" •¦¦

»«— IL «M

'
/ (..'".' 25 Í974

O Arquipélago de Gulag de Alexandre Soljenltsyn

Petróleo: agora a crise dos preços
4 de jonoiro do 1974
Cr| 3.50

_v 4^: oom o odlçáo tanand broalalra

> _ «_fed

,„; -wJ m
-*
_" _¦! J --V . . i" '
.3Pãí**__í

>\ -_¦_
1999

' f " *"•"*!*_

I -.
, *_L*j

-
_S_3»*
'#§?*?#

7|» 8& _Z >-.'

195»:
_s>: ___
sa? r_<'
**_
/ I ' . •-. >*•»&_*_
__T X-**'.
_
W&
/5. ?&&»:
't&zi
m& .y
_•«¦

• í _í 'fc-1
__*?%
oWI! i >!í>
vm
m ty
¦'-n_^- ___3. _/'

*__ _S_

"-w.«..
li-i-
TB
-,4KV:,

."*• L__Ó

"
; CARLOS CHAGAS
Ú\ O NOVO IMORTAL

Z_*
..J*
5S^»_5

SS=***. __

„_ãí
--••^ ^Çc ^
„ \
V" f
^¦ífc

3J7 I
S.
 ',« ét
NOTAS NACIONAIS. 0P-4V4» *•«•«. do lt**4

ea»««»»»»a«e»»»»«8«»»«»a»»»a«»»»-a»a»»»»«»»

ofDiniâo
• :¦ • i A grande matança I
dos jumentos
Uma publicação dn fdltern
•»«s a t'áo .«»f i __-___-_-____ aàWír
•ar nJO" ' ^^Jr_^_ \
deputado Henrique Alte* t.MOB .ttr ^mm\m*^^
OttfTOt O NM dci.4fi.-io», diat atra* na .«?*¦• '«¦«"- \w
r«F«iTr«do Gntoo^ion Câmara Federal um fato qut estaria
-
pr,. - a-
*^Sts«*quilibfto
uma grave ameaça dt ' «Saga»
/j/r^ ii
_^*^ I
e^fáogvca'' no nordeste _^*»T' 1
IIOAÇAO 1R^'" _r I
a mata-M dc*ordcnadâ de jumentot
ItfilOft
— conhtctâoi localmente eono»
"jrrftws" — cupi carne estaria tirand*. ^/ \ y
"'«?"•«ro
ao>>*"M*»do aoor.qgtn bife* dt ctpnnaçio
O principal agente dizimador do* _«r _Cy
fti "5' Eatculiver
'O jumentot. segundo a denúncia do
I Antônio Cnriot f*>"* deputado, ttrta o trt..rrifko Maflta. a
l'" quílómeirot do Recife, que e*iana
| Attuoiot Nacionais: 0<re«u ' abatendo nada menot qut <**> animait
tV>so«o f«Kl>tor; i«o Cardoso
diariamente. Contudo, o abate da
o : io< attist«nf«j Ganilton
Mafiu representaria apenas uma
Catar Agu.no»do Silvo (ad.tor
Intima parcela da legião de kttue* que
Contr.bv.niai
*t calcula terão sacnfkadot este ano:
Economia: '.¦:¦ ;> Comas nada mtnos que I*» mil. O qut
'•d-'or "*.«arde con*titui um número respeitável,
Bwtno. Aloyt»o
B a-í fad.ior contribuinte! quando^te loa em conta que a
Gerson ToMor Comas «x3<»or população total de jumento* brasileiros
contribuinte). é de 2 35b mil. segundo levantamento
autorizado do IBGE.
Tendências a Cuhura: .. -. Vendo no jumento um eqüino que de
«v.**
j
|
j
|
Casar Montanagro {editor),
So-q c Augusto a Jeon-Caude
«sofnorde» (e.nemai Tántt da
Souza (rndska), Ronaldo Brito
longe tranteende as aparentes
limitações de sua espéck. o deputado
potiguar fez da tribuna da Ornara
uma verdadeira apologia de suas
'-s-v?. iS^l&Wkm
r^m& /m^st aâ_S_t_H2Í /«a** «ir»'., s? a 4c» li
^ê
• J: Jí

(ária a literatura). Horoldo

iMar.nho (talavisflo}. Halo.sa
I Ãhcs. o jegue seria o mesmo que
Doddor.o João lizordo.
|
' '•-..-.
Atsuntos tntarnocionoii:
da Carvalho ad.fer assistente).
Jurocy Ar-droda Maria Vilela
• Colina Whately Aido Bocchini.
Arto: Elifot Andraoto feditor).
Cáts.o loredano, Diter Stain.
Luís Trimano. Pefchó
Corrotpondontos nacionais:
Teodomiro Braga (Belo
Horizonte] Alves de Souza
:Brosi1ia}.
Corre tpondonto t intor-
nocionait: Norma Bahia Pontes
e Rita Moreira (Nova York).
Vonc Broeca (Milão) Alberto
Carbone e Claudia Boechaf
Abreu 'Buenos Aires;. Bernardo
Kucínski .'Londres). Laymerf
Garcia dos Santos (Paris}.
Produção: Ana Maria Nogueira
'secretária)
Maria de Con-
ceição Chaves Fernandes
Antônio Fernando de Souza
Borges Maria Helena Lavinos de
Morais.
ADMINISTRAÇÃO
Garanta administrativo:
Raimundo Andrade.
Assinatura para o Brasil. CrS
120.00 a anual e CrS 65.00 a
semestral: para o exterior. USS
30 a anua! e USS 1 5 a semestral.
Envio por via aérea ou pelos
serviços postais de entrega
rápida. . Redação: Rua Abade
Ramos, 78, Jardim Botânico. Rio
de Janeiro, telefones: 246-7466
e 226-1764. Administração,
telefone: 246-5326.
Distribuição: Abril S. A. Cultural
e Industrial. Rua Emilio Goeldi,
575: Lapa, São Paulo. Composto
e Impresso na Editora Mory
Ltda., Rua do Resende 65, Rio de
Janeiro.
ALÉM DA EDIÇÃO
BRASILEIRA DOLE MONDE
OPINIÃO PUBLICA AINDA
UMA SELEÇÃO DE ARTIGOS
DOS SEGUINTES JORNAIS
E REVISTAS
«Xljc toasljmgton post
Gffl«AjvtaDIAN
The New York Revicw
qualidades. Para o nordestino, clamou
representa o camelo para os árabes,
pois é a força que puxa o arado, que
transporta a cana. a água. e ainda
scr»e de montaria nas profundezas da
caatinga. Com certo fatalismo
apocalíptico, o deputado traçou um
quadro do que poderia ocorrer após a
extinção total dos jumentos: perplexo
diante da ausência de seu quadrúpede
companheiro, o homem do interior iria
engrossar o número dos que. não vendo
condições de sobrevivência no campo,
"perambulam
pelas cidades à cata de
emprego e de comida".
Menos enfático, o responsável pelo
Serviço de Inspeção da Secretaria de
Agricultura de Pernambuco. Milton
Tenorio. limita-se a confirmar a
denúncia de Alves, sem ver nos fatos
implicações dramáticas. "Até in-
dústrias clandestinas de enlatados com
carne de muares já foram fechadas
"Estamos
pela fiscalização", diz ele.
agindo com o máximo rigor".
O sucesso
doDCE
Vidanova
diante do insu-
Recentemente,
:esso na tentativa de substituir os
antigos órgãos de estudantes, o
ministro da Educação Jarbas
Passarinho revelou sua suposição de
"não
que os atuais diretórios tiveram à
virtude de formar uma liderança
estudantil". Mas houve exceções. E
pelo menos um, José Geraldo Rocha,
estudante de direito e presidente do
Diretório Central dos Estudantes
(DCE) da Universidade Católica de
Minas Gerais, se destacou excep-
cionalmente como um dos maiores
expoentes da nova elite de líderes
estudantis.
Eleito em abril do ano passado por
uma chapa paradoxalmente chamada
Vidanova. ele será agora
generosamente recompensado pelo
empenho: acompanhado do resto dos
membros do esforçado diretório. José
Geraldo parte esta semana de Belo
Horizonte para uma invejável viagem à
Amazônia, com todas as despesas de
transporte e hospedagem por conta do
Ministério da Educação e Cultura
(MEC).
Segundo circular distribuída pelo
DCE no campus. z. excursão — com a
inclusão de Brasília no roteiro — terá
tins culturais e uma duração de
"Em
aproximadamente 10 dias.
Brasília, esclarece a nota, debateremos
com o ministro Passarinho aspectos da
reforma universitária". Certamente
este será um debate cordial, com total
coincidência de idéias.
Na opinião de José Geraldo Rocha,
sobejamente conhecida pelos
estudantes, a reforma universitária tem
sido um sucesso. Ele é até radical na
defesa mesmo de aspectos con-
trovei- idos . normalmente combatidos.
Por exemplo, é absolutamente a favor
do discutido sistema de ensino pago.
classificando de absurda a situação da
Universidade Federal, "onde ninguém
paga nada". Não apenas apoia o
Decreto 477, como também seguiu à
risca as determinações do ministro da
Educação, que recomendou aos
estudantes interessados em participar
de política nacional fazê-lo somente
através de um dos dois partidos
existentes.Preferiu a ARENA e. numa
vertiginosa carreira dentro do partido,
foi lego sagrado vice-presidente do
Departamento de Mocidade Arenista.
Fez o curso de liderança política
realizado pela ARENA em Belo
Horizonte no ano passado e. agora com
o diploma, tem pretensões de lançar-se
como candidato a vereador, ou mesmo
deputado estadual.
A fácil Vidanova
A viagem dos membros do DCE à
Amazônia ficou acertada em julho do
ano passado, quando o ministro da
Educação aproveitou uma per-
manência mais prolongada em Belo
Horizonte para conceder algumas
audiências. Nessa época. José Geraldo
espalhou faixas por avenidas e na
alameda defronte o Palácio da
Liberdade, saudando o ministro como
também oferecendo-lhe irrestrito
apoio.
Pouco tempo depois, quando o
coronel Jarbas Passarinho voltou a
Belo Horizonte para paraninfar uma
turma de formandos da Universidade
Católica, o DCE enfeitou o campus
com faixas e mais faixas enaltecendo o
"ministro
dos Esportes". Além disso,
tirou fotografias ao lado do ministro,
posteriormente exibidos com incon-
fundíyel orgulho no quadro de avisos
do DCE.
Entre as obras prodigiosas da sua
gestão Vidanova. destaca-se a trans-
formação da sede social do DCE
(anteriormente local de encontro de
estudantes e apresentações teatrais em
local destinado quase exclusivamente a
bailes nos fins de semana e concorridos
belisquetes de secundaristas aos
sábados. A sede administrativa da en-
tidade teve idêntica "vidanova": vi-
rou uma grande sala de recreações. Em
tempo de aula, pela manhã e à tarde a
sede destina-se aos jogos de xadrez e
damas. _.-\
Neste próximo semestre nao naverá
mais estes incômodos provocados pela
inadaptação da sede administrativa
para o lazer. Com verbas de CrS
125.925,00 liberada pelo MEC está
sendo construída nova sede ad*
ministrativa com salas especialmente
projetadas para estar, televisão,
pingue-pongue, damas e xadrez, saião
de beleza (prometido em nota oficial
durante a campanha eleitoral) e
barbearia.
Ao apresentar tal projeto na última
reunião do Conselho Deliberativo de
entidade, ele lutou bravamente pela
manutenção da barbearia. Contestado
pela representante da Escola de Serviço
social sobre as reais necessidades dos
estudantes, iosé Geraldo argumentou
que uma barberia "Afinal,
tem excepcional
finalidade cultural: cabelo é
cultura", bradou ele num momento de
raro entusiasmo.
A intenção agora é promover um
"fabuloso"
Show da Católica. Para
isto. no final do ano passado o DCE
distribuiu folhetos pelos campus
convidando os estudantes a participar
do show. que segundo o documento,
"sátiras,
terá mímicas, imitações,
danças, coreografias, enquetes cênicos,
instrumentos, coral, quarteto, solo.
paródias, folclore e, finalmente, outras
modalidades que possam ser
apresentadas no palco".
Um gesto
inesperado
e benevolente
ainda havia dúvidas sobre o
Se comparecimento dos candidatos
do MDB à presidência da República
nas eleições do dia 15 de janeiro, em
Brasília, essa impressão parece estar
agora definitivamente afastada. No dia
4 passado, depois de intensas consultas
e de uma reunião reservada com o
presidente nacional da ARENA,
Petrônio Portela, e com o presidente do
Senado, Paulo Torres, o presidente do
MDB. Ulysses Guimarães obteve a
ansiada permissão para fazer um
discurso de 20 minutos ao, Colégio
Eleitoral, procurando salvar o partido
de um melancólico fim de campanha.
De certa forma, com o inesperado e
benevolente acordo o deputado Ulysses
Guimarães demonstrou mais uma vez
sua capacidade de manobras ao
surpreender pelo menos boa parte dos
combativos autênticos que viam no
veto do presidente do Senado mais um
forte argumento para a retirada das
candidaturas. Na verdade, Ulysses
mostrou seu talento político desde o
lançamento de um candidato próprio
do MDB à sucessão presidencial,
apresentada originalmente pelos
deputados do grupo autêntico. Quando
AV|0|U*vt\
a proposição úos autênticos começou a
ganhar força e tornou-se claro que um
candidato oposicionista nio significava
contestação, a direção do partido, que
até então havia adotado a idéia,
resolveu tomar em suas mãos a decisão
pela candidatura lançando o nome de
Ulysses.
Durante a campanha realizada cm
vários Estados, embora evitando
cautelosamente situações que
pudessem' provocar uma interrupção
da caminhada, os candidatos
oposicionistas colheram ilguns
resultados que. seguramente, se
traduzirão nas próximas eleições
legislativas. No entanto, quando o
Tribunal Superior Eleitoral negou a
utilização dos meios de comunicação
pelos candidatos oposicionistas a
direção do partido não conseguiu
evitar a divisão interna: decidiu pela
manutenção das candidaturas contra a
posição dos autênticos embora estes
tenham tentado uma proposta con-
ciliatória admitia o
que
prosseguimento da campanha e a
retirada dos candidatos pouco antes
das eleições de 15 de janeiro.
Dentro desse quadro as
possibilidades de ampliação das
divergências tornaram-se cada vez
mais fortes. Embora uma decisão uniu
só venha a ser tomada em reunião
marcada para Brasília, os deputados
do grupo autêntico estão propensos a
não votar em Ulysses Guimarães.
Segundo o deputado Freitas Nobres
não há nenhuma contradição entre o
ponto de vista que é definido hoje pelos
autênticos e o que foi defendido antes
ou durante as duas convenções
nacionais do MDB. "Não obstante
termos reconhecido que a primeira fase
da campanha teve aspectos positivos,
I
disse Nobre, isso não significa que
estejamos obrigados, agora, a partilhar
de ura processo que não apenas
representa um referendum do partido
do governo à escolha já feita pelo
próprio governo, mas que fere,
flagrantemente, o documento fun-
damental do partido — o seu
Programa".
O que talvez venha a ser contestado
seja sua capacidade de manter a
unidade partidária evitando a crise
interna em que o MDB está
mergulhado há algum tempo. Não
apenas devido ao caminho escolhido
nas eleições presidenciais — que
certamente não contribuiu para
aglutinar inteiramente os setores
oposicionistas que permanecem
distantes do MDB. Mas também
devido ao crescente fortalecimento dos
setores mais moderados do partido,
como o governador Chagas Freitas, da
Guanabara, que nao so não
continua na página ao lado
 •»'*
Opvuate ia *Je v"*-- dt
M4MMtajt_*7r_e de ee?** ee lede
rvampaitctu a «jõ«a«eç«o nacsoeal qut
mdKXtti Ulisses e fJarhosa Uma
vf*>~t-> itasti caadidatos. como
também criou uma sérit dt
dii*ksdd*drs para a cxttKtetraçitt dt
tnccrramemo da campanha
oposicionista, protecaado e stu
rarnejaipento
A mcMt-gem
politlca
de otimismo
acreditar nas observações do
Asesenador Pctrõnio Portela,
presidente nacional da ARENA, o
presidente Medtct deu uma resposta
"aos negatittstas" em seu óitimo
pronunciamento de flm de ano.
transmitido por uma cadeia de rádio e
televisão na noite do dia II de
dezembro A euforia do senador
portela devia-se certamente ao tom
político do discurso presidencial
Mediei elogiou a classe política
segundo o seu critério e disse que ela.
em 1973.
"se desincumbiu fielmente,
com unidade e disciplina, dos seus
deveres de liderança, quer pela
propagação dos ideais revolucionários,
quer pelo esclarecimento da opinião
pública quanto á maneira práika c
eficiente pela qual o interesse coletivo
está sendo tutelado pelo governo".
Nos 22 minutos em que apresentou
os resultados de sua administração o
presidente Mediei, numa demons-
tração de otimismo, não poupou
"Os
elogios ao seu próprio governo:
êxitos colhidos, desde o primeiro
momento, nas contendas eleitorais,
pelas forças, agrupadas em torno dos
ideais revolucionários, se acentuaram
sensivelmente no decurso dos últimos
quatro anos. Em iodos os planos, quer
' no munkipal. quer no estadual, quer
no federal, ganhou terreno, em termos
globais, a ocupação, em pleito livrc_ e
democrático, pela agremiação
situacionista, dos postos Je comando
político e administrativo". Segundo o
"nada exprime tão bem as
presidente,
proporções do apoio eleitoral à ordem
política em vigor e bem assim as
realizações governamentais" como o
resultado das eleições de 1970.
"Enquanto o
partido da Revolução
obtinha. nesse confronto político, nada
menos de 40 cadeiras, alcançava o seu
adversário somente seis cadeiras,
assegurando, desse modo. no Senado
da República, sólida maioria, durante
pelo menos duas legislaturas, ou seja.
até as eleições de 1978".
Acentuando seu estilo nitidamente
otimista -Mediei afirmou ainda que
"está em via de cumprir-se. in-
tegralmente, o compromisso assumido
comigo mesmo, ao ser investido na
chefia do governo, de exercer essa alta
magistratura de maneira que me
permitisse transmitir, ao termo do
mandato, sem crise de qualquer
espécie, o cargo de presiaente da
Repúb'ka a u quem. na forma da
Constituição, adquirisse título para
nele ser empossado". Concluiu o
ter sido 1973 um ano
presidente
"marcadamente
político, em que se
à a solidez incomovlvel das
pôs prova
nossas instituições" demonstrando a de colunas gregas
ccmpleta harmonia entre o supremo
comando político e os comandos
partidários.
Em ;ua longa exposição dos êxitos
alcançados pela política econômica do
"não obstante os efeitos da
governo,
crise monetária internacional", apenas
ligeiramente o presidente Mediei
acenou para "a eventualidade da
superveniência de fatores externos, que
podem, tal seja a sua natureza, con-
turbar, de modo mais ou menos
sensível, o quadro da nossa situação
econômico-financeira". Mesmo assim
foi incisivo ao reafirmar sua confiança
Hè que as dificuldades serão con-
tornadas pela grande solidariedade de
"nunca
interesse entre as nações que
foi maior do que em nossos dias".
Contudo, para os oposicionistas,_ o
presidente não devia estar tão
tranqüilo nem tão otimista, prin-
cipalmente quando se sabe que o Brasil
depende grandemente*) do petróleo
importado.
BRASIL
Eleições
Na Academia Brasileira de Letras
de tuna luta renhida, d, campo do saber o ingresso na Aihasdc "Graças ao meu trabalho t a
""Eujusrtfka candidate! I minha imaginação" — dia ek ao
Dtpots ra ditpuiè entre dou candidatos Academia, m
Um até o momento da apuraçaM final Asademia" — di# Chagas falando mesmo tempo qut com um gestct
unham forças t chances equtvaketcv mais para dentro do que para fora mal aponta o terreno tizinbo em obras, da
de •tkançar o posto, finalmente a permitindo que as palatras lhe veu gabinete w* terceiro
janela do "estamos
pequena urna hetagonai de madeira ¦ 9 jjf escapem da boca t st tornem in< andar — lançando as bases
amarelada dcit&u sobre a ** ¦-* U mesa leligistis. como é comum tmre fltkas da cultura' o dinheiro Cultural
da mU das tarxsões o seu «credito brasileiros que se acostumaram muito igual a dinheiro t quando o nosso
*
i»**tx»rTriel! o cientista Carlos Chagas' a falar francês — porque sou um prédio estiter pronto » Academia ter!
'*hS
rdhosenctu por 20 contra Ih totós, m homem dt cultura Sempre me *on*|i%»*rs de ler um leatro uue é um
terceiro escrutínio, seu etmocrente. o dediquei à ciência, qut é parte da vrirto sonho meu e uma escota tocaeso*
escritor José Cândido de Carvalho fi cultura, t acho que o dentista tem a nal de literatura onde o jovem
legitimamente, de acordo com a (et da •4*tgaçIo de preocupar-se com todos ainda adolescente poderá testar a ui •
Academia Brasileira dt Letras os aspectos da cultura". devabrochar o seu talento literário"
Não é abstduiamente estranhátcl, O prédio ainda cm principio de
alcançou o direito de ocupar a cadeira
n.* 9. vaga cem a morte do ensalsia portanto, que o ckniisia tenha tenctd>t construção a qut Aihasde se refere
t_é
Marques Rebelo o escritor — para honra deste, segundo ierl um moderno edilk»o de 2'* andarts
declarações dele próprio. Funcionaram erguido no terreno contíguo ao da
Como de outras tezes e talte/ por ter
sido mais duramente disputada do que nas últimas eleições os mesmos Academia onde ames existia o casario
as anteriores, a ektção de Chagas mecanismos que permitiram a do Tribunal Federal de Recursos,
realizada, na primeira semana de ¦ *
' Academia atitude* de discutível doaçio do presidente Castello Branco.
esplrtio Independente — como quando A construção está sendo financiada por
retirou do relattto esquecimento* em
convidou o então ditador Gctúlio uma empresa privada «ECISAi
que se encontravam algumas questões Vargas a candidatar-se e elegeu-o. mediante um contrato de arren-
que permanentemente rondam a rompendo sua própria tradição — e
Academia, Terá sido justo do ponto de damento pelo qual a Academia terá
tista intelectual que um homem mais outras de elogiáteii propósitos, como direito a cinco andares logo que o
quando derrotou o paulista Miguel prédio estiver pr »nto e a todos os
propriamente ligado às ciências tenha Cheio de Mafagarinhost. filho de gente
derrotado um legitimo literato na luta humilde, portugueses de Trásos- Reate basicamente por causa da sua andares depots de 20 anos. Durante
formação integralista, O mesmo esses 20 anos a ECISA explorará o
por uma taga entre os imortais das Montes, criado em Campos, no Estado edifício alugando as salas para pagar-
letras? Oue sistema eleitoral garante a do Rio. com carreira de jornalista sistema no qual comparecem as in*
desde O Monitor Campista até a fluéncias de grandes eleitores — como se das despesas com a construção e
justiça ou permite a injustiça de uma
decisão como essa? Esse sistema, suas resista O Cruzeiro desde 1957 e sida de o editor José Olímpio: ou há tempos obter seu lucro, segundo tudo indka.
injunções. e tudo o mais que compõe a funcionário como redator do Serviço atrás o Jornal do Commercto ique extraordinariamente compensador.
tinha o hábito de publkar a integra do f, provável que o novo prédio e o
Academia, é capaz de torná-la uma Público e diretor da Rádio Roquette
Pinto, do governo da Guanabara. discurso de posse dos acadêmicos) e dinheiro que ele venha a render tragam
razoável representante da cultura
brasileira ou a condena a ser sim- ainda lioje o Jornal do Brasil — e dá alguma modificação radical na vida da
Esses foram os candidatos que se margem w uso de caminhos que Academia, algo que rompa de forma
plesmente um bucólico recanto onde enfrentaram numa eleição em que nos mais ou menos definitiva com a
senhores idosos vão tomar chá com dois conduzem ao voto através de in-
primeiros escrutínios houve terpostos pessoais: por exemplo, um ex- monotonia da sua existência entre
canjiquinha c mãevbentas. trocar empate de 19 a 19 (como duas das 40
elogios e recordar o passado? presidente da República, ao qual um posses de fardões reluzentes e o titintar
cadeiras estavam vagas votaram 36 acadêmico deva o favor de uma das porcelanas nos chás das quintas-
Não se pode apropriadamente pór candidatos. 14 por cana e 24 feiras. Não é fácil acreditar porém que
cm dúvida a legitimidade da vitória nomeação.
pessoalmente) e em nenhum momento uma tal transformação aproxime mais
que — provavelmente em fins de abril um candidato conseguiu levar sobre o Dizem os críticos da Academia que
a Academia da mais ativa, diver-
próximo — levará Chagas Filho a outro vantagem maior que a de três cia está longe de representar a cultura
siftcada e não raro sofrida cultura
envergar uma complkadlssima tarda votos. Uma eleição em que Chagas foi brasileira e é difícil crer que a per- brasileira e aumente o grau da sua
verde-escura. ornada de alamares discretamente acusado de ter aban- manência dos costumes eleitorais
vigentes ajude a instituição a superar representatividade. ê possível até que
bordados a ouro com canutilho donado o costume de — para liberar se dê exatamente o'contrário.
francês, a colocar sobre os cabelos um seus eleitores — não se candidatar essa critica pelo menos em grande
Para os comuníssimos mortais que
pouco ralos e embranquecidos o para a vaga subsequente depots de ter pane verdadeira, ê verdade que estão de longe observam a Casa de Machado
chapéu bicórneo de veludo preto com dentro dela grandes nomes de sólidos
perdido uma eleição da Academia Ijá méritos literários e culturais mas é de Assis resta pouco mais do que
pluma branca, e assim trajado que em agosto ele havia perdido admiti-la como ela é e aplicar no
também inegável que recusam-se a
aguardar no pequeno e rebuscado 20 votos a 16 para Genolino
salão Francês (se até lá as hordas de
por ingressar na imortalidade figuras da julgamento dos seus membros e das
Amado na disputa do lugar deixado suas atitudes os mesmos critérios de
cupins que desde há algum tempo grandeza cie Carlos Drummond de
por Joracy Camargo). Ede ter usado en Andrade e Erico Veríssimo assim como
honestidade que comandam as
atacam ferozmente a imensa janela e demasia suas possi6i!idades de contato referências dos homens de bem. Sem
têm existido grandes obstáculos à
paredes do salão não tiverem \ en- social com os eleitores ("inundava os esperar que uma eleição com a de
cerrado sua tarefa destrutiva) o solene acadêmicos com jantares e almoços". incorporação de jovens talentos e
Carlos Chagas Filho ou outro acon-
memento de apossar-se da almejada atacou o colunista social Daniel MásJ tendências menos tradicionalistas do
tecimento semelhante melhore ou piore
cadeira. tendo inclusive — Chagas diz que por que as já representadas. muito a velha Academia. Ela é. e vai
Mas não há dúvida de que a escolha coincidência — estado em Paris onde continuar sendo provavelmente por
teve aspectos discutíveis e capazes de A base da cultura
estão os acadêmeios general Lyra toda a sua vida. o silogeu brasileiro:
colocar em evidência outros costumes Tavares e Paulo Carneiro. Eleição na como explica um livreto da Casa.
igualmente discutíveis da Academia. Sentindo o perigo dessas deficiências "helenismo da lavra do sr. Ramiz
qual o presidente da Academia há lh
Como resumiu posteriormente um anos. Austregésilo de Athaydc.' foi os acadêmicos de hoje concordam de
Galvão. depois acadêmico". iDírceu
funcionário administrativo referindo- forma praticamente unânime que
acusado de ter lutado tanto por José Brisola/Genilson Cezarl
se à "mais sensacional eleição" de que Cândido (Austregésilo é um dos esses intelectuais consagrados seriam
se tem notícia naquela respeitável eleitos sem nenhum voto discordante se
condôminos dos Diários Associados
instituição ("como essa não houve nem onde José Cândido trabalha em O resolvessem ingressar na Academia.
haverá outra igual"), tratava-se de uma Vários deles acham até mesmo que um
Cruzeiro) que isso teria irritado alguns
"disputa entre o
prestígio social e o eleitores. ("Por que é presidente há moço ligado às letras mais através da
mú.sjc.a..d.Q.que de obras propriamente
O sucessor
valor literário". Chagas, carioca de 63 muito tempo — diz um acadêmico —
anos, filho do famoso Carlos-Chagas
que descobriu e batizou com seu nome
"c Athayde
dele e no
pensa que a Academia é
caso do José Cândido houye
literárias como é o caso de Chico
Buarque de Holanda encontraria
abertas as portas da vetusta Casa e o
As viagens
a doença de Chagas, morador de uma
cinematográfica mansão entre
Copacabana e Ipanema, casado com
uma reação contra a imposição
presidencial".) Na veruade. a divisão e
mobilização de gmpos em torno dos
recém-eleito Carlos Chagas estende a
hipótese até o pouco convencional
de janeiro
uma filha do senador Afrânio de Mello candidatos repetiu movimentos (para os hábitos acadêmicos) cantor e
compositor Roberto Carlos.
Franco e portanto irmã do ex-ministro costumeiros das épocas eleitorais.
Para quem penetra no prédio da
e acadêmico Afonso Arinos de Mello Embora quase todos os acadêmios em suas - visitas ao
Franco, pai da conhecidíssima neguem a existência de qualquer coisa Academia na Avenida Presidente
Wilson, no Rio de Janeiro, um edifício interior do país. iniciadas em
Prosseguindo
(Ibrahfm Sued a chama de pantera) que se assemelhe a partidos ("Não novembro passado, o general Ernesto
imitando o Petit
"(presente
Silvia Amélia Chagas (que recen- existem grupos políticos nem de Luiz XVI Geisel deverá ir ao Ric Grande do Sul.
Trianon francês
temente uniu-se a um legítimo barão literários", afirma o acadêmico Alceu seu Estado natal, e a Mato Grosso, a
europeu), doutor em medicina pela de Amoroso Lima), é certo que alguns a Maria Antonieta) construído pela
França para a exposição do centenário partir da segunda quinzena de janeiro.
Universidade do Rio de Janeiro e em membros da Academia cosiumaiu O general Geisel visitará o porto do
Ciências pela de Paris, que em 1964 juntar-se de acordo com certas^ .da Independência em 1922 e doado à
Academia no ano seguinte, misto de Rio Grande e outras obras na área do
alcançou o posto de diretor da identidades, geralmente de origem^ museu e casa velha onde convivem Ministério dos Transportes, além de
Faculdade de Medicina da UFRJ e de Fala-se em bancadas como a baiana estilos que se misturaram através dos alguns projetos do Ministério da
da Academia Brasileira de (Adonics Filho. Hermes Lima, Jorge
presidente anos. e o estofamento original dos Agricultura. Parece estar
Ciências e ocupou ambos até 1966 Amado, Luiz Vianna Filho, Pedro definitivamente afastada a
Calmon) e a mineira (Abguar Renault.
móveis gasto pelo uso permanece poí-
quando foi designado embaixador do ou é pobremente substituído por possibilidade de que ele passe por
delegado permanente do Brasil na Afonso Arinos, Ciros dos Anjos) e revestimento de matéria plástica, a Bento Gonçalves, cidade onde nasceu,
UNESCO e finalmente alçado à muito constantemente na força das e Estrela, onde foi criado, mas é
misteriosa ligações familiares. possibilidade de uma ativa renovação
presidência da vetusta e desde parece extremamente distante. Uma possível que venha a visitar a emptèsa
Academia Pontifícia de Ciência Aços Finos Piratini, presidida pelo seu
Grandes eleitores idéia praticamente impossível para
1972 é, mais do que evidentemente, um irmão Bernardo Geisel. Em Mato
homem que tem e cultiva o prestígio quem folheia a história da Academia
que como suas similares européias Grosso o general Geisel pretende
social. Chagas, contudo, além de uma Também não houve grande conhecer algumas fazendis de gado e
e monografias, novidade no fato de um escritor ter tomou o nome da Escola onde Platão
centena de artigos ensinava a seus portentosos discípulos um projeto de colonização do INCRA
escreveu apenas dois livros: Homens e sido preterido em favor de um homem
entre os agradáveis canteiros do jardim em implantação na região de
Coisas da Ciência, em 1959, e O menos ligado às letras. Desde Joaquim Dourados.
Vem, 1972. s; Nabuco, e seguindo os passos da que segundo a lenda teria pertencido
Minuto Que ao semideus Academos. Antes, porém, o general estará em
Já José Cândido é basicamente um Academia Francesa que serviu de "As academias são Brasília onde será eleito presidente da
escritor (O Coronel e o Lobisomem, Por modelo à nossa, vigora o critério dos pela sua própia
natureza conservadoras e República por 403 voto? contra 100
o expoentes, segundo o qual a im-
Que Lulu Bergantim Não Atravessou tradicionalistas", defende o presidente (menos os possíveis ausentes).
Rubicão. Um Ninho de Mafagafes portância do trabalho em algum
,>'—
 —— . >m>'"w'iim

