s. m. (Pel·n., Pal'. do fabricação de azeite de peixe (Ce udo
N., Rio Gr. do N.) o mesmo que C. da Co ta).
ltIaceió. l'J:áte, s. m. foI ha :de Congonha,
Massapé, s. m. nome que dão a que, convenientemente preparada e
certa qualidade de terras notaveis posta de infu'[o, constitue uma bebida
por ua. Certilid', de, em con equencia usual em gr(1nde p~l'te da America,
dos alcali de que são abunrlantes. Meridional. II iIláte chiman'cio é aqueUe
O kJassapé da Bahia é o result.Hlo da qne e toma, em a sucar. II Obs. No
decomposição de schi tos cretaceos, e é P(1l'agnay, onde me achei anterior-
mui prol rio pua a cultura da canoa mente á guerra, dão ao ]felte o nome
de assucar. O das provincins do . ul é de yerb:J., e clnm'lm 1l1Gi.te a va ilha eI?
uma argila que re 'ulta d;l decompo- que o tomam, a que clamo no Brazl1
sição de cert'l rochas granítica e é o nome de Cuia. Segundo o Sr. Zorob.
mui proprio pam a cu1Lura do caCé e RodriO'uez, o vocabulo Uate ou Jlati
tão boa como a terra roxa de S. Panlo. pel'tence á Jingua fIuichua e signi-
Moraes e creve llIaçapé, e Auleto ilI as- tica cabaç'
sape::. Este ultimo auctor, a,]epl ele dizer l'.lat,ear, 1). inl1·. (R. Gl'. elo S.)
do j)i[assape:; o mpsmo que diz Momes do O mesmo qu congonhar.
, Maçapé, accre centa mn,is: «Pozzo!n,oa l\'.lat,erialista, s. m. (R. de
do ,\ çares, fOI'mada ti, cu t,\' da decom- Jan.) nomtl burle co com que ão de-
po ição das rochas volca·nicas. » ,j"'nado os mercadores de materiaes
l\'.lassará, s. m. (Para) e~pecie ele de constl'ucção.
P01·i. com porta, por onde entra o peixe. Mat,hanJ.bre, s. m. (R. G,'.
Massarandúba, s. 1'. nome do S.) carn0 magra fIne ha no co tilhar
commum :t diver~a arvore perten- do boi, enlre o couro e a carne. E to
centes á famnia elas 'Hllolncea, e Jl1atl!rtillbre tira-se do ouro com facili-
cujas fructas são come liveis. II Etym. dade, e nã.o e COlUe inão depois de
E' vocabulo tupi. bem amaciado. II Etym. Vem do Ca.ste-
Máta, s. f. (R. Gr. elo S.) mata- lhano lJiala hnmbre, m:lta fome, por er
dura; ferida no lombo do animal feita :. pl'imeir'a 11arte que e póde tirar da
pela ella, cangalhn, e outros arreios. rez depoi ( a lingua (Coreja). II A esta
Matabôi, s. m. (R. Gr. do • .) elymologia, do Sr. Coruja, accrescen-
correia de couro crü, que na carretas tarei que Valdez meocionaMatahambrll
prende o eixo ao leito, para que em como tel'mo cubano ignilicando l\1a-
algum alto os cocões não saiam fóm do çnpão Ceita do farinhu de mandioco,
eixo (Coruja). com a, sucar e outro ingredientes.
Matáuo, adj. (R. Gr. do S.) l'J:atin.tapêl.'éra, s. f. (Parei)
cheio de ma tadurus ; diz-se dos ca- n0111e vulg'ar de nma. ave, cnjo
vallos (Coruja). cnnto só se ouve á noute. Dá, dous
Ma'tâi:Jn.e, s. m. (Pará) O mesmo a 'obio fifi fifi. e logo em seO'uida, em
que maU/me (B. de Jary). voz mc1i cantada, profere as Ryllabas
l'.IatâlDe, s. m. (R. de Jan. e matintape,-di'o (8. de .lary).
ouO'a pro1).) recortes angulares na Matirí, s. m. (PU/'ri) especie de
extremidade de folho, camisa de sacco feito da fi bra do iucum (Bn na).
mulher, toalhas, lenço, lençóes e Matolão, s. m. (iJl'01)s. do N.)
outras roul as brancas. " No Pará lhe e"l ecie de .,urrão ou alforge de conro,
chamam mallUme; na Bahia biccio ; em que os sortanejos conduzem ás cos-
e no Maranhão Si1'ito. tas a roupa e utensílios de viagem
MATOMBO 92

(Al'aripe Junior). Ordinariamente são cajú, de que se fazem diversas iguarias e


feito;; de couro de carneiro cortido com confeitos. Na Bahia lhe chamam Muturi.
a lan, tendo boccal de couro cortido sem II Etym. E' provavelmente de origem
lan, e correias para o fechar. " Etym. tupi.
O vocabnlo portuguez Molotao significa :l".Iaturrango, adj. (R. Gr.
mala grande, em que se mette a roupa do 8.) máo ca.valleiro. II EtYIl'/,. E' ter-
ou a cama jJara ser tran portada nas mo provincial da America hespanhola
jornadas. Malotão e lv1atolao envolvem (Valdez). II Tambem dizem Matttrrengo
a mesma idé:l. Parece-me eviL!ente que (Cesil11bm).
o vocabulo brazileiro não é senão o re- Maturrengo, s. m. (R. GI'.
sultado ele uma metathese. do S.) o mesmo que lv1atttrl'ango.
:l'i"atolDbo, s. ?no (Pe1"it. e out1"as Maxixe (10), s. m. fructa hor-
P1"ovs. do N.) pequena leira circular, tense de genero o.!cUlnis (C. anJuria)
em que se planta a estaca da mancUóca. da f,tmilia das Cucurbitaceas.
II Tambem cUzem Matwnbo (Meira). MaxL'\::e (20), S. m. (R. GI·. do S.)
No R. de Jan. dão as leiras com des- especie de batuque.
tino a esta cultura o nome de Cóvas Mazanza, s. 111, e f. (Perll., Pal'.
de mandioca; mas são oblongas e pa- e R. GI'. do N.) indolente, preguiçoso,
rallelas entre si. relaxado, toleirão,
:l'.Iatto, s. m. (Pem. e outrasprovs. :l'f:azolllbo" S. m. (Perl1.) filho
do N.) o mesmo que Roça (l0). de portuguez nascido no Brazil. Momes
Matto·Grossense, s. ?no e o dá como termo injurioso, sem dizer
(. natural ela prov. ele Matto-Gl'oSso. porém el'oude partia a má intenção de
II aelj. que pertence á mesma provincia. alcunhar desta sorte aquelles que eram
:l'i:atto-bolll, s, ?no (Pa,'and) delia objecto. Otermo não é tupi, e mais
matto cuja vegetação robusta reve- parece africano. Como quer que seja,
la a fertilidade elo terreno em qu creio que este voc. cahiu em desu'o.
se desenvolve, e o torna proprio, de- :l''lbayá, s. m. (Mauo-Grosso) ca-
pois da derrub da, para a cultura do ç:J.da de mbayá é áquella, em que o
feijão, dos cereaes e !le outras plantas caçador se envolve em ramagens ver,
econo!llicas. .!.lIaito-bom tem sempre a de , afLm de que, com a apparencia de
:::igniflcação de terreno fertil. arbuslos, po sa illuclir os animaes e
:l".Iatto·lllau, S. ?n. (paraná) o approximar-se delles, sem os fazer des-
me mo que CaJ~i1)a. contiar, E te meio de caça.r é sobretudo
:l".Iattutice, S. f. (Pe,'n.) appa- a.pplicado as perdizes. Neste caso o ca-
rencia, modos e acção de mattuto. çador arma-se de uma va.ra, de cuja
Mattuto, s. m. o mesmo que extremidade pende um laço que passa
Caipi?'a. ao peseoço da ave, e desta sorte a apa-
Matulllbo, S. m. (Pe)·n. e ottt1'CtS nha viva. O termo 111bayá é guarani,
p,·ovs, elo N.) o mesmo que Matombo. e o encontro em Montoya com a signi-
Matungo, s. m. (R. Gl'. do 8.) ficação de empleitas grandes (tiras
cavallo velho, sem prestimo algum, ou grandes) ele paja gtte sirvelt de ?'eparo
que para ponco presta(Coruja). " Etym. en las casas; e ainda mais Cad mbayd
E' termo provincial de Cuba, e Siglli- . com a de cerca que ha:oen ele "amones
fica enfezado, elebil, fraco, definbado, en los an'oyos pat'a coger pescado.
applicado particularmente aos animaes lI111bayrt é tambem o Dome que os
(Valdez). Paraguayos dão á nação de aborigenes
:l'1:atupá, S. m. (Va/le do 'Ama.:;.) a. que cllama.m03 Guaicurú.
grupo considel'avel e compacto de ca- Mbetára, S. f. o mesmo que lJIe-
pim al1uatico, que se encosta á beil'a tdra.
dos rios e lagos. Tambem lhe chamam Mêcê, (8. Paulo) forma. pronomi-
Pe)'íantan, II Etym. E' vocabulo tupí nal de tratamento correspondente a
(J. Verissimo). você ou vossemecê, e mui usada nas re-
Maturi, s. 111. (Piauhy, e dePe?'n. lações familiares, sobretudo entre pes-
atc o Ceard) castanhrt ainda verde do soas ela classe ba.i xrt.
MEDEIXES 93 MESQUINHO

Medeixes~ s. m. lJl. (Bahia) Para o ditrerençar dos melados que


esquivança. desclem, despre7.0 pela pe - tem o pêlo branco e a pelle preta,e não
soa que nos procura (F. Rocha). II são sujeitos a essa enfermidade, dá.-. e-
Etym. Não é mai do qne a contracção lhe tambem o nome de melado sapil'óca
da locução Ue deixe, com que orclina- (CorlJja). II "-as proviucias do norte, dão
riamente repellimos aquelles que nos o nome de melado ao cavallo que tem
aborrecem. cõr de mel (~fol'ae ).
]\1:eia-canha~ s. (. (R. Gr. ]\J:eladúra~s. (. (p,·ous. do ror.)
do S.) nome de uma das variedades nome que dão á. quantidade ele caldo de
des es bailes campestre' a que chamam canna, que, no engenhos de a ucar,
geralmel1 te Fandango. No Para,guay leva a caldeira onde primeiro se limpa,
ha tambem uma dança a que chamam ou descachaça e e13cumJ, logo depois do
jJfedia-caiía . expremiuo. As im dizem:- Faz este en-
]\1:eia-cára~ s. m. e (. nome qne genho oilo meladl1ras por tarefa, i to é,
davam aos arricano~ que, depoi d,. em 24 hora. II Nos engenho movidos
abolição do trafico, eram introduzidos, por animaes, chama-se tambem mela-
por contrabando, no Brazil. II Ainda se ditra o tempo que se ~asta em moer ou
usa de te vocabulo para designar a expremel' a canna cUJo caldo enche a
acqui ição de um objecto sem cli"penclio caldeira. Assim se diz:-Estes animaes
de dinheiro: Este chaneu tive-o de meia ja tiraram uma melculitra (B. de Ma-
cara. • ceió).
]\1:el~ s. ?no nome que (ião à calda ]\Lelei:ro~ s. m. (p,·ous. do N.) ho-
do assucar que se filtra das forma, que mem que compra mel nos engenl10s ;
estão a purgar,para se lavar o assucar almocreve que o leva. o ondllZ dolles
o alvejar (Moraes). Para as diver~as para di tUlar, elc.; o que trataol1l mel
especies de lllelles, V.iJlelaclo (lO). II iJlal (lVIoraes). II Dão o mesmo nomo ao in-
de patlj nome vulgar do mel de abelhas, dividuo que costuma. embriagar-se com
por isso que a generalidade das abelhas agua.rden te (B. de Macei6).
do Brazil fazem eu cortiços nas cavida- 1"Lell"Lbéca., adj. vocabulo tu pi
des de arvores. E a traducção litteral do significando moUe, brando, Leuro, o do
gUl).rany ))byraei. II Descobridor de mel quu.l nos ervimos em composição com
de pau diz-se do individuo que depara ouLI'as palavras da mesma lingua: Caei-
facilmente com aquillo que dest>ja: Tu membdca, Capim-membéea, otc. Em
que és descobl'idor de mel de pau, me guaran i membeg.
poderá indicar um protector para l\oLelll búra~ s. (. (littol"al do N.)
com o presidente do conselho. nome que dão a cad um dos páus quo
Meládo (1°), s. ln. nome do calelo formam os extremos latera s U:l. Jan-
dacann de assucar,llmpo na caldeira e gada (J. Galeno). II Etym? I~m Jing-lUL
pouco grosso; depois passa ás tacllas tupi, ao filho em rolaçã ao pao eha.-
enele se engro_s mai, e se diz mel de mam ta))l"a, e em relaçã.o á mãe mem-
engenho: o liquido, que se eleslilla do b:;ra. ão sei por que e 'pecie elo (]g'UI'IL
assucar bruto, quando leva barro, ali se dará áquelles paos c1:l. jangada o
cevadura do barro de purgar e agua na nome corre ponden te á filha. da mu·
casa de purO'ar, c11ama- e mel de (uro ; lher.
e quando sa,lle claro do assucar quasi Mendác11.1a~ s. m. (Bahitt) se-
purgado, mel de ban'o (Moraes). Ao não, dofeito moral. II ElVIII, l'nJv 7. 10-
mel de ftwo chamam no Rio de Janeiro nha orirrem no voCablllo portllg'1l \I
mel de tanqHe. II Com o novo systema Menda:, com 11 signiflcnç o ti montfl'o-
de engenhos de a13suca,r, tendem a des- SO, falso.
apparecer todas estas denominações. Mendubí~ .~. m. o lllftBtnO '1110
Meládo (2°),adj. (R. GI'. do S.) 1J1mulubi.
diz-se do cava.llo que tem o pêlo e a. Me q :linho (u]'/' (K LI/', tio ,ç.)
pelle brancos. Nota-se que essa varie- diz-soeloC'l1valloquon o oDson\. filiO
daele de cavallos tem os olhos ramelo- se lhe ponha o fI' ia, S não 0I1l multi"
sos e pequenas sarnas ao redor delles. dilTIculdacle ( 'ol'uja,),
METÁRA 94 MOCAMBO

Metára~ S. (. rodella de pedra Ming'61as~ s. m. (Sel'g.) ava-


que os Tupinambas traziam no beiço rento (João Ribeiro).
inferior, previamente furado de5ue a ~~inj61o~ s. m., o mesmo que
infancia. Chamavam-lhe tamÍJem Ta- jj[unjó lo (2 0 ).
me!aru (Dicc. Po,·t. B,·U:;.), JIbetál'u e ~:iinuâno~ s. ?n. (R. Gr. do S.)
Tembetdru (Anchieta). ilHa ainda no vento do sudoéste, seeco e frigidissimo,
Brazil outras hordas de solvagens que que se manife ta no inverno depois de
usam desse singular amamento, a que chuvas. II Etym Provém de vir do
ch(U)1amos Botóque e são feitos de ma- lado que babitavam o selvagen Mi-
deira. nuanos, hoje extinctos.
Milong'as~ s. r (Pen~.) enredos, :i\'~i riIn~ adj. vocabulo tupi signi-
mexericos, deseul pas mal c:tbidas: fiClludo pequeno, e de que nos ervimos
Conta-me a cousa como ella, se deu, e para distinguir certos productos me-
deixa-te de milongas. ~ Etym. E' yO- nores rlue outros. Os maiol'es distin-
cabulo de origem bunda. Jlilol1ga Ó o guimol-o' pelo adjectivo guassit : A-
plural de lJlulonga, e signifiCit pa- ras'á-mirim, Arassá.-guussit, Taman-
luv,'as (Saturnino o Francina). Em duá-mirim, T'lmandl1á-guassit.
certos casos póde ter a accepçc"ío lIe Mirinzal~ s. m. (Maranhii.oj ma-
palav/·01·io. II egundo Cannecatim, tem tagal composto e'pecialmente dlt planta
tambem a signiticação de questão. chamada illirim. II Etym. E' vocabulo
Milleiro~ a~ s. ~ adj. natural da oriundo ua lingua tupi.
provincia de l\1.ina'-Geraes : F. foi um Missioneiro~ s. 'ln. (R. G,'.
Mineiro que se illustrou pelos serviços do S. ) indigena ou habitante elas aD-
pre 'lados á sua pl'ovincia. lJ'iz a ae- tigas 111 issõas j e ui tica .
quisiç.;'Í,o de um excellente cavallo mi- Mixíra~ s. f. (Purá) conserva
neiro. ~ Afóra estes caso e5peciaes, o de carne ou de peixe, que, depois de
termo Minei,'o tem a siglllficação com- cozido e frito, e estando frio, é po to
muro de explorador de minas. em potes com neite de tartaruga ou
~~inéstra~ s. f. (B(lhiu) nome de peixe-boi. II Et!J11t. E' Yoc. tupi, de
que dão a certo geita, certo artificio que tambem se sel'viam o D"uaranis
para se obter as cousas que se cubiçam do ParaD"lIay, ou a fól'ma mbixi.
(F. Rocha). Mobíca~ s. m. e f. (BalLilt)
~~inéstre~ s. m. (Eahiu) pes;oa liberto, forro, indiviuuu que deixou ue
geito a no meios que empl'ega par,t ser e cravo. ~ Etym. Farei apen,1s
conseD"uir seus intentos ( F. Rocha). observ,u" como elemento de e tudo,
Mingáu~ s. m. nome c mmum que, em língua bunda, M'bica ignifica
as papas feitas de qualfluer especie de escravo.
farmba, de amido, de fecula ou d' Mocalnáus~ s. m. plttr. (provs.
polpa de certas fl'ucta , simplesmente do N.) negros fugidos que vi vem nas
temperadas com assucal' e a que se mattas refugiadas em l1'1ocambos ( Mo-
póde ajuntar tambem leite e gemma raes, Aulele). II Obs. Nunca tive oc-
de ovo: Mingàu de tapió a, de cal'imàn, ca ião de ouvir pronunciar e'te nome,
de saga, etc. n No Para, onde é aliás . mas sim o de Mocambeiro, com a
u ual o termo Ming.áu, dão eomtlluo o mesma signHlcação. Mor:tes escreveu
nome portuguez de papas ás que são lIfocamaos, e Aulete 111ocamaus.
feitas de fariuha de trigo. \I Em Per- :i\'~oca:JUbeiro~ s. m. escravo
nambuco chamam lJlingáu-petingu o fugido ou malfeitor refugiado em mo-
que é feito com a mandioca púb.:L e tem- cambo. II . o CeaJ'á chamam mocambeil'o
perado com pimenta e hortelã (Moraes). ao gado acostumado a esconder-se
~ o Pará dão o nome de Tacacâ a naqnellas moutas do sertão, a que
uma e pe'ie de 11ti11gàM de taphca r[ue chamam I/wcambo (J. G,l,leno).
se tempera. com o molbo de tt~cttpl. II ~J:oca1Dbo (lO), s. m. o mesmo
Etym. E' vocabulo de origem tupi e que Quilombo. II Etym. Desconheço ,t
guarani. A primiti va pronunciação era or-ig-em deste vocalmlo e do' seus homo-
lúingaú. nymos ai aixo mencionados. S gundo
MOCAMBO 95 MOLÉQUE

Bluteau, era o nome lle um an tigo Mócótó (1°), s. m. mãos de vacca


bairro de Li'boa. H na Africa, occi- o boi aiuda cruas, ou depois de gui-
dental portu"'ueí':'" uma serra curo a 'ada . E' um pl'nto geralmente des-
denominação de llIocambe. tinado ao almoç:o.
l\-IocalD.bo (20), s. m. (Ceal'a e l\'Iócótó (2°), s. m. (Para) especia
Matto-Gros o) g-ml1l1es mau tas no ser- de sapo (Baena).
tão na luae e e conde o gado. Mofina, s. f. iusi tencill em ltl-
MocalD.bo (3°), s. ,no (Pe,.n. e g-uma idéa de interesse publico ou parti-
Alag6as) cabana ou chóça, quer sl'i Vtl, cular; empenho na re.llisação de algum
de Imbitação, quer apenas de abrigo projecto: Ca.da um tem a sua mofina;
aos que vigiam as lavoUl·,v. Ao mo- a minha, é a extil1cção da e ·cravidão.
cwnúo de duas ag'L1as t, mbem chamam A con trucção de uma ponte naquelle
Tijt!pá, na Bal1i:t e outras ' l'ovincia , rio é a min!.la mofi,w. II Publicação re-
1\-Iocó (lO), '. m, (provs. rlo _V.) petiu t L1üll'iamonte nos jornaes contra
nome vul"'ar de uma e pecio do l1Ial11- certn. e detel'minarla llUctorid'llla ou pe -
mifaro, IH3I'tencente .\. ordom do Roe- 'oa: Ha di I que a Gar;eta traz uma
dores (Kerodon rvpeslris). /!lofina, relativamente a demora na dls-
1\-100ó (2°), s. 111. (pl"ovs. elo N.) 0:5- tl'ibuiÇ<lo das c.mlOlas deixadas pelo
pecie de pequena 1)01 :1, :l que bmbem COlllmendadol' .
chamam Boco, em Minas-Ge! aes e l\'Iojíca, s. f. (I'alie do Ama• .)
BlIlia Capanga. 'sam dello a til'acollo PI'O s 'o do engrossaI' um caldo com
03 viajantes, p:ll':l leval'om poquenos oh- Iltml lacula qnalquol' (.I. Veri ·simo). !!
jecto neces"al'ios l'tll'U a. jornada. No Tambelll SA póde eng'I'OS:::lltl' o caldo com
Moco 10l'alll os meninos de escola seus peixe moqucaüo e c:5f'al'e!ndo (8. de
papei e llvl'i n hos do estu o. SOl've J,ll'Y)· II EI!Jm. Do tnpi mocr}IJr;a, signi-
taro! em de ell1lJOl'nal panl daI' n. l'~ção fi ando eng'\' '-'1' o liquid (Dicc. POl·t.
do milho as bo'tas. II Elym. COIJI ,aléll1 Bl·a~.).
de ou tras pelle', se empl'elj l g-el"ll- ~~o.jicar, v. Ir. (Valle do Ama::.)
menlo a do Mocó (l") para II f,till'icação engl'o ~al' um caltLo COI11 qnalquer fé-
ele ta bolsa, lal vez d il<t Cil'culllStuncitl cula. 8' mC\Í' usado o sub Iltntivo 1110-
lhe pl'Ovenha o nome (~reil'a). jica, com um auxilia.I', do que o 'ta
Mócóróró (l°), S, m. (prov'. elo f'arma. verbitl (.I. VCI'i' imo).
N.) nome commum a divel"as bobidas 101 U1bo, s. m. trapo, f'al'l'apo,
refrigeraI] tes. A de qno usam no Ceal'~\ ancll'ajo:. II 1cm MOI'a.o , nelll Lacerda
é feita com o SUlllO dc caju (Silnto' lratam ti ste yocabnlo. Aulete o mencio-
Souza). No Mal'an hão Ó PI'OlXtl'llda om na. como voz bl'uzi lei l'a, sem natla diz ['
arroz contuso de que so I'llzem pJ pa de 1111 'lym logia, '1 qual li tambom
g'l'ossas [louco cozidas, lIS qua 'so d i- oão conhoç ,
tam em um t vazilhn. de bano com Moléca, s. f. monina n I/'l'a.
agua e algum a 'sucar e !Ica. a, fOl'lllou- 1\-l:olecáda, s. f. mu'" lo de 1)10-
tal' durante dous dia; COl'l'c.'pondo ao Jequ s.
Alua la outl'< s pl'ovin ias (D. Bl'uz). Mole ú,g·elD., s. r pl'oct'dimonlo
No Pal'à. é feita de manrLioca I lia mau, digno de mal quo. '1'l1lllbom d i-
ti avum o aborig ne3 (1'hes. do Ilma- z m ?IIolc'luei/·{j. .
zonos). ~Iole ão, s. m. moI qu lullltl.
Móc6r6ró (20), s. m. ('el'IrI0 dr! Tambcm liz !TI 1"o{ucrJte.
Bahia) nome que, nas mi na' do AS:;tll'ul\, 1\-101> ru·, II. i'll,'. pl'O ed l' ou
carnal' a. ue XiquQ-Xiql1o, düo ao li- cliv l'lil'- o '0111 mal qll •
monito concreciona.rlo. [i\llUella minas 1:01 c ' L , S. iii. U me 1110 qu
o asco.lho auri~ 1'0 tem ':\. possançt moteclZo.
modia r] um metro, caber lo por Cil- MoI qll. (to), ,~. 11/. num !luo
madas do al'g-i1a d limonilo, londo II dn.vul1I ao IH g'I'in1t) no \cln\lo da SI 'I'H-
espessura me JÜt d 4"',50, s n(lo llll,50 vüIão. 1'11'a injlll'il~ uppli ui-I) I~OS 111-
pam a argila, c 3'" pa.l'a o JI1dcrh'or'o (1". g'l'inl1oS IIvl' s. II H.I], fi 8S0f~ do munI>!
ae l?l'ontin). sentim ul s, d pI'O dlln nlol:l lJtÜ\ s,
MOLÉQUE 90 MOQUEAR

dignos de um pobre escravinho sem dez a doze milhas, prolong'a-se do


educação, nem moralidade. !I Elym. Se- oeste a leste, desde as ca.beceiras uo
gundo FI'. Francisüo de S. Luiz, Molé- rio Cururti até mui perto da cost<t
que e MoUca são termo- angolenses, oriental (Ferreira Penna). II Obs. Esto
com a mesma significação que lhe dão vocabulo, com a significação tIe intes-
no Brazil. tinos miudos de .carneiro, do porco e
Moléque (2°), S, m. (Minas-Ge- de oUÍl'os allimaes, pertence tanto ao
l'aes) barra de iman com a qual se ex- portuguez como ao castelhano.
tra11em as particulas de ferro, que estão :M:ontáclo, adi. dlz-se rIo animal
de mistura com o ouro em 1)Ó. domestico, que se tornou bravio e viyo
~1:olequeira, s. f. o mesmo fóra ele qualr[uer ujeição. I Et!J1n. E'
que molecágem. corruptela de mnontáclo. II No Pará o
Molequinho, a, s. dim. de outras provincias, dizem, como em Por-
moléque c molêca. tugal, CLllmntàeto.
Molleirão, ad}. e s. 111. mollan- Montaria, S. f. pequona canôa
gueirão, individuo vagaroso,preguiçoso, lig'eira, construida de um só madeiro.
negligente. II Et!J1n. Deriva-se, sem du- Na maior parte dos casos, é seu des-
vida, do radical molle, tomado no sen- tino, nas viagen lluviaes, acompa-
tido moral. Posto que seja usualissimo nhar as canóas de vogoa e senil' pam
no Brazil; não o mencionam nem ~10­ a pesca e caçada. "Ety11t. Sou nome
raes, nem Aulete e outros, o que me prim\ti vo era canôct de ?llO?ltctl'ia II E'
faz pensar r;ue não é corrente em Por- mui usada no valIe do 'Amazona-, em
tugal. fi E' syn. de Molongo, de que Matto-Gros o, Goyaz e outras pro-
usam no Para. vincias.
. ~J:olleirona, s. e adi. {. de Mol- ~1:opong'a, S. f. (Pal'ci) meio do
leinl0. l)escar, que consiste em bater a agua
l".Iolong6, adi. e s. m. (Pará) o com o braços, afim tle fazol' o peixo
mesmo que Mollei1·üo. remontar o riacho ate o logal' ando
MOInboia~xi6, s. f. (Para) es- está estendida a rede, ou onde iJ.ltonlam
lJecia ele gitita de que se servem .os ca . construi I' lii1~c~'óca (Baella).
boclos, e é feita com uma taboca de Moqueação, s. f. acto de mo-
tres furos e uma lingua de tucano em quem'.
lagar de palheta. ProdLlz SOU' mavio- ~.Ioquear, v. tl·. assar a meio n
sos e que têm "provocarlo em algumas earne ou peixe, para melhor conser-
pessoas tristeza e pranto (Baena). V. val-os, opera~ão que se executa sobre
Embeaooio. uma grade de Po.os a que dão o nome
Monarca, s. 111.. (R. Gr. do S.) de Moquem. "No Minho, em Portugal,
homem elo campo, vestido comCi tal e dizem encalIir , por moqueal' (Moraes). II
carregado de armas. E' gente sem Etym. E' voc.de origem tupi, como o ó
educação, tanto que a seu respeito ha tambem o verbo boucancw que Jean de
o seguinte proverbio: Moço mona?'ca Léry introduziu na lingua fl'anceza,
não a signa, mas ri ca a marca; isto é, facto este que ainda hoje e ignorado
não sabe ler nem escrever (Coruja) . . pelos respectivos lexicographos, som
Mondé, s: ?l.~. (BClhia o outras exceptuar (IS mais modernos, como
pl'o'Us. do N.) O mosmo que lJiWldé. Larousse e Littl'é. Em prova disto, at-
Mondéu, s. m. o mesmo que tentemos para o que nos diz aquelle
MUl1dé. estimavel viajante, tão sagaz em suaS
l".Iondongo, s. 111. (Pw'a) nome observações, quanto exacto em suas de-
quo na ilha de Marajó dão ás baixas scripções : « Touchant la chair ele ce Ta-
que occupam grande exten ão das cam· pit'o~tssou,elle a presfJue même gout que
pinas, e são cheias de atoleiros, de celle de breuf' mais quant à la. façon de
ordinario ocultos sob a espessura de la cuire & apre, ter nos Sauuages, a leur
plantas palustres. Dá-se, poréDJ, espe- mode, la font ordinairement Boucaner.
cialmente este nome a um extensissimo Bt parce que i'ai ia toucbé ci deuant,
pantanal que, distando da costa norte & fanura encor que ie reitere souuent
1\IOQUÉCA 97 MUCHÁCHO

ci apres ceste façoo de parleI' Bouca- l\.lorobi.s:ába, s. m. O masmo


ner: a1io de ne plus tenir 113 lecteur en que Tuxáua.
suspens, ioint au si que l'occa ioo se Morotinga, adj., o mesmo que
pré ente mainteoaot ici bien à propos, ie tinga.
veux declareI' queile 130 e tIa maniare. Mosquê-te, s. m. (Sergipe) ca-
Nos Ameriquains, doocques, fixans as· valIa de pequena estatura e bom cor-
sez auaot daos terre quatre fourches redor (S. Romero).
de bois, au i grasses que 113 bra , dis- l\'J:ouro, adj. (R. Gr. do S.) diz-se
tantes en quarré d'enuiron trais pieds, do ca,vallo que tem o pêlo mesclado de
& esgalemeot hautes eleuees de deux & preto e branco. O cavalIo mouro e mais
demi, mettans SUl' icelles des bastons 11 escuro que o tordilho negro (Coruja).
trauel's, à vn pouce ou deux doigts. l\J:uaID.ba, s. f. (Ceal'á e outras
pres l'vn de l'autl'8, fODt de ceste Caçon pro""s. do N.) velhacaria, patranha,
voe grande grille de bois !aquelle eo fraude. Negocio illicito que con iste
leur langag-e ils appeleot Boucan. Tel· em comprar e vender objectos fur-
lement l!U'en a,yaut plusieurs plaotez tlldos: «Temos aqui uma tal Rita dos
130 leurs maisons, ceux d'entr'eu:\ qui Santos, que, seo'undo consta, negocia
out de la chair, la mattans dessus par ha tempos em 11 uambas. » (Jol"nal do
pieces, et auec du bois bieo sec, qui ne Comrnercio.)
rend pus beaucoup de fumee, faisant vn MuaUlbeiro, s. m. (Ceará e o~t­
]letit feu lent tlessous, eu la tournant t/'aS pr01Js. do N.) velhaco, :r1atranheiro,
& retournant de demi quart en demi fraudulento. Pessoa que faz negocias
qua,rt d'heure, la laissent ainsi cuire illicitos comprando e vendendo obje-
a,utant de temps qu'il leur plaist. » ctos furtados. Este nome era especial-
l\J:oql1.éca, s. f. especie de igua- mente applicado aquelles que, durante
ria feita de peixinhos ou camarões, tudo a ultima secca do Ceará (1877 - 1880),
hem "pimentado e envolto em folhas tiravam proveito da sua posição para
de bananeira. No Para lhe chamam se locupletarem, de vianda do seu des-
Poqwica. Além dessa especie de Mo- tino os generos alimenticios e outros
qucca, que é secca, ha tambem outra recursos, que o governo mandava às
feita de peixe ou mariscos, com molho victimas daquella calamidade.
de azeite e muita pimenta. Mucajá, s. m. (Pará e :Maran114o)
MoqueDl., s. m. grade de paus o mesmo que Macahitba.
em fórma de grelhas, com uns 01U,60 MucâID.a, s. f. o mesmo que Mfko
de altura., e sobl'e a qual se põe a camba.
carne ou o peLxe, que deve ser moquea- MucaID.ba, s. f. escrava predi-·
do, isto é, assado a meio para se con- lecta e moça, que servia ao lado de sua.
servar. 1\ Etym. E' vocabulo de ori- senhora e a acompanhava aos passeios.
gem tl1pí, como o é tambem Botlcan, Tambemlhe chamavam MuctZmet e em
adoptado pelos fraoceze ,como se pMe Pernambuco i11umba1'lda. 1\ Etym. Tal-
reconhecer pelo testemunho de Lél'Y. vez se derive de Mocambuara, voc.
Morcilha, s. f. (R. Gr. do S.) tnpi, significando ama de leite (Voc.
mnrcella. [I Etym. Do castelhano Mor- Bra::;.). No guarani ha no mesmo sen-
cilla. tido Poro mocambua7'a (Montoya). A
Moringa, s. f. o mesmo que 111ucamba não tinha certamente por
Moringue. otlicio amamentar crianças; mas póde
Moringue, s. m. bilha de barro acontecer que, por uma degeneração
para agua. Ha Moring~tes de duas es- de sentido, se lhe desse o nome que
pecies : o de um só gargalo, e o de era d'antes o attributo da ama de
dous gargalos, endo um mais largo leite. Na Bahia, por exemplo, dão ã.
por onde se introduz a agua, e outro criada o nome de ama, sem que lhe
mais estreito por onde se bebe j e entre incumba amamentar quem quer que'
estes dous gargalos ha uma asa, a seja.
que se applica a mão para suspendeI-o. Muehácho, s. m. (R. Gr. do S.)'
~ Tambem dizem Moringa. ]?ontalete que sustenta horizontalmente-
DICC. DE Voe. 7
MUCÍCA 98 MUNJÓLO

o cabeçalho do carro, quando está pa- portuglleza, lvIi-n'banda significa mulher


l'ado, e é preso ao mesmo cabeçalho. (Capello e lvens). Talvez seja essa. a
por meio de uma tira de couro. l!;m origem de Mttmbanda.
ling'ua portuglleza lhe chamam btw)"o. Th:h.l.Ulbávo, s. m. (Paraná) o
II Etym. E' voc. castelhano, com a sig- mesmo que Xerimbábo.
nificação de ?'apaz .. e é no sentido ligu- Mo:m.bíca, s. (Ceará) bezerro de
mdo que o empregam. O SI'. Coruja anno, magl'O, enfezaclo (S. Romero).
escreve J.l!oehaeho, e o fi1z deri vaI' de MUUlúca, s. {. (8. Paulo) ente
Mocho, com o que não concordamos. phantastico, que chamam para metter
Muc:lca, s. f. (PerYl. e Par. elo N.) medo à' crianças qm\llUO cll01'a LU.
sac.:'tde!a, empuxão que o pescad~r dá Equivale a Tutit (2°).
a linha, quando sente que o peixe mor- Munân, s. f. (Se?·tiJo da Bahi,j)
deu a isca. II (Piatthy) Derribar de mu- nome que, m~ gil'ia dos vaqueiro',
clea, e derribar uma rez torcendo-lhe a signiticlt Egua.
cauda com força até f.\zel-:\ cahir. II Mundé, s. m. especie de arma-
Etym. E' voc. de orig'em tupi e vem dilha pam a.panhar caça, esmagando-:1
de Aimoeie, f ign iticando dar sacadela com o peso que lhe cahe em cima, logo
(Voe. Braz.). O Dicc. Port. Braz. men- que desloca o pinguélo. ~ Etym. E'
ciona Ceh.y, como traducção de pux,'r. vocabulo commum a todos os dialectos
Mucuj ê, s. m. (BaMa) fructa pri- da liugni1 tupi, e comprehendil\ d'ante~
moro a de um,\ al'VOI'e do mesmo nome diversas e.>pecies, algurna~ das quaes
pertencente á familia das A pocyueas. II apanl1,wam vivo:; os animaes; tae
G. Soa1'es lhe cbama Maeuj6, 'e, a não er.\m o ,llu11tle-a1"alâca e o lIiunde-pica
ser isso elevido a um erro de copia ou de pa slll"inhos (Voe. Braz.). II Tamllern
de impreu,a, provavel e que eja o nome se diz lvIundeu, 1110náe e J11ondeu. II
l)rimitivo dessa frucla em lingua tupí. Fig. applica-se a uma casa velha, aI'-
Mucunzá, s. m. o mesmo que l'uinada, q ue ameaça ca.hil' e esmagar
Canjica (lo). os que nella habitam. Ainda 110 sell-
Mucuóca, s. f. (Pará) cerca tido üguradose diz jue eahittnJ munde,
ligeiramente con traida nos riacho, aquelle que, mal aconselhado, se ar-
por meio de paus fincados a prumo, riscou em rmtl1.> negocios.
ramos de anin.Qa e tuj'ueo, afim de pa- Mundéu, s. -mo o mesmo que
ralysar um tanto a corrente di1 agua, M?,ndé.
e dar logar á 'pesca cl1l\mad,\ ele Ga- Mungang'a, s. f. (p,"ous. do N.)
puia (Baena). II Etym. Deriva-se de tl'egeito, careta, momice (S. Romero).
1l!loeoóca, termo do dialecto tupí do II Etym. Tal v z. seja corruptela. de
Amazonas (Seixa ). . monganguice, ou mogiganga.
Mucúra, s, {. (Para e Maranhao) Mungunsá, s. m. o· me mo que
O mesmo que 8a)·uê. Canjica (l°).
MudubiUl, s. m. (Ceará) O ~.luogunzá, s. m. (pl'ovs. elo N.)
mesmo que Mandubi. o mesmo flue Canjica (lO).
Mujan'giiê, s. m. (Pa?'á) es- Munj ó10 (1°), s. m. (provs. me-
pecie de massa feita ele ovos de tarta- , ?'ill.) eS[lecie de machina l'U tica, a qua!
l'u&,a ou de tracajá -e farin hl~ de agua, movida por agua serve para pulve-
e depois desfeit<~ em agua, para ser rizaI' o milho e tornai-o icLoneo para a
bebida (F. Bernardino). fa1.Jricaçi'to da ('<lril1ha.
Mu1áda, s. {. porção rle mulas. Munj õ10 (20), s. ?/l. (algumas
~.lu1áto-vé1ho, s. m. (R. de p,'o'J)s. do N.) bezerrinho. Tambem
Jan.) Omesmo qne Palureba. dizem Mi?vólo. Quando chega a ter
r
Muxn.báca, s. (Vallc elo Al1letz.) chi('res chnmam-lhe Gan·ote.
palmeira do genero As/t'occo'yum (A. J\1:unjó10 (3 u), s. m. (R. de Jan.)
Mumbaca) (Flnra Brets.). nome vulgar de uma arvore da familia
. MUUlbanda, . f. (Pem.) o da' Legumino as .
me mo que Mueamba. II Etym. Em :Munj ól0 (4°), s. m. e f. (R. de
lingua bunda, :la Ail'icll, Occidental Jan.) nome de uma nação ele Africanos
MUNZUÁ 99 MUTUM

que eram d'antes importados como es- ~I:urundú, s. m. (Rio de Ja?!.)


