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Capitulo

ADMINISTRA$ÃO:
RESPONSABILIDADE
SOCIAL

TERMOS-CHAVE os
Abordagem da sensibilidade social que supde que
Abordagem da obrigação econôrni-
principais objetivos da empresa são o sucesso
social sociais, e, por isso,
co, não o cumprimento de obrigações
às obrigaçóes
; a empresa deve meramenteadequar-se
vigente.
sociais mínimas impostas pela legislação
sensibilidade social que supõe que
Abordagem da responsabilidade Abordagem da econð-
social os objetivos da empresa não são meramente
micos, mas também sociais, e que a empresa deve
destinar recursos econômicos para a realizaçäo des•
ses objetivos sociais.

Abordagem da sensibilidade Abordagem da sensibilidade social que supõe que a


social empresa não tem somente objetivos económicos e so-
ciais, mas também deve antecipar problemas sociais
futuros e agir agora em resposta a esses problemas.

Auditoria social Processo dinâmico pelo qual uma organização avalia


seu nível de responsabilidade social.

Sensibilidade social Medida na qual uma organização reage diante da per-


cepção de suas obrigações sociais, geralmente uma
medida de eficácia e eficiência empresarial na realiza-
ção de açöes que cumpram essas obrigações sociais.

Nas últimas décadas tem-se observado uma preocupaçào cada vez maior
com as obrigaçòes sociais da empresa, ocasionada pelo crescimento dos movi-
mentos de defesa do meio ambiente e do consumidor, que se voltam para a
relação entre a empresa e a sociedade. Declaraçòes de que a empresa deve
dedicar parte de seus recursos económicos a açòes que beneficiem a sociedade
38 ADMINISTRACÅO

nem sempre têm sido bem recebidas. Autores que escrevem sobre administraçào
divergem nào só quanto ao nível apropriado da açño social da empresa, mas
também quanto a se a empresa tem motivos legítimos para destinar qtlaisquer
recursos a açòes sociais. Esse debate continua, e cristalizou-se nos textos e refle_
xòes de dois importantes autores, o Dr. Milton Fricdrnan (1931—), prêrnio Nobel
em economia, e o Dr. Keith Davis (1918- ) da Universidadedo Estado do Arizona.

ARGUMENTOS CONTRA A
RESPONSABILIDADE SOCIAL DA EMPRESA
O argumento contra a responsabilidade social da empresa tem sido articu_
lado mais amplamente pelo prémio Nobel de economia, Milton Friedman. Ele
afirma que a tarefa da empresa é maximizar o lucro do acionista (Proprietário)
pelo uso prudente de escassos recursos organizacionais, contanto que as ativi_
dades da empresa estejam dentro das exigências da lei. De fato, Friedman e
seus seguidoresafirmamque a empresa, por meio das açòes de associaçòes
comerciaisque representam grupos industriais (em lobbies), podem legalmente
procurar influenciaras leis que afetam as operações empresariais. Muitos têm
acusado Friedmane os defensores de sua posição de que eles não têm conside-
raçào por aqueles que estào em dificuldade econômica, bem como não têm
interessepela justiça social. Entretanto, não é isso o que acontece. Friedman e
seus seguidores fundamentam,em bases práticas e teóricas, a afirmação de que
a empresa nào deve assumir responsabilidade social direta.
Argumentosteóricos contra a responsabilidade social
L Essa é função maior do governo; ao vincular empresa ao governo,
criará
uma força poderosa demais na sociedade e, em última instância,
comprometerá
o papel do governo na regulamentação da empresa.
2. A empresa precisa medir desempenho, e os programas
muitas vezes não conseguem medir índices de sucesso. de açào social
conflitoinerente entre o modo como a empresa funcionaGeralmente há um
operam os programas sociais. e o modo como
a. A funçäo da empresa é maximizar
sejam destinados a programasde açäo lucros. Assim, exigir que recursos
vez que ela reduz os lucros. social viola essa meta empresarial, uma
4. Não há ramo para supor que os
de determinaro que é de interesse líderes empresariais tenham a capacidade
do governo muitas vezes nào social. Cientistassociais e
conseguem administradores
interessesocial. Por que supor chegar a um acordo sobre metas de
trabalho melhor de definir o que os líderes empresariais possam fazer um
interesse social?
ADMINISTRAÇÅO: RESPONSABILIDADE SOCIAL 39

Argumentos práticos contra a responsabilidade social


Os gerentes têm uma responsabilidade fiduciária(de confiança) para
com os interessadosno sentido de maximizaro valor do patrimôniolíquido;
utilizar os recursos financeiros da empresa para realizar objetivos sociais pode
ser uma violaçào dessa responsabilidade, portanto ilegal.
2. O custo dos programas sociais seria um Onus para a empresa e teria de
ser repassado aos consumidores na forma de aumento de preços.
O público pode querer que o governo tenha programas sociais, mas há
pouco apoio para a empresa assumir tais programas.
Nào há razào para supor que os líderes empresariais disponham das
habilidades especializadas necessárias para alcançar metas de interesse social.
Friedman e seus muitos seguidores afirmam que basta à empresa buscar
lucro máximo dentro das regras da sociedade. Eles sustentam que a empresa
que consegue obter lucros beneficia a sociedade pela geraçào de novos empre-
gos e pagamento de altos salários que melhoram a vida de seus trabalhadores.A
empresa pode também melhorar as condiçòes de trabalho de seus funcionários
e estará contribuindo para o bem-estar público ao pagar o imposto de renda
empresarial. Ao possibilitar que as empresas concentrem seus recursos em
atividades efetivamente empresariais, nào em responsabilidade social, esses
recursos sào utilizados com a maior eficiência e eficácia, e as empresas conse-
guem competir com sucesso no mercado mundial. Desviar os recursos empre-
sariais para obrigações sociais, segundo se argumenta, seria assegurar ineficiên-
cia e talvez impor obstáculos fatais à empresa.

ARGUMENTOS A FAVOR DA
RESPONSABILIDADE SOCIAL DA EMPRESA
Keith Davis defende a responsabilidade social da empresa. Ele argumenta
que a responsabilidade social caminha de màos dadas com o poder social, e
uma vez que a empresa é a força mais poderosa na vida contemporânea, ela
tem a obrigação de assumir a responsabilidade social correspondente. A socie-
dade, por sua vez, tendo conferido poder à empresa, pode chamar a empresa a
prestar contas pelo uso de tal poder. Davisafirma ainda que a empresa deve
estar aberta a representantes sociais e à análise especializada de problemas
sociais; a sociedade deve prestar atençào e valorizar os esforços da empresa na
área de responsabilidadesocial. Davis reconhece que os esforços de responsa-
bilidade social da empresa serào dispendiosos, mas sustenta que tais custos
podem ser legitimamenterepassados aos consumidores na forma de preços
mais altos. Em um sentido muito revolucionário, ele chega a afirmar que a
40 ADMINISTRACÅO

de ajudar a solu-
emptvsa, se possuir a perícia necessária, tem a obrigaçào até
esteja dipetamente envolvida. Essa
clonar os problemas sociais nos quais nào
pois quando a sociedade melhorar,a
obrigaçào e em favor do bem wial geral,
I)avi.s concebe a entidade empresa como
empresa se beneticiar.l. No geral, empresa do que ela espera
esperar menos (Ia
uma pessoa. A sociedade pode favor da respon_
de e seus seguidores em prático.
de uma pessoa?os car;iter teórico e
sào de
sabilidade social empresa também social
da responsabilidade
Argumentosteóricos cm favor
interesse da empresa melhorar as
• Teoticamente é (Io melh( fazem negócios. A
melhoria nos ambientes
nas quais
nas quais estào inseridase em benefício da empresa.
comunit.itios,etn ultima instância,
tx•sponsabilidade social ajudam a evitar que pequenos
ele
l'1X)gratna.s
tomar grandes problemas. Em última análise, isso será
ptÄ)blema.s possam se
benetìcoà sociedadee à empresa.
tvsponsável é a coisa ética ou correta a fazer.
s. Ser socialmente
sensibilidade a questòes sociais ajudará a evitar intervençào
Demonstrar
governamental na empresa.
de valores mais generalizado, a tradiçào judaico-cristà, incen_
. O sistema
preocupaçào social.
tiva fortemente os atos de caridade e a
social
Argumentospráticos em favor da responsabilidade
efetivadas dentro de um
Açòes que demonstram sensibilidade social, se
lucrativas para a empresa.
modelo econòmico sustentável, podem, de fato, ser
ser mais eficien-
Novas máquinas de controle da poluiçào, por exemplo, podem
tes e económicas.
2. Ser socialmente responsável melhora a imagem de relaçòes públicas da
empresa em termos de cidadania.
3. Se nós mesmos nào o fizermos, nem a opinião pública, nem o governo
exigirào que o façamos.
4. Ela pode ser boa para os acionistas já que tais medidas obterão aprovação
pública, levarào a empresa a ser vista pelos analistas financeiros como menos
exposta à crítica social e produzirào um aumento no preço das açòes.
Em cada uma dessas visòes relativas ao grau desejado de sensibilidade
social, existe acordo de que a empresa deve desempenhar todas as açòes
socialmente responsáveis exigidas por lei. A maior divergência encontra-se nos
níveis das açòes socialmente responsáveis que ultrapassam as exigências le-
gais, e a diferença de opiniòes relativas a ir acima e além do dever tem suscita-
do várias abordagens diferentes de responsabilidade social.
ADMINtsrnncÅo ntsrogsnnngnnnt

