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Artigo

Avaliação Eletroquímica da Resistência à Corrosão por Pites em


Aços Inoxidáveis Duplex e Super Duplex em Soluções
Simuladoras de Água do Mar
Pereira, V.;* Sabará, E. W. F.; Caldeira, L.; de Oliveira, J. R.; Bueno, A. H. S.
Rev. Virtual Quim., 2017, 9 (6), 2442-2463. Data de publicação na Web: 22 de dezembro de 2017
http://rvq.sbq.org.br

Electrochemical Evaluation of Pitting Corrosion Resistance on Duplex and Super


Duplex Stainless Steels in Seawater Solutions
Abstract: The corrosion resistance of solubilized duplex and super duplex stainless steels was
-
investigated at different concentrations of Cl (3.5 to 7%) and different pH ranges (4.0 to 6.9).
Electrochemical techniques were used to characterize the resistance of the passive film that was
evaluated from the open circuit potential (OCP), in sea water simulator environments, through
experiments of Anodic Potenciodynamic Polarization, Electrochemical Impedance Spectroscopy (EIS) up
to the Pite potential and Electrochemical Scanning Microscopy (SECM). Microstructural characterization
was performed by Optical Microscopy (OM), Scanning Electron Microscopy (SEM) and X-ray Diffraction
(XRD) and Vickers microhardness. The microstructure identified in the steels was austenitic and ferritic,
without the presence of secondary phases. The behavior of the passive films of the stainless steels
presented similar characteristics in the EIS experiments, however in the anodic polarizations the duplex
steel behaved slightly superior. Scanning electrochemical microscopy revealed regions with
electrochemical activities, which indicate the formation of pitting precursors.
Keywords: Duplex and super duplex stainless steel; Electrochemical techniques; Pitting corrosion.

Resumo

A resistência à corrosão dos aços inoxidáveis duplex e super duplex solubilizados foi investigada em
-
diferentes concentrações Cl (3,5 a 7 %) e diferentes faixas de pH (4,0 a 6,9). Foram utilizadas técnicas
eletroquímicas para caracterização da resistência do filme passivo que foi avaliado a partir do potencial
de circuito aberto (OCP), em ambientes simuladores de água do mar, através de experimentos de
Polarização Potenciodinâmica Anódica, Espectroscopia de Impedância Eletroquímica (EIS) até o
potencial de pite e Microscopia de varredura eletroquímica (SECM). A caracterização microestrutural foi
realizada por Microscopia Óptica (MO), Microscopia Eletrônica de Varredura (MEV-EDS), Difração de
raios X (DRX) e microdureza Vickers. A microestrutura identificada nos aços foi austenita e ferrita, com
ausência de fases secundárias. O comportamento dos filmes passivos dos aços inoxidáveis apresentaram
características semelhantes nos experimentos de EIS, porém nas polarizações anódica o aço duplex
comportou-se ligeiramente superior. A microscopia eletroquímica de varredura revelou regiões com
atividades eletroquímicas, que indicam a formação de precursores de pites.
Palavras-chave: Aços inoxidáveis duplex e super duplex; Técnicas eletroquímicas; Corrosão por pite.
* Universidade Federal de São João Del Rei, Departamento de Ciências Naturais, Praça Dom Helvécio,
Fábrica, CEP 36301-160, São João Del Rei-MG, Brasil.
valter.pereira@ifsudestemg.edu.br
DOI: 10.21577/1984-6835.20170146

Rev. Virtual Quim. |Vol 9| |No. 6| |2442-2463| 2442


Volume 9, Número 6 Novembro-Dezembro 2017

Revista Virtual de Química


ISSN 1984-6835

Avaliação Eletroquímica da Resistência à Corrosão por Pites em


Aços Inoxidáveis Duplex e Super Duplex em Soluções
Simuladoras de Água do Mar
Valter Pereira,a,* Ely Wagner F. Sabará,b Lecino Caldeira,b Jefferson R. de
Oliveira,c Alysson Heltos S. Buenoa
a
Universidade Federal de São João Del Rei, Departamento de Ciências Naturais, Praça Dom
Helvécio, Fábrica, CEP 6301-160, São João Del Rei-MG, Brasil.
b
Departamento de Educação e Tecnologia, Instituto Federal de Educação, Ciência e
Tecnologia, Campus Juiz de Fora, CEP 36080-001, Juiz de Fora-MG, Brasil.
c
Centro de Pesquisas e Desenvolvimento Tecnológico da Petrobras CENPES/PDEP/TMEC,
Laboratório de Autoclaves, CEP 21941-970, Rio de Janeiro-RJ, Brasil.
* valter.pereira@ifsudestemg.edu.br

Recebido em 2 de junho de 2017. Aceito para publicação em 21 de dezembro de 2017

1. Introdução
2. Experimental
2.1. Materiais
2.2. Soluções e condições experimentais
2.3. Equipamentos
2.4. Metodologia
2.5. Ensaios eletroquímicos
3. Resultados e Discussão
3.1. Microscopia ótica
3.2. Microscopia eletrônica de varredura
3.3. Determinação das frações volumétricas de fases
3.4. Microdureza Vickers
3.5. Difração de raios X
3.6. Ensaios de polarização potenciodinâmica anódica
3.7. Espectroscopia de impedância eletroquímica
3.8. Microscopia de varredura eletroquímica
3.9. Morfologia do pite
4. Conclusões

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Pereira, V. et al.