cravos. montão de cousas: Murundú de roupa,
Munzuá~ s m. especie de cõvo, de pedras, de esterco, etc. II Etym.
feito de fasrJ.uia' de tH.quára com uma E' cort'uptela de Mulundú, monte, na
bocca afunilada, a que cbamam no ling-ua. bunda.
norte san.aa e no Rio de Janeiro nassa, Mururú, s. m. (pro'Vs. do N.)
]J0I' onde entra o peixe sem mais podel' usa-se na phrase eslar de mururú, em
sahir. II Elym. E' provavelmente de relação a pessoa que se conserva na
origem ardc 'n1. cama com achaque ou atacado de mal
Mupicar~ 'V. int?'. (Parà) rem:1r periodico, intermittente (F. Tavora).
amiudada e ligeiramen te, para apre sal' Murutí~ s. m. (Valte do Amaz.) o
o andamento da C<l.nõa. II Etym. Deriva- mesmo que Burití.
se de mupiea e mopiJpye, verbos da Muruxába, s. f. (Mamrlhão)
língua tnpi significando ?'ema?' ap?'e.s- nome que dão á branearana de mau
saáamente (Diec, PO?·l. B?·az.). comportamento (J. Serra).
MuquirâDa~ s. f piolho do cor·
Muruxáua, s. m. (Valle do
po, tambem chamauo piolho da roupa Amaz.) o mesmo que Tua:dua.
(Pediculuç 'Vesliment9, I Etym. Do tnpí Mussununga, s. f. (Bahia)
Moquyrana (Voe. Braz.). nome de certos terreno fofos, arenosos
Murassanga~ s. f. (Valle do
e humidos (J. Przewodowski).
Ama;.) o me mo que Bw'assanga. Mut.á, s. m. (Valle do Amaz.)
especie de estrado con truido no matto,
Muricí~ s. m. nome commum a
com as ento alto, na qual se colloca o
diversos arbustos e arvoreta do ge- caçador a espera da caça. Hanndo
nero By?'So?lima, da famiJia das Mal- uma arvore idonea para. esse fim, pode
pighillceas, euja fructa, segundo o faz o as'ento er construido nella. \I Etym.
observar G. SOlres, sabe a qneijo do E' voc. tupi (Voe. B?·az.). ~ o dia-
Alemtejo, e macerada em agua fl'Í<L com lecto do Amazonas dizem Metá (Seixas).
assucar se con verte em um alimento a O I'. J. Veris imo lhe chama Mutlill;
que no Ceara cbamam Carnbiea, e é e diz que serve tanto para a caçada
geralmente llpreciado. no matto, como para a pesca a beira
Murití, s. m. (VaUe do Ama;.) d'agult.
o mesmo que Buriti. MutaID.ba, s. f. nome vulgar
Muritirn, s. m. (Mamnhao) o de uma planta do genero Gua::uma (O.
mesmo que BUl'ilí. ulmifoZia) da família das Büttneria-
Muritinzal~ s. m. (illar:.tnhao) ceas. II Elym. Em lingua bunda, Mu-
o me mo que BUl'ilizat. tamba é o nome do Tamarindeiro.
Murucú~ '. ln. (VaUe do Ama.;.) Sem duvida, foram os Africanos de ori-
eSI ecie de lança feitn. de pau vermell10 gem angolen e os que impuzeram este
com a ponta remontada ue tli ver a IlIa- nome a planta brazüeira, pela analogia
d iI'a uelgada, fl'angivel e hervada. que lhe acharam com aqueUa arvore
Dell.\ se sel'vem os MUI'as e ou tras do seu paiz. Seu nome tupi, segundo
horda de sei vagens (Baena, F. Bel" Piso e Marcgraf, era lbia:uma.
nardino). :M;utân~ s. m. (Valle do Ama,$'.) O
Murucujá, s. m. nome antigo me mo que M utà.
do Maraeujd. ti Etym. E' vocabulo tupL Mutirão, s. m. (8. PauZo, Pa-
II OS guarani do Pal'Jguay lhe chamam rand (l lJ1inas-Geraes) o mesmo que
Mbu?'ueuya (MontoYll). 1I1uxirom.
Mu:rUJn.urú~ s. 111.. (VaUe do Mutiroo:J, s. m. (S. Paulo, Pa-
Ama.;.) nome commum a diver as plan- rand) o mesmo que Muxi?·om.
tas do genero Ast?'oearyum, da familia MutiruID., s. m. (pard) o meirnlO
das Pa.lmeiras (Flora Bras.). ~ Etym. Muxirom.
E' voc. tupL MutuID., s. m. ave do genero Craa:,
MuruID.u.xáua~ s. m. (Ama;.) da familia das Ga.llinaceas, da qual ha
o mesmo que Tua:àua. diversas especies.
MUTURÍ 100 NHANDU

Muturi, s. ?no (BcrAia) o mesmo lho executado por este systema é de


que jJi[aturi. grande vantagem para os lavradores
Muxíba, S. {. pelhancas, ca.rne pobres, porque os liberta do salario. O
magra. II Etym. Na lingua bunda, o que póde ter de reprel1eD ive I é o
termo 1lIuooiba significa arteria, veia divertimento nocturno, que e lhe se-
(Francina e Oliveira). E' provavel que gue, em 100-ar do . omno reparador. A
d'al1i nos venha. este vocabulo ainda policin. municipal deveria. prohii.Jil' que
que ai terado em sua significação. esse folguedo se prolonga se além de
Muxinga, S. f· surra, sóva. II certa hora da. noute.
Azorrague. \I Etym. E' voc. da lillgua J\1:uxôxo, s. m. estalo dado com
bunda cum a mesma significação que os beiço' à semell1auça de um beijo,
Ihl1 dam03 no BraziJ. II Obs. AuJete es- para mostrar deselem ou pouco caso de
creve 1lI1,f,Chinga,o e Moraes nIoooinga e alg-uem ou de qualquer cousa: Aquelle
iIluooingcL. individuo, a quem tiz tão cordialmente
Mu.xiroD1, s. m. (8. Paulo, a ot1'erta dos meus serviços, mostrou-o e
Pal'and) auxilio que se prestam mutua- tão ingrato que me respondeu com um
mente os peqnenos agricultores em muroôooo. II Em Sergipe dizem Tunco ( .
tempo de fazer suas roças, planta- Roméro).
ções ou colheitas, ma.s principa.lmente .l'1:uxuang·o, s. m. (Campos) o
serviço de roçar. Dura este am..ilio in- mesmo que Caipira.
variavelmente um só dia, em que tados NaD1bi, s. ??I-. orelha, em lingua
trazem sua ferramenta de tmbalho e tupi. No n. Gr. do S., este Dome ad-
fazem o serviço gratis, sendo regalados jectivado se applica ao cavallo que
pelo dono da casa. com uma bo.! ceia e tem uma das orelhas cahida: Cavallo
o indLpensavel fandango, ou outro n:zmbi. E' uma abreviação do tupi
qualquer diverti mento. Costnmam f'n,zel' nambl ooo"ê, ou do guarani ?'lambi !Jerou,
tnes ajuntamento para o trabalho, com a significação de orelhas cahidas
quando e3cassea o tempo e vai se fa- ou derrubadas. Nos sertões da Babia
zendo tnrde para etrect\lar as queimas. e de outras provincias do norte,o nome
plautações, etc. Se, porem, o ser'viço de cavallo nanrbl designa aquelle que
dma mais de um dia, então não é muxi- tem a cauda curta (Aragão). Neste
rom, éaj1llorio (ad.iutorio)e neste ca o o caso, não vejo o fundamento de seme-
dias ele tl'abalho devem ser restituidos lhante denominação.
(L. D. Cleve). II 8ste vocalJUlo tem uma NaD1bú, S. m. o me mo que
extensa sYl1onymia. No Paranâ e .. Inambit.
Paulo, além de Muxi"om, dizem tam- Naná, s. m. nome tupi do Anana:l"
bem i1Ill!i1om., M~llirae, PUlirilo e Pu- (Ananassa saliva).
wirw11,o no I ará POliro,n, Putil'wn, Pu- Nanâu, s. f. (provs. merid.) o
ooirum, Jiutin,(,m,o em Mina.. -Gerae', mesm que Nhanhân.
Mutinl0 . no R. Gr. do S., Puoo:rão . na N apéva, adj. (8. Paulo) nanico j
Bahia. e Sergipe, Bn.lallulo,o na PH1'. g-allo ou gallinha de pernas curtas;
do N., BrJ.Hr1evrct. II Ely,n. Afóra Bata- Gal10 napêva, GaJ.linha napcva.
lhão e Bandeü'a, todos os synonymo" . N e blinar, V. iII Ir . choviscar
apontado: pertencem a diversos dia- quasi que im perceptivelmente.
lecto da, lingua. tupi, e derivam- e do Negreiro, adj. dizia-se do na-
me mo radical, embóratenl1am porin- vio que d'ante e empregava no trafico
iciaes ups a letra P e outro a lettI'a 111, de escravos. II Applica-se tambem ao
o que nüo é raro ne. ta lingua, como se homem bra.nco, que tem predilecção
ob-erva cm Piân e 1Ifiân; Pe?'éba e pelas negras.
M erêba, etc. Da. mesma arte, o T é Nhá, s. f. o mesmo que Nhd·j'(l.
muitas vezes substituido por X: Ara- NhaD1bú, s. m. o mesmo que
ti:1JÍI, .fl1·aroixit. No gual'ani, pot,i)rom . ig- Inambu.
nifica PÔl' ?l!llos li ob?'(l, (Montoya), Nhanclir6ba,s.{. V. A?'ldi?'Oba.
significação que e tá bem no e pirito Nhandú; s. m. !lome tupi da
des ~! associação ephemera. ~ O traba- Ema.
NHANHÂN 101 ossu
Nhanhân, s. f. (pl·OVS. mel'id.) a oitaM, e dividil-a em fracções: Meia
tratamento familiar ela' meninas. II oitava = 600 r5.; wn quat·to=300 rs.
Etym. E' a fô~ma iofantil de . enhora. II Ao qual·tO tamhem chamam pataca-
Tambem se dIZ, Nanrm,Nhd:;;inha,Sillhú abertrL , distinguindo·se deste moclo da
Sinhá:;;il'llla, il'lheh'a, Sinhal·iYlha. II Na~ pataca-(exada = 320 rs.; o cruzado =
p~ovs. ~o N., a partir da Bahia. 720 rs.; um virliem = 40 rs. A todo
clJzeJ?l unIversalmente Yayd,Yaydóinha, esse systema pecuniario dão o nome
!a:;;trilta i e estes vocalJUlos já se têm de Conta do Oltl·O.
lDtroduzlclo na' prov. meridionaes. Oititul:"ubá, s. m. O mesmo
Nházínha, s. f. diminutivo de que Clltitir·ibci.
Nhan/lfin. <?rear, v. tr. (R. Gr. do S.)
Nhô, s. m. o mesmo que Nhôr. ::treJar, expôr a.o ar a roupa humida
Nhonhô, s. m. (pl'ovs. llM?'icl.) para seccar. II Etym. E' voc:1bulo cas-
tratamento familiar do menino'. II telhano.
Etym. E' a fôrma infantil d senhor. II Origône, s. ?lL (R. G,·. do S.)
Tambem se diz Nonô, N/tô:;;inho, Sin/liJ tall1adas de pecego seccas ao sol,
e S~nhi3:;;il'lho. II a prov. do N., ~ com as qUiles se faz um doce de c,dda.
partir ria Bahia, dizem universal- ~ssas talhada são sobrepostas umas
mente YoyiJ, o que, segundo penso, n5,o a' outr'us formando nm solido de al-
ê senão a fórma auociCdda de Nhonhô_ g,uns centim,et,ro de comprimento. II
.r hôr, s. m. abreviatura popu!!\,[' Etym. ProvIra ou do termo antiqlULdo
da palavra senhor: NItô,· João Nhôr portllgllez Ot'ijones (l\foraes) ou do cas-
Joaquim. Talllbem dizem NItô.' tel~I.~Do 01'eion, que Va~dez traduz por
Nhóra, s. f. abreviatura popular OnJao.. Aulete nada diZ a semelhante
da pala.vra seuhóra: Nhàra Maria. respeito.
N/tór'Anna. Tltmbem dizem Nhá. '
Nhôzinho, s. m. (p?·ous. merid.) O~elha-livre, (R. G,·. elo S.)
abreviatura popular do diminutivo Se- locuça.o u-ada nas parelhas. e os ca-
nh01·:;;inho. l'all0 ,'mpat:l.lll na carreit'u, aquelle
Nonô, s.m. o mesmo que ~ho"lhiJ. que apostou que o cavallo do contrario
Noruéga, s. (. (R. ele Jal'l.) só lhe gan haria com orelha-livre,
encosta meridional ue mon tanha ou g·anlt:l.. l1 apo ta, porque o outro não
cordi lheira. Os terrenos de no1'tuJga se adiantou um poucochinho mais
s[o sombrios, frescos e atê frios, e q~la?to tos e bastan te pam da raia se
pouco idoneos para certas cultura'. dl"tlDglllr se sacou a orelha ou não
A elles. e contrapoem os terrenos SOíl.- i to é, se e adiantou (CoI'uja,). '
lheiros, que, no hemispherio austral, . Orelhâ.no, a, adj. (R. Gr. do S.)
occupam as vertentes' septentriona.es diz-se do '.)0\ ou vacca que não tem
das montanhas. I Etym. E' provavel- marca ou slgnal na orelha ou orelhas,
mente uma allusão ao clima fdo da como e co tu ma fazer, antes de ser de-
Noruega. finitivamente marcado a ferro (Coruja).
Oigalé!, int. (R. Gl'. elo S.) voz E' tambem expres;to do Parana..
de admiração: OigalrJ! moço lindo (Ge- No ertões da Bahia nhamam a isso
simbra). Orelha-redonda, e no Ceará Orelhudo.
Oitáva, s. f. (Matto-Grosso) II Et!J'}I. O-termo 01"elhano procede de
quantia de dinheiro igual a I. 200. II ú"ejano, que Valdez menciona como
Etym. No tempo em que a industria vaca bulo americano. II Erra ;\ulete di-
capital daquella provincia consistia na zendo que orelllano é o g',ldo vaccum
extracção do ouro, todas as transacções, que tem marca ou ignal lia orelha.
na falta absoluta de moeda cunhada, se E' justamente o contral'io.
faziam por meio de ouro em pó, regu- Orelha-redonda, . m. (sel'-
lando a. L 200 o preço de cada oitava tcío da Bahi6l.) o mesmo que oi·elhano.
( 3 gr., 586 ). Hoje ellas se fazem por Orelhudo, adj. (Cea1'Ci) o mes-
meio do pa.pel-moeda, mas nem assim mo que orelhal'lO.
se perdeu o uso de tomar por unidade Ossú, aelj. o mesmo que [juassÍl.
OSTREIRA 102 PAINA

Ost.reira, $. f. (8. Paulo, Esp.- ainda é u ual no Piauby/ Maranhão e


Santo) o mesmo que 8ambaqui. Para. Nesta ultima provlDcia, Ó dão o
Ota r im. (R. 01'. do S.) voz de nome de Banana ás especies exotica .
admiração: Ota! cavaUo arisco. Ota! o Rio de Janeiro e applica, exclu i-
cavallo bom (Cesimbra,). vamell te o nome de Pacóba a, umUo e -
Ouriço-cacheiro, s. m. V. pecie notavel pelo g-rande desen vol-
Ouandú. vimento da fl'ucta. No Paraguay dizem
Ovádo (lO), adj. (R. Gr. do S.) Pacová, e bem que Montoya tive se
diz-se do cavalJo doente dos macbinhos e cripta Pacobá, cumpre attender a que
(Coruja). II Etym. Provavelmento vem o b hespanhol é igual ao v portug'uez.
de ovas, certa mole tia que ataca os Cil- Pacóva, S. (. o mesmo que Pa-
vaUos. cóba.
Ovádo (2°), adj. (algumas provs. Pacová, s. m. (8. Paulo) nome
do N.) <1íz-se do peixe que se acha com vule-ar da Alpinia nttlans, planta da
ovas: E'ltamos na estação em que o famIlia da A:nom~;Is, a que se attri-
peixe está geralmente ovado. Tive ao uuem qualidade metlicinaes (Martius).
jantar uma tainha ovada (Meira). II Etym. Provavelmente resulta seu
fi Etym. Vem de ova, ovaria do peixe. nome da talou CJl1a I semel hn nça da.
Oveiro, adj. (R. Gr. do 8.) diz-se planta com a da bananeira, a que os
do cavallo ou boi que tem malha ver- aborigenes assim chamavam.
melbas ou pretas sobre o corpo branco Pacú, s. m. (Malta-Grosso, valle
ou vice-versa (Coruja). " Etym. Do cas- do Amaz.) nome commum a. diversa
telhano overo. "Obs. Em Portugal il e pecies de peixes d'agnR doce, los
palavra oveiro tem outras significações, generos {'rochilodus e outro. II Etym,
usuaes tambem no Brazil. Neste r.aso E' vocabulo tllpi e gual'an1.
origina-se do ra dical ovo. Pacuêra, S. f. ( . Pauto) fres-
Pá, S. f. (R. de Jan.) o mesmo que sura de boi, carneiro ou porco. I Etym.
Ouibando. E' termo de origem tUIJi. Em guarani
PabulágeD1, s. f. impo tl1ra, ptacuê; e i ,so me fa7, crer que o nosso
pedantismo: Aquelle homem é notavel vocabulo não é enão a syncope de
pela sua pabulagem. DeLxa-te dessas Piacuêl"a. II Ba ter a pactlêra, phrase mi-
pabulagens, que te fazem pel'der a es- neira corre pondendo fl e tflS outras mui
tima da gente.' seria (João Ribeiro). usuaes em torlo o BI'8Zil: Bater a iJota;
II Etym. Do portuguez pabulo, com a dar á casca; bater t\ linda ]11 umagem ;
sIgnificação figurada de materia A a - bater as azas e voai'; rebeDl;lr; dnl'
sumpto para maledicencia ou escarneo. com tudo em paDtánasi tndo isto com
Páca, S. f. mammifero do g'enel'O a significação de aca,uar, morrer, ir- e
Crelogenys (C. Faca) da ordem do embol'a, botar fora 0.5 bens, arruina.r-
Roedores, e uma das mel bares caças do se, ficar de. trllido, quel' da vida, quel'
Brazil. II Etym. E' vocabulo tup1. " O da fortuDa (Macedo Soares).
guaranis do, Paraguay lhe cbamam Pagará, s. ?no (R. Gr. elo S.)
Pag (Montoya). .nome de uma das variedade desses
Pacará, S. m. (Pará, Goyaz) es- bailes campestres, a que chamam g'e-
pecie de pequeno oahú ou cesto con- ralmente Frtndango.
struido de folhetas de madeira leve, Pag'os, s. m. pt. (R. 01". elo S.) os
forradas por dentro e por fóra de.palha lares p~lDates, a habitação de cada um:
do grelo de palmeira. TamlJem os Depoi de tilmunha au eneia, regre. so
fazem simplesmente tecidos de palhas, emfim aos meu pagos, onde me es-
as quaes, em um e outro ca o ão pl'e- peram a mulher e filhos. II Etym. Do
viamente tintas de diversas córes, o que latim pagus, significando aldêa, logiu'
torna mui elegante o matiz (Baena). pequeno.
Pacóba, S. f. nome que davam Paina, s. f. nome da felpa sedosa
os povos da raça tupi, as especies de contida na fructa capsular de diversas
Bananas naturaes do Brazil e do Para- especies de Bombaceas, ás quaes são
guay. Este nome, sob a forma Pacóva, por isso chamadas Paineiras. Serve a
PAIOL 103 PAMONHA

Painel pina enchimento de caIxões, al- Palêta, s. {. (R. G1'. do S.)


mofadas, etc. nome do osso elas mã.os que compõe as
Paiol, s. m. (3. Pa'Ulo, Paraná, cruze", ta.oto no boi, como no cavaUo
Mil1as-Gel'aes) nome que dão o~ lavra- (Coruja). C mo expl'e são anatomica,
dores ao c0mp'll'timento ou dependellcia Paleta é termo ca. telhano significando
da. casa de habitação, onde 1Il'l'l?cndam Pá, nome vulgar da espaelua ou omo-
o milho em casca. Em S. Paulo tam- plata (Valdez).
bem chamam Paiol à. cas,) !'Jue o fnzen- Pa1etear, \). tl'. (R. Gl'. do 3.)
deiro faz longe d,L sua re idench. como espol'Çar o animal na. paleta (Coruja).
ponto de arrecad~ção dos geueros nlli Palh.a, s. f. (Minas-Gel'aes) o mes-
colhidos. CorTe. ponde aO Retiro das mo que TigiÚJl'a.
fazendas d(~ cria,r (B. Homem de Mello). Palháda, s. (. (liI i11as-Geraes)
II Nas provincia$ do norte, o Paiol é o mesmo que Tigiiel'a.
a casa em que se al'recadam qUflesquer PalDJito, s. m. rebento central
productos da grnncle.lavoura,; f1lgodão, dn,s Palmeira" de que se usa como le-
milho, farinha, etc. (Meira). II Etym. E' O'ume, tanto nos guisados, como nas
vaca bulo POTtL,gllez, significando, tnnto empadas, e até cru em salada. Bem
em Portugal como no Brazil, divisões que todas a plantas desta f,.milia pro-
inlemas de nrn navio onde ~e :lT'l'e- duzam palll,itos comestiveis, todavia
cadam divel"o. nrligos. Ha Paiol de algumas especies ha a que se dá a
polvora, de bombas, de m"ntimenlos, preferencia, e a esta dão por excel-
do ]lanuo, das amal'1'l1S (Diec. lI1ar. lencia o nome de Palmito' taes são o
Braz.). Em Portugal e nssim tambem Palmito-molte (Eutel'pe eclttlis), o Pal-
DO Brazil, dá-s' o nome de paiol ria mito-amm'qoso (Cocos lJ{ ihanial'la), aos
paIvara á casa em qne , e arre ada es e q,uaes tanlbem chamam, o primeiro,
genero tan to nas fOJ'tilicações, como Assahí, .1issàl·a ou Jussàra, e o segundo
fór,l, dellas. Gtlal-iróva. II O voc. Palmito é bem an-
Pajé, s. m. (Parc/.) feiticeiro. II tigo na lingua Pol'tugueza, e ha perto
Etym. E' voe. orinndo trinta do dia- de quatrocento annos que deUe se
I·cto tupi como do guarani, e Cilm.) seeviu Vay, de Caminha, na carta que,
qual designavam o, selvagens <1fJuelles de Poeto-Seguro, em 1 rle Maio de 1500,
que exerciam um certo sacerdocio, dirigiu Hei-rei D. Manoel, l'elatan-
tendo tambem a missão de curar' ps do-lhe a descoberta. do Brazil.
en fermidades. Pall1onân, s. ln. (3. Paulo, ilr at-
Pála, s. m. (R. Gr. do 3.) es- to-Gl'OS,w) especie de con:ida que con~iste
pecie de loncho feito de uma fazenda na mistura de farinha de lTIn,nelioca ou
mais fina que a do bitval'á, com as pon- ele mil 110 com feijão, carne ou peixe, e
ta, arredondada', mais leve, mai con ·titue uma excellente matolotagem
Clll'tO, e considerado mais dpcente na pn,m aquelles que via,jam em lagares
c mpanha (Coruja). II Etym. Provavel- ern10 e l',ti tos de l'ecursos, por is o que
mente tem pste nome a sna origem no elura em bom estado muitos dias. II
castelbano Pálio, com a ignifica,ção de Etym. E' voc. ele origem tupi e gua-
capa. Por sua vpz, o Palio dos hespa- rani. No g'uarani Apamoniln e no tupi
nhoes não é mais do que o Pallium Aiapamol'liln significnlTl misturar. II Ao
dos latinos. Pamonan tambem chama.m Virádo e
Palanque, s. m· (R.Gr. do 3.) Revi-nido. No R. de Jan. ao Pamondn
mourão de dous metros, ma.i~ ou meno , de feijão chamam Ttttú,.
de altura, 11 ocaclo TIO meio cio curml, ou Palllonha, S, f. especie de bolo
na frente delle, e ao qual se prende o feito de fubá de milho ou de arroz, e
potro ou cava]]o bravo, para 3rreal-o tamuem de tapiócfi ou de mandióca
(Coruja). I Com diversa accepç1io, o pllba, a que se ajunta assucar.J leite
termo palanqtte é ]Joltuguez: significa ele vacca ou ele cóco, e é envolto em
cadafalso com degl'áus de que se cercam folhas ele bananeira. II A' Pamonha de
os corros, para os espectadores verem mandióca puba dão particularmente,
os touros, sem perigo (MOI'aes). tanto no R. de Jan. como na Bahia e
PAMPA 104 PANGO

outras provincias, o nome de Manauê ; Pancas, s. f. plU1·. Dar 2Jancas


e em Pernambuco e Alagôas e de é distinguir- e, brilhar em qualquer
Pé-de-moleque. li Em Pernambuco e acto, fazer proezas; e não ó se diz
Alagôas chamam Pamorlha de ga1'apa assim dos actos louvaveis, como tam-
ao Acassd. II Fig. s. ln. e f., pe3soa bem d'aquelles que <1 moral repelle.
inerte, desmazelada: Meu criado é um O salteador que tem assolado a região,
pamonha, e sua mulher a maior pa- sem que a policia o tenha ]Jodido im-
monha que conheço. pedir, tem dado 2Jancas. I Em Por-
Palll.pa (1°), s.f.nome que,na Ame- tugal, ver-se ou andar em pancas é
rica Meridional de origem hespanhola, ver- e em difficuldade, andar aos tram-
dão ás vastas campinas que servem de bolhões (Aulete).
pastagem a gados e animaes silve tres. Pandórga, s. f. (R. Gr. do 8.)
A esses accidentes naturaes damos no papagaio de p••pel com que e diver-
Brazil o nome de Campo; e só nos ser- tem os rapazes, e a que os Francezes
vimos do termo Pampa quando nos chamam C:e1'f-'VolClnt, e os Hespanhóes
referimos aos paizes em que é elle Comêla. ~ EtY1n. E' termo oriundo de
usual : A pampa argentina; a pampa um provincialismo hespanhoL. II Em
do Sacramento, etc. II Etym. E' voc. portuguez, Panclorga, tem a signili-
quichua (Zorob. Rodriguez). cação de musica descompas.sada e rui-
PaIllpa (2°), adj. (p"OUS. llw·id.) dosa, charivari; e ainda mais a de
nome que dão ao cavallo que tem ore- mulher gorda e barriguda (i\ulete),
lhas de côres dilferentes, ou que tem e nesta ultima accepção é tambem
um lado do corpo de côr diversa do popular nus provs. do N. do Brazil.
outro, ou o corpo de uma côr e a cabeça Paneiro, s. m. (Pern.) o mes-
de outra, ou qualquer parte notavel do mo que Tipiti. II Eti/m. E' voc. portu-
corpo de uma cór e o resto de outra; guez com a signifiéação de cesto, e
mas este ultimo melhor se pMe chamar neste sentido é usado DO Para: Um
bragado ou o'Veil'o, segundo a posição paneiro de farinha (B. de Jal'Y).
das manchas (Coruja).• Panella, s. (. Dome que dão a
Palll.peiro, s. m. nome de um cada um dos compartimentos subter-
vento violento de sudoéste, em parte da raneos de que se compõe um formi-
costa do Brazil e Rio da Prata. II E!ym. gueiro tle saliba, e onde se acham as
E' assim charpado porque sopra do respectivas larvas. Ao conjuncto dessas
lado da pampà meriaional da Repu- Panellas. ligadas entre i por meio
blica Argentina. de galerias, chama-se Cidade. II Etym.
Panacaríca, s. f. (Pard) toldo Deve o nome de Panella a forma apro-
de palha nas embal'cações chamadas ximada do vaso de barro deste nome.
Igarité. ~ Dão o mesmo nome ao chapeu Panêll1a, adj. ?lL e f. (Para)
de palha de abas larga , para resguar- infeliz, desditoso. Applica-se particu-
dar do sol e da chuva. II Etym. E' voc. larmente aquelle que, tendo ido a caça
do dialecto tupí do Amazonas (Seixas, ou li pesca, nada colheu. ~ Tambem si-
Dicc. Port. 'Braz .). . gnifica mollangueirão, indolente (B. de
Panacú, s. m. (pro'Vs. do N.) Jary). ~ No Ceara se traduz por poltrão,
especie de condeça· oblong-a, de fundo podre, sem espirito (Araripe Junior). II
oval, com a competente tampa, para Etym. E' vocabulo tupí e guarani e
arrecadar roupa; e tambem o empre- syuonymo de Manêma.
gam como berço de crianças. II No Pangaré, adj. m. e f. (R. Gr.
Para dão o mesmo nome a um cesto do 8.) diz-se do cavallo'mais claro que
de talas em uso nas roças (J. Veris- o douradilho (Coruja). II s. m. (8. Paulo)
simo). II E' voc. tupi. Montoya o men- cavallo estragado, sem mais prestimo
ciona com a signtficação de canastra algum: Mandaram-lhe para o regresso
comprida. um Pangare que lhe deu que fazer.
Panásio, s. m. (Pe1·n.) pran- (8. Homem de Mello).
chada, pancada dada com a espada. de Pango, s. m. nome angolense do
prancha. canhamo (Carmabis sativa). Usam os
PANT1M 105 PARIPARÓBA

Africanos elas folhas desta planta Ú, cur o; furo que commllllica entre si
guisa do tabaco de fumo, para cachim- dou5 rios, oa as aguas de um mesmo
barem ; mas, sendo eS56 uso pernicioso rio, no meio do qual se atravessam
it saude, é prohibido. pelas posturas mu- ilhas. II Etym. Do tupi Pamnà, rio,
nicipaes da cidade do Rio de Janeiro, a e mil'im, pequeno. Começa a aggluti-
venaa desse producto no mercado. Em nar- e em pamn~i = pal'anan (J. Veris-
lingua bunda tambem lhe chamam simo) .
Liamba e Riamba. Paratí (lO), s. m. nome vulgar
PantiJn, s. m. (Par. do N.) de urna especie de peixe menor, porém
boato, ou noticia que póde incutir temor. mui semelhante á nossa tainha (1I1tlgiE
ill!'azer par/tim: ser novidadeiro (San- bra ilieltsis). Não tenho podido saber se
tiago). o PaI-ati é apenas o filhote da tainha
Papag-aio, s. m. (Rio de Jan.) ou e é e5pecie distinbta do mesmo ge-
nome que dão, nas secretarias de estado nero. O que é certo é que os Tnpi-
e outras repartições, a uma tIra ele papel namba chamavam Pal"ati ao peixe a
contendo uma ordem, uma recommell- que hoje chamamo tainha (Dicc. P01'-
dação ou uma perg'ullta dirigida a Braz., G. Som'es). Actualmente só
algum empregado do estabelocimento, damos o nome de Pamti, ao peixinho
o qual a devolve com a sua respo ta. semelhante ou congenere da tainha.
Pápa-lD.el, s. 1n. o mesmo que J. de Lery tam bem íillla do Pal"ati,
lrrira. como especie de Mu"'em.
Papocar, v. tr. e inI1·. (Ceal-à) Paratí (2°), s. m. aguardente de
o me mo que pipocar. canna de primorosa qualidade, fabri-
Papôco, s. m. (Cean'lj o mesmo . cada no municipio deste nome.
que pipôco. Parelheiro, s. m. e adj. (R.
Papúco, s. m. (Bahia) o mesmo (h. do .) diz-se do cavallo aco tu-
que BatI/era. . mado a correr parelhas, e para isso
Faqueiro, s. e adj. m. diz-se ensinado (Coruja).
do cão adestrado na caçada, tia paca. Parí, s. m. nome de certa arma-
Paquete, s. m. (de Alagôas ate dilha que fazem nos riachos, para
o Ceara) jangada com tolda, especial- apanhar peixe. Consiste em uma cerca
mente de tillada ao trall porte de pas- transver aI a corrente do riacl:lO, com
sageiros. uma abertura no meio, a qual se adapta
Paráense, s. m. e f. natural do ladá inferior um extenso cesto. O
da província do Pará. II adj. que é re- peixe impellido pela correnteza da
lativo ao Pará: A industria paraense agua, precipita-se por e sa abertura e
consiste principalmente na extracção fica em secco no ce to. l!'azem-se pes-
da gomma elastica e outros productos carias immensas por esse modo, tendo
vegetaes. porém o inconveniente de apanhar,
Parahybâno, a,s. natural da com o peixe grande q ue se utilisa,
provo da Parahyb:.t do Norte: Dizia o grande quantidade do pequeno,. de que
general Labatut que os Parahybanos ningnem se aproveita. II o Para, é o
eram os melhores soldadús de infan- Pari uma esteIra feita de marajá, com
taria que elie conhecêm. II adj., que é ,1 qual se intercepta o riacho, atando-a
relativo á Parahyba do Norte: A in- em varas cravadas a que chamam
dustria parahybana con i te na cultura Pal'ità (Baena). ~ Elym. E' vOC. tupi e
da canila de a sucar, e na criação de gua.rani. Montoya o define -:arzo en que
gados. cae eE pescado.
Paranaense, s. m. e (. na- Paricá, s. m. (PaJ'd) arvore do
tural da prov. do Parana. II adj. rela- genero Mimosa (M. acacioides, Bth.),
tivo á mesma província. da familia das Leguminosas, e de cuja
ParanalD.irilD., S. m. (valle fructa torrada e triturada usam 0.-
do Amaz.) rio pequeno; braço de rio; selvagen a guisa de tabaco em pó.
porção e treita de um grande rio for- Pariparóba, S. (. (Rio de Jem.)
mada e apertarIa entre ilhas durante o o mesmo que Capéba.
PARITÁ 106 PATETEAR