Lembre-se
Milton Frledmon propôs a concopç/io do quo a única funçåo válida da empresa é
maximizarlucros e o valor do patrimóniopara os investidores.A empresa nåo é
obrigada a ser socialmente responsável para além das açÖes engodas por lei. A
empresa ajudará a melhorar a sociedade ao obter lucros c pagar melhores salários a
seus trabalhadores.
Keith Davis sustenta que já que a empresa tem poder na sociedade, ela deve
exercer tal poder para melhorá-la e, portanto, tem a obrigaçåo de demonstrar sensí-
bilidade social.
Tanto Friedman quanto Davis sustentam que a empresa deve obedecer lei e
realizar os atos de sensibilidade social que forem exigidos.

GRAUS DE ENVOLVIMENTO DE
RESPONSABILIDADE SOCIAL DA EMPRESA
Sensibilidade social é a medida na qual urna organizaçào é sensível à
percepçào de suas obrigaçòes sociais. A sensibilidade social é medida pela avalia-
çào da eficácia e eficiência da organizaçào em seus esforços de empreender açòes
que satisfaçamas obfigaçòes sociais. Como reflexo das diferenças entre a visào de
Milton Friedman de que a empesa ntÌo tem nenhuma 'esponsabilidade social além
do que é exigidopor lei e a visào de Keith Davis de que a empresa tem responsabi-
lidades sociais lx»tltle lhe foi conferido poder econômico e social, as organizações
empresariais têm assumido diferentes graus de sensibilidade social. Pode-se distin-
guir três abordagens: a abomlagem da obrigaçào social, a abordagem da rcspon.sa-
bilicladesocial e a abomlagem da sensibilidade social. Essas abordagens represen-
tam um continuum de sensibilidadesocial que vai das menos envolvidas para as
mais envolvidas, conforme ilustra a Figura 3.1.
FIGURA3.1 Graus de sensibilidade social da empresa.

Abordagem da
Abordagem da Cumprir apenas as obrigaçöes
obrigaçåo social
obrigaçåo social legais.
Abordagem da Cumprir as obrigaçöes legais e
responsabilidade as obrigaçöes sociais atuais que
Abordagem da
social afetam diretamente a empresa.
responsabilidade
social Abordagem da Cumprir as obrigaçöes legais
sensibilidade e as obrigaçöessociais relati-
social vas a tendências/problemas
Abordagem da
que eståo surgindo mesmo
sensibilidade que afetem a empresa apenas
social
indiretamente.
42 ADMINISTRACÄO

A ABORDAGEM DA OBRIGAÇÃO SOCIAL


A abordagem da obrigação social supõe que os objetivos principaisda
empresa sào de natureza econômica, principalmente a maximizaçào dos lucros e o
patrimônio dos acionistas,nào o cumprimento de obrigaçòes sociais. Dessa forma
os adeptcxsdessa abordagem acham que a empresa deve meramente CUmpriras
obligaçòes sociais mínimas impostas pela legislaçào em vigor. Um gerente que
adota a abordagem da obrigaçào social obedecerá à lei e poderá tentar influenciara
elaboraçào de leis mediante contribuiçòes políticas a candidatos a cargos públicos
que compartilhemda mesma opiniào ou por meio de lobbies junto aos legisladores
para a criaçàode novas leis ou para revogaçào de outras existentes. Os gerentes
que aceitam essa abordagem afirmam que a empresa cumpre obrigação social
maximizando lucrns e mantendo os trabalhadores empregados. Enquanto CUmpri_
rem a lei, esses gervntes respondem apenas perante os proprietários da empresa
(acionistas)por açòes que consomem recursos organizacionais — nào perante a
sociedade. Esses gerentes selecionam as açòes da empresa que resultarão no me_
lhor resultado económico para a empresa, e/ou as que são exigidas pela lei. Tais
gerentes podem ter participaçào ativa em campanhas de associaçòes comerciais no
intuito de combater ou alterar a legislaçào e limitar a responsabilidade SOCia1 da
empresa. Eles apoiarào ativamente candidatos políticos que defendam um mínimo
de envolvimentodo governo nos assuntos da empresa.
Os gerentes que concordam com a abordagem da obrigação social podem
preconizarque a empresa contribua para assistência social, mas somente
por-
que tal açào beneficia a empresa. Tais doações assistenciais serão
campanhasde relaçòes públicas e, segundo se espera, granjearão citadas em
presa uma boa reputação, que, em última instância, para a em-
influencia as decisões de
comprados consumidores ou cria um benefício direto para seus funcionários.
Casocontrário,a realizaçàode uma boa açào
ponsabilidade dos indivíduos, não da empresa.
assistencial será vista como res-
que a obrigaçàolegal ou benefício próprio Em geral, essa abordagem enfatiza
é o único determinante da responsa-
—-caso contrário, essa responsabilidade
víduos ou órgàos pertence a outros, indi-
governamentais.
Enquantoa abordagem da
por aqueles que afirmamque obrigaçào social tem sido constantemente criticada
o
te, tendênciasna legislação mero cumprimento da obrigaçào legal é insuficien-
em um ataque frontal, nos níveis municipal, estadual
pragmático,aos gerentes e e federal têm resultado
limitariama reaçào da empresa acionistas que, por outro lado,
diantede uma grande aos problemas sociais. As
quantidade de leis de responsabilidadeempresas estão agora
legais que geram obrigações social — decretos
limitar a poluiçào, criar novas e coercitivas à
e empresa contemporânea para
presariaisanticompetitivasmanter um local de trabalho seguro,
mar os dados de e desleais, tratar os evitar práticas em-
desempenho e de pessoal tmbalhaclores com
para as agências de igualdade e infor-
controle municipal'
ADMINISTRA eia: RESPONSABILIDADE SOCIAL 43
estadual e federal. Cada vez mais,
massas de leis pode resultar em o fracasso em obedecer a essas crescentes
significativaspenalidades financeiras, avaliadas em
relação ao gerente individual elou
à organizaçào, bem como potencial responsa-
bilidade criminal,resultando em
multas e talvez até em uma sentença de prisào.
Aqueles que limitavam a resposta
gerencial aos requisitos legais estào agora diante
da necessidade de um crescimento de consciência em
relaçào à mudança nas
obrigaçòes sociais e ao comprometimento
dos recursos organizacionais.

*'o: —Lembre-se
A abordagem da obrigação social supõe que as únicas obrigações de responsa-
bilidade social da empresa são as exigidas por lei. Uma empresa que acredita nessa
abordagem dedicará somente os recursos organizacionais necessários para cumprir
essas obrigações sociais, mas não empreenderá esforços voluntários.