1. Introdução composição química e tratamentos térmicos.


O primeiro procedimento foi efetivado por
Schaeffler em 1949, através do diagrama que
utiliza os conceitos de níquel e cromo
Os aços inoxidáveis duplex (AID) têm
equivalente. Posteriormente, foram
grande importância para diversos ramos
realizados vários estudos sobre o tema tais
industriais, pois apresentam boa combinação
como os trabalhos de DeLong (1974),
mecânico-tecnológica de propriedades, em
Hammar (1979), Berns (2008).8,9
função da microestrutura que é formada pela
solidificação em quantidades iguais das fases Na literatura, existem estudos de
ferrita e austenita.1- 6 Esse balanço ajustado resistência à corrosão por pite em aços
entre as duas fases proporciona ganhos inoxidáveis duplex e super duplex, levando
significativos na resistência à corrosão, nas em consideração diferentes frações
propriedades mecânicas e na soldabilidade volumétricas de ferrita e austenita, diferentes
em comparação aos aços inxodáveis tratamentos térmicos, variações nas
completamente austeníticos ou ferríticos.7,8-13 concentrações de cloretos Cl- e temperatura
O desenvolvimento desse tipo de aço ocorreu das soluções, bem como na presença de fases
em 1932, pela AVESTA Steelworks na Suécia, deletérias.7,11,23-25 Entretanto, ainda não está
porém a sua utilização em larga escala bem compreendido o mecanismo de
iniciou-se na década de oitenta devido à nucleação e formação de pites na presença e
demanda da indústria química, em função ausência de CO2, a partir do potencial de
das suas propriedades e menor custo em circuito aberto (OCP). A presença do dióxido
relação aos aços inoxidáveis austeníticos de carbono compromete as estruturas
comerciais, que são produzidos com metálicas que operam nesses ambientes,
significativas quantidades de níquel, que podendo causar corrosão localizada ou
tornou-se escasso nos mercados a partir generalizada, afetando a operacionalidade
dessa década.8,14,15 Outras aplicações dos AID dos equipamentos.9,24-26,27 Este trabalho
incluem a utilização na fabricação de objetiva analisar a resistência à corrosão por
componentes para as indústrias de energia pite nos aços inoxidáveis duplex (UNS
solar e térmica, reatores químicos, S31803) e super duplex (UNS S32760) com a
petroquímicas, naval e usinas de biogás.16,17 finalidade de comparar o desempenho
No caso específico da indústria do petróleo e desses em função das variações das
gás, que trabalham em ambientes agressivos, concentrações das soluções entre 3,5 e 7,0%
devido à presença de íons cloretos, CO2, H2S de NaCl, aerada e saturada com CO2, à
em concentrações variadas e diferentes temperatura e pressão ambiente com a
valores de pH, essas ligas são empregadas variação de pH de 4,0 a 6,9 com e sem
por apresentarem boas propriedades aplicação de sobrepotenciais. Tal avaliação
mecânicas e elevada resistência corrosão por foi realizada utilizando, principalmente, as
pite, frestas, intergranular e sob tensão.18-21 técnicas de polarização anódica e
A classificação dos aços duplex e super espectroscopia de impedância eletroquímica
duplex é realizada através do número (EIE) e microscopia eletroquímica de
equivalente de resistência à corrosão por pite varredura (SECM).
PREN (da sigla em inglês para Pitting
Resistance Number), que é determinado a
partir das suas composições químicas, 2. Experimental
especificamente dos teores dos elementos:
Cr, Mo, N e Cu.8,9,22
O ajuste na microestrutura dos aços 2.1. Materiais
duplex e super duplex é efetivado através do
balanço entre as fases ferrita e austenita, que
está diretamente relacionado aos fatores: Os aços inoxidáveis UNS S31803 e UNS
S32760 utilizados neste estudo foram
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fabricados em conformidade com as normas mm. As composições químicas de tais aços


ASTM A 789/A 789M - 04. Foi usada a secção foram determinadas por Espectroscopia de
transversal de dois tubos sem costura, sendo Emissão Ótica (EEO) e são descritas na Tabela
o primeiro com espessura de 20 mm e 1. A nomenclatura adotada para estes
comprimento de 150 mm e o segundo com materiais doravante neste trabalho para fins
espessura 25 mm e comprimento de 150 de simplificação será S31803 e S32760.

Tabela 1. Composição química dos aços S 31803 e S32760 (% em massa)


Designação C Mn P Si Ni Cr Mo N Cu W Fe

S31803 0,026 1,17 0,022 0,43 4,92 22,15 3,19 0,20 nd nd 67,89
S32760 0,025 0,58 0,02 0,37 7,14 25,47 3,74 0,26 0,57 0,61 61,22
nd = não detectado

2.2. Soluções e condições experimentais energia dispersiva (EDS) da marca Brucker, foi
utilizado para caracterização microestrutural
e na determinação semiquantitativa da
Os ensaios de corrosão foram realizados à porcentagem atômica dos elementos
temperatura ambiente (25°C ± 2°C) em químicos presentes nas fases ferrita e
soluções de NaCl 3,5 e 7,0%, naturalmente austenita.
aeradas e saturada com CO2. A solução de
Os ensaios de microdureza Vickers foram
NaCl 3,5% é padrão para a classificação do
realizados em conformidade com a norma
material quanto a resistência à corrosão
ASTM E 92, no microdurômetro Shimadzu
localizada em água do mar, enquanto o uso
HMV-G modelo 21ST, com carga de 0,05 kgf
de NaCl 7,0% objetivou verificar o
(0,49N), por um período de 30 segundos.
comportamento do material em ambientes
Nesse ensaio foram realizadas 5 medidas em
mais agressivos. O processo de saturação das
cada amostra dos aços estudados.
soluções foi realizado através do
borbulhamento de CO2. Utilizou-se a solução O Potenciostato utilizado nos ensaios de
de 15 mmol L-1 K3[Fe (CN6)] com 15 mmol L-1 polarização e espectroscopia de impedância
de KCl para realizar o voltamograma e curva eletroquímica da marca AUTOLAB modelo
de aproximação nos ensaios com microscópia PGSTAT 128N, acoplado ao computador
eletroquímica de varredura. usando o software NOVA 1.10.
O microscópio eletroquímico de varredura
(SECM), marca Sensolytcs GmbH Bochum,
2.3. Equipamentos
Alemanha, acoplado a um
bipotenciostato/galvonostato Autolab
A superfície das amostras foi caracterizada PGSTAT 128N e um vídeo-microscópio com
via microscopia ótica utilizando um uma Câmara CCD , foram utilizado para obter
microscópio ótico Olympus modelo CX 51 as imagens das reatividades eletroquímicas
com o software AnalySIS, versão 5.1 com a dos aços.
finalidade de avaliar a microestrutura dos O polimento e ataque eletrolítico das
aços. amostras para análise microestrutural foram
O microscópio eletrônico de varredura, realizados no equipamento Polisec - C25 da
modelo TESCAN - VEGA3 SBU, equipado com marca Presi.
microanalizador por espectrometria de Difratômetro Brucker, modelo D-8

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Advance foi utilizado nas análises polidos o alu i a , 5 μ e li pos om


semiquantitativas das fases presentes nos água destilada.
aços.