o* «¦ a~ id jv> i«y»tve dt itJa

A ECONOMIA.
A economia brasileira em 1974, perspectivas
ido ao* ctpeciaít vínculos
>es
da modelo brasileiro com 1
economia mundial, nio ha dó» ida de
que a economia bra*ileira sempre
acabará por refletir at icndínciat mait
gerai* da economia capitalista
mundial Nâo *e trata evidentemente
de um processo mecânico — como *e
no mesmo dia em que uma crise fo**e
bater A porta do* E*tado* Unido*,
lapão ou Europa ela também chegaue
aqui. Pode ocorrer inclusive que.
dentro de um processo generalizado de
crise, algunt paises consigam, durante
algum tempo, escapar dela.
Ao terminar o ano de 7}. o balanço
do comportamento da* economia* de
quate todo* o* patte* capitalista*
avançados indica uma tendência de
recessão, acompanhada de aumento da
inflação. Nos últimos dois meses do
ano a situação agravou-se devido ao
boicote petrolífero dos árabe*, levando
a uma grande incerteza sobre os
resultados econômicos em 74. No
Brasil. 1973 nâo deixou de ser um do*
anos mais difíceis da-economia
brasileira desde l%8. ano do inicio do
recente boom industrial: pela primeira
vez não foi tão fácil resolver cenas
contradições, por exemplo.^ entre
crescimento c ts exportações e
fornecimento de
maliiaçio do
petróleo
E no Brasil?
Com ou *em crise do petróleo. 1914
teria um ano que ja colocaria muita*
interrogações para a economia
brasileira, o que talvez lesou o "faiore*
general
Mediei a *e referir aquele*
"o
eaierrtos" que poderioconturbar
quadro de rto**a *ituaçào econômico'
financeira".
Desde o segundo *eme*tre do ano
pa**ado. tanto o noticiário do* jornais
como o* pronunciamentos oficiai* Já
de*tacav*tn três problemas;
1) a "inflação importada" (ou seja.
o* aumento* do* preço* do* produto*
importado*) impediria que te chegaste
à desejada taxa de I.' - de inflação, ao
final do ano: 2) as altas taxas de
crcicimcnto da indústria^ e o elevado
aumento du exportações geraram
problemas de suprimento de gêneros
alimentícios e matérias-primas no
mercado interno: 3) paralelamente, o
governo tomou medidas ainda mais
rigorosas que as anteriores, para conter
nos limites desejados a entrada de
empréstimos externos, já que a con-
versão desses empréstimos cm
cruzeiros poderia pressionar os meios
de pagamento c. assim, comprometer a
de credito eaterno, permitiram manter
ao longo de**e periodo alta* lata* de
crescimento econômico, agora, num
momento critico da economia mundial,
o Brasil poderá p*i" teu preço,
Nao se deve e*qutcer no entanto que
o Brasil dctfruta hoje de uma especial
atenção dos banqueiro* e investidores
iniemacionait. e que. em virtude de**a
imagem, o* reflexo* da crise na
economia bra*Ueira poderão demorar
mais do que na maioria da* economia*
subdesenvolvidas, f tintomaiiea por
exemplo a opinião de algun*
rcpre*entaotes de inttituiçõe*
financeiras estrangeira* no Bra*il.
publicada* no Jornal do Brasil
.»» I *4i. sobre a perspectiva durante o
ano de 74. Muitos deles prevêem
maiores dificuldades para os paises
74 a economia mais podero-
Emsa do mundo — a dos Estados
Unidos — terá sua riqueza e poderic
aumentados ou entrará numa fase
*ubde*eaiottído* conseguirem credito*
no mercado financeira mundial, em
virtude da inflação mundial, da ente
monetária t da ameaça do* patte*
árabes de retirar *eu« depósito* do*
banco* ocidentais No entanto, o
representante da União do* "para Banco*
o ttpitcou que
Suíço* no Brasil considera que
Bra*il csioirao «empre a* melhore*
condições porque constitui uma da*
única* alternativas mundiais para a
aplicação de capitais tanto na forma de
empréstimo como na de invettimeato.
por apresentar estabilidade política e
perspectiva decrescimento econômico
acelerado". O diretor do Banco de
Boston repete quase o* "omesmos
argumento*, ao declarar que Brasil
oferece um do* pouco* mercado* com
estabilidade econômica e política para
EUA
Previsões para 74
«SWfBSj «fÜ"»» qft?
•í &diSM- i* JfPi\ "
o investidor intcrnaeiaftai" c que "não
eitste cliente de grande parte do Banco
de Botton com operações
multinacional* que não negociou ou
não tenha interesse em negociar com o
Brajil" Por outro lado. o vice'
gretadente do "os Banco de Tóquio
investimento* e
empréstimo* do lapão ao Brasil vão
aumentar no* próttmot anos. embora
a trntJcncia em reiação a outros países
veja de redução", Da ek que o Brasil
t um cato «-vpeeial por apresentar
estabilidade ecoriômica e política,
atraindo capitai* de todo o mundo".
Sem dúvida, essa é uma da* grande*
vantagens que o Brasil coou para
tentar afastar a crise que já assola
muitos palse* e para garantir o
crescimento do PIB.
*. '">
i Mi;'
. i ..
i i ••' : <i

abastecimento do mercado interno,
entre controle da inflação e excessiva
entrada de empréstimos externos.
Entretanto, os resultados
* econômicos
obtidos em l •" foram considerados
até mesmo como notáveis pelo
presidente Mediei, em seu discurso de
fim de ano.
O general Mediei anunciou um
crescimento do Produto Interno Bruto
(PIB) de 11.4 cm 1973 — 0 maior dos
últimos seis anos — quando a crise que
pouco a pouco se estende sobre a
economia internacional já havia im-
j
l' * aKiTsr -'?.?!
combate à inflação. penosa de depressão? Como reagirá -./*-;. • 'I•
ê claro que nenhum desses fatores ^f/^|*v'í^: jf £/¦*¦**£*:!
essa economia, baseada na abundância
problemáticos será afastado pela e no consumo cm larga escala, á falta
simples mudança do calendário, de petróleo? Essas são questões
podendo mesmo se agravar diante das delicadas e de difícil resposta. Para
perspectivas de recessão que ameaçam respondê-las. a revista Business M-WA
a economia mundial. solicitou a 25 economistas norte-
Algumas perguntas preliminares americanos que tentassem prever qual
podem ser feitas: o desempenho da economia de seu
1) Em que medida o arrefecimento pais esse ano.
das economias dos paises avançados
poderá afetar o crescimento das Crescimento do PNB. inflação e
*^^K
exportações brasileiras? desemprego ^^Bummm^m\ ^^^^t^^^^k mW

pedido que os governos de quase todos Já se nota em muitos paises uma

os países avançados anunciassem
quaisquer resultados espetaculares em
seu balanço de fim de ano. Talvez por
isso o presidente da República tenha se
sentido especialmente envaidecido, em
virtude da economia brasileira ter
mantido a sua performance no meio de
"Registra o Brasil",
um grande caos.
"no
disse o presidente, qüinqüênio que
ora se encerra, o excepcional
crescimento de 63% em seu Produto
Interno Bruto, colocando-se. por essa
forma, ao lado dos países que con-
seguiram, na ordem econômica, o
crescimento mais rápido que a história
moderna conhece".
Mas. lateralmente, consciente de
que não existe fórmula capaz de isolar
o pais das tendências mais gerais da
economia mundial, o general Mediei
"cumpre
chegou a observar que ter
presente a eventualidade da super-
veniência de fatores externos que
podem, tal seja sua natureza, con-
turbar, de modo mais ou menos
sensível, o quadro da nossa situação
econômico-financeira". Se o país
baseou as excelências de seu modelo
numa decisiva integração com a
economia mundial, as interrogações
que pairam nos países avançados
transformam-se igualmente em in-
terrogações para a economia brasileira.
Com a diferença essencial que sempre
deve ser levada em conta de que, nas
leis que regem a economia mundial, o
Brasil comparece como variável
dependente, influindo pouco na
definição das tendências, mas sendo
inevitavelmente colhidos por elas.
Algumas perguntas
Nos Estados Unidos, as previsões
mais otimistas são de o 4) Em que n edida esses problemas
que
crescimento real da economia ficará,
na melhor das hipóieses — a hipótese
dos árabes encerrarem logo o embargo
do petróleo — entre zero e 2%, com o
desemprego subindo para 5,5 ou 6% e
a inflação para 7 ou 8%.
No Japão, empresários amargos
dizem que a situação chegou agora a
um "Guadalcanal econômico", isso é,
ao ponto máximo de avanço, a partir
do qual começa a retirada. Também na
Europa os economistas já não se
sentem capazes de fazer previsões, ante
os conflitos sócias que se agravam e
ante as incertezas quanto à nor-
tendência à diminuição da produção
industrial, agravada pela crise do
petróleo. Produzindo menos, os países
avançados exigirão menos matérias-
primas e portanto comprarão menos
dos países em desenvolvimento. No
caso brasileiro, como o crescimento das
exportações tem uma particular in-
fluência no crescimento do PIB. uma
diminuição na taxa de crescimento das
exportações é muito provável em 74, o
que provocará um menor crescimento
do PIB.
2) Em que medida a crise do petróleo
•encarecerá as importações brasileiras?
, Além de uma possível diminuição nc
crescimento das exportações, ainda hó
a ameaça dos preços do petróleo, que
já mais que dobram de preço no
mercado internacional. Dobrado o
preço do petróleo, as repercussões são
em cadeia, refletindo-se no preço de
praticamente todos os produtos im-
portados pelo Brasil e também no
custo dos fretes.
3) Em que medida problemas in-
ternos (como os de suprimento de
muitas matérias-primas ou de conflito
entre a política de exportações e a
necessidade de se abastecer o mercado
interno, como é o caso da carne,
algodão, amendoim, soja, e muito
outros) poderão determinar a
necessidade de conter o crescimento
glooal?
Essa pergunta é de dificílima
resposta, pois depende de uma opção
política. Porém, torna-se cada vez mais
difícil articular altas taxas de
crescimento c n PIB baseado no
aumento das exportações com a
necessidade de se abastecer o mercado
interno. Todo o ano de 73 foi uni
exemplo disso.
internos e ex ernos tornarão mais
difícil o combí te à inflação e deter-
minarão correções de rumo?
Os caminhos a seguir serão
igualmente uma opção política.
A vantagem brasileira
De cena forma, os problemas atuais
dr. economia brasileira são unia
contrapartida das vantagens que teria
conseguido com sua inserção mais
decisiva na economia mundial. Se as
altas lavas de exportação importação
dos últimos anos. aliadas às facilidades
De maneira geral esses economistas
concordaram que a inflação — que em
1073 alcançou 8**1 — deverá se manter
em nível elevado, as exportações
continuarão crescendo e os gastos
governamentais precisarão ser au-
mentados. Além disso, prevêem que os
investimentos industriais serão maiores
que no ano passadd. apesar de haver
indícios muito fortes de que os gastos
dos consumidores se reduzam. A
industriada construção civil já está em
recesso mas. segundo esses
economistas, '"ainda não tocou o fundo
do poço" e a possibilidade do
... ; mamento prolongado de gasolina e
conseqüente abandono dos
carros grandes terão sérias reper-
cussões na indústri.» automobilística.
Walter W. Heller. presidem... do ^ÍJ *^*^ ^M\ MZV I .wtíWiM
Conselho de Assessores Econõmn •
durante o governe Kennedy, atl,.... .,
q uc as v e n d a s de c a r r o -,
cairão pra H ou 9 milhões, incluiu-
do cerca de 2 milhões de
automóveis importados, contra 12
milhões em 1973.
Na opinião dos economistas en-
trevistados por Business Week o PNB
americano crescerá lentamente esse "Não,, !
ano: a média das estimativas indicou obrigado! Eu tenho medo de olhar
uma taxa de apenas 4%. Mesmo os
mais otimistas. Raymond Jallow, do
Ilação variaram de 5%. palpite de que corresponde a aproximadamente
United Califórnia Bank, e Henry Raymond Jallow, Heny Wojtyla e 5.100 mil pessoas. A previsão mais
Wojtyla. da empresa William' D.
Peter L. Bernstein da Peter L. Bern- pessimista foi a de A. Gary Shilling
aumentará apenas 3,5%, atingindo stein Inc.. a 7,5%, apontada por Robert com 6,5% e as mais otimistas as de
1.395 bilhão de dólares, em com-
G. Dederick da Northern Trust Henry Wojtyla e Paul J. Markowski. da
paração com os 6% conseguidos em Company, A taxa média de inflação empresa Laidlaw-Coggeshal, com
1973. O mais pessimista. A. Gary estimada foi de 6,1% e pode ser
Shilling da firma White Weld, prevê
considerada otimista, pois se con-
uma recessão econômica e acha que o firmada significaria uma queda de
Investindo no escuro
PNB cairá 1.5% declinando para 1,365
quase 2% em relação ao aumento de
bilhão de dólares.
preços do ano passado. Um fator que
Todos os economistas fizeram suas certamente contribuirá para a elevação Se os economistas estão preocupados
projeções supondo que os árabes não ilos preços será o petróleo, que se. com o desempenho"4.global da economia
fornecerão petróleo aos Estados Unidos tornará mais caro em 74. Os produto- americana em os homens de
apenas até a metade do ano. Caso o res, sentidno seus custos se elevarem, negócios, em geral, não se mostram
boicote se prolongue pelo ano todo o tentarão transferi-los para os con- mais tranqüilos. Para eles a questão
otimista Raymond Jallow se torna sur.iidores vendendo mais caro. Dois central reside em como planejar seus
sombrio, quase apocalíptico. Diz setores, segundo os economistas, investimentos em terreno tão movediço
"nós deveremos ter
deverão ser imediatamente atingidos'
então: (nesse caso) quanto o da economia americana
a mais severa recessão deste 1930". aliiih nação e transporte. atualmente. O que fazer: levar seus
Water E. Hoadley, economista do 0 desemprego, que atingiu em 1971 investimentos adiante ou retardá-los?
Bank of America, que estimou um 4,8% da população economicamt Será melhor investir no escuro,
ativa — ou seja. da população t;
ganho real de apenas 1% no PNB, disse arriscar, ou esperar a situação se
condições de trabalhar — deverá se
que poderia alterar sua previsão para elevar esse ano. alcançando segundo a
aclarar, com uma possível nor-
menos 3% se a falta de petróleo se malização no fornecimento de petróleo
estender até o final do ano. estimativa média dos economistas
continua 'in página ao lado
As expectativas com relação à in- consultados por Business Week, 5.""". o
Opmtod 14 <Sf ft> e .„ je 1074

to««.»M,ot,06 do pOgotO 00 iodo
;<- -. j!í'<i c*fteodo no
-Mamo o
perigo de prrtJcf uma faisadu mercado
para os eoocorteotcs!»
Antes tio embar**o do petróleo a Mc
¦-.'¦.. Hill.
por esempbi — a maiof
(diiota do mundo — ; «¦¦<?¦ í »
aumentar stus rnsesitmcotos cm l«JH
cm comparação com o ano passado O
rxommmia^hctc 4a empresa, I* * -
Òreenttald, afirmou"a nu totaoto a
Btubua Wtr que crise de energia
aumentou a insegurança, e in*
vegorança tem q-c resultar cm cortar
ou adiar planos", O tt*e=pftst4çnic
financeiro da Rtder Ststems.
de tratores, afirmou por tua
fabricante "normalmente
¦ <•/ que nesta cp**ca
nosso orçamento de intcstinvntos ?a
fui fivrmulado Mat detido á crive do
petróleo e ao seu impacto na economia
nos nio chegamos ainda a nenhum
número".
A situação da indústria
automobilística é particularmente
ditlcii. Embora a procura de canos
deta -ao. as empresas terão que larer
grandes intestimcntos para adaptar
suas lâbetcat ás n««vâs etigencias dvs
consumidores que. como conseqüência
da falta e da elevação dos preços da
carros
gasolina, passarão a preferir"bebedores".
pequenos que são menos
O presidente da Ford. Hcnrt Fonl II.
declarou que sua empresa pretende
insfstir l.l bilhão de dólares esse ano.
companhias lambem nio podem A • ¦ - i* dcsrnmem fat pane dm
pUnos de >..'-..: «jfcmMÉ que a empeem l*m
ICONOMIA AMfftlCANA: MfVlSÓfS PARA lt74 ptMM em reduzir seot
:<'t«..«i.-; i-.a z -,n»«Hâ
apfati.j. 'Nos pw fmmSr e e .:<•"¦'¦* de tmpnm de
r_jwlfea MaHMI MORldO! pof Rmda fiiant* t* uma empmê
Icorsomíitot Cretcimento do inliocòo Desemprego («MBtfèto a# ftotsa rnat-i 4*rvpeta »fe itanciê mau rapidamente iuat
mjqutaai ***» o* /f»»» <*>** aM «o/em*
PNB (%) (%) (%) saltai. 0JM t ****í**>' * assegura
;>•<¦¦ ¦ >. .< *?4tt.. ts«rpnddttti maW de reiu*v»i pura aplicar como,
financeiro da Olha Ao U»e* P4& menoi /m/toffo de Renda
Roymorsd Jollow 3 S.O 8,4 Çatno mm o»4*t u companhias
HenryWotjylo 3.5 S.O 8,2 parecem dispottat iw entanto, a ktar Ktm labcli «io apresentadas ai
fr.«*;«-. feitas p«* 10 dos 2$
Douglas GreentvQid 2.4 8.5 9.2 atanie Hei IttvojtiMeiOli o presidente
da Comede Metot e Arbitnos da •v. m m.tias entres toadas por Btstbm«
PouU. Morltowskl 2.9 9.8 8,3 Cintara dos Orpuiarios, a democrata RW4, Os quatro pnroctros podem ser
"otimitiat".
RoboiiOnner 0,9 6.8 8,3 Wjrbur MilH pCttndl encaminhar no contidcfâdot porque
Congresso, em abnl» um pfwjcto dam!» pfeteem um «te-Himcnt^do Fruduto
Wolter Hoodley 1,0 9.8 8,7 incentisos para a expansão de em actm* de 2**», uma inflação inferior a
0** e um nbel de desemprego abaiso
Robort G. Dedorick 0.0 7.5 S.O presas, O Tesouro ia reiacmooo cerca
de 25 companhias que p>*:c*iam se de b% Trts deles iRoben Onner.
Peter l. Bornsteln 1.1 5.0 5,1 Peter Remttein e Watt» Hoadlesi sio
bcnctV-ar imediatamente 4csta lei e
Wolter Heitor 0.0 5.0 8.8 WUbur Mtht *,tavo»atcS â concessão 4c de optniio de que o Produio deteti
depreciação aceteraoa ili por atua crescer apenas cerca de 1% e o
A. Gory Shilling 1,8 7.0 6,8 anos para eneorajJolas a insestir cm desempreg«> tkari cm torno dvrt 6%.
Fonte Business Woek d© 22 do do.embro d© 1973 •unas timxat e tqa.samentos. festes economiuas. que seriam os
"rrioderados*. diteordím a respeito da
tll Depreciar uma maquina significa inflação, pois Remstein e Hoadlej*
acreditam que ch tert infersor a ó*V.
«•que representa um acréscimo dc 22% Alguns empretinot. no entanto separue todo ano uma fração constante
do ndor peto qual foi comprada, para enquanto que Onner aponta quate
a ?J. Ford assinalou,
cm relação "hostot estão fitimistat Para eles a falta de ¦mt
porém, que planos para o petróleo significa melhores negí<i«>s poder adqumr outra quando ela tiver economittas
"Nós estamos trabalhando acima da udo Jeigaitada prlo utí* 0 método da Finalmente, três "pestimittat":
próximo ano (74) sã« mais tentadores estariam entre os.
do que usualmente por causa do nossa capacidade, c o único meio para depreciação acelerada permite que
uma empma que possua uma Roben Dederick. Walter Heller e \
congelamento dos lucros, da crise de deixar de trabalhar um número
excessito de heras é expandir". d« maquina que custou, digamos, mil Gary Shíllina. Segundo eles o PNB
energia e da previsão incerta das ......ar,. rtlo detera aumentar esse
vendas". A General Motors, por sua W.R. Pcrsons, presidente da Emerson cwzrtrttt a deprecie em cinco anos i^S)
Electric Compaps que fabrica cruzeiros por anol em ve: de 10 anos ano íShiliiag acha mesmo que jti
ver. deterâ aplicar U bilhão de decrescerl. o nieel de desemprego seja
equipamentos elétricos para tcaso em que a cota anual dt
dólares. 20' mais que no ano passado, de aprosimadamenie b% e a infla;ão
em grande pane na fabricação de aquecimento, muito procurados detido depreciação seria apenas de 100
à falta de óleo para calefação. Certas cruuiroit. ^tará na faiia de 6 a 7.5%.
automóveis pequenos.

Economia mundial
Seguindo os sintomas da crise
desconhece que se os
Ninguém
árabes continuarem aumentando
os preços dos peiróleos ou se even-
tualmcnte voltaram a intensificar o
_^—..——. '«*-—-¦¦- ~*i
boicote o Ocidente scr.i seriamente _*y •
afetado. Sua delicada situação
%
1>3 ^£L
**~ !§I : -E" ^rff íí__**- wê -—:—
!'
econômica atual se precipitaria numa {\\-fV* ;~ V*'
depressão dificilmente controlável. £^*<h
Entretanto espera-se que os árabes e vf^X ^ Wfí _- ¦»
outros produtores de petróleo cheguem .',7taéíi_-_ã: --ar~*q **¦$« ^ Wf'1 :»-^«
W>- ! ií >
a um acordo com os grandes paises
consumidores para regulamentar as
novas altas de preços e muitos estimam
deve
que no máximo até julho o boicote
ser suspenso ou. pelo menos, muito
amenizado.

k -3f%;/ m$ç% r^4hm'^J^mf^ W^améLm

"
w^%^m i JÊhJ ¦? wimif i; :i pH ;£&; L K
James Schlesinger, <> secretário
de Defesa dos EUA. declarou, num
programa radiofônico, que as nações
árabes correrão o risco da intenenç.«o
militar se usarem o poder do embargo
do petróleo para arruinar boa parte do
mundo industrializado, interrogado
sobre as possibilidades dos Estados
Unidos intervirem militarmente. o
"Deveríamos
secretário respondeu:
reconhecer que os poderes in-
dependentes dos Estados soberanos
não deveriam ser utilizados de tal
maneira que arruinem uma grande
parte do mundo industrializado. Isso é
correr um risco demasiado grandes,
constituindo-se numa fonte de perigo".
Schlesinger afirmou que os Estados
Unidos estavam dedicados a manter a 'S'W/0^ : !
independência dos Estados livres, .' Â:Í\r - Nfeií ^Íl^^^^^ V-'- 'fe: ^"
inclusive dos Estados livres do Oriente -

Médio (possivelmente fazendo uma

_ <—- —-———-—'¦

referência a Israel). No entanto ele

depois abrandou a ameaça: disse
acreditar que os Estados produtores
reconheceram seus comuns interesses
com o mundo industrializado, quando
anunciaram recentemente que a
aumentaria 10%
produção petrolífera
acima dos níveis reduzidos pouco
depois da guerra árabe-israelense de
"portanto não chegaremos a
outubro e
essa contingência (a da intervenção)...
em minha opinião".
No dia 23 de dezembro os
— Arábia
produtores do Golfo Pérsico
Saudita, Irã, Kuwait, Iraque, Abu
Dhabi, Qatar e Dubai — resolveram,
sem consultar as companhias de
de
petróleo, aumentar o preço
referência (1) do petróleo para 11.65
dólares o barril. Com isso aumentaram
para 7 dólares os seus ganhos por
barril. Ainda em fins de dezembro, os
demais países produtores de petróleo
seguiram o exemplo: a Venezuela
elevou o oreço de referência de 7,74
Ttxou
para 14,08 dólares; o Equador
seus preços de referência em 13,70; as
— que é
cotações do petróleo boliviano
exportado para os países da América
Latina — subiram para 16 dólares: a
Indonésia que exporta para o Japão e
os Estados Unidos elevou os preços de
referência para 10,80 dólares; e a
Líbia novamente estabeleceu o preço
de referência de seu petróleo
nacionalizado nas cotações recordes de
18,76 dólares. O primeiro-ministro
líbio. Abdel-Salam Jalloud,
justificando os novos preços que
certamente terão um poderoso impacto
sobre a inflação mundial, os deficits,
das balanças de pagamentos e a
situação econômica "Desde dos países
ocidentais, declarou:
— que os
• expandiram
países industrializados
seus poderes econômicos sobre os
os povos da
países subdesenvolvidos, foram
África, Ásia e América Latina
sacrificados e os seus recursos
saqueados
Enquanto isto, em Nova Déh, o
secretário-geral da OPEP
Organização dos Países Exportadores
de Petróleo — Abder Rahman Khene,
afirmava que a elevação dos preços tez
"da luta conjunta dos países
parte
subdesenvolvidos contra a_ agressac
das nações in-
econômica
dustrializadas", e condicionava a
redução do valor do petróleo a uma
diminuição nos preços dos produtos
exportados pelos países desenvolvidos.
De certa forma, com os novos
aumentos os árabes aprofundaram as
medidas necessárias para atingir a
reformulação das relações políticas e
— na
econômicas com o Ocidente
do petróleo, a
atuai elevação dos preços
OPEP superou definitivamente o procuram se integrar na comunidade
antigo poder político das companhias
de petróleo nas barganhas e impôs
cotações segundo os seus critérios.
Estas mudanças envolvem uma nova
participação dos árabes no arranjo
financeiro mundial. Em 12 meses os
países do Golfo Pérsico terão 60
bilhões de dólares em divisas, cinco
vezes mais que no início do ano
passado, quando tinham 12 milhões de
dólares. Paralelamente ao novo papel
que pretendem exercer no âmbito
financeiro mundial, estes países ob-
jetivam a modernização econômica
para diminuir sua excessiva depen-
dência da exportação do petróleo (2).
Esta estratégia pesou enormemente na
decisão de aumentar mais uma vez os
preços (em outubro já tinham sido
elevados em 70%) e por outro lado
também pesou na decisão de amenizar
o boicote. Na medida em que prin-
cipalmente os árabes moderados
econômica ocidental, eles utilizarão a
arma do petróleo dentro dos limites em
que suas repercussões não provoquem
uma situação semelhante à depressão
que abalou o Ocidente nos anos de
1929-1931. Os árabes não só não
aplicaram a prometida redução do
fornecimento do petróleo em 5% no
mês de janeiro, como aumentaram.a
produção em 10%, colocando de volta
no mercado 2 milhões de barris diários
de petróleo. Segundo o Washington
Post. os árabes não poderiam ter
aprofundado a ofensiva nas duas
frentes sem levar o ocidente à beira do
abismo ou correr um sério risco de
intervenção militar. Preferiram en-
fraquecer a utilização política e for-
talecer a utilização econômica da arma
do petróleo.
2) Apesar de um certo alívio pelo
parcial relaxamento do boicote, os
dirige'iii's ocidentais nuje ynguntam
como irão pagar pelo petróleo que se
contioua oa página 6