Paritá" s. m. (Pará) nome que em POI'tugal. Valdez, no seu artigo


dão às vnras a que e atam as extl'e- Pajal"ero, além do sentido em <jue o
midades do Pari. II Etym. E' voc. do empre;am na Hesp~nha o indica omo
dialecto tupi do Amazonas. terll10 da America mel'idional iO'nifi-
Parnahiba" s. f. (Bahia) e - cando (ogoso, em I' lação no cavallo
pecie de terçado com ca,bo de madeil'a, forte brioso; e diz tamooll1 (jue no
de que se usa no" açougues par" re- Mexico o appliCc'lm ao cav<1 J lo espan-
talhar a carne. II Etym. Gomo denomi- t ,diço, o que está de accórdo com a
nação de diverso rio do Braril, é o accepção em (jue () empregamo:; no
voc. Parnahiba de origem tupi; ma Brazil.
como lJJstrumento cortante, não lhe Passo" s. m. (R. Gr. rlo 8.) ()
posso descobrir n, etymologia. mesmo Clue Passagem.
Partído"s. m. CRI'1ft e:\1ens<"iode Pass6ca" s. f. e8pecie de comida
terreno plantado de canna de n sucar. fp.itn de caene, que, depoi' 110 a ada,
Nas terras de um engenho, pódem--e é pisada de mistura com a fal'inha rle
cultivar di ver os pa,-tidos. ôegundo l'l mallclioca ou de milho, con~t1tuindo
força do proprietHl'io, e serem uns assim um alimentJ mui u ua 1 e pre-
maiores que os outros (Soriano, Sal- cioso p Ira o viajante quo caminha por
danha da Gama). logares ermo, por is ú que dura em
Pa~sageiro" s. m. (provs. me- bom estado durante quarenta. e mais
rid.) nome que dão ao encnrreg"ado ele dias e delia póde servir-se ou fria como
dar pas agem, em canóa. ou ba I 'I, ao esta ou nquecirla. o fallecido Mal'quez
que têm de atl'avessar um rio. Equi- do Hervêll con iderava a pas oca como
vale ao termo portuguez passadO?". um granelo recurso pal'a um exercito
Entretanto no Brazil (\ termo 7Jas'a- em mal'cha. II No Par'li, dão o nome de
gei?'o tem tambem :l g-eral siO'nU'icação passdca a 11m alimento l'eita de castanha
que lhe dão em PortuO':ü, quando se tio Maranhão torrada e pi ada com fa-
refere aos que se uem em viag'em a rilllia de mandioca e "ssucar. II Etym.
bordo de uma emllarc.lção, ou tl'an- E' v c. de origem tupi e O'uarani.
sitam pelas e-trada . Past.ôr" s. m. gal'anhão de uma
Passage:rn" s. (. local por onele manada de e~ua ou burra . O mesmo
os viandante atl'nves-am ordinaria- nome se appllca ao touro em relação ás
mente um rio, quer a, vau, quel' em- vaccas man as (Coruja). I Em a19u 111" .
barcado: Cada Passagem tem sua. deno- provincia' do 'urte, dão ao garanhão o
minação partic:ubn' (jue a disting-ue das nome de Alotadôr.
outras: Na . Passagem do .Ju;1zeiro é o Patáca" s. (. quantia de di-
rio de S. Franci.co mui largo. II No nheiro igual a 320 réi;;. D'antes havia
Rio-Grande do ~ uI dão a isso o nome a pataca de praü1., :t qual, porém, des-
de Passo. allpareceu d" circulação. II Em Matto-
Passarinhar" v. intr. espnn- Grosso ha a pataca-aberta = 300 réis,
tar-se o ca.vallo. " No :;entido de andar e a pataca-(echada = 320 réis.
á caça de passaros, é verbo porl.uguez, 1: atacão" . m. moeda ele prata
mui usado no Brazil. do valol' inirin eco de 980 réi , e hoje
Pas!i?arinheiro" wlj. e pan- recunhadn com o ele Z 000.
tandiçoj diz-se d'1Cc'tVallo que, montado Patauá" s. ?no (Parà) palmeira
e em viag-em, e e'panta de qualquer no genero CEnocarpus (CE. Batmlli). II
cou a (Coruja).1! MOl'aes, menC'ionllndo Em Matto-Gro so chamam-lhe Balaud.
e-te vocabulo, cita a auctoridade de Patetear" v. intl'. (pj·olJs.mericl.)
Antonio Pereira Rego na. ua obra, ficar como -,ateta, sem 'aber deliberar
Instrucção de cavalla?"ia e imula de em occa iãô opportuna, quando 3oli:18
Alveitat'ia ÜJJpressa em Coimbra em toda a actividad é necessnria, como
1673. A vi !adi to,eranaturalsuppol-o em algum perigo. As ,im, pois, quando,
de uso portllguez; Aulete, porém, o POT' exemplo, um navIo se mette entre
considera exclusivamente brazileiro, o recife. , dizem que o capitão 1Jateteou,
que me faz pensar que cahiu em desuso se, vencido pelo medo, não soube lançar
PATí 107 PAUTEAR

mão dos recur os mais aproprinclo para Laguna. Taml em lhe chamam Mulato-
e'i"ltnr o naufragio. II Ha em rol'tllgue7. Velho.
o verbo patetar com a ,igniticação de Paturéba (2°), S. e adj. ?no e f.
estar pateta.; dizer 011 fU7.er' patetice' diz- e da pe SO<l, sem pI'estimo tola,etc.
(Aulete). Pa'turi~ '. m. (provs. do N.)nome
1:>a·tí~ ". 'ln. pu I meira do genero vnlg-ar do m<ll'l'eco domestico (Qtler-
Syagl"US ( . Botryophot'a, Mart.). II q!ledula cI'ecca ?). i Etym. Tera a' sua
Etym. I{' voc. t I pi. ol'igem no voc liJ ,lo Pato, ou, como me
Pati:Ce~ s. e ad,j. m. e f. (8. Pauto) purece mai- PI"'V<Lvel. râ alteração
pessoa debiJ, frara, timitln e neste cn- de Potery (Dicc. Port.Bra;) ,Potiri (Voe.
tido nada tem d inj urio o e.'te 1'0- Braz.) ou Ptlliri (Seixas), nomes e tes
cabulo; todavin no "'el',\ I o termo C]ll em linguagem tupi ignitlc 1m Mar-
patife importa um in nlto <1rIUelle a reca, Adem ou Ganço?
quem é dir·igido. Pau-a-piq~e~s. m. (provs. me-
Patig'uá~ S, m. o mesmo flue rid.) pared/;: COIl truirla rle ri pas ou
patud. ·vara , umas verticae· e outras horizon-
Patót,a, s. f. pl'ollllnc ia brni- tae , pre~ns en tre si por meio de cipós
lei ra do termo portuglle7. batota,. e ou prego, e tudo isto emboçado com
outro tanto e ob el'va em patoteiro barr'o. A parede de pau-a-pique é o
pOI' batoteiro. que em Portugal ch1mam parede de
Patuá~ S. m. nf'me commum a di- ~ebe ou taipa de eb. a Bahia e
ver-a e-pecie de recertMulo~ movf'i.,. outras provinc:ins do norte lhe cha-
onde se ilrrf'Carlam e tran poetam mnm p'lrede de ta.ipa, o que é diJJe-
objecto, flua squel'. 1/ Em alguma pl'O- rente da tllipet usada em S. Paulo. fi
vincias do norte, é uma bOi-a de couro, Em Pern. e ou tras provincias do norte
de que se sel'YÜlll o; S 'I'tnn ,jos 1);1['1 o chamnm c.erca de pall-a-1Jique a que é
tl'an porte d.' favos de mel. II No Pará, feita de paus verticalmente collocac1os
é uma e pecie de ce to on bfll[lio, e dão (Meira),
paT'tir.ularmente o Dome d , Patuá-balaio Paulicéa~ s. f. nome poetico da
n uma caixa com repal'timento parle pI'ovincÍ<l de . Paulo: Pura a Pau-
comida, louça, vidro.' talhere, le que licea ['ai 11m ponto de honra a extincção
e usa nn ving-en- Onvi'le- (B. de do lemen to ervil,
Jnl'Y)· 1/ Especie dr. ;Imuleto flue con- Paulis'ta~ s. m. e f. mttural da
,i te em um aquin ho de couro,colltendo provincÍ;\, de S. Paulo: A' intrepidez
cabeças de cobrils e ontras cou as l~ que dos f"'ltigo Pa1~listas dAvemos nós a
attribuem virtudes milagl'o flS, e que acq llisição de -es tel'ritorio , r[ue for-
os credulos trazem JJendurllllo ao j)e - mnm hOjA algumas das no ··as mais
coço, pal'aos liV1'ur emaleficios(Abreu va ta pl'oviocia . fi aelj., que é relativo
e Lima). fi En tre 0- Jndio.> iln I'egitio a proYincia rle S. Pllulo: A indu tria
amazonica ig-nifica iJahti,caixa(~eixa,). paulista con i te pri.ncipalmente na cul-
II Em 8. Jorge do IIhéo " na provin- tura do café.
ch da Babin, é umn caixa com tampa Pau'teação~ S. f. conversnção fu-
de forma elJiptica feita de pulha de til: Em vez de executarem o trabalho
Ealmeira; m, s alli lhe dão o Dome rle qlle llIe havia encommendado, gas-
Patigud (Ennes de SOUZll). II Etym, Pa- tamm todo o tempo em pauteação. fi Em
ttla e Patigud são pronuncia difTerl'ntes Matto-Grosso dizem, no me, mo sentido,
do mesmo vo " pertencente á lingna maniação.
tupi. ~o dialecto rio Amazonl l " se pro- Pau'tear~ v. intl'. enlreter- e por
nuncia Palita ( eixa ). Uf tu pi fIo Bra- mero passa-tempo,em conversação fo til:
zil meridional davam á C,1nastra o nome A chuva me impediu de ir ao trabalho,
de Patuguá (Voe. Braz.). e levei tOdil a mH nhã a pautear com
Patuguá~ S.?n. o mesmo que Pa- meu compaclre. II Em Matto-Gro o di-
tudo zem, no mesmo sentido, mapia/·. 1/
Paturéba (1°), S. f. (Rio de Jan.) Não descubro estes dous voc. em diccio-
nome que dão ao bagre salgado de nario algum da lingua portugueza e
PAXIUBA 108 PELOTA
devo pensar que não pertencem a Por- Pé-de-Uloléque (2°), s. ?n.
tugal. (Pem., Alag6us) o mesmo que Manalle,
Paxiúba, s. f. (Padt) palmeira ou Pamonlla de mandioca puba.
do genero I rial·tea (I. exorJ"hi"a). II Péga, s. m. rCem·ti) modo de dE!-
Etym. E' voc. de origem tupi. signar o I'ecrutamen to forçado: Tem
Payauarú, s. m. (Pard) especie havido um pega extra.ordinario. Ne-
de bebiua feibL do sumo ele fructas, de nbum rapaz escapa dopega. I No Para
mistura com o beijti, e da qual usam os dizem, no mesmo 'entido, pega-péga
selvagens (Baenn.). (B. de Jary). ~ Etym. Do verbo pegal'.
Peão, s. m. (R. Gr. do S.) homem Pég,-a-fôg,-o, s. m. (R. G'r. elo S.)
ajustado para fazer o serviço do campo, nome de uma da$ val'iedades desses
nas fazendas de criação ou estancias, baile cumpestt'es, a que chamam ge-
denominação que se estendia aos pro- ralmente F'a 1ldango.
]Jrios escrJ.vos exclusivamente occupa- Peg'atnen to, s. m. (Rio ele Jan.)
dos nesse mister. II Em outras provin- especie de renda estt'eita sem recortes,
cias do Brn.zil, o Peão é o aman 'ador de a que chamam em Pol'tuguez entre-
cavallos. II Etym. No sentido em que o meio.
empregamos, é o yocabulo Peüo, se- Péga-péga, s. m. (Pa1"fi) o mes-
gundo Valdez, oriundo da America me- me que Pega.
ridional hespanbola. Nós o recebemos Peitíca, s. f. (de Perl!. ao Ceal'á)
dos nossos vizinhos. Nos mais casos, especie de ave, cujo canto se a~semelha
tanto em cu telhano como em por- a esse nome. II Termo familiar com que
tuguez, Peon e Peüo se refeeem a quem se de~igna a pessoa impertinente. Tam-
anela a pé. bem cbamam assim ao duende que n05
Pecêta, s. m. (R. G,·. do S.) ca- pet'sog"ue dia e nOllte (Araripe Junior).
vallo de mau commoelo, lerdo, feio, in- Insistencia incommoda (S. Roméro).
ferior (Coruja). fi Fig. Homem mali- Peito-largo, s. m. (Bahia) o
cioso, velhaco, trataute. Neste sentido mesmo que (4panga (2°).
é o mesmo que Pe;eta das outras pro- Pej erecUUl, s. m. o mesmo que
víncias. II Elym. Segundo Valde?, Pe- Pijp.recum.
seta, applicn.do ao homem, é voc. da. Pelechar, "v. intr. (R. G?·. elo S.)
Americu. Merielional. E' eSSl1 a origem mudar o animal o pêlo; e quando isto
do nosso Pecêta. II Em Portugal, Peeeta acontece, dizem que esta pctechalldo. II
significa Peça pequena" Etym. Oocastelbano 2Jelecha?- (Col'uja).
Pechácla, s. f. (R. Gr. do S.) :I ellêgo, s. m. (R. Gl·. do S.)
acção de se encontrarem impetuosa- peUe de cal'lleiro, quadrada e com làn.
mente ou esbarrarem dous cavalleiros Para gente pobre, substitue o coxo-
vindo de lados oppostos. II Elym. E' nillto. O uso mai ordinario é 1'01-0
voc. americano, significando golpe ou sobre o lombo do c:1Vallo, quando se
encontrão dado no peito (Valelez). monta em pêlo, isto é, sem arreios.
Peconha, s. f. (wille do Amaz.) Quando se diz que uma cousa/em petlego,
ligas de embira que mettem nos pés isso corresponde à phrase portugueza
:Iquelles que querem subir as arvores tem elente de coelho, isto é, cousa dif-
sem galhos, como palmeiras e outras. fici!. II Et!lm. Do caste1l1ll.nO pellejo,
(J. Verissimo). II E/ym. B' de origem couro, pelle de animal (Coruja).
tnpi. II No dialecto amazonico, dizem Pêlo-a-pêlo, loco aJv. (R. Gr.
PecunJuz (Seixas). Em gnarani Ptc6~ ou elo S.) viajar de pêlo-a'pêlo é fazer
Mbtc6~ significa trabas de los pies pam uma viagem sem mudar de animal
subi?' alguYl arbol (Montoyn~. O Voe. (Coruja) .
BI·az. menciona P'[jcõya com a signi- Pelóta, s. f. (R. GI·. do S.) es-
ficação de Peia que se'rue para trepar. pecie de vaso em fórma de cesto, feito
Pé-de-Uloléque (l°), s. m. (R. de um couro inteiriço de boi, e serve
de lan., S. Paulo) especie de doce secco de barquinho na passagem dos rios,
e acbatado feito de rapadura e men- em f,tlta de outro qualquet' meio de
duDI torrado. conducção. Este barquinho é levado a
PENC"A 109 PERERECAR

reboque por um nadador, que segura mente não se toma pé, e é do ma.ior
com os dentes a extremidade da corda perigo para a pes oas que, não sabendo
que o prende, e desta sorte garante nadur, se precipitam nel1e; A infeliz
da agua sua roupa, armas, etc. Póde senhoru. cahiu no Perau e morreu afo-
tambem a Peldtct tlar passagem a gente, gada. II Etym. E' corruptela de Apeirào,
e tlr rebocada por om cava lIa montado vocabulo portuguez que cahiu em tal
por um conductor. Direi, par,~ terminar, de u o que o não menciona diccionario
que a Peldta não é dos barquinho o algum da nossa lingua, nem mesmo
menos sujeito a sossobrar. II EtY11.l. A o Elueidwoio de FI'. Joaquim de Santa
nossa Peldta, não tendo a menor ana- Rosa de Viterbo. Tive a felicidade de
logia com as diversas cousas a que em deparar com elle no Voe. Bra::::., com
Portugal dão aquelle nome, é natural a significação tupi de T.~P!J apJ)ababa,
o peu ar quó seja outra a sua origem. cuja. trad ucção litteral é descida do
'Creio que seu radical é pelte, e por- fttndo, o que dá uma idéa bem clara
tanto, a 'eguir a orthographia etymo- deste accidente hydrographico. Tanto
logica, deveriamo escrever Peltota. 1\1oraes, como Lacerda, Aulete e ont!'os
Penca~ s. f. nome que tlão a cada lexicogra,pllo definem pe simamente o
um dos grupos l"ructifero , de que se Pel'àu, dizendo que é uma poça pro-
compõe um ca.cho rle bananas. Cada funda. de agua.; e ainda mais erram os
penca consta de duas orden de ba- dous primeiros dando ao voc. uma.
nanas, dispostas á semelhança dos de- origem franceza.
dos da mão. Peréba~ s. fo erupções cutaneas
Pendenga~ s. (. peudencia, no pu tulosas. Em alguns logares é o de-
sentido de rixa, contenda, briga, luta, signativo da sarna. II Etym. E' voc.
couilicto: Tiveram os dous oldados tupi. Em guarani signitica signal ou
uma pendenga, da qual resul tou serem manchas de sarnus (Montoya). No dilO.-
aOlbo presos. Para evitar pe1Ulengas, lecto amazoniensedizem pe?'eua (Seixa )
accedi a tudo quanto me propoz o vi- ou mereua(B. de Jary). Nollio Grande
zinho. Sirvamo-nos de meios sua orio , do Sul dizem pereva, para designar
pu'a. e vi tal' pendengas. II E ty ln. T a I vez certa ferida ca cuda, que ataca tanto os
seja corruptela de pender/cia. animaes como fi, gente.
Pendoar~ v. intl'. (Bahia) o Pereben-to~ a~ adj. e s. ata.-
mesmo qu e Apendoal'. cado de perdbas.
Peneirar~ '1). intr. chuvi-car Perendeng'uelS~ S. m. plUl·.
hrantlamente l como se a agna cahi se (Pen~., Pa?'à) penduricall10 que ser-
das malha ele uma peneira tina. Não vem de ornato ás mulheres. II Correntes
encontro este "erbo, a!iàs mui usual no ele relogio, como se u ava antigamente
BmziJ, em nenhum dos diccionarios (B. deJ'lrY).IIE', neste caso, o que,
portuguezes que tenho consultado. nem em linguao-em portugueza, e deno-
mesmo em Aulete, senão no 'entido de mina Berloques.
pa sal' pela peneira, separar o mais Perêréca~s. f. pequeno batracio
fino do mais gros o. Todavia, recordo- de cór verde, pertencente ao genero
me de o ter visto algures em Momes, Hyla (1). E' provavelmente ó mesmo'
com a ignificação que aqui lhe dou. animal de que fa.Ha Gabriel Soares com
Entretanto, Aulete menciona penei?'a o nome tu pi de Jtth-pere.Qa. II Fig., S.
com a significação de chuva miuda, com- m. e f. pessoa ou a.nimal de pequena
paravel ao pó que cahe de uma peneira. estatura, franzino, de mesquinho as-
Neste entido é tambem usado no pecto.
Brazil. Pererecar, 'O. intr. mover-se
Pepuíra~ s. f. (8. Pattlo) gal- vertiginosamente de um lado para
linha pouco desenvolvida. outro, ficar desnorteado: Com o usto
Peráu~ s. m. dilferença sl1bita, que tomou, o ca.vallo pere?'ecou de tal
para mai~, do fundo do mar, lago ou sorte que não foi pos i vel montai-o.
I'io, proximo as praias, de modo a Log'o que o puzeram no tanque, o peixe
formar uma cóva em que ordinaria.- entrou a pere"ecal' <lo procura ele uma
PEREVA 110 PETUME

sabida. As andorinbas peret-ecam em tido, de que usa o sertanejo, quando


torno da casa. II Cahil' e revil'ar (Couto monta a cavalJo, em erviço pecuario.
de Magalhãe). II Diz-se tflmbpm que Per6 ba, s. f. nome commum a
perêj'éca aquelle que, veucido Da argu- di versus arvores uo construcção <.lo ge-
mentação, conlinúa a articular palavr.ls nero Aspidosperma, familia das Apocy-
a esmo, não e queremlo dar por der- neas. II Etym. E' PI'ov,welmente a con-
rotado (B. Homem de 1\1. lia). II Etym. tracção de Ipe, casCl'\, de pau, e rdba,
Terá taJvez a mesma origem que pi- amal'gosa.
riricar. II Em portuguez lia o verbo Perrengue, adJ. m. e f. (R.
saracotear, de significação analOg"rI, no de Jan.) enc,lnzinado, raivoso, emper-
habito de não parar em nm lugar, an- rado, birl'en to: Mell chefe é tão peT-
dar vagando, girando inquieto (Moraes). j'engue que a todos desgo ta.. II Etym.
Peréva, s. f. (R. Gr. do 8.) o E' voc. castelhano (Mol'ae ). II (N.. Gr.
me mo que Pereba. do 8.) frouxo, cobarde. AppUca- e ao
Peri, s. m. o mesmo que Piri. ca.valJo mau, e ne te caso vem de pé,
Periantân, s. 1n (Valle do eguido do adj. j'engo (Cesimbra).
A mas.) 11 gg10lllel'ação de cau na rana, Perú, s. m. (R. de Jan.) gl'ande
especie de graminea, que se encosta ii, embarcação com ,L fórma de canóa e
margem dos rios, ou uesce pur elles, de bocca abeI'ta, tendo um mastro ver-
como ilha fiuctu::lOte arrastada pela tical P-llful'Dado em uma bancada fixa
correnteza. II Etym. De Peri, junco, e no centro, e um grande redondo (Ca-
a1'ltan, luro, te o, re i tente (J. Veris- mal'iI).
simo). II Ao Periantan dão no Paraguay Pessá, s. m. (Para) o mesmo que
o nome de Camalote. o valle do Amaz. Pussà.
lhe chamam tambem Matupa. Petéca, s. (. (8. Pa~tlo) especie
Perlenga, s. f. disputa, contro- de volante feito ordinariamente dI'
ver ia, rixa: Por occasião daquelle p<llba de milho, e que o:; r<1paze im-
casamento, houve tal pej'lenga no seio pellem com a palma da mão. li Etym.
da familia que ninguem mai se en- O voc. tupi petéca e gu~ralli pete.q
tendia. II Etym. Corruptela de Per- significa pancada, golpe; e dahi vem o
longas. . nome dado no volante, pela maneira
Perlengáda, s. f. granrle per- paI' que é elle po to em movimento. II
lenga, di puta, renhida: Daquella per- Fig. Joguete, ou ai vo de mofa e zom-
le1'lgada resu1tau a i nimizaLle dos dou haria: Nlio pen em qne eu I ossa servir
irmãos. .' le peteca a quem quel' que sejn,. Não
Perlong;o, s. m. (R. de Jal1.) façam de mim sua peteca.
telhado de um e outro lado da cumieil'a: Pêtêrna, s. f. o mesmo que
Mandei r telhal' minha casa.: o perlongo Petúme.
da frente já e tá prompto. Petequear, v. intr. (Minas-
Pernaxnbucâno, a, . natu- Gej"aes, 8. Paulo) jogar' a petéca(Couto
!'(LI <.la provincia de PeI'nambuco: Os de Magalhães) .
Pej'nambucanos zelam muito os inte- Petíço, s. m. (R. Gr. do S. )
resse rJ.e sua provincia. II Ad}., que é cavallo de pernas curtas ( Coruja).
relativo a Pernambuco: A imprensa ~ Etym. De Petiso, voc. da, America
penlambucttna di cutiu caloro amente mel'idional hespanhola (Valdez). II Dif-
as vantagens ila extincção do elemento fere cio Piqttim, em ser este um ca-
servil. valia de pequena estatura, mas bem
Perneira, s. f. (R .. G,.. do 8.) proporcionado.
especie de bota de COUI'O crú garro- Petúxne, s. m. nome tupi do
teado, de que os cavalleiros U'i'\,m 110 Tabaco (G. Soares). O Dicc. Port.
campo, e que tiram inteiriço da perna Bra:o. escreve Pytyma, Montoya Pe-
do potro, pelo que tambem lhe chamam tyma, Léry Petun; e este ultimo voe.
botas de potro (Coruja). transmittido á França pelos compa-
Perneiras, s. f. plur. (provs. nheiros de Villegagnon é ainda boje
do .N.) especie de calças de couro cor- usado na Bretanha sob a fórmajBétul1
PETUN 111 PIASSÁBA

(F. Denis), e delle se serviram o bo- Pialar, V. Ir. (R. Gr. do S.)
tanistas para de io-nar o genero Pe- laç'lr um aoimn.l pelas mãos indo elle
tunia, Ll,t tribu da icotianea. Eno-a- a cOt'rer, elo que lhe resulta cahir. II
llltlil-SO Le Maol1 t e Decaisoe, dizendo Fig. Enganar. II Etym, E' termo pro-
que o voe. Petull é de origem ca- vincial americ:loo,e em duvida o rece-
r'liba. I o dialecto tupi do Amazonas bemo das repnblicas do Rio da Prata.
lhe chamam PêtélllCL ( 'eixa ). Piálo, s. m, (R. Gr. do S.)
Pétún, s. m. o me mo qUI:) Pe- acçc'io de piala,., tiro de laço dirigido
ttime. à mãos do animal que se quer pren-
Pe·tYJDa, s. f. o mesmo que der: A,"ma;' o piálo é preparar o laço
Petume. par,t ,t operação; eleita,. o piálo é atirar
Pezêta, s, >no o mesmo que u laço, No piulo de cu ha?'ra, que é o
Pecêta. mais facil, atira. e o laço por baixo j no
Piá, g. m. (p,·ovs. meriel.) caiJlJ- piálo de sobrecostilhal", vai o laço so bre
clinho (l°) de f/uatol'ze anno' para a costella do animal, e tendendo-se
haixo. A cabocliobas chanlflrn no R., paJ'a diante até pt'ender a mãos; no
Gr, do S. Chininila, I Etym. g' termo piálo rZe sobrelombo, que é o mais en-
tanto tupí como gUlll'nni; significa co- genhoso, atira-se sol)['e o lombo do
ração, e erilO titulo amo)'.) o do paes c<lvallo o laço <tberto, o qual cahe a
para com eus tilhinhos (Anchieta, prend~r as mãos. pelo la~o opposto
Monto~·a). II e flS provincias o Piá ( CoruJa). Ha ai neLiI mal o Piálo
erve ol'dinariamente de ceiadinho. de ,·ebol·quidda. e te ca o, tem o
Piába, s. f. nome de uma ou laço armadilh'l maior, e é ar'remessado
nl,ti' esperies de peixe d'agua doce. pela cabeça do animal, cort'e-lhe pelo
Piág;a. Nome (]U , por ignoran· corpo, e quando esta nas patas é que
cia ai) 'oluta da lingllil tupi, tem sielo se lhe da o ti,.üo (Lima e Silva). I Fig.
empregado por <tlguns lit.terato no- engano: Leval' um pidlo, d.eixat'-se
o , e (]ue entretan to não é mai do enganai' (l:esim bra). "Etym. De piále,
(]ue o resultado de erro typorrr'aphico, voe. d,t America Merid. he paubola
como e obsel'vn. em certa cl1ro- (Valclez) .
nicas a respeito das cou as do Brazil. Piân, S. IlL nome que os Tupi-
Bapti tn. Cael ano, depois de t l' cen- namba e GU'lrani' cI,tn,m a essa mo-
surado o el'ro (]ue se commeWa com le tia <t que os Pot'tuguezes chamam
o nso dit palav!'a intlbia, que não é Boubas e os Hespan hóes Bubas. Este
mais do(]ueo e tropiamento ele mimbi, voe" completamente e-quecido na lin-
exprime- e do eo-uinte modo a re- gua'~em VUIO'fl.l' do Bmzil, nacionali-
peito de piâga: «No lUesmo ca o e tào zou- e em FI'ança, pelo intermec\io do
celebrado piâga, (]ue pecca pelo mesmo livro de Jean d1 Léry, que a descre-
motivo, e que 1)['0 urado n ~ escl'i pLores veu mi J] ucio~ltmen te, II O" aborígenes,
r1ntigos não se ach I. O feiticelro, o h\Dto do Brazr I, como cio Paraguay, lbe
curandeiro, o medico, as vezes com chamavam incliU'erentemente Pián ou
certa Cuocções 'tCerdotaes, pelo qll Miá».
consta laoto ele e criptas àcerca do Pa- Piassába, s. f. (Bahia) paI-
raguay como da chronica dos brasis, meit'a do genem Attalea (A. funifera,
era pa\ie (qtti dicet finem, litteralmen- Mo.1't.) , II (Valle do A mas.) palmeira
te), E te nome apparece e, cripto paye, do g'eneJ'o Leopoldinia (L. Piaçaba).
I,iaye e até piache e de ou tros modos; no II Etym. Do tupi lJiJassaba, que significa
segundo modo de e crever piaye, bastou teç:ume (Voe. Bm,:;), Dome dado certa-
que 1Jor erro de impres ão e Illudàsse mente a esta arvore por causa de
o y em 9 para tornar-s piage, donde o suas fibra, de que se fazem cordas,
piaga, cujo cantos tanto (]ne fazer têm amal'l'õ1 ,vaS'OUl'a e outr'lS cousas.
dado ao littera tos e romanci tas, » No Va lIe do Amaz. ha tambem uma
Pialadôr, s. rn. (R. Gr. do S.) palmeit'a elo gen. Orbi.onia (O. ?'acemosa)
nome CJue clão ao peão que é encuI'- com o nome vulga!' de Piaçaba ver-
regal10 ele pialal', dadeira (Fl. Bras.). No Piauhy dão o
PIAUHYENSE 112 PINnÓVA

nome de Piassaba a. uma palmeira do Piguancha, s. f. (R. (h. elo S.)


gen. Orbignia (O. Eichled), a que em o mesmo que Chininha.
Goyaz chamam Pindóba (Ft. Bras.). Pijereculll, s. m. nome vul-
Piauhyense, s. m. e f. natu- gar da Xylopia cethiopica., planta afei-
ral da prov . do Piauby. 1/ Adj. rela- cana da familia das Anonaceas, cuja
tivo a pro v . do Piauby. fructa é empregada como condimento. 1/
Picáço, adj. )R. Gr. do S.) diz-se Tambem se e creve Pejel·ecum.
do cavallo de cor escura com a feonte Pilão, s. m. gral de pau rijo,
e pés brancos (Coruja). II Etym. Segundo oude se descasca e tritura café, arroz
Aulete, é corruptela de pigarço = pi- milbo, etc. 1/ A' mão do gral cha-
carso, significando cor gri alha, cor de mamos mão do pilão. Em Portugal
sal e pimenta: CavalIa picarso. Pitão é a mão do gral.
Picáda, s. m. caminho estreito Piléque, s. m. camoéca, ligeira
aberto em matta e sempee em linha embriaguez: De vez em quando, meu
recta, tanto quanto o permittem os criado toma o seu piléque. ~ Etym.
accidentes do terreno, tendo por fim Não sei se esta palavra nos veiu de Por-
facilitar os trabalhos de exploração tugal j o que é certo é que a não a
para a construcção de estradas, c01l0- tenho encontrado em diccionarios da
cação de marcos divisarias entre pro- lingua Pol'tugueza. E' mui usada no
priedades diver as, e finalmente para, Brazil.
encurtar a distancia itineraria que vai P.ilóia, s. t. (Ceara) o mesmo que
de um a outro sitio. II Moraes e La- manelUl"éba.
cerda mencionam este voc. como per- Pilllent.a-da-Cost.a, s. f.
feitamente portuguez; mas Aulete, no (Bahia) especi9 de fructa africana, cuja'
seu artigo Picada, não o comprehende sementes são empregadas como condi-
nas suas definições com a significação mento e têm o araoe da pimenta.
que lhe damo no Beazil, o que me faz Pindahiba(IO), s. f. canniço Oll
pensar que não é vulgar em Portugal. vara a que se prende o fio do anzol. II
Picádo, s. ?no (R de Jan.) o Etym. E' voc. tupi, significando lit-
mesmo que cacttndê. teralmente braço do anzol. II Dbs.
Picadôr, s: m. o que trabalha Moraes e Aulete definem mal a pin-
na abertura de uma picada, segundo o clahiba, lizendo que é a corda que
rumo que lhe foi marcaria, II Em lin- prende o anzol. A essa corda cha-
guagem portugueza, Picador é o que mavam os Guaranis e Tupinambás Pin-
ensina e a'mestra cavallos e ensina daçáma. II Figuradamente se diz que
equitação. Este homonymo é tambem esta na Pindahiba aquelle que se acha
usual no Brazil. em apuros de dinheiro.
Picanha, s. f. (R. Gl'. do S.J Pindahiba (2°), s. f'. arvoee ue
parte posterior da região lombar do boi, construcção do genero Xylopia, família
onde ha accumulação. de substancLt das Auonaceas, de que ha varias espe-
gôrdurosa. Apicanha é o melhor assado cies. 1/ Em certos 100'are8 tambem lhe
ue couro (Coruja). II Valdez menciona chamam Pindahuba.11 Etym. Provêm-
Picalla, 'Como teemo antiquado syn- I be o nome da natureza de sua ramifica-
onymo de Pical·dia. ção, que consiste em varas idoneas para
Piculllân, s. m. fuligem. Tam- servir de canniço na pesca ao anzol.
bem dizem Pucwnán e no Para Tati- Pindahuba, s. f. o mesmo
ct,mân. II Toelos esses vocabulos são que Pindahiba (2°).
mui u adas na linguagem . popular ; Pindóba, s f. palmeiras do ge~
mas uas relações officiaes prevalece o nero Attalea (A. compta e A. htlmitis). II
termo portuguez fl~ligem. " Etym. Do Etym. E' vocabulo tupi. 1/ Tambem lhe
tnpi Apepocuman ( Voc. Braz.). Os chamam Pindóva. II No Rio de Jan.
Guaranis diziam Cumân e Apécumdn; dão igualmente ti, A. humilis o nome
mas parece que no Pilraguay cahiram de Catolé (Glaziou).
em desuso, e estão hoje substituidos
pelo hoUin dos Hespanbóes.
Pindóva; s.
Pindóóa.
r. o mesmo que
P1NGAÇO 113 PIRACEMA

