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Os planos de Deus

“Muitos são os planos no coração do homem; mas o desígnio do Senhor, esse prevalecerá.” (Pv
19.21.) Abraão foi um homem considerado amigo de Deus e Pai da Fé. Ele tinha o chamado de
Deus. Ao lermos Gênises 17.1b – “Eu sou o Deus Todo-Poderoso, anda em minha presença e sê
perfeito” – vemos que Abraão recebera uma promessa do Senhor: a de filho herdeiro e isto ainda
não havia se cumprido na sua vida. Então ele tenta adiantar os planos de Deus no demorado
cumprimento de sua promessa conforme descrito em Gênises 16.2: “Disse Sarai a Abrão: Eis que
o Senhor me tem impedido de ter filhos; toma, pois, a minha serva; porventura terei filhos por
meio dela. E ouviu Abrão a voz de Sarai.” Notamos que neste momento Abrão deixa de ouvir a
voz do Senhor para ouvir a voz de sua esposa esquecendo das promessas de Deus. E assim
nasceu Ismael em lugar de Isaque.

Abraão teria que esperar no Senhor, esperar o cumprimento das promessas, isto evitaria grandes
dores de cabeça.

É assim que acontece em nossas vidas quando achamos que podemos “ajudar a Deus” a realizar
os seus planos em nós. Deus tem o tempo certo para o cumprimento da sua Palavra. Mas qual é
o plano de Deus para nossa vida?

Há três coisas que precisamos saber sobre os planos de Deus.

1º Orar e esperar enquanto Deus trabalha por nós.


O Senhor nunca está com pressa; ele trabalha por nós, por isso temos que esperar com
paciência e fé, para evitar planos em desacordo com a vontade do Pai.

2º Ter convicção de que Deus está presente em nossa vida.


Precisamos renunciar tudo o que nos separa do amor do Senhor, nos despojarmos de nossa
vontade própria e aceitarmos o plano de Deus. Em Provérbios 16.1 está escrito: “Ao homem
pertencem os PLANOS do coração; mas a resposta da língua é do Senhor.”

3º Sermos submissos à vontade do pai.


Submissão é quando aceitamos o Senhorio de Cristo sobre nossas vidas. Quando
verdadeiramente renuncio a tudo o que tenho, nego a mim mesmo, tomo a cruz e sigo ao Senhor
(Fp 2.5-8). Só existe um caminho para a submissão: andar como Jesus andou (1 João 2.6).

Planejamento e realização
Temos muitas necessidades e sonhos. Sejam naturais, espirituais, profissionais, familiares, e outros. O que
fazer com tudo isso? Vamos assentar e esperar que tudo aconteça? De modo nenhum. Depois de
verificarmos sua legitimidade, precisamos transformá-los em alvos, em objetivos. E depois? Identificado o
objetivo, precisamos fazer um planejamento. Em todo início de ano, os sonhos vêm à tona. Mas, se não
forem transformados em objetivos, seguidos do processo de concretização, acabarão se desvanecendo.

A necessidade – aquilo que você precisa.

O sonho – aquilo que você deseja (pode coincidir com a necessidade).

Análise de legitimidade – por que você quer aquilo? pra quê? Quais serão as conseqüências?

Análise de viabilidade – como o sonho se encaixa no contexto de sua vida? Qual será o preço a ser pago?
Qual será o benefício? Vale a pena lutar por isso?

O objetivo – aquilo que você decide conquistar ou realizar.


O plano – definição das medidas necessárias para realização do objetivo: como, quando, onde, com quê,
com quem.

Planos e recursos

Antes de tudo, será importante prever o tipo e a quantidade de recursos necessários para a realização do
projeto. Jesus disse que, se alguém quer construir uma torre (objetivo), precisa se assentar, antes de começar,
para fazer as contas para ver se tem o dinheiro (recurso) necessário para concluir a obra (Lc 14.28). Se
alguém quer fazer um bolo (objetivo), precisa verificar quais são os ingredientes (recursos) necessários e se
os possui em quantidade suficiente.

Talvez, depois dos cálculos, pode-se concluir que o objetivo é inviável. Não existem recursos nem forma de
obtê-lo. Não temos tempo a perder com sonhos impossíveis, mas nem sempre é este o caso. Talvez não
tenhamos os recursos, mas, dependendo do tipo e da quantidade, eles poderão ser conseguidos de alguma
forma. Algumas pessoas já receberam de seus pais grande quantidade de recursos materiais. Teoricamente,
poderão ir mais longe do que aquelas que precisam ainda consegui-los. Contudo, Deus nos deu capacidade,
inteligência, saúde, força e criatividade para realizarmos muito. Se os recursos não existem, será necessário
um planejamento especial para sua obtenção. Por exemplo, seu sonho é um carro, mas você não tem
dinheiro. Então, existe um ou mais objetivos que precisam ser alcançados antes do veículo. Você precisa de
um bom emprego e, antes disso, de algum nível de formação escolar.