melineOfOO do pógíno i
*s§hntm mm do que Má% m um
O pah matt afetado pele aumente
oes preços protavelmmie *eeá o Japão
Seus dirigentes teeuderam a alta det
preços mais tsotita 1 ecooomia do que
o próprio corte em 25* no for>
nceimento. segundo a revista
Nfs*is*eek. O laplo importa mais do
que oo% do petróleo que contorne e
oeterà gastar oeste ano quase 15
biihoes de dólares nas importações de
petróleo, mais do que possui em
resenas. Itto significa que faltará
dinheiro para tibter no mercado
mundial a grande variedade de
maténatprimat de que n»vev.tia O
ptobtema japonês te agrava te con-
tiderarmos que at -tportaçòct
japanetst já estão sendo reduzidas de
15 a 25*. Em 1973. u déficit da
balança de pagamentos japonesa
superou ot 9 bilhões de dólares. As
compras de petróleo deverão
acrescentar mais 7 bilhões de dé4ares a
este déficit, ameaçando exaurir
rapidamente as reservas japonesas de
12 bilhões de dólares. Assim. 1974
poderá ter o primeiro ano de recessão
no Japão desde a Segunda Cuerra
Mundial.
A Europa Ocidental deverá gastar
na importação do petróleo em 1974
O secretário de Defesa dos EUA.
James Schesinger, diz que os Estados Unidos
podem intervir militarmente nos países
"destruição
árabes para evitara
das economias do ocidente"
cerca de 50 bilhòes de dólares, caso o'
preço de mercado do barril de petróleo
se mantenha em tomo de 9 a 10 dólares
ckos europeus conseguirem reduzir o
consumo de combustível aos níveis de
1972. Naquele ano a Europa Ocidental
gastou 11 bilhões de dólares com a
importação do petróleo. Praticamente
todos os países desta parte do con-
tinente prevêem recessão ou queda do
crescimento econômico, aceleração da
inflação, crescentes taxas de desem-
prego, e deficits da balança de
pagamentos.
Os países mais afetados pela crise
econômica, particularmente a
Inglaterra, estão solicitando auxilio
financeiro do Mercado Comum
Europeu (MCE). Já os países mais
atingidos pelo embargo de petróleo
árabe — Alemanha, Holanda e
Dinamarca — reivindicam a criação de
um organismo para uma política
energética comum que implicaria na
colaboração das nações consideradas
amigas pelos árabes (Inglaterra,
França- e béíçicai. Esta situação oe
üincuidaaes econômicas e crise
energética definirá a eficácia do MCE,
que no ano passado permaneceu num
marasmo sem ter solucionado nenhum
problema relevante dos europeus.
Vários dirigentes pretendem dinamizar
o organismo procurando promover a
união da Europa antes do prazo an-
teriormente previsto, 1980. A França
pode fornecer uma parcela de seu
estoque de petróleo mas exige que os
países necessitados cumpram com as
exigências árabes: assistência tec-
nológica e política externa anti-
sionista. Em fevereiro" serão realizadas
reuniões para a criação do organismo
para a política" energética comum.
Destes resultados dependerá a con-
solidação da unidade européia ou a
decadência do MCE.
3) Na Inglaterra a crise energética
adquiriu diferentes dimensões. A greve
parcial dos mineiros ê o principal fator
de corte das fontes de energia. A
Inglaterra está na vanguarda da crise
econômica ocidental e ¦ adotou as
medidas mais radicais para combate-
Ia.
A deteriorada situação econômica
inglesa já levou ao desemprego mais de
750 mil trabalhadores que se somaram
a 450 mil que não trabalhavam há
algum tempo. Os operários exigem o
fim da política econômica britânka de
contenção do salários como meio de
combate à inflação. Acordos parecem
— que
.distantes entre os mineiros
realizam operação tartaruga, e se
recusam a fazer hora extra - - e o
governo, que se nega a eeocedet
aumentos ««Unia de 25% reato-
dicadat pties mineiros, O governo
ameaça com a implantação de uma
rigtda polhica evooemica ae mesmo
tempo que realiza demenstraçées de
força-
Cs mfneirot tim diteutido •
possibilidade de entrar em greve cato o
governo endureça tua pofiçlo.A
oposição considera a redução da
tomada de trabalho (desde priitcipiet
de janeiro a temana de trabalho foi
reduzida para aés dias) como uma
medida desnecessária c argumenta que
os prejuízo* cau*ade* pele desemprego
e queda da produção terão fWO tezes
superiores ao preço que o governo teria
que pagar para atender à reivindicação
de aumento de salários dos mineiros e
condutores de trem. Atualmente, a
produção de carvão diminuiu em 40%
provocando uma semelhante redução
da produção de aço. A industria
siderúrgica está ameaçada de ser
paralisada em doit terços caso o
abastecimento de carvão continue a
diminuir.
A semana de três dias_ tem
provocado considerável confusão na
economia, inclusive envolvendo
problemas sociais. Dez milhões de
operários estão assegurados contra a
redução de seus salários, por contrato
feito com companhias, que prevê o
pagamento integral dos salários
mesmo na eventualidade da redução
da jornada de trabalho. Mas os em-
presários declararam que não poderão
cumprir esta cláusula e buscam
acordos com estes trabalhadores. Na
Inglaterra há jornada de trabalho de
segunda a quana-feira e de quinta a
sabido. Certos sindicatos recomen-
daram aos operários exigirem salários
extraordinários por trabalho realizado
aos sábados.
4) Os Estados Unidos — menos
afetados pela alte dos preços e pelo
boicote porque produzem dois terços
do petróleo que consomem —
pretendem orientar a política ocidental
de combate à crise energética através
da formação de uma frente unida dos
países importadores de petróleo. A
crise se constitui num teste para a
liderança norte-americana no
Ocidente.
Os postos de gasolina norte-
americanos racionaram sua
distribuição. Receberam a
recomendação de vender apenas 10
galões de gasolina por consumidor e
normalmente o abastecimento termina
antes da sexta-feira. Ocorrem casos de
vendas de gasolina a preços 100% mais
'elevados.
Têm-se formado filas de três
horas para abastecer automóveis. A
indústria automobilística já sente os
„ efeitos da crise e tende a diminuir a
produção — já despediu mais de 45 mil
operários em caráter permanente.
Foram impressos cupons de
uc racionamento de combustível para
um período de três meses. Caso o
racionamento sija posto em prática, os
120 milhões de motoristas norte-
americanos receberão seus cupons pelo
correio garantindo o fornecimento de
32 galões de gasolina por mês, a cada
automóvel o que permitiria rodar em
torno de 162 quilômetros pot semana.
Atualmente, com as medidas de
racionamento já adotadas, o consumo
de gasolina diminuiu em apenas 7,2%.
Os Estados Unidos foram menos
afetados pelo boicote e a alta de preços
do petróleo porque produzem dois
terços do petróleo consumido in-
ternamente. Sua vulnerabilidade à
crise econômica é sensivelmente menor
do que outros países capitalistas
avançados.
Aproveitando o momento Nixon
atualmente insiste na formação de uma
frente unida dos países importadores
de petróleo para enfrentar a crise
energética. Os norte-americanos estão
advertindo ao Ocidente, numa situação
de relativa superioridade, das con-
seqüências catastróficas decorrentes do
aumento ilimitado do preto do
pcirttce. e sugerem que esta teodêoeia
levaria o evidente a uma depressão
mundial no estilo de iu*u- i«#jf.. mat
agravada O tecretárto de Ettade
nenc-americano convencido de que a
competição para obter o petróleo árabe
terá um desastre.., e te et preços do
petróleo árabe continuarem
aumentando, algumas nações in>
duttrtatizadat terão que gastar mait de
50% de tuat retertat em cembutt hei, o
que terá profundai contequênciat na
economia mundial, Uma grande
depressão levará á miséria et própriet
paitet produtores de petróleo".
Kissinger criticou particularmente
patsc* como o Japão e a França que
recentemente estabeleceram acordo*
bilaterais com ot paHcs do Oriente
Médio para garantir o fornecimento de
petróleo a longo prazo.
A França, a principio, recusou a
proposta dos norte-americanos de
formação de um bloco internacional
Ot franceses condicionaram tua
panicipação a uma radical trant-
formação dos objetivos deste
organismo, o que implicaria, inclusive,
na panicipação dos países produtores
de petróleo.
Mas a criação do organismo dos
consumidores poderia ter o objetive de
permitir aos Estados Unidos agir
livremente, com consentimento e talvez
com cúmplices numa eventual ação
extremada para solucionar a escassez
do petróleo, a alta dos preços e a
ameaça ao sistema financeiro
ocidental. (Armando G. Ourlque)
•7/ Os preços de referência não são
preços de mercado. São preços sim-
bòlicos estabelecidos pelos países
produtores para calcular seus impostos
a royaltics das companhias de petróleo.
Mas a decisão árabe de elevar o preço
de rejerência de S.04 para 11,65
dniares o barril influi decisivamente
nos preços de mercado. Os ganhos dos
países do Golfo Pérsico subiram de
3.00 para 7.00 dólares o barril e os
preços de mercado ficaram situados
em torno de 9,50 dólares.
I2l Ver o artigo Yamani. O Diplomata
do Petróleo, Opinião n. ° 58.
Por que os americanos deveriam
criar uma empresa estatal de petróleo.
Uma PetroUSA?
vezes, é preciso que
Muitas
alguém faça o papel do
soldado Fabrício, imortalizado por
Stendhal na Cartuxa de Porma.
Alguém capaz de, em meio à batalha
de Waterloo. preocupar-se não com os
canhões ou os fuzis, mas com a
paisagem e as pessoas.
Desde que os países árabes im-
puseram o embargo às exportações de
petróleo, sucederam-se as previsões de
catástrofe econômicas e políticas, as
ameaças de todas espécie. Mas,
principalmente, os países todos
começaram a desencavar uma
profusão de soluções e panacéias, todas
elas partindo de um mesmo pomo — o
mundo não pode continuar a depender
do petróleo árabe, que se transformou
em arma política.— - e chegando às
mesmas conclusões: é preciso
aumentar imediatamente a exploração
de outras reservas e/ou encontrar
novas fontes dt energia (atômica, solar
etc).
Nem os Estados Unidos, país da
chamada racionalidade econômica,
escaparam à regra. Ao lado das
medidas circunstanciais — economia e
racionamento de combustíveis — os
norte-americanos tomaram
imediatamente uma série de decisões,
que permitem às empresas petrolíferas
aumentar os preços, intensificar a
exploração em suas reservas e iniciar
num estalo a perfuração em outras
áreas antes vedadas (por motivos
estratégicos ou pela legislação an-
tipoluiçãi').
Mas seria exatamente esse o quadro?
E seriam estas as únicas soluções ou as
soluções reais?*
Há quem ache que não. E que
coloca, para discordar, argumentos no
Optniflo 14 do janeiro d* I0?a
Investimentos
Um caso único
comprovar a lese de que Ao criticar at afirmações de presidente
Paraot inve*tidore* estrangeiros no mundial da Vellit, a Hansons diz que
Brasil nie recebem e nem enviam a das poderiam dar a imprcstàe de que
teut países de origem lucros ctcctthos. et Ín*c*!Ídorit estrangeiros em geral
• publicação meie americana Man- estavam obtendo lucros fantávticet no
son't Latin American Letter Brasil, o que. segundo ela. nâo é
apresentou recememenie um estude terdade. porque "o cato da
sobre at remessas de lucros das filiais VoUtsvsagcn é um cate único". Dal o
bratileiras das empretas esforço para mostrar que as filiais
manufaturcirat none-americana* ne bratileiras das empretat norte*
período 1968/72. afirmando que. ameriesnas. ao contrário da VoUt».
nestes cinco anos. "as remessas *ém diminuindo *uas remessat de
recebidas pelos investidores lucro para o ctterior.
americanos mantiveram-se Mat se. de acordo com a Hansons. o
relaibamenic estávei*. cm torno dos 58 investidor americano seria melhor
milhões de dólares por ano". remunerado se aplicasse seu dinheiro
Reforçando tua argumentação, a dentro dos Estados Unidos cm tez de
Hansons lembra que num período aplicá-lo no Bra*il. per que motivo at
(68/721 cm que a renda per capita
empresav nonc-americanas investiram
brasileira aumentou de 345 para 452
"milagre quase meio bilhão de dólares cm nosso
dólares como resultado do setor manulatureiro no biênio 71*72?
econômico", a taxa de remessas — isto Em primeiro lugar, como explicou a
é. a pcrccntagcm dos lucros remetidos própria Hansons em novembro do ano
sobre os investimentos totais — da* pavsado II). cies se justificam "pelo
empresas manufatureiras norte* atraente clima de investimentos e os
americanas caiu de 6.27% em 1968. elevados niveis de lucros de uma
"Com honestidade"
para 3.94 em 72. economia cm expansão, onde o
— diz a publicação — "nós podemos governo está determinado a expandir
calcular que o mesmo investidor os bens e serviços ao alcance do povo".
poderia ter ganho mais que o dobro Em segundo lugar, os níveis de
desta taxa. aplicando (seu dinheiro) cm lucros alcançados pela empresas
empresas domésticas norte- ianques no Brasil foram os mais
americanas. E também poderia ler elevados da América Latina em 1971 c
colocado teu dinheiro cm bônus do 1972 alcançando 14.3% e 18.1%.
governo none-americano. que não respectivamente, e vuperando
envolvem risco algum, para ganhar nitidamente os obtidos no México
muito mais". (II .9%cm 72). Venezuela (14.5% nesse
mesmo ano) c principalmente na
Toda essa teorização da Hansons foi Argentina (4.7%).
feita para contestar o presidente O fraco resultado apresentado pelo
mundial da Volkswagen. Rudolf Brasil, no que se refere à remessa de
Lciding. que em declarações lucros, prende-se ao fato de que as
reproduzidas pela revista Business empresas americanas estão preferindo
Week afirmara que os lucros obtidos reinvestir aqui mesmo grande parte de
por sua empresa no Brasil eram seus lucros, não só para manter ou
"assustadores" e que foram suficientes ampliar sua participação nos setores
para cobrir os prejuízos que a
Volkswagen teve ro resto do mundo. continuo na página ao lado
mínimo tão poderosos quanto os que Quando se trata desses gigantes, não
têm sido utilizados até agora para há obstáculo intransponível. Embora
defender as soluções adotadas. os preços do petróleo já estejam 90%
Vale a pena ver — quando nada. acima dos índices de um ano atrás,
para conhecimento de causa — os ainda há pouco o Conselho do Custo de
argumentos desses Fabrícios que têm Vida dos EUA não hesitou em con-
uma visão diferente da batalha que se ceder um novo aumento de 24%. E
trava. Esses argumentos foram muito nem o Congresso nem o Executivo se
bem sintetizados, por exemplo, por opuseram a esse nobre objetivo de tirar
Melville J. Ulmer, editor-contribuinte lucro de um desastre nacional. Os
da importante revista norte-americana impostos que o presidente Nixon se
The New Republic. lembrou de exigir podem ser
O mundo todo, diz Ulmer, encara repassados ao consumidor final,
hoje os países árabes com certa quando não anulados pela
irritação, ante os problemas que eles possibilidade de compensá-los com
provocaram a alta de preços que cada investimentos em novas fontes de
um dos consumidores enfrente; no energia.
entanto, não se ouve uma palavra sobre
Mas nem a irritação com os árabes,
o cartel internacional que tão nem a
cuidadosamente controla o suprimento de preocupação com a dependência
petróleo estrangeiro — diz Ulmer —
mundial de petróleo, divide mercados e
"primeiro devem encobrir uma verdade: os
arbitça preços, desde o e Estados Unidos
só terão segurança
infame" Acordo de Achnacarry, de
nesse setor se conseguirem controlar
1928. Ao contrário, lembra o jor-
aqueles que controlam suas fontes de
nalista, o governo norte-americano, o
energia.
Congresso e o povo acorrem
pressurosos em socorro das gigantescas ' Esses controladores das fontes de
corporações do petróleo, que são energia — Exxon, Standard Oil of
exatamente os líderes daquele cartel. Califórnia, Texaco, Mobil, Gulf e uns
Elas são convidadas — mais que isso, poucos outros — estão entre as 100
implora-se a elas que o façam — a maiores corporações industriais norte-
explorar as reservas públicas norte- americanas, lembra o jornalista. E
americanas (que contêm mais da adquiriram unra riqueza tão fantástica
metade das reservas totais dos EUA) e um poder tão assustador que são
tão rapidamente quanto possam, sem capazes de meter medo a qualquer
qualquer consideração pelos estadista; se necessário, são capazes de
problemas ambientais. mobilizar a máquina governamental
Generosamente, promete-se a esses em favor de seus lucros. A tal ponto
gigantes preços muito mais altos, não que Franklin
"o
Roosevelt certa vez disse
apenas para o petróleo, como para o que problema com este país é que
gás natural e o carvão (cujas reservas você não pode ganhar uma eleição sem
essas mesmas companhias trouxeram o bloco do petróleo, mas nro pode
"para
seu controle há anos,
previdentemente). continua na página ao lado
Üeja K-.ía 14 i]_ ,-i-.i.,
fl ^L ^^ _â^"-
I_r7^^^ k * NlatvL. -V_j__^\
^^^^a*jk'I^^^K *^3stt>. rtàtT^^^ogk
_____k%_C_A^_______ *t_-L-_r%_- ^______\ -__-*__
^^^^^^^k V»vT"(
_F*___!__
^^^ ^^_I
ea^feftg^^^l
^^^_____e^^^^^^s
co-etinuoçdo do pagino oo lodo
onde tradicionalmente atuam, como
também para diversificar seus in-
vestimentos. E seus negócios parecem
estar indo muito bem. porque segundo
informações da Hansons Letter suas
venda aumentaram de 1.75 bilhão em
1967 para cerca de 4 bilhões em 72. o
que signifka um acrécimo de nada
menos que I289"..
A Hansons cita também uma
missão inglesa, organizada pela
Confederação da Indústria Britânica,
que esteve recentemente no Brasil e
concluiu que o pais
"oferece
excelentes
oportunidades para comércio e in-
vestimentos". A nvssão assinalou,
também, que embora haja sempre o
perigo de uma brazilinization e de
"severas restrições _ salda de fundos
estrangeiros destinados ao pagamento
de lucros e dividendos", a urgência de
capital estrangeiro c tão grande que
dificilmente medidas nesse sentido
poderão ser tomadas pelo resto da
continuação do página ao lado
governá-lo com ele".
Então, que fazer?
Há soluções, garante Ulmer. Porque
não se pode escapar a um fato central:
a demanda de petróleo é inelástica. isto
é, não pode crescer ou reduzir-se
arbitrariamente: aumenta ou diminui
em função de fatores conhecidos, como
o consumo de combustível pelos
veículos, pelas indústrias, pelas usinas
de calefaçâo. Mesmo quando os preços
sobem mais que os de outros produtos,
a queda de consumo é quase in
significante.
Nesse caso. se nem o preço pode
reduzir muito a demanda, será sempre
altamente vantajoso para os barões do
petróleo assegura uma trajetória
ascendente para os preços do petróleo.
Graças a sua fantástica riqueza e ao
desperdício cuidadosamente
planejado, o* Estados Unidos hoje um
terço do petróleo produzido no mundo.
No espaço de uma geração, o consumo
total de energia no país triplicou.
Assim, não é por acaso que os lucros da
indústria do petróleo* são os mais
fartos, não é por acaso que muitas das
maiores fortunas construídas nos EUA
neste século tenham sua origem no
petróleo, não é por acaso que a in-
fluência dessa indústria no governo
seja maior que a de qualquer outra. Os
lucros da Exxon (maior corporação
industrial do mundo, em patrimônio)
em 1973 foram 50% mais altos que os
de 1972 e duplicaram em oito anos.
Ainda porque a demanda é
inelástica, são muitas as vantagens
financeiras de manter sempre um
pouco sedentos os consumidores de
petróleo. E nisso o governo norte-
americano t e"m cooperado
magnificamente. O Hot OU Act. de
1935, permite aos produtores exercer
um controle coletivo sobre as reservas
nacionais, com a prestimosa ajuda dos
órgãos todos os setores dessa indústria,
de oleodutos e depósitos, petroleiros,
refinarias e postos de venda. A mesma
.-__"__" _,-__***.".
• !_ IVll
_____l_______í^^^^^^______*^_kí_ae^ ._^
u^*hmM"
__Vl^L.
^^ip^TBIí ^___É_l
Vik
jtf
v>,
^nw "m ^^ 1 á
'V* ^ ^"^^ * mW ^_É_r ^^
^» á^^el ^^X * 'S^W^^ear
___& prt Jgmumà __P^B__ "¦^^^Siyf'^
BhtV*
HKa^Mfll \r^^
I _______fcl_i_i _e_-_^^• -^ 4r**^
\.
ápfc *_**-_< r ^1^^
década de 1970.
A publicação norte-americana,
comentando as declarações da missão
inglesa, acrescenta que se realmente hi
o risco de restrições às remessas de
lucros, ele tem origem em fontes não
econômicas. "Primeiro, da falsa noção
de que os estrangeiros são os únicos
beneficários do milagre econômico que
está fazendo um poder gigante do
Brasil. E a segunda fonte poderia ser a
falta de habilidade de executivos como
o da Volkswagen, que não conseguem
perceber que a experiência desta
companhia não é típica". A Hansons
confia, no entanto, que os brasileiros
"serão
capazes de responder a esta
infeliz ação alemã sem perturbar
fortemente o investimento de outros
investidores menos afortunados que
compõem de longe a maior parte dos
investimentos estrangeiros diretos no
Brasil".
li) Vero anigo Lucros (Pequenos?) na
América Latina. Opinião n.° 52.
benevolência governamental encoraja-
os a comprar as empresas que
comercializam produtos competidores,
especialmente carvão, e a associar-se
com empresas inglesas, francesas,
"con-
holandesas e italianas em
sórcios". As quotas de importação,
administradas por burocratas
generosos, servem para coroar o
sistema de controle das fontes de
abastecimento e, portanto, dos preços.
Não é de espantar, como observa o
técnico Christopher Rand. que as
companhias possam vender gasolina
no varejo a 21 centavos de dólar o
galão, quando não lhes custava mais
que 4 centavos por galão obter essa
gasolina no Oriente Médio. E ainda
por cima de tudo. as legislação sobre
esgotamento de reservas praticamente
exime essas corporações do pagamento
do imposto de renda.
A indústria do petróleo, afirma
Ulmer. foi cuidadosamente planejada.
mas não para atender ao interesse
público; foi cuidadosamente planejada
para atender à sede de lucro do
monopólio. Um exemplo: a legislação
que compensa com isenções de imposto
o esgotamento de reservas prevê um
cálculo que toma por base a renda
bruta na produção de óleo. não na
refinação. Esse arranjo estimula os
produtores integrados a maximizar a
isenção do imposto através da im-
posição de preços anormalmente altos
a
para o óleo cru. E como eles vendem
maior parte desse óleo oara si mesmos,
a tática não tem nenhum inconveniente
Mas isso ainda não é tudo. Os
produtores vendem também parte de
seu óleo a refinarias independentes. E
na medida em que mantêm " preços
"apertar"
altos, podem esses
competidores potenciais até o ponto
em que eles peçam socorro — socorro
venda
que significará sempre fusão ou
da empresa. Entre 1950 e 1967,
segundo a Comissão Federal de
Comércio, por esse caminho as maiores
empresas absorveram 73 outras, cujo
de
patrimônio valia mais de 6 bilhões
í
De quem é a culpa?
_*
iv. um mts depois de ter sido
decretado o noto tabclamcmo da
a-
varne e montado um esquema de
n_c_ltte*açào que prometia punir iodos
os (abusos, o abastecimento da carne
continua irregular nas grandes cidades
e ainda persiste a pergunta quem esiá
boicotando o abastecimento? Os
frigoríficos, os pecuaristas, os
açougues, ou iodos pintos?
Se o critério for o número de
punições, quase t_da a culpa pode ser
jogada em cima dos _.• ¦ ug_«-•• algumas
de/enas deles ji foram punidos pela
SUNAB no Rto. em Sio Paulo, em
Curitiba, cm Fortaleza, etc. Tem-se
noticia de uns poucos frigorifkos
punidos pela fHcali_aç_o — como o
Frigorífico Baggio de Paranavai
(Paraná) e o Guapeva. de iundial (SP)
— e desconhece-se a punição de
qualquer pecuarista. A ameaça que
pesava sobre os pecuaristas, caso o
abastecimento não fosse normalizado,
era a da requisição compulsória de
seus rebanhos para o abate. ist. é.
baseado nas declarações do Imposto de
Renda que todas as pessoas que
operam^ na produção ou comer-
cialização da carne foram obrigadas a
fazer até o dia 19 de dezembro
passado, o governo afirmava possuir
uma lista dos pecuaristas que dispõem
de boi gordo e que estariam sujeitos à
requisição de 2< I" de seu rebanho, caso
não vendessem o gado espon-
taneamente a 90 cruzeiros a arroba.
Mas até hoje. aparentemente,
nenhuma requisição foi feita e o
abastecimento continua irregular — as
filas para a compra da pouca carne
existente continuam, ao mesmo tempo
que os produtos substitutivos da carne
bovina experimentam uma elevada alta
(no Rio. um supermercado anunciava o
quilo do camarão fresco a 76
cruzeiros).
dólares (mais de 30 bilhões de
cruzeiros).
Os muitos benefícios fiscais que as
grandes empresas receberam — como
os preços mais altos agora autorizados
— têm sido justificados como in-
centivos à exploração interna de
petróleo. Sem dúvida eles estimularam
a exploração no passado, mas prin-
cipalmente em outros países. E isso
porque uma lei muit"> conveniente
permite aos produtores considerar
como impostos os royalties sobre a
produção de óleo que pagam aos países
do Oriente Médio. Ou seja. tudo que é
pago como royalties pode ser
descontado dos impostos a serem
pagos nos EUA. E assim, mesmo antes
do embargo, o petróleo extraído a
baixo preço no Oriente Médio era
vendido a cotações altíssimas fora dos
Estados Unidos.
Cabe então perguntar: os Estados
Unidos deixarão mesmo de depender
de fornecimentos externos em 1980.
como se pretende?
Se tudo correr como foi planejado,
responde Ulmer, talvez fiquemos
exatamente como estamos, isto é,
escravos dos barões do petróleo. E
talvez ainda em situação pior. Porque
agora estí. sendo oferecida a essas
empresas a possibilidade de explorar
as reservas mais preciosas, em terra e
no mar, ainda em poder do governo, aí
incluídas as reservas de xisto e carvão.
As empresas estão sendo estimuladas a
explorá-las a qualquer preço,
praticamente sem restrições. Já nas
últimas semanas, reservas de xisto de
Utah e terras promissoras da
Califórnia passaram às mãos de
companhias privadas, por decisão do
secretarie do Interior. A cessão de
faixas ricas na costa do Mississipi
Alabama e Flórida foi acelerada,
apesar dos protestos dos defensores do
meio-ambiente. E s Departamento do
Interior admitiu, com relutância, que
há 20 anos se vem permitindo à
Southern Oil of Califórnia e outras
i.t .1 - - '"___ * i
Carne
Mas - improvável qu« • maior culpa abauceimenio irregular deserta str
e-tejã .abendo aos ato**<t*v Fies irm
duas grandes ..-.•-••-*«•'¦. são os procurada" entre pecuaristas e
Irig-rifkos Ambos os _-.ei.ro, depois
âliimos eiO> da cadeia dt comer- .r o foterno se rrH-ttr-. disposto •
cialeVac-o da carne e. em geral, ÍIarar cumprir o tabelamento. apesar dt
pequenos .siabcietctnwrniuv Por Uti». nio enfrentarem -estenutamente a
úo «h que ¦-«•- «¦'_¦ ¦ capacidade de nova politka. estariam dispostos •
resistir _ crise e os mats fáceis de serem "pagar
para -cr" até que ponto o
autuados pela iHcaltraçao. e «aumente governo manteria o laMamento,
porque tendem o produto diretamente
Assim, sua tática coosw.na em soltar
ao público, Para um açouguc — que o boi cm doses h.^e-..ps!-..j»a os
comercialtia um único produto — ficar pecuaristas vtndemarn apenas pane do
sem carne si|ntfica cm geral abrir gado. na esperança de que o governo
falência. Sao assim bastante logo ascabe com o tabcJamento:
vulneráveis a quaisquer manobras dos enquanto isso. os frigorifkos também
Iriforilkot. como. por exemplo, a de só tenderiam pane do gado abatido
tender a came pela "tabela" e cobrar dentro das riormas da nova tabela, e
mais S cruzeiros por cada traseiro ou estariam estocando em câmaras
dianteiro entregue, a titulo de "frete". frigoríficas o restante (congelado) da
Evidentemente, os açougueiros carne obtida, esperando igualmente
procuram passar este custo adicional
que a tabela nâo dure muito. Talvez
para o consumidor, e acabam sendo porque já tenha constatado esta
punidos pela fitcaluaçãc da si sab manobra é que o governo recentemente
Além disso, mesmo que nio tenham deixou claro que. pelo menos durante o
nenhum custo extra, os açougues primeiro trimestre deste ano. a tabela
continuam afirmando que estão da carne não será alterada. Ao mesmo
operando com prejuízo desde que a tempo, proibiu o congelamento da
nova tabela da SUNAB entrou em carne bovina em todo o pais.
vigor. Açougueiros de Sio Paulo e
Santos já haviam promovido desossas Na explkação de Eduardo de
públicas — isto é. a operação de Carvalho, chefe da Assessoría
retalhar os dianteiros e traseiros nas Econômka do Ministério da Fazenda,
diversas^ panes que são vendidas à o governo aperfeiçoou um esquema
população — para provar que não para punir qualquer pecuarista ou
tinham nenhum lucro. mas. ao con- frigorífico que estocar o - produto
trário. prejuízos. Mais recentemente, pensando com um aumento de
foi a vez de um açougueiro de Corinto "queganhar
não virá". E enquanto não
preços
(MC) fazer a mesma coisa: retalhou se decide a quem punir em larga escala
um boi em praça pública e diante das além dos açougues. a solução tem sido
autoridades locais vendeu todo o aumentar as imponações: a última
produto à população a preços da decisão oficia! nesse sentido foi a de
tabela; no final, foi constatado um imponar 5 mil toneladas de carne
prejuízo de ISO cruzeiros. congelada do Uruguai, para abastecer
HomeopatU bovina os mercados do Rio e São Paulo, além
de continuar recebendo carne resfriada
Evidentemente, a causa do da Argentina.
"sugar" as Reservas
grandes Máfia pelos escoteiros. Os donos do
Petrolíferas da Marinha, permitindo- petróleo já demonstraram sua
lhes explorar na divisa dessas reservas capacidade de confundir o público e a
— numa aparente violação da lei.
administração, em todos os níveis. Os
Aproveitando o precedente.a in- técnicos governamentais não con-
dústria do carvão (estreitamente ligada seguem sequer obrigar as empresas _
à.do petróleo), está reivindicando uma revelar o segredo — guardado sob sete
autorização para aumentar a produção chaves — da homogeneidade da
em 10°. este ano. desde que abolidas as gasolina, isto é. o fato de que gasolinas
exigências de segurança no trabalho.' de octanagem idêntica são. como as
controle da poluição e consentimento aspirinas, iguais, independentemente
dos sindicatos. da marca sob a qual sejam vendidas. A
Ao todo. as reservas Je óleo de xisto mais promissora delas tem precedentes
em terras públicas dos Estados Unidos nos ÈUA e defensores ainda hoje:
são calculadas em 350 bilhões de trata-se de utilizar empresas gover-
barris, ou seja. o equivalente a todas as namentais para competir com as
reservas do Oriente Médio. Uma empresas privadas, de modo a in-
quantidade suficiente para abastecer fiuenciar positivamente a produção e
os EUA durante 40 anos. à taxa de os preços de bens mantidos sob regime
consumo prevista para 1980. Mas nem monopolístico. Um dos exemplos é o
a exploração dessas reservas todas será da TVA — Tennessee Valley
necessária num futuro previsível, pois Authority.
existem outras reservas enormes e mais Ainda há pouco, o senador Adiai
acessíveis nos EUA. no Canadá, no Stevenson III sugeriu a organização de
Mar do Norte, no Mar de Barants e em uma corporação pública paia explorar
outros lugares. E se há reservas reservas de petróleo e gás nas terras
disponíveis, porque continuar com- públicas, em regime de competição
prando petróleo caro no Oriente livre e aberta com as empresas
Médio? Ninguém duvida de que. a privadas. Mas é reduzidíssima a
prazo maior, os países árabes terão de chance de aprovação de tal lei ou de o
vender seu produto aos preços normais Congresso rejeitar um veto
de mercado. presidencial, num momento em que
Além do mais, não faz sentido todo mundo pede aos barões do
pensar que os Estados Unidos e outros petróleo que nos salvem. Colocar uma
países continuem desperdiçando proposta dessa natureza neste
energia, poluindo as cidades e as momento seria um desserviço. Do
pessoas nesse mesmo ritmo alucinado. ponto de vista político, o momento
Mais transporte de massa, carros oportuno virá, num futuro não muito
menores, uma arquitetura mais distante, quando o princípio da
funcional, o uso de energia solar e competição governamental com a
nuclear e outras formas de economia empresa privada talvez seja a única
são inevitáveis. arma disponível (fora a estatização
O mais sério e difícil problema do total), capaz de assegurar que a in-
petróleo parece mais institucional que dústria do petróleo e outras atuem de
técnico. Com os barões do petróleo no acordo com as necessidades públicas.
comando, e conhecida sua capacidade Enquanto isso, é preciso que o
de prover a escassez, como se pode Congresso se disponha a impedir que
assegura ao povo norte-americano um as reservas de petróleo, xisto e carvão
suprimento adequado a preços das terras públicas sejam vendidas ou
razoáveis? Uma regulamentação do arrendadas a preço ínfimo aos barões
problema pelo governo seria tão da indústria que as olham com olhos
eficiente quanto uma fiscalização da cobiçosos.