2.5. Ensaios eletroquímicos


2.4. Metodologia

As medidas eletroquímicas convencionais


Amostras dos aços foram preparadas para (polarização e impedância) foram realizadas
os experimentos de caracterização de acordo com a norma ASTM G5-94,
microestrutural e eletroquímica covencional utilizando um potenciostato/galvonostato da
em dimensões adequadas. Uma parte delas marca Autolab 128N. Uma célula padrão com
foi analisada por MO, MEV e EDS, preparada três eletrodos foi empregada: amostra de
através de técnica metalográfica padrão, S31803 ou de S32760 como eletrodo de
sendo previamente lixada com lixas de trabalho com área geométrica de 1 cm2, um
carbeto de silício (SiC) em sequência, com contra-eletrodo de platina e o eletrodo de
granulometrias 150, 220, 320, 400, 500, 600, referência de calomelano saturado (ECS).
1200. Após o lixamento, as amostras foram Antes de cada experimento de polarização
limpas em banho ultrassônico usando água anódica e espectroscopia de impedância
deionizada, por 15 minutos, e, eletroquímica, o eletrodo de trabalho ficava
posteriormente, polidas eletroliticamente em imerso na solução de NaCl 3,5 e 7,0% por 1
solução de ácido fosfórico (H3PO4). O ataque hora para realizar a medida do potencial de
que revelou as microestruturas dos materiais circuito aberto (OCP). As curvas de
foi realizado em solução de ácido oxálico 10% polarização foram obtidas a partir da
(H2C2O4. 2H2O) por 35 segundos, a varredura do potencial de OCP à temperatura
temperatura e pressão atmosférica, sob um de 25 ± 2 0C, levando em consideração a
potencial de 24 volts D. C. no equipamento variação da densidade de corrente durante o
Polisec - C25 em conformidade com o procedimento. A varredura iniciou-se no
procedimento da norma ASTM E 407-99. Nas potencial de corrosão de cada aço, a uma
amostras, destinadas aos testes taxa de 0,333 mVs-1 (1,2 Vh-1) até atingir os
eletroquímicos, foram soldados fios de cobre potenciais de transpassivação (Etrans) ou
para garantir contato elétrico, seguido de potencial de (Epite). Os ensaios de EIE foram
embutimento em resina epóxi. A face da realizados numa faixa de varredura de 10
amostra que ficará em contato com o mHz a 100 kHz e com amplitude de
eletrólito tem área de 1 cm2, obtida após a perturbação de 10 mV e taxa de aquisição de
preparação metalográfica que envolveu dados de 10 pontos por década no potencial
lixamento até a lixa 600, lavadas em água de OCP à temperatura de 25 ± 2 0C. Cada
destilada com aspersão de álcool etílico e, experimento foi repetido três vezes para
posteriormente, secas em jato de ar quente. garantir a sua reprodutibilidade e todos os
Logo em seguida, mantidas por uma hora em potenciais neste trabalho são cotados em
dessecador antes dos ensaios eletroquímicos, relação ao eletrodo de calomelano saturado
em conformidade com a norma ASTM G 5-94. (ECS). Essas soluções foram preparadas com
reagentes de alta pureza em água deionizada.
Para realização dos ensaios no
Os dados foram simulados mediante uso do
microscópio eletroquímico de varredura, os
software Nova 1.10.
substratos dos aços (eletrodos de trabalho)
com área de 0,5 cm2 e espessura 0,3 cm Os ensaios no SECM foram realizados
foram ligados por fios de cobre para contato utilizando o módulo
elétrico e embutidos em resina epóxi, fixados bipotenciostato/galvanostato Autolab
sobre uma lâmina de vidro na posição PGSTAT 128N acoplado a um computador. A
horizontal, previamente foram lixados em célula eletroquímica Sensolytcs foi montada
se u ia de li a at μ , logo e seguida com lâminas contendo os substratos dos aços

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S31803 ou de S32760, um contra-eletrodo de potencial de 600 mV no microeletrodo, pois


platina e o eletrodo de referência de segundo a literatura em potenciais mais
calomelano saturado (ECS). O microeletrodo positivos o Fe+2 pode ser monitorado
de plati a o aio de μ foi p evia e te (oxidado) e o Fe+3 não é reduzido
polido e alu i a , μ e, eletroquimicamente 28 29. Nos substratos
posteriormente, lavado com água destilada. foram aplicados os potenciais de OCP obtidos
As soluções e condições dos ensaios foram antes da realização de cada ensaio nas
idênticas às empregadas na polarização e na soluções, sendo de -165 mV(ECS) nas condições
impedância. As áreas de 0,25 mm2 dos aeradas e -290 mV(ECS) nas saturadas com CO2
substratos foram varridas nas direções x e y, e em seguida foi realizada a aproximação do
utilizando o modo de varredura Fast Comb, microeletrodo ao substrato com o
o o i e e to de 5 μ as di eções e monitoramento da corrente até uma
e velo idade de 5 μ s-1. Previamente aos dist ia de ap o i ada e te 5 μ . Após
experimentos foram realizados os esse procedimento foram obtidas as
voltamogramas em soluções de 15 mmol L-1 imagens.
K3[Fe (CN6)] com 15 mmol L-1 de KCl a fim de
verificar o funcionamento do microeletrodo
de platina, eletrodo de referência e eletrodo 3. Resultados e Discussão
de platina, e determinar o potencial onde o
processo de difusão atinge o estado
estacionário, o qual foi de aproximadamente 3.1. Microscopia ótica
-200 mV(ECS) que foi aplicado no
microeletrodo de platina objetivando
construir a curva de aproximação. Tal curva As amostras dos aços S31803 e S32760
determinou a distância entre a ponta do foram atacadas via procedimento
microeletrodo e os subtratos dos aços igual eletroquímico e analisadas por microscopia
5 μ , edia te a ve ifi aç o do aio si al ótica com a finalidade de determinar a
corrente. morfologia e distribuição das fases ferrítica e
Como nesse estudo de corrosão não se autenítica. As Figuras 1 (a) e (b) exibem as
utilizou mediador redox, após o uso da micrografias obtidas por microscopia ótica
solução de ferricianeto de potássio, afastou- dos aços S31803 e S32760, respectivamente.
se o microeletrodo do substrato e o conjunto Na Figura 1 (a) observa-se que a fase
todo (microeletrodo, a célula eletroquímica, auste ita ү ap ese ta o fologia dive sa da
contra eletrodo e o eletrodo de referência) fase ferrita α o g os ap ese ta do
foi retirado e lavado com água deionizada. O orientação preferencial que são decorrentes
substrato (amostra de teste) foi trocado por do processo de conformação mecânica usado
outro do mesmo material, preparado em para a fabricação dos tubos. Na micrografia
idêntica condição. O microeletrodo foi da Figura 1 (b) é possível observar que a
posicionado a uma determinada distância da morfologia das fases austenita e ferrita, com
célula eletroquímica onde foi vertida a grãos poligonais irregulares, sendo
solução de NaCl 3,5% ou NaCl 7,0%, de nitidamente maiores que os apresentados
acordo com a condição testada. Foi utilizado pelo aço S31803.
o modo gerador/coletor com aplicação de