A ABORDAGEM DA RESPONSABILIDADE SOCIAL


A abordagem da responsabilidade social supòe que a empresa não
possui somente objetivos econômicos, mas também responsabilidades sociais.
Os gerentes que adotam essa abordagem tomam decisões organizacionais basea-
das nào somente no ganho econômico previsto e na obediência às leis, mas
também no critério do benefício social. Existe uma disposiçào de se gastar
alguns recursos organizacionaisem projetos de bem-estar social relacionados
às necessidades da comunidade maior, embora nào se escolheria nenhum curso
de açào que trouxesse diretamentedanos econômicos à empresa. Há um inte-
resse pela maximizaçàodos lucros e patrimônio dos acionistas, mas também
uma disposiçào em considerar aqueles da comunidade que fiscalizam os pro-
gramas de açào social. As empresas que adotam a abordagem da responsabili-
dade social procuram ativamente a aprovaçào da comunidade para o seu
envolvimento social e desejam ser vistas como bons cidadãos empresariais,
grande parte do esforço de relações públicas da empresa estará voltada a obter
esse reconhecimento público.
Os gerentes nessas empresas cooperarão com entidades sociais municipais na
definiçãodas dimensòesde problemassociais correntes e na descoberta de meios
pelos quais a empresa possa ajudar a solucionaresses problemas. Os funcionários
são incentivadosa participarnos esforços de responsabilidadesocial da comunida-
de e tal participaçãoindividualdo funcionário será muitas vezes reconhecida como
recompensa dada pela empresa. A política da empresa também incentivará e
apoiaráa açào individualsocialmentedesejável por meio de açòes, tais como as de
compensara contribuiçãoassistencialdo funcionáriocom fundos da empresa.
Quando essas empresas descobrem que suas açòes contribuíram
nar os problemas para solucio-
sociais correntes, elas praticarào a adaptaçào mativa.
Isso signifi-
44 ADMINISTRAGÅO

ca que nos casos em


que o papel da empresa na contribuiçàopara a soluçàodo
problema social é evidente, a empresa agirá para providenciar uma açào COrretiva
Isso pode incluir açòes, tais como
pagamento de indenizaçào para os afetados por
poluiçào causada pela empresa ou desembolso de dinheiro para manter o nívelde
controle da poluiçào acima daquele atualmente determinado pela COmunidade
Um exemplo de uma organizaçào que assumiu a responsabilidadesocial
foi visto em San Diego quando a universidade da Califórnia decidiu estabelecer
um campus avançado. A universidade tomou consciência de que havia cotas
raciais e religiosas empregadas por um empreendimento habitacional caroe
exclusivo nas imediaçòes. Uma vez que muitos professores que estariam
nando no campus seriam submetidos a humilhaçào e a rejeiçào em sua busca
de moradia, a administraçào da universidade empreendeu açào direta ainda
que nào houvesse exigência legalpara fazê-lo. Os bancos locais foram COntatados
e informadosde que nenhum departamento da universidade faria negócios
com qualquer instituiçào financeira que negasse financiamento a funcionárioda
universidade com base em discriminaçào. Os órgàos da universidade foram
além e informaramo governo municipal que o campus avançado seria IOcaliza_
do em outro lugar do estado, a menos que houvesse garantia de que a área
habitacional seria aberta a todos os candidatos financeiramente qualificados
independentementede raça e religiào.Os funcionáriosdo governo municipal
deram essa garantia e o campus avançado tornou-se uma instituição educacio-
nal de destaque.

Lembre-se
A abordagem da responsabilidade social reconhece que a empresa tem responsabi-
lidades econômicas e sociais. As responsabilidadeseconómicas são a maximização
dos lucros e o aumentodo patrimôniodos acionistas. As responsabilidadessociais
consistem em lidar com os problemassociais correntes, mas somente até o pontoem
que o bem-estar económico da empresa não é afetado negativamente. Essa
abordæ
gem reconhece os grupos de ação social correntes, e pode até contribuir para
eles e ao
mesmo tempo incentivar gerentes e funcionários a fazerem o mesmo.
Essa abordagem
contempla os problemas sociais por meio de adaptação reativa,
um processo de reæ
ção aos problemas.

A ABORDAGEMDA SENSIBILIDADE SOCIAL


A abordagem da sensibilidade social supòe
somente
que a empresa nào tem
metas econômicas e sociais, mas também
sociais futuros e agir no presente em resposta deve antecipar problema-S
a esses problemas futuros.Das
três abordagens descritas neste capítulo, esta
é a que mais exige da empreša:
L exige que a empresa antecipe os
antes que se tornem problemas sociais e lide comeles
evidentes; e
ADMINISTRAÇÃO: RESPONSABILIDADE SOCIAL 45
2. ao lidar com os problemas sociais futuros, a empresa pode precisar
fazer
uso dos recursos organizacionais agora para o bem social futuro, afetando
nega-
tivamente a maximizaçãodos lucros no presente.
A empresa que adota essa abordagem acredita que a boa cidadania empre-
sarial implica assumir um papel verdadeiramente proativo na sociedade, o de
fazer uso do poder que lhe é conferido para a melhoria da sociedade. Isso, no
final, produzirá um efeito benéfico na empresa já que ela faz negócios no
interior dessa sociedade. Um exemplo disso seria um programa educacional
antidrogas nas escolas públicas financiado pela empresa. O ganho futuro é uma
força de trabalho mais saudável, ainda que no presente a empresa possa nào
estar encontrando nenhum problema com drogas no local de trabalho.
Uma empresa socialmente sensível procura participar ativamente da comu-
nidade e incentiva seus funcionários a fazerem o mesmo. Existemuito empe-
nho dedicado a se ter consciência social, especialmente quando essa consciên-
cia diz respeito a áreas de preocupaçàoemergente. Emboraa abordagemda
responsabilidade social discutida anteriormente sancionasse o envolvimento da
empresa e do indivíduo nas causas sociais estabelecidas,a abordagem da sensi-
bilidade social confere endosso a uma visão mais ampla que abraça ativamente
instituições de caridade e grupos de açào social emergentes. Uma vez que
essas causas emergentes não contem com aprovação social mais ampla, elas e
as empresas que as apóiam podem ser vistas como radicais. Uma das empresas
mais conhecidas desse tipo é a Ben & Jerry's, fabricante de sorvetes de alta
qualidade. Localizadano Waterbury,vr, esta empresa é extremamente conhe-
cida por sua consciência ambiental e envolvimentobenéfico na comunidade
local. Ela procura ser diretamente uma força para mudança positiva em nível
local e mundial. De fato, quando foi anunciado em janeiro de 2000 que uma
empresa não identificada havia feito uma oferta para comprar a Ben & Jerry's,
muitos de seus operadores de franquias e negociantes independentes que
comercializavam seus produtos se uniram para manifestar publicamente sua
preocupação. Receavam que essa venda comprometesse a cultura exclusiva da
empresa e diminuísse seu envolvimento na comunidade. As preocupaçòes des-
se grupo foram amplamente noticiadas no The New YorkTimes e assim foram
conhecidas.
Essa abordagemleva as empresas a adotarem uma postura de adaptaçào
proativa. Os problemas futuros são antecipados e são tomadas medidas seja
para evitar que surjam ou para evitar que se tornem graves demais. A empresa
que adota essa abordagem não somente apoiará as leis em vigor no momento,
como também apoiará ativamente a adoçào de nova legislação que atenda às
necessidades sociais previstas. A empresa pode até usar seu know-how exclusi-
vo de pesquisa e desenvolvimento para aplicar tecnologia no
atendimento às
necessidades sociais previstas. Essas empresas podem assumir
a dianteira de
46 ADMINISTRAÇÃO
desempenho
seu ramo industrialno desenvolvimentode novos padrões de
sejam até mais rígidos do que os exigidos por lei, com a justificativade
sociedade, conferem ao Setor uma
esses padròes mais rígidos beneficiam a para evitar a intervençào
reputaçào de sensibilidadesocial e podem agir preventiva Podem até
cursos de adaptaçao
regulamentaçàogovernamentais. Os serào justificados pelo recurso
mas
ser economicamente prejudiciaisà empresa, empresa opera.
ao bem maior da sociedade dentro da qual a sudeste dos Estados Unidos
Uma importante ferrovia localizadasocial no
sensibilidade no final dos anos 1970 quan_
exemplificoua abordagem da que estuda o movimento, para anali_
do contratou um ergonomista, um cientista ferrovia. A empresa CIUeria
cada trabalho da
sar os movimentosencontrados em movimentos musculares para que ela Pudesse
uma classificaçàoem termos de postos nos quais PUdessem
desafiados em
colocaros indivíduosfisicamente funcionários produtivos. O sistemade
operar e contribuir para a ferrovia como
empresa compatibilizar indivíduos com cargos espe_
classificaçàopossibilitou à por lei, mas pelo desejo da empresa
cíficos.Isso nào foi na época determinado
todos os envolvidos: a empresa, pela aquisição de fUncionários
de beneficiar desafiados, pela obtenção de
valiosos e dedicados; os indivíduos fisicamente de trabalhadores produti_
emprego;e a comunidade,pelo aumento no número
vos e contribuintes.