Nordeste
Perspectiva para 1980
vtti I <- milhlo 4§ qHilí.
metros q«*dt»4*»» 0 «>»f«leste è
C-*.
«•-..* na opinião de Hdbeno Silva —
do Banco do Nordeste do
rasd «B-NB» — a m»ux área sub=
Stésidcnie
4rs<efis«ditda do muiHki «vtâcntal
Numestudo rsxcotcmentr : - idgad* o
• BNB afirma
presidente a qoe o
nordeste nio sem «ompaníiàndo o
crescimento .;¦« pais r>«» em i *•" sua
participação na renda interna
brasileira era de I***"* e em |9?0 de
apenas _3«j%,
"Mesmo admitindo um eteseimento
anual de w* ¦ em média", di/ Hilbcno
"chegaremos a 1*0 com a
SiHa.
mesma posição observada em l%0. ou
se}a. retomando a MJ%"
O estudo denominado Sordette —
Rrtn,ipr«*o r Pfnprctivai analisa
também o setor industrial.
Representávamos em l%0". di* ek.
"8% da
produção industrial brasileira.
Dé_ anos depois — em I9?0 —
reg ístreU'Se uma redução para *"»"¦ A
Peru
Nacionalizando a Cerro
governo do general Juan Ve-
— fé". Agora, com a encampação dos
O lasco Alvarado encerrou I9"3 —
quinto ano da revolução peruana
nacionalizando os bens da maior
empresa estrangeira do pais: a norte-
americana Cerro de Pasco Cor-
poration. possuidora ái seis complexos
minerais (de cobre, chumbo, bismuto.
zinco, prata e tungstênio) e responsável
por 35**o da prodr.;ào de minérios e do
Total de metais refinados dopals.
Na cerimônia de encampação, dia 31
de dezembro, no centro mineiro andino
de La Oroya. o general Juan Velasco
Alvarado acusou a empresa de se ter
tornado "o mais completo símbolo da
presença tmperialista no Peru" e
anunciou que a panir de lp de janeiro
todas as suas ações passariam a
pertencer à Empresa Minera Del
Centro Del Peru (Ce.rominperu).
Discursando na mesma cerimônia o
ministro das Minas e Energia, Jorge
Fernandez Maldonado, qualificou a
Cerro como
"um câncer forte,
resistente, esmagador, sem compaixão
e implacável".
As acusações que pesam contra a
Cerro são variadas. Em primeiro lugar,
o governo afirma que ela envenenou, só
na região da La Oroya. as águas do rio
Mantaroe o ar. com arsênico, chumbo e
anidrido sulfuroso, afetando a saúde
da população rural e inutilizando para
a atividade agropecuária cerca de 700
mil hectates de terras. Os militares
alegam também que embora as leis
peruanas obriguem as companhias de
mineração a dar casas para seus
funcionários a empresa, em seus 71
anos de existência, jamais cumpriu essa
obrigação, devendo por isso ao governo
58 milhões de dólares. Além disso,
lembram ainda que a empresa não
oferecia a seus trabalhadores condições
satisfatórias de segurança e higiene e
vinha extraindo' nos últimos anos
-\pena_ minerais de alta qualidade,
deixando nas minas o de menor
pure/.a. o que certamente tornaria
pouco lucrativa a exploração futura de
várias jazidas.
A nacionalização da Cerro,devido à
qual. segundo o general Velasco, a
empresa "desaparecerá física, real e
nominalmente do país", não foi
recebida com surpresa nos Estados
Unidos. Há cerca de dois anos —
em b de janeiro de 1972 — a empresa
propôs vender seus bens ao governo
peruano. Este nomeou, então, uma
.omissão presidida pelo general Victor
Miro Quesada, atual presidente fa
Empre-.a Minera dei Centro dei Peru,
que durante meses manteve
negociações com os dirigentes da
Cerro! No dia 13 de setembro de 72. no
entanto, a, Ceyp^xompeu os en-
'declaração,
_f-.-r:mentos e nüViá
v„-V.._da em Lima e Nova York,
esperança è dt qut, «om os programas
de incentivo e At «Jtxni .'.:*.-.«*!«
tndostml pt^erevrsin ebrf #r no final
dos ane*"»«om a «•:<«>«* postsao de
**». isto é. com uma panttipasio dt
UW*.
Segundo o estudo, a região cm I^Ti
apresentou um derttii de MJ md
empreses, mas qut. de acordo com
estimativas de ttcnk»* da m. Id M t
do próprio BSB esse mutante seri
rcduiido com 1480 para 4& md, E
%abre o problema da alimentação no
nordeste o presidente do BSB dir qut
s6 a partir de 1*0, com * melhoria do
nhel de s ida e de renda, o habitante da
rona rural ter! condições de satisfazer
a dieta alimentar mínima diária jn*
dieada pela Organização das Nações
Unidas para a Agricultura e
Alimentação (FAO), *lque compreende
2550 calorias e
proteínas. O habitante
gramas de
da zona ur<
bana. porém, ainda estará abaixo
dessa média.
"mi
acusou o governo peruano de
bens da companhia, uma nova e
delicada fase de conversação deve
iniciar-se para determinar qual a
indenização a quela tem direito.
A Cerro, segundo seu presidente C.
Gordon Murphy calcula que suas
propriedades — incluindo as jazidas
do solo e do subsolo, que pela lei. no
entanto, pertencem ao Estado —
valham 145 milhões de dólares. O
governo peruano, por sua vez. ao cm-
campar a empresa anunciou que peritos
avaliarão o valor das suas minas c
refinarias. Desde já as divergências
quanto ao montante da indenização
parecem ser acentuadas porque o
governo estaria disposto a pagar
apenas 12 milhões de dólares à
companhia norte-americana.
Essa divergência quanto à in-
denização poderá criar um novo ponto
de atrito entre o Peru e os Estados
Unidos, semelhante ao que surgiu em
1%& quando o governo de Alvarado
nacionalizou e não indenizou —
situação que permanece inalterada até
agora — a subsidiária da poderosa
Exxon, a International Petroleum
Company.
IBM
Agora, a
Memorex
International Business Ma-
A chinês (IBM), a maior fabricante
mundial de computadores eletrônicos,
provavelmente ocupa no momento a
posição pouco cômoda de ser a em-
presa contra a qual há o maior número
de processos por violações da legislação
antitruste nos Estados Unidos.
A última frente de luta cotitia essa
gigantesca corporação foi aberta em
dezembro passado pela Memorex
Corporation, uma pequena fabricante
de peças e acessórios para com-
putadores. que acusa a IBM de tentar
monopolizar o mercado de com-
putadores e de boicotar seus esforços
para a obtenção de financiamento para
uma de suas subsidiárias, a ILC
Peripheral Leasing Corporation,
especializada em alugar equipamentos
periféricos para empresas que utilizam
computadores. Por isso, a Memorex
pleiteia que a IBM lhe pague uma
indenização de 3 bilhões de dólares.
Essa não é, aliás, a primeira vez que
a Memorex processa a IBM. Em 1970,
a IBM acusou a Memorex de roubar
Of-*4o 14 di rO***© dt 1*74
:it<-i_».... .-¦'-¦,c..--_ : _....-._., ítfWS
i-j-;^!*'! f 44 ftêtWè! esf lOMfM
u_dwvirol A ?.!««• -t» .¦--.i. »»«_.. .,
(«*Hs _,!»-* *k. _M '.' .:'. ai •.-*' Últimos lançamentos
J ,'-r«í-'. o<_ i-y.-.: «•!,«•»
. «mor** »!.*« »!..m?_$<•» ilícitas da
_. .!..»¦-,«•.{*« :
da Paz e Terra
MIM As duas ewfxesav chegaram a
um acordo tm» 0o* tribuna»* a
\Ur ¦ '.<* dftlfUHl |g fita* «ompu?
'_.!:-'..-_..:.-. 4ev*cv 4tí_«*-i*enf*is I a
'
IBM nào 0 retirou as acusações au*
linha frito contra da como atndi íht
' AÍ'"*43 \J
: xt . mm» indenização Mas o caso
_.%______ '>+
___/'
nao se encerrou ai, porque o i>- -. ti ãgÜÊm
lamento de lustra, que se .-,,¦.•..
desses dMcumeoit*, passou » ¦«-. • qut
a IBM lhe enttegasvc as Atas conv
putadortzad.s e iniciou uma acâo
contra ela, Essa acâo descri ser
,-'-x bfocmcnte peli Suprema
Cone dos Estados Wnidov e caso a IBM
perca se lhe restarão duas alternativas;
entregar as fitas ou pagar uma multa HUOlttA
jlW
H ***%xmmw<h* *-
4c I Vi mil drdares por dia, GUUA* _______________ *•-«*,%*•'•>*
O processo que a Memores está ARTE *t« .««iS
lM.'.»l»i
«t
___B__-P__r *¦
¦M » .!-•••.« jf-a__k«>-k*_>«
movendo atualmente contra a IBM é •OJtf «fO«
» »*»•?
parecido com doiv outrws preparados BRASILEIRA, • . . . . . . ál-J.^ ri. •__*-¦-
por fabricantes de pecas e acessórios HOJE IUL\SIIJ-IILt
para computadores: a Teles Cor*
poration. _ qual a IBM tese que pagar
259 milhões de dólares de mdcniraçào
(U. e a Califórnia Computer Products,
cujo processo contra a gigantesca
d© vários auroro»
Cr$ 40.00
© _al
corporação ainda está em andamento.
A IBM apelou no caso da Teles «21- JAPÃO. O CAPITAL SE FAZ EM CASA
estando as audiências marcadas para o ám Borbotn lima Sobrinho CrS 2S.00
inicio desse ano. e contra-atacou a
Califórnia Computer acusando-a de POPULAÇÕES MERIDIONAIS DO BRASIL
30,00
roubar segredos comerciais e do Olivoiro Viono CrS
desrespeitar patentes.
Além desses, três novos processos RESPOSTA SEXUAL BRASILEIRA
começam a incomodar a IBM. Apôs CrS 18.00
do Naumi A. do Vosconcoloi
quatro anos de preparativos, o
Departamento de Justiça decidiu em
novembro do ano passado iniciar, no O SEGREDO DA MACUMBA
do J. Lapassado o Marco Aurélio Luz . CrS 15,00
final de 1974. audiências para apurar
práticas monopollsticas dessa empresa.
A VIP Sistems Incorporation está. CRÍTICA E DOGMATISMO NA CULTURA MODERNA
— e a CrS 20,00
por sua vez. processando a IBM do Luclon Goldmann
sua subsidiária Service Burcau Cor-
poration — por conspirar para CONHECIMENTO DO BRASIL
dominar o mercado de processamento do Wilson Chagas CrS 12,00
de dados, e o inventor Vernon M. Bugg.
atualmente com 80 anos. acusa a IBM e
O ESTRUTURALISMO E A MISÉRIA DA RAZÃO
a American Tclephone and Tclegraph Cr$ 20.00
de terem feito um concluio para do Carlos Nolson Coutinho
manter fora do mercado uma máquina
usada em teletipo que ele fabricou em A FILOSOFIA EM QUEST/.O
do Piorro Fougoyrollas Cr$ 20,00
1940. Segundo seu advogado, a ação
iniciada por Bugg é perfeitamente
justificável porque a American PSICOLOGIA E ALIENAÇÃO
Telephone and Telegraph hoje em dia de Alberto L. Morani Cr$ 15,00
ainda está fabricando essa máquina,
após tê-la boicotado na década.
EDITORA PAZ E TERRA
II) Ver em Opinião n° 47 o artigo Av. Rio Branco 1 56 — 12.° s/l 222 Tel.: 242.7395
Manobras Predatórias e no n° 5b Um
Substancial Erro. RIO DE JANEIRO — GB
(2) Ver em Opinião n° 49 o artigo A
IBM. Outra Vez.
k ^x<\ s___-___H
íWt '/ m^Ê
/vH_. v' .^.l-l-l-l-l-IH
____m__Jamf Btr^-BL- ^H
____¦___¦____ ^ a*W^'^^\ m-vfmv '•' l-Jk» 'Jm I
_______ ___________________ Jr ^__H?V>% » _J_H_r -llm\
^^l ^_^_m _\*Tj__\__\ _____\
'• *_P_-RiT__-i WM I
__-^____-^___B_. M * W^p____\^_\wt^ai^___t______W____\
m£
¦» | %f*v______________^__________________________________________________
<,.,.a-,3o U do :i'ci. do H>*M
««un* umpM* %t uma poi*
Em a taipa no <«>m«u. .Vão í
to
«•mptt qw um um < iStga ae fim rom
•m lai numero da sofrimentos.
afmMadei e atpeeançaa perdida» f
pms\s«> «oi tar a l*Ma\ ano d* maio
trssafastfc. da Tche«a»*o«aquU. do lokto
tocaatrar tantos acontecimentos
Impoetonim. A attttraeno da llnioria
também colaborou para Usai a
croaolsgU CaSmta outra ano ttrruel
chega a peetkr suo força comparada
eom a da 1973.
Se qakéoaemi» rtaumlr I9M a um
formula st podaria dfrer qw foi o ano
em qw parteco. pela primeira ser. a
profunda brocha qoe ameaça em sua
baae moral nosso unlterso matertalbia.
Do outro lado da cortina dt ferro —
com tictCaio-da Roasla e. taiter, da
China — ckaaparectu a fé nos talorct t
na hierarquia da cidade para mullot,
principalmente para os Josens. Paris e
Praga se Imbuíram de sonhos
românticos de festa e liberdade: pelo
espaço de uma primavera ou de um
«crio se acreditou posthel escapar à lei
Inflexível da dltisao do mundo.
No entanto, o mundo dhldJdo
sobres iscu. Esse mundo onde mio é
arotuclháscl ser comunista além de
uma cena Unha ou nan sé-lo aquém
deua mama Unha. Im mundo no
Árabes, 1973
O ano do renascimento
guerra de outubro foi o fato
A marcante no mundo árabe cm
1973. Ela mudou a posição egípcia
entre os Estados árabes e a posição dos
Estados árabes perante o mundo. O
jornal egípcio Akhhar ai Yaum
publicou no dia 10 de novembro um
cartoon. no qual um grande peixe com
a inscrição 6 de outubro engolia outro
menor com a data 5 de junho. Este é
um dos sintomas de que o sucesso de 6
de outubro de 1973 apagou as
humilhações da guerra de 1967.
A precisa coordenação entre o Egito
e Síria no campo de batalha, o com-
pleto segredo do inesperado ataque, a
façanha técnica da tomada da linha
Bar-Lev,- o cuidadoso avanço e as
batalhas subsequentes, que custaram a
Israel tão grandes baixas — em um
mundo em que se acredita ter vencido
por não ter sofrido a derrota
— todos
esses fatores provocaram mudanças.
Os árabes percebem que mudaram as
bases das suas relações com Israel.
O status do presidente Sadat foi
mudado mais dramaticamente ainda:
passando dé uma figura passiva,
debilitada pela situação estacionaria
de uma guerra que não acontecia, sem
no entanto conseguir a paz, ele agora
comanda com considerável respeito,
por ter sofrido em silfincio enquanto
preparava a guerra de outubro.
, Esta guerra teve também o mérito
de criar a mais coerente unidade árabe
nos tempos modernos. Durante a
guerra, muitos Estados árabes fizeram
contribuições diretas em equipamento,
armas e dinheiro ou então através do
petróleo. A reunião dos países árabes
em Argel, entre 26 e 28 de novembro
(da qual Líbia e Iraque se ausentaram),
reafirmou a unidade dos países árabes,
uma ocorrência extraordinária nesse
tipo de reunião.
Do ponto de vista militar, a guerra
de outubro revelou uma performance
inconstante dos árabes. A habilidade
egípcia em conduzir as operações
limitadas e o aperfeiçoamento da
eficácia do uso de mísseis por Israel
e novembro, depois de negociações
Egito foram desequilibrados a favor de
Israel quando este levou suas forças a
•atravessar o Canal de Suez, no dia 16
de outubro. O Egito foi_penosamente
lento ao reagir a essa ação e as forças
de Israel foram capazes de estabelecer
Nova coli llljr.r-avt.il para um velho problema
qual o fato dr naarrr num determinado
puniu do globo ou «m outro determina
• riquera ou pobrera do lndi«tdoo, f
este «mundo dos ícalpoliltaer. daquele*
que. tom» Mttternlch. proclamam
que
"a aite de g*o troar nao t senão
a «ümia dos Inlrmscs de Utado".
Parecia que a dlslsâo batia mais do
que sohrttlrido. maa qw sa havia
consolidada com o eoaaar-fogo do
Vlttni. negociado por Klsslngtr
cercado w bombaa e dólana. O sonho
de Allende qw raewata a lai da
di.itáu não s« t«ei desfeito na fumaça
dos ptiolót* de ciecucao? Não st
prvaencioo a figura dt Brtjnt* st
tilblndo Junto ao homtm dt
Wâttrgait?
Mesmo quando o Inieresst em rattsa
é apenas o podrr t necessário cuidar
dtk. stm negligenciar nenhum de seu»
aspecto». Os Estados Inldos Jà dttfam
ler consulado que ot B-52 e as arma*
mab tofltllcada» representam poocx.
frenle a um poso "de pé» descalce***
"felicidade" Imposta
qw recusa uma
dt fora para dtntro. O ano qut passou
eneonlra-st cheio de descobertas desse
tipo.
Os bratlensn csutam dt ul modo
eonsletos dt strrm Insencistls que
assistiram até o ólllmo minuto a dupla
ofenslsa qut st prepara»* diante dt
seus olhos. Agora eles sobem que esta
"recusa árabe" nm. é produto da
uma cabeça de ponte que cortou a
rodovia Cairo-Suez. sitiou a cidade de
Suez e isolou a metade do III Exército
egípcio no lado do Sinai do Canal de
Suez. Foi em parte devido a estas
talhas que o general Saad el-ShazIy
e os comandantes do II e III Exércitos
foram destituídos em dezembro.
Devido à relutância dos egípcios em
fazer investidas agressivas, depois do
avanço inicial no Sinai, suas manobras
se tornaram suficientemente previsíveis
para permitir que Israel, com alguma
segurança, voltasse sua atenção para a
frente síria. Assim, Israel conseguiu
recuar as tropas sírias, que tinham
avançado a considerável custo para os
territórios ocupados na guerra de 1967
de
por Israel, atingindo as colinas
Golan. No final das operações, a Síria
acabou perdendo terrenos adicionais,
enquanto a presença egípcia no Sinai
equilibrava a ocupação israelense na
margem ocidental do Canal. As baixas
foram aproximadamente de 20 mil
Síria.
pessoas no Egito e 30 mil na
A melhoria das posições árabes veio
não só do bom planejamento e
organização mas também do proveito
tirado da crescente crise internacional
de energia e. da instabilidade finan-
ceira, que tornaram o petróleo uma
arma poderosa. A conseqüência final
dessas pressões foi a conferência de
Genebra, onde se reuniram delegados
árabes e judeus a 21 de dezembro, para
a abertura da conferência de paz, sob
-os auspícios do secretário-geral das
Nações Unidas, Kurt Waldheim, mas
sob o mais efetivo co-patrocínio dos
Estados Unidos e da União Soviética.
Os problemas relativos à retirada de
Israel dos teritórios ocupados, a
e as
questão palestina, Jerusalém,
de segurança do cum-
garantias
vistos por
primento dos tratados são
como sendo
todos os participantes
incrivelmente difíceis, e a conferência
talvez seja protelada. Mas a guerra
também terminou com um princípio
árabe de longa existência. A 11 de
Abdel-Ghani
quase diretas, o general Yariv
ei Gamasi e o general Aharon
Egito e Israel, no
assinaram, por
rodovia Cairo-Suez,
101 da
quilômetro
o primeiro documento conjunto desde
"1949.
Tendo provado que eram
O ano da verdade
Imaginação dt Initltrtaal»
rvclrfiAadin mas o grilo de milWt d*
Indlitdoot am qual* não ha.tam
prestado atenção.
Aqwles qw ha.tam amolado naa
promessas dt uma ttttiensão tttrna
t>«fa«-bera». * partir do alma ooclta/,
o abHmo Jonio do qual sew fruios
órldos continuam Itaiamtait (e
quanto!) a st dtstn»ol»te. Im agitação
tm Altna». uma bomba tm Madri
foram tuiVrltntts para arruinar tm
algum minutos projttos dt trssnslcâo
política há molio tempo parsdkasòw.
No tnunto. assai otctpçõta eonum
pouco para aqueles qw elaboram m
planos econômico», ftt et. Ignorando
delicadamente as profteiaa dw
Cassandras do Clubt dt Roma,
aertdliaram poder lnscrt»tr no Interior
dt nosso mundo a promessa dt um
dtstnsotslmcnlo Indefinido.
As luaies apagada»
Mesmo qw a guerra dt outubro não
lltestt estourado, o espectro da grande
penúria, misturado <so da Indomável
Inflação, teria cedo ou tarde «pagado
as lu/e» da grande fetu da abun-
dáscU. Ot emires árabes não a itriam
esptrado para expressar stu eresetnte
repúdio ao esgotamento dos estoques
limitados do ouro negro em troca de
um dinheiro com o qual não tinha o
'¦
,.m< -' —-**^Bt
y~^ *a^K
¦s' ., ,.
•'•—«v* '—-.•- ¦—¦¦-'^'^Ê^'m*'
'. fJe*tr .a-aj^.TaifattmOBaw aViaivcT' ^**JBBHkaa*á»»Sàã»t.
a^ásssTataMÍ
'/**" -í-^fl KaT^^aSsM
WwÊB^Jl ^ksW^a^r
^ HlL»»»»»»»W
Soldado árabe, depois de cruzar o
capazes de enfrentar Israel frente a
frente no campo de batalha, os egípcios
sentem-se agora aptos para fazer a
mesma coisa nas mesas de negociações.
A mais efetiva arma internacional
dos árabes foi o petróleo. Basicamente,
a mudança de vantagens para os
fornecedores em detrimento dos
compradores no mercado de petróleo,
começou em 1973 com os aumentos
crescentes dos preços (D. Mas a guerra
acelerou o processo, como demonstra o
pre.ço de venda do barril de petróleo
iraniano a 17 dólares.
A redução na produção e ó embargo
seletivo tornaram o petróleo uma arma
eficiente, que proporcionou o
inesperado espetáculo do conservador
rei Faiçai da Arábia Saudita,
liderando outros amigos dos Estados
Unidos, como o Kuwait e alguns
Estados do Golfo Pérsico, no uso do
petróleo para pressionar politicamente
os Estados Unidos (além da Europa e
Japão) a obrigar Israel a se retirar dos
qw íaret. Mas o embargo, combtaido
com a brutal frustração des preços dt
pttrolto. trio «-ivrgmei a cena eom a
rapider dt uma lormeni» de tttembro.
A sociedade dt consumo qw tm 190*
hatla otacobtrto. t depois tsqotddo.
sua tulwrabUldadt moral, «olloo a
descobrir da mesma forma nessa ano
sua ««JoarraladltUde econômUa
Ela rtagla. tm stu conjunto,
rtlglndo. para não partetr muilo
tgolsta. algumas mtdldas dt
awttridasdt. Arooltc* qw não é
aptna* redtulndo a «ttortdadt na»
tstradas ou o aqutelmtnlo nos
teufleiot qw st poder» tnfrtnur a
transformação fundamental das
concflcòt» da economia eaplullsta. ou
seja. a paisagem da época dt energia
barau para uma dt energia cara. £
preciso eliminar o desperdício, é o qw
tt repete Stmprr. No tnunto. qoe teria
dot milhões dt Indhlduot que .Item do
produto do dttptrdlcio?
O qw lest inklo esse ano foi a solta
ao debatt sobre os "lermos dt troca"
enirt o mundo rico e o pobre. Assim
como a qwda dt Mossadrgh. tm 1952.
significou a última «Ilórla do
capitalismo iniemarlonal sobre um
pau produtor dt petróleo, do mesmo
modo a qwda dt Allcndt poderia ser
?Ista como a ultima siiória da» grandes
companhias americana» sobre os posot
decididos a retomar o controle de tua
A\wr
^A \ ¦* \ | a«>,«t ta *" a>i*éWl^.i?''*'
ha ' ' **^*""^
mw Mkssa #*
«•¦^^
**¦¦ st^»»ssaw> ^*í'
I t_*jfa"*I^B»sifai^L <»* a-*|*.— ^^a»»-»^*.
'^» " ""
f ataagaÉf^
a^Ttf" >*P~
'^
>j.
.-C' "*»:»" •
.*". V r]^^*1" -V»V l*a*a£^Bt if r i*
«xá 03lV^L
Canal de Suez,
territórios ocupados.
Durante esse processo, tornou-se
claro para os árabes que. numa
situação de instabilidade financeira
que causa consideráveis perdas
monetárias, os lucros do petróleo estão
mais vantajosamente depositados no
subsolo do que com os financistas
europeus. Além disso, com as reservas
de ouro e de dólares dos Estados
árabes atingindo em fins de agosto o
ti) Ao mesmo tempo, a OPEP durante
esse ano mobilizou-se mais no sentido
de adquirir participação majoritária
nos países estrangeiros. Os atuais
acordos que se aplicam por exemplo à
Arábia Saudita e aos'£stados do Golfo
Pérsico, determinando o aumento de
sua participação dos atuais 25% para
51% em 1982. têm sido postos em
questão por atitudes induzidas pela
guerra e pelas ações de nacionalização,
imediata por parte do Iraque e da
Líbia durante o ano.
principal fonlt dt rtqwra. Os ddadiot
do mundo rko irrito qw t* habituar
com a idéia dt qw a época tm qw IS"*
dos habtunir*» do globo dhpunham dt
•.V dos rteursos
Já acabou. I os rico»
do Ttreelro Mundo qw. frtqwn*
ttmtnte. são htm mab ricos qw os
outrosa lambem st loclutm na
tmwoâri» rs^Hstribulcão.
A oftnslsa agora intrlada pode ter
•^nstqutncia» lotalmtntt oposta». Os
Estados Unidos lém toda a
posslbllldadt dt st afastar do
problema. I le» posswm recurso»
InesgoUsth t tua htsfória tttá ehtia dt
rcacoe» aos Inúmtros desafios qw a
naturrra. a economia t a» potência»
hostis lhe fl/tram. Para a Europa a
situação st aprtstnta dt forma
difertnit. Ela encontrou os tlernentot
do poder mas heslu tm st apodtrar
deles. Pressionados inltrnamtntt por
um corporalIrismo cego. teu» gostrnos
te mamem entolsldos em dlspuu»
medíocres, herança lamentàsti das
gwrras frairicida» que, durante um
milênio, destronam sua imomparàtel
substância. Resu à Europa pouco
tempo para impedir qw a crise
econômica elimine o que ainda possui
em matéria de independência e Ins-
liluicões democrática» que. na época
contemporânea, conslitwm um luxo
quase tão raro quanto o silêncio ou o ar
puro.
1 __iof*^^^^
atilia/rX
¦ â0^^^^^p
• ^i*.h^-ms^Z.
i- ¦ .^»aTa»»»»»»l a»»»»»»»SSw. "*-*aj ¦
m* *** SÚ
'•
/ rim.
"*£
Otir¦ *5>i.'*/
v '*'
¦ ~?U 0 '^3l&L"ii'Jw&*''r -:*w** **•'
¦ c ?* — ¦*¦ jfctv ,/ ***««t ¦' *».. r
aav faj****** •^¦'^my
""
wrk-a. "^"''^fCTt
na guerra de outubro
montante de 11 bilhões dé dólares, ou
seja. b% da liquidez mundial, a
possibilidade de uso das finanças como
arma adicional ao petróleo já é
debatida.
O presidente Sadat usou táticas
similares na política árabe. O ano no
Egito iniciou-se com agitações
estudantis e. em março, Sadat demitiu
de seus empregos da União Socialista
Árabe 105 jornalistas, muitos deles
esquerdistas. A 27 de março Sadat
demitiu seu primeiro-ministro, Aziz
Sidqi. e assumiu ambas as funções,
além do comando militar. O novo
"estágio
foi formado para o
gabinete
de confrontação total".
Durante o ano, Sadat
progressivamente desarmou seus
adversários e como ato final de
reconciliação, no final de setembro
(entendido nesta época como sinal de
fraqueza), reconduziu os jornalistas a
continoo na página 10