Pillgaço~ S, m. (R, C.r. do '.) outro tanto se observa em Pern. e


auO'mentativo de Pingo (Cesimbra). R. Gr. elo N. (Valle Cabral).
pjngo~ s, m. (R. Gr. do S.) nome Pique~ .. m. acção de picar o
'om que se de:'igna um bom cltvaUo. matto para, assignalar a direcção da
Nas republicas lJlatina , tem a JUesma picada, que e pretende abrir. II Em
,ignificação ; entretanto que no Chile, portuguez ha o homonymo Pique com
segundo Zorob. Rodriguez, é o in- diversas significações, igualmente cor-
verso. rentes no Brazil.
Pinha~ s. r (Bahia, Pem.) o Piquête~ S. m. (Minas-Gel'aes)
me mo que Ata. o mesmo que Potrei1'o.
Pintar a JD.anta~ loco pop. Piquí, s. m. fructa de diversas
1'azer diabruras: Mens fiLhos, quando se e pecies de plantas do genero Cal'yocal',
pilham sós, pintam a manta. repre entado por arvores e a,rbustos.
Pip6ca, s. f. grão le milho ar- No Parit lhe chamam Pi'luid (2°),
rebentado ao calor do fogo, e que se Piquiá (lO) s, m. nome commum
come a guisa de biscoutos. No Para dão a, diver-ias especies de madeiras de con-
a isso o nome de Pórón}ca (2°). II trucção, e entre eUas uma do genero
Milbo de Pipóca é uma especie ou .Aspidospl:l'lna,
variedade de ta graminea mai <1pro- Piquiá (2"), s. m. (Pani) o mesmo
priada a feitura da Pipoca. Tambem que Piq!tt.
chamam pipócas as ]JustuJns cutaneas: Piquiá (3"), s, m. (Bahia) nome ela
E 'ton com o corpo coberto de Pipd- 1'ructa de uma arvore, cuja cla ificaç'.ão
Coa '. II Rtym. Do vel'bo tupi ripoc ou não me é conhecida.
Poc, arrebentar, estourar, taLar. Piquíra (LO), s. ?no (Rio de Jan.)
Pipocádo. adj. o pm'L pas. ele cavaUo de raça anã l natural ele Campos
pipocar; arrebentado, estaLado. Serve dos Goitacazes, e mui apropriado ao
para designar certas lllolest.ias de peUe, exercicio d,1s crianças.
como bolbas, pustulas: E tau com o Piquíra (2°), s, f (iJ1.atto-Grosso)
corpo todo pipocddo. I Couro pipocáclo peixe de pequena, especie, que ha-
é aq uelle que, sendo cOl'tido, apresen ta bita as nguas do Paraguay e seus
rachaduras (Meil'a). affiuente".
Pipocar 0./1'. e ilU,'. arreLentlll" Píra~ S. f. (Valle do Ama:r.)
e talar: O boi conseguiu pipocar a doença de pelle no allima.es, comú
corda que o prendia, Tanto esticaram cães e galo::> ( J. \ erissimo), II Etym.
a corda que afinal pipocou, II No Ceará R;' vOC. commnm a todo os dialecto da
tambem dizem papocal' e no Par;\ 1'0- lingua, tupí, significa nela pelle. E' llor
pOCal'. Em outras provincias e lJocar metonymla que d'elle e servem os
e espipocar. incolas para ele ignar a mole tia ele
Pipôco~ S.?n. (Pel·n., Par, c Rio- que se trata.
Gr. do .) e talada, contenda, vehe- Pirá~ S. ?n. nome generico do
mente, desordem: Foram prender os peixe, em todos os clia.lecto da lingua
criminosos; mas elLe resistiram, o que tu pI. Actualmente só usamos eleUe em
deu Logar aum terrivelpipôco. II Homem nomes composto., para de ignar certas
de pipôco, homem vi\Lente e audaz e pecies ou consas que tenham relação
(Meo'a). II Tambem dizempapôco (Ara- com o peixe: Pirauna, peixe-preto;
ripe Junior). Pirapucú, peixe comprido; Pintpi-
Piquá~ s. m. e pecie de mala de tanga, peixe vermelho; Pi1'ahy, rio do
panno de algodão ou linho, com aber- peixe j Pirapdra, altada do peixe;
tura no meio e serve para conduzir Piracêma, sahida do peixe; Piracui,
roupa ou ma,ntimentos em viagem. farinha de peixe.
Tambem lhe chamam Sapiqud. II No PiracêlDa~ S. f. (S. Patdo,
Parã., o Piqud é um balaio, cesto ou l"al'd) nome que dão á, estação elo anno
Sacco para guarda,r roupas e outros em que se manifesta (\, a,rribação elo
Objectos. Por exten ão, dão o me mo peixe fluvial em numerosos cardume',
nome ao' cacarécos ( J. Verissimo ), e o que proporciona abundante pesca.
Dlco, DI; Voe. S
PIRACUÍ 114 I IRIQUlTÊTE

II Etym.IE' voc. tupí composto de Pirá, significação. Não sendo, porém. Mara-
peixe, e acem, sabi1' (J. eris imo). pirt10 vocabulo da lingua portuguez' ,
Piracuí, s. m. (Pal'à) nome de parece -me autes corrup tela de Mbalpil'õ,
uma preparação de peixe, a qual con- u ual entre os guarani. II a Al'rica
si te em reduzil-o a pó, depoi de ecco, occidental é usual o termo Pircio ( Ca.-
e neste e tado serve de aUmen to, pello e lvens) j e em a lUenor duvid{\. o
II Etym. E' voc. tnpi, tambem men- houveram Lia Bl'azil.
cionado por 'lontoya em relação ao Piraquára, S. m. e (. (S.
Paraguay. Compõe-se de Pi"á, peixe, e Paulo) alcunha com que se de ioonam os
cui, pó ou farinha; significando p 1'- moradore~ d. s margens do Para,llyba do
tanto farinha ou pó de peixe. Sul, e cuja iodu trht 000 i te na pe ca
PiraM, s. m. (Minas-Gemes) azor- (8. Homem de 11ello). II Etym. 'o di.'1.-
ragLle de couro crúj o mesmo que Ba- lecto guar-.1Di, Piraquá io-nifica pello
calhatr. II Etym. Do rJ.dical Pira, signifi- durae figul'adamente e applicn. ao ho-
cando pelle. mem porfiado, pertinaz, ob tinado,
Piraj á, s. m. aguaceit·o acom- teimoso; qualidades ela' que cabem
panhado de vento, que se manifesta perfeitamente ao que se dedicam li. io-
frequentemente na parte da costa cio clustri da pe'ca.
Brazil compreheudida entre os Abro- Piraquéra, s. t: (Pará) certo
lhos e o cabo de Santo-Agostinho. Em meio dJ pe 'cal" que cou 'bte em ir de
geral, os aguaceiros se annunciam por noute, com 1'achos, arpoar o peixe que
nuvens densas de cór escura, <:Iue sobem a
dorme beira do rio. E ta espede de
rapidamente do horizonte. Na co ta do pe ca é u ual em outl'as partes do
Brazil, porém, o Pirqjà é apenas pre- Brazil. Na Bailio. lhe chamam pesca de
cedido por uma nuvem de singela appa- faJTQOOO. II Etym. Do tupi l'i?-ú, peixe,
rencia, que illude o marinheiro o mais e het·, clormiL'.
experimentado, e torna-se por isso pe- Pirarucú, S. m. (Valle do Amaz.)
rigo o (Dioc. Mar. Bmz.). nome vulgar (lo Vastris gigas, e. pecie de
Pirang'a, adj. o me mo que Pi- peixe grande, de que e ['uzem alga,
talt,ga (lO). e tem o sabor rIo bacalhau. II Ety-m.
Piranha, s. f. nome de uma ou E' vor.· tupí campo to de Pil'à, peixe, e
ma.is especies de peixes. notaveis pela Ul'UCÚ, nome VUlgar Lia Bia;a Orellana,
sua voracidade, e ão o terror dos na- de cujas sementes e extra,he uma tinta
dadores. Hahita o rios e lagos de al- vermelha.
gumas províncias do Brazil. Pirl.-..tiningâno, s. m. nome
Pirão, s. m. especie de ma -a com que se de iO'nava an ligameo te o
feita de farinha de mandioca cozida em natul'ill de S. Paulo, por e tal' esta ci-
panella ao lume, e serve a guisa de pão, dade ituada nos campo de Pii'iltiningn.
para se comer a carne, peixe e ma- Pirento, adj. (VaUe do Ama;.) o
riscos. Tambem lhe chamam Angú. O que soUre da pira, mole tia que ataca a
Pi,.ão d'agua é feilo com agua fria, do pelle dos animaes (J. \'eri' imo).
qual mais se u 'a com o carne ou peixe P irí, s. ?no (Pará) nome que dão a
salgados. PÜ'ão escaldado, ou simple - certo brejos em que se de envolve a
mente Escaldado, é aquelle que se faz vegetação d~1 herva Piri. II Jo !\Iara-
lançandu- e agua ou cuIdo fervente' nhão u.'am de te VOCllbulo no plural:
sobre a farin ha con tida em uma va il hu. Piri~es'.1I Etym. Pery, como e'creve
fi Etym. Metaplasmo de Mindypirõ, no- o Dicc. Porto Braz, ou Pid, como o
me que em tupi se dava as papas gros- faz Montoya, é o nome tupi de uma aLI
sas, em contraposição a Mingaú, que mais e pecies de j nuca, que cresce nos
significa papas rala (Figueira). Vas- alagadiço , e é aproveitado p 1'0. a fa-
concellos eSCl'eve Mindipiró, e Anc1tieta bricação de e teiras e oLlll'OS mi teres.
Mindipil'Ô no mesmo sentido. O Dicc. Piriantân, s. m. (Valle do AmCl.3'.)
PO?·t. B'l'az. menciona Marapü'cío como V. Pe,·iantan.
termo portu~uez, e o traduz em tup! Piriquitête, aclj. (pal'à, 1I1a-
por MCJtapiron, sem comtudo lhe dar a ranMo) diz-se de qualquer homem ou
PIRIRÍOA 115 PITIMBOIA

ora que, por gosto, se apresenta Pitanga (l°), adj. voe. tupi e
lido sem I uxo, mas com cuidado, de guarani, significando vermelho. Só
o a ser elogiado: Fulano compa- usamos delle em \laIavras compostas:
u periquitéte ao baile (B. de ,Tary). Pira-pitanga, Acara-pitanga. E' syn. de
~m Pero. e outros lugares dizem Piranga; e deste usamos nas mesmas
:quêtê (11'. Tavora). condiçõe5: Y -piranga, rio vermelho,
Piriríoa, adj. (Valle elo Amaz.) Cui-piranga, areia vermelha, etc.
1'0 como a lixa: Depois da febre o Pitanga (2°), s. f. frueta da Pi-
fica pit·il"Íca. II Ligeiro estreme- tangueira, planta de varias especies e
Dto provocado pelo peixe nadando dimen ões, pertencentes ao genero Ste-
baixio, na supertlcie da aguas. nocnlya;, da familia das ..Myrtaceas.
EtYln. Do tupi pirirí, tremer, estre- ~ Etym. E' contracção de Ybdpitanga,
161', tiritar (J. Veri simo). Secras vocabulo tupi significando fructa ver-
ciona Piri, u. tr., com a significação melha. .
arrepiar. PÍtang'a (3°), s. m. e f. voe. tupi
Piririoar, 1). in/t·. (Valle do e guarani significando menino. Usamos
a~.) causar um ligeiro estremeci- delle quando temos de desenganar a
oto na agua. Este verbo é quasi pessoa que nos pede algum favor: Nem
Imente usa lo no g-erundio: Esta que chores pitanga, não te posso servir.
'rical1do (J, Veri5simo). II Etym. Tal- Mas o que quer dizer chorar pitanga 1
tenha a mesma origem que pere- E' facil explicai-o, attendendo a que,
I', de que usam na provs. me- nesta pl1l'l.\se, està pitanga no vocativo,
'oones. com a sua antiga e primitiva signi-
Pirízes, s. m. plur. (Maranhcio) ficação de menino; e portanto o sen-
mesmo que pir'. tido syntactico desta oração é o se-
Piróoa, adj. (Vatle do Amaz.) guinte: Nem que chores, pitanga, isto é,
!llelo, cal'eca: Cabeça piróca, calva. nem que chores, menino, não alcan-
E/ym. E' voc. tupi. çarás o que pedes. Esta sentença, que
Pirooar, v. tr. (Valle elo Amaz.) se applica particularme,jte as crianças
~olar, descasc2r: Tratemos de pit'ocar teimosas, que choram para obter qual-
~z, e depois pas aremos a pit'ocar as quer cou a, extende-se a pessoas de
tas. II Etym. E' a fórma vulgar do qualquer idade, que nos aborrecem com
tupi pirdca (B, de Jary). suas lamurias.
Pirralho, s. ln. criança, crian- Pitar, 1). intr. cachimbar, fumar
~: AqueUe pirralho jã. pensa em se charutos e cigarros. II Etym. Do verbo
·ar. II Tambem dão o nome de pil'- tupi piter e do guarani pite, signifi-
'o a um homem de pequena estatura. cando chupar, sorver. II E' tambem
Etym. Este vocabulo será tal vez de usual em Bolivia, Chile, Republica-Ar-
"em portu "'ueza, mas não o men- g'entina e Estado-Oriental do Uruguay.
~a dicciouftrio algum da uos a lingua. PitiDl.bóia, s. f. (Alag6as) nome
Pirurúca, s. f. o me mo que de certo apparelho mui simples para
Üica (4°). auxiliar a pesca dos camarões, por meio
Pissandó, s. m. (Bahia) palmei- do Je1"e,-e. Consiste em um mólho de
do genero Diplothemium (D. cam· folhagens que o pescador lança na
ris, Mart.). agua, tendo-o preso por uma corda. Os
Pitáda, s. f. dóse de rapé ou de camarões mettem-se por entre a folha-
Iro qualquer tabaco em pó, que se gem e ahi ficam enredados de tal sorte
a entre as cabeças dos dous dedos que permittem ao pescador suspender
legar e indicador para o levar ao esse mólho, envolvendo-o no Jereré.
riz, e que por i so tambem chamam E' um modo facilimo de realizar em
rigada. \I Fig. Dóse minima de qual- pouco tempo uma ampla colheita desses
el' materia pulverulenta. II Etym. crustaceos. "Etym. Do tupi Pitiboâna
!m a mesma origem tupi e gUlllrani (Voc. Braz.) ou Pytybonçdre! (Dicc.
)verbo pitar; El está porfeitamente Porto Bra:..), com a sigsificação de aju-
tura.lizado na lingua portugueza. tlador, auxiliador.
PITING·,A lUi POMBEIRO

Pi-tlnga, adj. (VaUe do Ama.z) o dialectos da lingua tupi, e era pa


mesmo que tinga. ticularmen te cOlls[l,graclo ao cheiro
Pi-ti'tinga, s. f. (Bahia) especie peixe assado. II No Pari1, significa m
de peixe miudinho, semelhante ou cheiro, fetido (J. Vel'issimo), e ne
ta1"vez identico á manjuba do Rio de sentido é v:malno dialecto amazonien
Janeiro e Pernambuco. (Seixas) .
Pi-tiú, s. m. o mesmo que Piliwib. Pixiríca~ S. f (Rio de Jall
Pitiurn:, S. m. fartum, cheiro des- nome de um pequeno arbusto do g
agradavel de qualquer cousa: Não ha nel'O Clidonia (C. fl"utescrms), da fa1l1il
nada tão repugnante como o pitium da das Mebstomaceas. I! No Pu.ra LI
sardinha. II No Pará, o pitiwn designa chamam Gatininga (8. de MaraJo).
esp.ecialmen te o mau cheiro do pei xe Pixúna, adj. o mesmo que WIl
crú (B. de Jary, J. Verissimo); e, no Planchear-se, v. 111"011. (
littoral do Rio de Jan., o do peixe podre Gr·. do S.) cahir o cavallo de lado co
(Macedo Soares). II Tambem dizem pitiu o cavalleiro (Coruja).
no Pará e no Maranhão, 8 pittlim !la R.io Pó, s. m. especie de esturrinho,
de Janeiro (V. de Souza Fontes) e em q ne tamlJem chamam amostl'inhrt, MC
Alagóas (B. de Maceió). I Etym. 13;' voe. tigetza, etc.
de origerill tu pi, applicado ao cl1eiro do PocêUla, s. f. (R. Gr. do N.
peixe crú. O do peixe assado é pixe. lJrados de alegria em 110111'<1, de pesso,
Píto. s. ?no (Goya:;;, M:atto-G}'osso) a quem se lJuer obsequiar: P01' occasiii
cachimbo. II Acção de cacltlmbp,r, e, em ele su \ cheg'ada, o I úvo,reuu ielo n(1 pra
geral, de fumar: O 1Jito do opio é ergLlen-Ihe pocêmas, em llDll1enage
usual entre os Chins. O pito do pango aos bom; serviço que o coronel acaha"
é prohibido pelas posturas lllunicipaes ele prestaI'. II EtV1l!. E' voc. de ol'igol
do Rio de Jan. II Etym. A mesma que a tnpi.
de pita?'. Polv::,,,deira, s. f. m. GI'. do,
Pi·torn:ba, s. f. fructa da Pitom- e S. Paulo) poeirada. II Et!Jln. Cor
beira, arvore do genero Sapi!ulus (S. ruvtela do c~stelhano potvct'l"eda.
eduZis, Saint-Hilaire), da familia ebs Pol vilho, S. m. (l~io de Jall.
Sapinclaceas. outms provs.) o me,'mo qne Tapioca.
Pitorn:bo, S. ?no (Bahia) fructa Porn:bear,'V. intr. exercer (1 Jlro
do Pitambeiro, arvore do genero E !t- fissão ele pombeiro, como :ür(1ves:iador
genia, da familia da:; Myrtaceas. Em II V. tr. e preitar, e;ópionar, ir u
Pern. lhe chamam Ubdia. encalço de ~LlgueI1l, par,t lhe conhece
Pii;úba, adj. (Pern.) qualificativo 05 intentos. II MOI'MS es reve lJOlll
da pessoa fraca., cobarde, pregu içosa. beirar.
II EtY?n·E' VOC. tupi (Dicc. POl't.Dl'az.). POD1beiro, S. m. nome que, n
Pituiln, S. m. (Atag8as, Rio de Africa lJortugu6za, davam d'antes .
Jan.) o mesmo que Pitiwn 11ua.lquer agente encal'l'egaclo de ex
Piúca, s. ?no (8. Paulo) pau secco plora.1' os sertãe', no intuito de elfei
a ponto de esfarelar-se, o que o torna tn[\,1' a compra de escravos, mediant
mui combustivel (S. Y'illalva). trapos, ferramenta e bugiaria.. qu
Piurn:, S. ?no (Pal'á) nome vulgar levavam comsigo. Essas emprezas erau
de uma especie de mosquito. II Etym. . empre confiada. a homens h.dinos, d
E' vocabulo tupi (Dicc. POl·t. Bra:;; .). cuja. sagaci<.lade havia tudo a espera
Pixairn:, adj. (De Pel·n. ao Pará) (Mte de fttrta?"). Com sua odiosa ~igDi
que ten1' carapinha, como a gente de ticação, este voc, passou da A frica par
raça africana. [I Etym. Do tupiIapixaim, o Brazil, no tempo em que eram taro
crespo (Dicc. Porto Bra:.;, pixaim, bem condeml1ados ao captiveiro nossO
creapina (Voc. Bra::.). TIJm guarani infelizes aborígenes. II Etym. Derivl\-S
apixaim, cousa enrugada (Mon toya). <.lo ra.dical pombe, VOC. da.lingua bund
Pixé, adj. (S. Paulo, Pcwd) eni'u- significando mensagei!'o (Canuecatim)
J;Ilaçado: Esta comida esta pixe. II II Actualmente, tanto na Af1'ic(1 com
Etym. E' voc. corrunuU1 aos diversos no B1'azil, são outros os encargos d
PONCHÁDA 117 PORCELLANA

,leil'O, Alli dãú esse nome aos ch6- lin ba recta os seus tres tentos ganba a
do grupo de carregadore , com a. partida. E' um jogo muito cio gosto
roção de vigiar a sua gente e res- dos meninos.
fel' por eila, ante o chefe ela comi- Pon'ta, s. f. (R. Gr. do S.) pe-
j come e dorme com ella, e é emfim quena porção ele quaesquer objectos:
o(I'esquadra eh curavamt (Serpa, Uma ponta de gado. Uma ponta de pa-
o). No Bmzi l siio varias as funcções tacões. /I Quanto ao gado, se a porção
~QlIlbei?'o, Em algumas das nossas é grande, toma o nome de tropa.
iDeias septentrionaes, Pern., Par. e Pon'táço, s. m. (R. Gr. doS.)
Gr. elo N" o Pombeiro é verdadei- pontoada, golpe dado com a ponta de
ole um espião. Quando se trata, qualquer arma ou instrumento, e do
!xemplo, de prender um crimino'o qual resulte apenas contusão. Se o
! e occulto, a po Iicia bota-lhe pom- golpe produz ferida, dizem que o pacien-
,que llle vão 110 encalço (Meira). te ficou lastimado (Per. de Carvalho).
lio-Gr. do S., por um des.'es meta- Pon'tas, s. f, plt~r. (R. 01'. dI? S,)
nos mui frequentes, em que as extremidades superiores de um rio: As
JS P e B se sub::ltituem mutua- pontas do Guassupy. As pontas do Ar-
',o vocabulo Pombei?"o se trans- roio-Grande. Passei as pontas cio Guas-
a em Bombeil'o, sem quebra da supy, proximo ás nascentes. O general
'cação de espião. No Rio de Ja.n. Canabarro tomou posição nas pontas
iIIlbei?") é o atravessadol' dos ge- do Nhanduhy (B. Homem de Mello).
,alimenticios, productos da pe- Popocar, v, tr. e inf?·. (Pa?'lt) o
cultura: aves, ovo.', fructa.s, mesmo que pipocar.
liças, peixe, etc. No littoral de Poquéca, s. f. (Pa?'á) o mesmo
mbuco e ele on trn s provi ncias do que Moqudca.
" é elle especialmente o monopo- Poracá, s. m. (Rio de Jan,) es-
lo pescado, ]11ra o que vai á praia pecie de cesto grande, com destino á
ilar a occrlsião em quo regressam pescaria. " Etym? Cumpre fazer ob-
)"adas, que se empregam nes 'a in- ervar que este voe. faz recordar o
'a, compra-lhes o peixe, e o vende Pacal'á do Pará e Goyaz, que e tambem
lho. tl ma especie de cesto.
oncháda, s, r (Rio-GI', do s.) Porandúba, s. f. VOcablllo
le porçã,o ele qual q ner cousa, que tupi significando historia, noticia, re-
'a encher nm poncho: Uma pon- lação, etc. FI'. Francisco dos Prazeres,
,do dinheiro (Coruja). e~crevendo uma obra historica sobre o
encho, s. 1)1. (p?'ovs, ??Mj'id ,) Ma.ranhão, lhe deu o titulo de Poran-
e de capa de pll nno de lã, de elitba Mal·anhense. Os Tupinambás di-
mais uu menos quadrada, com zittm inditI'erentemente P01'andúba ou
abertura no meio, por ou de se 11lorandúba, e os Guaranís Po?"andú ou
a cabeça, Como vestidura ex- il1orandoie. No Maranhão é uSual o
par,t resguardar da chuva ou do termo corrupto Marandúva. .
é muito mai' commocht que o Poraquê, s. m. (Pa"á) nome
, mÓl'mente para quem a.ncla a vulgar do Gymnotus electl-icus, peixe
0.1/ Etym. D aruucano Pontho? d'agua doce, cujo contacto entorpece,
I. Rotlriguez), como acontece com o da Tremelga ou
nga, s, t. (P?·ovs. elo N.) es- 'Torpedo. 1/ Ety'm. Pertence, sem du.-
de jogo, o qua I consisto om um vidl1, ao dialecto tupi do Amazonas,
'!tltero ele Inadeira, cartão ou mas, não lhe conheço a signiiicação
no qna.1 s traçam duas diago- grammatical.
e duas perpendiculares, que se Porcellana, $. f. (Bahia) ti-
em um centro commum. São gela. "No Minho tem este voe. a
O) jogadores e cada um se serve mesma significação ( J. L. de Vascon-
tentos que se di. tinguem, pela c(1108). Moraes lhe dã. a significação de
pela fórma., dos cio adversario. almotia ou vaso de porcellana seme·
lo que primeiro consegue pôr em lhante a uma grande tigela..
PORCO-ESPINHO 118 PÚBA

Porco-espinho, s. m. V. Pot.ába, s. f.(Pern.) dadiva,p


Quandu. sente, dóte, legado: O padrinho leg
Porongo, s. m. (R. Gr.doS.) lhe uma boarpotába. II Etym. E' v
nome vulgar de certa Cur.urbitacea de tupi.
pequena especie, de que se fazem as PotiroJD, s. m. (Pw-d,.) o m
cuias para mate. II Etym. No Chile e que Mtlwit·om.
no Perú chamam Porongo a um can- Potranco, S. m. (R. Gl·. do
tara de barro de garg'alo comprido, potro de um a tres annos de idade.
nome derivado do quichua PurUrlcca. é femea chamam-lhe Potranca (Coruj
E' dSsa sem duvida a origem do noSso Pot.relro, S. m. (provs. m' .
vocabulo. campo cercado com pasto e agu
póróróca (10), s. f. macaréu, destinado fi, animaes cavallares e DI
phenomeno que se observa em alguns res. Em Minas-Geraes dão tambe
rios do Pará e Maranhão. fi Etym. E' isso o nome de Piquete.
voe. de origem tupi no sentido de arre- Potrilho, s. m. (R. O,'. do
bentar, estourar. Em guarani, pororog potro de menos de um allDO de id
significa estrondo, ruido de cousa que Se é femea" chamam·lhe Potl'ilha (
arrebenta (Montoya). ruja) .
Póróróca (2°), s. f. (PaI-à) o Pracista, adj. (R. ar. do
mesmo que Pipóca. o que vivendo no campo mostra
póróróca (3°), s. f. (Pal"anã) alguma civilisação, por ter feito
arvore de construcção do genero Olusia gens as cidades e ter neltas pratl
(C. volubilis), da familia elas Clusiaceas com pessoas ele ed.l1caçãQ. II EtYlll
(Rebouças), a que tambem chamam radical praça (Ooruja).
vulgarme~te Capóróróca, e cujas Co- Prága, ~. f. (M.aranhão) O
-lhas. lançadas ao fogo, produzem uma appUcado aos mosquitos: A prdga,
crepitação semelhante a das bichas da e noute, atormenta os que viaja
China (Monteiro Tourinho). rio Mearim.
PororoD1, s. m. e adj. (provs. Prajá, s. m. (S. Paulo) es
do N.) fructa acanhada, mal desen- de doce feito com melaço a fAr
volvida, de ma qualidade: Melancia sobre o qual se lançam e se n'istu
pOl"orom. Equivale a TambuBra (F. Ta- ovos batidos. II Etym. E' synaleph
vara). para já, em allusão a rapidez com
Possá, s. m. (Parã) o mesmo é feito.
que Pussá. Prancha, S. f. o mesmo
Possanga, s. f. (Valle do Amaz.) Ohalana.
remedia, mésinha, medicamento ca- Preá, s. f. o mesmo que Ape
seiro (J. Verissimo). II Etym. E' voe. Prêquêtê, adj. (Pel-n.) o fi
tuplo II Seixas escreve possanga; e o que pil-i(luitête
Dicc. Port. Braz. poçanga. Em gua- Presépe, s. ?no (Bahia) o fi
rani mohanga, pohanga (Montoya). que Mamulengos.
Possóca, s. f. (Bahia) o mesmo Puáva, adj. (R. Gr. do 8.,
que Mal"Onrlúva. raná) o mesmo que al-uá.
Possúca, s. m. e f. (R. Gr. Púba, adJ. malte. Et voe.
do S.) o mesmo que Filante. . de que nos servimos geralmente
Post.eiro, s.m. (R. Gr. doS.) designar J. mandioca que se
homem que guarda o Posto de uma fa- cortir na lama ou na agua, du
zenda (Coruja). alguns dias, perdendo, d'esta
pôsto,s.m. (R. Gr. do S.) casa suas qualidades venenosas. A mao
situada nos fundos de uma fazenda púba torna-se comestivel, jit. assad
ou estancia, e onde moram bomens brazas, já convertida em bolos.~
para vigi~l-a. Uma estancia póde ter quaes o mallaué e a pamorlha, eJa
mais de um P6sto. E' o que chamam feita em cariman, depois de se
Rstil"o em ~atto-Grosso e Mina~-Ge­ solou ao lume. Com eUa se Ca
raes. tambem a especie de farinha o. qu
PUBAR 119 PUXIRUM

Maranhão e Para, chamam farinha Etym. Parece ser uma diil'erença pro-
d'ag'ua, a u~-puba dos Tupinambás. II No sodica de porordca.
presidio do Morro de S. Paulo, ouviu o Pururúca (2°), s. t. (Miltas Ge-
Sr. Valle Cabral applicar o voc. puba a raes) o mesmo que ea,tjica(4°).
pessoR. que sente grande aLatimento rle Pururúca (30), s. f. (Matto-
forças: De doente e de cançado fiquei GI'OSSO, S. Paulo) nome de uma espe-
púba II Em R. Paulo dizem tia pessoa cie ele arvore de construcção. II Será
vestida com .primor que está na púba. talvez a mesma que no Paraná cha-
Não ei qual possa er n'este caso a mam Pdrd"oca ou Capordl·oca.
origem desta sign ificação. Pussá (10), s. m. como instru-
Pubar, 'li. tr. pór a curtir a mento de pescar camarões, é o mesmo
mandiàca nf\, lama ou na agua: Mandei que JB,"êl·é. Na Bahia ouvi dar o Dome
pubar um cesto de mandioca. de Pussà a um pequeno Jêrêré desti-
PuculDân, s. m. o mesmo que nado ii pesca do siri. I Etym. E' o
Pictlmâ:n. nome tupi da rêde de pescaria. II No
Puêra, s. f. (Pal"à) o mesmo que Pará lhe chamam Passá. Baena escreve
Ypueira. Pessá. II Em S. Paulo, o Ptlssà éuma
Puita, s. f. (Rio ele Jan.) especie renda larga que serve de guarnição a
de instrumento musir.al dos negros. II certas roupas. No Rio de Jan., a renda
Em Sergipe dão-lhe o nome de Vil de Pussà é a de malha:; largas.
(João Ribeiro). Pussá (2°), s. m, (piatlhy, Oearà)
Punaré, adj. (Serg.) amarellado: fructa do Pussá.zeiro, planta do genero
Oavallo de cara branca punm'é, signi- Mouriria (M. Puçá) , da familia das
fica que o animal tem a, cara bra,nca Melastomaceas.
an,arellada (S. Roméro).
Punga, adj. (Minas-Gemes, R. Pu'Urão, s. m. (S. Patllo) o mes·
Gr. do 1::3.) ruim, sem prestimo: Um mo que Muroirom.
homem ptmga. Um cavallo punga Pl.'ltirolD, S. m. (PaI'à) o mesmo
(Silva Pontes). que M~Ia;i,.om.
Pupunha, s. f. p lmeil'a do Putirlun, s. m. (PaI'à) o mesmo
~enero Guilielma (G. speciosa) cuja que Muroil"om.
rructa cozida é mui apreciada, e é Puxá, s. m. (Sergipe) o mesmo
cultivada em todo o valle do Amaz., que Puroddo (2°).
e em principio de cultura no R.io de Puxádo (lo), s. m. nome que
Janeiro. dão ao accl'escimo de uma casa para o
Puracé, s. m. (Valle do Amaz.) lado do quintal, e onde ordinariamente
especie de baile em que folgam os se estabelece a cozinha, dormitorio
Indios, depois da fe ta que celebram, para criados, etc.
por occasião da admissão dos man- Puxádo (20), s. ln. (provs. do
cebos ás filas dos guerreiros, festa N.) asthma. II Em Serg. dizem tam-
que consiste em se açoutarElm alter- bem Puroà (João R.ibeiro); e no Ma.·
nadamente com duros azorragues, por ran hão Pua;amento (E. de Souza).
espaço de oito dias, durante os quaes PuxaJD.ento, s. m. (Mal'anltão)
as mulheres preparam os licores e co- o mesmo que Puroà'.lo (2°).
midas (L, Amazonas). II Etym. E' voc. P1.~xa-púxa, s. f. melaço gros-
de origem tupi. No dialecto amazo- so a l)onto de ficar em pasta, e poder
niense puraçai signifioa danea. ser manipulado como a alfeloa, em
Purl.'lrÚca (l°), adj. Criavel, cuja operação aI veja, ainda que seja de
quobro.diço, facil de esmigalhar-se ou c6r e 'cura.
de ser reduzido a llà : Milho pururúca Puxeira, s. f. (Bahia) defluxo
é aquelle cujo grão se tritura com (E. de Souza).
pouco esforço. Cóco pururuca é aquelle Puxirão, s. m. (E. Gr. do S.)
cuja amendoa tem adquirido bastante o mesmo que Muooirom.
consistencia para ser ralado, antes do PuxirulD, s. m. (Parand, S.
que lhe chamam caco ele colhér. II Paulo, Parà) o mesmo que Mua;i7'Om.
PYTYMA 120 QUERENCIA

Py-tjrlUa, s. f. o lUesmo que munde (N. solitaj·ia) e o Quati de bando


Peftlme. (N. socialis). II Etym. E' voc. tupi.
Quádra, s. f. (R. Gj·. elo ·S.) Qu.a-ti-a.hipe, s. m. (8. Paulo,
extensão de 1:J2 metro,. A distancia Pamná) O mesmo que Caa;inguelê.
das corridas se mede por quacll'us. Qua-tí-lUiriJn, s. m. (Pern.) o
Diz-se: Cl1vn.llo de dlHls qt6aelms, de mesmo que Caa;ingtleiíJ.
quatl'o, etc. coní'ol'me o numero d'ellas Qua-ti-purú, s. m. (Pa'''à, J11a-
em qne elle póde ganhar, ou que esta 1·anhiio) O mesmo q ne Caa;ingueZê.
acostnmaclo a correl' com va,ntag'em Québra" adj. e s. m. (R.. G,·.
(Coruja). do S.) mau, de mil. condição; e se ap-
Quadrilha" s. f. (R. w·. elo S.) plica tanto ao cava110 como ao homem:
porção de cava.1los mansos e ama- Meu cavallo é um qtldbl'a illsupporta-
drinhados de di fferenles pêlos. Sendo veI. FulaDo é um qwibra. 1/ Quêbra
de um só pêlo se chama tropilha; e se abarba,rado, valentão, malvado.
não são amadrinhaclos se chama sim- Quebra-bunda, s. m. epi-
plesmente cavalhada (Coruj,~). II Em zootia que ataca os cavallos nas regiões
todas as mais accepções, é o voc. Qua- paluelosas e que os inutilisa para sem-
drilha usual tanto em Portugal como pre. Consiste em ficarem descadeirados.
no Brazil. ~ No Maranhão, dão tambem a esta
Quandú, s. m. pequeno mam- rnoles1 ia o nome de Mal el'escancha.
mifero de genero Dystl'ia; (D. pj·e- Quêcê, s. m. (Pern., Par. elo N.,
hensilis), da ordem dos Roedores, e R. Gr. elo N.) O mesmo que Caxiren-
cujo COl'pO é coberto de espinhos de {/uengue.
envolta com o pêlo. II Et!Jm. E' voc. Queij adinha, s. f. (provs. do
tupL II Tamhem lhe chamam erronea- N.) o mesmo que Luminar·ia.
mente Porco-espinho e OW'iço-cacheij'o, QueilUáclo (lo), s. m. (Bahict)
nomes estes de outros animaes do o mesmo que Bala.
Antigo Continente. Quanto á orthogra- QueilUádo, a (2°), adj. ZUll-
pbia, tem-se escripto tambem Coanf.li! gado, um tanto encolerisado (Aulete).
e Cuandú. Estou (Jl,leimâelo com meu vizinho, por
Quarta, s. f. (R. Gr. elo S.) deixar que seus an imaes devastem mi-
nos carros puxados por mais de duas nhas plantaçõe .
.i untas de bois, chamam-se bois da, quar- Quenga (lo), s. f. (sej·tão da
ta os que vão entre os da ponta e os do Bahiarguisado de gallinhacom quiabos.
couce. Quando são mais de uma qUa1·ta, Queng'a (2°), s. f. (Pem. e oulms
a junta que vai perto da ponta se cha- 'j},·ovs. elo ii{J entlocarpo de Cóco da
ma qua1·ta da ponta, e a que vai im- lnclia (Coc~s nt1cife,"a) , o qnal cortado
mediata á do couce se chama quelrta pelo meio produz dous vasos, cada um
do couce (Coruja). dos qnacs con erva o mesmo llome de
Quar-tinha, s. f. especie de bi- Q'I~n.qa, e presta o mesmo serviço que a
lha de barro para conter e reí'l'escar a cuia. II Aulete a defioe mal, dizendo que
agua. II Etym. Diminutivo de quarta" é uma especie de gamella
que é em Portugal um vaso analogo. Quengo, s. m. (Pej"n., Pc!?'. do
Quar-to, s. m.(Matto Gj·osso)quan· N., R. Gr. elo N.) especie de vaso com
tia igual a 300 rs., a que tambem cha- cabo, Ceita da metade do elldocarpo do
mam pataca-ab~rta. fi Etym. Provém côco (Cocos nucifera), e serve para
de ser a quarta parte ele 1$200 rs., tirar calclo ela panella.
que era a.ntig·amente o preço da oitava Querencia, s, f. (R. Gj·. do
de ouro. S.) paragem onele o animal assiste ou
Qua,t,á, s. m. (Pa1'lJ,) especie de foi criado e lhe lama atreição, tanto
quadrumano do genero Ateles (A. pa- que nunca d'eIla .se a:tl'a, ta, ou a eIla
niscus). fi Etym. E' voc. tupí. volta instinctivamente se d'alli o ha-
Qua-tí, s. m. nome commum a viam retirado, II Etym. El' voe. cas-
duas especies de mammifel'os carni- telhano. Entretanto, ba em portuguez
ceiros do genero Nasua. Ha o Quati- Querença, com a mesma significação.
QUERENDÃO 121 QUINOHAR

