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Terapias biológicas

Trabalho realizado pelos RAPAZINHOS:


Duarte Resende Guilherme Mota
Mickael Mota Rui Miranda
1
Tiago Silva
Introdução
Este trabalho foi elaborado no âmbito da disciplina Saúde
Mental e Psiquiátrica, do 3º Curso de Licenciatura em
Enfermagem da Escola Superior de Enfermagem da Cruz
Vermelha Portuguesa de Oliveira de Azeméis.
O presente trabalho tem como tema principal as
TERAPIAS BIOLÓGICAS, referentes a doentes do
foro psiquiátrico. Na primeira parte faremos uma abordagem
acerca da Electroconvulsivoterapia, na segunda parte
abordaremos os PSICOFÁRMACOS, dando especial
ênfase aos ANTIDEPRESSIVOS,
NEUROLÉPTICOS e ESTABILIZADORES do
HUMOR, assim como suas indicações, contra-indicações,
mecanismos de acção, normas de actuação e intervenções de
enfermagem.
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Objectivos
Adquirir conhecimentos referentes às Terapias Biológicas:
Electroconvulsoterapia:
Simples;
Modificada;
Psicofarmacologia:
Antidepressivos ou Antineuróticos;
Antipsicóticos ou Neurolépticos;
Estabilizadores do Humor (Lítio).
Descrever o uso, as indicações, o mecanismo de acção e os
efeitos adversos das Terapias Biológicas como estratégia de
tratamento para a doença psiquiátrica;
Discutir as necessidades de cuidados de enfermagem do
doente que se submete às Terapias Biológicas;
Servir como instrumento de avaliação. 3
4
Electroconvulsoterapia
- Perspectiva Histórica -
A electroconvulsoterapia (ECT) foi introduzida no final dos
anos 30, quando Ladislas Von Meduna relatou o tratamento
bem sucedido da catatonia e de outros sintomas
esquizofrénicos com convulsões induzidas farmacologicamente.
Meduna utilizou esse método com base nas observações
prévias de que os sintomas esquizofrénicos, frequentemente
diminuíam após uma convulsão e de que, conforme se supunha
de forma incorrecta, a Esquizofrenia e a Epilepsia não
poderiam coexistir num mesmo doente, de modo que a indução
de convulsões poderia “livrar” o doente da Esquizofrenia.
As convulsões com metrazol foram usadas como um tratamento
eficaz durante quatro anos, antes da introdução das convulsões
electricamente induzidas.
5
Electroconvulsoterapia
-Perspectiva Histórica (cont.)-
Abril de 1938 - Ugo Cerletti e Lúcio Bini concluem que nem a
cânfora, o cardiazol ou outras drogas convulsivantes eram
terapêuticas, mas sim a convulsão em si.
Substituem assim os agentes químicos convulsivantes pela
corrente eléctrica, administrando assim o primeiro tratamento
electroconvulsivo.
Apesar de nesta época a electroconvulsoterapia ter sido
usada como modalidade terapêutica para a esquizofrenia, anos
mais tarde, tornou-se claramente visível que os melhores
resultados eram obtidos em doentes com transtornos afectivos.
No entanto, na Europa em geral e particularmente nos países
nórdicos, a ECT tem sido a primeira indicação terapêutica nas
tentativas de suicídio.
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Electroconvulsivoterapia
Tratamento no qual uma
convulsão de grande mal é
artificialmente induzida num
doente consciente ou
anestesiado, pela passagem
de uma corrente eléctrica
através de eléctrodos
aplicados na zona temporal
de ambos os lados da
cabeça.
Tradicionalmente, os
eléctrodos têm sido
aplicados bilateralmente. No
entanto, mais recentemente,
têm sido usados eléctrodos
unilaterais. 7
Electroconvulsivoterapia
Foi relatado que os doentes têm menos efeitos
colaterais cognitivos com a colocação unilateral,
incluindo menos desorientação, menos perturbações
da memória verbal e não-verbal e poucas alterações
electroencefalográficas.
No entanto, alguns dados também sugerem que a
ECT unilateral pode não ser sempre tão efectiva. A
ECT unilateral é mais recomendada quando é
particularmente importante atenuar o prejuízo
cognitivo, enquanto a ECT bilateral seria
considerada para os pacientes com uma doença mais
grave.
8
Electroconvulsivoterapia
Para que o tratamento ocorra com sucesso:
Convulsão tónico-clonica;
Voltagem ajustada para o nível mínimo suficiente para a
produção do efeito terapêutico;
Intensidade da corrente é variável entre os 70 e 130
voltes, e o tempo de passagem decorre durante 0,1 a 0,5
décimos de segundo, com uma intensidade de corrente na
ordem dos 50 a 500 miliamperes.
O número de aplicações de uma série varia de acordo com o
problema apresentado pelo doente à resposta terapêutica.
Para transtornos afectivos, 6 a 12 sessões são normalmente
administradas.

9
Electroconvulsivoterapia (Cont.)

Até 30 aplicações podem ser dadas para a


esquizofrenia. A ECT é administrada, com maior
frequência, 2 a 3 vezes por semana, embora possa ser
administrada diariamente.

O tratamento bem sucedido com ECT também pode


ser seguido por medicamentos antidepressivos para
evitar a recaída.

10
Tipos de Electroconvulsoterapia

Simples

Modificada

11
Tipos de Electroconvulsoterapia
Simples:
Sem qualquer tipo de indução anestésica (a “sangue frio”);
Doente observa tudo, está perfeitamente consciente até ao
momento que lhe são aplicados os eléctrodos o que se
traduz num momento de grande angústia para este;
Actualmente esta técnica está em desuso dada a violência e
aparato da situação. Contudo, muitos médicos continuam a
praticá-la em casos de extrema urgência e por muitas vezes
recearem os riscos da anestesia.