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Figura 1. Micrografias dos aços o estado o o e e ido evide ia do as fases fe ita α e


auste ita ү o tidas po i os opia óti a, ata ue elet olíti o o ido o li o a %, a
S31803 e (b) S32760

3.2. Microscopia eletrônica de varredura materiais normatizados que foram


submetidos aos tratamentos térmicos de
solubilização e resfriamento em água,
A Figura 2 mostra detalhes morfológicos ratificando os resultados obtidos na
da microestrutura dos aços S31803 e S32760 literatura, conforme os trabalhos realizado
reveladas após ataque eletrolítico. para os aços duplex 22 Cr 30 e super duplex
As micrografias da Figura 2 (a) e (b) 25 Cr 26, 22 nas condições de aplicação, onde
confirmam a presença das fases ferrita e os autores descreveram a presença de
austenita, sem evidências de presença de apenas duas fases de forma balanceada. A
fases secundárias tais como: compostos presença dos elementos Cr, Mo, N e W
intermetálicos, precipitados nas interfaces promovem a estabilização das fases ferrita e
ferrita/austenita e nos contornos de grãos da autenita, além de elevarem a resistência à
ferrita. Essas microestruturas são típicas de corrosão por pite.31

Figura 2. Micrografias dos aços no estado como recebido obtidas por MEV, evidenciando as
fases fe ita α e auste ita ү e o o os o to os de g os. Ata ue elet olíti o ealizado
com ácido oxálico a 10%, (a) S31803 e (b) S32760
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3.3. Determinação das frações no entanto, essa variação pode estar


volumétricas de fases relacionada com a temperatura de
recozimento que o material foi submetido no
processo de fabricação, em consonância com
As frações volumétricas das fases ferrita e as pesquisas realizadas por Garfias-Mesias et
austenita determinadas em conformidade al. 32, que estudaram o aço inoxidável duplex
com a norma ASTM E 1181- 02 para os aços 25 Cr e verificaram que dependendo da
S31803 e S32760 estão apresentadas na temperatura de solubilização empregada no
Tabela 2. tratamento térmico causará alterações nas
As frações volumétricas determinadas proporções das fases. No estudo realizado
para o aço S31803 apresentam valores por Ribeiro e Santos 33, na busca pela idêntica
próximos, indicativos de que as fases ferrita e proporção de fases em aços inoxidáveis
austenita encontram-se em proporções duplex, verificaram a necessidade de um
equivalentes na estrutura do material, esse controle rigoroso da quantidade de
resultado é característico dos aços que elementos estabilizadores da ferrita e dos
apresentam melhores propriedades estabilizadores da austenita na composição
mecânicas e resistência à corrosão.1 Para o dos aços, desde os processos de fabricação
aço S32760, a fração volumétrica da fase até o tratamento térmico de solubilização.
ferrita encontra-se maior do que a austenita,

Tabela 2. Valores médios e seus respectivos desvios-padrão das frações volumétricas das
fases presentes nos aços S31803 e S32760 medidas em 50 regiões diferentes de cada
microestrutura
Material % Ferrita % Austenita
S31803 50 ± 5 50 ± 5
S32760 55 ± 4 45 ± 4

3.4. Microdureza Vickers medidas foram obtidas nas seções


transversais das amostras com carga igual a
0,49 N por 30 segundos, para cada aço foram
Os ensaios de microdureza Vickers foram realizadas cinco identações. Os resultados
realizados com a finalidade de verificar as das microdurezas são demonstrados na
propriedades mecânicas dos aços. As Tabela 3.

Tabela 3. Resultados médios obtidos no ensaio de microdureza Vickers para os aços S31803
e S32760 com seus respectivos desvios-padrão para um total de 5 medidas
Material HV (0,49N)
S31803 276 ± 6
S32760 310 ± 5

Os resultados de microdureza para o aço via tratamentos térmicos e conformação


S31803 são característicos de material que mecânica. Resultados semelhantes foram
possui integridade microestrutural, devido à encontrados por Shaoning et al. 34 no metal
uniformidade dimensional dos grãos, obtida de base de juntas soldadas de aço duplex

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2205, nesse trabalho os autores verificaram 3.5. Difração de raios X


que o material, constituído por ferrita e
austenita, não sofreu influência dos ciclos
térmicos de soldagem, os valores médios de Os difratogramas dos aços S31803 e
microdureza encontrados nessa região ficou S32760 são apresentados na Figura 3 (a) e
próximo a 275 HV. Por outro lado, em relação (b). A difratometria de raios X foi realizada na
ao aço S32760, os valores de microdureza seção transversal das amostras, com a
determinados foram superiores, sugerindo finalidade de confirmar a presença das fases
que esses resultados estão relacionados ao identificadas por microscopia ótica e de
maior teor de nitrogênio intersticial na varredura, bem como certificar sobre a
austenita, em conformidade com a literatura, existência de fases não visualizadas por essas
que relaciona a presença desse elemento técnicas.
químico com ganhos significativos nas
propriedades mecânicas e de corrosão. 35

