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Licenciatura em Fisioterapia
Ano Letivo: 2017/2018
2º Ano – 2º Semestre
Discentes:
Ana Patrícia Jardim, nº2016175
Raquel Andrino, nº 2016511
Tatiana Lourenço, nº2016182
Maio de 2018
“Winners never quit and
quitters never win.”
Vince Lombardi
2
Resumo
3
Índice
1. Introdução .......................................................................................................... 5
2. Apresentação do Estudo Caso .............................................................................. 7
2.1. História Clínica atual ....................................................................................... 7
2.2. Achados Clínicos ............................................................................................ 8
3. Principais problemas e objetivos ......................................................................... 12
4. Tratamento .......................................................................................................... 13
5. Seguimento e Avaliação de Resultados .............................................................. 17
6. Discussão............................................................................................................ 18
7. Conclusão ........................................................................................................... 23
8. Anexos ................................................................................................................ 24
Anexo 1 – Escala de Glasgow ............................................................................. 24
Anexo 2 - Escala ASIA......................................................................................... 25
4
1. Introdução
Numa lesão vertebro-medular traumática, ocorre, normalmente, danos ao nível
da medula espinhal, causados por fragmentos de ossos, discos ou ligamentos, através
de uma fratura, compressão ou deslocamento de vértebras que protegem a medula
espinhal. [1]
Após uma lesão vertebro medular traumática, existe uma redução do diâmetro
intracanalar devido a fratura, luxação, hematoma ou lesões traumáticas do disco.[4]
Consoante o nível de gravidade, é necessário recorrer a um processo cirúrgico onde há
remoção do disco intervertebral (discectomia) nesse segmento e fixação com fusão das
vértebras através de uma abordagem anterior ou posterior. Tem como objetivos a
descompressão das estruturas nervosas de forma a preservar a função neurológica e a
estabilização do segmento cervical lesado. [5]
6
2. Apresentação do Estudo Caso
2.1. História Clínica atual
História atual: Homem de 43 anos, admitido na Unidade de Cuidados Intensivos
a 24/04/2015 por Politrauma (TCE + Lesão Vertebro-Medular), RMN realizada mostra
“Fratura e luxação de C6-C7 com marcada redução do diâmetro intracanalar. Aspetos
compatíveis com contusão medular de C6-C7 e hemorragia local. Realizou uma
discectomia C6-C7 e drenagem de hematoma + fixação anterior de C6-C7 com placa e
parafusos. Esteve ventilado até dia 09/05/2015. Em relação à profissão trata-se de um
agricultor, deste modo podemos inferir que realiza atividade física com regularidade e
por isso terá uma maior resistência aeróbia, factor que será importante para a
recuperação a nível respiratório. Este paciente possui ainda hábitos tabágicos (1
maço/dia), constituindo um fator de risco para doenças respiratórias, existindo também
um comprometimento da função pulmonar.
7
2.2. Achados Clínicos
Tabela 1: Indicações terapêuticas da medicação atual [7]
Medicação atual Indicação Terapêutica
Cloreto de sódio (NaCl) Correções dos desequilíbrios hidroeletrolíticos e ácido-base,
re-hidratação, após vómito e/ou diarreia de qualquer
etiologia.
Necessidade de quantidades adicionais de potássio – pós
Cloreto de Potássio (KCL) operatório para reposição dos níveis de K+
Importante no equilíbrio eletrolítico
Esomeprazol Inibidor bomba de protões
Protetor gástrico - prevenir úlceras gástricas
Lactulose Laxante – Indicado para obstipação (permite a moldagem
das fezes)
Aumenta a perda de potássio
Bisacodilo Laxante
Enoxaparina Sódica Anticoagulante
Prevenção de tromboses venosas
Escitalopram Antidepressivo – tratamento de depressão e perturbações de
ansiedade
Amitriptilina Antidepressivo tríciclico
Zolpidem Distúrbios do sono - insónias
Piperacilina+Tazobactam- Antinfeccioso/antibacteriano – tratamento de infeções
antibiótico (pneumonia)
Para obter uma melhor avaliação da condição atual do paciente, este foi sujeito
a duas escalas. Primeiramente foi avaliado segundo a Glasgow Coma Scale, sendo
que o valor obtido segundo esta escala foi 15. Esta escala é utilizada em traumas crânio-
encefálicos, onde é avaliado o nível de consciência do paciente, segundo 3 parâmetros:
abertura ocular, resposta motora e resposta verbal. A pontuação varia de 3-15 pontos,
sendo 15 a pontuação máxima que corresponde ao nível máximo de consciência do
paciente. Desta forma concluímos que a consciência deste paciente não foi afetada.[8]
8
Seguidamente, foi sujeita a uma avaliação segundo a ASIA Impairement Scale,