Lembre-se
A abordagemda sensibilidadesocial enfatiza que a empresa não tem so-
menteresponsabilidadeseconômicase sociais, mas também deve antecipar
futurosproblemassociais e destinar recursos organizacionais ao tratamento
desses problemasfuturos.Isso será realizado pela adaptação preventiva, ante-
cipandofuturosproblemase lidandocom eles no presente. Isso inclui proble-
mas que podemnão ser diretamenterelevantes à empresa, mas a solução de-
les beneficiaráa sociedade mais ampla. Essa é uma abordagem muito aberta e
admitea responsabilidadedos gerentes para com os proprietários da empresa
(acionistas)e tambémpara com a sociedade como um todo.

O PROCESSO DE ADMINISTRAÇÃO DAS


AÇõES SOCIAIS
O processopelo qual uma
organização administra suas açòes sociais,
nportaqual a abordagemadotada,
e (2) a fase da avaliação.A tem duas facetas principais: (1) a faseda
oblema e na definição dos fase da açào consiste na identificaçà0do
critérios de desempenho
bem-sucedido paraa
ADMINISTRAÇÅO: RESPONSABILIDADE SOCIAL 47
soluçao dos problemas, na geração e na avaliaçàode caminhos alternativosde
açào, nas escolhas alternativase na implementaçãode plano-piloto,na imple-
mentaçào plena da alternativa e na avaliaçãodo programa.A fase da avaliação
é a auditoria social, uma avaliação formal de todo o esforço organizacionalna
área de responsabilidadesocial.
A FASE DA AÇÄo
ANÁLISE SITUACIONAL E DEFINIÇÃO DE PADRÕES
O primeiro passo em qualquer programa de açào social da empresa é
realizar uma análise situacionalem relação às condições sociais.Isso consiste
em realizar uma comparação entre o que é e o que deveria ser. Se houver uma
lacuna entre uma condição e outra, foi identificada uma necessidade social.
Uma vez identificada uma necessidade ou um problema social, o próximo
passo é definir os padrões de desempenho pelos quais se saberá quando o
problema terá sido corrigido. De modo ideal, esses padrões de desempenho
devem ser definidos em termos do comportamentoobservávele mensurável,
mas isso pode se mostrar impossível. Muitos problemas sociais não se prestam a
tal definição quantitativa e suas propostas de solução serão definidas em termos
vagos. Isso é menos desejável, porém aceitável, se for a única maneira de
definir a direçao na qual uma empresa deseja caminhar no cumprimento de sua
responsabilidade social.
A empresa pode decidir que, como responsabilidadesocial, ela deve con-
tribuir para o avanço cultural da comunidade na qual se localiza. A empresa
cumprirá essa responsabilidade social agindo como patrocinadoraassociada de
um evento cultural que beneficia a comunidade. Embora se gaste dinheiro e o
evento seja realizado, é extremamente difícil medir o impacto real na comuni-
dade mais ampla. Haverá um sentido geral de realização cultural, porém, no
máximo, poucos dados concretos para medir a realização dos objetivos. (A Gulf
Oil fez isso em sua longa associação com a televisão pública, particularmenteo
seu patrocínio do MasterpieceTheater.)
A Câmara Municipal de São Paulo criou, pela Resolução 5/98, o Selo
Empresa Cidadã a ser outorgado a cada dois anos às empresas situadas no
de
município e que, por meio do balanço social, comprovarem o cumprimento
desenvolvi-
suas funções sociais demonstradas por investimentosno bem-estar e
mento dos profissionaise em açòes que beneficiem a comunidade. Nào podem
concorrer ao prêmio empresas que empreguem mão-de-obra infantil ou que te-
nham fornecedores que o façam. O balanço social fundamenta-se sobre três pon-
tos: perfil social dos empregados, padrão de atendimento utilizado para responder
às cláusulas sociais do trabalho, e conjunto de incentivos ao desenvolvimento hu-
mano e à qualidade de vida de funcionários e da comunidade. A primeira condeco-
ração do Selo Empresa Cidadã foi feita, em 1999, a 32 empresas.
48 ADMINISTRAÇÃO

CRIAÇÃO E SELEÇÄO DE ALTERNATIVAS


problema e formulados os padròes de
Somente depois de identificado o caminhos de açào alternativos
propostas é que os
desempenho para as soluçòes
propostas podem vir de funcionários da
podem ser indicados. Essas soluçòes governo e até de especialistas
de funcionários do
empresa, da comunidade, vez gerada a lista de alternativas
externos contratados como consultores. Urna
critérios principais:
elas sào avaliadas com base segundo três
A opçào soluciona o problema?
de implementar esse curso de açào?
2. A empresa tem condiçòes
dessa açào?
Quais sào as outras conseqüências questões, a opção será
qualquer uma dessas
Se a resposta for negativa para pode ser uma opçào inaceitável para
rejeitada. É óbvio que a segunda pergunta estào além das habilidades, finançase
——alguns problemas sociais
empresa. Visto que a maior parte da
outras possibilidadesde soluçào pela questão, esse processo é geralmente
energia será canalizada para a terceira
referido como análise de conseqüências.
que nem o curso de açào, nem uma combinação de várias açòes
Supondo na qual a empresa cum-
propostassejam escolhidos como maneira apropriada administrado para ver se
prirá sua responsabilidade social, um teste-piloto será programas podem
há quaisquerdificuldadesimprevistas.Se for necessário, os
ser revistos e aprimorados nesse estágio.
IMPLEMENTAÇÃO E AVALIAÇÃO
Os dois passos finais consistem em implementar inteiramente o programa
de açào socialproposto e, em algum ponto realista no tempo, avaliar o progra-
ma. Essaavaliaçàofornece informações que podem ser usadas em uma nova
análisesituacional,concepçào de padròes de desempenho, alternativas de ge-
raçào e outras. Essas informações, chamadas feedback, são devolvidas para o
processode concepçào do programa de açào social dinâmica.
O nível de sensibilidade social assumido pela empresa exercerá forte in-
fluênciaem todos os passos deste processo, limitando ou aumentando a ampli-
tude do que será definido como problema, a classe de soluçòes propostas e a
seleçào de programas.A empresa que aclota a abordagem
sustentaráque a maioria dos problemas sociais nào da obrigação social
paçào da empresae que a única preocupaçào estào no âmbito da preocu-
as obrigaçòes legais. Mas a administraçào válida deveria ser a de cumprir
de social, ao tratar os problemas sociaisque aclota a abordagem da sensibilida-
maior de problemassociais presentes e previstos, admitirá uma faixa muit0
previstos em sua preocupaçào.
A Tabela 3.1 ilustra o comportamento
socialdurante a fase da açào do típico de cada nível de preocupaÇi0
programa de açào social.
TABELA3.1 Respostas para a fase da ação de um programa de
ação social por nível de sensibilidade social

O QUE É O QUE DEVERIA


DESEMPENHO ALTERNATIVAS CONSEQÜÈNCIAS
Abordagemda Somente reconhecer Adequar-seàs Cumprir obrigações Alternativas devem Aceitar alternativas que A empresa
obrigação exigências legais obrigações legais legais cumpriu suas
apenas cumprir as atendam obrigações
social obrigaçÖes legais?
obrigações legais legais ou obrigações
não exigidas por lei
Decisões baseadas
na maximização de
lucro/patrimðnio