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Tipos de Electroconvulsoterapia
Modificada:
Com prévia indução anestésica, isto é, antes de se proceder
à descarga eléctrica propriamente dita, administra-se um
hipnótico/anestésico (Pentothal®) por via endovenosa
(EV). É também frequente a utilização dum relaxante
muscular (Trilux®), com a finalidade de suprimir as
convulsões interrompendo também os movimentos
respiratórios.
Deste modo, o doente fica em apneia, que deve ser corrigida
através de ventilação mecânica (ambu e oxigénio).
Também é prática corrente a utilização de sulfato de
atropina EV imediatamente antes da administração do
hipnótico, com o objectivo de evitar tanto quanto possível as
secreções, pois se estas forem abundantes, torna-se muitas
vezes necessária a sua aspiração. 13
Diferenças e Semelhanças
Modificada:
Quanto aos efeitos terapêuticos, é corrente afirmar-se que
são em tudo muito idênticas. No entanto, esta última
(modificada), tem a vantagem de o doente não se aperceber
do tratamento a que vai ser submetido;
Em contrapartida há que ponderar os riscos da anestesia
(apneia prolongada, espasmos da laringe, paralisia dos
músculos respiratórios);
Embora possam existir estes riscos, actualmente este
tratamento é efectuado em condições de bastante
segurança (se possível no bloco operatório).
14
Fases da Electroconvulsoterapia

Electroconvulsivoterapia

Fase de latência Fase tónica Fase clónica Fase comatosa

15
Fases da Electroconvulsoterapia

Fase de Latência:
Medeia entre a descarga eléctrica e a fase tónica.
Caracteriza-se pela perda de consciência que se prolonga
por um período aproximado de 10 segundos.

Fase tónica:
É caracterizada por uma forte contracção, acompanhada de
convulsões tónicas cadenciadas e de certa amplitude.
Observa-se ainda midríase e hipersecreção salivar.

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Fases da Electroconvulsoterapia

Fase clónica:
Surge logo de seguida e caracteriza-se por movimentos
sacudidos ritmados (convulsões clónicas), os quais de
princípio, são rápidos e pequenos, tornando-se mais fortes
até que desaparecem depois de 30 a 40 seg. O doente
geralmente apresenta miose, cianose e taquicardia.

Fase comatosa:
Curto período de apneia, após o qual se segue um período
de estado comatoso, que pode manter-se durante cerca de
15 a 30 minutos (min), após o qual o doente desperta de
forma confusa.
17
Aspectos a ter em
ATENÇÃO!

Convulsões com duração superior a 60 seg., são


indicadoras de que o estímulo usado foi maior que o
limiar convulsivo do doente, devendo ser reduzido nos
tratamentos seguintes;
Convulsões prolongadas, devem ser interrompidas
com recurso a 5 a 10 miligramas (mg) de Diazepam –
EV administrado lentamente. Nos próximos
tratamentos o doente pode precisar de um pouco mais
de anestésico;

18
Aspectos a ter em
ATENÇÃO!
Se não há indução de convulsão após uma 1ª
tentativa, ou se a convulsão for de curta duração
(menos de 25 seg.), pode ser repetido após 60 a 90
seg., usando-se maior estímulo, podendo ser repetido
até duas vezes. Se à 3ª tentativa não induzir
convulsão significativa, interrompe-se o tratamento e
faz-se nova tentativa no dia seguinte;
O limiar convulsivo aumenta proporcionalmente à dose
de anestésico, idade, número de tratamentos
anteriores e certos medicamentos (benzodiazepinas e
lidocaína); 19
Aspectos a ter em
ATENÇÃO!

A ECT, assim como a duração da convulsão variam


muito de doente para doente (o sexo masculino
apresenta um limiar mais baixo);
Pessoas mais jovens têm limiares convulsivos mais
baixos;
Número de sessões (tratamentos), é variável.
Habitualmente oscila entre 6 a 12 sessões;

20
Aspectos a ter em
ATENÇÃO!

A decisão de suspender o tratamento deve ter por


base a obtenção de uma resposta máxima ou ausência
de melhoria após número considerável de sessões, ou
ainda o desenvolvimento de efeitos colaterais graves
(alterações cardiovasculares e alterações do sistema
nervoso central).

21
Indicações para
Electroconvulsoterapia
Transtorno afectivo
monopolar

Transtorno afectivo Transtornos


ECT esquizofrénicos
bipolar

Psicoses atípicas
e
reactivas 22
Indicações para
Electroconvulsoterapia (Cont.)
Transtorno afectivo monopolar:
Depressão major especialmente em quadros com extrema
lentificação do pensamento e da acção, acompanhado de
queixas físicas, alucinações e delírios, melancolia/tristeza
com elevado risco de suicídio e resistente ao tratamento
farmacológico.

Transtorno afectivo bipolar:


Em episódios depressivos, com as características acima
descritas e em episódios maníacos. E para doentes com
fraca resposta aos psicofármacos com risco de homicídio,
suicídio associado. 23
Indicações para
Electroconvulsoterapia (Cont.)
Transtornos esquizofrénicos:
Principalmente na catatonia (excitação ou estupor), em
episódios com sintomas afectivos proeminentes e em
primeiros surtos agudos de quadros de esquizofrenia
paranóide.

