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Esboço para a reportagem de jornalismo e som:

1. Apresentar o tema do trabalho (3 mulheres, 3 pinturas)


2. Apresentar, então, quem foi Henrique Medina
3. Relatar as experiências das mulheres (descrever os quadros, quando foram
pintadas e como se sentiram)

Talvez começar com uma descrição de como elas eram levadas para lá.

Biografia do pintor:

Henrique Medina de Barros nasceu no Porto a 18 de agosto de 1901. Era filho de Pascoal
Medina, pintor espanhol, e de Maria Joana de Barros Medina. Revelou precocemente veia
artística, ao retratar com grande expressividade a avó materna, quando tinha apenas 10 anos
(Minha Avó, 1911). Foi condecorado pelos seus serviços pelos governos português, espanhol e
francês e por este último tornou-se Cavaleiro da Legião de Honra. Recebeu também uma
condecoração do Vaticano.

Transcrição da primeira entrevista:

Entrevistada: Celina Marques; professora do ensino secundário na escola Henrique medina

“Servi como modelo para um quadro do Henrique Medina quando tinha 13 anos. O quadro são
duas personagens. Eu e uma menina, eu como tinha o cabelo escuro contrastava com uma
colega que tinha o cabelo loiro e muito comprido; e o meu era meio comprido meio curto. Não
gostei nada da experiência porque o pintor obrigava-nos a vestir roupas que já não era roupa
que eu usava naquela altura. Descrevo como muito frustrante porque fui obrigada a participar,
o chauffer dele vinha-me buscar a casa e depois obrigava-nos a vestir a roupa que ele
determinava, e não era a roupa da época e eu já era mais moderna – gostava de andar de
calças compridas, e não era o facto.”

Transcrição da segunda entrevista:

Entrevistada: Arminda; lojista

Foi pintada duas vezes, a primeira vez tinha 18 anos: um quadro era “a romã” e a outra a
“reflexão”

O primeiro: cabelos compridos, com uma romã na mão – andei lá muitos meses (eram
pintadas no atelier da casa dele)

O segundo: 21-22 anos, manto de seda azul e os cabelos soltos e tinha um espelho na mão e
uma escova do cabelo; estava assim com um ar muito triste

O que sentiu? Naquela altura não dava assim muito valor, eu ia lá por ele andava, já quando
era criança queria pintar-me. Ele era uma pessoa que andava sempre a sorrir. Mas ele era uma
excelente pessoa.

Uma pessoa extremamente bondosa, muito humana e gostava muito de ajudar os outros
(marinhas). Ficava chocado com a pobreza dos outros. Respeitador. Agora vejo que foi um
privilégio meu ter sido pintada por ele.

Texto para ler:


Um quadro não é somente aquilo que mostra. Entre os esboços, as pinceladas e as escolhas de
cor, escondem-se as memórias e as sensações de quem foi pintado. Por isso, revisitamos as
experiências de duas mulheres, Celina e Arminda, que inspiraram o pintor Henrique Medina.
Como se sentiram e como descreveriam o pintor são duas questões a que esta reportagem
tenta responder, em meio a várias histórias que se contam boca a boca pelas lojas e
mercearias de Esposende.

Henrique Medina nasceu no dia 18 de agosto de 1901 e provou-se um artista nato quando
tinha apenas 10 anos. O seu ecoa um pouco por todo o mundo, e foi já condecorado pelos
governos português, francês e espanhol. Através das suas pinturas, Medina observou e
analisou milhares de pessoas. Agora, através destes dois relatos – e entre os milhares que
podem ser revisitados – é Henrique Medina o alvo de análise.

Um carro aproxima-se e para em frente à casa de Celina e, com a ajuda do motorista de


Medina, dirige-se à casa do pintor, agora com as paredes desgastadas pelo tempo, mas
entrançadas com árvores e flores cor de rosa. Celina Marques, professora do ensino
secundário na escola Henrique Medina, tinha 13 anos quando foi pintada por Medina.
Assertiva, Celina recorda a sua experiência como frustrante, na medida em que o pintor a
obrigou a vestir roupas que conflituavam com o seu estilo na época, e foi também bastante
persistente na tentativa de a retratar (som 1). Pintada lado a lado com outra menina, o quadro
faz um jogo de contrastes: estão presentes duas meninas, uma com cabelo escuro e médio,
que é Celina, e outra com o cabelo loiro e longo. Ambas estão vestidas com o que a professora
do ensino secundário chamou de “roupas de campo”.

Arminda, por sua vez, foi pintada duas vezes: a primeira vez em que foi pintada tinha 18 anos
e, na segunda vez, estava casada e com 22 anos. No entanto, Henrique Medina tinha já
demonstrado a mesma insistência para pintá-la quando era criança, como o fez com Celina
(som 3). Arminda guarda até hoje um livro com as réplicas de ambas as pinturas. O primeiro
quadro, intitulado “a romã”, revela uma mulher com cabelos compridos e com uma romã na
mão, e Arminda relembra-se dos meses que passou no atelier do pintor (som 2). O segundo
quadro, de nome “o reflexo”, expõe uma mulher num manto de seda azul. Numa mão segura
um espelho e na outra uma escova de cabelo. Na altura, Arminda não atribuiu nenhum
significado marcante à experiência, e só mais tarde viria a admitir que foi uma honra ter sido
pintada por Medina (som 4). À parte da teimosia de Medina, Arminda relembra-se, até hoje,
do sorriso do pintor (som 5).

As experiências destas duas mulheres, como é de se esperar, são igualmente marcantes e


totalmente diferentes, mas, em meio à reconstrução das suas memórias, destacam-se nos dois
traços comuns que atribuem a Henrique Medina: a sua teimosia e insistência. Em 1947 decidiu
instalar-se em Esposende e percorreu a cidade em busca de rostos para imortalizar. Trata-se,
agora, de desvendar mais histórias das pessoas por detrás das telas.

Sons para usar:

1. Som de um carro a aproximar-se; natureza


2. Som de pinceladas
3. Música ambiente
4. Tapete sonoro com uma declaração de uma das entrevistadas primeiro
5.

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