Querendão, s. ?no (R. Gl'. do tina e Estado-Oriental do Uruguay, tem


S.) namorador, am:1D to (Cosimbra). o vocabulo Quilombo a significação de
Quêrêquêxê, s. m. (Serg.) o bordel ( Velarde, Moreno, Sagastume).
mesmo que Gamei, Quilozubóla, S. ?no e f. escra-
Quéro-lDânn, s. lH. (R. Gr. vo refugiado em Quílombo.
do .) uma das variedades desses bailes Qllilllanga, s. f. (pl'OIlS. do N.)
campestres, a que chamam geralmente cabaça convenientemente apparelhada
Fandango ( Ct'l 'imbra). par[~ certos usos, como seja arrecadar
Qu iábo, s. m. f'ructa do Quia,boiro, pequenos objectos, e de que se servem,
planta, hortense do genot'o Hibiscus (H. obl'etudo os jangadeit'03, para guardar
escutent'us) , da fu.mil ia das Ma.l vaceas, de a comida.
que !la di ver"as variedades. " Etym. QuillloeUlbe, S. m. (Perlt. e ou-
Senelo e, te pl'oducto de origem a,íi'ica.na, Ims pl'O~S. do N.) habitaculo rustico de
é provavel que seu nome tenha tamIJem fami lia pobre; chóça, cabana. II Etym.
viudo de alguma re~ião d'aquelle con- Parece ser de origem af"I'icana. I No pi'
tinente. II Tambem lhe chamam Qlún- Quimbembes sign ifica cacaréos, badu-
gombô, nome qlle tem sua origem na laques. trastes de pouco valor (F. Tâ.-
1i~lla bunda. vara).
Quiba, aelj. (Sel·{J.) di~-so do QuiJubelDbé, s. m. (Pe}'It.)
i1uimal corpulento c forte: Um cavai lo nome que dão os Africanos a certa
f)'ttiba. Um touro quiba(S.Romél'o). bebida. preparada com milho (J. A. de
Qui báca, s. f. (Alagôas) o mesmo fi'eeitas). /I E' congenere do Alud. II
q'le tiMca. Etym. E' certamente de origem africana,
Quibandar, 11.11'. agitar o Qui- e tanto mais o creio que Capello e Ivens
bando, para eparar as alimpaduras dos mencionam Quimbombo como nome de
gTãos descascados, como se pratica com uma bebida analoga u ada na provincia
o arroz, (l café e outras cousas. de Angóla. QllÍmbembé e Quimbomllo,
Quibando, s. m. disco de palha vat'ian(lo na forma, pertencem eviden-
tecido em zonas parallelas como o temente ao mesmo radical.
balaio, e serve para sengar ou sessar QuizubelD béques, s. m.l1lu?·.
(V. de Souza Fontes). No Rio ele Jan. (Pern.) o conjuncto de penduricalbos,
tambem lhe chamam Pd (Souza). II como figas e outros pequenos objectos
Etym. Parece-me termo pertencente de ouro, que as criançJs trazem ao
á lí ngua, bunda. pescoço (J. A. de Frei tas) .
Quibêbe, s. m. especie de iguaria Qll.iIubête, s. m. (Minas-G01'aes)
feita de abóbora i1111at'ella reduzida á o mesmo que Candombe (2°), especie de
consistencia ele papas. II Em Pel'n. lhe batuque de escravos, ao qual chamam
misturam leite; no Pialll1y preparam-a tambem Caxambú, quando é exercido
de abóbora, folhas de vinagreira e nas fazendas. II Etym. E' provavel-
outeas hervas, temperada com pimenta men te de origem africana.
( J. A. de Frei tas). Em outras partes, Quil1cha, s. f. (R. Gr. doS.)
a temperam com qualquer gordura, a coberta da casa ou carreta, feita de
a,juntando-lhe, as vezes, ]limeutn,. palha; ou nutes pequenos pedaços da
Ql.1.icê, s. 'mo (P~rn., Par. elo N., coberta de palha, que se unem uns aos
R. G". elo N., Cew'd, Pard) o mesmo outro sobt'e o tecto da casa ou tolda
flue Caxil'engttel'lgue. da caneta (Ooruja). II Etym. Valdez
Quicê-acica, s.m. (Pal'd) o o menciona como voc. americano, com
mesmo que Caxil·enguengtte. a significação de barreil'a feita de ramos
Qui1.olllho, s. m. habita,ção clan- de a.rvore collocaclos perpendicular-
destina nas mattas e desertos, que mente. Sem eluvida o recebemos das
servia de refugio (\, escravos fugidos. republicas platinas, bem que alterado
Tombem lho chamam M.ocambo. /I na, sig'uificação .
Etym. E' vocabnlo da língua bunda, Quinchar,lI. 11'. (R. G-l'.doS.)
significando acampamento (Cnpelto e cobrir COI11 quinchas, isto é, com as
Ivel1s). /I Na Bolivia, Republica Argen- diversas partes ela coberta (Coruja).
QUINGOMBÔ 122 RANCHO

Quingom.bÔ, s. ?no (Rio ele Quitandeira, s. {. de Quitan-


Jan.) o mesmo que Quiabo. deiro j regateira. II Fig. Mulher em
Quinguingú, s. ?no (Pe1·n.) educação, que usa de termos e modo
nome que dão ao serviço extraordinario gro eiras.
a que muitos fazendeiro obrigavam seus Quitandeiro, S. m. pessoa da.
escravos durante uma parte da noute. plebe, cuja indu tria con iste em com-
Ko ter escreveu á ingleza Quingingoo. prar para revender fructas, hortaliça ,
II Etym. Parece-me vocabulo de origem [l,l'es, pescados e outros ganeros ali-
africana. menticio .
QUirâna, s. f. (Valle do Amaz.) Qll.itungo, s. m. (Rio de Jan.) o
especie de granulo que se fórma no mesmo qlIe .qongd.
cabello da gente que, u ando de po- Quitúte, S. m. iO'uaria delicada.
madas e outras substancias gordura s, II Obs. Auletemencionae te voc. como
lava a cabeça. em agua fria. ~ EtYIl1. syn. de paparicho ; ma entende errada-
E' voc. tupi igniticando semelhante mente que papal'ieho é termo pecluiar ao
ao piolho. " Dão o mesmo nome ao Brazil. Moraes o dá como voc. portll-
piolho ladro. U Segundo J. Verissimo guez, significan lo a mesma cou a que
quirana se traduz em lendea. Quitute no Brazil.
Quiréra, s. f. (S. Paulo, Mattc.- Qui,tuteiro, a, S. pessoa habil
Grosso~ nome que dão a parte mais em preparar quitutes.
grosseIra de qualquer substancia. pul- Quix6, s. m. (pem. até o Ceará)
verizada, que não passa pelas malha especie de nntrlelé (J. Galeno, F. Ta-
d~ peneira: Quiréra do milho, do arroz vOI'a). II Di/Iere da Arapítea em ser
pisado, etc. II A Quinira da mandioca esta armada no chão, com destino á
é o mesmo que a Orueira das outrãs caça de aves, e ser o QuiaJo armado
provincias. II Etym. Corrupte!a de em buraco, para tomar pequenos malTI-
CU1"lU1'a, que, em lingua tupi signi- miferos (P. Nogueira.)
fica alimpaduras do joei)'ado . o-rl. talvez Râna, adj. voo. tupi si~'nificando
de CU1'e, que, no dialecto gu~rani, tem semelhante, e do qual nos serVlmos como
a mesma significação. suffixo nos mesmos ca os em q e nas
Quirirí, s. m. (Valle do Amaz-.) linguas européas empregamos o oide
silencio, calada, socego nocturno; de origem grega; por exemplo: Unl-
eU?'ana emelhante ao Ul'UCti· Caja-
mudez apparentemente absoluta da rana, semelhante ao cajá j QuimM, se-
natureza em calma á noute (J. Ve- melhante ao piolho, etc.
rissimo). ~ Etym. E' voc. tupi, tam- Rancheiro, (lr1.i. (R. (TI'. do S)
bem usual entre os Guaranis do Pa- nome que dão ao cavallo que em
r~g~ay. II No ~ialecto do Amaz. qUil" viagem tem a balda de se diriO'ir a
slgmfi~ dormir (Seixas). U Obs. J.
Verisslmo escreve kirirí. torlas as casas q ue ficam proximas a
estrada, como se fosse ii. procura de
Qui-taIUbuêra, s. f. e adj. (Rio um rancho (CJruja).
de Jan.) o mesmo que Caiambuêra. Rancho, s. m. especie de edificio
Quitanda, s. f. mercado de mui simples construido ao lado das
fructas, hortaliças, aves, pescados e estradas, para dar abrigo aos viajantes
outro~ productos imilares. II Fig. In- que percOI'rem o interior do Brazi1.
dustria qualquer: A clinica é a minha Ora é o rancho um'\, palhoç.t assentada
'quitanda. Aquelle vadio faz do joO'o a sobre esteios, ora um telheiro sem
sua quitanda. " Etym. E' voc. bti'nda. muros, ou com muros que o põe ao
Quitandar, v. int1·. exercer a abrigo dos ventos. r esses ranchos não
protlssl'Lo de quitandeiro. tem o viajante de pagar o lagar que
Quitandê, s. m. (Bahia) nome (ccupa j mas ha. sempre na proximi-
que dão ao feijão miudu, do qual, ainda dade uma venda em que compra o
verde, se extrahe á unha a pellicula milho necessario para seus animaes, o
e se dispõe desta sorte para sopas ~ que imlemnisa amplamente o propl'ie-
outras iguarias. tario da despezn, que fez com aguoUa
RAPADOURO 123 REGIi1IRA

construcção (Saint-Hilaire). II Fig. Chou- apêrto grave, circumstancia difflcil em


pana, choça, habitação bumilde. que alguem e vê.
Rapadouro, s. m. nome que Rebôjo, s.m. repercuss<'i.o, desvio
dão a um campo tão destil.uido de ou mesmo redemoinho de vento, por
hervas alimentares que ja não serve etreito de um corpo que encontra e lhe
para pasto do,gaflo. altera a primitiva direcção. Da-se o
Rapadura, s. f. assucar ma- mesmo nome, na costa do Sul do Brazil,
cavo coagulado, a que se dã ordi- a certos e determinados ventos e pera-
nariamente a fórma de pequenos ti- dos nas conjuncções de lua. Tambem h
jolos quadrados, e ão mui uteis aos ?'ebojos d'agua "produzindo os mesmos
viajantes e habitantes do interior, para eft'eito (Di<;c. Ma". Bl'az.). II Em Goyaz
adoçar o eafé e outras bebidas. Tam- dão Q nome de Rebojo aos sorvedouros
bem as ba de assucar branco entre- que e formam nos rios, pelo encontro
meado de cóco ralado, mendubi tor- das aguas viva com a aguas mortas,
rado e outras cousas, e neste caso ser- e são accidentes perigosissímos para a
vem de sobremesa. navegação fluvial, porque a embar-
Rapôsa, s. f. (S. Paulo, Paraná) cação que nelle c\he desapparece na
o mesmo que Saruê. " E tambem nome vor,tgem (Correia de Moraes): II Em
vulgar de uma especie de mammifero lingua tupi, o reboj? nos rios tinha o
elo genero Canis. nome de ju.pid. II Etym. Parece ser
Rasgádo, adj. m. toque de viola voc. portuguez, mas não o vejo men-
que se executa arrastanclo as unhas cionado em diccionario algum da Iingua.
pelas cordas, sem as pontear. Chamum- Hebord6sa, S. f. reprehen&lo:
lhe toque rasgado (Coruja). Passei-lhe uma rebordosa, por ter che·
Raspas, s. f.plur. (R. ele Jan.) gado á hora em que sua presença já
lascas finas de mandioca, que, depois 'l
não era necessaria. Et)/m. Este vo-
de seccas ao sol, se pisam em grul até c.lbulo pa.rece ser ee origem portu·
ficarem reduzidas a pó, com o qual se gueza j mas não o encontro em diccio-
fazem bolos, podins, etc. A esta especie nario algum, e por isso o admitto nestr
de farinha, chamavam os Tupinambás e obra.
Guaranis T))pyrat)), nome hoje de- Reborquiáda, s. f. (R. G,'.
conhecido no Brazil." as provs. do N. do S.) V. PicHo.
dão ás Raspas de mandioca o nome de Recortáda, S. r (R. GI'. elo. "
Apdras (Meira). uma das variedades desses bailes oam
Rebencá,ço, S. m. (R. G?·. do }lestres, a que chamam geralmentl
S.) golpe dado com o rebenque. " Etym. Fanrlango.
E' voc. de origem castelhana. II Tam- Redo:rnão, s. m. (R. G1'. do S.
bem dizem ?'ebel'lcada (Coruja). S. Paulo e Paranci) cavallo novo qUI
r
Rebencáda, s. (R. Gr. do S.)
o mesmo que ?'ebencaço.
ja tem tido algun l·epc.lSSes, isto é, qUI
já foi mon tado algumas vezes pel
Rebenque, S. m. (R. Gr. do S.) 'domador (Coruja). II Etym. De Redomo
pequeno chicote de que se serve o ca- termo da America hespanhola (VaI dez)
valleiro para tocar o animal. II Etym. Reducto, s. m. (1I1atto-G,-osso
E' voe. castelhano, cuja traducção em porção de terreno que, por occa ião do
portuguez é rebêm (Coruja). trasbordameutos dos rios, fica, acim
Rebenquear, '!l. tr. (R. Gl·. do do nivel elas ag-uas, e póde o1:rerece
S.) açoutar com o rebenque (Coruja). pouso aos viajantes. II E/ym. E' voc
Rebentôna, s, f. (R. Gr. do S.) portuguez tomado em sentido ligu
negocio grave e duvidoso, que esta. rado.
prestes a se decidir. Oiz- e que é uma Regeira, S. r (R. Gr. do
rebentona, ou esta. para haver rebentona corda de couro que na junto). de bo
(Coruja). " Et!J'In. Deriva-se do cas- lavradores se ata, por suas extrE
telhano revertton, significando arreben- midades, na orelha de cada um dell(
tamento, acto de rebentar; e que, do lado de fórJ, ficando o seio na m'
além de outras accepções, tem a de do lavrador, para guiaI-os (Coruja
REGÓ 124 RETALHAR

II Elym. E' voc. portuguez com outras quatro ou seis l'epasses, quer i to dizer
significações e todas ellas relativas á que j,\ tem sido montado pelo domador
nautica. quatro ou seis vezes. Tambem dizem
Regô, I. ?no (Sel·g.) pJnno en- l'epasso (Coruja).
rolado que trazem na cabeça como or- Repasso, s. m. (R. Gl'. elo S.)
nato as negras africanas (João Ribeiro). o mesmo que repasse.
Reiunar, \l. tI'. (R. GI'. elo SI.) Repêcho, s. ?11. (R. Gr. do S.)
cortar ao cavallo a ponta de uma das ladeira, subida ingreme. II Etym. E' vo-
orelhas, de ordinario a da orelha di- cabulo puramente. castelhano (Valdez).
reita. Este signal indica que o ca.vallo Repontar, 'Ii. tr. (R. G,'. do S)
pertence ao E tado (Coruja). enxotar o. animaes para um lado, ou
Reiúno, a, adj, (R. Gr. do S. e tambem para. a estrada quando, em
Pm'á) nome que se appJica a tudo viagem, clella e desviam (Corl1ja). Em
aquillo que pertence ao Estado, antiga- outros sentido o verbo ?'eponta,' é por-
mente ao rei. Equivale a realengo: tllguez, por exemplo, quando se diz
Campo l'eiuno. reponta?' a maré. Anlete define a ,im :
Rejeitar, 'Ii. ti'. (R. Gl·. do S.) « fazer conduzir ou refluir pal'a UlTI
cortar o rejeito ao boi, para o fazer certo pon to. »
cahir, e poder ser morto com mais faci- ResD1ele:ug'o, a, adj. rabu-
lidade (Coruja). gento, impertinente, teimoso, frenetico.
Rejeito, s. m. (a. GI'. do S. e Tem a mesma igoificação que )'es-
Pará) nervo ou tendão da pel'na do boi. lnttn.qc1o, e não duv:ido que seja es-a a
Cortado, elIe não póde mais caminhar. orig-em do nos o vocabulo.
Quando se trata do cavallo, o rejeito Res6ca, S. f. segundo brotamento
toma o nome de gal'rão (COI uja). II da canna de as ucar, depois de cortado
Etym" Pensa o Sr. Coruja que rejeito o primeiro a que chamam sóca. ~ Etym.
l'ejeital' são corruptelas do portuguez E' palavra hybrida. formada do prefixo
ialTetp. e jat'l'eta1' ou desjal'retal'. Não POI'tuguez re e do tu pi sóca.
j uvillo que assim sej a. Restinga, S. f. baixio de areia
Relancina, s. f. (R. GI'. elo SI.) ou de pedr.~ que, a partir da co ta, se
relance: De relallcina, de relance, de prolonga para o mar, quer seja constan-
~epente (Ce imbra). temente vi ivel, quer só se manifeste
Rendeng;ue, s. m, (Pal'á) parte na baixa-mar. No Brazil meridional e
lo corpo humano comprehendida entre extende e sa denominação não só á
l cintura e as virilhas (C. de \ lbu- porção de terra arena a comprehendida
[uerque) . entre uma lagóa e o mar, como a qual-
Reng'o (1°), add. nome que s quer planicie arenosa do littora1. No R.
l1Jplica indilJerentemente ao homem 0\1 Gr. do S. dão o nome de )'estinga á matta
la animal manco da perna, e que a mais ou menos e'trei ta que orla a
Irra ta quando ci1minha. 1\ Et!Jm. E' vo- margens de um rio j e no Paraná, além
abulo castelhano (Corujol). de3sa significação, tem tambem a de
Reng'o (2°), s. m. (Sel·.qipe) o l11atta estreita e comprida separando
nesmo que Ponga. dous campos de pastagem. II EtYl11,.
Reng'uear, 'Ii. intl'. (a. Gr. E' vocabulo de origem portugueza.
lo S.) arra tal' a perna quando se anda Retalhádo, adj. m. (R. Gt'.
Coruja). do S.) diz·se retalhado o cavallo pastor
Renhideiro, s. m. (a. Gl·. de eguas destinadas a propagação das
'o S.) e..pecie de circo, com destino a mulas. por cau a de uma operação que
,rig,), de gallo. II Etym Do verbo om'e a que chamam re,al1ut?"; mas
enhil'. que, não obstante, conserva reunidas as
Repasse, S. m. (a. Gl·. elo S.) eguas e as prepara para o hecbor ou
ame com que se designa o numero de garanhão etreituar a fecundação (Co-
ezes que um cavallo ou potro tem ru,ja).
do montado com o fim de o domar. Retalhar, 1). tr. (R. G,·. do S,)
uando e diz que um cavallo tem praticar certa operação no cava li o
ltETlRi\UA lUPAl'

pa tor de eguas, de sorte a inutiliza l-o R~vÍl.·~, s. m. (provs. elo N.)


para a fecundação. 1/ Etym. Do caste- especle de baIlado ue neg'ros e de ""ente
lh.'tn~ ?'c/aja?', significando cercear, di- da plebe. "
mlllUlr, cortar ao redor alguma cou ao Revirádo, s. ?no (S. Paulo)
(V[11dez). . o mesmo que Pamonân.
~~eti ráda, s. {. (Cc:"mV acto de RiaJn.ba, S. f. o lllesmo que
e.aectua~ a mudança de gados nas Pango. II Neste voc, a lettra R é de
seccas rl""or05a , para lo""ares me- pronuncia branda, como se estivesse
lhores. Um.a ?'c/i?'ada é empre motivo comprehendida entre duas vo""a.es.
de grande lOcommodo para o propl'ie- Tamhem dizem Liamba. -"
tu;rlO; mas é o unico recurso, de que
pod~ ~ançar mão, para evitar maiores
r
Ri ba, s, (Rio de ]an., '. Pcwto)
pl'eJUlzos. especie de galga para de casc~lr o café
Retíro, s. m. (Minas-Gemes e a .qual é posta em m~vimento por ~
ollt?'as 1"'ovs.) o mesmo que pôsto.
anllnal (V. de S, Clm to vão) .
Reto bar, v. tI'. (R. Gr. elo S.) Ribeira, s, f, (pt'ovs, do _V.)
o mesmo que ?·etovar. di tricto rnral que comprebende um
Ret.orcida, s, (, (R. GI". do '.) certo numero tle fazenda,,; de criar
no.me dp. uma da yariedades des~es gados. Cada I'ibeircl e di.. tin""ue das
baIles Ü<'l.mpestres, a que chamam geral- outras pelo nome do rio que a"banha;
mente fandango, e tem, além disso, um ferro commum a
Rét.os, s. m, pi, (Alagôas) paro- todas as fazendas do di lricto, afól'a
aql~elle que pertence a cada pf'oprie-
lag~m, dietas agudos: Um homem
chelO de re/os. Falle-me sério e deixe-se tarJO ("ouza Rangel) .
?e l·elos. " Etym . . V~I~ talvez ~o grego . Ribeirar,"li. /I', (jJrovs. do ~V.)
P'IJ'toç (rhétos), slgmficando dICto, pa- marc?r o lado e querdo dos animaes
laVl"<1, sentença (J, S. da Fon ·eca). vaCCUDS e cavallal'es com um ferro
Ret.ovar, v. t?-. (R. Gl·. elo .) commum a. todas as fazendas de uma.
Ribeira ( Souza. Rangel).
forrar de COUI'O qualquer cousa, como
por exemplo, [1 bolas de que se u. a no Rincão, s. m. (R. Gl', do S.)
campo como arma de apprehen ão. campo cel'cado de mattos ou outros ac-
R~toval" o ]JUl'ro é, depois de morta a cidentes na~urae , e onde se poem a
cr[(l.recem-na cida de uma egua, til'aI'- p.lstar os awmaes com a cerleza de não
se-lhe o COUl'O e cobrir com elle por al- poderem fugir. I Etym. Do ca telhano
guns cUa , um burrin11.0 do mesl";o tama- Rincon, correspondente ao porluguez
nho, para que o possn. crial' a egmt sem Recanto. Em outras accepç.ões Rincc7o' é
extranhar, e elle, a im aco tumado termo portuguez (Aulete).
81.Jtre ellas, poder opportunamente er- Rinconist.a, S. m. (R. GI'.
VIr de garanhão, Diz-se indiil'erente- do S.) o que habita um Rinca:o, com o
men te ?'etova" e ?'etoba?' (Coruja) I enc[1rgo de o guardar.
Jt.tym, E' expres fio de or'igem ame:" l~io-Grandense do Nor-
rlCaU<1 (Valdez) e sem duvida a re- te, s. m. e f. natural da prov. do
cebemos das republicas platinas. Rio-Grande do Norte. II adj, que é re-
Ret.ranca, S. f. (littoral de lativo a e1 sa província.
algumas 1',·OVS, do N.) vara que serve Rio-Grandense do Sul,
para abril' a vela da jangada (J. S. "ln. r, na tural ela prov. do Rio-
Galeno). "No Pará presta o mesmo Grande do Sul. I Adj. que é relativo ii.
, erviço nas canóas it vela (B. de J ary) . me ma província.
I Tambem dizem Tmnca (Meit'a). I Ripar, v. t,'. (Bahia) cortar
Em linguagem nautica, <1 Ret?-anca é a rente as crinas do cavallo, tanto ela
antena com bocca de lobo que apoia no cauda C0n;t0 do pescoço: I E.m portuguez,
mastro de ré, cle. cançaudo em uma o verbo ?'Ipar tem varia sl""nilicaçõe e
forqueta collocada sobre a grinalda da ent~e ella a de raspar. S~rá pOI' ana-
pópa, e serve para nella se caça.r a logia que na Bahia usam do verlJo
vela ré (Dicc. Mar. B?"a:::.), j'ilJar ?
RÓÇA 126 ACAR A ORELHA

Róça (l°), s. f. o campo em para neUe separar o seu gado (Coruja).


contrapo ição á cidade: Gosto rle pa sal' II Em Hespanha dão o nome de Rodêo
as ferias na roça. O medico me acon- ao lagar, nas feiras e mercados, onde se
selha o are da roça. José ca ou- e com põe o gado gro oreunido para venda.
uma rapariga da 1°oça. II Em Pernam- a America hespanhola é o acto de
buco e outras províncias do norte em- encerrar o:,; gados em um campo d'()nde
pregam, no mesmo sentido, a palavra não pos a s<1hir (Valdez). II Pam'l" ro-
matto: Com pouco mezes de re idencia deio tem por fim marcar o gado, castrar
no matto, readquiri no minha saude. o touros e potros, tosar as eguas,
R6ça (2°), s. f. granja onde se apartar novilha e vaccas para as
cultiva iudiíferen temente milho, feijão, tropas que vão para as charqueadas e
mandioca e outros generos alimen- açougues, curar os animaes e contaI-os.
tícios. II Em Pern. e outras provincias Nos campo de Cima-da-Serra, sel've
do N., o termo ?'oça refere-se exclusiva- ainda mais o 1'odeio para. dar sal aos
mente á cultura da mandioca: Este gados (Cesimbra).
anilo não plantei roça, isto é, não Rojão, s. m. (8. Paulo) foguete
plantei mandióca. do ar. II No Para é o ronco que faz o
R6çta. (3°), s. f. (Bahia) o mesmo foguete do ar, no acto de subir (B. de
que Chácara. Jary). ~ Em portnguez, a palavra?'ojao
Roçáda, s. f. primeira operação tem outras significações, sem relação
n, que se procede, quando se trata ele alguma com o termo brazileiro.
derribar uma matta, e consiste em Rõlo, s. m. t'azer?'ôlo é brigar cor-
cortaI' a fouce todo os pequenos ar- po a corpo.
bustos, cipós e outras plantas que Roseta, s. f. (R. Gr. do 8.) nome
possam impedir o m3.nejo do machado. que dão ás pontas do capim secco, de-
II Em Alagôas, Ceara e provavelmente pois rie muito catado pelos animaes (Co-
em outras prov ' do N. dão a Roçáda ruja) .
o nome de Broca (2°). Roseteiro, s. ln. (R. G?'. do S.)
Roceiro, a, s. o mesmo que nome que os estancieirt.s dão aos pro-
Caipi1'a. prietarios de chà.caras, porque tendo
Rocinha, s. f. (Pará) o mesmo pouco pasto no seu campo, e te fica em
que Chácara. pouco tempo reduzido a 1'oseta (Coruja).
Rodar (lO), 'Vo intl"o (R, Gr. do 8.) ~ Tambem chamam Roseteiro ao habi-
cahir o cavalleiro com o cavallo iudo tante Lia p'lrte norte da mesma provin-
a galope o Este incidente tem lagar cia (Cesimbra).
quando o cavallo falsêa elas mãos e Saberecar, 'V. tr. (VaUe do
cahe sobre eUa virando todo o corpo o A maz .) o mesmo que sapecar.
II Fig-uradameute se diz que rodou Sabiá, s. m. nome commum a di-
aquelle que se deixou cahir em ~lgum versas especies de passeres do genero
engano, ou que, por causa de mas es- Turdus, todos Ilotaveis pelo seu canto
peculações, perdeu a sua fortuna. aflautado.
Rodar (2°), 'V. t1'. (Malta-Grosso, Sabitú, s. mo (8. Paulo) V. Saúba.
Goyaz) navegar no sentido da corrente Sabrecar,'V. tr.(VaLZedo Amaz.)
ele um rio: Para chegar opportuna- o mesmo que sapeca?'.
mente a Nova-Coimbra tivemos de Sacai, s. m. (Vatle do Amaz.) o
?'odar o ,Paraguay dia Q noute. I Tam- mesmo que sacanga.
bem se usa do pleona mo rodar aguas Sacanga, s. f. (R. de Jan.) gra-
abaixo. veto, chamiço, lenha miuda formada de
Rodeio, s. m. (R. Gr. do S.) raminhos seccos proprios para accen-
logar no campo de uma estancia anue dalha . II Em S. PtLulo, dizem Sanca11
fazem reuni!' o gado em dias deter- (l? Chagas) e no Pará Sacai (J. Veris-
minados, de o;rdmario uma vez por simo)o ~ Etym. São vocabulos de origem
semana. pQ?'Q?' 1'odeio é cada fazen- tupi e guarani.
deiro fazel-o como de costume. Dar Sacar a orelha, Zoe. pop. (R.
"oeZeio é quando algum vizinho o pede, °
G~·. do S.) é chegar parelheiro á raia
Aci 127 AMBONGO

com a oeelha livre, i to a, adiantado do serve de diametro com 1m,3 9 de exten-


outro parelheil'o apena o e paço da são. Nesse semicirculo figuram-se os
orelha, ou tanto quanto e po a distin- respectivos raios e cordas, e tudo for-
guir que a adiantou á do companheiro rado de algodão ou arminho, enfeitado
(Coruja). de fitas e coroad.o de uma cruz igual-
~ací~ s. m. (S. Pa~!~o) especie de mente forrada e enfeitada. Tres mu-
ente phantn.stico, repl'esentm.lo por um lheres a carreg'am e a levam dançando
negrinho, que, tendo na calJeça um bar- e cantando (L. Amazonas).
retd vermelho, frequenta à DOU te os Sala~ s. f. (PaI'. do N.) o primeiro
brej03. Se acontece pa ar na vizinhan- dos tres compartimentos de um olU'ral
ça algum ca.valleiro, faz-lhe o Saci de pescaria (Souza Rangel). No Rio de
toela a sorte de diabruras, com o fim, Janeiro lhe chamam varanda, e tambem
aliás mui innocente, de e divertir a coraçiío,
custa alheia. Puxa-lhe a cauda do ca- Salino~ adj. (R. G,·. elo S.) pêlo
vallo, para lhe impedil' a marcha; põe- ele g'ado um tanto :parecido com o ja-
se na garupa lo cavalieil'o' e outras guane (Ce imbra).
travossura pratica, aM que o c1.Val1ei- SaD1a:ng'ão~ S. m. (Serg.) aug-
1'0, reconhecendo-o, o enxota, e neste mentativo de samango.
ca:o roge o Saci soltando uma grande Sallla:ngo~ S. m. (Serg.) indivi-
gargalhada. Rão inimaginaveis as proe- duo pl'eguiçoso, ou que anda mal traja-
zas que se contam de te ente imag'i- elo (João Ribeiro). II Tambem dizem
nario; e entretanto, cumpre dizei-o Su~amba (S. Roméro).
em homenagem il. verdade, 11:1 muita SaD1anguayá~ S. m. (R. de
g-ente que Ihfl dá Acre~ito. II Tambem Jan.) mollu co acephalo do genero Cry-
lhe chamam aci-serére j e no R. Gr. ptogama (GÕldi).
do S. Saci-pê,'§, e e te a unjpede (Ce- SaD1ba~ S. m. espeoie de bailado
simbra). popular.
Sací-pêrê~ s. m. (R. Gt·. do S.) SaD1baquí~ s. m. (parand, S.
o mei:>m~ que, '!..ci.
A Cathw·.) nome de certos dep03itos anti-
Sacl.-sêrere.~ s. m. (S. Paulo) gos de ca ca de 03tras e outras con-
o mesmo que Sacio chas, fOl'mando montioulos mais ou
Sag·u'i.~ S. m. o mesmo quv a- menos elevados no liLtoral, e nos quaes
gu'im. se encontram e queletos humanos e
Sag·u'i..rn~ S. m. nome commum a instrumento de pedra. São o resnltado
diversas e pecies ele pequeno Cjuad,'u- de acumulaçõos feitas pelos pl'imitivos
mano, pertencente no generos Ha- babi tantes do paiz. Este depo itos for-
pa~e, Chl'ysotl'illi, Callithrix e outros. necem actualmente material para a
Tambem lhe chamam Sagu'i e au'i. II fabricação da cal, e tendem portanto a
Etym. Todos este ynonymo são de ele appal'ecer. No littoral de S. Paulo
origem tupi. clJama01-lhe Casqueiro ou Ostreira, e
Sahir COD1 111.z~ ~oc. pop. (R, este ultimo nome a tambem usual no
G)·. do S.) e diz quando, em acto de E'pil'ito- ao to. No Para dão o nome de
corrida, sahe um cn.vallo do ponto de Sernambi (2°) a depositas analogos,
partida adiantado do outro mais de meio muitos dos quaes se acl1am a longas dis-
corpo, ou com tanta vantagem que, tancia do mar, e neste caso são prova-
mesmo de longe, e possa allreciar esse velmente formados de conchas fluviaes.
avanço sobre o outro (Col'uja). SaD1bar~ v. int,·. frequentar a
Sahiré~ S. m. (Valle do Ama~.) Samba; d luçal' a samba.
nome de um certo allparelho feito de ~o,D1bista~ S. m. e f. frequen-
cipó, do qual usam os Indio. manso tador ele sal/lbas.
nas suas festa religio as, em h~nra SaD1bongo~ s. m. (pel·fI.) es-
de S. Thomé. Tambem lhe chamam pecie de doce feito de côco ralado e mel
T~!riila. Con i Le este apparelho em um de furo. Tambem lhe chamam Our-
semicirculo construido de oipó e cujas ?'umbâ, e em Alagôas BazuZaq~le (B. de
extremidades são presas às da vara que Maceió).
SAlVlBURÀ 128 'APlH,A JGA

SalU.burá, s. 111. especie de cesto São-Gonçalo, s. m. (Piollhy)


de cipó, pequeno, de fundo largo e especie <!le baile no qual os festeil'os
bocca afunilada. Nelle levam a isca os dc1nçam, cantam e se embriagam, e tudo
pescadores de miudo e recolhem o que i so á noute, ao ar livre e em frente de
pescam. O pobre guarda nelle a carne um altar com a etngie de . Gonçalo.
secca e o peixe de sua provisão (Moraes). Este baile tem muitas vezes por obj cto
II Etym. E' termo tupí (G. Soare); o cumprimento de uma promes a feib
m~s este auctor escreve ora Samurà e áquelle santo pelo curativo de algum
01',1 Samburà. II Este cesto é o mesmo enfermo, ou por outro qualquer motivo
ou quasi o mesmo que o Caro, pelo de regosij o.
menos quanto a serventia. Sapé, s, m. e peGie de O'raminea
SalU.par,lI. N'. (R. Gr. do '.) do gen. Sacchan/ollt (S. apé, Saint-Ri-
atiJ'ar, lançar (Ce imbra). laire) cuja palha serve tanto para co-
Sancâll, s. m. (S. Pa~,lo) o me'mo brir choças, ,como para chamuscar os
que Sacanga. auimaes que se matam para o consumo,
Sanga (0), I. f. (R. Gl'. do S.) sem se lhes extl'ahir a pe11e, como se
excavação funda produzida no terreno faz com os TJorco, aYes e algumas
pelas chuvas ou por correntes snbter- caças.
raneas de agua, que, depois de terem ~apéca. s. f. chamuscadura: Uma
minado as terras, fazem-as esborron- da' operações nece'sarias na fabrica-
dar, O leito-da Scmga é sempre humido ção do mate é a Sapéca da Congonba,
e ne11e se produzem certo lamaçaes a II Et!JllI. p,' de origem tupí.
que chamam Caldeirões. II Etym. E' evi- Sapecar, v, tI', cbamusc,.'u', cl'es-
dentemente a alteração do castelhano tal'. I Et!Jm. Do tUI i sapec, açapec,
Zanja, que tem seu equivalente no por- equivalentes a hapeg do guarani. II No
tuguez Sanja, significando em ambas valle uo Amazona', (lizem sabel-eCal',
as linguas abertura entre vallado e sapel'eCal', saprecal' e sabreCClr, e e ta
va11ado para dar escoamen~o á agua. ultima fórma tende a upplantar as
Ra, portanto, toda a analogia entre a outras (J. Verissimo). II Etym, Do dia-
Z arzja castelhana, a sanja portuguezn. e lecto tupi do Amazonas saberec (Dicc.
a sanga rio-grandense, porque, afinal Porto Bra;.) ou sCluereca (Seixa ).
de con tas, tudo isso se refere a uma Sapêrê, adj., (S. Pattlo) qualifi-
obra quer natural, quer artificial que cativo da c<'\nna de as UMr sem pre-
dá sahida ás aguas. Os habitantes timo prl.l'a a moagem 011 replantação,
daque11a provincia, adoptando o voca- por ter ~1 palha adberente ao colmo,
bulo castelhano, substituiram pelo fJ o de tal arte que não é po sivellimpal-a.
guttural j dos ]lespanboes, A canna salJêl'ê é sempre refugada (B.
Sanga (2°), s. f. (Pel'l1., Pal'., R. Marcondes).
GI'. do N., Ceará) algirão, bocca afuni- Saperecar, v. tI'. (Vatle elo
lada de qualquer armadilha de caça ou Ama;.) o mesmo que sapeca?'.
de pesca, por onde entra o animal sem 8apezal, S. m. terreno onrle
mais poder sahir; Sanga da ratoeira, cresce essa especie de graminea a que
do Cóvo, do Munzuá, do Jiqui, etc. chamam Sapé.
Sangádo, adj. (Pern. e outms Sapiql.1.á, s. m. (pl·OVS. mericl.)
provs. do N.) preso na sang'a (2°). o mesmo que Piquei,
Sangradouro, s. m. (R. ar. Saljirang'a, s. f. nome yulgar
do S.) lagar onde se dã a primeira pu- ua Btepharite cilim', inflamação da'
nhalada nos animaes para os matar; é palpebras produzida pela presença de
no pe. coço junto do peito direito (Co- um parasita que ataca e faz cahir as
ruja). II Na accepção portug-ueza, o sau- pestanas (V.de Souza Fontes ), II Etym.
gradouro é a parte interIOr do braço E' '\;oc. tupi, significando Olhos verme-
(opposta ao cotovelo) onde se pica, a lhos. II No R. de Jan. e S. Paulo dão a
veia (Moraes). essa molestia o nome de Sapi?'óca, outro
Sanzála" s. (. o mesmo que &'1- vocabulo tupi que se traduz em Olhos
zcila. es(olado '.
'APIRÓCA 129