Abordagemda Reconhecer obriga- Adequar-seàs Cumprir obrigações Alternativas devem Aceitar alternativas que A empresa cumpriu suas
ções legais e sociais obrigações legais legais cumprir exigências atendam obrigações obrigações legais?
social e resolver proble- legais legais e resolvam pro-
mas sociais cor- blemas sociais corren-
rentes tes
Decisões baseadas Resolver problemas Alternativas para A empresa resolveupro-
na maximização do sociais correntes resolver problemas blemas sociais correntes
lucrŒ/patrimônioe sociais correntes que a afetam
metas sociais
Abordagemda Reconhecer obriga- Adequar-seàs Cumprir obrigações Alternativas devem Aceitar alternativas que A empresa cumpriu suas
sensibilidade çöes legais e sociais obrigações legais legais cumprir exigências atendam obrigações obrigações legais?
social e antecipar futu- legais legais e resolvam futu-
ros problemas ros problemassociais
sociais

Decisões baseadas Prevenir futuros proble- Alternativas devem A empresa resolveu


na maximização do mas sociais — atender a resolver futuros pro- futuros problemas so-
lucro/patrimônioe necessidades sociais blemas sociais previs- ciais que a afetam mes-
futuras metas sociais emergentes tos mo que indiretamente?
50 ADMINISTRAÇÅO

bre-se
análise
social são: realizardetermi_
de ação
Os passos na fase da ação de um programaalternativos; e, em seguida,
situacional; definir padrões;criar cursos de ação avaliá-la. A organização seleciona as
nar a ação apropriada, implementá-la e finalmente
relação à responsabilidade Social.
ações que corporificamsua filosofia básica em

A FASE DA AVALIAÇÃO social de uma empresa é reali_


de sensibilidade
A avaliaçãodas atividades social. Essa auditoria examina a totalidade das
zada por meio de uma auditoria à sensibilidade social e é uma avaliação
atividadesorganizacionais relacionadas
eficácia da organização em alcançar as metas estabele_
formal da eficiênciae da obvio que algumas organizações, que têm um
cidas pelo seu programa social. É
maior com programas sociais, empenharão mais esforços do que
compromisso social não se concentra em cada um
as empresas menos engajadas. A auditoria
mas na totalidade dos esforços organizacionais. Têm surgido
dos programas, auditoria social: abordagem de
diversasabordagensimportantesdo processo de da administração de
inventário,abordagem do centro de custos, abordagem pode freqüente-
programae abordagem do custo-benefício. Uma organização
mente utilizaros resultados da auditoria social para reportar-se aos órgãos e
entidadesdo governo municipal, estadual e federal, bem como para propagan-
da favorávelde relações públicas.
Na abordagem de inventário, a administração fornece ao público em geral
umalistagem(ou inventário)de suas campanhas em programas sociais durante
um determinadoperíodo no mínimo uma base anual. Esse pode ser um
completotrabalho de relações públicas destinado a obter uma reputação louvá-
vel para a empresajunto à comunidade, ou meramente um destaque no relató-
rio anual para os acionistas e para a comunidade financeira. O ponto forte desse
métodoé que ele aponta para áreas de ação social dentro da comunidade. Sua
desvantagemreside no fato de que é uma lista, geralmente sem nenhum deta-
lhe sobre custos ou sucessos, por exemplo. Portanto, é uma abordagem
para a auditoria social. mínima
A abordagemdo centro de custos é um método
somentehá um resumodos programas mais complexo no qual não
tambémum relatóriode custos para cadasociais conduzidos pela empresa, mas
mações adicionais, não consegue programa. Embora isso forneça infor-
ência e eficácia.O público e a avaliar nenhum programa em função de efici-
administraçãonão recebem uma avaliaçãodo
A abordagemda administração
iucessoorganizacionalna de programa adiciona uma
consecuçãodas metas de avaliação do
responsabilidade socialda
ADMINISTRAÇÃO: RESPONSABILIDADE SOCIAL 51
empresa. Esse programa obriga os gerentes do programa a avaliaremos graus
de sucesso, mas tem sido criticado por essa avaliação. Afirma-seque certos
programas sociais não possuem metas facilmente enunciadas ou mensuradas,
tornando a avaliação do sucesso uma tarefa extremamentedifícil.
A análise do custo-beneftcioé o procedimento mais complicadode audito-
ria social. Ela procura avaliar os programas sociais por seus custos e pelos
benefícios finais derivados. Esse é o processo de avaliação mais difícil, já que
supoe que se possa definir as metas em termos mensuráveis, quantificando
tanto os custos quanto os benefícios, e comparar os dois. O processo tem sido
criticado por causa das dificuldades inerentes à definição das metas sociais e ao
dimensionamento dos benefícios.
A Figura 3.2 ilustra as quatro abordagens para a auditoria social.

FIGURA3.2 TIPOS de auditoria social.

ANÁLISE DE CUSTO-BENEFíClO
listagem+ custos + sucesso + benefícios

ABORDAGEM DA ADMINISTRAÇÃODE PROGRAMA


listagem+ custos + sucesso

ABORDAGEMDO CENTRO DE CUSTOS


listagem + custos

ABORDAGEM DO INVENTÁRIO
listagem

8 Lembre-se
Auditoriasocial é a mensuração das ações de sensibilidade social empreendidas
por uma empresa. Ela pode abranger desde um simples inventário, ou lista de proje-
tos de ação social, até a análise formal de custo-benefício,que procura estimar o
custo e benefícios derivados de todos os projetos de ação social empreendidos em
uma determinada base temporal. A auditoria social é complicada pelo fato de que
geralmente é difícil definir e medir o sucesso em tais programas.
52 ADMINISTRAÇÅO

SOCIAL NA
ÁREAS DE PREOCUPAÇÃO
ADMINISTRAÇÃO
PRÁTICA ATUAL DA
preocupaçào social que têm atraído
Existemvárias áreas importantes de continuarào a fazê_lo
1970 e que
atençào da empresa desde os anos de e dos resíduos sólidos, a POIuiçào
Essas áreas sào a poluiçào do ar, cla águacom as minorias e a segurança dos
sonora e visual, a responsabilidade para para todas as empresas, mesmo
funcionários.Essas áreas sào importantes da obrigaçào social para a responsa_
que elas assumam somente a abordagem
áreas traz em si uma obrigaçào legal que
bilidade social. Cada uma dessas
deve ser seguida.
POLUIÇÃO DO AR
o início dos anos de 1960 tem havido um interesse crescente pela
Desde é o principal poluidor, masa
qualidade do ar nos EstadosUnidos. O automóvelimportante transgressora. por
indústria em geral também tem sido vista como de purificação, principal_
injunção legal, as empresas têm aclotado tecnologias Essas tecnologias incluem
mente no setor fabril, para reduzir a poluição do ar.
filtros,processosde lavagem de gás e precipitadores eletrostáticos para reduzir
os níveisde poeira em suspensão.
No Brasil,a questão da poluição atmosférica mereceu atenção a partirdo
início da década de 1970,período em que se verificou forte crescimento eco-
nômicoe industrial.Os problemas com poluição do ar em cidades como São
Paulo,Cubatãoe Porto Alegre demonstraram que era necessário implementar
políticasque levassem em conta esse tipo de problema.
• A Portarian. 231, de 27 de abril de 1976, do Ministério do Interior, preocu-
pou-seem estabelecerpadrões nacionais de qualidade do ar para material
particulado,dióxidode enxofre, monóxido de carbono e oxidantes fotoquímicos.
• A ResoluçãoCONAMA(Conselho Nacional do Meio Ambiente) n. 18, de 6 de
maiode 1986,instituiuo programa de controle da
poluição do ar por veículos
automotores PROCONVE
em decorrência do crescimento da frota automo-
bilística
brasileira.
• O Decreton. 1.787,de 12 de
janeiro de 1987, clispòe sobre a utilizaçãode
gás natural para fins automotivos.
• A ResoluçãoCONAMA n. 5, de 15 de junho de 1989,
nacional de controle de criou o programa
qualidade do ar —— PRONAR—- com a finalidade de
promovera orientaçãoe o
vendo estratégiasde cunho controle da poluiçào atmosférica no Brasil,
nacionaisde qualidadedo normativo,como o estabelecimento de padrões
ar e de emissào na fonte,
a implementação de uma
ADMINISTRAÇÅO: RESPONSABILIDADE SOCIAL 53