Psicoses atípicas e reactivas:


Como psicoses puerperais, quadros reactivos prolongados
e resistentes a tratamentos convencionais.
A electroconvulsoterapia é quase sempre um tratamento de
escolha para pacientes gestantes que apresentem os
diagnósticos acima referidos.
O seu uso em crianças e adolescentes é desaconselhado,
devido à maior vulnerabilidade do sistema nervoso central
24
(SNC).
Indicações para
Electroconvulsoterapia (Cont.)
Relativamente às Indicações Terapêuticas e segundo a
Associação Americana de Psiquiatria (APA), em 1990 esta
considerou a existência de dois tipos de indicações
Terapêuticas, baseadas nos seguintes critérios:
1ª escolha:
Quando há necessidade de uma melhoria rápida, seja por
complicações clínicas ou psiquiátricas;
Quando os riscos de outros tratamentos são maiores
que o da electroconvulsoterapia;
Quando existe história prévia de fraca resposta aos
psicofármacos e/ou boa resposta à ECT;
Quando o doente prefere este tipo de tratamento. 25
Indicações para
Electroconvulsoterapia (Cont.)
2ª escolha:
Aquando do uso adequado dos psicofármacos,
quanto à dose e tempo de duração, ocorre:
Ausência de resposta terapêutica adequada;
Severos efeitos colaterais inevitáveis ou maiores do que
aqueles que podem resultar da ECT ;
Agravamento do quadro clínico psiquiátrico.

26
Indicações para
Electroconvulsoterapia (Cont.)
No entanto, a indicação para ECT deve ser:
Ponderada numa avaliação global do doente
(avaliação médica e neuropsiquiátrica).
Essa avaliação prévia à ECT deve incluir:
Exame físico;
Exame do estado mental;
História médica anterior (incluindo alergia a medicações
e a revisão de sistemas – com ênfase no sistema
cardiovascular e no SNC).

27
Contra - Indicações para a realização
de Electroconvulsoterapia
Contra-indicações Precauções adicionais:
relativas: Enfarte recente do
Aumento da Pressão miocárdio (menos de 30
Intracraniana (PIC); dias);
Lesão expansiva do Arritmias cardíacas;
SNC; Doença coronária;
Traumatismo craniano Hipertensão arterial
recente; grave (não controlada);
Acidente Vascular Trombose venosa não
Cerebral (AVC) em tratada;
evolução. Glaucoma;
Hipo ou hipercaliémia.
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Contra - Indicações para a realização
de Electroconvulsoterapia (Cont.)
Contra - Indicações Absolutas:
Tumores cerebrais;
Interacções medicamentosas
Anticonvulsivantes e benzodiazepinas;
Antidepressivos;
Antipsicóticos;
Carbonato de lítio;
Anticoagulantes;
Teofilina e cafeína.

Importante – betabloqueadores, antiarrítmicos, cardiotónicos,


vasodilatadores coronários e corticosteróides devem ser
mantidos, inclusive no dia do tratamento. Aconselha-se a sua
ingestão com pouca água.
29
Complicações & Efeitos Secundários
da Electroconvulsoterapia (Cont.)
Os doentes com:
Doença cardíaca pré-existente;
Comprometimento do estado
pulmonar; Sob Risco
Histórico de problemas no
SNC; Aumentado
Complicações médicas após a
anestesia.

As complicações mais frequentes e


mais graves são de origem
cardiovascular. 30
Complicações & Efeitos Secundários
da Electroconvulsoterapia (Cont.)
Portanto uma avaliação médica completa
deve preceder a ECT e incluir:
Hemograma;
Urinálise;
Electrólitos séricos;
Radiografias torácica e espinhal;
Electrocardiograma;
Tomografia axial computorizada opcional do
crânio.
31
Complicações & Efeitos Secundários
da Electroconvulsoterapia (Cont.)
Complicações / Efeitos Cardiovasculares:
Cardiovasculares
•Taquicardia
Aplicação do electrochoque •Hipotensão
•Bradicardia de origem vagal
NOTA:
Presença de arritmias é também muito frequente, vendo-se
estas favorecidas por uma patologia prévia cardiovascular e
idade avançada (Burkey Cols., 1985);
Assim sendo, as complicações cardiovasculares são a
principal causa de morbilidade e mortalidade associadas
com a ECT, de modo que uma avaliação cardiovascular
antes da ECT se torna essencial.
32
Complicações & Efeitos Secundários
da Electroconvulsoterapia (Cont.)
Complicações / Efeitos Sistémicos:
micos
Cefaleias;
Náuseas;
Dores e Astenia muscular;
Fraqueza;
Sonolência;
Anorexia e amenorreia.

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Complicações & Efeitos Secundários
da Electroconvulsoterapia (Cont.)
Complicações Neuropsiquiátricas:
Confusão: Presente em 5 a 10% dos doentes, sendo
favorecida se o doente tiver como antecedentes uma
deterioração cognitiva prévia, um AVC, idade avançada,
ou em doentes que que utilizem uma terapêutica
farmacológica com benzodiazepinas, antidepressivos e
lítio.
Delirium: Causa mais frequente quando há uma
suspensão do tratamento electroconvulsivante. Caso isto
ocorra deve modificar-se a técnica de aplicação da
terapêutica e administrar midazolam.
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Complicações & Efeitos Secundários
da Electroconvulsoterapia (Cont.)
Complicações Neuropsiquiátricas: (Cont.)
Défice Cognitivo:
Cognitivo A ECT pode dar origem a amnésias
retrógradas, geralmente parciais, e de pouca intensidade.
Normalmente, o doente recupera passadas várias semanas
depois do tratamento (Rubin, 1993).
Convulsões Prolongadas:
Prolongadas Estas são as mais frequentes
durante o primeiro EC, e são facilitadas pelo uso de
alguns fármacos e alguns transtornos. Quando a
convulsão for superior a 3 min, deve ser tratada
(Wilkinson, 1994).

