Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
02 paisagismo: Ludwig Riedel, o primeiro diretor de jardins da capital do império do Brasil | vitruvius
vitruvius | pt|es|en
receba o informativo | contato | facebook Curtir 39 mil busca em vitruvius ok
213.02 paisagismo
sinopses
como citar
idiomas
original: português
compartilhe
213
213.00 história
Segregação ou
integração?
A galilé nos conventos
franciscanos no
Nordeste do Brasil
colonial
Ivan Cavalcanti Filho
213.01 urbanismo
Uma avenida imperfeita
Um estudo morfológico
sobre o Eixo Maruípe
Flavia Ribeiro Botechia
213.03 cultura
Narrativa e paisagem
Relato de viagem ao
sertão de Guimarães
Rosa
Marina Grinover
Johann Moritz Rugendas, Retrato de Ludwig Riedel (detalhe), óleo s/ 213.04 habitação
tela, 1846 Next 21
Imagem divulgação [Wikimedia Commons] Experimentações em
espacialidades
habitacionais
O período demarcado a partir do século 18 na Europa revela uma mudança de Lívia Zanelli de Morais
atitude e compreensão da relação “homem-meio ambiente”. Também chamado de
Século das Luzes, é caracterizado pelo advento do Iluminismo, um 213.05 ensino
movimento cultural da elite intelectual europeia que procurou mobilizar o Da ideia à matéria
poder da razão. É a emergência da ciência moderna, em que a História Uma experiência
Natural passou a ser vista como uma aliada na gestão de riquezas do Reino pedagógica no ensino de
e do Ultramar, fundamentada pelos conhecimentos discernidos por Carl von estruturas em ateliê
Linné, ou Lineu, considerado ‘pai da História Natural Moderna’ (1). integrado de projeto
Monica Cavalcante de
Na cidade do Rio de Janeiro, os princípios da ciência moderna começaram a Aguiar, Carlos Eduardo
surgir em fins do século 18, e ao longo do século 19. Como marco tem-se a Spencer e Marcos Favero
fundação da Academia das Ciências e da História Natural do Rio de
Janeiro, que era filiada a Academia de Ciências da Suécia e funcionou de
1772 até 1779, com o objetivo de estudo dos recursos naturais do país
(2). Nas últimas décadas do Setecentos ocorre um incremento da dinâmica
de exploração do meio ambiente tropical por incentivo de Portugal, com a
realização de diversas viagens philosophes. Como reflexo, tem-se o
crescimento da importância dos Jardins Botânicos de Kew, na Inglaterra, e
de Paris, verdadeiros núcleos de sustentação das políticas iluministas de
exploração da natureza colonial (3). As viagens filosóficas seguiam
preceitos iluministas de exatidão, observação minuciosa e espírito
utilitário (4).
http://www.vitruvius.com.br/revistas/read/arquitextos/18.213/6897 1/10
23/08/2018 arquitextos 213.02 paisagismo: Ludwig Riedel, o primeiro diretor de jardins da capital do império do Brasil | vitruvius
http://www.vitruvius.com.br/revistas/read/arquitextos/18.213/6897 2/10
23/08/2018 arquitextos 213.02 paisagismo: Ludwig Riedel, o primeiro diretor de jardins da capital do império do Brasil | vitruvius
considera a lógica interna dos objetos culturais, sua estrutura como
linguagens, e os grupos que produzem tais objetos através dos quais eles
também preenchem funções. Para tanto, é necessário utilizar o método
relacional para análise do microcosmo social no qual se produzem obras
culturais, como o campo artístico no qual se insere o paisagismo.
http://www.vitruvius.com.br/revistas/read/arquitextos/18.213/6897 3/10
23/08/2018 arquitextos 213.02 paisagismo: Ludwig Riedel, o primeiro diretor de jardins da capital do império do Brasil | vitruvius
destinada a vilegiatura e recreio da elite no Brasil Colônia (15). Um
espaço dedicado à ‘sociabilidade’ carioca, e à promoção da salubridade da
cidade através do aterro da Lagoa do Boqueirão d’Ajuda.
Foi, inclusive, neste pensamento que, num dos primeiros atos de D. João
com a vinda da Corte Portuguesa para o Brasil em 1808, foi dada
continuidade à política exploratória, quando criou o então ‘Real Horto’
(1808-1811), e já se encarregava de receber sementes e mudas para formar
sua coleção (17).
http://www.vitruvius.com.br/revistas/read/arquitextos/18.213/6897 4/10
23/08/2018 arquitextos 213.02 paisagismo: Ludwig Riedel, o primeiro diretor de jardins da capital do império do Brasil | vitruvius
europeus. O tratamento paisagístico foi outro aspecto que mereceu sua
atenção. Em sua gestão, ele aumentou a área cultivada do jardim, aterrou
alguns locais, projetou uma cascata, construiu o lago que tem seu nome –
conhecido por alguns pelo nome de Vitória Régia – criou aleias, construiu
um cômoro com a terra retirada da construção do lago, e edificou a Casa
dos Cedros. Além disso, inaugurou o relógio de sol, iniciou a construção
da bacia do repuxo central, e plantou diversas árvores como mangueiras,
nogueiras, longanas, pitombeiras, cravos-da-índia, etc. (20).