Portanto, até entre objetivos possíveis existe uma ordem de dependência e prioridade. Normalmente, os
nossos alvos são como degraus de uma escada. Precisamos subi-los, um de cada vez. Pular entre eles pode
dar certo, mas o risco de uma queda vergonhosa é muito grande (Pv 21.5).

Esse tipo de reflexão é útil para todos, mas principalmente para os mais jovens. É bom que você saiba
organizar seus objetivos de modo sensato.

Execução e investimentos

Considerando que temos em mente objetivos viáveis e todos os recursos necessários, precisamos
providenciar a execução dos planos e o investimento dos recursos. Planos que não saem do papel acabam
sendo comidos pelas traças. Recursos que não são utilizados acabam sendo perdidos. Isso parece até uma lei
ou um princípio universal. Se, ao invés de fazer o bolo, você guardar os ingredientes por tempo
indeterminado, eles serão comidos por “alguém”. Não perca o “prazo de validade” dos recursos que Deus
lhe deu. Não perca as oportunidades que você tem hoje. Não espere Jesus voltar para pregar o Evangelho,
para fazer o bem ao próximo ou buscar sua realização pessoal.

Podemos ver os recursos como sementes. Você percebe o potencial que existe numa simples semente? Mas
tudo depende do que se faz com ela. Você pode guardar. Isso é perigoso, dependendo do tempo. Pode
comer. Isso é legítimo e correto, mas quem come todas as sementes hoje, não terá uma colheita amanhã.
Você pode usar todos os seus recursos consigo mesmo. Isso é egoísmo. Você pode compartilhá-los. Isso é
amor. Você pode aplicar tudo num lugar só. Isso é alto risco. Você pode diversificar seu investimento. Isso é
sabedoria. Você pode lançá-la em qualquer terreno. Isso é prejuízo. Pode lançá-la numa boa terra. Isso é
retorno garantido.

Nós, cristãos, aprendemos a orar pedindo a Deus aquilo que precisamos. Contudo, muitas vezes a oração se
torna um meio de substituir a ação. Não deveria ser assim. Precisamos orar e agir. Moisés clamou a Deus
diante do Mar Vermelho. O Senhor lhe respondeu: “Por que clamas a mim? Diga aos filhos de Israel que
marchem.” (Êx 14.15). Naquele episódio, o povo já sabia o que fazer. Quando não sabemos, precisamos
orar. Depois, devemos agir.
Dependendo do grau de complexidade, o plano poderá estar dividido em metas. A solução fica mais fácil, se
o problema puder ser dividido. As metas poderão estar divididas em tarefas ou etapas, e cada uma delas
deverá ter um prazo determinado para sua execução e a especificação do resultado esperado.

Por exemplo, se o meu sonho é passar o próximo reveillon em Israel, então eu preciso decidir que vou
realizá-lo. Assim, o sonho se torna um objetivo. Em seguida, preciso identificar os recursos: basicamente,
dinheiro e passaporte. Supondo que tenho tudo isso, posso fazer o plano, que se divide nas seguintes metas:
1- Marcar férias para o período. 2- Obter o visto. 3- Fazer a reserva no hotel. 4- Comprar a passagem. 5-
Preparar a bagagem. 6- Viajar. Cada uma dessas metas pode ser dividida em várias tarefas.

Para se executar qualquer plano, é necessário que se tenha disciplina. Não deixe para amanhã o que precisa
ser feito hoje. Se você está no caminho para o seu objetivo, não pare no meio da jornada. Não deixe que
outros objetivos venham desviá-lo da rota, a não ser que sejam realmente prioritários. Então, talvez seja o
caso de abandonar o alvo inicial. Esse tipo de situação pode indicar que houve um erro na fase de
planejamento.

Alguns sonhos são individuais. Outros são coletivos ou dependem da ação de outras pessoas. Então a
situação fica mais difícil. Um sonho que se realiza em grupo pode ter uma quantidade de recursos
disponíveis mais abundante. Porém, a disciplina necessária será muito maior e difícil de ser mantida. É
muito mais fácil ser campeão de natação numa olimpíada do que ser campeão de futebol. Conseguir um
grupo disciplinado, talentoso e eficiente é algo muito difícil. No entanto, não é impossível.