35
Mecanismos de Acção da
Electroconvulsoterapia
O mecanismo preciso de acção ainda não é conhecido.
Acredita-se que a corrente eléctrica que passa pelo cérebro
causa uma resposta bioquímica. A maioria das teorias sobre o
modo de acção da ECT concentra-se na sua eficácia com
doentes deprimidos, sendo estas:

Teoria do neurotransmissor:
Sugere que a ECT age como os antidepressivos
tricíclicos, melhorando a neurotransmissão deficiente nos
sistemas monoaminérgicos. Especificamente, ela
supostamente melhora a neurotransmissão
dopaminérgica, serotonérgica e adrenérgica.

36
Mecanismos de Acção da
Electroconvulsoterapia

Teoria neuroendrócrina:
Sugere que a ECT libera hormonas hipotecária
ou hipotalámicas, ou ambas, o que resulta em
efeitos antidepressivos. A ECT liberta
prolactina, a hormona estimuladora tiróideia, a
hormona adrenocorticotrópica (ACTH) e as
endorfinas; mas as hormonas específicas
responsáveis pelo efeito terapêutico não são
conhecidas

37
Mecanismos de Acção da
Electroconvulsoterapia (Cont.)
Teoria anticonvulsivante:
Sugere que o tratamento com ECT exerce um efeito
anticonvulsivante profundo sobre o cérebro, que resulta
num efeito antidepressivo. Algum apoio para essa teoria
baseia-se no facto de o limiar convulsivo de uma pessoa
elevar-se, e a duração da convulsão diminuir ao longo do
curso da ECT e que alguns doentes com epilepsia têm
menos convulsões após receberem ECT.
Apesar das perguntas sem resposta envolverem o
mecanismo de acção, a ECT é um tratamento
efectivo para muitos transtornos psiquiátricos e é
segura quando administrada correctamente.. 38
Normas de Actuação
ECT Simples

Sem grande preparação


Sem qualquer tipo de indução anestésica (a
“sangue frio”);
Após avaliação médica completa, e se não existir
qualquer tipo de problema, existe aplicação da
terapia.
one flew over the cuckoo's.avi

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Normas de Actuação
ECT modificada

Preparação do material:
Aparelho de ECT e acessórios – verificar a
funcionalidade;
Mordaças (taco), esponja ou compressas – servem
para humedecer as têmporas (regiões onde se
aplicam os eléctrodos);
Recipiente com soro fisiológico, seringas, agulhas,
garrote, álcool, bolas de algodão, medicação de
urgência (solu-dacortina, anticonvulsivantes,
adrenalina), aspirador de secreções, aparelho de
reanimação, oxigénio e máscara oronasal.
40
Normas de Actuação
ECT modificada

41
Normas de Actuação

Cuidados com a unidade do doente:


O doente sujeito a ECT deve encontrar-se num
quarto individual, com pouca luminosidade, sem
ruídos, temperatura e ventilação adequadas, leito
confortável (colchão macio e sem almofada) e ter
dois resguardos.

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Normas de Actuação (Cont.)
Cuidados com o doente:
Deve estar com um jejum de 6 a 8 horas;
Avaliar e registar sinais vitais;
Desapertar a roupa;
Convidar o doente a urinar antes da execução do
tratamento;
Retirar próteses dentárias;
Administrar terapêutica hipnótica quando necessário;
Não deve ser administrada a medicação diária habitual na
manhã da ECT.

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Normas de Actuação (Cont.)
Técnica a utilizar:
Antes da Terapia:
Colocar o doente em decúbito dorsal, sem almofadas com
os membros em extensão e ligeira abdução. Normalmente,
para a execução desta técnica são necessários 4
enfermeiros.

Durante a Terapia:
Um coloca-se à cabeça do doente (coloca o taco), aplica os
eléctrodos e imobiliza o maxilar inferior segurando-o para
cima e para trás. Dois enfermeiros colocam-se em ambos os
lados do doente e vão imobilizar suavemente os membros
superiores, colocando uma das mãos sobre a articulação
escápulo-umeral e a outra segura o terço inferior do
antebraço. O quarto enfermeiro administrará a ECT. (em 44
Portugal, a ECT é uma técnica médica).
Normas de Actuação (Cont.)

Técnica a utilizar:
Após a Terapia:
Após a ECT, imediatamente logo que surge a fase
ruidosa, deve colocar-se o doente em posição lateral de
segurança (PLS), lado direito para facilitar a drenagem
de secreções e evitar a asfixia. Devemos, ainda, vigiar o
doente pois este pode acordar ansioso, confuso e por
vezes agitado podendo sofrer alguma queda ao levantar-
se. Quando acordar deverá estar alguém para o orientar.
O doente só deve comer quando o poder fazer sozinho.

45
Como saber se a ECT faz efeito
ECT modificada:

Como esta terapia é realizada com indução anestésica…

Necessário colocar garrote no tornozelo, evitando assim


que o pé fique anestesiado;

Se Halux ficar em extensão ECT eficaz

46
Cuidados de Enfermagem
Um componente essencial dos cuidados de
enfermagem antes, durante e após o tratamento
por ECT é o apoio ao doente e família, no que
respeita à obtenção de informação e
esclarecimento de preocupações sobre o
tratamento.
O enfermeiro tem um papel importante que é o de
permitir que o doente tenha oportunidade de
expressar sentimentos e emoções, incluindo
quaisquer mitos ou fantasias sobre este
tratamento.
47
Cuidados de Enfermagem
Permitir que o doente descreva o medo da dor, de
morrer por electrocussão, de sofrer uma perda
permanente de memória ou de ter um prejuízo no
funcionamento intelectual.
À medida que o doente revela esses temores e
preocupações, o enfermeiro deve esclarecer
equívocos e salientar o valor terapêutico do
procedimento.