que avalia o tipo de prejuízo, em relação à função motora e sensorial. Existem 5 níveis:
A, B, C, D, E, sendo que este paciente apresenta um nível A, correspondendo a uma
lesão completa, não existindo função motora nem função sensorial a partir do nível da
lesão (C6).[9]
9
dentro dos valores de referência e, portanto, o seu transporte não está
acometido.[11,12]
Com o objetivo de tirar ainda mais conclusões acerca do seu quadro clinico, este
paciente foi sujeito a Auscultação Pulmonar, tendo apresentado ruídos respiratórios
normais presentes em todos os campos pulmonares e globalmente diminuídos. Foram
ainda auscultados fervores de média e alta frequência, no ⅓ médio e ⅓ inferior do
pulmão esquerdo, de predomínio meso-telofásicos. Estes fervores devem-se à
acumulação de secreções nas vias médias e distais do pulmão esquerdo, sendo
consequência da falta de eficácia da tosse, que irá ser discutida posteriormente.[13]
Para além das características a nível respiratório apresentadas pelo utente, que
foram referidas anteriormente, este apresenta ainda um padrão respiratório paradoxal
de média amplitude. Este padrão pode ser observado na figura… e consiste na
diminuição do diâmetro ântero-posterior torácico e aumento do diâmetro ântero-
posterior abdominal, quando há contração isolada do diafragma.[13]
10
Frequência respiratória: 26 cpm 12-18 cpm Taquipneia
Como é verificável, o valor de tensão arterial está baixo, ou seja, menor que
120/80 mmHg, sendo considerada uma situação de hipotensão. Relativamente à
frequência cardíaca, esta encontra-se com valor normal, já que é superior a 60
batimentos por minuto. A frequência respiratória obtida, está aumentada, ou seja
superior a 20 respirações por minuto, sendo considerada taquipneia, não havendo
dados suficientes que a permitam distinguir da polipneia. Em relação à saturação
periférica de oxigénio (SpO2), esta encontra-se segundo um valor otimista, estando
entre 90% e 100%. Por fim, a temperatura corporal apresentada, pode ser considerada
dentro dos parâmetros normais devido à pequena variação de 1 grau ou podemos
considerar que está ligeiramente aumentada. [14]
Peak of Flow (sem cinta de contenção Peak of Flow (com cinta de contenção
abdominal) abdominal)
100L/min 170L/min
Neste utente, podemos verificar a presença de uma tosse produtiva, ou seja uma
tosse onde há presença de muco, no entanto, através dos valores de Peak of Flow,
podemos observar que, mesmo usando uma cinta de contenção abdominal, esta tosse
não é eficaz, ou seja, não promove a eliminação do muco. Tendo em conta que valores
11
inferiores a 260L/min são considerados abaixo do normal, podemos verificar que os
obtidos são realmente preocupantes.
Para reforçar as conclusões tiradas a partir do raio X, deveriam ter sido ainda
realizados Testes de função pulmonar ,que avaliassem a força muscular inspiratória
(Pimáx); força muscular expiratória (Pemáx); CVF; FEV1; Ventilação Voluntária Máxima
(MVV), sendo importante conhecermos estes valores para este paciente, que apresenta
uma tetraplegia, visto que alguns músculos estarão afetados tanto inspiratórios como
expiratórios, de modo a conhecermos quais os valores que pretendemos atingir através
da reabilitação pulmonar, dentro do possível. [15]
Por último mas não menos importante, devemos ter em consideração o estado
emocional deste individuo, tendo em conta que lhe estão a ser administrados dois
antidepressivos. Para que o tratamento seja eficaz, necessitamos da cooperação do
paciente, do seu equilíbrio emocional e da sua motivação para evoluir positivamente.
Problema Objetivos
• Treinar os músculos
Tosse expiratórios, levando à Objetivo a longo prazo
eliminação das secreções
12
4. Tratamento
Após a avaliação dos dados obtidos através de todos os testes a que foi sujeito
o paciente, é necessário o estabelecimento de um plano de tratamento adequado ás
necessidades do individuo.
14
manobras inspiratórias lentas e profundas, com uma apneia teleinspiratória, de forma a
promover a ventilação colateral e combater o assincronismo ventilatório.[22]
O procedimento é o seguinte[22]:
Podemos ainda incluir eletroestimulação, sendo que existe evidência por parte
de vários autores, que a estimulação dos músculos abdominais durante a expiração
pode melhorar a função respiratória, assim como a tosse, já que a contração dos
músculos abdominais por estimulação, leva diretamente a um aumento da pressão
respiratória e, consequentemente, à melhoria do fluxo expiratório. O volume pulmonar
irá descer até abaixo da capacidade residual funcional e, com o recuo passivo durante
a inspiração, pode resultar num aumento do volume corrente. Isto irá permitir ao
15
paciente aumentar os seus volumes pulmonares e também a eficácia da tosse, de forma
a poder mobilizar as secreções para mais proximal. [26]
Com o objetivo de verificar a clearance das vias aéreas, podemos realizar nova
auscultação, um raio x ao tórax. Devemos verificar os níveis de PCR, para concluir à
cerca da prevalência da infeção pulmonar e por fim, necessitamos de reavaliar os sinais
vitais e medir a temperatura corporal novamente.
