Você está na página 1de 3

Impacto da Sistemática Filogenética

Aula 13 GTB – Roberta Brum

OBJETIVO:
 Apresentar os principais conceitos utilizados em sistemática filogenética (cladística) e discutir
sua importância no esclarecimento de processos evolutivos.

A SISTEMÁTICA FILOGENÉTICA

Sistematas: biólogos voltados para a reconstrução das relações evolutivas entre grupos
taxonômicos. Suas tarefas básicas são:

 Apontar semelhanças e diferenças entre as espécies;


 Reconhecer espécies já descritas e descrever novas espécies;
 Classificar hierarquicamente as espécies segundo relação de parentesco;
 Propor explicações quanto a processos evolutivos.

Willi Hennig foi um entomólogo (que estuda os insetos) que , na década de 1950, formalizou uma
sistemática filogenética. A sistemática biológica nesse período era caracterizada pela falta de
metodologia explícita para lidar com relações entre espécies e formalização de grupos taxonômicos.
Henning, após criticar atitudes de sistematas neodarwinistas contemporâneos, forneceu uma
metodologia rigorosa e consistente, e a Biologia passou a ter um enfoque comparativo e temporal. A
classificação biológica passa a oferecer um sistema geral de referência para a atividade do biólogo,
ou seja, a sistemática passa a ser a disciplina unificadora das diferentes áreas das ciências
biológicas.

As principais contribuições introduzidas por Henning foram:

a) Definição de parentesco em termos de antiguidade do ancestral comum – a tarefa do


sistemata passa a ser descobrir grupos irmãos, de forma que as relações de parentesco possuam
ancestral comum e não ancestral-descendente, como para os neodarwinistas (uso de fósseis, por
exemplo).
b) Criou um método para a recuperação das relações de parentesco – uso de sinapomorfias.
Recuperação de informações sobre o grau de parentesco através de estruturas homólogas em
estado derivado compartilhadas por táxons, ou seja, sinapomorfias. Já as estruturas
homoplásticas mascaram relações de parentesco, pois surgem independentemente do ancestral
comum.
c) Criou uma forma gráfica de representar estas relações de parentesco – o CLADOGRAMA.
Os cladogramas são fundamentais na recuperação da estrutura da árvore genealógica para a
investigação de processos evolutivos (anagênese, especiação, irradiação adaptativa, seleção de
espécies etc.).
d) Apontou que somente grupos com genealogia completa (monofiléticos) devem ser
admitidos em classificações formais. Esses grupos são reconhecidos por sinapomorfias.
Outros grupos, parafiléticos ou polifiléticos, não se prestam a propósitos de classificação
biológica.
e) A classificação deve respeitar uma relação de subordinação (hierarquia completa),
mostrando as relações evolutivas e devem ser preditivas (indicativas).
f) Para a determinação de condições primitivas e derivadas, alguns critérios passam a ser
observados e comparados.

A metodologia hennigiana sofreu reformas consideráveis, resultando na formalização do cladismo


numérico. Surgiram escolas divergentes:

 Análise de parcimônia – o sistemata desvincula classificação da teoria da evolução. Os


estudos de padrão de relacionamento entre os seres vivos devem seguir independentemente
de qualquer teoria referente ao processo evolutivo e devem ser feitos em regime de
iluminação recíproca.
 Inferência estatística – o sistemata advoga que é impossível separar classificação do
processo seletivo. O estudo deve ser dependente da teoria vigente de evolução por seleção
natural.

Cladística: é um método de análise das relações evolutivas entre grupos de seres vivos, de modo a


obter a sua "genealogia".

Relações preditivas (indicativas): devem oferecer informações sobre propriedades dos organismos
servindo como sistema geral de referência para o trabalho do biólogo.

Grupos parafiléticos (ou grados): são grupos reconhecidos por caracteres homólogos primitivos
compartilhados e que não incluem todos os descendentes de uma espécie ancestral.

Grupos polifiléticos: grupos reconhecidos por homoplasias, ou seja, estruturas não-homólogas cujo
ancestral comum mais recente não faz parte do grupo.

EXERCÍCIOS

1- O que você entende por sinapomorfia ?

Sinapomorfia (do grego "forma derivada semelhante”) é uma característica evolutiva que todos os
membros de um grupo de espécies aparentadas compartilham e que diferencia esse grupo dos
outros grupos. As características sinapomórficas é que permitem a separação dos grupos
taxonômicos através do parentesco evolutivo. Ex: a produção de leite é uma sinapomorfia que
caracteriza todos os mamíferos e que os diferenciam dos répteis. 

2- O que é um cladograma?

É um diagrama no qual os grupos taxonômicos (táxons) são organizados em função das


características homologas que compartilham exclusivamente entre si (sinapomorfias). No cladograma
cada bifurcação (nó) representa uma dessas características sinapomórficas compartilhadas. Dessa
forma os táxons unidos pelo menor número de nós são os que apresentam parentesco mais próximo.
 
3- Quais os critérios utilizados na polarização de caracteres para reconstrução filogenética? 

Para diferenciar (polarizar) quais características surgiram primeiro (primitivas) das que surgiram
posteriormente (derivadas) podemos utilizar:  

a) o estudo dos fósseis (paleontologia) pra verificar que características evoluíram primeiro
b) o estudo do desenvolvimento dos embriões (embriologia), assumindo que a características que
aparecem primeiro no desenvolvimento dos embriões são as mais primitivas.       a comparação com
um grupo evolutivo mais distante (grupo externo), assumindo que as características não
compartilhadas com o grupo externo evoluíram mais tardiamente sendo portanto derivadas.
Ex: coluna vertebral seria uma característica mais primitiva do que a presença de pelos nos
mamíferos porque os répteis (um grupo externo aos mamíferos) também possuem coluna vertebral,
mas não possuem pelos.      

Você também pode gostar