48
Cuidados de Enfermagem
À medida que o doente revela esses temores e
preocupações, o enfermeiro deve esclarecer
equívocos e salientar o valor terapêutico do
procedimento;
Após o doente ter expressado os seus
sentimentos, o enfermeiro pode iniciar o ensino
sobre a ECT, no qual deve ter em consideração a
ansiedade, a capacidade de aprendizagem e de
compreensão do doente;
49
Cuidados de Enfermagem
Idealmente, o ensino à família deve ocorrer ao
mesmo tempo que o ensino ao doente e a
quantidade de informação compartilhada deve ser
individualizada para cada indivíduo e família;
Esclarecer dúvidas ao doente bem como aos
familiares acerca das informações/ensinos
ministrados anteriormente;
Oferta de apoio emocional e resposta às
necessidades de educação.
50
Considerações Éticas

Antes de iniciar o tratamento de ECT, o doente


deve assinar o CI. No caso de este não ter
capacidade para consentir, essa decisão deve ser
tomada por uma pessoa legalmente capacitada para
tal, normalmente, nestes casos, recorre-se à família;
Depois de assinar o CI, mas antes do início do
tratamento, o enfermeiro deve novamente rever as
informações transmitidas, bem como discutir de um
modo calmo, sincero e directo, por forma a tranquilizar
o doente e consciencializá-lo de que a ECT é um
tratamento reconhecido e benéfico.
51
Psicofarmacologia

52
Psicofarmacologia
Estudo de medicamentos usados em psiquiatria.

Psicofármacos:
São fármacos susceptíveis de alterar o funcionamento
mental por consequência o comportamento mais ou
menos desajustado do individuo doente;
Actuam não só sob certas funções: sono, percepção da
dor, iniciativa, etc.; mas também sobre processos
psíquicos mais complexos como a esquizofrenia e as
depressões.

53
Psicofarmacologia
Psicofármacos

Neurolépticos
Estabilizadores
ou Antidepressivos
do humor
Antipsicóticos

Grupos de fármacos com São drogas que aumentam O lítio foi o primeiro
propriedades farmacológicas o tónus psíquico estabilizador de humor a
e terapêuticas comuns, melhorando o humor e, ser utilizado
usados primariamente na: consequentemente, Está indicado no
•Terapia da Esquizofrenia; melhoram a tratamento de transtornos
•Na fase maníaca do psicomotricidade de afectivos cíclicos
transtorno afectivo maneira global Tanto eleva o humor
bipolar; Têm um efeito deprimido como suprime o
• Outras psicoses comprovado de elevação humor exaltado
idiopáticas agudas do humor depressivo
marcadas por grave
agitação.
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Neurolépticos

3 Tipos

Neurolépticos com efeito hipno-indutor inicial (sedativos)

Neurolépticos sem efeito hipno-indutor inicial (incisivos)

Neurolépticos atípicos

55
Neurolépticos – Acção geral
Bloqueia os receptores da dopamina cerebrais.
Também altera a forma de libertação e de
metabolização da dopamina. Os efeitos periféricos
incluem propriedades anticolinérgicas e o bloqueio
adrenérgico alfa.

56
Neurolépticos - indicações
terapêuticas
Neurolépticos com efeito hipno-indutor inicial
(sedativos):
Psicoses agudas com:
Acessos maníacos;
Surtos agudos de esquizofrenia;
Crises de agitação;
Psicoses confuso-oníricas nos idosos;
Ansiedade aguda.
Depressões Psicóticas (delírios e alucinações);
Neuroses, como indutores do sono e ansiolíticos
(administrados em doses baixas).
57
Neurolépticos

Neurolépticos sem efeito hipno-indutor inicial


(incisivos)
Usados em:
Psicoses crónicas;
Esquizofrenia residuais;
Psicoses paranóides;
Psicoses parafrénicas.

58
Neurolépticos

Neurolépticos atípicos
Doentes com esquizofrenia aguda ou crónica;
Alívio dos sintomas afectivos;
Perturbações do comportamento em doentes com
demência;
Terapia adjuvante aos estabilizadores de humor;
Alterações de conduta e outras perturbações do
comportamento.
59
Neurolépticos – Contra indicações

•Hipersensibilidade;
•Depressão grave no SNC
•Estados comatosos
•Doença cardio-vascular grave
Absolutas •Comas tóxicos (etiologia alcoólica ou ingestão
de barbitúricos)
•Miastenias
•Glaucoma.

•AVC recente
•Epilepsia
Relativas •Doença de Parkinson
•Esclerose em placas 60
Neurolépticos - Efeitos
Secundários
Taquiarritmias ventriculares
(podem ser fatais)
Variações na Tensão Arterial
Sonolência
Boca Seca
Aumento do peso corporal
Diminuição da libido
Obstipação e retenção urinária Origem neurovegetativa
Amenorreia
Galactorreia
Ginecomastia

Hiperprolactiémia
Ejaculação retardada ou
retrógrada 61
Hipotermia
Neurolépticos - Efeitos
Secundários
Síndroma maligno dos
neurolépticos
Síndroma de indiferença motora
Síndroma Parkinsónico
Discinésias
Discinésias agudas com
contracturas orofaríngeas, Origem Neurológica
distonias de torção
Discinésias tardias com
movimentos mastigatórios, bucais e
linguais, espasmos
Acatísia