10
contirwocoo do pagino 9
mus ctrfM t Ubtftou oi estudantes
pretos. A guerra cotio te desenvolveu
wn nenhum vestígio de oposiçio.
apesar de pofftrlomMott bater criticas
nilhara a aceitação por Sadat do
acordo de cessar-fogo de 22 da
outubro, a da dependência dca Estado*
Unidos para essa soloçlo, através da
Henty Kissinger.
O mais valoroso multado do
pragmatismo recoocUlatorio
de Sadat
foi a estreita aliança com o rei Faical*
da Arábia Saudita, cujos fundos
fornecidos pelo petróleo garantiram,
além da ajuda financeira direta,
também o dinheiro para pagamento
das armas soviéticas. Sadat também
trabalhou para melhorar as relações
com o premente Boumcdienne, da
Argélia, que teve um papel importante.
contribuindo com armas a homens
para a batalha, fazendo uma viagem
secreta de negociações a Moscou no dia
14 de outubro, além de organizar a
bem sucedida reunião dos Estados
árabe* em Argel.
A mais critica aliança do Egito foi
com a Síria. O presidente Hafex Assad
teve sua popularidade incrivelmente
aumentada como resultado da guerra,
de maneira semelhante a Sadat. Antes,
teu governo mostrava sinais de ins*
tabilidade. As perdas sírias durante a
guerra foram consideráveis e além das
baixas pesados danos foram causados
â infra-estrutura econômica, estimadas
em 880 milhões de dólares.
Houve uma conferência em
setembro, no Cairo, com a presença de
Sadat. Assad e Hussein. Foi nessa
reunião que a posição dos jordanjanos
como párias diplomáticos no Oriente
Médio terminou. Com isso a Jordânia
garantiu as linhas sírias na guerra de
outubro. (N. R. — mesmo sem par*
ticipar efetivamente da guerra, a
Jordânia por sua situação geográfica
impediu um possível ataque de Israel
pelos (lanços de frente Síria.) Na
reunião dos Estados árabes em Argel, a
Organização para a Libertação da
Palestina foi considerada a única
representante dos Palestinos, papel
que cabia até então ao rei Hussein. A
reunião do Cairo talvez seja a última
marca de seu reinado se os palestinos
finalmente aceitarem algum tipo de
Israel, 1973
O djesastre militar
e diplomático
político implantado
para modificar a qualidade da
Sionismo
experiência judia: os países fun-
dadores de Israel queriam libertar os
judeus das inibições e distorções de
uma minoria exilada, eles deviam ser
um povo
"normal", não mais
dependente, não mais merecedor de
favores, não tendo mais que estar
sempre olhando por sobre os ombros.
A maior ironia de 1973 é que Israel
termina seu ano de jubileu de prata
"judeu" no antigo
sentindo-se mais
sentido da Diáspora do que nunca. A
guerra de outubro significou a maior
crise de Israel desde a Guerra de
Independência em 1948. O Egito
cruzou o Canal de Suez e poderia ter
penetrado mais em direção ao coração
• da pátria israelense, desde que
houvesse maior controle e flexibilidade
da parte-dos seus generais. Tanques
sirios chegaram às encostas das colinas
de Golan, colocando a maior parte da
Galiléia ao alcance de sua artilharia.
O gabinete de Golda Meir sabia
com antecedência que era iminente um
' ataque, embora não estivesse certo
quanto à época em que ele viria. Os
ministros decidiram que desta vez, de
maneira diferente de 1967, Israel não
daria o primeiro tiro. Nas palavras do
"sacrificaram a
general Dayan, eles
vantagem militar à vantagem política
de deixar os árabes serem vistos como
os que violaram o cessar-fogo".
. Logo ficou claro que eles haviam'
subestimado as implicações. As in-
vasões egípcias e sírias foram maiores,
mais calculadas e mais efetivas do que
Estado composto pela Chiordinta t a
Faisa de Cara.
Ironicamente, quando procurava
estreitar as alianças no mundo árabe.
Sadat afastou<se justamente do pais
mais Insistia para se aliar ao Egito.
SuaI ano da 73 marcou a ascensio e o
eclipse do coronel Kadhafi a suas
visões da unidade árabe.
Kadhafi dou ajuda financeira a
petróleo ao Egito durante a guerra*
mas. por outro lado. da maneira In*
sistentecene>t»cacrii»cou©*planosde
guerra, a batalha, o cessar-fogo. as
negociações no quilômetro 101 e a
reunião de Genebra. Em dezembro.
Egito a Llbla retiraram saus
representantes dos respectivos países.
O Iraque permaneceu afastado do
eixo principal da política árabe. Lutou
na Síria mas retirou suas tropas logo
depois do cessar-fogo e nao com*
de Genebra, O
pareceu à reunião
Iraque criticou a maneira como a arma
do petróleo estava sendo usada a
aumentou seus níveis da produção.
Internamente, alguns retornos de
investimentos econômicos estio
aparecendo. Continuam a acontecer
incidentes com as tribos dos Kurdos. e.
em julho, o ministro da Defesa foi
morto e o ministro do Interior ferido
em um atentado frustrado feito pelo
chefe da segurança, Nazem Kazzar,
com o objetivo de dar um golpe de
Estado. Atritos de fronteira tiveram
lugar com o Kuwait, em março.
Para os palestinos, 1973 foi um ano
de frustrações. Perseguidos na Jor»
dânia. e com ação limitada em
qualquer parte, os palestinos operaram
com pequenos grupos, algumas vezes
em ações desesperadas de seqüestro*
da aviões e terrorismo, principalmente
na Europa, para atingir não só Israel
mas também os Estados árabes.
Se nenhum progresso for feito no
sentido de um acordo de paz, a morei
dos Exércitos egípcios dá mostras de
estar suficientemente alta para
reiniciar a guerra, com mais razões do
que as que levaram â guerra de
outubro, para lembrar ao mundo do
perigo de negligenciar o Oriente
Médio, num apoio táctico á dêtente dos
americanos e soviéticos.
Os árabes depois da guerra de
outubro têm um novo senso de vitória
— 1973 foi o ano da maturidade.
(Anthony McDermott, The Guardian)
• Washington participa na estabilidade
os israelenses tinham imaginado que.
Bar-Lev foi
fosse possível. A linha
ultrapassada, sua cadeia de pontos
seguros à margem do Canal foi
demolida ou capturada em poucas
horas. As colinas de Golan mostraram-
se uma barreira estratégica estreita
demais.
Além disso os resultados
diplomáticos imediatos foram quase
tão desastrosos quanto os resultados
militares. As primeiras ameaças de um
golpe com o petróleo, Inglaterra,
França e a maioria dos países da
Europa Ocidental proclamaram sua
neutralidade. Um número de Estados
africanos, cuja amizade tinha sido
cultivada tão assiduamente por Israel,
cortou relações num gesto de
solidariedade com o Terceiro Mundo.
Essa reação atingiu os israelenses
como uma bofetada. O mundo,
argumentavam, não fazia distinção
entre o agressor e o agredido. O em-
bargo britânico de armas foi
especialmente sentido por seu impacto
"unilateral". No primeiro fim de"
semana da guerra Israel preparou
aviões que esperavam balas de tanque
que já tinham sido encomendadas e
estavam pagas. Elas eram urgen-
temente necessárias para afastar os
sírios. Umà alternativa de
abastecimento dos Estados Unidos não
poderia ser obtida com a mesma
rapidez. A Inglaterra recusou-se. a
permitir que os aviões fossem
carregados.
Os israelenses que entenderam o que
estava acontecendo não perdoarão nem
esquecerão. Um antigo oficial do go>
«•no citou uma
"O lugar mais passagem
da Damas
quente do inferno é
reservado para aquém que. em
momentos da ate moral, escolhem a
neutralidade". Mas o desalento é mais
profundo, calculava-se que a
Inglaterra a a Prensa estivessem
agindo movidas paio medo e peso
interesse próprio. Israel encontrava-se
•solado nao porque tivesse feito algo
errado, mas porque os árabes estavam
ameaçando o fluso da petróleo,
A elevada retórica de w Alce
Douglas-Home somente aumentou a
sensação de que o mundo tinha aberto
caminho para o cinismo. As memórias
raciais estão aqui há muito, cultivadas
pela educação e pela experiência. Seja
o que for que os Ingleses e francesas
possam ter alegado como motivo, aos
israelenses pareceu que mais uma ter
os judeus eram considerados
dispensáveis. As colunas do»
correspondentes a os editoriais dos
jornais estavam cheios da alusões ao
fato dos mesmos Aliados tcjrem
rejeitado os apelos para bombardear a
linha de trem que levava a Auschwitz.
No entanto, os Estados Unidos,
principal preocupação de Golda Meir
na véspera do Yom Kippur. per
maneceu fiel e generoso. A auto-
omissão de Israel não foi em vio: se
tivesse atirado primeiro, o Congresso
poderia ter suspendido seu apoio tanto
nó que se refere ao enorme
carregamento de armas quanto aos
créditos facilitados que permitiram a
Israel pagá-la*.
Nixon tornou possível para Israel
ganhar a melhor posição no campo de
batalha. Terminou a guerra tendo se
apoderado de mais 600 milhas de
território sírio, e com uma pesada
vantagem sobre o Canal de Suez,
levando b Exército até 50 milhas do
Cairo. Mas a dependência de Israel em
relação aos Estados Unidos é agora
mais fundamental do que nunca, e
Washington não é um aliado
desqualificado. Embora até o
momento os americanos tenham
escapado aos piores efeitos da arma do
petróleo não são imunes a ela. E
também não podem ignorar o
desconforto de seus companheiros da
OTAN.
Mais especificamente, não está no
interesse dos EUA deixar Israel
vulnerável. Israel nunca pediu para
tropas americanas defenderem suas
fronteiras, e Kissinger não gosta da
idéia de ter que mandá-las. Se
do Oriente Médio, também precisa
participar na defesa das fronteiras de
Israel, reforçada, se necessário, por
garantias internacionais. Veremos
onde o secretário de Estado situa o
equilíbrio à medida que se desenrolam
as conversações de paz de Genebra
durante 1974.
Ninguém duvida que Israel terá de
concessões. O Partido
fazer
Trabalhista, no poder, reescreveu seu
programa eleitoral, colocando seus
planos específicos de investimentos e
de ocupação judia nas áreas ocupadas.
O general Dayan e seus partidários —
expansionistas porque acreditavam
que a paz fosse impossível e não viam
razão para os árabes ditarem os termos
da ocupação — agora estão na
defensiva.
As suposições básicas da política
israelense desde a guerra de 1967
tornaram-se desacreditadas. Israel não
pode garantir que conseguiria vencer
uma coligação de Exércitos árabes.
Apareceu a arma de dissuasão árabe:
a chantagem do petróleo. Agora as
superpotências estão engajadas e
ocupadas e não é nem possível nem
aconselhável sentar-se e esperar que os
árabes solicitem a paz.
A questão em Genebra não é apenas
ver o que Israel está preparado para
devolver, mas também que espécie de
paz desejam os árabes, é um grande
—
passo — até mesmo uma concessão
que eles se proponham a sentar numa
conferência de paz com Israel. Mas os
israelenses têm que ser convencidos de
que os árabes não estão apenas
procurando um trampolim melhor
para outra guerra. Ê menos uma
questão de declarações piedosas do que
da boa vontade que possa surgir
durante as negociações. Israel lera os
sinais dessa disposição e medirá seus
próprios riscos de acordo com isso.
(Eric Silver, The Guardian)
Á frágil vitória
de Golda Meir
Israel realmente dis
a se mirar dos territórtoi
BOfto
Estaria
árabes oesipadof, como um passtj
inicial para um aturda de pai no
Oriente Meda»? Essa pergunta, que ii
várias nações envolvidas no conflit
ctperatam ver morridas através dajt
umas, ficou sem resposta depois di!
apuração final da eleição para o
Parlamento cm Israel, no dia 31 do
dezembro passado.
Poucas eleições nos últimos tempojt
despertaram tanto interessa no
exterior. A raiio disso é simples:
conferência de Genebra, onda árabes
judeus discutem a paz no Orientje
Médio, encontra-se num pont0
estacionado até que se defina o nov
gabinete israelita que prosseguirá ai
negociações com os árabes. Além disse
depende dessas negociações o fim d
boicote de petróleo que atinge todoj
mundo. Mas essa grande atençi ao
tranformou- w em frustração em quaije
toda parte quando se anunciou ura
resultado que mostrava pouca s
modificações, permanecendo ainda o a
poder o Partido Trabalhista de Gold a
Meir. apesar de um ligeiro avanço d 9
partido da oposição, o Ukoud. Assimi.
a única conclusão positiva que se tíia
das eleições é que o recuo doMaarak e
o avanço do Ukoud trarão alguti s
embaraços extras às negociações em
Genebra. O bloco parlamentar d
Ukoud (direita) é mais intransigente
na questão de evacuação dos territórios
ocupados por Israel e adeptos de um
linha mais dura de negociações com cs
árabes.
Apesar da grande fé nas arma
adquirida depois da guerra de outubro,
os árabes se mostraram bastante
atentos ao desenrolar das eleições na
expectativa de que uma vitória decisiv
OMaarak
(frente trabalhista)
O Maarak (que signif tca
alinhamento) é a frente eleit< irai
constituída um pouco antes das
eleições gerais de outubro de 1969 pelo
Partido Trabalhista e o Mapam
(Partido Operário Unificado).
a) O Partido Trabalhista foi criado
em janeiro de 1968 em resultado da
fusão de três partidos operários:
O Mapai (Partido Trabalh ista
Israelita): principal partido do
movimento operário sionista, fundado
em 1930 por Ben Gurion e Golda M eir.
"tendências
social-democratas No
Tem
poder depois da criação do Estado de
Israel.
Ahdouth Haavoda (União do
Trabalho). Partido socialista que
abandonou o Mapam em 1954, em
seguida à decisão deste - último de
admitir árabes em suas fileiras Seus
principais dirigentes são: Ygal Allon
(vice-presidente do Conselho, no
gabinete de Golda Meir), Israel Galil i
(ministro sem pasta e princ ipal
conselheiro de Golda Meir) e IUhak
Ben Aharon (ex-secretário-geral da
central operária Histadrouth). Depois
de 1955 o Ahdouth Haavoda par-
ticipou de diferentes governos de
¦ coalizão que se sucederam em 'Israel.
Rafi (Chapa dos Oper^ rios
Israelenses): Criado em 1965 de uma
cisão do Mapai, provocada por Ben
Gurion, o general Dayan e Shi mon
Pérès, ò Rafi entrou para o governo de
união nacional formado à vesper a da
Guerra dos Seis Dias (1967)..
b) Mapam (Partido Oper ârio
Unificado): foi formado em 1948 por
elementos da ala esquerda do partido
- sionista socialista. Segundo
partid o em
ordem de importância desde a
do Estado de Israel, permaneci; na
oposição até o fim do ano de 955.
Depois desta data, sua infl uencia
OpániBo. 14 do raneJro do 104
dos trabalhistas permitisse dar poder
aos
"moderado» t Pinta» Saptr. Abba
Eban e Ytgai Altent, eliminando assim
oa
"falcões"
(Moshe Davan e Golda
Meir). o que fedUtaiia as negociações.
Se os árabes nio sabem ao certo o
que esperar do novo gabinete em Israel
a situação é mass nebulosa alada, Os
pnmc»rm resultados pareciam reforçar
o Ukoud c consequentemente a ala dos
"falcões" dentro do Partido
Trabalhista. Mas alem dessas divisões,
atual frente a que pertence o Partido
Trabalhista, o Maarak é uma coalizão
formada com o Partido Uberal a o
Partido Religioso. O Partido
Trabalhista necessita destes dois
pequenos partidos para ter
maioria no
Parlamento. No entanto, esses dois
vistas
partidos tim pontos de
alguns
radicalmente diferentes em
assuntos, o que tornaria instável a
frente do Maarak. Essas divergências
se tornam mais acentuadas, agora que
o Partido Trabalhista depende dos
pequenos partidos para ter maioria. O
Partido Religioso pede uma par*
ticipaçSo maior em certos aspectos da
rida nacional e na política externa:
na
pretende influir mais decisivamente
educação. O Partido Uberal. por outro
lado. quer um ensino laico. quer in*
traduzir o casamento civil em certas
circunstâncias, chocando-se assim
frontaJmente com o Partido Religioso.
Desse modo. Golda Meir vai encontrar
dificuldades em satisfazer a interesses
opostos de seus dois aliados, para
manter a unidade do Maarak.
Mas na política externa é que a
aliança do Partido Trabalhista com o
Partido Religioso se tornará mais
critica. O Partido Religioso, embora
seja favorável á atual etapa de
continua na página ao lodo
Os partidos políticos em Israel
diminuiu. O Mapam retornou à
oposição em 1%1. voltando a par*
ticipar do governo em 1966.
Nas eleições legislativas de 1969. o
Maarak obteve 56 dos 120 lugares na
Assembléia. Devem ser ainda coutados
quatro deputados árabes (dois
muçulmanos, um cristão e um druso).
eleitos em chapas separadas de can-
didatos árabes ligados ao Partido
Trabalhista, mais um liberai in-
dependente, que abandonou seu
partido para se ligar aos trabalhistas.
O Likoud
O Likoud (O Agrupamento) é a
frente de direita constituída pouco
antes da guerra de outubro por
iniciativa do general Arik Sharon. com
vistas às eleições que estavam mar-
cadas para 28 de outubro. Fazem parte
desse agrupamento:
a) Gahal (Bloco Parlamentar
Hérouth — Partido Liberal) Obteve 26
lugares nas eleições de 1969 e com-
preende dois partidos nacionalistas de
direita:
Hérouth (Liberdade) Nasceu, em
1948, da organização armada secreta
chamada Irgoun e no qual Menahem
"chefe histórico".
Bégin é o
Partido Liberal Criado em 1961
pela fusão do Partido dos Sionistas
Gerais (direita) e do Partido
Progressista (centro).
Os , membros do Gahal per-
maneceram' na oposição até julho de
1%7. Depois, participaram do governo
de união nacional de Levy Eshkol,
constituído à véspera da Guerra dos
Seis Dias (1967.). Em agosto de 1970.
entretanto, os ministros do Gahal
apresentaram sua demissão em sinal
de protesto contra a decisão de
cão Jerusalém de aceitar o plano Rogers,
decisão esta que qualificaram de passo
inicial para o abandono dos territórios
ocupados. ' \'-"".
Opinído lá da roneíro d» t*?a
O novo Parlamento
elsscâet para o Kaaass» tPsr •
Aslamento) em larael,
nrigiainamme marcadas para Jl da
«entro a adiadas em rama da guerra
de eetdbro. meatraram poucas ver«
presas. Enteara o Partido Trabalhista
tenha eostcagaldo maior aásncre da
sotas, nio rnmcgaiu o wrklsntc para
ter saabna «o Parlamento, como
mostram os resultados definitivos das
ansvacSes.
Oa áraeas residentes cm Israel a ao
PortWo* obtidos
Trobolhlstos 81 56 (—5)
Ukoud 39 31
Partido Nacional Religioso 10 12 (—2)
Religiosos Ortodoxos 6 (—1)
liberais Independentes
Chapa Árabe (pró»trobalh!stas)
Chapa dos Direitos Humanos
Rokoh (esquerda pro-soviético)
0 (—-3)
3 (—I)
Mokod (•xtrema-esquerda)
continuação da pagino ao lodo
negociações com os árabes, enquanto
se discute o desengajaraento de forças
no Sinai, colocará sérios obstáculos á
negociação dos territórios ocupados na
Cisjordánia e nas colinas de Golan.
por considerar esses territórios parte
da história bíblica de Israel.
Aparentemente apenas uma -oisa une
esses três partidos: a convicçiojde que
a direita, através do Ukoud. não deve
assumir o poder.
Além disso, outros fantasmas
ameaçam a unidade do Maarak:
Moshe Dayan. O atual ministro da
b) Centro livre (dois deputados)
Formação de extrema direita fundada
em 1967 pelos dissidentes do Hérouth.
c presidida por Shmouel Tamir.
conhecido por suas posições favoráveis
à anexação dos territórios árabes em
poder de Israel.
c) Chapa Estatal (quatro deputados)
Formada pelos membros do Rafi que
se opuseram, em 1968. à fusão de
seu partido com o Mapai e o Ahdouth
Haavoda. fusão que se transformou no
Partido Trabalhista.
Os partidos religiosos
O Partido K Nacional Religioso (12
deputados) foi constituído em 1956
pela fusão de duas formações políticas
do sionismo religioso: o Mizrahi
(fundado em 1901) e sua ala operária
(fundada em 1921). O PNR sempre
participou de coalizões governamentais
constituída pelos partidos operários,
salvo um curto período de alguns
meses em 1958. em seguida a
divergências sobre a definição do
"judeu".
conceito de
Agoudat Israel (4 deputados)
Partido religioso ortodoxo (fundado em
1912) sempre permaneceu na oposição.
Poalei Agoudat Israel Partido
religioso ortodoxo operário (fundado
em 1924). tem dois deputados no
Knesset (Parlamento), alinha-se com o
Agoudat Israel.
Outras formações
Partido dos Liberais Independentes
(três deputados) ê o antigo Partido
Progressista, fundado em 1948. que em
1961 juntou-se ao partido dos sionistas
gerais para formar o Partido Liberal.
Entretanto, depois da criação do bloco
do Gahal (Herouth-Partido Liberal), os
membros do Partido Progressista
abandonaram o Partido Liberal, em
sssihòiiu' ocapsdos pedem votar para
a jsMalo «áe seiceseooss ktcass asas ala
para as «acfcmali. Nos anos anteriores»
a partscipatao do rWstorado acaba
vtata aunteãtastda; aa áWsaa ejejase»
em lOái. ZT% dos árabes amas para ,
votar compareceram ás cssssees. Mas
asse soa em c ooiequlncta da guerra, o
uacssualifeso árabe foi rarnudo a
cento resultado, abater do numero da
eleitoras ter aameatado. essa
proporção caiu.
ontorlor
(-•)
4
3
1 problemas como o de ajudar as pessoas
Defesa de Israel saiu das eleições
fortalecido, ao contrário do que se
esperava. Mesmo sem questionar a
lealdade de Dayan ao Partido
Trabalhista, já se discute abertamente
a possibilidade de que ele se torne uma
figura política com poder quase total
de veto para as concessões que não
achar imeresantes. alinhando-se com
os "falcões" do Ukoud.
Mas essa situação instável parece
que não vai durar muito. Já se fala em
novas eleições, para uma época um
pouco mais distante das paixões da
guerra.
1965. para formar o Partido dos
Liberais Independentes (moderados
de centro).
Rakah (Nova Chapa Comunista)
Antisionista e pró-soviético (três
deputados), formado em sua maioria
de árabes israelenses.
Moked (Objetivo) Engloba o Maki
(Partido Comunista Israelita, sionista)
formados de elementos exclusivamente
judeus e elementos sionistas
dissidentes do Siah (Nova Esquerda
Israelense) e do Mapam.
Mery (Movimento Radical
Israelense) formado com vistas às
eleições pelo grupo Haolam Hazé
(Força Nova) do deputado Uri Avneri e
uma parte do Siah, assim como pelos
promotores da chapa da paz. que
obtiveram em 1969 menos de 1% dos
votos.
Convém mencionar, igualmente,
várias chapas apresentadas por
pequenos grupos políticos.
Assim, os que se destacaram
em 1971 pela tentativa de melhorar as
condições de vida dos judeus orientais
de Israel apresentaram duas chapas.
Uma delas é presidida pelo deputado
Shalom Cohen, eleito em 1969 na
chapa do grupo Haolam Hazé, partido
que abandonou em seguida a
divergências com Uri Avneri.
Na cabeça de outra chapa, com-
posta de elementos de extrema-
esquerda, do partido Matzpen
(Bússula), se encontra o jovem Rami
Livneh, condenado a menos de um ano
a uma pena de 10 anos de prisão por
cumplicidade com organizações
palestinas.
Finalmente, o rabino Meir Kahane.
que se tomou célebre pelos seus
atentados contra instituições soviéticas
no exterior e pelos seus repetidos
apelos à emigração dos árabes de Israel
e dos territórios ocupados, presidindo
uma chapa de Liga de Delesa Judia.
União Soviética
Tempos difíceis para
os "vagabundos e parasitas"
B! lorís Vasttcvich Kosiin astá
trabalhando num emprego qaa
teoricamente alo eshte. £ sito fun*
ctonárto da assim chamada Ad-
ministracie para o Emprego da Mio-
de-Obra de Moscou, soo cujo controle
ia encontra o sistema relativamente
novo Je agendas da emprego da
capital russa. Ja que o desemprego
oneialmenta nio existe na sociedade
soviétka. as aglneias da emprego têm
que funcionar como anutnstiiuiçòcs.
De fato. como assinala Bons Kostin.
ata é um homem muito ocupado e o
trabalho da rede de agencias de em-
prego tem aumentado desde que (oram
criadas, há três anos. Cerca de 150 mi)
pessoas dirigiram-se às agências de
emprego de Moscou no ano passado.
Segundo a teoria soviética, o
desemprego foi eliminado em 1030 e
nio existem salârios*desemprcgo no
pais. Mas na prática existem
a encontrar trabalho no mercado assim ?
que deixam m escolas ou quando
querem mudar de emprego.
£ uma transgressão qualquer pessoa
ficar sem trabalho por mais de quatro
meses. Um cidadão que quisesse ficar
sem trabalhar teria muita*, dificuldades
em escapar à caçada das autoridades
atrás dos "vagabundos e parasitas".
Entretanto, a teoria de que o
desemprego nio existia retardou até
recentemente a criação de agências de
emprego. Nos piores dias da época de
Stálín. essas agências eram
menos essenciais, pois de acordo com
leis promulgadas em 1940 e 1941 as
pessoas eram vinculadas aos seus
empregos. Era uma violação faltar ao
emprego ou tentar mudar de trabalho.
Após a morte de Stálin. essas leis
foram relaxadas e. por fim. as últimas
restrições desse tipo foram abolidas em
1960. A mudança de emprego tornou*
se comum.
O principal objetivo das agências..
explica Boris Kostin. foi diminuir a
quantidade de tempo que as pessoas
gastavam procurando emprego
reduzir o índice de mudanças
"por
e destes, vêm as donas de casa que
razões insignificantes".
Moscou é uma área em que os
trabalhadores se encontram num
mercado de oferta de emprego. Há
uma crônica escassez de mão-de-obra,
com o cinturão industrial da cidade se
expandindo mais lipido que a força
de trabalho. E há também falta de
habitações, que seriam necessárias
para que as autoridades permitissem a
migração para a capital de tanta gente
quanto gostariam os diretores de
empresa.
Consequentemente, os diretores de
empresa começaram a competir
mutuamente em busca de
trabalhadores e os jornais se encheram
de anúncios de emprego. Agora os
jornais foram proibidos de publicar
esses anúncios, a não ser que a pedido
da agência de emprego dirigida por
Kostin, e todas as empresas têm que
comunicar suas necessidades de
empregados a essa agência.
"Tornamo-nos uma
ponte entre as
empresas e as pessoas que procuram
"E
trabalho", diz Kostin. por termos
diminuir a força de
conseguido
trabalho flutuante, ganhamos
popularidade nas empres?.s".
Apesar das novas agências fo--
necerem um serviço útil aos indivíduos,
a sua prioridade central parece ser a de
servir aos planificadores e não aos
desempregados. Essas agências
• surgiram simultaneamente a uma
pressão geral contra os
"vagabundos",
esboçada por Brejnev e elaborada por
"Shelepin,
líder sindicalista, no início de
1970. As pessoas podem ser indicadas
para um emprego específico se per-
manecerem muito tempo ociosas.
As agências também visam dar aos
planejadores soviéticos o primeiro
quadro detalhado, até hoje, de como a
escasso?, de mão-de-obra no país afeta
cada região particular. Cada agência
deva elaborar uma lista da forca da
trabalho em sua área. assim como das
necessidades de cada orna dai fábricas
locais.
Oi benefícios que Isso trai è
plaaiffcaçáo racHnai são obvies, mas
as agfmdas despertaram ama suspeita
imcial tanto entre as empresas como
entre as pessoas comuns* que sentiam
que o nssteado Ibre de trabalho local
seria destruído com essas agencias.
Artigos da imprensa soviética
continuam
"vendendo", isto é,
propagaadeaado. as agências de
emprego, explicando as suas vantagens
e tranquitixando os duvidosos. O
"Estas
Pra%da escreveu recentemente:
organizações nio violam os direitos
nem das empresas nem dos cidadãos".
Preferências oficiais a estas novas
agencias de emprego assinalam o
numero de homem*hora. isto i. a
de desemprego temporário
quantidade'podem
que elas ectmomizar. Como
ocorre com tantos outros aspectos da
política social soviética, é quase im*
possível ibter estatísticas nacionais,
mas ccasionalmente aparece um
quadro local.
Em abril, o Pravda informou que 44
cidadednhes do Kazaquistio tinham
agora agências de emprego e que a
média de espera das pessoas que
querem obter emprego variava de 51 a
22 d:as. No Kazaquistio. meio milhão
de pessoas utilizou as agências.
Mesmo que cada indivíduo perdesse
apenas 20 dias á procura de emprego,
continuou o Pravda. isto significaria
para a economia uma perda anual de
45 mil trabalhadores. Um artigo
anterior do Trud. jornal sindicalista,
dizia que em Kaluga. local próximo a
Moscou, as agências haviam con*
seguido reduzir de 24 para 13 o
número de dias que as pessoas levavam
à espera de conseguir emoreso.
Boris Kostin diz que a principal
categoria de pessoas auxiliadas pela
sua agência em Moscou são os jovens
que terminam o serviço militar. Depois
querem voltar a trabalhar fora e as
pessoas que querem mudar de em-
prego porque conseguiram um novo
apartamento numa outra zona de
Moscou, distante muitos quilômetros
de seu emprego atual.
Ele não possui estatísticas do
número de pessoas que estão
desempregadas contra sua própria
vontade, mas diz que há leis precisas
que controlam os direitos dos diretores
de empresa despedirem seus fun-
cionários. seja em grupos ou in-
dividualmente. O alcoolismo era uma
das razões mais freqüentes de
demissões, e acontecia que as mesmas
caras apreciem regularmente na
agência, passando de um emprego a
outro, numa rápida sucessão.
Se bem que os que procuram
trabalho freqüentemente se
apresentam às agências de emprego ao
acaso, a maioria das pessoas fica
sabendo primeiramente da existência
de vagas através de anúncios de jornais
ou de cartazes colocados nos inúmeros
quadros de aviso espalhados em todas
as cidades soviéticas.
Os quadros de avisos oferecem,
incidentalmente, a principal chamada
para~ a única forma de emprego
privado ainda permitida na União
Soviética, ou seja, o emprego de
criadas (criados) domésticas. Pequenos
cartões oferecendo emprego a criadas
ou babás são comuns nos quadros de
avisos em Moscou, ao lado de listas de
ofertas de emprego feitas pelas
agências, mostrando vagas para
engenheiros mecânicos, montadores e
outros tipos de trabalhadores.
O passo lógico seguinte das agência';
de emprego parece ser o de anunciar
ofertas de emprego em escala nacional.
As pessoas no Kazaquistão deverão
descobrir rapidamente que empregos
são oferecidos em Moscou, e vice-versa.
De fato, isto ainda não acontece.
II
Una das radas ? o problema, ainda
pendente, de como prover moradias da
maneira saiksto temente rápida e a
probabilidade de Moscou. Ut agrado,
Knv e outros centras urbanos da
Ratua Ofidmiai airatrem muito mais
Mente do resto do pais do que já o
«¦¦* iavaJsdaado. assim, a tentativa
dos plsnejaderai de controlar os
movimentos populacionais para as
áreas em destmeMmeote»
Um outro fator I ptovaveUtetnte o
medo nio declarado de que num%
época de escastu de forca de trabalho
um anuncio nacional de ofertas de
emprego poderia aumentar as pressões
por salários mais elevados
"Nòi alo anunciamos as
necessidades de Moscou fora de
"Outras
Moscou", dix Bom Kositn.
cidadãs também precisam de
trabalhadores", tfoawtnâa Staete, The
Guardian)
Espanha
O ajuste
de contas
que nos meios dirigen*
Aquelestes de Madri afirmavam, a 20 de
de/embro. que o atentado contra o
almirante Carrero Blanco foi um dos
acontecimentos mais importantes na
história do franquismo não se
enganavam. A formação por Carlos
Árias Navarro, novo presidente do
governo, de uma nova equipe com*
pletamente diferente da anterior
confirma as esperanças de uns e as
apreensões de outros.
O desaparecimento brutal de um
homem designado por Franco como,
ponto de equilíbrio entre as diferentes'
facções que compõem o regime não
poderia passar sem provocar uma
ruptura de estilo e. talvez, mesmo de
política. £ válido perguntar
atualmente se o controle exercido por
um personagem enérgico, que Prancc
havia colocado em junho no cargo de
ministro do. Interior, não levará dentro
de um longo prazo i colocar em
questão o processo de sucessão
pacientemente elaborado pelo caudilho
e pelo almirante Cairero Blanco.
Dois dos quatro ministros do gover-
no Carrero Planco. considerados como
amigos pessoais do príncipe Juan
Carlos, foram afastados. Não por suas
relações com o príncipe, embora este
seja um fator importante num sistema
em que as relações pessoais contam
mais do que as opções políticas.
Laureano Lopez Rodo. principal
vítima do rem?nejamento ministerial,
mais que qualquer outro preparou o
fortalecimento da posição do príncipe e
acelerou o processo que permitia a
este. algum dia. suceder ao general
Franco à frente do Estado.
O chefe de Estado.*atualmente com
81 anos. dando cada vez mais a im-
pressão de estar se desligando de suas
tarefas, chegou mesmo a defender
enfaticamente, nos últimos anos. a
escolha de Juan Carlos. Sim-
bolicamente ele compareceu, em sua
companhia, no dia 22 de dezembro, ao
serviço religioso celebrado em nome do
almirante.
Ê bem verdade que as instituições
são sólidas. Os dirigentes se felicitam
por isso desde 20 de dezembro. No
entanto, a lei orgânica permite um
certo número de interpretações.
Trata-se de perspectivas ligadas ao
desaparecimento de Franco. De
imediato, pode-se notar que ""
remanejamento feito por Carlos Árias
Navarro assemelha-se a um ajuste de
contas. Ele não hesitou em afastar
Fernande7 Miranda, vice-presidente, e
Lopez Rodo. ministro das Relações
Exteriorts.com os quais não mantinha
boas reuções. Duas personalidades
que representam duas correntes de
pensamento, ou mesmo dois clãs. e que
foram clímintnins ao mesmo icmpo em
beneficio de homens que. em sua
maioria, pertencem ã direita clássica,
autoritária, franquista. mas desligada
das lutas que vêm dominando há 15
anos a vida política espanhoi.i