Figura 3. Difratogramas das amostras dos aços: (a) S31803 e (b) S32760 com identificação dos
picos das fases austenita e ferrita

A Figura 3 (a) e (b) exibe somente a A partir dos potenciais de circuito aberto
presença das fases ferrita e austenita, sem a (OCP) foram aplicados sobrepotenciais
existência de fases secundárias, carbonetos e crescentes até atingir o potencial de -100
nitretos. Estes resultados ratificam as mV(ECS) para as amostras analisadas na
características microestruturais encontradas condição aerada e, do mesmo modo, foram
nas análises por microscopia ótica e aplicados potenciais crescentes até se atingir
eletrônica de varredura. o potencial de -200 mV(ECS) para as amostras
estudadas na condição saturada em CO2.
Nesses intervalos de potenciais, as
3.6. Ensaios de polarização densidades de corrente aumentaram, o que
potenciodinâmica anódica sugere a presença de regiões, nos filmes
passivos, menos resistentes em contato com
as espécies da solução. Para valores de
As curvas de polarização anódica dos aços pontenciais próximos a 600 mV(ECS) ocorrem
S31803 e S32760 são mostradas nas Figuras 4 aumentos nas densidades de corrente o que
(a) e (b). Nessas soluções os aços passivaram indica o surgimento de pites na fase
de forma espontânea e os valores de OCP austenítica dos aços S31803 e na fase
encontrados são mostrados na Tabela 4. As ferrítica do aço S32760. Resultados
Figuras 4(a) e 4(b) mostram as curvas de semelhantes foram encontrados em estudos
polarização para os aços em solução de NaCl realizados em aço inoxidável duplex 2205
3,5%, na condição aerada e saturada de CO2.
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com potencial 450 mV(ECS) 28. Em potenciais a 960 mV(ECS) ocorre uma inversão no
superiores a 800 mV(ECS) a densidade de comportamento dos filmes passivos, onde
corrente eleva-se de forma acentuada que verifica-se alterações na resistência do filme
sugere a nucleação de novos pites, seguida do aço S31803 que passa suportar potenciais
de um decréscimo, característica de elevados com menores densidades de
repassivação. Ao atingir o potencial próximo corrente.

Figura 4. Curvas de polarização potenciodinâmica anódica para os aços S31803 e S32760 em


solução de NaCl 3,5%: (a) em condições aeradas e (b) saturada com CO2

As Figuras 5 (a) e (b) mostram as curvas de regiões dos filmes passivos que são menos
polarização anódicas para os aços resistentes as espécies da solução. Para
inoxidáveis, em soluções de NaCl 7,0% nas valores de pontenciais próximos a 450 mV(ECS)
condições aeradas e saturadas com CO2. ocorrem aumentos nas densidades de
Nessas soluções os aços passivaram de forma corrente o que indica o surgimento de pites
espontânea e os valores de OCP encontrados na fase austenítica dos aços S31803 28 e na
são mostrados na Tabela 5. A partir dos fase ferrítica do aço S32760. Em potenciais
potenciais de circuito aberto (OCP) foram maiores que 800 mV(ECS), a densidade de
aplicados sobrepotenciais desde corrente eleva-se de forma acentuada
aproximadamente 68 mV(ECS) até atingir o seguida de um decréscimo, sugerindo a
potencial de -100 mV(ECS) para as amostras nucleação de novos pites seguida de uma
analisadas nas condições aeradas. Do mesma repassivação. Ao se atingir o valor de
maneira, foram aplicados sobrepotenciais potencial de 960 mV(ECS) ocorre uma ligeira
desde 80 mV(ECS) até o potencial de -200 perda de resistência no filme passivo do aço
mV(ECS) para as amostras estudadas na S32760. Tal fato sugere um maior ataque das
condição saturada em CO2. Nesses intervalos espécies das soluções nas camadas dos filmes
de potenciais, as densidades de corrente passivos acarretando maiores densidades de
aumentaram o que sugere à presença de corrente.

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Pereira, V. et al.

Figura 5. Curvas de polarização potenciodinâmica anódica para os aços S31803 e S32760


em solução de NaCl 7,0%: (a) em condições aeradas e (b) saturada com CO2

Em conformidade com os resultados dos Para sobrepotenciais próximos de 830


ensaios de polarização anódica apresentados mV(ECS) a densidade de corrente tem ligeiro
nas Figuras 4 e 5, verifica-se que os aços aumento e, logo em seguida, em potenciais
apresentaram pequenas variações no superiores ocorre repassivação, esse
comportamento dos filmes passivos nas fenômeno pode ser verificado por um maior
condições experimentais, nos intervalos de aumento na densidade de corrente para as
potenciais a partir do OCP até soluções saturadas em CO2. O referido
aproximadamente 960 mV(ECS). Nesse comportamento sugere um empobrecimento
intervalo, verifica-se que o aço S32760 dos elementos responsáveis pela
apresenta ligeira superioridade dos filmes repassivação dos filmes passivos, resultados
passivos em relação aos do aço S31803, semelhantes aos encontrados no estudo
sugerindo que esse comportamento está realizado por Magnabosco 37 com aço
vinculado à presença, concentração e inoxidável UNS S3180 no qual o autor
distribuição dos elementos químicos no aço constatou que as regiões das curvas de
S32760. Em potenciais próximos de 600 polarização, que apresentam valores
mV(ECS) para a Figura 4 (a) e (b) as curvas máximos para as densidades de corrente
apresentam mudanças no comportamento anódica, têm vínculo direto com a presença
caracterizando possível surgimento de pite. na microestutura do material da fase ferrítica
Em conformidade com esse resultado, empobrecida em cromo.
estudos realizados em aços inoxidáveis
Os dados apresentados nas Tabelas 4 e 5
duplex 2205 detectaram pite na fase
relativos aos ensaios de polarização anódica
austenita a potencial de 450 mV(ECS). No
mostram valores de domínio de passivação
entanto, para o aço S32760 depreende-se
para os aços em intervalos do OCP até
que o pite ocorra na fase ferrítica, pois ela
potenciais superiores a 1000 mV(ECS),
apresenta o menor valor de PREN nesse aço.
sugerindo que nesses intervalos os materiais
O mesmo comportamento foi apresentado
apresentam filmes passivos e resistentes nas
na Figura 5 (a) e (b) em potencial menor 450
condições estudadas, resultados semelhantes
mV, caracterizando a interferência do
foram encontrados em trabalhos com aços
aumento da concentração de NaCl na
inoxidáveis SAF2205 e SAF2507 em solução
resistência do filme passivo.
de NaCl.10,38