62
Neurolépticos – Efeitos Secundários
- Síndrome Maligno dos Neurolépticos -
O SMN, é um síndrome de desenvolvimento rápido de
profunda dureza muscular, febre e tremores. No espaço de
poucas horas, o paciente pode ficar completamente imóvel,
incapaz de deglutir, de falar ou de se mover voluntariamente. O
SMN pode ter um curso potencialmente fatal, ou um curso
auto-limitado, relativamente benigno. A intervenção mais
importante é a paragem imediata da administração da
medicação neuroléptica. Uma vez detectado, são prestados
cuidados de suporte ao paciente (hidratação, exercício,
controlo da febre), durante os dias que o síndrome possa durar;
Úteis na resolução da dureza muscular
Nota: actuando no SMN bem como nas discinésias
Medicamentos antidisquinéticos
63
Neurolépticos
Precauções:
Usar com cuidado em doentes com sintomatologia de
doença cardíaca;
Evitar expor os fármacos a temperaturas extremas;
Usar com cuidado em doentes em estado grave ou
debilitado, diabéticos, doentes com insuficiência
respiratória, ou obstrução intestinal;
Podem baixar o limiar das convulsões;
A clopazina pode causar agranulocitose;
A maior parte dos fármacos pode causar síndroma
neuroléptico maligno. Usar com cuidado em doentes
com sintomatologia de doença cardíaca. 64
Neurolépticos

Implicações para a Enfermagem:


Monitorizar o estado mental (orientação, humor,
comportamento) antes e periodicamente durante a
terapêutica;
Monitorizar a pressão arterial (sentado, de pé, deitado), o
pulso e o ritmo respiratório antes e frequentemente durante
o período de ajuste da posologia;
Observar o doente com atenção quando administrar a
terapêutica para se certificar que ele toma os fármacos e
não os põe de parte;

65
Neurolépticos

Implicações para a Enfermagem:


Monitorizar o inicio da acatisia (nervosismo/agitação ou
desejo de permanecer em movimento) e os efeitos laterais
extrapiramidais , parkinsónicos- dificuldade em falar ou
deglutir, perda de equilíbrio, movimentos do tipo fazer rolar
comprimidos entre os dedos, mascáras faciais, marcha
arrastada, rigidez, tremores, distonias, espasmos musculares,
movimentos torcionais, tiques , incapacidade de mover os
olhos, falta de força nas pernas e nos braços), de 2 em 2
meses durante a terapêutica e 8-12 semanas após a
terapêutica ter terminado;
66
Neurolépticos

Implicações para a Enfermagem:


Os efeitos parkinsónicos são mais frequentes nos doentes
geriátricos e as distonias são mais frequentes nos doentes
jovens;
Transmitir ao medico ou a outro profissional de saúde se
estes sintomas ocorrerem porque poderá ser necessário
reduzir ou parar o medicamento. O tri-hexifenidilo ou a
difenidramina podem ser usados no controlo destes
sintomas;

67
Neurolépticos
Implicações para a Enfermagem:
Monitorizar o aparecimento de discinésia tardia (movimentos
rítmicos descontrolados da boca e das extremidades,
estalidos com lábios, insuflar as bochechas, mastigação
descontrolada, movimentos rápidos e ondulatórios da
língua). Avisar imediatamente os profissionais de saúde se
estes sintomas surgirem porque são efeitos colaterais
irreversíveis;
Monitorizar o aparecimento do síndroma maligno
neuroléptico (febre, dificuldade respiratória, taquicardia,
convulsões, diaforese, hipertensão ou hipotensão, palidez,
cansaço, rigidez muscular grave, perda do controlo da
bexiga).

68
Neurolépticos

Procedimentos:
Manter o doente deitado pelo menos 30 minutos após a
administração parentérica para minimizar os efeitos de
hipotensão;
Para prevenir dermatite de contacto evitar o contacto dos
produtos com as mãos;
Deve-se interromper a administração de fenotiazinas 48
horas antes e não reintroduzir durante as 24 horas
seguintes à mielografia, uma vez que as fenotiazinas baixam
o limiar das convulsões;

69
Neurolépticos

Procedimentos:
PO: administrar com alimentos, leito ou copo de água par
minimizar a distensão gástrica. Diluir a maior parte dos
concentrados em 120ml de agua destilada ou agua da
torneira acidificada ou em sumo de fruta, imediatamente
antes de administrar.

70
Neurolépticos

Ensino ao doente e família:


Aconselhar o doente a tomar a medicação exactamente da
forma como foi prescrita e não falhar ou duplicar as dose. A
paragem brusca pode causar gastrites, náuseas, vómitos,
tonturas, cefaleias, taquicardia e insónias;
Aconselhar o doente a mudar de posição lentamente para
minimizar a hipotensão ortostática;
A medicação pode causar sonolência. Informar o doente
que deve evitar conduzir ou outras actividades que
requeiram vigilância até que seja conhecida a resposta ao
tratamento;
Alertar o doente para evitar o consumo de álcool ou outros
depressores do SNC em simultâneo com esta medicação;
71
Neurolépticos

Ensino ao doente e família:


Ensinar o doente a usai protector solar e a usar vestuário
adequado quando se expuser ao sol para evitar reacções de
fotossenssibilidade. Temperaturas extremas também devem
ser evitadas, porque estes fármacos prejudicam o sistema de
regulação térmica dos organismo;
Avisar o doente que a actividade física, uma alimentação
com alimentos ricos em fibras e a ingestão de líquidos ajuda a
minimizar a obstipação causada por estes fármacos;

72
Neurolépticos
Ensino ao doente e família:
Aconselhar o doente a fazer bochechos frequentes com
agua , uma boa higiene oral e a mastigar pastilhas ou
rebuçados sem açúcar para ajudar a aliviar a secura da boca;
Antes de um tratamento ou cirurgia, aconselhar o doente
transmitir o esquema terapêutico ao ,médico, ao dentista ou
a outro profissional de saúde;
Enfatizar a importância da realização de consultas de
vigilância e das sessões de psicoterapia como lhe foi
indicado.