Sapiróca~ s. (. (R. de Jan., ceRtamento da horva-mate, depois de


fi. P'1/~to) o IlIcsm que Slapil·angt. p1' ·p'l.l'ada no carijo.
8apópê1l11."'~ s. t. raizes (li1e c Sa,raráca~ s. f.(VaUedo Ama.::.)
despn 01 vem lio c<iUum rle lUuit I ar· e pecie de flecha de que USflm os
vores e que vão crescl'lulo COI11 o tl'onc.), sal vagens pill'n. matl'l r a tartaruga.,
formnnl1o em l'edor ele II e alta" divi õe; e as 'im tamhem o pirarucli e outros
achata ln.,; ( Gln~iou). Tum >em dizf\m p ixes grande'. A farpa elesta flec!la é
SapripíJl1lb'r.. II ElYIl/.E' voc. lupi, igni- l'r'onxamente eml ebida n3. extl'emidn.tle
ti,·" Ilda /"(li; r.huta. da. h' ste, tanto que. n IICtO de ferir o
Sapópên'lba~ s. f. o me mo qne anim d, separam-se as du3.s peç, , fi-
Sapópêl/la. cun,lo entretanto ligadas eotre si por
IS Iprecar~v.tl·.(Valledofima.::.) meio rle uma comprld l linha de tucl1m,
o m"SIIlO quI" saiJeCflr. enrolada na haste. Fluctuundo a hasta,
!iiõaptlcáia~ s. r
fructn. ch Sapu-
caeil'l.t. grande al'VQl'e pertencente ao
poe er' ele can Da, mostra. a dire<:ção
flu' spgue o animlllno fuodo da agua,
genero Lecylhis cht f<lmllia el s Myrta- e quanrlo reappat'ece para re,p:rilr, é
ce:I~, e de que ha vari'ls e. pel·ie'. Tarn- OOvetU1ente flechado, e a 'sim· por dian-
bem elão o nome de Sapucaia a propr'ia te, até ex hau ri t'em-se-l be a" forçfls.
IIrvore, a qUDI fo 'neee UIlt:1 excellente l<;ntão ac~tba o pescador de o matat',
marleira ele con lrncçào. II Etym. Alte- por meio do h ,rpão, ou a clcatadas
raçito de 'abucai, nOllle que Ih ela vum (Couto de Mil~alhães).
<\ntigilll1ellte em liogua tnpi ( G, Sa,rjgüê~ s. m. (Bahia) o mes-
Soare3 ). Lél'Y, orthogra phanJo ii. fl'an- mo que Suruê.
caz", e 'creven Saballcaié. !sarrubálho~ s, m. (R. Gr. do
Sal)utá~ s. m. ( Pattlo) Cructa S. ) nome ele uma das varied"des desses
do SnplIt,'zeiro, planta do genero Ton- bailes campestre a que chamam geral-
te/ea, da familill das Hippocrateaceai, e mente Pu.nrlango.
da q'LRI ha ".. rins e 'pecies ( :\IaL'tiu ). Sa1."uê~ s. m. (Bahia) nome
Saputí~ s. m. frueta do aputi- COl11lflUm a diversas e pecias da mamo
zei 1'0, aL'VI'I'e li o O'enero apota ( . mi ~ ro' do género Di lelphys, ua ordem
Acl'fts) da familia dlls ap~taceas, "'e- dos Mar upiaes. II Tarnbem lhe chõ\'-
ralmente cultivada no BI'azil desde o m" m arigl~ê (E. de ouza); no Para
Para até o l{.io de Janeiro, além rle ser e MueanlJão ~{ucítl"a: no Rio de Jl.ll.
comrnum a todos os p dzes ria America Gambá' em S. Pauló e P'lraoil. Raposa;
ilUlldos na ZOlllL intel'tl'op;cnl. II Elynt. em Pl\rn, e da hi até o Cparà Cassoco e
E' vocablllo de qualquer da lingua io- Tilllbú. II Elym. Tan to Saruê, como Sa-
dig-ena da America, donde é natural rigiiB e Mucum são de origem tupi.
e"te pI'orlnclo. (,ambd me parece termo afc·icano. Des-
S •• racúra~ s. T- nome commum conheço a origem de Ca.<saco e Timbú.
a di versa e 'pecie de ave do genera O nome ue Raposa que lhe impuzeram
GnUinu/a, da arriem dos Pernaltos. II em S. Paulo e Paraná é devido aos h,1-
Etynt. 1<:' voe. tupi. b',to dal11ninhos de tes animaes p.lra
lSa ra1l1ba~ s. f. ( R. Gl', elo ,) com a g-allinhas Seu nome guarani é
e pecie de faodango. II E/ym. Vil'i.L ele lJ1b))cu?'ê. Sob a fórma Sarigue, adopta-
Sa)"amlJeqve, danç I alegre e buliçosa ram o~ francezes o primitivo nome tnpí.
usada pelo" pretos? Saúba~ s. r nome vulg-ar da CEco-
Sarandear~ v. intl·. (R. Gí". do doma cepltatotes, especie de formiga, no-
.) -al'acotear, menear o corpo na. danç tavel pelos e trllgos que fclZ nos po-
( Ce imbra ). II Etym. E' vocabulo me- mares, no maodiocaes e outras plan-
xic;lno. tações. Em Pernambuco, lhe chamam
Sara.pó~ s. m. (Serg.) o mesmo FOl'1l1iga de roça, e uo Rio de Janeiro
qne Beijú ele caco (João Ribeiro). V. FOl'miga carregadei?'a. Bem que o ter-
Beijit. mo Saúbu. comprebenda, na sua gene-
Saraquá~ s. m. (Parand) espe- ra lidade, o conjuocto dos generos mas-
cie de cavadeira de pau, usada no en- culino, feminino e neutro da especie,
DH:O. DE Voe. 9
SAui 130 SERIGOTE

toda.via elle cabe mais particularmente Seuga~ s. f. (R. de Jan.) conjuncto


ás neutras, que formam e 'S:t clas 'e lie de t'ragmen Los: A srmgn cio C<1 fé, ;l senJa
operari<Js devastadoras. A's do gl:mero do arroz, i tI' é, O' gl'áos 1'1'aclllr,trlos
masculino davam os Tupinamliás o no- de6~es pI'oJudoi. II r\. ml'Sll1ft denoll1i-
me de S ,bitú, e ás do genero fOlllinino u~ção se applica ~t moil1h cLI' Cdscas
o de Issá, e esses dous nomes são ainda de ostras e ontrus mfl.i'iscos, .le qll se
USllues em S. Paulo, bem que, na parte tim proveito I ara a Iabri ação da cal.
septentrion,d de ttL pl'ovincia, o de Sa- ~enga.r~ v. tr. (R. dlj JM.) a-
bitú esteja ligeira.mente nlteraeli\ em pal',u', por meio da P -Deira convenieu-
Savitú. Em Mioas-Geraes, E"pirito- temente agitada, eliver'sos corpos ele
Santo e outrHs p,'oviocias, o oome de maneira que fiquem de um hdo os
Issá foi substituido pelo de· Tanajura, mais resados. e de outro os mais leves.
cuja etymologia me é desconhecida. O Isto se filZ, 1),)1' exemplo, com o café e
Sabitú e a Issá são alad s e sua unica o al'roz, depois de pisado um pi Ião. Sen-
missão é a propagação da especie (B. grmdo-os, supaJ'a- e o gl'ii,o da casca.
Homem de Mello, S. ·Villalvu). Tanto Dlt. B,!bh! como no Rio de Ja-
Saui~ s. m. o mesmo que Sa- nei rn e Cedrá, di zem no !Ile~Il1O sen tido
gu~m. sessnr.
Sauiá~ s. m. (Pal'à) cutia. peql'eoa Sellhor-de·engenho~s. m.
como arganuz e com cauda (Bat:Jnu). pl'uprietllrio ele um engenho de 11S-
G. Soares falla cio savi i, e cliz llue ão sucar. Em S. PauLo, Gllyaz e M'ltto-
tamanhos como la paros, ele rabo com- GI'OSSO, chamam-lhe impl'opl'ÍlI,ll1ente
prido e cabello cllmo lebre. Segun lo o enuenAeiro.
Voe. Braz. é ó n<Dme do Rato elo M dto, 8enZiála~ s. f. conjuncto dos alo-
de que ha muitas especies. ij Deste saviá, jamentos de"linados á eSCl'avl1tnra das
qn.e dantes se escrevia Çaviá 1 nasceu a f"zendas. Consiste ordinal'iam 'nte em
pa lavra Cavia, ellstindiv,\ oe um ge- choupanas fu 1'l1lali c! o um arra 'ai pl'opor-
nero ele mammiferos ela ordem elos cional ao nU1l1ero de escravOS. H,!, po-
Roedores. rém, sen;alas ma.is bem ordenadas em
Saveiro~ s. m. (R. de Jan.) em- fornli1 tIe aquartelamento. Este termo
barcação ele furte coostrucção coberttL é de origem al'rical1lt, e pel'tellCf\ á li 0-
ou descoberL., que se em pr'ega no mo- gua bunda, sigoiricilndo povoaçiío (.::ier-
vimeoto da carga ou descarga de ge- Jli1. Pinto) ou aldeoli\ (I :apello e Lvens).
nerus (Diee. Mar. B?'az). Corl'esponrLe Cump e adverlÍl' entl'rtanto qUd nã.o o'
áquillo a que, descLe a Bahia até ao Pal'à, encontro no Vocabulario a Il'<,slJntado
cllam 1m 11tvarenga. II N" Bahin, é o Sa- pOI' Capello e I vens. Ne ,s vocabu al'io
veiro um bote que serve par,\ o ·tl'ans- Ir"duzem p voaç'io por san~a, 'lne pa-
porte de passageiros, e é quasi sempre rece 'ela radical de sa'Yi~ula. segundo
tripulrtdo pOI' um só homem, que ma- a pronuncia que sempre ou vi ,.los ne-
neja dous remos. II Etym. E' o nome gros de! Allgol;\. MOI'aes, Lac rdet e
Pvl"tuguez de um bllrco pe'luenC', ordi- Aulete e,.crevem inrii (f rentelllen te Gen-
neu'iamente de funrlo chato, que sel'Ve zala e Senzala. Pr'etir'o" seg-ulldi.l, 01'-
para a travessia dos rios, ou para a thogl'aph a, por ser 11 mitis g'müll1tlote
pesruá linha (Aulet\.l). ailopt1lda. Greio, salvo melhor jllil.o,
, lSaviá, s. m. V. Sa1,c,id. que a minha delinição Ile Sen.;alrz, é
Sa"viLú~, . m. V. Saúl1a. mais ar.ceit.~vel que a dest..Js 1 xico-
lSebl'u:uo~ adj. (R. Gr. do S.) gra..hos.
tIiZ-SA do c,\val1o de c:õr meio escura Sêl"êlêpe, s. m. (Paraná, S.
(Coruja). Paulo) o 111"S 110 'lue CClroil'l.q!lelê.
S~guiJhóte~ s. m. (Balda) fi- lSergi pâll6, H ~ s. natnral ela
lhote de baleii:l, tle ll1~is de seis mezes provo rle ::..er·g"llJe.1I adj. queé relativo
de i'lude ainda ma011não (Aragão, Valle a es::m pr,1Villt:ht
Cabral). :Serigôte~ S.?n. (R. G'r. do S.)
;Sel1o~ s. m. (Ballia e Pcrn.) quantia lombilllo mais curto que o lombilho
d~ d.~n!:l~Jro igua.! a ~&Q, rs. ordmario. . .
SERINGA 131 sud
Sering'a, s. f. (Valte do Amazo,) Séva (2°), s. {. (Bahia) cipó ou corda
non!€: vulgar da g'o:uma elastica, pro- esteodid.. hOl'izontalmente tanto na$
duzid,\ pelas diversas especies de si- paredes interiores e exterIOres das
phonía, de que é mui allUod.l ote toda a casas. como de pi:lorede a parede, para
região arlllLzooica, e f,l,7, objecto de um pendurar as folhas verdes do tabaco e
impol~t,tnte comll'lercio de exportação. fazei-as seccar (Aragão).
üom a gomma ela8tica, f,tbricClm alli ~evadeira, s. f, (Ceará, Bahia)
cli versos objer.tos e entre elles 'eri ogas mulller qlHl seva i:lo mandioca, isto é,
com destino aos clisteres, e é dabi que que a applic,t ao r lo do r01ete (J.
lhe vem o oome, G,deno). fi (R. de lan.) roda com ralo
~e" ing'al, $. m. (Tialle do Ama•.) para sevar a mandioca.
maUa onde a ullcla a s'>J'ingupira. Seva L", t'. 'tr. ralar a mandioca
S.:ring·ueh·a, s. (. (Vatle do para reduzi-la a massa, com a qual se
Amn...:.) nOIDe vulgar ela Siphonia elas~ faz a farinha. 1/ Etym. Parece-me 'l.ue
tica. não é mais do que a alteração prosodica
~e["in,g'ueiro, s. m. (VaUe do úe sovm·. Com efIeito, si, na Jingua
Ama,,) indu",trial que ::;e OCCUp:1 ela portuguem, o verbo sovar tem a signi-
extracção d;\ gommiL elastic<1, quer seja licação de revolver a farinhêt de tl'igo
o pr prietario, quer o locat"rio do se- com agua e batel-a até licar bem am IS-
ringai. s Ida, no Brazil o vel'bo seva?' se em-
~ernam.bí (1°). s. m. mollusco prega em sentirlo a,nalo~o quanto á
do /ieuel'O ülcina (L, bm;;itiana, lrOI~­ farinh1 de mandioc'l., e tuoo se reduz a
bigni) II Ety Il!. E' voe. tu pi. II No executlir certas operHçães peculiares
litto"ll de S. Paulo e Paraná lhe dii,o com o (im de converter em massa este
boje o nome de portuguez de Ame\ioa. prodl1cto da 1l0s~a lavoura. Não Vtljo
~ernam.bí (2°), s. m. (Pará) O que o nosso vocabulo possa ter outra
me"rlJO que :3al/'1'/laq11i. origem,
Se L-nam.bí (3 '), s, m. (Para) Sinhá, s. {. forma, popular da
gOlllll1a elastica de qualidade infe- p.llavr' Senhora. V. Nhanhan.
rior, residuo da, bacia, dos balde::;, dos Sinhára, s. f. O mesmo que
resto.; ap,tnb tdos em toda a parte. SinM., 'V. Nha>'Ú14n.
mai ou mellos cheios de impurezas ~illhal'inha, s. f. dim. de Si-
(Alltl' lll). rJtárl/, V. Nhnn'lan.
Serpent.ina, ,ç. (. palanquim Sinhazinha, s. f. dim. de Si-
com l:O"tinas usado no Brazil; o leito é nhá. V. N hanhal2.
de rede (Moraes). II Aulete cH Leste vo- Sinhô, S, m. f, rma popular da
cabulo, e lhe da ,t mesmo.L si~nificação, palavr,' senhor. V, Nhonh8.
II Obs. Nunca ouvi semelnante pa- Sillhozillho, s. m. clim. de
lavl'fl, nO sentido em 'lu a empregam Sinhô. V, N/tOn'lô.
os lexicograpllos ciL,dos. Sinirnbú, s. m. (Mn.tto-Grossn)
Ser râna, s. f. (R. G,·. do S.) e,pecie de :;uul'io de c6r verde. p3r-
nonle de IIll1a das yariedllcles de ,ses tenceote t tlvez ao genero Iguana, e
b,111e5 campestres a que chamam geral- Cl~ia c.lrne é, segundo clizem, mui boa.
me'lttl [ianrlan,r;o No Pará lhe chamam Camaleão. fi Etym.
S,:,:ssaL", v, tr. (Rio de .fan, , Bahia, El' voca'lulo tupi.
Ceará) O me '1110 que seng~r. II Etym. Sinuêlo, s. m. (R. GI'. do S.,
Do verbo bunda cu-sessa, p,:lDeil'ar (Ca- Parand, S. Paulo) animaes mansos que
palio e I vous), II Obs. Os Francezes se ajuntam ao g"d bravio, para o
u aUl n rn '1110 sentido rio verb sasser. COllservnr arrebanl1a'jo e lhe servir de
Será. e.-;te vocn.llu10 da meslU>1. of'igem gui't "Etym. Do castel hano Senueto.
que o 1105;0 '? T(~rá p lS8 Ldo, como t UltO II Em POl'tugal, reitltivameote ao gario
outro"', da~ coloni IS pura a metropole ~ bovino, lha ch,unl1lTI CaO"es/o (ALllete).
Sé va (la), S, {. act'l desevara m In- Siloi, s, m. nome GOll1mum a di-
dioca. isto é, de a ralJé!<l' p~a a redU2óir vers,\s especieB de C.rus.t<lceo~ do gen.
a massa. Lupea. da ordem dos IJeCapotloê ; taes
SIRIÊlVIA 139 SUCURIJU

são o L. clicantha, o L. cribQ?'ia, o L. Socar, 'D. tl-. pi~ar no gl'al qU1l-


sp ini mana, e outros mais, entl'e os quel' pl'oeludo. II Etyrn. Do ver'bo tupi
quaes se distinguem o L. Sebae, a que Çoçoc, que peltence a cla ~e do \'erbü'
dão vulgarmente o nomo de Siri·r.ondêa l'epetidos,e cujo radical é Çoc, quebr'al',
(GÕldi). ii Etyrn. E' voc. tUjJi. V. (,àndêa. II verbo Pol'tuguez SOCClr, com a signi-
Sir'iêrna, s. f. nome vulgar do licação de dai' murro', SOI'31" amassar
Dicolephus cristatus, ave da ol'dem dos muito alguma con~a, de SOl'te que tia
Pernalto;, notavel pela guerea a sidua, ml1i sovltda tique enelu"eci la, lião é
que faz a toda a sorte de ophillio . enão um hOl11ouYl1l'l. cuja raiz, se-
Múregraf lhe chama SQl-iamo; e € pro- gundo Aulete, é socalcal·.
vavel que seja esse o nome primitivo Sôco: int (PrJ.rà) U a-se como
de ta, ave. expl'essào de reprovação: Ora Sô~o!
Sírio, s. m. (Brihia e outras pr·o'Ds.) ell'ixa-me, nã.o bulas commigo, não me
espe ie de sacco feito de pnlha de pal- impol'Íull S,
meira, para guardar fa.rinha de man- !S6c6, s. m. nome vulgar da
dioca, feijão e cereae . .4 rrlea b"a~iliensis, ave da ol'dt::m dos
Siríto, s. ?no (l1'[Q?'a?'lhilo) o m~smo Pernalto, congenere da garça, maS
que matame. ele cór e cura.
Sítio, S. m. (Per-n.) o mesmo que Sóla, s. f. (R. de Jan.) e recie
chàcara. Tambem dizem situaçeto. Ha- de iJ... iju espes:io feito ue tapióCt~ ninna
bitação rustiea com uma [Jequenagran- humida, que se colloca entl'O rolha.s de
ja, (-\ u lete). ba.na neil'a. e se faz tostar no fumo da
Situação, s. f. o me mo que f,lri nha ele ma.nd ioca (V. ele Souza
sitio: Na.. min ha sit~wção só cu! ti vo Fon tes). A este beijú dão o nome do
cerenes. Em uma sittlaÇaO que com prei T"pioca em Per'na.II1Ll1co, A lag-óas e
em Mltricá, occuro-me principalmente P,~l'ahybf\, do NOl't", com a. ditTel'onç,L
da cuitura da' f'ructas. de lhe mi tlu'arem coco miado (B. ele
Sobl~ecincha, s. f. (R. Gr·. Maceió), peloql1e lhe cIJf1milm n t B Ihh
do S.) tira de sola corpprida, que apel·ta Be\jü de c6co. II EtlJIlL Talvez lhe pro-
os arreios por ci ma do coxinilho ou venha o nome de nma comp l1'ação
da badana. Sendo de lan ou de algodão, bnrlesca com o couro de búi cnrtido.
é mai !f1.l'g t e se chama cinchao (Co- !Sóque, S. m. acto de SOCftl', isto
ruja). II Etym. E' termo casLlhao0 que é, de piB\r no g-ral qualquer proelilcto:
Valdez tl'aeluz por sob?·esilha. O soqtle do clfé. O 'oque do milho. II
Sobrecostelhar, s. m. (R. Elym. A mesma. que <lo de socar.
Gl·. do S.) manta ele carne, que se tira Soquei ra, S. f. rhizoma da cauna
de cima da cnstella (Coruja). de assuci:lr, depois de cortado o colmo.
Sobreláteg'o, s. m. (R. Gr. Dão o mesmo nome ao do arroz. II
do S.) tira de couro cru como o la tego E'tym. ;\ mesma que a de Soca.
a
que une o travessão barrig-ueira, por SucU1'í, s. m. esrecie de ophidio
meio das duas argolas de um e outra; do gene 1'0 Boa, que chega a ter ma!
e erve para apertar ou alargar a (I e oito metro~ de comprimentoivive nos
cincl1a, conforme é o cavallo mais rio e lago, do inteüol', e é temi vc·l paI'
goruo ou mais magro (Coruja). sua voracidaele. No Pal'i~ lhe chamam
S6ca, S. f. brotamento que 'e StlCttr(jÚ (Baena); no Maranl1ão SUCtl-
segue ao pl'imeiro córte ela can na ele as- ru,iil (C. A. Marllues); na Bahia SIICtl-
sucar. II Etyrn. Do verbo tupí .flioçoc, riúba . e em ontl'f\ partes S~lcu?'ijuba,
cortar. II Ao segunelo brotamento cha- Suc'uriil, S?Icu1'vjl~ba. e SUCU?'uyu. II Os
mam Resoca. lneljos do Iittol'al davam o mesmo nome
Socádo, s. m. (R. Gr·. do S.) de Stlctwi a e~sa especie de Squulus, a
lombilho ele cabeça alta, feito orelinaria- que chaman:os Caçaa, e esse nome sob
meote de couro cru, mais curto qne o a forma Secud, é ainda u, aelo !la, Para-
lombilho commum, e serve aos doma- hiba do Norte.
clor~s, por ofi'erocer mais segu-rançlt 8ucurijú, s. 111.. (Pard) o mesmo
(C9,l'ú,i.a). - .. que Sucl/,ri.
SUCURIJUBA 133 TABÓCA

Sucurijúba, s. ?no o mesmo porque tem o pello pardo, sem malhas,


qLle Stlcuri. comI) I) daquelles ruminantes.
~ucnriú, S.?n. o mesmo que Tábà, s. f. nome que, em todos os
Sucuri. dialectos da ling'ua tupi,signiüca Aldeia.
Sucuriúba, S.?n. (Bahia) o Hoje só usam delle os nossos poetas,
mesmú !"Jue Sucw"i. qua.ndo, no seu lyrismo patriotico, se
Sllcurujú, s. m. (Ma?'an:hao) o referem aos antigos al'l'aiaes da quasi
mesmo qne Suclt1"i. e:üincta raça dos Tupinambàs.
:Sucurujúba, s. m. o mesmo Tabáq ue, s. m. especie de tam-
que ()uc~wi. bor feito de um tronco ôco, guarnecido
Sucnruyú, s. m. o mesmo que de couro em uma de suas extremidades,
Sucul"i. no qual, em lagar ele baquetas, batem
Só la, s. f. (Par. do N.) acção de os negros e iudios com as mãos, e delle
manejarem alternadamente duas pes- se sel'vem como instrumento musical
SOIS outr~s tantas mãos cio gral, para em seus batuques. Em S. Paulo o cha-
activar:l trituração de qualquer genero: mam l'ambaque, e no Pará Curimbó. II
João e José vão dar uma súta no milho MOl'aes menciona, como synonymos,
(Sllntiag-o) . Tabaque e Atabaque com a signiücação
SnlaJDba, s. ead,j. m. er (Serg.) de instrumento usado na l\sia e Costa
o m smo qne Samango. . d' Afl'ic 1, sem nos dar, entretanto,a ori-
Snng".r, v. t'". puxar pal'a cima gem elo nome. Aulete não o menciona.
qua'quer objecto: Sttngm" a OOCOl'a cio Tabaréo, s. m. (Bahia e outras
na.via. Sunga)" alguem que esteja den- p?"ov.) .0 mesmo que caipira. 11 Etym.
tro de uma cóva, donde não póde sahi r E' voe. portug'uez,significando, d'antes,
sem auxilio aI heio. Sunga?" um sacco de soldado de ol'denança mal exercitado.
milho, elc. II Elym. Do verbo bunda cu- Tabarôa, s. f. ue Tabar·eo.
SU?'ll/a, pnxar (Gapello e lvens). Tabatinga, s. f. nome vulgar
Surucncú, s m. especie ele ser- da argila branCi1,cla qual em certas lo-
pente vellenosi Slma do genero Lache- calidades se servem os incolas para
siso II EtY?n. E' VOC. tupi (G:. Soares). caiar as puedes, em fa']ta de cal. II
Surnquá, s. m. nome com:nul11 Etym. COl'l'uptela do tupi Tobatinga,
a diversas aves do IS nero Trogon, da. barro branco. No dialecto gUlLrani To-
ordem do' TrepadoL'e , notaveis por batin.
na linda plumao·em. II Etym. E' vOC.
tnpi usual tambem entre os g'uaranis
r
Tabíca, s. (Pern.) vara de cipó
de que e servem o almocreves p!l.ra
do Paragnay. II O.> fl'anceze' adopta- t'll1gel'aS bestas.lllVIoraesdiz que a Ta-
ram para eUa o nome e ·tropiado de bica é um cipó grosso, quando pelo con~
COll)·oucou. traria não tem ma.is gl'OSSUl'a que a ele
Sururú, S.11/.. (Bahict e out?"as uma vareta de espingarda (Meira). II
pr·ov. rto "Ir.) especie de mollusco do ge- Em lingua portugneza,Tabic:l é um ter-
nel'o MoclioZa dl1. bl"asiliensis). II No Rio mo nautico, sem relação alguma com o
de .lan. e dahi para o Sul.lhedão o nome vocabulo brazileiro.
portllo'uez de Mexilhão. II Etym E' voc::t- Tabóca (IO),s. (. (JJ1"ovs. do N.)
bu lo tu pi. o mesmo que Taqua:ra.
SU 1."U !l.~úca, s. (. (S. Paulo) es- Tabóca (2°), S. f. logro, dece-
pecie de peneira grossa. [I E/ym. Do pção, des<Lpontamel1to. Levar tabóca é
verbo tupi Stt?"w'ü, que signi üca vasar, sotrl'er um desengano: Esp rava que o
derramar. . . mini tro me desse o empref'o que lhe
~ussuarâl1a, s. (. mammifero pedi, e afinallevpi tabóca. rr Esta locu-
do genel'O Fetis (F. concolol) e1l1 ol'clel11 ção cOI'resllonde à portuguezalevar cnm
do camicsiros, ao qual chamam tam- uma taboa, de que tambem nos ervi-
bem Onça parda, e é provavelmente o m03 no Brazil; e não dll vida que seja
Leao das provincias do ParMá e Rio eUa o resultado da mel'a substituição de
Gr. elo S. [I Etym.. Oo tupiSuassu-?'ana, um voc. pelo outro. Entretanto, veja-
que siO'nifica semelhcmte ao veado, e isso se o artigo taboquear·.
TABOCAL 134 TAMBUEIRA

Tabocal,s. m. (pro'Ds. do N.) o Tacurú (2°), s. m. (R. Gr. do S.)


me;;mo que taquaral. monticulo de terl'a no meio do ba-
Taholeiro, s. m. (da Bahia ate n hatlo ("e~i mhl'a).
o Ceará) exten a planicie geralmente TaCUI'úba, s. ?no (S. Paulo,
arenosa e de vegetação acanlwrla. ~ Pará) tr, ml'e l'ornlada de tl'e pedl'a
(Minas Geraes) planalto de múnticulo oltn', ol)l'e a quae. s assenta a
pouco elevados e cparado entre i p ,nl'tl<l. " Ety,it. AlJht're ede ItoCl/1'u 1la,
por meio de valles estreitos ( aint- slgnincanr[o em lingna tupi pHd ço de
Hilaire). "Etym. E' voe. Pol'tuguez, pedra. Em guarani, ]taw..ú. II Em
e em tudo mais tem efltre nós as mes- Matto-Gro so dizem Tacurú (Ces. C.
mas accepções que lhe dão em Por- da Co-tn).
tugal. Ta.guá, s. m. o mesmo que TalJa.
Taboquear, v. tr. lograr, de - T~"l.ifllbé, s. m. (R. Gr.doS. Pa·
apontar, desilludir: Chegue. a ter a raná, Jl'lrnl~h 10) o meSlllO qne Jtai'lIbe.
esperança de obter aquelle emprego; Taititú, s. m. (PaI',!) o me'mo
mas afinal o ministro taboqueou-me. II que Caiti!ú(lo).
Etym. Talvez seja cOl'ruptela de atabu- Taj á, . m. (Pará) o mesmo que
car, v. t,·. ant. da ling-U<t portuguezn. Tayd .
com a significação de illudir, engodur, ...~ alDanduá (1°), s. m. nompcom·
entrete,'. Moraes, que o menciona, cita, mum 1\ divel'sa especie ele m;,mmi-
como exemplo, a seguinte phr<lse do fer'os do genero M Y"'lIecophagol, da
Cancioneiro: «Cuidais que, por serde ordem do Dõ 'den tael IS. Ao de Illa ior
grifo, que por hi m'atabucais? » Como f'specie ('hama m Ta'llandud-ba.ldeil·(I.
sê vê, o seutido é o mesmo que o ele ta- (M. jubata) j aoS menore dãn o no ;,e de
boquear, e a isso me atenho até melhor Tamnnduâ-mirim. II Etym. E' voe. tupi.
interprptação . TaIl1anduá (2°) S.?n. q'le~lão
Tabú, s. m. (P'wn.) as ucar que moral ele climcil oluQão. A minha.
não coulhou bem na fôrma, nem entes- dem:lnda tem-'e torn,tdo um tamwulud.
ta para se lhe botar barro e purgai-o, II EtYln. lJizem que ni\SC u e;,ta ex-
por er queimado ao apurar, ou m',1 pressão de uma qu tão renhir\;t na
limpo. Fazer tabú, phra e brazileira cam:lra dos deputado a l'e 'I,e:to de
dos engenhos (Murae ). cel·tos interesses locaes da. VI la do
Tá<.'a, s. f. (BahiJ) o mesmo que Tamandu,) (B. de Jary).
M ang1J.á. TalDarâna, s. m. (Valle do
Tacacá, s. m. (Parál especie de Ama;;.) (j 'pecie de clava de que usam
mingáu feito de tapióca, e temper'l.elo na guerra certas hordils rle sei vag-ell',
com tucupi. 8eixas o menciona como e é emelhanfe ao Ovidarit II Eiym.
vocabulo da lingua tupÍ, significando Apherese de Itamarâna que in'nirica
gomma. ncha d'arma , in~trllmento de 'uarra
Táco, s. m. (Brihia, Pem., R. G,·. (Voe. Braz.).
do N.) fanéco, lJedaço, lJoccado: m Taulbáque, s. m. (S. Paulo)
táco de pão. II Etym. Ea nu liugua o m" mo fi ue Tubllque.
portugueza. a palavra taco, tambem TalUb.-iro, adj. (R. G,·. do S.)
USUa I no Brazil, com diver~as ignifi- nome que dão gel'almente :lO g .do
cações, sem rell1ção alguma' c mo nllSSO mn nso, principalmente o qne viva' '1ue-
vocabulo, do qual é apenas homonymo. renciarlo perto d.. casa. Novilho tam-
No Rio de Janeiro dizem tico, para ex- beiro é aqueUa que na eu de vacca,
primir a minima pltrte de qu Ilquer m,'llsa, isto é, daquella de que so tira
cousa. Taco e tico terão talvez a mesma leite (Cornja).
origem, mas eu não a conheço. Em TalUbuér'a, adj. (p,·o'Vs. do N.)
Fortuguez a palavra naco significa o mA mo que Catambuera.
pedaço grande de pão, de queijo, de Tam.bueira (I"), adi. (provs.
pre;;unto. do N.) o me 'mo qne r:"tambuera.
Tacurú (10), s. m. (Matto-G?'osso) Tan:lbu(-'ira (2"), S. f. (Ma-
Q mesmo que Tacuruba. ranhiio) o mesmo que Batuera.
TAMETÁR 135 TAPIÓCA