Porém seria necessário para isso hum homem hábil, que não somente
soubesse perfeitamente Botânica, mas sobre tudo a arte de jardineiro, a
qual não se pode aprender senão com muita pratica, e em países, em que
ella tem chegado a maior perfeição, como na Belgica, Suissa, França,
Inglaterra; [...] (21).
“Por vezes vos tem sido ponderada a necessidade de hum Horto Botânico
para o ensino da respectiva sciencia; estaes informados pelo Relatorio,
que vos foi apresentado no princípio da sessão de 1839 [...]; cumpre-me
agora dizer-vos que pelo de 18 de Abril do anno passado se deo realidade
ao que até então estava em simples projecto. Por este decreto foi
inteirinamente encarregado da Direcção do jardim Botânico estabelecido no
Passeio Público desta Côrte o hábil, e activo naturalista Luiz Riedel”
(26).
http://www.vitruvius.com.br/revistas/read/arquitextos/18.213/6897 5/10
23/08/2018 arquitextos 213.02 paisagismo: Ludwig Riedel, o primeiro diretor de jardins da capital do império do Brasil | vitruvius
Seus trabalhos no Jardim Botânico do Passeio Público, ainda segundo o
referido Relatório de 23 de fevereiro de 1843, consistiam em:
Percebe-se que não cabia a Ludwig Riedel modificar o plano do jardim, que
possivelmente continuou com a mesma constituição estabelecida em sua
criação no século 18. Esta conformação provavelmente permaneceu durante o
período da direção de Riedel, visto não haver registros que mostrem o
contrário, de modo que lhe caberia apenas o cuidado e o plantio da
vegetação.
http://www.vitruvius.com.br/revistas/read/arquitextos/18.213/6897 6/10
23/08/2018 arquitextos 213.02 paisagismo: Ludwig Riedel, o primeiro diretor de jardins da capital do império do Brasil | vitruvius
Assim, o jardim burguês emergia na periferia da Europa e nos Estados
Unidos, trazendo ao contexto brasileiro, e principalmente à cidade do Rio
de Janeiro, reinvindicações pelo tratamento paisagístico, a fim de
acompanhar a moda. Para atender estas crescentes solicitações
provenientes das mudanças dos gostos foram gradativos os incrementos, de
diferentes profissionais que ofereciam seus serviços para a criação de
jardins a partir de meados do século 19, geralmente de caráter
residencial.
Formava-se assim uma rede de articulação para atender aos novos gostos,
enquanto Ludwig Riedel foi se ocupar unicamente da Direção dos Jardins da
Quinta da Boa Vista. Para substitui-lo na direção do Jardim Botânico do
Passeio Público foi nomeado o botânico Francisco Gabriel da Rocha Freire,
lente de Botânica da Faculdade de Medicina da Cidade do Rio de Janeiro,
segundo informações do jornal “Brasil Commercial”, de 19 de maio de 1858
(34).
Considerações finais
http://www.vitruvius.com.br/revistas/read/arquitextos/18.213/6897 7/10
23/08/2018 arquitextos 213.02 paisagismo: Ludwig Riedel, o primeiro diretor de jardins da capital do império do Brasil | vitruvius
depoimento de Glaziou, em seus últimos dias de vida Riedel diria ao então
futuro paisagista do Império:
notas
1
SCARANO, Fabio Rubio. Patrimônio florístico brasileiro: ciência e
biodiversidade. In: MARTINS, Ana Cecília I. (Org). Flora brasileira: história,
arte e ciência. Rio de Janeiro, Casa da Palavra, 2009, p. 68-86.
2
MARQUES, Vera Regina Beltrão. Escola de homens de ciências: a Academia
Científica do Rio de Janeiro, 1772-1779. Educar, n. 25, Curitiba, 2005, p. 39-
57.
3
KURY, Lorelai. Homens de ciência no Brasil: impérios coloniais e circulação de
informações (1780-1810). Revista de História, Ciências e Saúde – Manguinhos,
vol. 11, Suplemento 1, 2004, p. 109-129.
4
KURY, Lorelai; SÁ, Magali Romero. Flora brasileira: um percurso histórico. In:
MARTINS, Ana Cecília I. (Org). Flora brasileira: história, arte e ciência. Rio
de Janeiro, Casa da Palavra, 2009, p. 18-57.