I? .EDIÇÃO SEMANAL BRASILEIRA
^JF ^oooof
14 de janeiro de 1974
Petróleo e independência
44 D ela primeira tez ot peque
¦ not países tem a pottihilidade
de falar de igual para igual com at
grandet potências industriais".,. At
declarações de Carlos Andrés Pérez.
presidente eleito da Venezuela,
causaram uma certa penurbaçâo not
meiot ligados ao petróleo. £ que a
Venezuela, único pais da América
Latina membro da OPEP
(Organização dos Paitet Exportadores
de Petróleo), produz duas tezes mait
petróleo do tjuc o Iraque e tanto
quanto a Argélia e a Uhia reunidas.
Com-1.2 bilhão de barris por ano. é o
terceiro exportador mundial, embora
sua produção tenha acusado uma
sensível queda nos últimos dois anos.
No quadro da produção mundial, ela
figura com 6.5 do total. Principais
investidores na Venezuela, os Estados
Unidos são também os principais
compradores desse pais. Absorvem
cerca de 52*.'» das exportações
venezuelanas dc petróleo bruto. Os
demais compradores, pela ordem, são
o Canadá, a Europa e os outros países
americanos.
O líder da Ação Democrática :••/
soar alguns sinais de alarme em Nova
York. Londres e Paris, ao falar dc
exploração da "arma do petróleo", ao
fazer alusão a necessidade de uma ação
combinada "entre os países produtores
de petróleo" diante das exigências ou
dos países industrializados
"pretensões
que dispõem de tecnologia", e ao
afirmar que o petróleo deve "favorecer
a integração da América Latina com os
países do 3.° Mundo".
Ao proclamar sua intenção de
"nacionalizar as companhias
petrolíferas estrangeiras antes da data
prevista de 1983", ele chamou a
atenção para um pais cujo eventual
papel na crise mundial de energia
tinha sido um pouco negligenciado e
que foi, no entanto, o verdadeiro ins-
pirador da OPEP. Juan Pablo Pérez
Alfonso, ex-ministro das Minas do
governo Betancourt, foi um dos
primeiros a preconizar, nos anos 60, a
formação de uma organização
agrupando todos os países expor-
tadores de petróleo com a finalidade de
negociar em posição de força com os
países industrializados.
Os dois principais partidos políticos
do país, o COPEI (social-cristão) de
Rafael Caldera e o partido Ação
Democrática de Andrés Pérez (nas
eleições de 9 de dezembro os dois
conquistaram 85% dos votos) se en-
tendem muito bem quanto ao assunto
desde 1969. A lei chamada
"de
reversão", proposta nelo governo
Caldera e facilmente aprovada pelo
Congresso em 1972, prevê que as
companhias estrangeiras deverão, em
1983, entregar ao Estado sem
pretender indenizações todas as suas
instalações destinadas à prospecção,
' exploração, refino e transporte do
petróleo venezuelano. As companhias
são obrigadas a manter estas ins-
talações e equipamentos em bom
estado. O -rincípio de uma comissão
de controle foi adotado, em março de
1973, pelo Congresso venezuelano.
Nesse mesmo m?s, o governo de
Caracas decidiu fixar unilateralmente
os preços de venda do petróleo.
Consequentemente, estes duplicaram
"Nós
praticante e nos últimos meses.
não negoc; ios, fixamos os preços" —
declarou ' uigo Pérez La Salvia,
ministro is Minas do governo
Caldera.
Note-se .que o Equador, que está
passando por um espetacular boom
petrolífero, nao tardou em imitar a
Venezuela, modificando seis vezes o
preço de venda de seu petróleo bruto
*mr *\m\\ *9 «t^oooL^oH ^H^ooool Mmm\^mmm\ tfmmmV
5. rucáo* Ifolieni. 75 - ParU9e Tel. 7-709-129
VENEZUELA
Mareei Niedergang
uesde que a TexacoGulf empreendeu
a exploração tittemática de teut
campos de petróleo.
zt alta do ouro negro explica tem
dúvida que a Venezuela seja. com uma
renda per capita anual de cerca dc
1.200 dólares, aparentemente o pais
mait "rico" da América Latina. Mas ot
dirigente! sabem que esta
prosperidade relativa nào tem
nenhuma comparação com ot
superlucros obtidos pelas companhias
petrolíferas há quase meio século. Eles
também constatam que as estruturas
econômico-sociais não foram
modificadas apesar da múltiplas
tentativas dc diversificação da sua
economia. Os royalties do petróleo
continuam garantindo, em média,
quase dois terços dos recursos
orçamentários, e as exportações dc
hidrocarburetos representam 91% do
valor total destas. As instalações da
Creole Peiroleum. ("(filial da Exxon) e
da Shell, cm Caracas, ilustram essa
excessiva dependência, difícil de
romper. Os Estados Unidos, sozinhos,
investiram na Venezuela, prin-
cipalmentc do setor do petróleo. 6
bilhões de dólares, ou seja quase a
metade de todos os seus investimentos
na América Latina.
Explorar os recursos em petróleo
para favorecer o desenvolvimento é
uma constante na Venezuela, desde o
fim da Segunda Guerra Mundial. O
ditador Pérez Jiménez fez isso de 1948
a 1958, suntuosamente, acentuando os
investimentos espetaculares, retum-
bantes, inúteis. Prudentes e
pragmáticos, os governos da Ação
Democrática de Betancourt e Lconi, de
1959 a 1969, criaram a Corporação
Venezuelana de Petróleo — CVP —
que se tornou a companhia nacional de
hidrocarburetos, e implantaram o
sistema de "contratos de serviço",
destinado a substituir as concessões
tradicionais. O governo social-cristão
de Caldera continuou essa política com
um maior acento nacionalista.
Mas não é simples para um pais em
desenvolvimento lutar contra os
"gigantes" do
petróleo e as
multinacionais. Rômulo Betancourt,
chefe histórico da Ação Democrática,
levado* ao poder, pela primeira vez, em
1945, através de uma insurreição,
achava, na época, qu; a nacionalização
da indústria do petróleo "constituiria
um salto mortal no abismo". Ele
preferiu, o que não era tão ruim, impor
a regra dos "fifty-Jifty" (50%) às
companhias. Calcula-se hoje que as
reservas dos campos atualmente
explorados na Venezuela estarão
esgotados dentro de 10 anos. As
companhias estrangeiras admitiram o
plano de nacionalização por etapas na
esperança de poderem arrancar os
últimos lucros. Ao anunciarem uma
nacionalização antecipada, os
dirigentes venezuelanos, quer do
governo quer da oposição, dão sim-
plesmente prova de bom senso.
Querem, eles mesmos, vigiar a delicada
fase de transição e manter viva o maior
tempo possível a velha galinha dos ovos
de ouro.
Cinturão de petróleo
A verdadeira escolha que o próximo
governo deverá fazer não se refere ao
princípio da nacionalização. Ela está
na maneira de abordar o diálogo com
os Estados Unidos, que lançam vistas
cobiçotat para o
"cinturão dc
petróleo" do rio Orinoco, Ao longo do
grande rio. por 600 quilômetros Je
extensão e 50 de largura, ot peritos
"redetcobriram" uma zona ' já
explorada pelos geólogos há quatro
anot. At reservas são calculadas em
700 bilhões de barris. Muito mait
importantes do que as do norte do
Alasca.
"Quando o Orinoco for explorado —
escreveu James Akins. embaixador dot
EUA na Arábia Saudita — será uma
das três principais fontes de petróleo
dos Estados Unidos no mundo.
Estamos prestes a i...~estir ali 8 bilhões
de dólares". Por ocasião de tua última
passagem por Caracas. Wil.iam
Rogcrt. ex-secretário de Estado
americano, falou em favor de uma
negociação " de Estado para Ettado"
sobre o Orinoco. com o presidente
Caldera. O custo de produção de um
barril de petróleo no cinturão do
Orinoco terá muito elevado (10 tezes
mais do que atualmente no Oriente
Médio), mas esse -argumento perdeu
seu valor desde a rápida escalada dos
preços do petróleo no"omundo. Segundo
Lorcnzo Fcrnandcz. pais dtvc estar
preparado para assumir novas
responsabilidades. Possuímos no
Orinoco a maior jazida de petróleo do
mundo. Esse setor tem que ser
explorado pelos venezuelanos c em
beneficio da Venezuela".
Quanto a isso. Andrés Pérez foi
menos categórico: "Veremos todas as
ofertas, quer venham do Mercado
Comum Europeu, dos Estados Unidos
ou até da União Soviética". Esse até na
boca dc uma personalidade da Ação
Democrática, cuja linha diplomática foi
decididamente anticomunista de 1959
a 1969. nao é sem importância. Andrés
Pérez já deu a entender que romperia
com a "doutrina Betancourt", que
levou os governos de Caracas a
suspender relações com os regimes pré-
comunistas ou nascidos de um golpe
militar.
Ê verdade que a "doutrina
Betancourt" já não é aplicável na
América Latina de hoje, e que as novas
relações de Washington com Moscou e
Pequim levaram os dirigentes da Ação
Democrática a revisar sua concepção
um pouco dualista das relações in-
ternacionais. Conforme o programa de
governo de Andrés Pérez, a próxima
equipe dirigente "aceitará e
estimulará a participação do capital
estrangeiro no desepvolvtmento in-
dijstrial e agro-industrial". Recusando
o "dogmatismo", agirá "segundo são
critérios nacionalistas e pela defesa dos
interesses nacionais, mas sem
xenofobia".
Após sua vitória. Carlos Andrés
Pérez precisou que jamais imporia o
embargo sobre o petróleo "como os
árabes" e que desejava manter boas
relações "com todos os países do
mundo, sobretudo com os Estados
Unidos". Pode-se imaginar que estes
verão sem desagrado a volta da Ação
Democrática ao poder, mesmo que o
velho partido de Betancourt tenha
agora intenções mais firmes do que no
passado.
O próximo governo deverá contar,
embora tenha ampla maioria na
parlamento, com as eventuais ad-
vertências do COPEI (que será o
principal partido da oposição) e com os
ataques dos partidos da esquerda,
como o MAS (Movimento para o
Socialismo) de Pompeyo Marquez e
Teodoro Petkoff, ex-líderes
guerrilheiros convertidos em líderes
políticos. Estes reclamam a
socialização da indústria do petróleo e
não uma simples nacionalização.
Vietnã do Sul
J. C. Pomonií
guerra do Vietnã acabou. Ba
A foi riscada, apagada por uma
tontade maligna mat poderosa que a
contidera um fato do pattado. uma
página — já tida
— da História
Permanecem apenat at inetiiáteit
sequclat: ot combatet de retarguarda
daquele« que nada querem admitir,
algumat batalhat mortífera», mait de
S0 mil monos desde que a om foi
attinada...
No entanto, a guerra continua e at
pettoat parecem detorientadat.
"Entre ot tul-
Declara um intelectual:
tictnamltat médiot nota-te uma
espécie de pânico. Passividade? Taltez.
mat muito tenta. O sul-tietnamtta
ettá. de fato. obcecado pelos
problemat que te tente impotente para
resolver. Tente a cair na neurattenia.
Seria necessário que mudasse de tida.
mas ele se recusa. Aconteça o que
acontecer, as coisas tendem a piorar,
mas ele não reage. Não está nem
mesmo descontente, está desesperado.
Em vez de aceitar a realidade, ele
continua cm seu ritmo de tida anterior.
£ isto a paralisia".
Um dos responsáveis pela economia
do pais afirma por sua tez:
"As
pessoas não querem se dar conta de
que os bons tempos terminaram e que
é necessário preparar-se para a nova
situação Os intelectuais, os militares,
os políticos, os jornais, todos adotam
uma atitude negativa. Nesse clima, as
reforma vão bloqueadas. Seria
necessário dar prioridade à economia,
dar-lhe maior peso. Mas acontece
justamente o contrário. Nenhuma
decisão é tomada. Ninguém quer sair
do estado de guerra.
50% dc Inflação em 1973
Segundo algumas estimativas, a
renda per capita do Vietnã do Sul caiu
um terço, apenas no espaço de 12
meses, passando de 180 para 110
dólares. Em 1973. a inflação foi
superior a 50% e a piastra (moeda
nacional) foi desvalorizada uma dezena
de vezes. Mesmo que o montante
global da ajuda americana atinja em
1974 a 500 milhões de dólares, a in-
fiação deverá prosseguir no ritmo
atual. "Os americanos nos dão apenas
o suficiente para sobreviver", comenta
um sul-vietnamita.
Par;, alguns, a fase mais crítica já foi
atingida. Para outros, 1974 anuncia-se
como o ano mais duro, sobretudo
durante os seis primeiros meses. Um
técnico estrangeiro declara: "E-
eonomicamente, os americanos se
desengajaram do Vietnã desde 1972;
este ano as coisas aconteceram muito
mais rapidamente. A recessão foi
brutal. As pessoas vendendo suas
jóias... mas desde 1965 os sul-
vietnamitas estão acostumados a
gastar acima de suas possibilidades.
Não existe vontade coletiva para uma
reconversão, nenhuma — ou muito
pouca — previsão individual. Vive-se.
apenas, o dia-a-dia".
Saigon continua sendo uma cidade
animada, apenas, por mais ciclistas e
menos automóveis. Us restaurantes
ficaram vazios. Nos subúrbios, parte-se
para trabalhar bem cedo e com o
estômago vazio. Um padre, servindo no
subúrbio, declara: "Em algumas
famílias come-se apenas uma vez por
dia. Os'operários não qualificados não
encontram mais trabalho na região de
Saigon" A criminalidade aumentou, o
número de suicídios também. Não
existe mais vida noturna. O centro de
Saigon foi esvaziado da escória social
que o povoava e a grama e o capim
ocupam maiores extensões de sua
superfície. Mas ainda são muito
poucas as pessoas que fazem negócios.
¦•"Não ocorreu nenhuma entrada
substancial de capitais privados
provenientes do exterior em 1973",
constata um dirigente da economia
sul-vietnamita. "Os bancos in-
ternacionais e os países ricos esperam
«uo.-t.-a- ia dt jenolro dt .-»**a
de ttót maif do que r*ome*»xat.
etperam atos .¦.'¦<••¦••» a começar por
uma redução tubstancial em i..-.-.
orçamento militar E nlo temos metot
de faae Io".
Um técnico estrangeiro apresenta
uma opinião um pouco diferente
"Não
pode hater um rea,uttamcnto
automático, Um exemplo ditto é que
ot circuitos dt distribuição per*
manecem nat mãot de um grupo de
pettoat que controlam ot mercadot.
postuem o dinheiro e os meiot de
trantpone. Apesar da queda no
tolume de tendas, etías pn-toat
mantém tuat margent de lucro.
Controlam o tittema pelos doit ladot.
procurando organizar a penúria.
Trata-te de uma típica situação de
monopólio. Nestas condições, a
diminuição da demanda não pode
frear a alta dos preços. Seria necessário
impor a ordem em tudo isto". Entre
outras medidat. teria nccettário
acabar com os privilégios do Exército.
Alguns chefes de prmfnciat foram
remanejadot. alguns administradores
presos. Mas seria necessário muito
mais para restabelecer aquilo que um
funcionário chama pudicamente de
"credibilidade"
Uma toca de taJ no oc-esno
A ajuda francesa? Ela foi encarada
como um bom sinal, como um sopro de
ar fresco. Os franceses emprestaram
pouco mais de 25 milhões dc dólares,
ot japoneses sem dúvida dobrarão esta
quantia, pelo menos é o que se espera
aqui. Duas declarações, no entanto,
tlao a medida da desilusão existente cm
determinados setores. O senhor Vu
Guoc Thuc. um economista sul-
vietnamita, não pode deixar dc
comparar a ajuda francesa como uma
taça de sal derramada no oceano.
"Mesmo
que a França nos ofereça esta
soma a titulo de doação, em nada sairá
perdendo. £ a arte suprema da
publicidade praticada pela França; os
publicistas americanos muito
poderiam aprender com eles", declara
por sua vez. o But-Thtp /Pena de Aço).
jornal de Saigon.
Outro técnico estrangeiro calculou a
seguinte estimativa: para 10% da
população do Vietnã do Sul. o nivel de
renda acompanha — bem ou mal — a
elevação do custo de vida*. Trata-se das
famílias dos grandes e médios
comerciantes, assim como a de alguns
militares. Um segunda categoria
(alguns funcionários e os assalariados
das empresas privadas) consegue
ainda manter um nível de vida decente.
Trata-se de um milhão de assalariados,
ou seja. de aproximadamente 6
milhões de pessoas, sobre os 18 milhões
de habitantes com que conta o Vietnã
do Sul. Nas províncias, sobretudo no
campo, o nível de renda de quase 4
milhões de pessoas permaneceu
inalterado. Sobram 6
praticamente "instáveis":
milhões de 1 milhão de
mulheres abandonadas, desgarradas
de suas famílias, os refugiados não
reconhecidos, os abandonados à sua
própria sorte. São os miseráveis-dos
subúrbios degradados, das margens
das grandes estradas. O mundo dos
parasitas produzidos pela guerra.
A herança cruel
Alguns conseguem se sair melhor: os
manipuladores dos circuitos de
distribuição de drogas realizaram, em
outubro último, uma jogada muito
rendosa. Em seis semanas o preço do
ópio passou de JttO mil a 1.800 mil
piastras o quilo. Muitos viciados em
ópio tiveram que mudar de droga. O
preço do ópio caiu, então, de forma
radical e o da heroína começou a subir.
Como os consumidores da heroína são
viciados mais "seguros" e possuem
geralmente maiores níveis de renda, a
operação revelou-se altamente
lucrativa.
Para o resto do mundo, o Vietnã
constituía-se apenas num problema.
Problema que se tornava um em-
pecilho^ e grave risco à política de
distensão internacional. Agora este
problema já foi resolvido... No entanto,
neste pequeno e devastado país a
guerra continua.
Op-s-i-do la dt íOftOtfo do 1*7*
JANEIRO
I — Mercado Comum Europeu
entrada da Dinamarca, da República
da Irlanda c da Inglaterra.
S — Mali: ruptura de relações com
Israel. Vinte e doit países africanos
tomarão a metma dccitão no decorrer
do ano (19 deto durante «au apot a
gtierra de outubro do Oriente Médio),
— França, attattinato do
representante da OI.P <0rgam/ação de
übcrtaçii» dos Palettmot) em Paris.
— Guiné: Amllcar Cabral declara
a proclamação da independência
a Guiné-Btisau deverá ter feita
3ue
dentro de algunt meses,
13 — Marrocos: execução de II
oficiais aviadoret implicadot' no
atentado de ¦»»: -.*¦ de I9?2 contra
Hassan II.
16 — Chile: 8 mil trabalhadores dat
minas de cobre de Chuquicamata
realizam uma .greve de 48 horas em
protesto pela falta de .gêneros de
primeira necessidade.
21— Guiné: assassinato de Amllcar
Cabral, líder nacionalista do Partido
Africano para a Independência da
Guiné-Bissau e Cabo Verde
(PAIGOO.
26 — Bélgica: juramento do governo
formado por Lcburton (socialista)
depois de dois meses de crise.
27 — França: assinatura pelos
Estados Unidos. República
Democrática do Vietnã. Vietnã do Sul
e Governo Revolucionário Provisório
do acordo de Paris <ne_ociado oor
"para o fim da
Kissinger c Le Duc Tho)
guerra e restabelecimento da paz no
Vietnã". O cessar-fogo foi anunciado a
28 de janeiro. Uma conferência, com a
presença do secrctário-geral da ONU a
ser realizada entre 26 de fevereiro e 2
de março, tornará oficial o cessar-fogo.
31 — Áustria: abertura em Viena
das discussões dos membros da OTAN
sobre a redução de forças militares na
Europa Central.
31 — Síria: aprovação pelo
Parlamento de uma Constituição
instaurando uma República
"democrática,
popular e socialista".
Apesar de grande oposição dos meios
tradicionais religiosos ela será
referendada (a 12 de março) por um
plebiscito.
FEVEREIRO
4 — Tunísia: é anunciada a fuga de
Ben Salah, ex-ministro, preso desde
1970.
7 — Estados Unidos: criação de uma
comissão do Senado — a Comissão
Ervin — para investigar o caso de
Watergate.
7 — Kissinger parte para uma
viagem de 13 dias ao Extremo Oriente
(Bangcoc, Hanói, Pequin e Tóquio).
9 — França: estabelecimento de
relações diplomáticas com a República
Democrática Alemã.
12 — JEstados Unidos: nova
desvalorização do dólar (a segunda em
14 meses). O dólar continuará a se
enfraquecer até o final de julho para se
réstablecer de forma espetacular a
partir de meados de_outubro.
16 — Rep. Dominicana: o ex-
coronel Francisco Caamano Deno",'
líder das forças constitucionalistas na
guerra civil de 1965, é morto por tropas
do Exército.
20 — Laos: acordo de cessar-fogc
entre o governo real e o Néo-Lao-
Haksat.
21 — Israel: incidente sobre o Sinai
entre um avião líbio e um caça
isralense que abate o avião da Líbia
(100 mortos).
MARÇO
— Estados Unidos: encontro de
Nixon çom Golda Meir. Reafirmação
do apoio militar e econômico dos EUA
a Israel.
— França: primeira etapa das
eleições para a Assembléia Nacional,
onde a maioria obtém 38,«S4% dos
votos, a esquerda unida 46,49% e os
reformistas 12,56%.
2 — Chile: eleiçõe:í legislativas para
:/
O mundo em 1973
tubstituir metade do Senado .S tobre
SO) e a totalidade da t amara dot
Deputados? A apottç.io tctntro e
direita) obtém S*% e a Unidade
Popular. n«» poder, 4 hW% dot totot, A
opustçáo nio contegue reumr 2 3 em
nenhuma Câr.iara. o que impede que o
presidente p*»tta ter dett«tuido por via
parlamentar.
9«l6' França encontro em Paro dot
minittrot dat Finançat de 14 paitet
tot Nove da Comunidade Euoipêta.
Ettadot Wnisot. lanada, succia.
lapâo c Sulçai para discutir a crise
monetária internacional afravada com
a detvaloriraçào do .:•\*t
II — França: tegunda etapa dat
eleiçòes. A ctqucrda unida obtém
43.23" dos votot. a maioria 42.99*** e
ot reformittat 6.20%
11 — Argentina; primeira etapa da
eleição presidencial. Os candidatos
peronistas Hector Campora e Vicente
Solano obtêm quase 6 miUiòet de votot
(49%) e atseguram o controle político
du duas Câmaras do Parlamento. A
União Cívica Radical, de Ricardo
Balbin. obtém o segundo lugar co-n
21.10% dos votos.
15-21 — Panamá: o Conselho de
Segurança da ONU se reúne pela
primeira vez na América Latina. Os
EUA vetam a proposta de uma
resolução condenando a soberania
americana na .Zona do Canal.
29 — Vietnã: os últimos militares
americanos deixam o Vietnã (embora a
aviação americana prosseguisse com os
bombardeios ao Camboja).
ABRIL
6 — Turquia: eleição de Koruturk á
presidência da República, em vubs-
tituição a Sunay.
— França: morre Pablo Picasso.
— Israel: eleição de Ephraim
Katchalsky à presidência.
12 — França: estabelecimento de
relações diplomáticas com Hanói e
restablecimento das relações com
Saigon.
27 — URSS: Chelest e Voronov são
afastados do bureau político.
29 — Argentina: o dirigente juvenil
Rodolfo Galimberti que havia
defendido a criação de milícias
populares é destituído por ordem, de
Perón.
30 — Estados Unidos: Nixon ad-
mite, pela primeira vez, através de
declaração feita na televisão, seu
possível envolvimento no caso
Watergate. Anuncia, ainda, o
afastamento de três de seus mais
próximos colaboradores e a subs-
tituição do ministro da Justiça,
Richard G." Kleindienst. por Elliot
Richardson.
MAIO
6 — Estados Unidos: acordo em
Wounded Knee (Dakota do Sul) onde
os índios rebelados mantinham o cerco
das forças federais desde 27 de
fevereiro. -•
14 — Bolívia: é descoberto um
complô militar liderado pelo coronel
Andres Selich contra o governo de
Banzer. Selich é preso e morre durante
o interrogatório a que foi submetido.
14-18 — França,: visita do rei Faiçal
a Paris.
15 — Chile: entra em fun-
cionamento o novo Parlamento, eleito
a 4 de março.
18-22 — França: visita de Brejnev,
quando é assinado um acordo de
cooperação econômica entre URSS e
França.
22 — Chile: tem início a greve dos'
proprietário da caminhões, contra o
governo.
25 — Argentina: Hector Campora
assume a presidência, marcando a
volta do peronismo ao poder após 18
anos. Uma das primeiras decisões de
Campora é a decretação da anistia
geral para todos os presos políticos.
. 28 — Argentina: estabelecimento de
relações diplomáticas com Cuba,
República Democrática da Alemanha
e Coréia do Norte.
CftONOlOCIA
JUNHO
I — Oficia: |>roclam*ç«tu da
Republica grtg.
h — Espanha, o almirante Carmo
Blanco é mtmeado primeiro* mintam
16.2* — Etiadot Unido»; tttita de
Ucontd Brepitts.
20 — Argentina retomo de rWm a
Argentina cauta violent«it «lioqwt-x
entre grupot antagônicos do
peronltmOa próximo ao aeroporto d-
1/ei/a. cautando fO mortot e 4Ht
feridos
22 — B- :iii4 o pretidenie Ban/er
anuncia o retorno do palt ao tittema
conttituchnal em I9"4.
25*2*? — França: vitita de Lconid
Brejnev, na volta de tua viagem aos
Estados Unidos.
27 — China: explosão da 15.»
bomba termonuclear chinesa
2? — Uruguai: golpe de Ettado do
presidente Bordaberry que fecha o
Congresso.
29 •— Chile: fracassa um golpe de
Estado liderado pelo coronel Roberto
Souper. £ decretado o estado de
emeragéncia em todo o pais.
JULHO
— Chtle: fim da greve da mina de
El Teníente depois de 74 dias.
3*7 — Finlândia: primeira fase em
Helslnqui da Conferência sobre a
Segurança e Cooperação na Europa
13 — Argentina: o presidente
Campora e o vice-presidente Vicente
Solano Lima renunciam a seus cargos
para permitir o acesso de Perón ao
poder. Raul Lastrini. presidente da
Câmara dos Deputados, assume
provisoriamente a presidência, anuncia
novas eleiçòes. Perón anuncia que será
candidato.
16 — Chile: o movimento Pátria e
Liberdade anuncia sua passagem à
clandestinidade para lutar contra o
governo de Allende.
26 — Chile: o Partido Democrata-
Cristão aceita o diálogo proposto por
Allende.
27 — Chile: o ajudante-de-ordens de
Allende. capitão da Marinha Arturo
Arava, é morto a tiros em sua casa.
27 — Grécia: 78.4% dos eleitores
dizem "sim" ao plebiscito sobre a
proclamação da República grega.
AGOSTO
1 — Alemanha: mone de Walter
Ubricht. presidente do Conselho de
Estado da RDA.
— Argentina: a Convenção
Nacional Justicialista designa Juan
Perón e sua esposa. Isabel Martinez,
como candidatos à presidência e vice-
presidência da República.
6 — Estados Unidos: é colocada em
debare a integridade do vice-presidente
Spiro Agnew.
6 — Espanha: morte de Fulgencio
Batista, antigo presidente cubano.
9 — Chile: Allende forma novo
gabinete que conta pela primeira vez
com a presença dos Carabineros
(polícia militar).
15 — Camboja: cessam os bom-
bardeios americanos, após pressão
exercida sobre Nixon pelo Congresso
que ameaçava cortar os créditos, caso
não fosse tomada essa medida.
18 — Bolívia: o governo declara ter
sufocado um complô liderado por
Carlos Valverde, ex-membro do
governo e peitencente à dissidência da
Falange Socialista Boliviana.
18 — Chile: o comandante-em-chefe
da Força Aérea. Cezar Ruiz Danyau,
renuncia e é substituído por Gustavo
Guzman.
22 — Estados Unidos: demissão de
William Rogers, substituído no
Departamento de Estado por
Kissinger.
23 — Chile: o general Carlos Prats
renuncia aos seus cargos de ministro
da Defesa e comatidante-em-chefe das
Forças Armadas, sendo substituído
pelo general Augusto Pinochet Ugartè,
na direção do Exército.
27-29 — Egito: encontro de Sadat
com K»<Jhafi e qoe *« mt *r- «ode ao
abandono do pt*»|ct<« ele uma untio
imcdtaia entre •-» <M» paifetn,
SI TIMBRO
— Líbia
é anunciada a retirada de Uné dot temi****
n^»»nab/«.á'« tll%) dot amos dat
companhias peif«*lilerata
1*9 — Argélia, quarta conferência
úm paives nlo alinhados.
0 — Chile: "A Unsca talda para a
«rtte que afeta o patt é o d^átogo ou o
rkbitctto''. declara Allende numa
cn.revtvta - imprensa.
II — Chiie; golpe de Evtadu A
Junta Militar que atvume o poder, tob
a pretidercia do general Pinochet
contando ainda com Gurman. da
Aeronáutica. Toribio Medina
(Marinhai e Cetar Mendoma
(Carabtncruti. anuncia o suicídio do
presidente Allende. ÍI declarado o
ettado de titio c toque de recolher em
todo o palt.
11-17 — China: visita de Pompidou.
13 — Síria: combate aéreo em que
vários Mig-21 são abatidos pela
aviação israelense.
13 — Chile: A Junta Militar dissolve
o Parlamento e rompe relações
diplomáticas com Cuba.
Io — Genebra: inicio da *. gunda
fase da Conferência de Segurança e
Cooperação da Europa.
19 — Argentina: a Junta Milit.r
chilena c reconhecida pelo governo
peronista.
21 — URSS: rompimento de
relações com o Chile. A Iugoslávia
toma a mesma atitude.
23 — Argentina: Juan Perón e sua
esposa Isabel Martinez vencem as
elcções com 62% dos votos.
23 — Chile: moiTe Pablo Neruda.
24 — Argentina: Perón declara
ilegal a organização do Exército
Revolucionário do Povo (ERPi.
24-28 — Ouênia: reunião em
Nairóbi do Fundo Monetário In*
ternacional.
25 — Argentina: o secretário-geral
da CGT. José Rucei, é assassinado em
Buenos Aires.
26 — Chile: a Junta coloca fora da
lei a Central Única dos Trabalhadores
(CUT).
27 — Chile: a Junta Militar declara
fora da lei os partidos chilenos de
esquerda, e suspende a atividade dos
demais partidos políticos.
27 — Guiné-Bissau: proclamação da
independência nos territórios con-
trolados pelos nacionalistas do PAIGC.
OUTUBRO
4 — Argentina: estabelecimento de
relações com a Albânia.
6 — Oriente Médio: o Egito e a Síria
iniciam a guerra contra Israel. O Canal
de Suez é ultrapassado. No dia 8 os
israelenses bombardeiam Damas e
contra-atacam no Golan.
10 — Estados Unidos: demissão do
vice-presidente Agnew.
12 — Argentina: Perón e Isabelita
assumem a presidência e vice-
presidência.
17 — Kuwait: é adotado pela OPEP
um programa de embargo de petróleo
aplicável até que os israelenses
evacuem os territórios ocupados.
17 — URSS: Kissinger chega a
Moscou para discutir o condito árabe-
israelenses.
22 — ONU: adoção de uma
resolução americana-soviética pelo
Conselho de Segurança decretando o
cessar-fogo no Oriente Médio.'
22 — Israel: visita de Kissinger.
25 — Estados Unidos: todas as
forças americanas são colocadas cm
estado de alerta após ser levantada a
hipótese de uma iminente intervenção'
soviética no Oriente Médio. No mesmo
dia, o Conselho de Segurança adota
uma resolução dos não alinhados
criando uma força de urgência para o
Orienie Médio, sem participação de
tropas dos Grandes.
NOVEMBRO
5-16 Estados Unidos: Kissinger
19
.parte para uma »*agrm aos paitet
árabes a fim de dttvutir um «-.««.'do
t^p«^ttar*t-»ettv« tobor ** xestar=tn«|»i,
o — MCE: tumada de f*-o»*>* sobre
o Oriente Médio Ot nove mintoros
dat Rdaçârt I »*t« -tv* exigem a
oetnHM-O-,
7 — E_ito r-*V-t.irttn>>«ntirt 4e
ícW-c» diplomáticas «om oi E-i-mIos
UaMMttjt.
11 — Pgii«* atstnatur. do üevsar»
togo árata«'isr_a.|*-r.ve no qui$í*« tro
101 do caminho entre Cairo . $wt.
13 — França: teuniíii» Ira co
africana de 10 dat IS cx-eotftni-s
francesas da África Negra.
13 — Canadá: vi-fria do par? v
liberai nat eleições.
13 — ln._latcrrâ" declaração do
ettado de tif-%*«fínsiã para fa/cr frente
á ação -s.ndn.at "«reve dos mindro->*a
10-17 — !: .{ijtçffj \t»na 1e
Pompidou.
19 — Camboja: atentado cm Phts* m
Penh onde um avião bombardeia o
palácio previdência!.
I9-2I — Etiópia: sessão extraor*
sJinâria da Organt/açãu da Unidade
Africana para dcr.s«ntrar a
a"":rJan. Jade da OUA com os árabes
(todot ot paitet africanos, excet.v
l_sotho. Mala»!. S-a/ílandia. ilhuv
Maurício. AfriCst do Sul. Rodévia. ji ve
encontram de relações rompidas con»
Israel).
21 — Japão: tomada de ,- siçã< prò-
árabe. As Filipinas se alinham s
mesma posição.
23-25 — França: breve visita dr
Kadhafí a Paris.
25 — Grécia: golpe militar depondt
Papadopoulos. Sobe ao poder o gcner_
Ghizikis.
26-2" — França: visita de VV.Hs
Brandi a Paris.
26-28 — Argélia: conferência (sem *•
Libia c o Iraque) para unificar .-
posição dos países árabes na
negociação de paz a se realizar em
Genebra.
26 — Bolívia: o presidente Banzei
anuncia sua decisão de nào se
apresentar como candidato às eleições
de 1974.
DEZEMBRO
4 — Bolívia: as Forças Armadas
pedem ao governo o adiamento das
eleições presidenciais marcadas para
1974.
8-9 — Kuwait: conferência da OPEP
que confirrqa o embargo do petróleo
As concessões feitas aos naísçs ao MCE
(exceto Holanda) e ao Japão não são
renovadas.
9 — Venezuela: eleições
presidenciais, com a vitória de Carlos
Andrez Perez, da Ação Democrática.
12 — Inglaterra: discurso de
Kissinger solicitando a criação de un*.
grupo ocidental de energia e o im-
pedimento do separatismo europeu.
13-18 — Oriente Médio: Kissinger
volta às capitais árabes e Israel mas
não consegue convencer a Síria de
participar da reunião de Genebra.
20 — Espanha: assassinato do
almirante rarrero Blanco, primeiro-
ministro.
21 — Suii_a: tem início a Con-
ferência de Paz sobre o Oriente Médio.
em Genebra, aberta pelo secretário-
geral da ONU, Kurt Waldheim.
23 — Irã: a OPEP anuncia a
duplicação dos preços de petróleo
bruto vendido pelos seis países do
Golfo Pérsict.. Durante um., con-
ferência- á imprensa o xá pede a
abertura cie negociações com a OCDE
(Europa. Estados Unidos, Canadá.
Japão e Austrália).
24-25 — Kuwmt: reunião dos países
da OPEP (exceto o Iraque) que
anunciam a suavização de sua política
de embargo petrolífero.
28 — \ enezuela: majoração de 82%
dos preços de petróleo (as tarifas já
haviam sid«> aumentadas duas vezes
desde novembro)
2^ — Espanha: Franco designa o
ministro do Interior. Carlos Árias
Navarro, como chefe do governo.
31 — Israel: eleições parlamentares.
I