TaJnetára~ s. f. o mesmo que abandonada. II Este voc. é não só usual


Me/iI'a, no 81';IZil, como tambem no Paraguny,
Tu mín.a ~ s. (. ração cliaria de fa- !:lo li via, Republica Argentina e Estado
rinhl1 dlJ IlHlIH.liocn que se di ll';uuia a OlÍenlal do Cl'u"':l1ay (Moreno, Ve-
c"d I e"CI' VO, II Elytn, Do I Iluda Ri- I.<lru" ;'gl:;lume).
tolllinn, Ul,!'eIH, p II que, em '1erdncle, Tapel'á~ s. m. (8. Paulo) nome
errifL g-el',llmenle de medida para iSOlO vulg';!I' de um.l e pecie de andorinha
un'a t'gehl ou V;I o emell1allte. ~ Nas (Ri l"unr1o Taperá, L.). ~ Etym. E' v oc.
1hz nda;; davnm tambem o nome de la- tUl'i (Voc, BI·az.).
mina ao l'oruec i l11enlo periorlÍl;ode ruupa Tape... ebá~s.m. (Pará) omosmo
aos e"cl'aYO '. N I cidade do R io de Ja- que I'ajd.
ntJiro, ajJ[Jlica -l::e o 111e_I1IO nome li. qunn- Taperú~ s. m. (prous. do N.)
tid de dl3 ugna que pólie culia pL's~oa lal'va de certos in:,ectos, ~obretudo uma
hnuriJ' na fontes pul:Jlica por occa ião peqnena larva br"n a, que ataca as
das '!r I ndes pcca '. chaga dos animnes, e occa iona a mo-
T. :mu.atá~ '. m. (R. a", do S.) 1l:' tia a que chamam bicheil·a. I E'ym.
o IlIe'IIIO rplP ('atltbtlatri (I"). Ij;' voc. tupi (Dicc. Porto B,'az.). II No
Tanajúl'a~ s. f. V. 8ati }a. ,alIe d Amazonas, tarlJbem dizem ta-
'Ta"ga~ s. f. pedaço tle' panno puni ( eixa,,). II as provs, merid.
da rfi IlJen,ões de um lenço!. que s 'rvia ning-11I'm mai usa deste termo,
de vesluHrio aos nel-n n, novamen te 'rapetií, S. m. unme tupi do
chl"O'ar!(ls ao Br'Hzil. II Etym, Da lingua Lepu~ brasitiensis, hoje inteil'amente
bunda 1ItM ,qfl. ( . Luiz). ~ Corre punde dt·su ado no Brazil e "uhstituido pelos
ao qnp, I-'m l'l'lação nos Iml.o·, clJamam de coelho e lebre. Em 1846, e"taudo eu
Jultlta em !llatl"-Gr'o~ 'lo no P;1raguay, ainda se serviam delIe
'Tan t.ang·uê~ s. m, (Sel'gipe) es- o incolas.
pecie de I.JI·iull ued') de crÍlluças (S. R.o- Tapiíra~ s, f. nome tupi do Ta-
rué'o). pil'us omericantts, a que os hespanhoes
Tápa ~ s. f. (8. Paulo) pedaço de to portugueze. im(Juzeram o de anta. O
panno, C( D1 que se v~nda o burro pouco fl'anceze lhe cnnserV,lram o nome pri-
man~o, el1lqnauto o arreiam e car- mitivo sob a IOI'ma tapir, e os zoolo-
rel!nm. pn!' Lqne 'e não uste. gbtas o 1 tini aram (Jura di tinguir o
Tapej:í ra~ s. 1/1. (prous. rnerid.) gOlwro a qne p..rlencern as di versas
o me mo que uaqtleaflo. I Etym E' voc. e pecie , tvnto americana' com I india-
tupf conli,JOsLo de topc, caminho, ejara, tica', de' e pachyderme. a linguagem
enhor, :,iguitiranuu Ilt ler dmenle e- vulgar dó BI'azil. é nome comllleta-
nhor do' ·uminhos. i to é. P':;~O'l idouea mente de~u ndo.
pam ,et'vir de g-uia. um e te voc. TapinaJllbába~ s. f. (Ceard)
se (\eii:-rnHV:1 taml elll o 0101',1001' antigo mas '/lme de linha' cllm anzoes, nnsjan-
da loc,l1idnde (voc. BI·a:..) e isto cer- g:1r1lls de ,tiuudas á pescaria (J, Galeno).
tampnte 1arque ess indi viduodevia ter Tapióca~ . f. fecula da man-
couhecimento amplo da via de com- dioca. E' e ·ta <\ accepção a mlli O'eral
mllnic\çii.1) re pectlvas. Como pe e tope uo vocabulo. 'o Rio de Janeiro lhe
são SY11onymos póde-se ignulmenle chamam polvilho, e ~la Bahia e outras
dizer pejrll"l, e as~im o ÜIZ o Dicc. Port, proviucias do Norte .Qomma. Verdadei-
Braz, no \)J'tigo Guia do caminho, que ramenl a, a t '11ioca do R. de J an. é a
elle traduz lamhem POI' pecuapdra, "a- (m'inha de tapioca ela Bahia, do Pal'a e
bellol' dos c;lminllo . ~ 'u R. GI·. do '" de utras pl'ovinci, " a qual uão é inão
liga-s0 il. idé de lapejlh''', a de homem a re,'ulit que, .. inda IJUlllida, se lança
valente. t1pst"lnirio (\'ianna). nl) lilrno e pecial. e ;:e mexe com um
Tapé"a, s. (. e:-.labelecimento mólho de penna' grandes até tomar a
rural l:un1j1leL lmente ahallllon~do e em {Órm'l g'l'annlo '\t ; e neste e lMlo serve
rUill'lS, II /·i.rJ. povo"ç1ioem decadencia. ]Jara ["zer pilpa', Op'lS e pudins. I Em
I Etym E' contracção de taba-puêm, Pern. e Alagõas Clltlmam tapidca a es-
que em liuoua tupi, significa aldêa pecie eie be~iú a que no R. de Jan. dão
TAPIOCÂNO 130 TATU

o nome de sola; e é neste sentido que a Taréf'a, s. f. (Bahia) medida


menciona G. oares. II Etym. E' voc. agral'ia igu,t1 a 930 brllç 1 quadr,lda
de origem tupi. O Dicc. Port. Bra •. (4.356 m. q.) com de~tinoitculturada
trdduz palme 011 edimento d:. farinha cann:J. de a ,ucar. Ha tarefas de rego
por tipyóca ; o Voe. Bra;. cou:;.'\, CO.\- (canna uovamente pLllltada) e /a1'efus de
1hada por typiaca, typioca, e ainda mais soca (canpa já cOl'taela uma e mais
por apiçanga ; Montoya, cousa co.llhada vezes, e cujos brot03 se vão snccedenao
pnr typiaca ; Seixas, gomma da man- annualmente). A producção de um en-
dioca, por têpedca. São vo::abulos nas- gen no e :w<ll i l. pelo numero rle tm-eras
cidos do me mo radical. cultivada. Segulldo MorJe., a mOflgem
Tapiocâno, s. m. (R. de Jan.) de cada. ta.rera, de canllt, em um lJom
o mesmo que caipira. II Etym. AIlus.lo engenho movido por agna, póde ser
á fauricação da tapioca, de que ,e executada em 2-1 hora, pi odnzindo pelo
occupam o;; pequeno;; lavraJores. meno;; oito rlletladHra , o qJe ~e chama
Tapiocuhi, s. m. nome que o tarefa j·erlmula.
aborigenes do v<Jlle do Amazonns dão T"lri6b I , s. r. mollusco do ge-
a fa.l'inha da tapioca (C. de Mag,tlllii.e ). Dero Teltina. ( T. constricta Brng.). II
II E/ym. E' voc. tupi, significanuo litte- Etym. E' voc. tupi. ~ G. Soare,; men-
ralmen le fw'inha de tapioca. CIOU' este molluscLl com o nome erroneo
Tapití., s. m. (BuAia) O me. mo de Tarcoba, o que é devluo, sem duvida,
que tipi/i. a erro de typogr·aphia.
Tapuio, V. Tapuyo. Tal'óqu , s. m. (Alag. e Serg.)
o lUP, mo f]1\ Comimbóq?le.
Tapurú, s. m. (Valle do Ama• .) Tarubú, s. m. {Pal'à} e pecie de
O mesmo que taperú. bebida mui u,;flua eDtre os Tapuy03, os
Tapuyo, a, s. nome g'enerico quaes a preparam do modo ~eguinte:
apfJlicado aos selvag-ens bl'avio' (lo ralam a mandioca, expremelll-Ihe o
Brazi J, e como tal syn. de B u,qre. No succo, cóam a ma sa, com a qual fazem
valle do Amaz., con ervam ainda essa uma e 'pecie d I beija gl'aDde, a que
denominação os ahorigenes já ma n , por iS30 chl1mam beijú.aç t~. AO depoi
e a estendem tambem à generd lirlaele reduzem a pó f"lIn:; da arvoreCurumim,
do' mestiços. II neste caso corre ponde a com ella [Jolvílh'uU o beljú·assú, e em
ao termo O..lbôclo, de que se u a na seguida abafam com' folh I e gll'll'uam
demais provincias elo Imperio. II Etym. por espaç de oito di~, no lim do
E' voc. de origem tupi, e (lelle e qu·te diss'1lvem-o em agua, coam e
~erviam, como alcunha injurio a, tanto bebem (F. Bflrnardiuo).
os Tupinaml ás do Brazil, como o Gua- Tal·uInân, S.?fI.. T1omeCOmmUIl1
ranís elo P<1raguay, para de ·ign.trem a a diver as arvore,; Cl'uctiC... ra elo gene1'0
nações sei v3gens que lIauitavam o. Vi/ex, Cbl família das Veruenaceas. 1 o
sertões. Erram, portan to, os escl'i ptores Rio de Jan. pertence a genero e Ca-
que o consideram como de ignanclo ex- mília diversa um:l CeJ·t:l arvore a que
clusivamente certa e detel'minada na- chamam tamhom Tart<man.
ção. Seg'undo Figueir,l, tem a signiti- Tatamba, s. m. e f. toleirão
cação de barbaro ; e egundo Montoya, que C,dla mal; homem tosco do campo.
a de escravo. II Moraes escreve tapuya, Tata/ 6ras, s. (. pl. o me mo
tanto no ma culino, como no feminiuo, qUI> Catapóras.
e muita g-ente ha que a --im o faz. Tatêto, s. m. (R. G,.. elo 8.) o
Taquára, s. r (pro s. merid) mesmo 'lue Cai/itÍl (lo).
nome vulgar da e pecie' indigena. de Taticumân, s. 'ln. (Paj'à) o
Bambuseas. Nas provincias do Norte mesmo C/ne PiculIlân.
lhe chamam taboca (lO). II E/ym. São Tatú (lo), s. m. nome commum a
ambos os vocabulos de origem tupi. diversas espeeies de . ma.mmifero· per-
Taquaral, s. m. (pr·ous. rnerid.) tencentes ao g-euero Das!Jpus, da ordem
matta de taquaras. Na. provincias do dos Desdentados; taes são: 'fatú canas-
Norte dizem tabocal. tra, T. êtê on T. ve?"dadeiro, T. ahiva
TATÚ 137 TÊYú

ou T. de ?'n,bo molle, T. peba, T. bóla, moedas de cobre sobre uma faca fin-
Tatui; e tal vez outr·os. cad,t no chão dentro de um pequeno
Tatú (2°), s. 111. arVOl'e de coo- quadro. Se o jog,Ldor não aceeta, pas a
stI'Llcçào do geoero Va~ell (V. indUl'ata, a atir,\r o ad vel'ciario (Ce imbra). fi
F. A Ilem:i.o) LllL flLITli lilL r1,s Olacineas. Ety m. E' voc. c IsteLl1ano, e como tal se
Tatú (3°), s. m. (R. GI'. d~ S.) pr·()nllncia.
nome de ulna das varie latles desses Têjú, s. m. o mesmo que Têyú,
bailes cn,mpe tre,:, a que chamam ge- Te:Iubetára, S. f. o mesmo que
ralmente Fanrlang? (Coruja). ll1é1.~·a.
Tatll.râua, s. (. (S. Paul~) TeuJé 1"0, adJ. (Oeará) temerario
nOILle que Ilcl,O as larvas ou lngartas (J. 'inleno).
oUl'içarlas rle uma felpa que proeluz uma Telllpo-será, s. 1n. folguedo
eo aç[o elolor'osa fi quem a toca. II de Cl'llnyaci, que cousiste em coerel',
Etym. Tal vez sejft, corrnptela. ele Ta- S:1lta1' e cantar, rep ;tindo as palavras
tm'ana, compo ta de Talá folgo, e rana, tempo-set'á e de mitiocó. o Ceará tem
emel haute. MOI'ae m'Joci01UJ, este a me ma igoiricaçã,o que Manja (J, Ga-
aoimal com o oome de Ttttaurana e o lena). Em 8. Paulo, a criauç.l corre a
desceeve bem. Montoya tl'az T,itciul'ã, e cont!er-se e diz ao cltmar::tda: tempo-
com a sig'n iticação de gu.sano colorado. s~rà, se p!tder me pegai'. II Etym. Ta! vez
Tauá, s. ln. per'uxytlo el ferr'o. seja corl'uptela do tupi Jemoçarài,
E' nome commum a tOliil.S as pedl'as bl'incar (Di cc. Porto Bra'l:.), ou Anhemo-
argilosas, que tem a cóe d'~quelle com- çar"'I.Fol!!ar com criançaci (Voe. Brl1,z.).
posto chimico. II Et1lm. E' VOC, tupi Tentos, s. m. plul'. (R. Gr. do
si&'nific<lndo tambelll amal'ello e como S.) pequena tir'L8 de couro cru presas
tal é syo. de ,juba. II TilmlJem dil.em na parte postedo!' do lombilho de um e
Taguci. II Empregarn-o para culol'ir a outeo lallo, onde S" prende o laço, ou
100yLel b;1rr". outl'a qualfluer cousa que se queira
Tat1~ssú, s. m. (provs. do ?w?'te) trazer Il1'e a a g'arupa (Coruja).
pedl'a FUl'aua pl'e it a um LcOI'da, e aerve .... I:'erneiro, s. m. (R. Gr. do S.)
ele anCUl'lt às jaogalll\s (J. Galeno). [\, cria da vaCCi1 até á idade de um anuo;
II E/ym.. E' COOII'.ICÇ'í.O de itd-gullssit, é o me 1110 que BeZel'!'O (Coruja). II
tel'm Inpi signíticnnc!o perlra grlwde. Etym. Do ca telhaDO Temera. II Anti-
Táva, s. (. (R. G,.. do S.) jogo g-amen te se L1izi.1 em Portugal Tem'eil'O
ele flue US'Lm os gauch'p atirao'io com (Anlt>t ).
o g,wiz ao li l' até cahir em pé, gn- Têso, s. m. porção ele terreno que
nl1aniJo ou pel't1endo, s g'uodo calie pela fi zenL10 parte das va::;ta planicies 'u-
paete conCiLVa on pela convexa. II jeitas ás inunelaçõe' do inverno, fica
Etf/I'Y/,. Do castelhano Taba. 6ntretnnto acima do uiveI das agua; e
Tayá, s. m. nome tllpi de di- oITerel:e alJri8"0 no gado. II Em POl'tugal,
ver ,as e 'pec'ies ri Aroitleas. No Pará tem a sig-nil1cação de monte ou erro
lhA~ chn rnilm Ta,ji. alca,ntiln·lo (~nlete).
T J :.yó b "" s. (. Aroidel elo genero Têtêcuê['a, s. f. (S. Pa'tlo)
Colocasia (O. e.~ct6Ient'(), cn.iils follHls e DOnttl d ceetu::; depre::; 'õe~ de tereeno,
comem á guisa de espinaf'r'e, e cuja que sel'viram de leito ao rio Parahyba
l'ai7. tuber 1Sft, é tnmbern come tivel em do ui, e estão hoje cobe['t(\'8 devege-
fllgu01as variedndes. 1/ Et!fnt. Do tupi t"ç~o (8. Marcondes).
TU.1l'!-tihf1., a l'ourwgem do Tayci. Tetéia, s. (. nome infantil dos
Téb,..!õl, s. m. vulen1ão. briLwos d ,Ileninos. Ta llbem pOl' gea-
'1'eim.ósa., s. f. (Cecl1'd) o mesmo cejo o empregam e111 outras accel'ções ;
que M"ml./6reba. v. g. dr7.elll das pessoas cond coradas
Teité!, iM. (LJaI-d) expressão de qne tem peito cobel'to de teteias. "
com pndecllllou to, eflui vfl.1ente::L Coitado! Etym. Moraes o menciona como oriuDdo
II EI1/m. E' voc, tu pi (Dicc. Porto Bt·a:::;.). do Br'\zil.
Téjo, S. m. (R. Gr. do S.) especie Têyú, s. m. (p?·o'Vs. do N.).nome
de jogo que consiste em atirarem-se de uma ou mais especies de Lagartos do
THEATÍNO 138 TINGA

genero Teius, aos qUAes ~hl'lmam tam- T-jucal, S. m. (VaUe do Amaz.)


bem 7'ejit, e >iio hi!' idoi; por pl'iIJIOI'OS'~ lamel1 o, lud<lç:l1. Tilmbem dizOJIl Tu-
caç'. II EIIIII/. I~' I·O~. fllpi. jllcul (.I. \ el'n;imo).
The ttíno, a., lu.Lj. (H G,·. do S.) ':rij,"l.co, s. m lam'l e partil: l1nI'-
cous·t de 'i"e ~p lião CUollece dOllo. menlJ ii Ilml de CÓI' C::-Clll'll. Talll em
Applicil-se e~te ter!lIo ll1ai::, e'pecml- .,. dil, THjÚCO, I EI!lIJI. De OJ'i~elll tll"i:
melltenos cavallo ; ma:-, t<l!I11Jem·e di7. T"Juca (IJicc. Port. Bro;.); 'l'1/iitca
de outra- cOU:> 's sem rlono. II EIY"t. (Vue. B?·1l3.) comoainna erliz no dia-
Chama VH m- e The<llino' ao, del'lgo . ecto arnazollieo'e ( eisa'); em gua-
regulares da ordem rle . Caetllo" tle rani T1/ lit (:\lnnto,V ).
Theato, o qllaes Í<tIJ,uem eram conhe- Tijucopáua, s. ln. (VIIlle do
cirlm; pelll nome tle padres da Divina Amn;.) lalUilçal tl'emedal (J. Yel'is-
Providencia. LJizer COU'fI thelllim não inJO). II Etym, E' termo do cli:declo
será o m,. 'mo qne dizer cou:;a dH Divi'1ll I II pi rio A 11111 zonas. O Diec. Porto '1yo:;.
ProvidencLt ~ Tal I'eíl (~sle termo tI'ahi tIwlnz laml1ç'al por Tyjucoprio. O ,r.
tenha origelll trazid,~ pelos antigo je- .Io>é \ eri -imo de lnlpõe Tijl'cflpdua
suitA (Cor Ija). em TYY/lI, lodo, lama, e pàtla, logar,
TilJáca, s. t. (Ala'!.) nome yul- estril'Q. espaço.
gal'da e-palha ou Il]'actel (lolal das Tij upó, ". 'ln. (Bahia e rmtms
palmeirn (J. S. da Ponso>cil). /I T.. m- PI'OV" do .V.) palho II rle dun- a:.ruas,
bem lhe chamam quibdca. II Serve de qlIe toc 1111 no I' hão, e s'll'vem 0,18 ro-
vasilha ao pe.carlore-, l',~ra esgotar a ças pIra abrizar O ll'abalh',dores, em
aglln n'lS cnnó' s. tuú I emellJante ao que em Pern. cha-
Tíbi, int. (Pem.) eXlwe,silo tle mn m mocrzlllbl'J (3°). Na l:3ahia o l(jupá
eSIJaulo, lO mesmo selllido dizem Vote! é i/!'I!'J1m IIle o tolúo de certas I<lncha
(R. Roméro). costeiras. II No Pará tambem dizem
Tico, s. m. igalho, minima parte tlljHpm' (Snena' e a. sim o escrevem
de algunlit COUSil, um quasi nada: Um 1\lol';1es e Aul··te. II Et.'lln. E' voe. de
tico ele pão. u medico permiltiu que ul'ig'l'm t upi. O Dicc. Port. BI'a;, tra-
tomasse um tico de vinho. II THmbem se dl1~ cal'llln. ror trlj,tpúbfl. ; o Voe. Era::;.
emprega muito o dim ll11tivo ti<t,liww. chonp1113, 1'01' Te;;yvpâba.
Como expressão POJ'tugllez'l, o hOloo- TiInbó, . m. Dome comm 1m a
nymo tico e refere a molestia: Tico do- dÍl'ers"~ e"l'ecil's de vl'g'ptae.-, que. por
loruso. tico convulsivo (MoI'ue ). Auletc ua' propriedade tosica, ãn elnpre-
não meoriolla tico cm entido ;dglllll ; ~arlns PUI';] mataI' o [lrixe pl'odllzindo
m , AO til;o àe Morae' ch'lma ellp tiqHe. a,e-ta :>ol'te o me~mo treilo Ilue o Tit'lgui
Tic·u.nl, s, m. o mesmo IJIl THCUtn. do Braíli i e o Trovisco rle Portu~·al. /I
Tiêtê, s. m. (S. Paulo) ave do No Parárle ig-o"m com o oome rle Tilflbd,
genel'o Ellphone (E. violaceo) da ol'úem não só e ses veg'etae- como tambem
dos PAsseres (M Ir1lu,;). todae qWllquel' uuslancia que lhe p03 a
Tig~la (Tabaco rtE'), Y. Pó. el",il' de I1ccedaneo oe te y tema. de
Tigüéra, s, (. (8. Paulo, Paranà) pc, (B. de J,"'Y). Em Pel'Dll mbl1co lia
roça de I/Iilbo, 011 de outra qllaeS'lller um certo <:ipó UI'<lOCrJ, lle que f'lzem
plaotaçõ~s annua', denois ele etre- chapéo , n03 qn'le chamam por i so
ctua la a colheita, e onde .e poem os chapeos de Timbó (B. de Jary).
animaes a pa t r. Em ,\Jioas Gel' lO , Tirnbú, s. m. (Pern.., Par, do
dão a is'o o nOll1e de Pnf!lrr.rla e tambem N ) o 1116:>mo ql1e Santa
o de Palha. II Etym. Tigiléra é VI) • tle Ting I, adj, voc. tnpi o gI1 Al':lni
origem tni'i; A, quanto a IlIill1, contl'ac- Sig'l1lticilnclo branco, Só 11 alllos 11... IJe
çã,) de Ahati!lií.era com a signiticação de em nomes compo tOS: I:r'll1 li lifI{Jfl,
milbAra,1 pxtinclo. Ja('al'é tingll, e onlru:> II 1'\0 vnll .. do
Tij r-lo (f<tzel'), foe. popular, na- AmaI.OIlIS. dizelJl . t IIlIUOIlI pitil1grz:
moraI': FIII no só e elOi'l'egil agola Cnill-pititlya (.f. Vel'is,inIO); e O' Tu-
em fazer t~jôlo. De manhã estuúo, á pinaD.luils u:sa vam i IldilTel'elllemeute de
tarde faço tijôlo. tin.{ja ou morotinga (Voc. Braz.).
TI GUÍ 139 TITINGA

Tin~uí, s. ?n. nome commum a Tiquára, s. f. (Pará) O mesmo


diver a' e i,'d, s de ve"etue' nos "e- qne }acubn. II (J[arnnhr70). NOllJe de
nel'o' Phaecal'pus, Ma.qunia e Jae;'. i- qllalfJII61' bel itla J'erl iger-allte. a,te
aia, o 'Iu"e~, I.. 110 no. ao rio tém a l:>ell tido é o me"mo 11 ue;, {Jaropa de ou·
pl'opr'iedade d matill' o peixe (l\lar- tl'"S p,·"vinci,,·. TI Et!l.JI. TalltoellJ lupi,
tin). Corr'e 'ponde pelo elreito no nos-o l'nnlO elJl gu l'ani, Licuti l n r1C<1 lifJlllrlO
Tilllbd e ao Trovi.~co de PortllgiJl. II (Dicc. POi·t.·E,·",:; .. l\lonto,v ). II b: e se
Etil,ll. E' "')I'(1'nl" tupi. cel't:l.Inente n I' dical de liqu.ára.
Tlnguijáda. s (. acç-ão rle Tiquinho, s. m, diminutivo de
IlDO ,r ao rio o I ill,llui, com o 11111 de lico.
'llat,lr peixe. Corre P' nde ao que em Tiquíra, s. m. (Mamnhr7o)
PI)rl llg"ll chamam trovi ':'ada, ag1lunlente de malidioC<l (B de M:lt-
Tin~ui.jar, 1>. tI' env('nenar to~o). II No P"1'3 esta e pecie rle agUtlr-
com o TiJI.'I"i, lilnçtlD'!o,O li. a;.!lla pnl'n dente é produzi.rll pela fermentação do
I1liltilr o peixe. Tamhem e eml'lega. 8(-ijll-;IS'Ú (J. \ed imo),
e~te ,er1 o em relaç-ão a qual'pl l' phu-
' Tiradei l'as, s. f. pll/r. (Pern,J
tH, que, sem er o propri I Tingl,i, pro- c !'LIa'. CI'I'I elites e até ci"ó' l'Ol,tis-
duz o me'mo eifeito, tanto ,ol.H' o imo. ti"i1s de 01" ou COUI'O cru, eDtl'e
peixe. como ~olll'e ou1l'o CJualquel' uni- a' CJlwe ,ã,.. pre'a a Le~ta que pu-
l1,al: Dizem que a folha do cajueiro xam a ulmalljal·r.l, pegam nos pei-
lil1!j'{ijll II eav" lio-. torae e atraz no~ cHlllbões "re'os as
Tipití, s. m. specie de cesto alm;llljarrll (MOI'lIes).
cylindl'i<;o, feito de taqllAm e taml.em TIl:adôr, s. 111, IR. Gr. do S.)
de folh"s de palma eom bocca e-treita, ped .ço de ('OIl1'U cru o"ado, que os
o fJllal tie enehe do mandioca, rnlatln, laçadol'es poem em redo\' da CiD tu\'a,
pnla ,er exprenJida nll, prpnsa e Iic r quando laç',m a l'é; erve pal'a alllp<1.-
bpIU euxuta, depoi do CJIIC é levada ao rar a ill,al'c>as quando e tiC~lill o laço
furno e rpduzida a farinha (V, de (Coruja).
ouza Fontes). No Rio rle Ja.neiro. ('0" Tirâna, s, {. (R. GI'. do S.)
tllll1lJm da I' o nome de côfo H um Tipili variedade des es hai le ca m pe,;tr,'s a
mai ' exten~o cnm cerca de d"u ' m, tI'O 'lue cllamam gelalmente Fandallgo
ue c lmprimento, Montoya e~creve Te- (Coruja) .
pili, com a dpriniçã tle ill'lru"lenlo de Tiriríca, ,f. nome commum
7wjn de palmrls, como n/(/71ga, paI'a as di "CI'saS e"pecie' de Cyperarea' que
espt'imtr mandioca II Elym, E' voc, e el'contl'am no BI',lZil li EIY'I1. E'
tupi, I ;\ lialiia lha clI .. II am Tal,iti. PI'OV,JIIIClllle voc, de ol'ürem tupi.
Tipóõa, " f. (pr01>S. do N.) pe- Tiriúma, adj. (S, Paul,)) SÓ,
quena reJe parn, dOl'lllitoJ'io de cri,lD- ue <tcom panlJado: Carne ou peixe liriu-
ç" . III etle de~linaclà ao trnnspor'le ria ma, SPIll l'ào. Pi'io liriÍtolO, 'em curoe
pe OflS, Ne te sentirlo é tel'I110 tam- ou peixe. Durilnte ii minha vi; gem ao
bem u 1I,tI em Angola (Cnpello e Iv II ), ~ertão, não ti ve ú 'ezes l'a 1'8 meu
II Clul1'pa pam u~tenta1' uni bl'''~'o su tento seni'io cnça tiriüma. II E/ym,
uoente. II Nns roça" do J< io rle Jau iro. é D,'rinl-'e do tiq,i Iti/r(ll/la.
um;l pIJa elho grll,. piro no qual ,e c \/10- Tir -de-laço, s. m. (R. Gr.
caa pef'IMou bl'nço rl';Ictmafio ai li fica. do s.) V. Laço.
em repouso até (j'te cheg'tlP o opprndOl', Ti-tár'a, " '. (Bahia) palmeira do
II 1':' voc. de 01 ig-l'm tllpl (VOC, Bra::;). g'f'ltel' De IllU7ICUS (D, lophf.lclmlhr)..y. A s
Ti pú<:a, s. {. (V,.ile do Ama.:;) di \'ersns (' 'pr>('ie., de t g- nero d':io, no
ultimo It-ite mai g-rps'o e mais rico ,llle tio .1\ ma ZOllas, o oOl11e de Jacila1'a;
em serwn qUi>. e til a ti;) "acca ; : qUI'Ile e em Matto-liro:; o o de UrUlllblll11ba
leil e qlle se pxtra he 1111 ndn jit se ~ti1 u (Fl.,ra Bras.),
psg-otar a têta. Na' fazendas; conse- Ti I ía, s. f. de ign' çüo infantil de
1ll<11l1 aos doentes CJlle nÃo helmm o pd· tida. II EUI PlIrtngal rlizl'nl tili,
meiro leite, mas sim a tip"Úca (J. Veri'- 'Ti tinga, S, t (Parei) manilhas
imo), brancas que apparecem, como pannos
TITío 140 TRACAJÁ

no rosto e outras pa.rtes do corpo. II E' frescos, mui produclivos. e que vão sen-
termo tupi. dOflllltivadns (T. POlllpêo).
Titío~ s. m. designaçij.o infantil Tornba-Ias-aguas, s. m.
de thio (Mai'al'lhüo) o mesmo qne Tramba-las
Tobatinga, s. r uome primi-
tivo da TabatinglL. II EIgm. Composição
agJl('s.
".I:'opetúdo, adj. valente, de te-
do suhstanti vo Toba, barro, e do adj. mido. II Et!lln. Tem pruvavelmente a
tin.qa, bran o. me ma origem que u, tle Ca1}m-topetudo.
Tobiâno, s. m. e adj. (8. Pat~lo) Tor'çal, S. m. (R. Gr. elo .) es-
cavn 110 de certa raç~. pecie de cabresLo, de q le serve o
Toca.dôr~ s. m. (JIinas-Ge"aes) cava.lleiro, conjuntamen te com a re-
almocreve en arregudo de tangoer um deas, para melhor conter o animae
lote de animfles de carga. Em São a.,r'Í5cos (Col'uja). II Em Portugal, TOI'-
Panlo lhe chamam Camarada eie lole. çal sigoitlca cordã de vario" tios de
Tocáia (lO), s. t. emboscada em seda, OUI'O, etc., sel'villio de adorno n03
que se occul ta alguem, com o de ignio de vesti,los antigos, e hoja de aca, ear ves-
matar a outrem. ~ No Pará dão tam- tidos (Moras,).
bem eS3e nome ao poleiro das gallinha.s Tord.ilh.o~ aad. (R. Gl'. do 8.
(B. de Jary). II E' vocabulo tupi com e S. Paulo) diz-se do c:tVallo cnjo pêlo
a significação rle choça, e tem por syn. é ai picado de Lr..Lnco e preto. Tordilho
lapyi.::. (Voc. Bra;.). ~ Em guarani. tocai ne,qro é aqnelle em que obl'esahe a cõr
tem a dupla signilicacão de cUl'ral e de e, cura; e TOl'dilho sn.bino Quando é ,11-
cerca que faz o caçador, para não ser picado de branco e vermel ho (Col'uja).
sentido da caça, e o andaime que ('az Em Portugal, o vocabulo TOt'dilho tem a,
para laçar ave'. E 1<"L segunda accepção me ma izui ricação que entl'e nó'.
cahe bem á rie embo carla. Torêna. s. m. (R. Gr. elo S.) ho-
T ucá ia (2°), s. f. de Tocáio. mem s'Icnrlido, guapo.
Tocl:"iar~ 11.11'. fazeI' espera a Tor6~ adj. (Maranhão) diz- e da
alguem COfll o tim de o matar traiçoei- pes'oa que perdeu a phalange de
rament . ~ Em bom entido se u e\' des- Dlgum delC' damüo: Antonio é t01'(;
te verbo na accepção de espl'eitar al- da mão direita (B. de ta to o). II Etym.
guem, por quem s~ espera em cl:rto e Pa r ce nM:cer do verl o torar.
uelerminiloo logar. Torroáda, s. f. (llfaranhão)
Tocáio~ a. . (R. Gl". do. S.) o nome que dão:i. rendas que app Irecem
meslllo qne xará. no terTellOS arO'ito ·os e alagadicos de-
Tôlrlo~ s. m. (Paraná) O mesmo poi' de s~cco , e que torl1.m clirTiceis e
que 'lldê,~ uu llfaldca. II Elyflt. E' tel'mo periO'o,os o c:lm;nhos. II Em portilO'nez,
da Amel'ica Meridional hespanhol'l, si- Torroacla ,in-nifica multidão de tor-
gnificando bal'raca, cuoça ambulante, rã. 1', pancfvbL com tOl'rãe (A ulet ).
que. erve de habitação aos lndio TalJto Tosse-coID.J>rida~ S. f. (São
bas1:1 p'l1'a rtlCon hecer- e que o vora- P,tulo) coquHiuclle. II No Pal'ú lhe ch 1-
bulo Tôldo com a ~ignific;)ção de aldêa, meLIU To'se-dl'-gllariba por llie acharem
no~ veill das republica l'lat;nns. uma cel'ta s'·melhfl.nc..'l. com as vozerias
Tom.badôr·~ s. m. (Bahia) en- cle~te rl'HH!r'l1meL110 (B. d,~ ,Ta.ry).
cost L ingl'eme de uma montanll" ; e Tosse~de~g'uaríba, f.
s.
l..mllem 1 deira empinada (Arilgão). (Pará) O InP mo que To,.e-comp,·ida.
II E/ym. Do verbo portuguz tombar, Tourear, V. ir. bt/l'lesco (R.
no entido de cauir pela montanha Gr. ctv 8.) namorar (Cul'uja).
alJaixo. Tourún<>, adj. m. (R. G,·.
Tom.badôrps. s. ?no pl. (Ceal'cio do 8.) roncolho; boi que por mal ca -
e outl'as Pj·011S. do ;Y.) terreno, desig'naes trado ainrhL procura. a vaccas. Outro
'escarpad03, cheio de b[\,I'I'oC s (J. Ga- tanlo tlizem do cf\.vallo{JtH se ach[\, nas
leno): O outro lado qo rio é c)m posto me,m IS Ci"ClllTIstal10Ü1S (C()I'llja).
de serras, ivlnUClrlO?'es e valll s, todos Tracajá~ S. m. (Valledo Ama:;.)
coberlo de matta , e mais ou meno especie de 011elonio tio genaro Emys. II
TRA:t\1BA-LAS-AGUAS 141 TROPEIlW

