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Prof. Suzana
Matéria da 2ª prova
5) debates orais: são previstos pela lei. Cada parte tem 20 minutos. O CPC
imaginou que cada advogado se direciona para o juiz. Na prática, normalmente
se direciona para o escrevente escrever no termo de audiência, não para o
convencimento do juiz. O art. 454 traz algumas regras de extensão do prazo.
É muito difícil ocorrer debates orais no caso concreto, até mesmo por falta
de tempo. Normalmente há uma possibilidade, prevista pelo art. 454, §3º, de
conversão dos debates orais em memoriais. O juiz abre um prazo para as partes
apresentarem memoriais (não é definido pela lei). A ideia do debate é a
realização de um exercício de persuasão para tentar convencer o juiz. O mesmo
valerá para os memoriais.
O princípio da oralidade, então, é flexibilizado por conta do excesso de
trabalho. A audiência de instrução e julgamento (depois dos debates orais o juiz
daria oralmente a sua decisão ou chamaria os autos à conclusão, prolatando a
sentença em 10 dias), na prática, é apenas uma audiência de instrução.
Art. 455. A audiência é una e contínua. Não sendo possível concluir, num só
dia, a instrução, o debate e o julgamento, o juiz marcará o seu
prosseguimento para dia próximo.
Sentença
Sentença não é mais o ato do juiz que põe fim ao processo
(conceito antigo).
O art. 162, §1º, do CPC dispõe que:
Ao contrário do art. 267, com a reforma não usa mais a palavra “extingue-
se”. É uma questão de coerência com o novo conceito de sentença: se houver
remissão a dois artigos que fala da extinção, mantém-se o mesmo conceito. São
as sentenças de mérito (inc. I), aquelas que reconhecem prescrição ou
decadência (inc. IV) e as equiparadas às de mérito (incs. II, III e V).
Todas elas resolvem a pretensão do autor. Como resolve, produzirá efeitos
para fora do processo, alterando a vida das pessoas envolvidas (pagar a dívida,
certidão com o nome do pai etc.). Qualquer um dos casos de sentença de mérito
faz coisa julgada, produzindo efeitos imutáveis para fora do processo.
Os dois grandes problemas dessa alteração do conceito de sentença são:
1) havia um princípio que decorria do sistema, da unidade de julgamento:
as questões de mérito só poderiam ser resolvidas na sentença, em uma decisão
só. Ele não poderia cindir o julgamento, tanto é que o ônus da prova era regra de
julgamento para não haver pré-julgamento. Agora, pelo novo conceito, a
sentença não extingue mais o processo se for de mérito, e não há mais nada no
CPC que diga que ele não possa cindir o julgamento.
Ex.: pedidos cumulados, um prescrito e outro não: anteriormente ele
deveria esperar a sentença de mérito para decidir sobre os dois; hoje, em tese, é
permitido pelo sistema o julgamento parcial, julgando o pedido prescrito na
audiência preliminar e conduzindo o outro na instrução. A decisão que pronuncia
a prescrição é de mérito e não extingue o processo. Antes isso seria impossível
porque deveria haver apenas uma sentença.
Estrutura da sentença
Toda sentença (lato sensu, i. e., que remete aos arts. 267 e 269) deve ter
os requisitos do art. 458 do CPC:
Art. 472. A sentença faz coisa julgada às partes entre as quais é dada, não
beneficiando, nem prejudicando terceiros. Nas causas relativas ao estado de
pessoa, se houverem sido citados no processo, em litisconsórcio necessário, todos
os interessados, a sentença produz coisa julgada em relação a terceiros.
O artigo contém um equívoco: quando a pessoa é citada no processo, para
litisconsórcio necessário, ele deixa de ser terceiro. Para produzir os efeitos da
coisa julgada a pessoa deve ter sido citada, tornando-se parte.
Faz-se necessária uma diferenciação. Pelo conceito de Liebmann, terceiro
é todo aquele que não participa da relação jurídica. Todo aquele que não
participa do processo é terceiro. Ele poderá sofrer os efeitos da sentença? Sim.
Ex.: sublocatário: locador ajuíza ação de despejo contra o locatário. Se a
ação for julgada procedente, o sublocatário sofrerá os efeitos da sentença.
Os efeitos são imutáveis em relação ao terceiro? Ou seja, a coisa julgada
material se aplica ao terceiro sublocatário? Aqui é importante a diferenciação
entre efeitos da sentença e coisa julgada material, i. e., a impossibilidade de se
discutir a sentença, de se opor aos efeitos. O terceiro sofre os efeitos, mas ele
pode se opor porque não foi parte no processo. Os efeitos podem afetar as
relações jurídicas indiretamente, porque elas são complexas.
Ex.: execução de devedor, tornando-o inadimplente perante outros
credores.
Os terceiros podem discutir a sentença, pois não são abrangidos pela
coisa julgada. Pode haver efeitos da sentença sem coisa julgada.
Pode acontecer a incoerência de julgados, por exemplo, o locatário ser
despejado e o sublocatário não ser. Entre a harmonia de julgados e o direito de
contraditório, o sistema privilegia o contraditório. Abre-se mão da incoerência
em prol do contraditório. Como as questões de direito material são entranhadas,
a segunda decisão pode contrariar a primeira, não ficando adstrita à primeira.
Ex.: duas demandas contra dois devedores solidários: o primeiro devedor
não ganha a ação porque alega coação, mas não prova; o segundo devedor
ganha a ação porque prova a coação.
A regra é essa, mas existem exceções: são terceiros que, mesmo que não
tenham participado da demanda, sofrerão os efeitos da sentença e da coisa
julgada.
Ex.: - sucessão processual: o avô tinha uma dívida, sendo condenado ao
juízo ao pagamento da dívida. Ele morre. O pai sucede o avô. Ele não participou
do processo, mas não poderá rediscutir a dívida;
- substituição processual/legitimidade extraordinária: legitimidade é a
pertinência subjetiva da demanda, ou seja, uma relação de correspondência
entre os sujeitos da relação jurídica de direito material e as partes no processo
(ex.: comprador e vendedor como autor e réu). É a legitimidade de agir (ad
causam), chamada de legitimidade ordinária. Por outro lado, será extraordinária
quando um terceiro, que não é titular da relação de direito material, torna-se
parte no lugar do titular da relação, substituindo a parte legítima. É um terceiro
que não tem relação com a norma de direito material (ex.: Ministério Público
como autor de investigação de paternidade como substituto processual do
menor incapaz). Atua em nome próprio no interesse alheio, ou seja, o terceiro é
a parte, mas tutelando interesse de outra pessoa. Isso é possível, mas, em sendo
exceção, somente nos casos expressamente previstos em lei. É previsão do art.
6º do CPC (“Ninguém poderá pleitear, em nome próprio, direito alheio, salvo
quando autorizado por lei”).
Por outro lado, se a parte for uma pessoa sem capacidade processual, ela
será representada por outra que tenha capacidade processual. É um pressuposto
processual. Assim, por exemplo, a mãe que representa o filho defende em nome
dele interesse dele. É representação, não legitimidade extraordinária; é
pressuposto processual, não condição de ação.
Nos casos de legitimidade extraordinária, haverá efeitos da sentença em
relação a terceiro. Haverá algum grau de coisa julgada para esse terceiro, no
caso, o filho, que não participou do processo porque substituído pelo Ministério
Público.
Essa técnica é utilizada para a defesa dos direitos individuais e difusos,
por exemplo, direito ambiental. A coisa julgada no processo coletivo, porém, é
muito diferente do que foi visto até agora: a coisa julgada só afetará terceiros se
for para beneficiá-los.