73
Neurolépticos
Avaliação da eficácia terapêutica:
A eficácia da terapêutica pode ser demonstrada por:
Diminuição do comportamento de excitação, paranóia de
privação;
Alivio do mal estar sentido pelas náuseas e vómitos;
Alivio dos soluços descontrolados.

74
Antidepressivos
Usados no tratamento de várias formas de depressão
endógena, muitas vezes simultaneamente com psicoterapia.

•Tratamento da ansiedade (doxepina);


•Enurese (Imipramina);
Também usados em: •Síndroma de dores crónicas
(Amitriplilina; Doxepina; Imipramina e
Nortriptilina);
•Cessação de hábitos tabágicos
(Bupropion);
•Bulimia (Fluoxetina);
•Comportamentos obessivo-compulsivos
(Fluoxetina, Sertralina).
75
Antidepressivos

Antidepressivos

Antidepressivos Tricíclicos

Inibidores Selectivos de Reabsorção de Serotonina (ISRS)

Inibidores de Mono-aminoxidase (IMAO)

Outros antidepressivos
(monocíclicos; tetracíclicos; triazolopiridínicos)
76
Antidepressivos tricíclicos

Prolongam a acção da noradrenalina, dopamina e serotonina em

graus diversos, bloqueando a receptação destes

neurotransmissores na fenda sináptica;

Indicações: induzir efeito antidepressivo e sedação ligeira;

Efeitos secundários: tremor; torpor; zumbidos; sintomas


Parkinsónicos; arritmias; taquicardia; convulsões; pensamentos

suicidas
77
Antidepressivos tricíclicos

Interacções medicamentosas: medicamentos que aumentam


a actividade anticolinérgica (anti-histamínicos, meperidina); que

aumentam a actividade sedativa (etanol,v hipnóticos,

anestésicos); barbitúricos; hormonas tiroideas; IMAO e

outros antidepressivos

78
Inibidores Selectivos de Reabsorção
de Serotonina (ISRS)
São um novo grupo de anti depressivos que não têm

semelhanças químicas com os outros anti depressivos. Actuam

inibindo a recaptação e destruição da serotonina das fendas

sinápticas, prolongando assim a acção deste neurotransmissor

A sua principal vantagem reside no facto de não terem os

efeitos anticolinérgicos e cardiovasculares adversos que, muitas

vezes, limitam o uso dos antidepressivos tricíclicos


79
Inibidores de Mono-Aminoxidase
(IMAO)
Actuam bloqueando a destruição metabólica dos neurotransmissores da
noradrenalina, dopamina e serotonina pela mono-aminoxidase nos neurónios
cerebrais pré-sinápticos. Evitam a degradação destes neurotransmissores
do SNC, aumentando assim a sua concentração;

Efeitos secundários: Hipotensão ortostática; sedação/sonolência;


agitação/insónia; visão turva/obstipação/retenção urinária/secura das
mucosas; hipertensão (comunicar à equipa de saúde):

Interacções medicamentosas: Antidepressores tricíclicos; anestésicos


gerais; diuréticos; anti-hipertensores; insulina; hipoglicemiantes orais;
ISRS; meperidina.
80
Contra-Indicações Gerais

Disfunção hepática grave;


Disfunção renal;
Arritmias cardíacas;
Patologia cerebrovascular;
Epilepsia;
Hipertensão;
Hipertiroidismo;
Esquizofrenia paranóide;
Patologia de Parkinson;
Gavidez e lactação.
81
Efeitos secundários Gerais

Crises Hipertensivas;
Hipotensão ortostática;
Taquicardia;
Convulsões;
Sonolência ;
Tonturas;
Secura da boca;
Obstipação;
Retenção urinária.

82
Implicações para a Enfermagem

Avaliar o estado mental e emocional. avaliar tendências de


suicídio, especialmente no inicio da terapêutica. Limitar a
quantidade de fármaco disponível perto do doente;

Toxicidade e sobredosagem – a ingestão simultânea de IMO e


de alimentos que contenham tiramina pode levar a crises
hipertensivas. Os sintomas incluem dores torácicas, cefaleias
fortes, rigidez da nuca, náuseas e vómitos, fotossenssibilidade e
aumento das pupilas. O tratamento inclui fentolamina iv
(mesilato de fentolamina).

83
Procedimentos

Administrar os fármacos sedativos ao deitar para evitar que


ocorra sonolência excessiva durante o dia e os fármacos que
causam insónia de manha. A Bupropiona deve ser repartida em
várias doses.

84
Ensino ao Doente/família

Os doentes que tomam IMAO devem evitar também tomar


fármacos IV e alimentos ou bebidas que contenham tiramina
durante pelo menos 2 semanas após interrupção da
terapêutica, pois podem precipitar uma crise hipertensiva. O
médico ou outro profissional de saúde deve ser contactado
imediatamente se ocorrerem sintomas ou crise hipertensiva;

Informar o doente que podem surgir tontura ou sonolência.