u
conforme Arnold
Tojrnbtt muito repe-fu. avança
Acitiliiacio,
¦jti..» :.• of desafWtt O :c•.xf
qut 0%
árabes lançam atualmente, cem o
boicote do petróleo c dos tnawev
v••''«•• ••- estar certo* dt aue a
imaginação 'r- ¦ ¦ s-wa sai trabalhar
multo, per causa .:•¦-•- tm ires
dtrcçf-cs pesquisar tudo o que podt
economizar o petróleo: reativar font>rs
dt energia mais ou menos aban»
donadas no período dt baixo preço
dessa matenapnma, enveredar por
atalhos para chegar mats depressa á
era nuclear.
A grande descohena de hoje * qut os
"produtos de base" terão uma parte
crescente nos custos de produção. Até
um ano ou dots atrás. considerava'Se
"valor agregado''
qut o peta industria
era tão importante nu preço de uma
mercadoria que o custo das matérias»
primas, com poucas exceções, não
chamava a atenção, Agora tudo muda.
Ouer st trate dt produtos agricolat dos
paises desenvolvidos (os agricultores já
não se acham na cauda do progresso
no nivel de vida), do petróleo, das
matérias.primas. da água t
brevemente do ar tpor causa da
poluição), tudo que aparecia como
"dons"
da natureza entra nos circuitos
da raridade. Para evitar o desperdício,
teremos que progredir tecnicamente no
isolamento térmico dos edifícios, no
rendimento das maquinas, na garantia
de uma vida mab longa para todos os
bens de consumo, etc. Lembremo-nos
de que hoje o automobilista percorre
menos quilômetros por litro de
gasolina do que hi 25 anos. pois os
carros são cada tez mais pesados.
A inovação atingirá tudo que pode
substituir o petróleo, enquanto se
reações da opinião pública
As européia em relação aos países
vizinhos, desde as pnmeiras
precauções tomadas no setor
energético, detém ter surpreendido
muitos céticos: uma onda de
solidariedade de propagou.
Aliás, não é num vago sen-
timentalismo que repousa essa vontade
de partilhar, no melhor e no pior, a
sorte dos demais europeus. Por ocasião
de uma sondagem de opinião realizada
por oito institutos especializados, por
conta da Comissão das Comunidades
Européias, a seguinte pergunta foi feita
a 13 mil pessoas repartidas em
amostragens representativas da
população de cada um dos nove países
da CEE (Comunidade Econômica
"Se um dos
Européia): países da CEE
tiver dificuldades econômicas sérias,
você acha que os outros países, in-
clusive o seu. devem vir em sua
ajuda"? Os sim foram muito mais
numerosos do que cs não. Os menos
entusiasmados foram os ingleses (59%)
os dinamarqueses tb2%); os mais
calorosos foram os italianos (88%). os
lu.xemburgueses (87%) e os irlandeses
(80%); os holandeses, os belgas, os
franceses e os alemães se situaram"9%. na
média muito honrosa de 77 a
"a frio",
Ora. essa pergunta foi feita
em setembro do ano passado. As
reações'instintivas registradas a partir
da guerra do petróleo mostram que os
resultados de uma sondagem feita hoje
seriam ainda melhores.
Finalmente é em escala planetária
que as interações são melhores per-
cebidas desde que os países produtores
de petróleo e alguns outros, cujo sole
encerra matérias-primas preciosas
para o Ocidente, elevaram a voz z... os
preços. Ê assim que os nove chefes de
Estado ou de governo da CEE.
reunidos recentemente em
Copenhague, propuseram aos paíscj
árabes fornecedores de petróleo bruto
"cooperação ampla com vista ao
uma
desenvolvimento econômico e in-
dustrial desses países". Unindo o gesto
À palavra, a França, através de seu
ministro do Desenvolvimento In-
l-A oportunidade das mudanças
espera paia tntfgta nuclear, quer •-<
iratt dt gás natural isquefetto. da
.«j »..* do «ttto betumint«se ou do
reúrnamcnto das "étnicas m<v4rrnas
de extração do .*«-•»*¦¦ ondt a ren»
tabilidade '--'*•¦. nos EUA) for
assegurada O domínio é cada vet mais
vastoá medida que sobem os preços do
petoâlro
t preciso responder sem demora á
seguinte pergunta fundamental; os 10
anos qut terem** dt viver, antes que a
energia nuclear tome realmente o lugar
do petróleo, devem str considerados
como um purptório qut prtccdt o
"paraíso
rtencontro do perdido'' do
consumo desenfreado, ou devese
desde ;i aproveitar essa passagem
obrigatória por uma zona dt energia
cara para preparar uma sociedade pós*
industrial dt naiurrui diltrtntt?
Energia. ratt»*amMenit t teetsomla
Traumatizada ptla mínima escassez
nas bombas de gasolina, a opinião
pública te os adeptos da energia
nuclear) tende a esquecei os riscos da
proliferaçlo das centrais atômicas.
Ora. estes não são pequenos, quando
pensamos que a natureza terá que
absoner uma massa de detritos
radioativos, e principalmente quando
pensamos na quantidade de plutônio
que será subpróduzido pelas unidades
energéticas do ano 2000.
O momento de reflexão — tão breve
em comparação com a história da
humanidade — que nos é dado pejo
estrangulamento energético não
deveria ser aproveitado para uma
revisão de todo o nosso sistema de
criação e de utilização das riquezas?
Os partidos políticos poderiam
II-Economia em escala planetária
dustrial e Cientifico. Jean Charbonnel.
submeteu ao Iraque planos de
desenvolvimento industrial desse pafs.
O grupo francês Creusot-Loire já
fechou contrato com Bagdá para a
construção de uma usina siderúrgica.
Tudo isso é do interesse das duas
partes, é claro, mas as vantagens
recíprocas só fazem tornar mais sólidas
as garantias de um contrato.
Na primeira linha
Diante dessas novas solidariedades.
nascidas de uma apreciação diferente
das forças* econômicas que se
defrontam no mundo, há infelizmente
reações de um estilo bem diverso.
Inicialmente no plano nacional, os que
estarão na primeira linha da guerra da
energia, se ela se transformar em
batalha pelo emprego, serão
evidentemente os trabalhadores
imigrantes. A combinação do plano
antiinflação .om a crise do petróleo
conduziu assim o governo alemão a
não renovar os contratos de trabalho
dos operários turcos,
Podemos estaocértos de que se o
desemprego se espaímítv.pela Europa
serão os mais pobres que sofrerão
primeiro, aqueles que deixaram suas
terras ensolaradas para vir procurar
,um emprego que seria impossível
encontrar em seus países. E os
operários franceses, alemães, belgas,
etc. não irão lutar para que fiquem.
Não tanto por um sentimento de
vingança contra os árabes, cujos
governos subitamente tornaram mais
caro o petróleo, mas simplesmente
"suportados"
porque os imigrantes são
nos meios populares sob a condição de
não tirarem o pão da boca dos
trabalhadores nacionais.
"A
presença dos imigrantes na
França - diz François Denantes,
operário, ex-responsável pela Casa
Jovem Trabalhador "não tem o
mesmo peso de realidade e de
significado para todos os franceses...
Todas as categorias sociais se
aproveitam do bem-estar permitido
pelo trabalho dos imigrantes, mas
IN-liGiA ¦ MUTAÇÃO SOCIAl
Piorra Drouín
dtdiear»xe a essa tateia, contanto qut
te guiem por critérios diversas dos que
laicm atualmente as suas direções. A
primeira vista — desde que há escassez
dt recursos a longo prazo, controles,
restrições — os acontecimentos
atingem menos os países qut. há
muito, não contam mais com as forças
do mercado para uma repartição
cquitativa da penúria.
Não é de admirar qut o movimento
Dai» Dong. fundado há três anos e
tobre o qual se falou á margem da
conferência de Estocolmo sobre o
meio-ambiente (1972). escreva num
manifesto recente: "Um dos objetivos
fundamentais de uma política mundial
de energia detena ser o de abolir a
prioridade prisyja das fontes não
renotáteisde energia c de subtrai-las a
uma exploração com fins particulares
de lucro".
Um outro sinal que fatorece as
economias sem mercado é a ênfase
dada. no momento, aos equipamentos
coletivos. Na batalha dos transportes, o
trilho vai reencontrar o primeiro lugar.
Já foi calculado que o consumo de
energia para o transporte de mer»
cadorias por rodovia é seis vezes mais
elevado do que por estrada de ferro. Os
ônibus e o metrô vão recuperar,
igualmente, uma clientela que por
qualquer coita tirava seu carro da
Paris não precisará,
garagem. "adaptar-se
felizmente, ao automóvel"
tão depressa como desejava Pompidou.
etc.
apenas o mundo popular e operário é
tocado e incomodado por sua presença
na França. Por isso é o que se mostra
mais racista". Pode-se imaginar qual
seria o grau de tensão se o desemprego
se ampliasse...
Em escala mundial também são os
pobres que mais sofrem com a situação
atual. Devemos nos lembrar de que os
países exportadores de petróleo
representam somente 4% da
população do Terceiro Mundo, que
,67% dessa população pertence a países
cuja renda per capita é inferior a 200
dólares por ano e, finalmente, que a
taxa de crescimento anual do PNB é
tanto mais fraca quanto mais o país 6
pobre.
"os
Por causa da crise de energia
pobres vão ter frio" — é o que lemos no
último Fórum do Desenvolvimento das
Nações Unidas. O caso da fndia é
particularmente lembrado. Todos os
que, nas cidades, usam bujões de gás
para a cozinha e, nas vilas, querosene,
única fonte de luz e de calor foram
atingi..os.
Bem colocado para fazer um
julgamento, Jean Hladik. da
Universidade de Daear. chamava
recentemente a atenção para a
diminuição da fabricação de adubos,
provocada pela crise do petróleo que,
consequentemente, poderá conduzir a
uma redução da produção alimentícia
mundial. "Os países que são grandes
importadores de arroz ou de trigo já
mediram as repercussões do processo
"A
em marcha"? — escreveu ele.
famosa revolução verde, baseada em
variedades que exigem grandes
quantidades de adubos e de pesticidas,
•orre o risco de aniquilar-se.
A hemorragia de divisas, resultante
da alta dos preços do petróleo, poderá
deter mortalmente o desenvolvimento
do Terceiro Mundo. A OPEP
(Organização dos Países Exportadores
de Petróleo), numa resolução adotada
em Viena em junho último, reconheceu
implicitamente a situação pouco in-
vejável em que se encontravam os
países pobres importadores de
petróleo. E, num momento em que u
Um meio amrttcnte favorável • um
mundo um pouco menos apressado,
menos aernsado pela comda ao lucro,
"acidente"
destria nascer do txorrido
no setor do petróleo,
Kt*reeeteceo?
Será qut mais uma vet o sistema
prosou suas grandes
capitalista, que ja"recuperação",
faculdades dt sairá
"crise"
com uma nova face desta que
em nada favorece o seu florescimento?
f ctno qut •••!» um novo campo dt
atividades pode nasetr. dt in»
vestimentos á base de tecnologias
menos deteradoras de energia, dt
substituição dt certas matérias» primas,
de bens mais econômicos Icarros
pequenos) e mais duráveis. Pode-se
constatar que a publicidade já acentua
de eertot
a robustez e a tegurança "filosofia"
produtos, dando as costas á
que pretalecia antes, a da rápida
rotatividade dos objetos, da renovação
do quadro de vida. Podemos confiar
na imaginação da publicidade para
ajudar a transformar as mcntaltdadcs.
fato aliás já esboçado antes da guerra
do petróleo.
Mas há uma necessidade que. por
bons motivos, está muito mais
enraizada na sociedade con*
temporãnea: a do pleno emprego.
Ficar mais dois ou três anos com o seu
carro nao traz grande aborrecimento.
Mas o desemprego é muito
traumatizante. A reserva ..dos par-
tidários de uma diminuição do ritmo
de crescimento sobre o assunto é
significativa. Verificadas jodas as
. vantagens de uma expansão menos
"tensa", topa-se com um muro: se dois
escalada dos preços estava apenas
começando, admitiu que era preciso
tomar medidas para aliviá-los.
Finalmente, para o conjunto do
mundo, a acumulação fantástica, ano
após ano, dos capitais árabes levanta
"Não
problemas terríveis. parece
exagero falar de uma bomba atômica
financeira" — declarou recentemente
Robert Lattês. , Fora a vaga in-
flacionária dos custos provenientes do
aumento dos preços do petróleo, duas
espécies de conseqüências podem
efetivamente ser registradas: 1 —
investimentos no estrangeiro que
permitirão o açambarcamento e o
controle das companhias (os senadores
americanos já querem proibir a
compra de mais de 10% das ações das
companhias americanas por capitais
estrangeiros, tanto que se pode prever
que. num dado momento, os
produtores deixem de produzir por
falta de onde investir): 2 — desordens
monetárias provenientes dos
desequilíbrios das balanças de
pagamentos da Europa, do Japão e dos
Estados Unidos, como já foi frisado
várias vezes nos últimos dias.
Escala planetária
¦/%
Entre o dizem e o que fazem os
"monstros quefrios" que são os Estados
há, infelizmente, um fosso trágico. Isso
é verdade tanto entre os nove países da
CEE — que em sua triste reunião de
Copenhague ii~tt» tiveram nem a
coragem de empregar a palavra
"solidariedade" a
propósito das
restrições ao consumo do petróleo —
como entre os dirigentes árabes, que
têm como um dos objetivos prejudicar
Israel, tomando atalhos que, conforme
vimos, fazem sofrer mais os países
pobres do que os países europeus e
principalmente os Estados Unidos.
Apesar dessas estratégia'»,
nacionalistas a curto prazo, a cons-
"planetarização"
ciência de urna
econômica foi consideravelmente
reavivada por ocasião da crise atual cie
energia. A velha divisão do trabalho
W*WrYá-1 . i'>nv!-a,»a5 iwae..cartas nao estão
que sempre consistiu em extrair, ;i
Oemiéo ! * dt iOOOtfO dt 1974
ou trts pontos a rntnof na taxa dt
crescimento, na França, significam um
eu dois milhões dt desempregados»
quem terá coragem dt propor uma tal
p>jUtxta?
tm w dt provocar uma recessão, os
governos prtrfcrtrão provavelmtntt ver
a inflação correr com mais deito»
soltura ainda por causa da alta, dos
preços do petróleo. Nio strá isso
bancar o avestruz? Nio deveria o
alarme que vem do lado dos árabes
conduzir á tentativa dt sair tmalmtnte
"cjésttca" inflação-
da dialética
desemprego? Nào seria eonvenitnit
caminhar mais depmia do qoto
previsto em direção à trahumano pos-
industrial, em qut o trabalho
remunerado já nio Itrá ntm quan»
titaliva nem qualitativamente a mesma
importincia que tem hoje?
•Siat»,»reeetal)dadt
O desempregado é* mais afetado ptla
perda de seu status social do que pela
diminuição de sua tenda. Numa
sociedade em que a atividade desin»
teressada não fosse menos considerada
que o trabalho assalariado, por
exemplo, ajsassagem deste último tipo
de ocupação para o outro não teria
nenhum aspecto dramático.
F.m um estudo sobre esse tema —
Encombrrmenl et Valrur Soeialr du
femps — l. F. Dupuy. citando Stoffan
"Sempre se esperou
B. Linder. escreve;
que um dos benefícios da abundância
econômica fosse uma maneira de viver
tranqüila e harmoniosa, uma espécie
de Arcádia. Ora. o que se observa é
exatamente o contrário. O ritmo se
acelera e nossas vidas se tornam cada
vez mais febris.*.
baixo preço, em alguns pontos do
globo, as matérias-primas, e trans-
formá-las a milhares de quilômetros
fou profundamente questionada.
Como o Ocidente soube fazer outrora.
colocando suas siderúrgicas perto de
suas minas de carvão, os países
produtores poderão receber mais
refinarias, fábricas têxteis, etc. a
serem alimentadas com os recursos do
seu solo ou das suas fazendas.
A tecnologia e os mercados lhes
serão fornecidos pelos países in-
dustriais em torça de abastecimento
regular de energia e produtos de base.
O famoso "intercâmbio desigual"
poderia transtormar-se assim, pouco a
pouco, em contratos a longo prazo.
Para reduzir o tosso entre as panes
contratantes bem como para
economizar os recursos mundiais, quer
queira quer não. o Ocidente será
levado a consumir menos
freneticamente. O que era impensável
torna-se plausível."Com efeito, não se
podia ver através de que mecanismos
poderiam atuar espontaneamente os
freios ao crescimento perdulário, pois
era sobre ele precisamente que
repousava a economia capitalista. Hoje
a necessidade faz a lei. A "utopia" de
uma estratégia mundial do desen-
volvimento torna-se mais próxima, não
somente por causa de uma melhor
divisão do trabalho entre países do
Terceiro Mundo e ocidentais, mas
porque será preciso que os países ricos
adotem um "modelo" de produção
menos artificial.
Rasgou-se o véu graças à crise
energética. Alguém disse, depois dos
acontecimentos de maio de 1%8:
"Nada
será mais como antes". Desta
vez, é a mesma coisa. Por outros.
motivos. A vulnerabilidade do
Ocidente apareceu cruamente e a
segurança que ele ostentava quanto â
maneira de segregar riqueza foi for-
temente abalada. Isso conduzirá os
seus dirigentes, pela força dos fatos, a
refletir seriamente sobre outros
modelos de crescimento. E a con-
siderar que-a gente vive numa "única
todas do mesmo.lado.
 Cw*AiAe> 14 d* ,«*•*•<.. dt 1914
duat tclhat capitait dat mi*
At térias induttriait. Manchcsfcr"e
l.is-rrp.. »i, fornaram*it duat
mcifr.f-.ir. imponentes, cheias dt
arranha v**<4* de tidro t dt ettniturat
tíe cimento, Nao **m dificuldade, poit
Manchester i2.? mUltôc* de habitantes!
c I i.rí-u.4 Hfi) %|o os doít paios
i • -t 'nu—, de uma região assistida
I pelo >• ...cir... como a Escócia e a
Irland*. do Norte.
Mat corno foi que Uverpool. capital
do comércio de escravos, açúcar, fumo.
e algodão, e Manchetter. a orgulhosa
c cidade do monopólio do algodio no
téculo passado, chegaram a itto?
ca
O declínio da indústria al,-odocira
dn luincashirc. co/n o nascimento da
concorrência asiática, o
prolongamento du linhas maritimat
transatllnticas até Southampton e o
Ha.rc. cspltcam em parte a decadência
de Loerpool. Manchetter arruinou-se
com o fechamento das minai de carvão
e a revolução do mercado têxtil pela
concorrência indiana. Em um século, a
cifra de negôciot de sua indústria têxtil
diminui 25-"-.. As Rações que. em 1911,
1 eram ainda 600 mil. hoje não passam
de 90 mil. Setenta minas de carvão
estavam em atividade em 1953; hoje
são apenas nove. Nos últimos 20 anos.
230 mil empregos foram supressos
nesses dois setores.
Pouco a pouco a indústria do têxtil
sintético substituiu a do algodão, mas
em menor escala. As indústrias
metalúrgicas, nascidas por causa da
proximidade do carvão, cedem lugar à
eletrônica, à petroquímica, às in-
dústrias aeronáutica e automobilística.
Uma organização dinâmica, a
Associação para o Desenvolvimento
Industrial do Noroeste, que reiíne
renrcsentan«es da administração, do
política regional inglesa não
A é nova: desde os anos 30. pouco
depois da crise mundial ter demons-
trado a fragilidade das zonas de
incipiente desenvolvido industrial,
foram elaborados e postos em prática
diversos planos de ajuda nesse setor. A
guerra de certa forma resolveu,
provisoriamente, o problema dando
um novo dinamismo à indústria naval,
às minas e à metalurgia. No entanto, a
"subdesenvolvimento
partir de 1958 o
regional" voltava a passar à ordem do
dia, com a crise econômica na
Inglaterra tomando proporções
n inquietantes.
Depois de várias medidas parciais, o
plano de desenvolvimento industrial
regional de março de 1972 apresen-
tava, pela primeira vez, um programa
globalizante. As regiões a serem
ajudadas foram divididas em quatro
grupos: zonas de desenvolvimento
especial, as mais afetadas pelo
desemprego como Gla^sgow, Newcastle,
CardifT; as zonas de desenvolvimento,
a Escócia como um todo, o noroeste da
Inglaterra, o País de Gales, Liverpool,
a Cornualha;. as zonas intermediárias
como Leeds ou Manchester; e,
finalmente, as antigas regiões das
minas ou de indústrias fantasmas que
precisavam ser reanimadas ou trans-
formadas em parques regionais —
como, principalmente, o caso dos
arredores de Nottingham. A Irlanda do
Norte encontra-se numa situação
especial, devendo ser mais beneficiada
ainda que as regiões de desen-
volvimento especial.
A assistência financeira a essas
regiões inclui estimulo a investimentos'
sob forma de dedução de impostos e
subvenções para construção de ins-
talações industriais e compra de
equipamentos. Por vezes essas
deduções chegam a 75% do preços das
construções, como na Irlanda do
Norte. Inicialmente foi previsto um
esforço no sentido' da formação
lll-Uma flecha apontada para o coração da Europa
patronato e dot sindicatos, dedkate a
chamar a atenção dos indutirtatt
britânicos e tttrangetrot para a
-•.tcclcncta da rede rodostána da
região, tuat comunicações maritimat.
traçat ao poro de UtcrpooJ e ao canal
marítimo dc Manchetter. para a
eipansào do aeroporto internacional
de Manchester e para o atrativo, não.
negligenciávd para ot homent t
mulher* do téculo XX. da
proximidade dot lagot e recantos
poéticos do Yorkthírc e de inumeráveis
terrenos dt golfe.
A mio dr obra
No momento, o problema número'
um do noroeste é o do emprego: no fim
de 1973. Manchester tinha 2Y'> de
desempregados e Uverpool 6.5%.
contra 2.3% para o conjunto do pais.
A tituação econômica na região
melhorou sensivelmente a partir de
1970 e principalmente no começo do
ano passado. Segundo um velho adigio
— quando Londres espirra as regiões
do interior se resfriam — a expansão
do conjunto da economia britlncia
desde 1972 chegou, no ano passado, às
regiões menos desenvolvidas. Em três
anos. 45 mil novos empregos foram
*...••« •»'"«•»
v. .„ - A
.-•¦ i9»*> CXCltr-fl1 ,
•~
, LIVERPpOl
. I *»'.ii«n^í**í " ^OOK€9I>»
o.»..». 9)
•orri ,"*•,•>••;
IV-A ameaça da Irlanda do Norte
profissional que Heath parece
atualmente disposto a limitar.
O principal problema que ainda
permanece é estimular as firmas
inglesas e. se possível, as estrangeiras a
investir nessas regiões mais do que no
sudeste da Inglaterra, já superpovoado
e superdesenvolvido. Uma das medidas
mais impopulares estabelecidas é a
obrigação do "certificado de desen-
volvimento industrial" para a cons-
trução de novas instalações. Essa
autorização tem que ser dada pelo
Ministério do Comércio-e Indústria
para qualquer instalação industrial de
mais de 930 metros quadrados, no
sudeste, e de mais de 1.400 metros
quadrados em outras áreas.
Os sindicatos declaram-se céticos
quanto à eficácia dessas medidas, e
citam o desinteresse pela formação
profissional e reiciclagem dos
trabalhadores de mais de 40 anos.
numerosos entre os desempregados da
indústria naval. As subvenções que as
empresas recebiam para formação
profissional além de pequenas vão ser,
em breve, abolidas. Mas o que se
lamenta, principalmente, é a ausência
de um plano nacional de desen-
volvimento, como o elaborado em
1965. "Infelizmente", dizia um jovem
economista, "o planejamento e a
inten-enção do "Estado na economia
privada não constituem hábitos
ingleses".
No entanto, parece que o estímulo
aos investimentos começa a dar frutos
e isso pode ser observado pelo número
de novas empresas inglesas e
estrangeiras que vêm se instalando,
principalmente, nas Midlands e na
Irlanda do Norte.
ê de Bruxelas que Londres espera,
atualmente, importantes decisões: a
distribuição do fundo de desen-
volvimento regional, que deveria ter-se
dado no fim do ano mas que só agora
se concretiza.
BtACK OUT
Nicole Bernheim
<riadt*t tomente na região de Man.
chetter. principalmente empregos de
- f-... .*¦-., graçat a inttalaçào de sartat
tedes dt companhiat londrinas, de
filiait de bancos e de companhiat dt
seguros,
O H to ¦lUrrtmtÀ- Koll«* *fawn"
Em teu amplo escritor» de estilo
contemporâneo, no 12.° andar de um
edificto unde te inttalou a ad*
minittração regional. William Corrie.
presidente do comitê de planejamento
econômico do norotitt. frita o
dinamitmo do renateimento de
Manchetter. a primeira cidade inglesa
a adotar, desde 196$. um programa de
luta contra o nevoeiro e a poluição. Foi
astim que os dias"0*V
de sol aumentaram
anualmente cm As novas cidades
da região — Runcom. Wamngton.
Skclmersdale — estão entre as dc
maior progresso da Cri Bretanha. As
instalações de empresas londrinas e
estrangeiras — americanas, japonesas,
suecas — se multiplicam...
A situação é menos "-rtlhante no
• "TV
•******************»¦**¦¦ ¦
a**<**l<9tlS9M
MANCHESTER
SHEFFIEID
\rr
Quando se trata de importantes
problemas em geral na Inglaterra os
pontos de vista dos conservadores e
trabalhistas pró-europeus são bastante
semelhantes. Tanto uns quanto outros
consideram que a ajuda regional deve
garantir uma compensação substancial
pelas perdas sofridas pela Inglaterra ao
entrar para o Mercado Comum
Europeu, especialmente devido à
política agrícola camunitária e ao
afrouxamento de certos laços especiais
com os países da Commonwealth.
Embora eles admitam que o fundo de
ajuda regional possa se limitar, de
início, a apoiar simplesmente as
políticas regionais de cada um dos
Estados-membros, eles desejam que
seja instaurada logo • uma política
regional para o conjunto da
Comunidade, assim como uma
distribuição global dos investimentos.
Embora o desenvolvimento regional
ocupe um lugar importante entre as
preocupações econômicas inglesas, já
não se pode dizer o mesmo no campo
político. Apesar dos acontecimentos na
Irlanda do Norte, das manifestações
periódicas dos nacionalistas escoceses e
do País de Gales, apesar da adoção de
uma sinalização mista do trânsito no
País de Gales — em inglês e em
gaélico, não há nada de comparável na
Inglaterra com o movimento
autonomista bretão da França.
O relatório do lorde Kilbrandon,
jurista escocês que acaba de publicar
os trabalhos elaborados pela comissão
real sobre a Constituição, é
significativo.
As conclusões da comissão são
extremamente prudentes: ela propõe
criar Assembléias regionais com
competência para legislar sobre
problemas de inteiesse puramente
local como urbanismo, educação,
ambiente ou transporte. Mas também
• do Norte, que despertou em 1969.
prevê uma redução do número de
deputados da Escócia e do País dr
INClIS
resto da m*áo. partkolarmcntt át
margens do rio Mertev e no nãfdttft
do Uncathirv, Nttta última área há
um cata típico de dcspmuamento e
:¦-•.<¦••'• -.?. .-.;.?:*¦•¦ -. f, a região dos
Four U "Ouat*o Bi Bolitm. Black-
burn. H ..* ¦ c Burles. Antigas "cidades
do algodão", tlat te voltaram para a
pequena indústria mecânica,
eletrônica e de produtos farmacêotkot,
\ ¦ * «a dt dtttmprcgo local é dt 2%
apenas porque a emigração é con-
•. *c* í •<¦! A região corre o tisco dt nlo
ser a cor do "dinheiro de Bruxelas"
(ajuda econômica da Comunidade
Européia às regiões menos dtttn*
volvidas) porque tua taxa de detem-
"suficteme". No entanto,
prego nâo é
tem uma necessidade urgente de ajuda
financeira.
Para os dirigentes regionais, o
conjunto do noroeste des c ser objeto do
mesmo plano, quaisquer que sejam as
particularidades das situações locais.
Eles ptotestam com *eemência contra
os estatutos diferentes que são
aplicados a Manchester. "corta in*
termediária" (20% de subvenções para
a construção detflcios novos, mas nada
de subvenções para instalações in*
dustriais e máquinas), e a Livcrpoo.
"zona de desenvolvimento" (20%
para
as duas categorias). O governo
britânico deveria fazer idênticos
esforços — acham eles — para o
' «*********i——«¦——»..»>9>w«****************l
conjunto do Merscy. como faz para a
Escócia e o norte da Irlanda, que goza
de um estatuto todo especial.
Alguns dirigentes, certos do
*********
brilhante renascimento que terá a sua
região no quadro do Mercado Comum,
) % vêem no eixo geográfico Mersey-
"flecha apontada
para o
1 Humber uma
coração da Europa"
"eixo econômico"
e falam de um
que breve ligará
"Beifast a Rotterdam. via Liverpool,
Gales no Parlamento de Westminster.
Por outro lado. os deputados da
Irlanda do Norte aumentarão.
O mais provável é que o relatório de
lorde Kilbrandon permaneça na
gaveta. Por um lado. porque os con-
servadores temem q«jalquer tendência
separatista e o mesmo se dá com os
trabalhistas que perderiam, nesse caso.
qualquer possibilidade de voltar a
obter a maioria em Westminster. Daí
não quererem modificar a composição
do Parlamento. Por outro lado. porque
v árias coisas aconteceram desde 1969,
principalmente as agitações na Irlanda
do Norte e a descoberta do petróleo do
mar do Norte. Isso sem falar da en-
trada da Inglaterra no Mercado
Comum. Nas eleições de 1970 os
nacionalistas escoceses não tiveram
senão 11.4% dos votos, e os
nacionalistas galeses 11.5%. é bem
verdade que os nacionalistas escoceses
tiveram um resultado espetacular nas
eleições parciais de 8 de novembro
último em Govan, subúrbio de
Glasgow. Mas mesmo assim seu
partido não conseguiu preencher mais
que duas cadeiras no Parlamento de
Westminster.
Apesar dc tudo, um oásis
A descoberta de petróleo poderia ter
estimulado o nacionalismo escocês. Ao
reclamar veementemente uma maior
"bolo
parte do petrolífero'' os
escoceses parecem, no entanto, ter
admitido que o empreendimento é
demasiado grande para ser negociado
em escala puramente local. Além disso,
a entrada da Inglaterra na
Comunidade Européia pode levantar
problemas delicados quanto à
utilização dos recursos do mar do
Norte.
Por outro lado é certo que a Irlanda
serviu de estímulo a antigos sonhos
V*
Mambcsief SlwflUd « HuiT Dá*> a
entender om o fantoto ' fenetro
aeroporto de Lo*tdm" fkana muito
mais bem N;al<rado em Manifirotri
do que cm Mapltn. n** tudette da
Inglaterra, poit ncua última tiria
cooj****tttonar uma rcgtào Já topar >
posoada c poluir o ettuárto dó Tâmisa
Infelizmente parece pouco prosas*'
que o goserno de Edoard Hca«
abandone o projeto Maplin e o tencJ d»,
Mancha, que poderá comprometer ot
tonhot do "ciso Liverpool-
Rotitrdam •
Vtauide o futuro
Apesar destas incerterat a região
apotta no futuro com audácia,
Uverpool e ttut arredores tão um satto
canteiro dt obrat. Ot selhot quar*
teJrôes de tijolos enegrecidos sio
demolidos, enquanto edifícios de
escritórios e bairros residenciais são
edíficados com uma pressa que
quer
recuperar a estagnação dos anos 50 a
60.
O domínio dos liberais no distrito de
Uverpool após as eleições do começo
de 1973. "pela primeira sei desde
Uyod George". conforme eles dizem
com orgulho, apôs um longo eclipse
conservador e trabalhista, traduz, sem
dúvida, o novo desejo de
respeitabilidade da "capital celta" do
reino. Como o gigantesco centro
comercial de bt. John — oito grandes
magazines, 7 mil vagas de
estacionamento — o imponente Hotel
Atlantic Tower. cujos 10 andares de
vidro dominam o porto como a proa de
um navio, e a surpreendente catedral
católica em forma de central térmica e
que pode abrigar quase três mil fiéis.
simbolizam pomposamente as novas
ambições do noroeste.
separatistas.
No entanto, o relatório Kilbrandon
não permanecerá como k-tra morta: ele
se traduzirá, provavelmente, nos
próximos anos. numa extensão dos
poderes locais principalmente no setor
financeiro e numa certa
"humanização"
das relações com
Westminster. Mas os ingleses não
sentem necessidade de unra
"regionalização do
tipo francês"'.
Dotados de instituições flexíveis,
postas à prova durante séculos quanto
à sua capacidade de adaptação a
situações explosivas, jamais sofreram
verdadeiramente um controle severo
por parte de Londres.
Talvez por isso a Inglaterra tenha
permanecido como o país mais
coerente da Europa, aquele no qual as
lutas ideológicas de seus X) últimos
anos deixaram pouco rancor. A tal
ponto que. para muitos, o reinado da
rainha Elizabeth é visto, atualmente,
apesar de "crises" periódicas de sua
economia, como uni oásis
£tWmA t
© Le Monda 1972
Distribué par
Opera Mundi Paris
1 ous droits reserves
'ios os d-
5 T £':.