17
6. Discussão
O paciente
apresenta uma lesão
vertebro medular completa
a nível de C6. Após o
trauma surge o choque
medular, que representa
uma perda imediata da
atividade reflexa na medula
espinhal abaixo do nível do
trauma. Todos os músculos
Figura 7: Inervação dos músculos respiratórios
inervados pelos segmentos
da medula situados abaixo
do nível da lesão ficam completamente paralisados e flácidos, deixando de existir
também sensibilidade.[32] Os músculos respiratórios estarão então afetados entre os
quais os músculos intercostais, escaleno posterior, retos abdominais, abdominais
transversos, oblíquos internos e externos e grande peitoral, que são músculos cuja
inervação ocorre em níveis inferiores a C6, como podemos observar na figura.[33] De
modo a diminuir as consequências na respiração, serão treinados os músculos que
ainda apresentam inervação como o diafragma, os músculos do pescoço, a porção
clavicular do grande peitoral e aumentar a capacidade reflexa dos intercostais. Técnicas
como a inspirometria de incentivo, PEP´s, threshold IMT, aumentam os fluxos tanto
inspiratórios como expiratórios, com o fortalecimento dos músculos de que estão
dependentes.
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ocorrendo o relaxamento dos músculos intercostais externos que vão deprimir as
costelas e o esterno, diminuindo o volume da caixa torácica. [13]
Juntamente com o défice estes défice motor e sensorial, são também comuns
características como instabilidade do sistema cardiovascular e sistema termorregulador
. A temperatura corporal apresentada, 38ºC, demonstra existir a possibilidade de uma
temperatura mais elevada que o normal, no entanto, sendo uma variação de apenas 1º,
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esta pode ser considerada dentro dos parâmetros normais. Em lesões acima de T6 é
comum existir este tipo de alterações na regulação da temperatura corporal devido à
incapacidade por parte do hipotálamo em regular a temperatura, por perda do controlo
vasomotor.[35] Para além da temperatura, nestas situações também é normal ocorrer
valores de hipotensão, como é visível. Relacionada com a paralisias dos músculos
referidos anteriormente, está também uma tosse produtiva mas ineficaz, verificada
neste paciente. A tosse é um mecanismo reflexo que visa limpar as vias aéreas em caso
de presença de secreções. Este mecanismo compreende 4 fases: fase de irritação, fase
de inspiração, fase compressiva e fase de expulsão. Na fase irritativa ocorre um
estímulo irritativo nas vias aéreas inferiores que irá desencadear o reflexo da tosse.
Durante a fase de inspiração é desencadeada uma estimulação reflexa dos músculos
inspiratórios que permitirão uma inspiração profunda. Na fase compressiva, há o
encerramento da glote, ocorrendo em simultâneo contração dos músculos expiratórios
e aumento da pressão pulmonar. Por fim, a fase de expulsão é caracterizada pela
abertura da glote, sendo que através da contração da musculatura expiratória e da
compressão das vias aéreas, as secreções serão movimentadas no sentido da sua
expulsão. De modo a facilitar a eliminação de secreções, podemos utilizar
principalmente o cough assist, já que este auxilia na movimentação do muco em direção
à saída das vias aéreas.[13]
20
que o paciente possui uma pneumonia bacteriana pelos sinais característicos como:
febre = 38º, tosse produtiva, apesar de não ser eficaz; a presença de fervores de média
e alta frequência; o raio X onde se observa a acumulação de secreções; taquipneia e o
valor exagerado de PCR, que apesar de ser uma proteína inespecífica, quando muito
aumentada é indicativo de infeção. Não existem dados suficientes que indiquem se o
paciente possui uma pneumonia adquirida na comunidade ou uma pneumonia
nosocomial. As alterações respiratórias que irão ocorrer são: a diminuição da
complacência pulmonar, da capacidade pulmonar vital e por fim da capacidade
pulmonar total, em que estes fatores em conjugação levam a alterações da V/P.[13,37]
21
avaliados sempre antes de serem determinadas as metas, devendo sempre ser
realistas.[39]
22
7. Conclusão
Após a execução deste projeto, podemos observar a extrema relevância da
intervenção da fisioterapia nestes pacientes, já que são alvos de complicações e
insuficiências respiratórias e musculares, em que podemos atuar positivamente.
23
8. Anexos
Anexo 1 – Escala de Glasgow
24
Anexo 2 - Escala ASIA
9. Referências Bibliográficas
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