O objetivo de Jesus Cristo

Por falar em grupo, lembremo-nos do objetivo de Jesus: ter uma igreja, santa, pura, sem mácula. A igreja
não apareceria do nada. Ele precisaria edificá-la (Mt 16.16). Para isso, ele fez um plano e aplicou muitos
recursos. Jesus veio ao mundo, cresceu, foi batizado, suportou a tentação, escolheu seus discípulos, deu-lhes
ensinamento, treinamento e uma missão, morreu na cruz, ressuscitou, subiu ao céu e enviou o Espírito
Santo. Quais foram os recursos utilizados? Em primeiro lugar, sua vida, seu sangue, seu Espírito. Em
segundo lugar, os próprios discípulos são recursos que o Senhor usou. Afinal, nós também somos. E a
concretização do seu plano ainda não terminou. Até agora, o Senhor teve muitos resultados parciais. Porém,
em sua segunda vinda, o Senhor verá sua noiva madura e preparada. “Verá o fruto do trabalho de sua alma e
ficará satisfeito” (Is 53.11).
Poderíamos ainda mencionar o objetivo de Deus para Israel no tempo de Moisés: a terra de Canaã. Os
recursos materiais foram obtidos ainda no Egito. Outros recursos só poderiam vir de forma sobrenatural:
nuvem durante o dia e coluna de fogo à noite; água da rocha e maná. Quando se caminha com Deus,
buscando a execução dos propósitos dele, os recursos vêm. Nada nos faltará (Lc 22.35).

O tempo certo

É bom lembrarmos o que disse Salomão: existe um tempo determinado para todo propósito debaixo do céu
(Ec 3.1) (veja também Gn 18.14; 21.2; 29.21). Nosso tempo de vida é a base de toda análise. Não sabemos
quanto tempo ainda nos resta, mas pela média geral e pelo tempo que passou, podemos ter uma idéia
razoável, ainda que incerta. Aos 80 anos de idade não adianta alguém querer ser campeão olímpico.
“Ensina-nos a contar os nossos dias, de tal maneira que alcancemos corações sábios.” (Sl 90.12). Identificar
o tempo certo para cada propósito é um desafio muito grande. Por isso, a Bíblia mostra que tal
discernimento é uma habilidade dos sábios (Ec 8.5; Ester 1.13). Peçamos então que Deus nos dê tal
sabedoria (Tg 1.5) para que tenhamos bons objetivos e façamos bons planos e consigamos executá-los. Que
possamos edificar uma casa e habitar nela, plantar uma vinha e comer do seu fruto (cf. Jr 29.28).

Contudo, a Bíblia nos ensina que todo tempo é adequado para se praticar a justiça, para se fazer o bem, para
se reconciliar com Deus, orar, pregar a sua Palavra e fazer sua vontade (Dt 6.24; Ec 9.8; 2Cor 6.2; Hb 3.15;
2Tm 4.2; 1Tss 5.17). Adiar tais objetivos é seguir as artimanhas do inimigo (Ag 1.2-6).
Dependência de Deus

O lavrador pode ter as sementes, pode abrir a terra e semear. Porém, ele não pode fazer chover. Em
princípio, existe um tempo certo para as chuvas. É necessário então que se conheçam os tempos. Identifique
o tempo certo e aproveite-o (Êx 34.21; Pv 10.5; 20.4). Em casos extremos, até a sabedoria pode ser inútil
(Ec 7.7). Sabe-se o tempo da chuva, mas não chove. Então, nota-se o quão dependentes somos de Deus e
quanto precisamos orar para que ele nos abençoe. Mas lembre-se: orar e agir.

Por melhores que sejam os nossos objetivos e planos, muitas coisas estão fora do nosso alcance. Por isso,
esse tema não se restringe ao âmbito do domínio humano. Precisamos orar para que Deus mude situações
que não podemos mudar. Muitos objetivos na vida dependem de uma oportunidade que talvez não possamos
criar. Oremos a Deus para que possamos ver as boas oportunidades e recusar as falsas. No Éden, Eva aceitou
um objetivo proposto: ser como Deus. Porém, era uma falsa oportunidade. No deserto, Jesus também ouviu
várias propostas do inimigo, mas não aceitou nenhuma delas. Tais situações são armadilhas disfarçadas de
oportunidades. Não devemos fazer do pecado nosso objetivo, pois o investimento exigido é a própria alma.
(Sl 52.2; 64.6.)

Onde está o limite?

Todo objetivo vale a pena? Primeiro buscamos garantir nossa sobrevivência e segurança. Depois
começamos a almejar muito mais. Depois do suprimento queremos o conforto. Depois do conforto, o luxo.
Muitos chegam ao ponto de abrirem mão de valores morais para alcançarem o que lhes parece ser um
patamar mais alto na vida. Será que estamos buscando o “ser como Deus”? Cada um precisa manter sob
controle sua própria ambição. Uma forma de se fazer isso é apegando-se aos valores espirituais e buscando o
bem do próximo. A doação é um exercício de domínio próprio, é um freio que se impõe ao egoísmo. Busque
seus objetivos, mas ajude também o seu próximo a alcançar os dele.

Excesso de alvos

Outro problema que precisa ser avaliado é o excesso de alvos ou a incompatibilidade entre eles. O ser
humano vive perseguindo objetivos diversos. Será que os alcançará? Será que eu e você alcançaremos
nossos objetivos? Somos como caçadores que vivem correndo atrás de suas presas. Se quisermos perseguir
muitas caças ao mesmo tempo, poderemos perdê-las todas.

Identifique seus objetivos. Coloque-os em ordem de prioridade. Faça planos, ore, trabalhe, e Deus o
abençoará.

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