política de prevenção de deterioração da qualidade do ar, a implementação


da rede nacional de monitoramento do ar e o desenvolvimentode inventários
de fontes e poluentes atmosféricos prioritários.
• A Resolução CONAMAn. 3, de 28 de junho de 1990, estabeleceu padròes
de qualidade do ar determinando as concentrações de poluentes atmosféricos
que, ultrapassadas, poderão afetar a saúde, a segurança e o bem-estar da
população, bem como ocasionar danos à flora e à fauna, aos materiaise ao
meio ambiente em geral.
• A Resolução CONAMAn. 8, de 6 de dezembro de 1990, estabeleceu, em
nível nacional, limites máximos de emissão de poluentes do ar (padròes de
emissão) para processos de combustão externa em fontes novas fixas de
poluição com potências nominais totais até 70 MW (setenta megawatts) e
superiores.
• A Lei n. 8.723, de 28 de outubro de 1999,dispõe sobre a redução de emissão
de poluentes por veículos automotores.
POLUIÇÃO DA ÁGUA
Com a crescente sofisticação na físico-químicae a detecção de poluentes
geral
da água na cadeia alimentar, tem ocorrido um clamor do público. A área
que
de preocupação é o uso inseguro de pesticidasquímicos na agricultura,
o trata-
passam para os sistemasde abastecimentode água e alimentose para
contaminações
mento municipal de esgotos. Cada um tem resultado em sérias
exigências para a indús-
de mananciais, e a pressão da opinião pública levou a
Ainda que as
tria e as cidades no sentido de purificar suas águas servidas. sistemas de
nos
empresas tenham respondido com dispendiosas modificações
esses custos.
fabricação, as menores muitas vezes não têm como arcar com
vez o direito de
O governo norte-americano estabeleceu pela primeira emendada em
Portos de 1886,
controlar a poluição da água com a Lei dos Rios e
esse termo é hoje aplicado
1899. Essa lei aplicava-se às águas navegáveis, mas
do interior dos estados.
a baixios litorâneos e de água doce e aos lagos e rios despejos no mar.
Atualmente, a autoridade do governo estende-se também a
para incluir
Embora a Lei do Lixo de 1899, ampliada por interpretaçào legal
entulho em águas
os resíduos industriais, tornasse ilegal despejar sem permissào
novas
navegáveis, foi apenas nos anos de 1950 que a legislação federal criou
obrigações sociais para a empresa na área de qualidade da água.
No Brasil, o Código de Águas, estabelecido pelo Decreto n. 26.234, de 10
de julho de 1934, é o instrumento legal válido para todo o território brasileiro
para disciplinar o setor de águas e de energia elétrica. Entre outras disposiçòes,
estabeleceu a distinçào entre a propriedade do solo e a das quedas-d'água e
demais fontes de energia hidráulica para fins de exploraçào ou aproveitamento
industrial; todas as fontes de energia hidráulica passaram ao patrimônio federal
como propriedade inalienável; a pelo
instituiu o regime de concessao scr dada
governo a empresas brasileiras interessadas na exploraçao das (IUCdas-d'água
para obras de geraçao de energia clétrica.
política nacional do meio
• A Lei n. 6.938, de 1981, é conhecida como a lei da
importante Jei ambiental do Brasil.
ambiente e também considerada a mais
a indenizar por danos ambientaisque
Define que o poluidor é obrigado
de culpa. Por essa Jei foi criado 0 EIA/RIMA
causar, independentemente
de Impacto Ambiental), cuja regula.
(Estudo de Impacto Ambiental/Relatório
mentaçäo foi feita pela Resoluçao n. 1/86. CONAMA,estabelece as
de 1986, do
• A Resolução n. 1, de 23 de janeíro e as diretrizes gerais para usoe
critérios
definições, as responsabilidades, os ambiental como um dos instrumentos(Ia
implantação da avaliação de impacto CONAMAconsidera impacto ambiental
O
política nacional do meio ambiente. físicas, químicas e biológicas do meio
qualquer alteração das propriedades de matéria ou energia resultante das
forma
ambiente, causada por qualquer
atividades humanas que afetern:
segurança e o bem-estar da populaçao;
•a saúde, a
económicas;
• as atividades sociais e
a biota;
estéticas e sanitárias do meio ambiente;
• as condições
• a qualidade dos recursos ambientais.
essa resolução, o CONAMA submete à aprovaçao do órgão estadual
Com
ativídades modificadoras do meio
competente e do IBAMAo licenciamento de
ambiente referentes a:
• estradasde rodagem com duas ou mais faixas de rolamento;
ferrovias;
a portos e terminaisde minério, petróleo e produtos químicos;
• aeroportos, conforme definidos pelo inciso I do art. 48 do Decreto-lein.
32, de 18 de novernbro de 1966;
oleodutos, gasodutos, minerodutos, troncos coletores e emissáriosde
esgotos sanitários;
• linhas de transmissãode energia elétrica, acima de 230KV;

a obras hidráulicas para exploraçao de recursos hídricos, tais como: barr'l
gem para fins hidrelétricos, acima de I()MW,de saneamento ou de
gaçäo, abertura de canais para navegaçåo, drenagem e irrigaçào, retifiC'1•
çäo de cursos d'água, abertura de barras e embocaduras, transposiÇàOde
bacias, diques;
• extraçäo de combustível fóssil (petróleo, xisto, carvao);
extraçåo de minério, inclusive os da classe II, definidas no Código de
Mineração;
ADMINISTRAÇÅO: RESPONSABILIDADE SOCIAL 55

• aterros sanitários, processamento e destino final de resíduos tóxicos ou


perigosos;
• usinas de geração de eletricidade, qualquer que seja a fonte de energia
primária, acima de IOMW•,
• complexo e unidades industriais e agroindustriais(petroquímicos, side-
rúrgicos, cloroquímicos, destilarias de álcool, hulha, extraçào e cultivo
de recursos hídricos);
• distritos industriais e zonas estritamente industriais — ZEI;
• exploração econômica de madeira ou de lenha, em áreas acima de 100
hectares ou menores, quando atingir áreas significativas em termos
percentuais ou de importância do ponto de vista ambiental;
projetos urbanísticos, acima de 100ha ou em áreas consideradas de rele-
vante interesse ambiental a critério da Secretaria do Meio Ambiente
SEMAe dos órgãos municipais e estaduais competentes;
qualquer atividade que utilize carvão vegetal, em quantidade superior a
dez toneladas por dia.
• Lei n. 6.902, de 27 de abril de 1981, conhecida como lei de proteçào ambiental,
criou as Estações Ecológicas (áreas representativas de ecossistemas brasileiros.
Segundo essa lei, 90% dessas áreas podem permanecer intocadas e 10%
podem sofrer alterações para fins científicos).A lei criou também a figura da
Área de Proteçào Ambiental (APA),na qual podem permanecer as proprieda-
des privadas, mas o poder público pode limitaras atividades econômicas para
fins de proteçào ambiental. As EstaçõesEcológicase as Areas de Proteçäo
Ambiental podem ser criadas pela União, estado ou município.
• Lei n. 7.735, de 22 de fevereiro de 1989, criou o Instituto Brasileiro do Meio
Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (IBAMA).Ao IBAMA,que é
subordinado ao Ministériodo Meio Ambiente, compete executar e fazer exe-
cutar a política nacional do meio ambiente, atuando para conservar, fiscalizar,
controlar e fomentar o uso racional dos recursos naturais.
• Lei n. 7.754, de 14 de abril de 1989, estabelece medidas para proteçào das
florestas existentes nas nascentes dos rios.
• Lei n. 9.795, de 27 de abril de 1999, dispõe sobre a educação ambiental, e
institui a Política Nacional de Educação Ambiental. Entendem-se por educação
ambiental os processos por meio dos quais o indivíduo e a coletividade cons-
troem valores sociais, conhecimentos, habilidades, atitudes e competências
voltadas para a conservação do meio ambiente, bem de uso comum do povo,
essencial à sadia qualidade de vida e sua sustentabilidade. A educação ambiental
é um componente essencial e permanente da educação nacional, devendo
estar presente, de forma articulada, em todos os níveis e modalidades do
processo educativo, em caráter formal e não-formal.
De acordo com essa lei são princípios básicos da educação ambiental:
56 ADMINISTRAGÅO