5
AUGEL, Moema Parente. Ludwig Riedel, um viajante Alemão no Brasil. Fundação
Cultural do Estado da Bahia, Salvador, 1979.
6
Idem, ibidem.
7
KURY, Lorelai; SÁ, Magali Romero. Op.cit.
8
Idem, ibidem.
9
LAEMMERT, Eduard; LAEMMERT, Heinrich. Almanak Administrativo, Mercantil e
Industrial do Rio de Janeiro. 1844-1859. Acervo da Fundação Biblioteca
Nacional.
10
BOURDIEU, Pierre. Razões práticas: sobre a teoria da ação. Campinas, Papirus,
2011.
11
SEGAWA, Hugo. Ao amor do público: jardins do Brasil. São Paulo, Studio Nobel,
1996.
12
Idem, ibidem, p. 77.
13
PANZINI, Franco. Projetar a natureza: arquitetura da paisagem e dos jardins
desde as origens até a época contemporânea. São Paulo, Senac São Paulo, 2013.
14
Idem, ibidem.
15
SEGAWA, Hugo. Ao amor do público: jardins do Brasil (op.cit.).
16
DEAN, Warren. A botânica e a política imperial: a introdução e a domesticação
de plantas no Brasil. Estudos Históricos, vol. 4, n. 8, Rio de Janeiro, 1991,
p. 220.
17
GASPAR, Cláudia Braga; BARATA, Carlos Eduardo. De engenho a jardim: memórias
históricas do Jardim Botânico. Rio de Janeiro, Capivara, 2008.
18
Idem, ibidem.
19
Idem, ibidem.
20
BEDIAGA, Begonha. Conciliar o útil ao agradável e fazer ciência: Jardim
Botânico do Rio de Janeiro, 1808-1860. História, Ciências e Saúde – Manguinhos,
Rio de Janeiro, v. 14, n. 4, out.-dez. 2007, p. 1131-1157.
21
Artigo comunicado. A aurora fluminense. ago. 1829, n. 223, Acervo da Fundação
http://www.vitruvius.com.br/revistas/read/arquitextos/18.213/6897 8/10
23/08/2018 arquitextos 213.02 paisagismo: Ludwig Riedel, o primeiro diretor de jardins da capital do império do Brasil | vitruvius
Biblioteca Nacional, p. 935.
22
ARAÚJO, Hermetes Reis. Técnica, trabalho e natureza na sociedade escravista.
Revista Brasileira de História, vol. 18, n. 35, São Paulo, 1998.
23
PANZINI, Franco. Op.cit.
24
PEREIRA, Sônia Gomes. Arte brasileira no século XIX. Belo Horizonte, C/Arte,
2008.
25
BRASIL. Regulamento nº 16 de 16 de Abril de 1838. Coleção de Leis do Império do
Brasil. Tomo 1, parte 2, seção 14.
26
Relatório da repartição de negócios do Império. O Brasil. 23/02/1843. Acervo da
Fundação Biblioteca Nacional, p.10.
27
Idem, ibidem.
28
Fetos. Revista Médica Fluminense, n. 5, Acervo da Fundação Biblioteca Nacional,
1839, p. 205.
29
SEGAWA, Hugo. Os jardins botânicos e a arte de passear. Ciência e Cultura, vol.
62, n.1, São Paulo, 2010, p. 50-53.
30
A propósito da edificação no Morro de Santo Antonio. Novo Correio de Modas.
Acervo da Fundação Biblioteca Nacional, 1852, p. 28.
31
SILVA, Joaquim Norberto de Souza. Um passeio ao Corcovado em 1848. Novo Correio
de Modas, Acervo da Fundação Biblioteca Nacional, 1852, p. 28.
32
PANZINI, Franco. Op.cit.
33
LAEMMERT, Eduard; LAEMMERT, Heinrich. Op.cit.
34
Notícias diversas. Brasil Commercial, Acervo da Fundação Biblioteca Nacional,
mai. 1858, p. 1.
35
NORONHA SANTOS, Francisco Agenor de. O Parque da República, antigo da
Aclamação. Revista do Serviço do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, n.
8, Rio de Janeiro, 1944.
36
LAEMMERT, Eduard; LAEMMERT, Heinrich. Op. cit.
37
GLAZIOU, Auguste François-Marie. Agricultura e jardinagem. Correio Mercantil,
Acervo da Fundação Biblioteca Nacional, ago. 1862, p. 2.
sobre os autores
comentários
http://www.vitruvius.com.br/revistas/read/arquitextos/18.213/6897 9/10
23/08/2018 arquitextos 213.02 paisagismo: Ludwig Riedel, o primeiro diretor de jardins da capital do império do Brasil | vitruvius
1 comentário Classificar p
Adicionar um comentário...
http://www.vitruvius.com.br/revistas/read/arquitextos/18.213/6897 10/10