Avisar o doente que deve evitar conduzir ou ter actividade que
requeiram vigilância até que se tenha conhecimento da resposta
à medicação. Avisar o doente para mudar de posição
lentamente para minimizar a hipotensão ortostática;

85
Ensino ao Doente/família

Aconselhar o doente a transmitir ao médico ou outro


profissional de saúde a ocorrência de sintomas tais como: boca
seca, retenção urinária ou obstipação;

Bochechos frequentes, uma boa higiene oral e pastilhas os


rebuçados sem açúcar podem diminuir a secura na boca. Um
aumento da ingestão de líquidos , fibras e exercício físico
podem prevenir a obstipação;

86
Ensino ao Doente/família

Aconselhar o doente a avisar o médico, o dentista ou outros


profissional de saúde acerca do esquema terapêutico antes de
qualquer tratamento ou cirurgia. A terapêutica com IMAO,
normalmente precisa de ser retirada pelo menos 2 semanas
antes do uso de anestésicos;

Enfatizar a importância de participação em sessões de


psicoterapia e consultas da vigilância para ser avaliada a
evolução;

Avisar o doente que deve evitar o consumo de álcool e de


outros depressores do SNC.
87
Avaliação da eficácia terapêutica

A eficácia da terapêutica pode ser


demonstrada por:
Resolução da depressão;
Diminuição da ansiedade;
Controlo da enurese em crianças com mais de 6 anos;
Controlo de dores neurogénicas crónicas.

88
Psicofarmacologia -
Estabilizadores do humor: Lítio

Indicações:
Episódios agudos de mania e hipomania e doença bipolar
recorrente;
Menos frequente: depressões unipolares, transtorno
esquizoafectivo, catatonia e alcoolismo.

89
Psicofarmacologia -
Estabilizadores do humor: Lítio
Mecanismo de acção:
Corrige anormalidades na troca de iões;
Altera o transporte de Na+nas células nervosas e
musculares;
Normaliza a neurotransmissão sináptica de norepinefrina da
serotonina e da dopamina;
Normaliza a disfunção do ritmo circadiano na doença
bipolar;
Acção lenta, inicia-se em 1-2 semanas, podendo levar até 4
semanas ou alguns meses.
90
Psicofarmacologia -
Estabilizadores do humor: Lítio
Efeitos secundários:
Aumento de peso;
Alterações do Electrocardiograma (pouco significativas);
Tremor fino das mãos;
Acne;
Disfunção da tiróide (hipotiroidismo);
Irritação gástrica, anorexia, vómitos, cólicas, naúseas,
diarreia;
Poliúria, polidipsia, edema.

91
Psicofarmacologia -
Estabilizadores do humor: Lítio
Contra-indicações:
Hipersensibilidade à substância;
Insuficiência renal significativa;
Insuficiência cardíaca;
Doença de Addison;
Aleitamento (os iões lítio são excretados no leite materno);
Gravidez (efeito teratogénico).

92
Psicofarmacologia -
Estabilizadores do humor: Lítio
Implicações para a Enfermagem:
Atenção especial aos rins (excretores do lítio);
Monitorizar níveis séricos do lítio regularmente (0,6/1,4
mEq/L) já que por ser um sal, o equilíbrio hidroelectrolítico
do corpo afecta a sua regulação;
Cuidados para manter um nível estável de lítio:
Garantir ingestão de Na+ e ingestão de líquidos (2-3 litros
dia);
Repor líquidos perdidos durante actividades físicas;
Vigiar sinais e sintomas dos efeitos colaterais de toxicidade.

93
Psicofarmacologia -
Estabilizadores do humor: Lítio
Implicações para a Enfermagem:
Doenças infecciosas tais como constipações, gripes,
gastroenterites e infecções urinárias podem alterar o
equilíbrio líquido e, consequentemente, as concentrações
séricas de lítio;
Outros fármacos que afectem o equilíbrio electrolítico, como
por exemplo os esteróides, podem alterar a excreção de lítio,
devem ser evitados.

94
Psicofarmacologia -
Estabilizadores do humor: Lítio
Sinais de intoxicação com Lítio:
2,0 mEq/L: anorexia, náuseas, vómitos, tremor grosseiro
das mãos, contracções, disartria, reflexos tendinosos
profundos hiperactivos, vertigens, fraqueza e sonolência;
2,5 mEq/L: febre, diminuição débito urinário, diminuição
da TA, pulso irregular, convulsões, coma, morte.

95
Psicofarmacologia -
Estabilizadores do humor: Lítio
Actuação na intoxicação com Lítio:
Avaliar dosagem;
Suspender Lítio;
Vigiar TA, FC, Temp, FR e estado de consciência;
proteger via aérea e administrar O2 , se necessário;
Análises sanguíneas: litemia, electrólitos, ureia, creatinina,
hemograma;
ECG;
Limitar absorção de lítio (se superdosagem: emético, lavagem
gástrica);
Hidratação: 5-6 litros dia;
Repouso no leito;
Diurese osmótica com infusão de ureia ou manitol;
96
Implementar diálise peritoneal ou hemodiálise (casos + graves: 2,0
e 4,0 mEq/L).
Bibliografia

CLAYTON, B.; STOCK, Y.; Fundamentos de


Farmacologia; 12ª edição, Lusociência;
DEDLIN, J.; VALLERAND, A.; Guia farmacológico para
Enfermeiros; 7ª edição; Lusociência;
KATHY Neeb, RN,BA, et al. Fundamentos de Enfermagem
de Saúde Mental. Loures: Lusociência Editora, 2000;
O’BRIEN, Patricia G., et al. Enfermagem em Saúde Mental –
Uma Integração da Teoria e Prática. Lisboa: McGraw - Hill
Editora, 2002;
STUART, G.; LARAIA, M.; Enfermagem Psiquiátrica -
Princípios e Prática; 6ª edição; Artmed editora;
www.psiqweb.med.br
97

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