O enfoque humanista holístico, democrático e participativo;


a
a concepçào do meio ambiente em sua totalidade, considerando
e o CUItUral.
interdependência entre o meio natural, o socioeconómico
pedagógicas na perspectiva da inter
o plumlismode idéias e concepções
multi e transdisciplinaridade;
o trabalho e as práticas Sociais;
a vinculaçào entre a ética, a educaçào,
permanência do processo educativo;
a garantiade continuidadee a
críticado processo educativo;
• a permanente avaliaçào
ambientais regionais, nacionais e
a abordagem articulada das questões
globais;
respeito à pluralidade e à diversidade individuale
o reconhecimentoe o
cultural.
E SÓLIDO
POLUIÇÃOPOR LIXO PERIGOSO
anos de 1960 era evidente para o público em geral que a poluição da
Nos Admitia-se também que os aterros
única área de preocupação.
água nào seria a sua capacidade e que outras soluções
sanitáriosestavam chegando ao limite de
o lixo sólido. Além disso, a
tinham de ser desenvolvidaspara lidar com sobre a transformação
popularizaçàode avanços no conhecimento científico
decompõe ou sobre falhas na
por que passa o lixo sólido à medida que este se
biodegradaçào— como no empacotamento e peças de serviços de fast-food
feitosde plástico levou a uma crescente preocupação por parte do público
de que algumacoisa tinha de ser feita em relação ao manejo de lixo sólido
mesmo que os aterros sanitários não fossem fechados. Nos Estados Unidos, isso
começou com a Lei de Remoção de Lixo Sólido de 1965, que concedia autorida-
de ao governo federal para ajudar os governos locais no desenvolvimento de
programasde tratamentoe para realizar pesquisas, e a lei ampliou-se para uma
preocupaçàocom o lixo radioativo de usinas nucleares e descarte de produtos
químicosperigosos. Os principais componentes dessa legislação são:
• Leide Recuperaçàode Recursos de 1970, que concedia subsídio federal para
usinaspiloto de reciclagem de recursos e determinava o desenvolvimento de
um programanacional de controle do lixo sólido.
• Lei de Conservaçàoe Recuperação de Recursos
de 1976, que ordenava à
Agênciade Proteçào Ambiental (Environmental
Protection Agency — EPA)0
controlede todas as fases de manejo de
lixo perigoso.
• Leide Mineraçàoe Recuperação
de
raçàoda terra retiradanas operaçõesSuperfíciesde 1976,que exige a restail-
de mineração de superfície.
Cada vez mais, no reconhecimento
relaçàoao descarte de lixo da fragilidade do ecossistema local em
sólido, mananciais de água potável, cresciment0
nonômico e o esgotamento dos
serviços e recursos locais de remoção de lixo'
67

os governos estaduais e municipais têm promulgado códigos sanitáriosimpondo


novas exigências às empresas. Os estados, em estžio(fiando planos
de manejo do lixo sólido que assumem uma abordagem ampla, ainda que
sos estados afetados possam se associar para considerar urna vísào regional
mais ampla. Um exemplo disso é o plano de manejo do lixo sólido do estado dc
Nova York, que determina o fechamento de aterros sanitários cm l/yng Island
devido ao receio de contaminaçào do manancialsubterrâneo, ou lençol freático,
de onde procede toda a água potável da área. Essa abordagem global, ratificada
pelas decisòes do sistema judicial de Nova York, exige até o fechamento dos
aterms de lixo sólido de comunidades locais que nio afetarn o lençol freático.
Leis de depósitos garrafas, que requerem um depósito para vasilhamesde
refrigerantes, numa tentativa de estimular a reciclagem, é outro exemplo da
abordagem global no manejo do lixo sólido.
Além disso, quando a ciência identificasubstâncias perigosas que causam
doenças a curto ou a longo prazos, todos os níveis do governo têm mostrado
disposiçào em exigir das empresas que tomem medidas para o manejo e a elimi-
naçào adequados. A Lei de Controle de SubstânciasTóxicas de 1976regulamenta
as substâncias químicas e as conhecidas como tóxicas (isto é, asbestos, PCBs,
pesticidas) e permite que a EPAregulamente, podendo até proibir o uso. A Iri de
Conservaçào e Recuperaçào de Recursos de 1976 (RCRA)exige que a EPAdeter-
mine os níveis de lixo sólido perigoso e monitore e controle por regulamentaçåo a
fabricaçào, uso, estocagem e eliminaçào de lixo sólido perigoso.
Agências estaduais e federais de proteçào ambiental incentivam ativarnen-
te a notificaçào local e a investigaçào rigorosa de incidentes com materiais
perigosos. O aumento da preocupaçào pública pode ser visto facilmente nos
protestos rumorosos relacionados ao descarte de lixo hospitalar e à poluiçåo
industrial de praias e parques públicos de recreaçào,
Nenhuma empresa pode hoje permitir-seignorar o corpo de leis e regula-
mentaçòes em rápido desenvolvimento relativas à remoçào de lixo. De fato,
qualquer indivíduo seria culpado de poluir simplesmente por trocar o óleo de
um carro ou cortar grama e acidentalmente derramar o óleo em um riacho, um
lago ou mesmo no ralo. Na verdade, em 1980,o congresso americano aprovou
legislaçào conhecida como Lei Abrangente de Responsabilidade Ambiental, In-
denizaçäo e Obrigaçào Financeira (LiabilityAct), popularmente chamada de
CERCLAou Superfunclo.A alocaçào de 1,6 bilhào de dólares, financiados por
taxas e impostos sobre 42 produtos químicos derivados do petróleo, previa a
remoçào de lixo perigoso que nào pudesse ser vinculado a um único poluidor.
Essa lei foi emendada em 1986 pela Lei de Emendas e Reautorizaçào dos
Superfundos (SARA)para permitir que a EPAinicialmentereaja a uma liberaçào
tóxica efetiva ou potencial de um estabelecimento e em seguida processe o(s)
poluidor(es), o(s) transponador(es) da poluiçào elou o(s) proprietário(s) do es-
tabelecimento.
58 ADMINISTRAÇÅO

No Brasil, a Lei n.
7.365, de 13 de setembro de 1985, dispòe sobrea
fabricação de detergentes
nào-biodegradáveis.
A Lei n. 7.802,de 11 de julho de 1989,conhecida como a Lei dos agrotóxicos
regulamenta pesquisa, fabricaçào, comercializaçào, aplicação, controle, fiscalimçào
e também o destino da embalagemdos agrotóxicos.Impoe a obrigatoriedadedo
receituário agronômico para venda de agrotóxicos ao consumidor. Também exige
Saúde e no IBAMA.Um
registro dos produtos nos Ministériosda Agricultura e da
qualquer entidade que apre_
produto pode ter seu registro cancelado a pedido de
humana, ao meio ambientee
sente provas de que ele causa graves danos à saúde descumprimento da lei pode
O
a animais. A indústria tem direito de se defender.
render multas e reclusão, inclusivepara os empresários.
de 1989, regulamenta a atividade de garim_
A Lei n. 7.805, de 18 de maio
da lavra é concedida pelo Departamento Nacional de Produção
po. A permissào
brasileiro ou cooperativa de garimpeiros autorizada a
Mineral (DNPM) a
empresa, devendo ser renovada a cada cinco anos. A licença ambiental
nar como
órgão ambiental competente. Os
prévia é obrigatóriae deve ser expedida pelo ao meio ambiente
trabalhos de pesquisaou lavra que causarem danos exploração dos miné-
de
passíveis de suspensão, sendo o titular da autorização
crime a atividade
rios responsabilizadopelos danos ambientais. É considerada
garimpeira executada sem permissão ou licenciamento.
POLUIÇÃO SONORA E VISUAL
Atualmente,fisiologistase médicos têm documentado a perda de audição
provocada pelos níveis de barulho em muitos ambientes urbanos e industriais,
dos metrôs das grandes cidades modernas ao chão das fábricas. Muitas cidades
aprovaramleis municipaiscontrolando os níveis de poluição sonora permitidos
em locais públicos e o governo americano decretou a Lei de Controle de Polui-
çâo Sonorade 1972,que encarregava a EPA da tarefa de definir os níveis
aceitáveispara as principais fontes de poluição sonora e aconselhar a Adminis-
traçào Federal de Aviaçãocom relação aos padrões de barulho das aeronaves.
Essasleis exigem que a empresa tome medidas para controlar o barulho por
meio de esforçosde retificaçàode projetos ou pela efetiva mudança da fonte
do ruído, seja de uma máquina ou de uma fábrica inteira.
A administraçãode segurança e saúde ocupacional (occupational safety
and hea/th administration —-OSHA)definiu os
níveis aceitáveis de barulho no
local do trabalho para proteger a audição dos
trabalhadores e controlar a polui-
çào sonora.
Existe também uma crescente preocupação
qual é definida como qualquer coisa que na área da poluição visual' a
deprecie a beleza natural ou o caráter
essencial de uma área. Embora isso seja
um tanto vago, têm sido impostaSna
comunidade, pelo zoneamento restritivo,
limitaçòes ao uso da terra e por uma
ADMINISTRAÇÃO: RESPONSABILIDADE SOCIAL 59

