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BANDEIRA, Moniz. O expansionismo brasileiro e a formação dos Estados na Bacia do Prata: Argentina,
Uruguai e Paraguai da colonização à Guerra da Tríplice Aliança. 3º edição. Editora Universidade de
Brasília. Rio de Janeiro. Brasília. REVAN. 1998.
Durante o processo colonial as três frentes pioneiras foram compostas pela
chegada dos colonos espanhóis e portugueses a América, as entradas e bandeiras, e as
principais missões destinadas a colonização do continente. Segundo Novais,
Na América do Sul, ocorreram por meio de três movimentos
concomitantes: a ocupação portuguesa do litoral atlântico, a submissão
do mundo incaico/andino ao conquistar castelhano, Francisco Pizarro e
a conquista da bacia Platina pela expedição comandada pelo espanhol,
D. Pedro de Mendoza.2
2
NOVAIS, Sandra Nara da Silva. Ruínas de Xerez: marco histórico do colapso do projeto colonial
castelhano em Mato Grosso (1593-1632). UFMS. Dourados. 2004, p. 10.
3
Idem, p. 16.
4
Ibidem.
5
Idem, p. 18.
domínio da foz dos grandes rios (o Amazonas e o Prata), pois estas eram os únicos acessos
eficientes e seguros para o interior do continente a partir Atlântico. Para Moniz,
As povoações que Martim Afonso de Souza fundou, primeiramente, no
litoral (São Vicente) e, após ascender a Serra do Mar, no Planalto de
Piratininga (São Paulo), serviram como trampolim para o
desbravamento do sertão, onde diziam existir montanhas de ouro, prata
e esmeralda. Os primeiros paulistas, que arribaram do Planalto de
Piratininga, alimentavam, efetivamente, a esperança de chegar ao Peru,
alvo, durante muito tempo, das incursões ao interior do continente.
Estas incursões, facilitadas, a princípio, pela anexação do reino de
Portugal ao de Espanha, que durou 60 anos (1580-1640) e praticamente
anulou a importância do tratado de Tordesilhas, continuaram ao longo
de dois séculos, até a descoberta das minas de ouro, ganhando a
denominação de entradas e bandeirantes.6
6
BANDEIRA, Moniz. O expansionismo brasileiro e a formação dos Estados na Bacia do Prata. Op. Cit.,
p. 21,22.
7
Idem, p. 23.
8
Idem, p. 33.
9
Idem, p. 62.
etnias guerreiras, como os Guaycuru, que eram inimigos tradicionais dos Guarani. Uma
das estratégias utilizadas tanto pelos espanhóis quanto os portugueses foram,
Optaram por instalar-se junto à população indígena sedentária
agricultora, estabelecendo uma aliança com os Guarani Cário, a qual
acabou por satisfazer a ambos, na medida em que os espanhóis tinham
por objetivo a penetração e a permanência nesse território, e os Cário
desejavam conseguir apoio e proteção contra as repentinas investidas
dos Guaycuru e Agace. Durante os primeiros vinte anos de contato
interétnico, os espanhóis e os Guarani formaram uma espécie de
aliança, que parecia vantajosa para ambos, mas os índios não
imaginavam o que essa aliança poderia significar no futuro. Os
espanhóis, inicialmente, davam aos índios uma ajuda valiosa contra
seus inimigos e em troca eram integrados à sociedade Guarani como
parentes. Recebiam mulheres e alimentos de presente, como parte das
obrigações devidas a esses pelos índios. Assim, puderam dispor dos
recursos humanos para que pudessem implantar definitivamente o
modelo colonizador. As regras de parentesco tiveram um papel de suma
importância na nova posição que os espanhóis passaram a ocupar entre
os Guarani. O “cuñadasgo” foi o instrumento que selou a fusão étnica e
racial entre índios e brancos no Paraguai colonial. Entre os Cário, os
irmãos homens da noiva deviam prestar serviços braçais ao marido da
irmã, futuro cunhado, daí o nome cuñadasgo, como parte de suas
obrigações familiares.
Nas áreas, onde se concentrava uma densa população indígena as regiões eram
prósperas e extensos núcleos urbanos. Durante a colonização da América, de acordo com
a pesquisa de Novais10, as áreas abrangidas hoje pelo México e Peru/Bolívia foram
aquelas que atraíram a maior parte dos esforços metropolitanos castelhanos, isso porque
aí floresciam complexas e opulentas civilizações indígenas, as quais, em sua cultura
material, apresentavam espetacular domínio da metalurgia, sobretudo na produção de
artefatos de cobre, prata e ouro. Além disso, nas duas primeiras décadas do século XVI,
tanto os espanhóis como os portugueses haviam explorado a costa meridional atlântica da
América do Sul, buscando assim, controlar a área em torno da desembocadura do grande
sistema fluvial do Prata.
10
NOVAIS, Sandra Nara da Silva. Ruínas de Xerez. Op. Cit.,p. 32, 33.