Et!Jm. E oriundo do dialecto tupi do o~ eios e sempre com ~olução de con-


Amazona. tinuiela le, apre~elltllndo d'e ta sorte
Traluba-las-ag'nas, s. m, c I nites mui; ou IIlellM profulldos e llil-
(li/tor(J~ de S. p, ulu) logar de en- V'-,!2' I veis (Con'A de I\lol'aes).
conlro rle dnas marés, &111 um canal 'rra.yessão (3"). s. m. (R. Gr'.
que ter.ll,l, dUil ahitl,l. pl1l'a o mar'. do :::;.) li p'II'te IHuis lilr.;a d'L CiLlC IlI,
(H."llouç I~). II No 1I1al'anhüu Ihecllill1lanl qu. fica soll1'e o 10')llJillto, quowel se
T0111ba-/.ns-og~!as (C. A. Mar'ql\e~). en~ilh" o clv,)lio (O r·uja).
'rranca, s. f. (/ittor'J,l de a~­ 'r.·elente, s. m. ef. t')l'arela.
gwnlls pt·oos. do IV.) o mesmu que H.e- Trelel", v. intl·. la'"<1l'elal'. II
tl'a",'I1" E/.'IJr!. De tl'é a: Dar l.-é/a, pux,Lr aI·
Trallco, s. m. m. Gl·. do S.) gllPI1l a Cnnvel',.a (Anlete),
mal chôl natural do côlvallo em viagem TrOll'lb:lo, s. (. (Malta-Grosso)
ou pa;, eio, . em que seja preciso acti- O nlP1110 IJIIH Itoilllbé.
ViiI-o (Col'uja). 111~m Portugal signi lica; TI.·oD1bon'lbó, s. m. (R, ele
salto ltll'go que o Cllvnllo dá e l)ára Jan.) cel'Lu molo d0pe,cap taillll'1s, o
logo. e De ·te sentido é termo orjundo qual consiste em gua1'l1ecer um dos
de Hesp;lnha. Lordo.,; da cunÓI10 com esteiras sl'guras
Trancúcho, s. m. (R. GI'. pOl' fueil'os. Na e~t çãll em que cos-
doS.)bebado (Cesilllbra).IIElylYt. No tllmam as t,,jnl1as subir' os I'io., entram
Mexico o vncablllo H'wwa significa bor- por elles <J canóas armadas elo Tl'om-
racl1eiJ'a, (Valdez). Talvez sflja; esse o bombo, e l'rocueam apertar o peixe
ra;rl ira I do tel'mo rio-gralldense. par,1o uma t1<lS mn.rgens apre entan-
Tranquito, s. ?no (R. GI'. do-lhe a bopda não gual'neciua. O
do .'I,) dilll. de Tronco. peixe intentn fugir saltando pOl' cima
Trapoerába, s. f. herva me- dl10 cano.l, e da,ndo rIe eLlcon tI'O á esteira
dicinal e IOl'l'ageira elo g'en. T"ar!es- cahe no flllldo della.
cantir! (T. diw"etic'J) ela film. das Com- Tr'onco-de-Iaço, s. m. (R.
melinea . Na Bahi-l, no Mar;lll hão e 110 Gr. cl~ 3.) apPlrelbo empl'eg'arlo para
Pará, lhe chamam 11Ial"ianilih.a; em pI'ender um homem com toeIa a segu-
Perlll)mbnco, Anc/.rica. rança, o qual COD3i~te em tomar uma
Traquejádo, a, arlj. pratico corda, amal'eal-,l pelo meio ao puscoçe
em qual'luel' cou"a: I!l' homem mui do paciente, esticlI ndo-a o mai po-
traquejado no comm('rcio, na agriC'u 1- sivel e anmrr.. !'-Ihe as extremidades
tura, na pol iticn. II Et1lm. E' em d11- em duas e taca ' ou cousa equivalente
viJa oriundo do v(;!rbo antiquado por- (Coruja).
tU!!UPZ l1"aque}w', com a significação de Tronqu.eira, S. f. (R. GI'. elo
exercilar, tornar apto para algum fim S.) nome qlle dão 11 cada um elos <1ous
pela px periencia.. g'I'03S0S esteios em Cllj03 bUI'acos se in-
Traquêjo, s. m. muita pratica trc'clllzem as vara da pOl'teil'.l (Col'uja).
e experieucia em qualquer serdço: O Trópa, s. f. especie ele caravana
tt'aque}o do commercio; o tl'aq'~e,jo da campo ta, ele be'tas de carga. Nas
arte militar. Aquelle rapaz é lllui io- provincias do Norte lhe chamam Com~
telligente; mas fnlta-l he o tl-aque,jo boio. "Tllmbem dão o nome de trdpa
da viela.. 11 Etym. A mesma que a ele a uma, grande porção de animaes mua-
Tl'oqup,jf'J.do. res que se D'uem pal'a a- feira s ou
Tra'vessão (la), S. m. (Pm'. ou1J'o qualquer destino. No Rio-Or.
elo N.) cerca. que separa os terreno ele do S., é uma grande porção de gado
criação elos de lavoura, para impedir a. vaccum que se conduz para as char·
illvn ãll do gn dos. qucada!". Em tod os o I11,Ji sen tidu. 1
'Travessão (20 ), s. m. (lIIm'a- a palavra tropa tem no Bl'azil a me ma
riJuío) banco de areia que vse de uma significação que em Portpgal.
a outra maJ'gem do rio, e ofrerece vau Tropeiro, s:m. (S.p(tu~o, Minas-
aos passageieos' (Aranha). fi Em Gcyaz, Gel'aes, Parand) negociante cuja in-
dão essename ao recife. qlJkl' atrave sa . dustria consiste em comprar' e' 'vender
TROPrLHA 142 TUXÀUA

tropa de nnimae, cavallares e mU,lre . Tupé, s. m. (Pará) gra~de e,tAil'a


II C"nllu ·tOI' ,1 ' tl'OP I. gl'o '11, 001113 .13 deiti\ a Cc.,1.I' lIO sol o
Tropdha, s. t. (R. Gr. do 8.) iWt'O/' (J ontl'u: IJI'odnclo' da \IVOUI'a.
porçãu Je c v.dlo, "ol1dl'initauo'. ~Jai' Em ;.: u runi, TI'p I e um ce tinha de
prOpl'iilnlente :e diz de C<1.villlo· (lo c 11'1 ;I modo rle lllll pI' I to gl"lnlle
me~mo pêlo: Trnpil"t.a de LJaio ; tro- (Monloyn.). II Etym. E' vúc.d di decto
pilha ri e,curo: etc. ~endo de ditre- tu!,! do A'lI z. (cout I U. M 'galhii ,").
rentes pêl e cham I Quadrilha TU"éba, s. m. (Bahia) valeutilo
(Coruja). I Etym Do ca ,teU!;l no T,'o- (.\ l' 1!j,tO)
pi/ln. diminutivo de trupa (Vn.ldez). Tu I'Í ún., (. (Pal'à) o Illesmo
Túba, o me'mo 'lue T))hu. ([ue Ilhiré.
"rucâuo, s. m. nOlne ('OII101UI, a ')·ul·urnb>lol.uba, s. m. (provs.
diver~lls aves do genero Rh.a.lI1p 1wsto do N'.) iJalblH',!i I, ;lllel'caçào. di 'puta,
da ordem dos TI'ap·,dor,·s, not I veis pol' rle ord"'m, Iloa",graQão,. couf'u,;ão, e,-
seu enormA bico. "Etym. J!:' vocaLJulo te •lati" : POI' Oe II 'ião dil' pal·ti lha
de o1':"'em tn i. hou v n'aqu J la c I • t'llllaoho t"rUIn-
Tll<:l.Un, s. m. nome vulO'ar de di- bamba que o',ri"'oll a iolpl vi' a policht.
vel··,I.., 11,1,lnlell"S p, rtencenle ao ge- )'urllri (IO),s. m. (Pari) gellnde
Dero Bnctris a A.·tr.,cu1·yum. II Tilmbem arvOl'e tia r gião ama/,unica I' I'teo-
e diz li'·UI/I. II Etym. h.' vora ulo tUi'í c@ule no "'1311 e1'0 Couraulri Ih ['.lIl1ilia
TucuITlân, s. m. (Pw·/t) o me da MYl'l:Jce t'; (~la.I'till;). Sua tona
comlllnm a di \ er~as p,llm i raS do U'en. oITel'cca dilatado 1)0(01105 de qU13 !:le
Astl·ocory"Ill. I! E/ym. l~' voc. tnpi. servem o:> iodlg,'nns p.11'i' II vestiu 1
Tucupí,~. m. (PaI"! e Ilm(l;:;.) e - e ~ão de uma Ó p I,:a e sem c I tl1l'lt;
pecie ue wólito feilo da lll(1nipneiJ'a, Ot1 quando mUito lh 'achtptam manga, .
succo da I'" i z da mail li ioc:t, o q 11 I ti ,- Sel've-Ihe ainda e ·te tecido natur ti
pois de expl' to ao calor do solou rio pal',t fazer cohel'luI'e, llJU rpit...iro',
fogo, "lem de pel'der, pela eVllpor"ção, esteir;1 e chapeos ,')UI tino, (11'. Bem\,!'-
SI1<:lS qnalidades venenos", e sendo dinn)
cnn venienteme!1te temp rarlo C.lm pi- 'rur rí (2°), s. m. (Pará) es-
menta oulro' contlllnenlo • S9 lOI'na pI tha IiIJ1'osa do Bu, li, e p cie tie
inotl"ensivo, e é mlli u 'ado em toda p ,lmeil'a do geoero ilIlJnicaria o da
a' meS·IS. II Etym. Do tupí tywpy qll'Ji {~I ZP.1l1 C\I'apuQ'lS (B enit).
(Dicc. Port. Bra::;.). II A e te molh en- Tutú (I"), s. m. ente iil1fl.ginaric>
g:oslldú com fa,einlm, CII'n, ou outro com que 'e metle merl li' cl'ianç,t,;: ,
tubel'culo dão o nome de Caissumu (J. chora "alá Hlm o Tutu. ~ E/ym. E' voz
Ver'i,; imu). iII r" o li I,
TUI.l·a, adj.' (Valle do .1,,111.':;.) Tutú (2°),s. m. (n. de Jail.) p-
pardo, (' IlZ13ntp. CÔI' pl'da desLJot~rll, cL de cOlJlid,t qne con-i t em feijlo
1'u:;0'11 E/'II1!. E' VOC. lnpi (J. Veris- 0ozldo mi t'lrlvlo om r"rinl1o. 'Ic JTI'lll-
simo). ei.'(;I' tradnz T',el' em fi ,I'rI " lli, t ou d' mi 1110, 1~1l1 . Pau lo cha.-
cinzento, e o IJicc. PUI'L BI·az., t1/guir 11\0.111 ti i ,o PallloHd I, Virada e BevirCl.-
em pal'rla cÓl'. do. II E' c I'lamento o qUA Anlete
Tuj llcál, s. 1,~. o mesmo que chama. eJ'l'OIl 'amen te Tu/o, U ngtli ou
tijucUl • , Pa~s6cfL. A Passóca é cou 'o, c1iITel' ote'
TUJuco, s. m. o mesmo que e quanlo a T'lto eUrgul ãopalanã
Tij''''n qnp não conlteç .
Tnj upár, s. m. o mesmo que Tut.urubá" s. m, o mesmo que
Tij' ri ! ClIlilil'lb i.
Tu IIbansa, s. f. (('enrá) e"- Taxáua" .~. m. (Volte do Amltz )
per'i" de eu "id,. "eH I, de c:Jstal,h t de c'lofi) d IInm t I'ihn do abol'igll\es. II
Ci'jli torrarl<t e pisu~." SUIlIO da me~mo. ftly n. I~' I'OC. tllpí, l11etfl.pl SIllO de Tu-
fI'lIr: t r1 e fl8sucar'. bia: 1bl1,. II A I~nm'ls tl'i bu; dilo aos eus
Tuuc. " s. m. (Sej'O.) o mB.sU1O que cllefps o nome de Muruxáua (.:ieilw'),
Mu(Oo,J;o (d. R.,Puléro). ~tWumuQ1Jua, altefação prosodica de
TUYUY' 143 UMBU

JIorobixdba; e no Rio-Ne!!l'o e pl'oxi- UaF'sa ú, s. 111 (para)palmeira


mirl \lle' tio t 11' no('o o do Cu.cirjllll íL. uo I!PII I' ,·HIl eu p1.11'liu ').
Am zona.). 11 Flgnl"ud 1111 'l1t... dão o Ua -;;ú, "rI} o me '1110 qu (luas ú.
Don I ue l'rt.J;Ju/I a illuil'iduo iII !I lIe II L U t pú,s, 111. (Pari) buina de
no I,)~al' I']lle halJita: II cOlllluenuuu I' F. quI:' 'e "1'\''''111 O IUllio: pI-' cad, 1'e com
é o T '(1) iua do Illunic p o. a pl,,·teo~'lo de a ltl',.lIil' o peixe. li 'o
Tuyu3''""Ú, 11/. "".lnde av 1'i- Geara dão o nome de Atapú a. um buzio
!Jeil' ulla, rio ;,reli ''o ']Iyctuia (.11. a l/te- I!l'aorle, qlle. l've de bUlina. O janO'a-
dcalla). ~ '0 Pal'à lhe CllalJlatU TUJlIju d iro t IC,I o huzio P,WIl cbamar o' COIll-
(311I>n'\) . pnnlleil'o~. ou o' fregue7. P · no mercado
T ·... ha, ,'oc'\!lnI0 til pi i~njficando rio pei~~ (J. Ga leno). IJ Etym. ào vo-
10Cl';1I' 0.1 Itio onde 11,\ '" ulldallcla ou cabulo' de 01 i!retU tupi PO'IIL1do não
l'eullião de muito.; mdl\"iull' ou CDu-a é não :~ C'o1'rllptela do primeiro. Em
da m .,ma e·pecie. I'e de 'ulfixo ii Cl'uilrani Gttatap'~ lIe,i ern'l uma. e~pecie
d nOluillaç;lo tle loe lidarl ., no' Ino- tle cal' Icol mui "'r,wue do !Dar (.\lon-
mo 1\ -os em quo ellllJl'e:ramo' em pOI'- lO\':1) .
tugu z U -lIl1ho al: Gt.«ll"ot"b'l, (;Ull' ,- ·u l turá, s. ln, (Pard) o me mo
z·.\ ou llgnr di' Illllito G lHI'Ú' II/lI1/f1- que ~tlt/'lL
rat"bn Man~:pl'azal 011 II):.t'u I' de IIIUllo Uáua -ú, ç. m. (Porü) palmeira
Man'" Irá; tc. No-le 1'0 'auulo a I ttl'a llo :.renel"! AIt·'le, rd..speeiosa ,lal'tiu ).
'[j l' '1.11' nla um om frutlur I de.dim- EXl ta el1l .\[allo-Gl'o"o uma e peCle
ilim'l IJronunca. para a1u !le lju não rle Palmeir.1 com o me; mo 110 ne. !'l'â,
pl'alie ma lin"ull lupi: e dahi I' ll1 'lue i )'llllicl\. à do Pal'à. ? II Etym. E voc.
e 'ii na linguagem vul "'.I!' ora e con- tupi
vel'la em i e ol'a em u. 1'01110', [lor Dbá (l0), s. m. gl'amine1l UO gene-
exel11(110, no mnnicipioda CÓlt a fl'e- 1'0 G!llleriwl~ (G. 'uecha"oide), de cujos
Cl'u zia rle Gna1'lltiLa. e 111 pl'ovincia do pedllllculo razelll o - el\-a"'n uas fl'e-
Pal'ana u "illa U Gnar ,tuba, teuu am- cha' e O' I'o"'u leil'')s a~ cauna d0' veu
uO' e~te nome' a me lua ol'igem e a l'llgUele . Te:n o porle da canna de a~ u-
mI" IIla ·igniticação. cal' e pOl' i o lhe cbam'lm tambem
Tj"'pj·rat:\·, s. m. nome que os Ca.ma-bt·uva, t Il1to 110 Rio de J lU. como
Tllpiwwlun.- e Guarani' ti ,valll a fad- lU OUtl',l" pal'te-. A e-ta ou e:pecie e-
nna n itll d.1 I'a~pas da. m:ludio I. ~' melhallle dão em ~1'ttto-GJ'O ',0 u nome
pUIIl\. que e.te 110m.., ali l ' tão uUI pela de f'fl,ll!iubd. II Et!lm. E' vo. tllpí.
lIn e l'e~ji\lidutl", tenha cahido em Uha (~O), . m. (Valle do Ama:;.)
li, Ih·l. e-p L:le de Can0:l r it I de rU-Cl in-
Uacuman~ $. II/. (Goy'l", .1Itztto- teil'iço de arvol' , rr No dialecto tupi do
Grosso) Illlllltl I")mmllm a !lua' p, [le- nl clIamuv D1-lhe Hpdi,qdl'(l (Voe.
ci' cl P,l1meit"Is do ~ 11 '1'0 Cocos 8.-a:;), cuj.1 tt'uducção littel'al é canoa
(('. Cll'l1f/l'stris e C. jJet/'wll l\I lI'tiu '.) II de (',.ca d~ pau.
EIY II. E' \'0 . tllpi Uh.\.ia. .<. f. (Pem) O me mo que
U aj urú, s. I/L (Pani.) o mesmo Pilou/b". II EI!lm. ~. voc. de 01'1"'elll tupi
qu a""jl'r:l. c 111"0 lo lle "bd, 1'1"lI:b, e a.lla "zed'l.
U ru i rí, s. I/L (VrLlle do Ama:;.) Ubilll-U'l·l·illl., s. m. (Para) P'l.!-
nOlliU da. pe'luolll (Iexa rll Zal'l1b ,tina. ln il'l du gan.:l'o Gconolll" (G. acatais,
II E Ylll, ','<II'inçá dia.lol·\ica rl Uiba- i\lal'liII ').
mirrul, -j"'niticLLlldo (l'fJcfla peqltCrltl, em Uhirn.-uas-.ú, s. m. (Parei) paI-
lil1~1l1 tllp! mil" dll g 'lIel'O Calypt/'OIIOllll te. ro-
U "l'uh', , 111. (Par i) m°, - 1 rl" busta), Cllj s ('.. I la" .,el'\·e~1I p:lra courir
mnllll<.ea pllb'lIli·tnndlr'oll1 -<l.l1lh C''':l< (1"lnm B'·II<,).
e pilll 'Ilt,l d, t '1'1',1." 'II(LI é de"l'eita !lU Ui l·al".I., s. 1/1. (Vttlle elo Amll::.)
I1ll)lh J do I'ei ~e 011 cal'l1L'. Talnbolll lhe sIJJI'i de \'611·'no com que !tervam
ch 'Inam ,\mbj (l3aLJIJII). sua.; Nex') o' - Ivag ns.
U ssahí~ s. m. O mesmo que Umbú (I''), s. ln. o mesmo que
Assahr:. • I-mhü. -
UMBU 14·1 URUlÜU

UIllbl1 (2·), s. ?no (parmui, S. Ca- fi' patrona do 'olrlnrlo. 1ío tambem
lharill" e R. Gt·. da .) :-,rande arvore li IlfleS no C"'nJ'a. ~ ElY/l!, E' "O . t Ipi
do gene!' Pircunifl (P. dioica. 11101.) Q Diec. I'ort.-Bra::.. o lt'aduz em Côfu.
da lumiliiL d \. Pltytolli1ccl'a' ('l1al.ioll). Urubú, s. m. ave tle l·aptn.• do
E 'ta arvoro vi\'e taml em no Pal'al!1l l Y genl:ll'<1 CuUI'lrb-s. lJu e I\linent;~ rl
e n I Repuhlica ,\rg-entIlJa' e, inl(ll'Op\ ia, c,,1'llp p,,,lre·. ria tambpm no me mo
paN qu t1qUf'l' obra, da toei, \'ia íntn, g-ene1'o o Urllbutill(J", mai' glr.oImente
nini rarJ'e:.rada de potils·a. No P.,raná 'hall1ado U,'uúu-rei. nut,lvel [leia ua
lhe rhilnl'lnl Í;llubem .Varia-,nolle. fo "111 III'fl .
Unlbuzáda, . (. o me::imo que U.·ucú, S. m. SUl) l:\ncÍit tincto-
Im/m:;nda. . ri I flue rev.· te a' ·enlenl". rio C1'ncll-
Ulla, arlj. 'oC. tupi, igni'icando zeil'Q, lll'bu to do gener I BiJ'a (B. Orl!l-
preto, e~cur'o, E' ,ó II aolO de cO'lIbina- {r"ln) di I'alllilia d.I' I?lc.lcour ti.leea'. ~
Cão com uu taoti\'c daqllf'lla lingua: E/lj'll. E' \'oC. til I/i.
Iiaima, pedra. preta; Pirrzünn, !,tlixe U "ucu rí, . m. (Vfltle do Aula.::.)
preto' ünina, hena pr'E'ta o t E'cura. palmeir I Jo gell )'0 Aaulell (.1. O.I;CI'l. a).
O I nctio' diziam inditrerentemente tina II H l tamhelll na i:lahia e Pe1'llôlmbuco,
'ou pi,cwV1.. COlll o me 'mo nom vulgar', oatm es-
Unheira, S. l' (R. Gr. do , .) peeie perte I~Pllte ao gellero roco (C.
matadu!'" illcuruvel ao 1,ldo do fio do co,·nl1alr~). II E:Y/I/· H;' vOC. tUi'i.
lombo dos cavalln, pl'OvOl\iente do UI·uUlualllbl.l. S. {. (.1JIttIO-
m" u uso dos lomuil h03, Na. cump loha O,·osso) pu I nll'im du gpnel'o Deslltultcus
chamam-lhe CltiJ1'a, e ao qua a te;n (D, mdcnlum), de IJ le ~O extr di pa-
Cuerittlo (Coruj;\). II Etym. Em lin- lhinha p'lt'a;j' r.adeir'iI.. ).. divC'l'sas
gu t portllguezll, Unheiro, S. m" é uma e~flec e t1.... ::,te I; nero dito, no "alie do
apo tema na rtliz da unhn, e ne te Amazona, o nome ele Jacitá,'a e na
sen tido é gerillmen te u ano no Braz'l, Bahia o d Ti 'rira.
Não me parece que po fi s r e"a a Urulllutulll, . m. (Valle do
oJ'ÍI!'Am do vocabulo J io-granrlen e. Ama:;.) a \'e do Keot'l'o nrna; (C. U ru-
Ura, '. f'. (Pal'à) nome do verme nlutum) c\ I ol'df'm do G.dlilt ce'l . II
que se cri.. na ferida do ani mae Et:/m. Uo eJônlecto tu pi do \mlzona.
I rva de uma especie de mo cu. II Ely m. Urupêllla, s. f. e~peLÍe de pe-
E' vocabulo tupí. neir a gl'O, ·I:lil·a leltn de taquara ou de
Urapú<'a, s. f. (VaUe do rlmaZ'.) ";lona ur,lva. II Ely"l. ~' vOC. tupi
o mE' mo que l1rapúca. (Voe. Bt·a •.). Na nle ma Iíngna, tu mbem
Urca,adj. (Serg.) granele, enorl.l1 : diziam GUTl'pêma (Oicc. pf)/'t, Bra~.)
m individuo ·U/·ca. Uma igl'eja l.lrCa e a, im lb chama oconeg-n F. 13el'nar-
(Jo1ío RibAiro). dino. Tnmbem c ouve ~Urllpell1ba e
Uricâna, s. f. (Balda) palmeira .4rupel1/ba, e e te p"'llnrlo nào é tnai
do l2'enE'I'O Geonoma. elo que a corruptela do primei!'o. II
Urso, S. m. (Bahia) mandvtario Além do erviço que podelll prl:dar
de IlS 'as ina to . como peneÍl'u , tombem a emp!' "':1 1t
Urú (lO), s. ,no ave uo genero gente pobre á gni • d po!'ta e .ianel-
OdontophorttS, familia lia Perdicea, e la .. corno o vi em Oein do Piauhy'
ordem das GaIlinacea , de que ha mai e outro tanto faziam cm S. Pu.ulo anti-
de uma. especie. No Rio de Jllneir'o ga mente na prox imidacle da, cidade
lhe chamflm Capueim (20 ). ~ E/ynt. e villas.
E' vocabulo tupi. Urupelllba, S. f. o me mo que
Urú (2 0 ), S. m. (algumas provs. do Unl.lJêma.
N.) especie de cabaz, ceslo ou uo] 'a Urllráu, S. 111. e pecie de grllo-
com tampa. Fazelll-atle fullras de [lal- de SI uI'io lI1ui 01'0.7., ql1e vi ve nO<i l'ios
meiJ'a ou cipà fino, e serve de malcl de e laglls, e são mui eonheciclos na pro~
viagem. Algumas ~ão grandes e podem vincl. do Rio de Janeir' , oncle t,llnbem
conter tanto como um Cassuà (Meira). lhe chamam Jacaré de papo am.aretlo. ~
No valia d.o Amazonas, trazem-as como Etym. Alteru.ção do tupi Uturd.
URC SAC'.\i.W.~ l-r; nlJ.\ DE C~l LOPB'

U .I:us. a ·allg;ê.L, S. ii!. (VaUe do Var~lJnda, s. (. (R.. de .Jan.) O


.lma.;.) o mesmo que lturá. II Etym. I)]'imeiro do tre compartimento' cm
De Uru 'sacrrtl d dialecto aOJazonieus . que se díyiJc um curral de pescaria,
Urutáu, s. m. ave de rapina. e a lJue t lluLem dão o nome de Co,·açao.
nocturna do gencro .Y!lctibill'. lle QU'3 Ta. P'lr. tio N. lhe chamam Sala.
ha mui cie um~t especie. II Et!lnl. E' -Var,~ndae, s. r. pt. (pro"s. do
nome tupi \l.·ado Lamu '111 pelo li UeU'U- ~.) "'ua.rl1lções laterae, Jas rede.; de
nis do Parag-nay. dormir ou.L trausporte as quaes são
Urutú, S.lit. (pe"'mm) e 'pecie de ['cneladas e :i veze ornada. de Dore:;
C01Jl',l, v neno i'sim . de penl1as.
U. '''';ú adj. me mo Cllle fJlkl SUo Variar, o. tI'. (l?. a,·.do • . )
Uyáia, s. {. (Rio de .JClil., S, Paulo ensinar o ca vallo a correr p,Ll'elha
c outras j)l"oo,) fl'ucla da vaieir,l, com utl'o. Qucwdo e~se acto tem lJOl'
pl'\ll La do gellel'o Euqcnia, da !'amili.t fim eOO1pa.ml-o com outro, cha.ma-:;e
das l\Iyrtn.cea,', de IJne 1m ditrel'eute, a i '0 Coteja,' (Coruja).
especies. II EtUIl!. E de orirrem tU[li, e Vasante, s. f. (pi al,hy, Par.,
lem a m ma ·ig-niticaç.'io que Ubliia, R. G,·. do N., Cea1'Ci e Pem.) horta
i.-to é, fl'ucLa, azeda. que se cultiva llO" leito terrenciae',
U~·{lJra, .. r:
(Pará) nome de cerLo durante a. estação secca, e con i te em
onte plU1uLastico repl'e o tndo por UlTIt1 di vel'"a' e pecie le r.ucurbitaceas,
mulher qu re ide no fundo do l'io, feijão milho e outras pla.nta annua'.
e causa a o111bro ao viajantes du- Vatapá, s. m. (Bahía) e-pede
l'aut a noute. Tambem lhe chamam ele iguaria, que consi te em uma. papa
.1!1uetra e 1IllTi d'a!lHa e e te ultimo rala d- farinha de manclioca, adubada
synonymo ti geml a todo o Brazil. II om azeite de dendê e pimenta, e tudo
Et!Jm. E' vocabulo tupi, ~ignificanclo isso mi turado com carn 011 peixe. II
scnlw,·C/. da aguct. Etym. E .-oeabulo da língua yoruba
"\Ta,queanáço, s. lit. (R. G,·. úo (Colonia) .
8.) superlativo de yaqueano (Ce imbra). 'Veládo, adj. (pe1·)1.) hamam
Vaqueâno, s. m. individuo que cóco velddo afluelle cuja amendoa, in-
c nl1ece bem o tel'ritorio, eu cami- teiramente eeca" e desprende elo enelo-
nho, e atalho, e serye de "'uia nas carpo.
viagen . Tambem e diz Baqueemo e Velhaqueadôr, adj. (R. G)".
e la é a pl'onuncia mais commum em do S.) diz- e do cavallo que tem o
.t!O'umas provincias do norte. E ' voe. ma.u co tume de corcovear, quando o
u, ua 1 om todos o Estado americano montam (Coruja).
de origem hespanhola. II Etym. Vem Velhaqueadouro, s. m.
do radical Baquia, termo om que O" (R. Gr. do .) viriUll1, do cavallo, onde,
J[e panho 'do ignaram depois da con- sen lo esporeado, corcoveia (Coru.ia.).
qllí t:1 lo Mexico, os 'olda.dos v lho Velhaquear 1), intl'. (R. Gr. du
filie haviem tomado parte nell'L Tem '. ) cor oveal', dar corCOTO o cava.llo
o ,entido de habilida le, de lI' zoo; e ( Coruja).
quer seja oriundo ela Hespanha, quer Vêrde, '. II/.. (Piauhy e Otltl'CLS
da Amorica, e melhor lizer Boquiano 1J1'01)s. do. .) e tação da chuvas, em
(Zorob. Rodriguez). II No sentido figu- que reapparece a folhagem da arvo-
rado, applica- e ã. pe soa mui enten- res, e os a111pos e cobrem de relva,
dida em qualquer ramo de industria: o que da a paizagem o lUai gra-
Fulano e mui Vaqueano no commercio cioso a pecto: Emprehend rei a mi-
(los gado. "Em . Paulo e ontras pro- nha villO'em (lurante o Verde.
vinCla do ui, correspoml a" agtteano ""Tida de U.Dl. Lopes, ex-
o termo l'apc,jâm, de origem tupi. pre . ão g l'al do Rl'A7.il, p~rn. dar id fi,
Vaquejáda, . f. (p1·OOS. do N.) d,l, aba l'tnça e regalo com que vive
o mesmo que Costeio. ceI't~l, e determinada pes Ott: Fulano
Vaqu.ejar, 1), 'r. (P)'oo . elo N.) PllS::;a. e oida de wn L01Jes. DurSloute o
o mesmo que Costea)', tempo que stive naquella. cidade 1 vei
DI c. DE VOe. 10
IGILÊ GA 146 _-I '_A 'A
a vida de Ullt Lopes. II Não sei qual é Tambem -e diz, no me-'mo en tido,
a origem de ta expres ão. Equivl1le a roarapim e a:ê,·u. II Elym. Todo tes
dizer (l vir"~ ele um lOI'd, vida fidalga. "ocalmlo;; e derivam do tupi. Entr os
Vig'i1êug'u, s. f. (Pará) e- Tupinamba Api.r.c/'·a ignincava. P'll'-
pecie de emu.u·.:ação de rodell:1 avante ceiJ-o no nom p , na feiç'l,J natur II, no
e a ré, armada a hiate. II Etym. Pro- ollieio. etc., o que precedido d') pl'O-
vém-lhe o nome da cidade da Vio-ia, nome roê, men. tl'lUI,rormava em
onde são con~tI'uidas (H. Barbo a). xel'apixuru (Foc. Era:;;.). Em g'uarani,
Vinág're, adj. (R. de Jan. e a:e;'upi, composto de Xl: e tapi, el'U o
outras Pl·OVS.) O mesmo que cauhila. trl1tal1lento que a mulh l' ,lava a -eu
Virádo, s. m. (8. Paulo) o irmão c nlho (Montoya). Como b-m o
me)mo que Pamonlin. faz ob ervar J. "eri:> imo, a:êra não é
Viúva, s. f. (Rio de Jan..) o mui do que a coutracção de a:êr 1 ra,
me mo que LWltina?·iu. cuja traducção lilteml ó meu nome. II
Vi--veiro, s. m. (Rio de Jan.) . o R. UI'. do ~., em 10"'0.1' de 'e v ca-
o mesmo que Gni. bulo de origem tnpi, u Inl mais "'era!-
Vizindario, s. m. (R. G?'. mente do termo Tocayo que é de proce-
do 8.) o numero ele vizinho- que ha- dencia be pnnhola.
bitam algum lotar. E' expre 'são 11 ua! Xará (20), s. 7lt. (R. Gr. do ul)
na campanha d'e-ta provincia. e se uma da variedadeil de' E:' baile cam-
applica ao chefe da c ou. ao qu e pe tres a que chamam geralmente Fall-
uppõe e tal' n'esta po ição·(Col"uja). rlan.qo.
Volteáda, $. f. (R. Gr. do XarapiJn., s. "I. e (em. o mesmo
8.) operação. pecuarüt que tem por que Xarà.
fim apunh'lr o gado alçado. Aconte- Xarqu 6 ,çeus del'ivados. Y.
cendo ordinariamente que melbante Chal·q'lC.
gado se misture com o da' e"t<Jnci. XelD.xêlD., s. iii. nome com que
proximas, não podem o criadores e conhecia a moed t de cobre fal-a que
fazer 'Volteada, em convidarem o ha meio _ culo circulou no paiz. e-
vizinhos oito dias antes (Lei pro- ~undo MoI' les ha na rndia uma moéda
vincial n. 203 de 12 de dezembro de ue 300 réis cha.mada Xem. Duvido,
1850). IIObs. A respeito do ter'mo vol- porém que aja es 3. li etymologia cio
teáda, diz o Sr. Coruja: E te voca- no o vocnbulo.
bulo exprime o me 'mo que >olta. Xê ra, '. m. e fCllt. (parti) O me-mo
QuanrJo se presume que um anima! que Xllrú.
tem de pa ar por um certo pon t o, Xêrg'a, s. f'. (U, Gr. do ',) tecido
e ahi o esperam, USl),- e da phra e - de lan com lilvores nas heiroda:, que e
Esperar na volteada, a qual tem ap- põe por baixo (la carona (Coruja). II
plicação a outros ca os semelhante . EIYIll. Do cll'telhlno Jel'!Ja, nome qu
Vote!, int. (Pern.) o me mo dãu a 'luallJurr panno gro eiro.
que Tíbi. X .... riJ:nbábo, $, m. (Valle do
Vôvô, s. 'ln. Dome infantil de avó. Anta.. ,) qunltluel' unimn.l r1 criação
V6v6, s, f. nome inflL1til de nvó. dome tica, como aves, pequenQs mnm-
Vu, s. m. (Serg.) o mesmo que miraro', e sobretllno o nnimaes curio-
Púil.a. sos e de e -lima 'ào. II Etym. E' vo-
Vung-e, s. IlL (Pem.) nome om cabulo tupi que ignilic:l Iltteralmente
que se qualitica o homem mui abido, minha criação. II No Parauá dizem
e"perto, atilado. MmnIJft'Vo.
Xará. (1°), s. 'ln. e f. tratamento Xêxéu, s. m. o me mo que Gw)roe.
famili,lr de que usam entre i as pe - Xiba, s. m. (R. de Jan.) e'pecie
soas que tem o me-mo nome de ba- de lIatl1111e.
pti mo: JoédaSilvaéroarádeJo'léda Xi bé, s. m. (Patd, Ma?'anMio)
Costa. Meu roa?'á, minha a:ará. Ha muito o me 'mo q l1e jaciJ.ba.
que te não vejo, aJa·rã. Como tens pas- Xioáca~ s. f. (8. Pa.ulo) pequeno
sado, meu a;arà ou minha fl:a~'d: 111 cesto ou balaio com tampa.
147 ZUNGÚ

_ iéu" s. m. o me mo que Gwur;e. Zabêlê" s. 1n. (Baltia e outras


Xilindr6, . m. nome burle co provs. do N.) o mesmo que Johó.
da c ldê 1 Otl calabouço. Za.Dl.bêta, adj. zambro, cambaio.
XingaDl.ento, '. m. acção de Zangaburrinha, s. f. (Mi-
x-ing::LI'; injuria verbal: Pôde aquelle in- na.ç-Geraes) o me mo que Gangorra (l0).
rlivitluo dizel' de mim o que quizer; não Zêrê" a.dj. (Serg.) zarolho (8. Ro-
dou impol'Laneia ao eu xingamento. mero).
-ingar" 11. tI'. insultar com pa- Zinga" s. f. (Matto-Grosso) especie
lavra : Por tel' xingado O eu cama- de varejão, de que, na navegnção .flu-
rada, foi pre o o oldado. II Etym. Tem vial, se ervem os canoeiros para
a ua oriO'em no verbo CU-I'it'xinga, da vencer a correnteza do rio, quando é
língua bunda. nulla a acção dos remos.
Xiquexíque, s. ln. e pecie de Zingadõr" s. m. (Jlatto-Grosso)
Cactus mui abundante nos ertões da tripnlante que maneja a Zínga.
Bahil e outra pro,incias do norte. Z i ngar, v. intr. (M atto-Grosso)
XuruDlbaDl.bo s. m. pl. (. . mallej lI' a Zinga. II No littoral do
Paulo, R. de Jan.) cacaréos, badula- Brazil, ::;inga,' é imprimir a um remo
qne (Villaç:l). collocauo na pàpa do e caleI' ou bote,
Yayá, s. {. (provs. do .) O mesmo na direcção da quilha, um movimento
q(ll~ /ulllh/in. analogo ao da helice, dandú d'esta sorte
Yayázinha, s. f. dim. ile Yayd. impul o á embarcação (E. Barbosa).
Yazinha, s. f. dim. de Yalld. Zorô" s. m. (R. de Ja,~.) iguaria
feih de camarões e quiabo.
Ygára" s. f, V. 19àra. Zorrilho" s. m. (R. Gr. do S.)
Yo. ô, . m. (prov . do .) o mesmo o me mo que Ma.,·itacàca. fi Etym. E'
que ..YltonlLÔ. vocabulo que recebemos dos no sos vi-
Yp6" s. m. (Ceará) ter"eno bumido zinhos platino e paraguayos, e e o
adj-lc nte â montanha, formando var- diminutivo do ca telhano Zorro.
zeas ou vaU por onde correm as agua ZUDl.bí, s. m. ente phantastico,
que dellase derivam .. ão este t.er- que, ,egnndo a crendice vulgar, vagueia
reno campo to de barro preto, e,;pecie no interiol' das ca a em horas mortas,
d ma sapé, rico de humu ,formado de pelo que se recommenda muito a quem
decompo'içõe organica, e mui apro- tiver de percorrer o apo euto ás es-
priados á cultura da en.nna (T. Pom- cura~ que e teja sempre de olhos fe-
peo). Tambem e eSCl'eTe Ipü. churlo , par,t não encarar com e11e.
Ypueira s, f. ( el"tõe da Bahia II Etym. E' vocabulo da lingua bunda,
e outras p,·ov ,do .) lagoeiro formado significando duende, alma do outro
pelo tJ'an bordameuto do rios no mnDuo (Capei lo e I vens). fi Fig. na
logare bflixo" onde a agua se con- Bah'a, chamam :umbi aquelle que tem
ervam durtnte mezes, e ão O'eral- por co tume não 'ahir de cas'l. senão à
mente pi cosas. Por exten ão, dão o Doute: Tu é;; um zumbi. II Em outras
me mo nome aos deposito" naturl1es de pl'ovincia do norte, dão o nome de
ag'na pluviaes' mas a este de ig-nam ::;wnlJi a qualq ue!' logar ermo, tri ton ho,
mai geralmeLlte por lago '. II Etym. sem meios de communicação (Meira).
E' voc. turL II No Pal'u dão o nome de Zuugú, S. m. casa dividida em
Putira s. f. à lagoa lamo~a, mas en- per'Juenos compartimentos, que se alu-
xut" que a ch i do rio' deixa no gam, mediante diminuta paga, não ó
meio do campo, quan'lo chega a va- pal'a dormida dit gente da mai baixa
sa nte; pequeno pllude secco peLO sol relé, como para a prati(',a de immora-
nos campo (J. VeJ'is imo). lidades, e serve de couto a vug<tbundos,
Yussá. s. m. (S. Paulo) comichão, capoeiras, desordeiro;; e ebrios de ambos
coe il'a. II Etym. E derivado do tupi os sexos (D. Braz). fi Em Pernambuco
Jus àra. e no Pará chamam a isso Caloj!.
LOoz/ OO~

Você também pode gostar