crescente disposição em limitar o crescimento e o desenvolvimento mediante a


caracterização de estruturas como marcos. Cada vez mais, os usos empresariais
propostos para projetos de uso da terra e construçào imobiliáriatêm sido rejeita-
dos com base nas reaçöes da comunidade em relação a seus padrões estéticos
— muitas comunidades agora restringem a construção de imóveis àqueles que
estão integrados ao estilo já existente. Praticamentetodas as comunidades têm-
se oposto à construção de novos aterros sanitários,incineradores,instalaçõesde
remoção de lixo químico e prisões. Por causa do seu impacto potencial nos
negócios, as preocupações com a poluição visual devem merecer a atenção dos
gerentes modernos.
Registre-se que, dentre outras medidas legais, a questão no Brasil está
regulamentada, em nível nacional, pelo CONAMA:
• Resolução CONAMAn. 002, de 8 de março de 1990.Instituiuem caráter
nacional o Programa Nacional de Educação e Controle da Poluição Sonora —
"SILÊNCIO".
n. 020, de 7 de dezembrode 1994.Instituiuo Selo
• ResoluçãoCONAMA
Ruído como forma de indicação do nível de potência sonora, medido em
decibel — dB(A), de uso obrigatório a partir dessa Resoluçãopara aparelhos
eletrodomésticos, que venham a ser produzidos, importadose que gerem
ruído no seu funcionamento.
AS ÁREAS HUMANASDE PREOCUPAÇÃOSOCIAL
Desde a Lei dos Direitos Civis de 1964,a empresa tem sido responsável
para exigir que
pelas questões das minorias no local de trabalho. A justificativa práticas em-
pelas
a administração formule, execute e assuma responsabilidade
minorias, é que essa é
presariais no local de trabalho, quando essas afetam as
anteriormente cometidas
uma adequada maneira de corrigir injustiças sociais
sociais são benéficas para
contra tais minorias. As açòes que corrigem injustiças
uma multiplicidade de
todos: minorias, empresa e sociedade em geral. Embora
questões das minorias no
leis nos níveis municipais e federais regulamente as
práticas legalmen-
local de trabalho, a empresa em geral procura adequar-se às
oportunidades iguais. Essas práticas
te exigidas de açäo antidiscriminaçäo e contratação e
exigem que a empresa não discrimine em seus procedimentos de
alcançar
promoção e ativamente promovam os funcionários minoritários para
espe-
um equilíbrio racial. É evidente que essas exigências impõem obrigações
na
cíficas à empresa na área da prática de pessoal e colocam limitações legais
forma pela qual essas práticas podem ser realizadas.
A Lei de Segurança e Saúde Ocupacional (Occupational Safety and Health
Act — OSHA)de 1971 autorizou o governo americano a definir e implantar
padrões para a segurança e proteçäo do trabalhador, tais como a regulamenta-
çäo para o controle da poluição auditiva mencionada anteriormente. Isso foi
60 ADMINISTRAÇÃO

provocado pela crescente indignação dos trabalhadores e do público em geral


quanto às condições de trabalho inseguras que resultavam em milharesde mor_
tes de trabalhadores e centenas de milhares de acidentados por ano. As exigên_
cias da OSHAincluem a manutenção de registro e notificaçà0 de acidentes
multar ou até fechar
poderes de investigaçãoe aplicação e um poder último deà saúde dos trabalha
a empresa que for julgada insegura e que represente riscoera inseguro o local
_
de
dores. É difícil para muitas pessoas imaginar o quanto vilas operárias cheiasde
trabalho cem anos atrás — não era incomum encontrar em acidentes industriais.
viúvas e órfãos filhos de jovens que haviam morrido
mais bem-sucedidas conquistas
De fato, uma das primeiras e, em última análise, século XX foi que os sindicatos
do movimento sindical nas primeiras décadas do administração, tornar o local de
poderiam, fazendo reivindicações coletivas à
a segurança do trabalhador
trabalho mais seguro. As exigências da OSHApara ambiente consideravelmente
têm feito muito para tornar o local de trabalho umas exigências da OSHAe os
mais seguro. A administraçãodeve considerar proteção ao trabalhador está
desdobramentosatuais já que esta agência de
constantementerealizando pesquisas para desenvolver novos padrões de segu-
rança. Uma área atual de preocupação, por exemplo, é o efeitoTube) da exposição
— tubo
prolongada dos operadores de computador ao CRT (Cathode Ray
de raios catódicos — utilizado nos terminais de vídeo.
Os tribunais,além dos governos estaduais e municipais, têm criado novas
áreas de preocupaçãogerencial à medida que as leis existentes, além de outras
novas que estão sendo promulgadas, têm sido interpretadas para determinara
eliminaçãodo assédio sexual no local de trabalho ou mesmo a presença de um
ambiente hostil. Isso tem sido interpretado em sentido amplo para incluir investidas
sexuaisindesejadasde um indivíduoem relação a outro ou todo tipo de discri-
minaçäosexual.As empresas estão atualmente sendo obrigadas a mudar, sob a
ameaçade penalidade legal e responsabilização gerencial individual, o que em
muitos ramos de atividade tem sido caracterizado como uma visão machista.
Mashá uma razão mais importante para a empresa eliminar o assédio
sexuale o ambienteque o alimenta.Desde o fim da Segunda Guerra Mun-
dial, um contingentecrescente de mulheres passou
dade e ingressarem empresas, e atualmente a freqüentar a universi-
trabalho.As mulheresrepresentam uma constitui metade da força de
e constituemum recurso organizacional fonte importante de talento gerencial
gerentes e inibe ativamenteo vital. A empresa que ignora suas
crescimento profissional das mulheres em
suasfileirascorre o risco de sofrer
sos por discriminaçãoe assédio um desastre econômico e atrair proceS-
thecimentode que qualquer pessoa,sexual. Além disso, há um crescente reco-
tssédioe que a organizaçãoda homem ou mulher, pode ser vítima de
ssediadosem termos de redução empresa também sofre com os indivídUOS
locação ineficiente dos da eficácia do esforço gerencial e de
recursos organizacionais.
ADMINISTRAÇÃO. RESPONSABILIDADE SOCIAL 61

Lembre-se
As áreas atuais de preocupação social incluem poluição da água e do ar e sonora
e visual, bem como a poluição de lixo perigoso e sólido e outras formas de poluição
visual. Áreas humanas de preocupação social incluem questões das minorias, assé-
dio sexual e segurança dos funcionários.Essas áreas são importantesà empresa
porque a legislação impõe obrigações às empresas e influenciam muito o modo de
realização de negócios.

B©CONHEÇA OS CONCEITOS
vocÈ CONHECE OS PONTOS BÁSICOS?
I. Por que o Dr. Milton Friedman acha que a empresa nào deve envolver-se na sensibilida-
de a nào ser para cumprir obrigaçòes legais?
Em que bases Keith Davis discorda de MiltonFriedman e sustenta que a empresa tem
responsabilidadesocial?
O que é a abordagem da obrigaçào social?
4. Descreva o escopo da preocupaçào encontrada na abordagem da responsabilidade

NOMES PARA SEREM LEMBRADOS


Keith Davis
Milton Friedman

TERMOS PARA ESTUDO


• abordagem da administraçãode pro- • adaptação preventiva
gramas
• adaptação reativa
abordagem da obrigação social
• análise de conseqüências
• abordagem da responsabilidade social
• auditoria social
abordagem da sensibilidade social
sensibilidade social
abordagem de inventário
abordagem do centro de custos
abordagem do custo-benefício

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