Rev. Virtual Quim. |Vol 9| |No. 6| |2442-2463| 2452


Pereira, V. et al.

Tabela 4. Valores médios e seus respectivos desvios-padrão dos parâmetros obtidos nos
ensaios polarização potenciodinâmica anódica em solução NaCl 3,5% nos aços S31803 e
S32760 para 3 medições
Solução aerada Solução saturada com CO2

Material pH OCP Epite Epite - OCP pH OCP Epite Epite - OCP (mV)
(mV) (mV) (mV) (mV) (mV)
(ECS) (ECS) (ECS) (ECS)
S31803 6,8 ± -162 ± 9 1068 ± 1230 ± 6 4,1 ± 0,2 -269 ± 8 1059 ± 1328 ± 10
0,1 8 12
S32760 6,7± -164 ± 1063 ± 1227 ± 7 4,0 ±0,2 - 299 ± 9 1005 ± 6 1304 ± 8
0,2b 10 3

Tabela 5. Valores médios e seus respectivos desvios-padrão dos parâmetros obtidos nos
ensaios polarização potenciodinâmica anódica em solução NaCl 7,0% nos aços S31803 e
S32760 para 3 medições
Solução aerada Solução saturada com CO2
OCP Epite Epite - OCP Epite Epite - OCP
OCP (mV)
Material pH (mV) (mV) (mV) pH (mV) (mV)
(ECS)
(ECS) (ECS) (ECS)
6,6 ± 4,1 ± - 287 ±
S31803 - 168 ± 7 1035 ± 6 1203 ± 5 1038 ± 3 1325 ± 9
0,2 0,2 13
- 169 ± 4,0 ± - 306 ±
S32760 6,7± 0,2 1014 ± 4 1183 ±10 1013 ± 4 1319 ± 11
12 0,1 14

Mediante análise das Tabelas 4 e 5, pode- pode ser associado ao aumento da fração
se observar valores ligeiramente superiores volumétrica apresentada pela fase ferrita,
para os potenciais de pite (Epite) e domínios conforme apresentado na Tabela 2; pois, de
de passivação (Epite - OCP) em todas as acordo com a literatura a redução da
condições de ensaio para o aço S31803. Por resistência à corrosão por pite nos aços
outro lado verifica-se que o S32760 tem inoxidáveis super duplex está associada ao
valores inferiores para essas grandezas, em aumento da fração volumétrica da ferrita,
função da queda da resistência apresentada que apresenta maior diluição dos elementos
pelo filme passivo a partir do potencial de cromo, molibdênio e menor do nitrogênio na
960 mV. Como o aço S32760 possui microestrutura, favorecendo a nucleação de
porcentagens superiores dos elementos Cr, pites nesse microconstituinte, o que o torna
Mo, Ni e N, bem como a ausência de fases mais vulnerável ao ataque das espécies
deletérias, que são fatores que, a princípio, químicas contidas na solução. 31, 39, 40
promoveriam melhores resultados na
resistência a corrosão por pite em
comparação com o aço S31830, porém de
acordo com os resultados apresentados nas
condições estudadas, esse aço demonstra
menor desempenho do filme passivo que

2453 Rev. Virtual Quim. |Vol 9| |No. 6| |2442-2463|


Pereira, V. et al.

3.7. Espectroscopia de impedância No intervalo de médias frequências de 10


eletroquímica Hz e 1000 Hz o aço S31803 apresenta valores
superiores para o módulo de impedância.
Para frequências superiores a 1000 kHz o
Os ensaios por EIE foram utilizados para
módulo de impedância apresenta redução
investigar a interface eletrodo-eletrólito. Os
para ambos os aços, caracterizando
resultados dos ensaios, obtidos na condição
comportamento de sistema que apresenta
de potencial de circuito aberto (OCP), em
somente resistência do eletrólito e a redução
soluções 3.5 e 7,0% aeradas e saturadas com
nos módulos de impedância dos filmes
CO2 são representados nos diagramas das
passivos.
Figuras 6, 7, 8 e 9. Os diagramas de Nyquist
representados pelas letras (a) nas figuras Os diagramas de Bode ângulo de fase,
mencionadas mostram que os arcos representadas pelas letras (c) das Figuras,
capacitivos do aço S32760 comportam-se de mostram na faixa de frequências entre os
maneira ligeiramente superior em relação ao ângulos -650 a -800 que as curvas possuem
S31803. formato característico dos aços, sugerindo
que estão passivados e com boa resistência à
Os diagramas de Bode módulo
corrosão. Em altas frequências (1x105 Hz) o
apresentados pelas letras (b) das referidas
ângulo de fase tem valores de
figuras demonstram comportamento 0
aproximadamente -10 , nessa condição
característico de materiais que possuem
observa-se que os filmes possuem
filmes passivos resistentes em regiões de
impedância capacitiva inversamente
baixas frequências para os dois aços, com
proporcional à frequência aplicada, sugerindo
ligeiro destaque para o aço S32760,
diminuição-redução do comportamento
sugerindo que nessas condições os filmes
capacitivo do filme passivo.
passivos apresentam boa resistência às
espécies contidas na solução.

