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Talvez começar com uma descrição de como elas eram levadas para lá.
Biografia do pintor:
Henrique Medina de Barros nasceu no Porto a 18 de agosto de 1901. Era filho de Pascoal
Medina, pintor espanhol, e de Maria Joana de Barros Medina. Revelou precocemente veia
artística, ao retratar com grande expressividade a avó materna, quando tinha apenas 10 anos
(Minha Avó, 1911). Foi condecorado pelos seus serviços pelos governos português, espanhol e
francês e por este último tornou-se Cavaleiro da Legião de Honra. Recebeu também uma
condecoração do Vaticano.
“Servi como modelo para um quadro do Henrique Medina quando tinha 13 anos. O quadro são
duas personagens. Eu e uma menina, eu como tinha o cabelo escuro contrastava com uma
colega que tinha o cabelo loiro e muito comprido; e o meu era meio comprido meio curto. Não
gostei nada da experiência porque o pintor obrigava-nos a vestir roupas que já não era roupa
que eu usava naquela altura. Descrevo como muito frustrante porque fui obrigada a participar,
o chauffer dele vinha-me buscar a casa e depois obrigava-nos a vestir a roupa que ele
determinava, e não era a roupa da época e eu já era mais moderna – gostava de andar de
calças compridas, e não era o facto.”
Foi pintada duas vezes, a primeira vez tinha 18 anos: um quadro era “a romã” e a outra a
“reflexão”
O primeiro: cabelos compridos, com uma romã na mão – andei lá muitos meses (eram
pintadas no atelier da casa dele)
O segundo: 21-22 anos, manto de seda azul e os cabelos soltos e tinha um espelho na mão e
uma escova do cabelo; estava assim com um ar muito triste
O que sentiu? Naquela altura não dava assim muito valor, eu ia lá por ele andava, já quando
era criança queria pintar-me. Ele era uma pessoa que andava sempre a sorrir. Mas ele era uma
excelente pessoa.
Uma pessoa extremamente bondosa, muito humana e gostava muito de ajudar os outros
(marinhas). Ficava chocado com a pobreza dos outros. Respeitador. Agora vejo que foi um
privilégio meu ter sido pintada por ele.
Henrique Medina nasceu no dia 18 de agosto de 1901 e provou-se um artista nato quando
tinha apenas 10 anos. O seu ecoa um pouco por todo o mundo, e foi já condecorado pelos
governos português, francês e espanhol. Através das suas pinturas, Medina observou e
analisou milhares de pessoas. Agora, através destes dois relatos – e entre os milhares que
podem ser revisitados – é Henrique Medina o alvo de análise.
Arminda, por sua vez, foi pintada duas vezes: a primeira vez em que foi pintada tinha 18 anos
e, na segunda vez, estava casada e com 22 anos. No entanto, Henrique Medina tinha já
demonstrado a mesma insistência para pintá-la quando era criança, como o fez com Celina
(som 3). Arminda guarda até hoje um livro com as réplicas de ambas as pinturas. O primeiro
quadro, intitulado “a romã”, revela uma mulher com cabelos compridos e com uma romã na
mão, e Arminda relembra-se dos meses que passou no atelier do pintor (som 2). O segundo
quadro, de nome “o reflexo”, expõe uma mulher num manto de seda azul. Numa mão segura
um espelho e na outra uma escova de cabelo. Na altura, Arminda não atribuiu nenhum
significado marcante à experiência, e só mais tarde viria a admitir que foi uma honra ter sido
pintada por Medina (som 4). À parte da teimosia de Medina, Arminda relembra-se, até hoje,
do sorriso do pintor (som 5).