Figura 6. Diagramas de impedância na forma (a) de Nyquist, (b) Bode módulo e (c) Bode fase,
para os aços S31803 e S32760 em solução de NaCl 3,5% naturalmente aerada

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Pereira, V. et al.

Figura 7. Diagramas de impedância na forma (a) de Nyquist, (b) Bode módulo e (c) Bode fase,
para os aços S31803 e S32760 em solução de NaCl 3,5% saturada com CO2

Figura 8. Diagramas de impedância na forma (a) de Nyquist, (b) Bode módulo e (c) Bode fase,
para os aços S31803 e S32760 em solução de NaCl 7,0% naturalmente aerada

Figura 9. Diagramas de impedância na forma (a) de Nyquist, (b) Bode módulo e (c) Bode fase,
para os aços S31803 e S32760 em solução de NaCl 7,0% saturada com CO2

Os resultados apresentados pelos intervalos de impedâncias, esse


diagramas de Nyquist nas Figuras 6(a), 7(a), comportamento sugere baixa atividade
8(a) e 9(a), mostram semicírculos com formas interfacial e alta estabilidade dos filmes
equivalentes para os aços em todos os passivos com características capacitivas.41- 43

2455 Rev. Virtual Quim. |Vol 9| |No. 6| |2442-2463|


Pereira, V. et al.

Os diagramas de impedância eletroquímica 3.8. Microscopia eletroquímica de


na forma de Bode módulo mostram que nas varredura (SECM)
regiões de alta frequência (1 kHz a 100 kHz) o
módulo de Z é praticamente constante e nos
diagramas de Bode ângulo de fase ϕ os As imagens de varredura obtidas através
valores do ângulo de fase encontra-se do SECM, mostradas nas Figuras 10 e 11,
próximo de zero, esse comportamento representam o comportamento superficial
representa as características resistivas das dos substratos nos potenciais de circuito
soluções. Mediante análises dos diagramas aberto de -165 mV(ECS) e -290 mV(ECS), em
de Bode módulo, verifica-se uma faixa de soluções aeradas e saturadas de CO2; com
frequência entre 102 Hz e 10-1 Hz com aplicação do potencial de 600 mV no
ângulos entre -700 a -820, no formato de um microeletrodo de platina.
platô, caracterizando comportamento de As Figuras 10 e 11 mostram as imagens
material passivo; 44 ainda nesses mesmos tridimensionais com distintas morfologias e
gráficos pode-se observar duas regiões regiões com diferentes atividades de
denominadas ”ombros”, a primeira está corrente. As imagens topográficas revelam
localizada em médias frequências entre 100 uma série de picos que projetam de
Hz e 1000 Hz e a segunda é encontrada nos pequenas regiões anódicas dos substratos
intervalos de baixas frequências entre 1 Hz e caracterizando-as como precursoras de pite.
0,1 Hz. Essas regiões são os intervalos de 28,29,48
Esse comportamento representa
frequência onde as constantes de tempo flutuações dos pites metaestávais que
sobrepostas às curvas se destacam. A surgem nos aços.29,49 Os picos representam
identificação dessas de acordo com a áreas de maior susceptibilidade, sugerindo a
literatura é característica de materiais presença de heterogeneidades na camada
passivos que apresentam as camadas interna externa (porosa) do filme passivo. Nessas
compacta e a externa porosa, 43, 45 e que em regiões ocorre a oxidação do ferro
aços inoxidáveis são formadas produzindo Fe2+ que posteriormente é
respectivamente de óxidos de cromo e ferro oxidado no microeletrodo de platina para
e de hidróxidos ferro e cromo. 46 Fe3+ e permanecerá dissolvido nas soluções.
28-50
Os resultados apresentados nas Figuras 6, Nas referidas figuras pode-se constatar
7, 8 e 9 mostram que os aços têm maior atividade nos filmes passivos do aço
comportamentos equivalentes, isto é, boa S31803, principalmente nas condições
resistência à corrosão por pite em todas as saturadas com CO2, que apresentam regiões
condições de ensaio (OCP), demonstrando com intensidades de correntes mais
que os aumentos das concentrações de elevadas, esse comportamento de acordo
cloretos e as saturações das soluções não com Ambrish et al. 51 está associado a
foram suficientes para causar danos acidificação da solução devido a presença de
significativos nos filmes passivos, de acordo CO2 que torna a superfície do metal mais
com a literatura os expressivos valores de positiva e como consequência maior
impedância encontrados nos aços super adsorção dos íons Cl- na mesma. Nas
duplex, estão relacionados às altas condições experimentais, o filme passivo do
quantidades de óxido de cromo nos filmes. 47 aço S32760 demonstra melhores qualidades
protetivas por possuir regiões com menores
As pequenas variações que demostraram
intensidades de corrente, indicativas de
melhor desempenho do filme passivo do aço
precursores de pites, sugerindo que o
S32760 em alguns intervalos de médias a
desempenho está vinculado à composição
baixas frequências não foram suficientes para
química e às fases presentes.
determinar superioridade das camadas dos
filmes em termos de resistência à corrosão
por pite.

Rev. Virtual Quim. |Vol 9| |No. 6| |2442-2463| 2456


Pereira, V. et al.

Figura 10. Imagens obtidas por SECM das superfícies dos aços imersas em solução de NaCl
3,5%, nos potenciais de circuito aberto: aerada (E= -165 mV(ECS)) e saturadas com CO2 (E= -290
mV(ECS) , e velo idade de va edu a de 5 μ s-1 o i oelet odos de Pt, = μ : a aço
S31803 solução aerada; b) aço S32760 em solução aerada; c) aço S31803 em solução saturada
com CO2 e d) aço S32760 em solução saturada com CO2

Figura 11. Imagens obtidas por SECM da superfície dos aços imersas em solução de NaCl
7,0%, nos potenciais de circuito aberto: aerada (E= -165 mV(ECS)) e saturadas com CO2 (E= -290
mV (ECS) , e velo idade de va edu a de 5 μ s-1 o i oelet odos de Pt, = μ : a aço
S31803 solução aerada; b) aço S32760 em solução aerada; c) aço S31803 em solução saturada
com CO2 e d) aço S32760 em solução saturada com CO2

3.9. Morfologia do pite frequentemente o valor do PREN (número


equivalente de resistência à corrosão). Em
função dos elementos químicos estarem
Na determinação da resistência à corrosão distribuídos em proporções diferentes nas
dos aços inoxidáveis, é utilizado fases ferrita e austenita nos aços S31803 e
2457 Rev. Virtual Quim. |Vol 9| |No. 6| |2442-2463|
Pereira, V. et al.

S32760, torna-se necessário determinar o ocorrerá o inicio do processo de


valor do PREN para cada fase, com a corrosivo.33,51 A seguir é apresentada a
finalidade de verificar a resistência à corrosão fórmula empírica largamente utilizada no
por pite, pois na fase com menor valor cálculo do PREN.3,12,31,32,47

PREN= Cr + 3,3Mo + 16 N Equação 1

Os valores das porcentagens em peso dos Tabela 7. A partir dos resultados, verifica-se
elementos cromo e molibdênio foram que os elementos cromo, molibdênio e
obtidos através de cinco medidas realizadas nitrogênio exercem importante função na
nas fases ferrita e austenita dos aços S31803 resistência à corrosão desse material. A fase
e S32760 pela técnica de EDS. Devido às ferrita é enriquecida com Cr e Mo, por outro
limitações quantitativas da técnica não foi lado os elementos Ni e N são concentrados
possível determinar o nitrogênio. De acordo na fase austenítica dos aços super duplex. 11
com a literatura, os valores em torno de Os valores encontrados para PREN das fases
0,05% de saturação de nitrogênio foram ferrita e austenita são característicos do
assumidos para a fase ferrita e o restante material que foi tratado a uma temperatura
para a autenita.25,32 de solubilização, que resulta no aumentou da
fração volumétrica da ferrita, fator que pode
Os valores PREN determinados para as
ter contribuído para a ligeira diminuição da
fases do aço S31803 são mostrados na Tabela
resistência à corrosão por pite nos potenciais
6. Verifica-se que as fases ferrita e austenita
mais elevados. Esse comportamento foi
apresentam valores de PREN em proporções
observado nas curvas de polarização anódica,
aproximadamente iguais, e isso pode estar
Figuras 4 e 5, que em potenciais superiores a
associado a uma distribuição eficiente do
960 mV o aço S32760 passa a ter um
cromo e molibdênio na ferrita e de níquel e
desempenho ligeiramente inferior ao do aço
nitrogênio na austenita. 3 Esse fator de
S31803, que resulta em menores valores para
homogeneidade dos elementos químicos
o potencial de pite e um menor domínio de
presente nas fases foi comprovado através
passivação. Esses resultados, estão de acordo
do bom desempenho eletroquímico do aço
com estudos realizados em aços inoxidáveis
S31803 nos experimentos ensaios de
super duplex, onde se observa que
polarização anódica e impedância
dependendo da temperatura de solubilização
eletroquímica onde o aço apresentou alta
que o material for submetido altera as
resistência à corrosão por pite para todas as
frações volumétricas das fases e
condições estudadas. 11,25,39
consequentemente o valor do PREN.
Os resultados do PREN determinados para
as fases do aço S32760 são mostrados na

Tabela 6. Valores médios e seus respectivos desvios-padrão da composição química (%


peso) para as fases presentes no aço S31803 obtidos em 5 medidas e os respectivos cálculos
de PREN
Fases Cr (%p) Mo (%p) N PREN
Ferrita 24,25 ± 0,09 3,8 ± 0,04 0,05 37,59
Austenita 21,39 ± 0,17 2,23 ± 0,08 0,35 34,65

Rev. Virtual Quim. |Vol 9| |No. 6| |2442-2463| 2458


Pereira, V. et al.

Tabela 7. Valores médios e seus respectivos desvios padrão da composição química (%


peso) para as fases presentes no aço S32760 obtidos em 5 medidas e os respectivos cálculos
de PREN
Fases Cr (%p) Mo (%p) N PREN
Ferrita 25,47 ± 0,09 4,42 ± 0,45 0,05 40,86
Austenita 24,28 ± 0,17 3,04 ± 0,10 0,51 42,47

As Figuras 12 e 13 apresentam os pites Comportamento semelhante a esse foram


nucleados nas fases dos aços S31803 e encontrados em estudo de aço inoxidável
S32760 após os ensaios de polarização. As duplex 2205. 13, 31As Figuras 13 (a), (b), (c) e
Figuras 12(a), (b), (c) e (d) mostram que os (d) revelam as ocorrências dos pites nas fases
pites ocorreram preferencialmente nas fases ferríticas, isso está de acordo com o menor
austenita para todas as condições de estudo, valor de PREN apresentado e ainda pode ter
isso está de acordo com o menor valor de sido influenciado pela dispersão de cromo e
resistência equivalente a pite (PREN) molibdênio nessa fase devido o aumento da
apresentado pela fase austenita. fração volumétrica apresentada.39

Figura 12. Mo fologias de pite as fases fe ita α e auste ita Υ o tidas po MEV a
superfície do aço S31803 após o ensaio de polarização potenciodinâmica anódica: a) solução
NaCl 3,5% aerada; b) solução NaCl 3,5% saturada com CO2; c) solução de NaCl 7,0% aerada e d)
solução de NaCl 7,0% saturada com CO2

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Pereira, V. et al.

Figura 13. Mo fologias de pite as fases fe ita α e auste ita Υ o tidas po MEV a
superfície do aço S32760 após o ensaio de polarização potenciodinâmica anódica: a) solução
NaCl 3,5% aerada; b) solução NaCl 3,5% saturada com CO2; c) solução de NaCl 7,0% aerada e d)
solução de NaCl 7,0% saturada com CO2

4. Conclusões fases ferrítica e austenítica que possuem o


menor valor de PREN são as regiões
precursoras e formadoras de núcleos estáveis
de pites.
1- Os aços S31803 e S32760 possuem boa
resistência à corrosão por pite, essas
características foram verificadas nos
Referências Bibliográficas
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4- Nos aços analisados, verificou-se que as

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