»_JENDÊNCIAS E CULTURA.
finai do im p*tmk» uma f
No ditara frmteta que rtetb* uuaíoo
de um motjMiritro de -»-<¦¦•
amemamn cniràoi, u FouAg Al em t
CkHttkui AsAektbn, publicou um
..'•• de 000 ;-..é-. ¦-....¦ roí rhiio /;*t
poueof dhv o litro * mt «ume tf
trantfarmarum num dot printfpait
uftunrof de «ma tmprenta que Jà
estovu se kubttuando a regularidade
das mancketes petrolíferas
Alexandre Soljeniltyn r jau
Arquipélago de Gulag. /«mudo ;•<•'¦?
KArGI-Pmir em Pont panvem ler
gerado o que. mesmo que nâo tenka
conseqüência» aparentemente
espetaculares, pode ter considerado
um coto intemawmal. Traduções
rapidamente peo\tdtoeiadat, eminòet
radiofônicas para dentro da União
Soviética, pubUcatôes de exiertos da
obra em influentes jornais de vêrwt
poises do mundo ocidental: e. a
esperada contrapartida, os protestos
da União Smiêtica. divulgados através
de sua agência lati dr itotlcias. •» <*¦
expectatiias de represálias que podem
atingir o autor. Uma idéia do que é o
livro — baseada nas partes ja
publicadas
— das influências^ que
sofreu seu autor e das repercussões da
publicação ê o que tentamat dar a
seguir. A análise serena de uma obra
tão polêmica, quase por antecipação,
/ — confissões que eram a negação de
provavelmente ainda terá qut
esperar pelo menos até que teja
realmente tornado público seu con-
teúco integral.
As recordações
de ex-prisioneiros
arquipélago cujas ilhas eram
Umcampos de trabalhos forçados,
essa é imagem que Soljenitsyn usa para
caracterizar geograficamente os
campos de prisioneiros existentes na
Rússia na época de Stálin. A é tão difícil reger um coro de apenas
abreviatura das palavras russas que
designavam a administração desses
• campos forma a palavra Gulag. E
Soljenitsyn conta que escreveu O
Arquipélago Gulag baseado em suas
próprias recordações de prisioneiro
nesses campos durante nove anos. a
partir de 1945. e nas histórias,
memórias e cartas de 227 ex
prisioneiros.
Como é que as pessoas vão parar
nesse estranho arquipélago?
Soljenitsyn diz que tudo começa ao "A se
"Considere-se
ouvir a frase preso".
prisão é o som agudo da campainha ou
de rudes pancadas na porta durante a
noite, é a entrada insolente do pessoa!
da polícia política com suas botas
enlameadas. A prisão é o medo: os
golpes que clwem sobre o preso
enquanto os vizinhos assistem à cena e
calam".
Depois vêm a ida para as prisões, as
confissões, as ameaças aos parentes
que ainda não foram presos, as tor-
turas e talvez até o uso da hipnose para
"Sabe-se
arrancar informações: que na
década de 30 a NKVD tinha uma
escola de hipnotizadores. A esposa de
Kamenev pôde ver o marido antes do
julgamente e disse que ele estava
diferente, que suas reações eram
lentas. Ela conseguiu contar suas
observações a outros antes de ter sido
presa".
Soljenitsyn conta torturas com
finalidade de arrecadar ouro, ele
"A que
situa em fins de 1929: polícia
política idealizou um método que
aplicava indistintamente a todos:
alimentava-os com comida salgada e
não lhes dava água. Aqueles que ao
tossir lançavam fora os dentes de ouro
recebiam água: um copo por cada
dente".
O escritor fala ainda nos expurgos
que atingiram desde os pequenos
proprietários durante a coletivizaçãc
forçada das terras no início dos anos
30 até eminentes líderes
revolucionários bolcheviques. como os
dirigentes da época de Lênin, Zinoviev,
Kamenev, Bukharin. Em relação aos
Um caso Internacional?
mf*&'r*' Mb
£'
••/ lP4%j
/
^*mf\^^
v^^s<-,—rfflfr'
proprietários de terra, os
pequenos "eles
kulaks. desde o principio
transferiram famílias inteiras e se
esforçanm para apanhar todos em
suas redes. Não permitiam que
escapasse ninguém, nem mesmo as
crianças de seis anos. De qualquer
modo foi a primeira experiência desse
tipo na História moderna. Mais tarde
Hitler fez isso com os judeus e
posteriormente Stálin repetiu a
manobra com as minorias étnicas que
lhe eram desleais ou suspeitas disso".
"Mais
Ele continua: tarde
começaram as prisões em Leningrado.
Calcula-se que entre 1934 e 1935 uma
seguir Um glossário de termos
A e nomes de personalidades
mencionadas em relação ao livro de
Alexandre Soljenitsyn, O Arquipélago
de Gulag:
Bukharin, Nicolaa (1888-1938) —
Membro do Comitê Central do Partido
Comunista russo desde agosto de 1917
até a morte. Ocupou muitos cargos na
administração soviética e publicou
várias obras econômicas até qu.é foi
"atividade
processado e confessou uma
política contra-revolucionária" embora
negasse qualquer atividade como
espião ou terrorista.
Gulag — Abreviação das palavras
russas para Administração Central dos
Campos de Correção pelo Trabalho,
que' supervisionava os cempos de
prisioneiros sob Stálin.
Kamenev, Leon (Rosenfeld) (1883-
1936) — Membro do partido
bolchevique desde 1901. Depois da
morte de Lênin compõe com Stálin e
Zinoviev a troika que detém o poder
real. Rompe com Stálin em 1925 e faz
uma oposição intermitente. Con-
Soljenitsyn
pancatfo. um gerente de ctmMcutto.
Qualquer um ifcies pode lhe pttmfer e
t»*éê só nota o cartão de tdcnttfW aclo
po*kial quando »* t tarde demais".
_a* Y ¦ ar'-' .0
'"^"^ '
* pilha em ¦'*• mil palavfascenienat de
Os pemw**m de Mfc*r«e
Uma das coisas quu taJve* -.«¦;.* mais
difícil de compreender para muita
¦at* que estude a htttórta da Rtistia
a *' I no período sob Stálin ê o julgamento e
condenação de lideres pollticof im*
cortantes que haviam participado da
resolução de 191"? — inclusive c©>
UMadotcs próximas de Wmn com*
Zinosies. Kamenev e Bukharin — e
que foram acusados, em procesos
rumorosos feitos em Moscou nos anos
de ;¦'**• o» de traidores, vendidos aos
s^m, .:.»'
inimigos capitalistas, contpiradores
contra Stálin, opositores ao Partido
Comunista, etc. É a coisa fica de mait
iifkil compreensão quando se toma
conhecimento das confissões dos
icusados.
Como teria Stálin conseguido obter
\ dos próprios companheiros nas
batalhas resolucionárias e nos duros
primciios tempos da administração do
pais — durante a guerra contra a
Alemanha, contra as Ia nações que
invadiram a Rússia pós-rcsolucionána.
a guerra viril que durou atê 1921 e os
primeiros tempos de um novo regime
tudo que os acusados haviam feito atê
%-*- ?
a época dos processos?
A resposta de Soljenitsyn no
Arquipètago de Gulag c que Stálin
combinava torturas, ameaças de morte
e promessas de clemência para con-
seguir as confissões. Aliás, ele acha que
certas evidências dispensariam a
"Não cabe
necessidade de explicações:
a mim dizer ao leitor e sim ao leitor me
explicar qual erc o enigma dos
processos de Moscou dos anos 30.
Afinal de contas eles trouxeram para
julgamento aberto não os 2 mil en-
volvidos, nem mesmo 200 ou 300
desses, mas somente oito pessoas. Não
quarta parte da população desa oito pessoas".
cidade foi expurgada. E deixemos que Ele junta detalhes do processo de
qualifiquem de exagerado esse cálculo "Piatakov apresentou
janeiro de 1937:
aqueles que possuem as estatísticas as prosas mais repulsivas contra
exatas e estejam dispostos a publica- Bukharin e Rikov. Ordjonikidze pôs as
Ias". mãos em concha na orelha (ele era
Soljenitsyn fala de um clima de "Diga aqui. você está
meio surdo):
medo e delação: "Você pode ser preso danao todo esse testemunho volun-
por um peregrino religioso que per- tortamente"? (Notem isso. porque
noitou em sua casa "pelo amor de Odjornikidze depois receberia sua
Deus". Você é preso por um homem da "Absoiutamente
própria bala!)
companhia de eletricidade que veio ler voluntário'", é Piatakov cambaleou. No
o medidor da sua casa. Você é preso intervalo do processo. Rikov disse a
'lomski teve força de
por um ciclista que correu em sua Bukharin:
direção na rua. por um condutor do vontade. Ele jí. havia entendido tudo
trem, um motorista do táxi, um em agosto e suicidou-se. E você e eu,
Glossário
denado a cinco anos ae pnsáo em uma autocrítica em 1956. Em 1961,
janeiro de 1935, a 10 anos em agosto, à por ocasião do XX Congresso do
morte em julho de 36 e executado PCUS, é acusado de numerosos crimes
deoois do primeiro processo de Moscou por vários oradores.
(14 a 24 de agosto de 1936). NKVD — Iniciais russas da polícia
Mikolan, Anastas (1895)— Em 1937 política, também conhecida por outras
era vice-presidente do conselho. Fez iniciais como GPU, MVD e KGE.
parte do aparelho de Estado sempre Okhrana — Palavra russa que
"guarda" e
em posições de destaque mas em 1953 significa designava a
se considerava perseguido por Stálin. polícia secreta tzarista.
Foi quem lançou o primeiro ataque Ordjonikidze, Gregorio (1886-1937)
— Subiu na administração soviética
público contra Stálin no XX Congresso
do Partido Comunista da União sob a proteção de Stálin (mesmo
Soviética. quando se chocou com Lênin, em 1922,
Molotov (Vlattheslav Scriaoine) quando foi responsabilizado pela
"russificação" da
(1890 ) — Filho de família rica, Geórgia ,com
parente do compositor Scriabine. métodos violentos). Coagido ao suicídio
Parece ter sido o primeiro homem de em 1937, quando tentou salvar o irmão
confiança de Stálin, o que impediu que condenado nos processos dos velhos
tivesse perigado durante os grandes bolcheviques.
expurgos. Foi comissário, depois o Rikov, Alexis (1881-1938) —
nome desse cargo mudou para ministro Membro do Bureau Político de 1923 a
do Exterior de 1940 a 1949. Também 29, presidente do Conselho de
parecia ameaçado por ocasião da Comissários do Povo (Conselho de
morte de Stálin. Em 1953, novamente Ministros) em 1924 quando morreu
ministro do Exterior e vice-presidente, . Lênin. Ligado a Bukharin, foi afastado
"direitista"
entra em choque com Kruschev e faz dos órgãos dirigentes como
il 4t í*«jü M i«?l
0f>"40
**.
como bobos. iMuinuamô* vivendo*
OArquipiUtodé Gulag referesa ac
:*;-.:. de I9I« a i *•*¦ e em suas
aproiimadamente "•- páginas c-
outras recordações, explicações,
acusações e refkxões Mas «rgundo o
fk« fie** York ftmet. que publicou
durante íris dias exeartos do livro,
"mait dramática» acusações"
duas das
sa relacionam com Stálin O autor
russo acua Stálin de ter preparado um
expurgo de judeu* , ••- senam primeiro
perseguidos em Moscou e depois
exilados para a Sibéria; e de ter servido
quando jovem á policia secreta
uaritta. a Okhrana.
A perseguição aos judeus, segundo
Soljenitsyn. seria oesencadeada a
'conspiração dos médicos"
partir da
— grupo de mldkos do Kremlin, a
maioria de origem judia, acusados por
Stálin de tramar a morte de altos
funcionários do regime — noticiada
pelos jornais de Moscou em 13 de
janeiro de 1953. Dias depois os mesmos
jornais iniciaram uma campanha pela
remoção dos |Udcus que estivessem em
postos importantes na administração
soviética. Esperava-se uma onda de
detenção en*ol*cndo não somente
judeus como membros do Sureau
Político do Partido Comunista, in*
cluindo o ministro do Exterior,
Molotov. Anastas Mikoyan e outros
Mas quaisquer que fossem as in-
tenções de Stálin elas foram in-
terrompidas por sua morte a 6 de
março de !95J._
"conspiração dos
A médicos" e a<
previsõei de um exoureo. aue se
frustrou com a morte de Stálin. nao são
revelações de Soljenitsyn. mas é
novidade que Stálin planejava enforcar
os acusados na presença do público na
Praça Vermelha, na mesma
plataforma de pedra que era usada
com idêntica finalidade por Ivã. o
Terrível, no século XVII c Pedro, o
Grande, no século XVIII. Também
"cons-
nunca se ialou antes que a
piração dos médicos" seria seguida de
um massacre de judeus em Moscou.
A outra acusação de Soljenitsyn a
Stálin — a de que ele teria pertencido à
— é baseada na
polícia secreta tzarista
informação de um antigo oficial da
policia tzarista que morreu num
campo de concentração na época de
Stálin. Segundo o cvitor. esse oficiai
disse que a queima apressada dos
arquivos da Okhrana nos dias que se
seguiram à queda do tzarismo. em
fevereiro de 1917. devia-se ao interesse
em destruir documentos que im-
"cenas
plicariam pessoas". O oficial
continua na página ao lado
V
em 1929, mas fez uma autocrítica e
voltou a assumir cargos de direção.
Julgado, processado e executado ao
mesmo tempo que Bukharin.
Tomskl, Michel (1880-1936) —
Operário gráfico, foi presidente do
conselho central dos sindicatos de 1917
a 29. Aliado de Bukharin e Rikov foi
afastado do£ cargos que ocupava
acusado de "direitista" mas fez
autocrítica. Suicidou-se em aposto de
1936.
Zinoviev, Gregorio (1883-1938 — De
origem judaica, foi um próximo
colaborador de Lênin de quem várias
vezes divergiu, como durante a tomada
do poder em outubro de 1917, qrc ele
achava prematura. Foi presidente do
Soviete de Petrogrado (espécie de
Assembléia da cidade que atualmente
se chama Leningrado) e sempre figura
de destaque no aparelho de Estado
depois de 1917. Formou a troika com
Stálin p. Kamenev. Foi excluído e
reintegrado no partido antes de ser
condenado à morte e executado depois
do primeiro processo de Moscou.
(\ *.,áu t« *S» M>n#49 «se
fe*<»nsi«*49 do fi4$<*t) %m Ityfg
aciiasa que o pesnetpèj taMmÉdo en
o prèpnâ Ítalos
V . .** í -.. f. ,{.-¦.» ^.. , . ... .
a ..»-ur,»k»., «je que uma «ia*
*.-«.», »r» mai» 'i:!''f.!t/l.<?.!c !<=<»»
(ior Stllto a antigo* çttmpanhetro*
comunissas caldo* ens «desgraça era a
de que cies teriam '¦>'.-. ligações com a
Qkttraaa Segundo p **•¦ • ;-.* us<
ditaria uma forte *¦¦.<-.:>¦ p**¦.:.-.***
de Staltn originada pela propna
Os caminhos
de um dissidente
seu estudo dos campo* de
Emcancenitaçaa >.. c ..-. ua énoca
de Stálin. Aiesandre ãoljenittyn
enserta varia* informações
autobiográficas, Afinal ele próprio foi
pmtoneiro des*cs campo* por um
longo período que começou em I94S,
Através do que ele conta é possível,
talvez pela primeira vex. conhecer as
circunstâncias que modelaram a
personalidade deste persistente
opositor do governo russo.
O autor nasceu no none do Cáucasc
ali de dezembro de 1918. Seu pai. um
oficial condecorado do Exército
turista, morreu poucos meses antes de
teu nacimento. Devido I* origens.
Soljenitsyn pode ter encontrado
dificuldades no novo regime, mas se ta'
se deu ele dese ter conseguido supera-
Ia*: fez estudo* bnlhantes. devido a
facilidades no campo da matemática, e
pertenceu à organi/acão da Juventude
Comunista.
Aliás Soljeni*tsyn dificilmente
poderia ter uma outra opção politica
na juventude: a panir da segunda
metade da década de 20 qualquer
oposição ao Panido Comunista oficial,
ou mesmo dentro desse, era não só
proibida como violentamente punida.
Antes dos 20 anos presenciou as
campanhas lançadas pelos jornais
oficiais, primeiro contra a chamada
oposição de esquerda, da qual a figura
mais conhecida era Trotsky. depois
contra a considerada oposição de
direita, cuja figura mais prestigiosa era
Bukhanr.
Um ano antes da invasão da Rússia
pelos nazistas, em junho de 1941.
Soljenitsyn casou-se. Na guerra serviu
primeiro como soldado e depois de
cursar uma escola de treinamento foi
enviado para a frente de batalha
comandando uma bateria de ar-
filharia. Soljenitsyn conta que as
dúvidas experimentadas na juventude
sobre os méritos da liderança de Stálin
foram reforçadas com os erros que
notava na condução da guerra.
Suas observações foram trocadas com
pontos de vista semelhantes de um ex-
colega de escola, que servia num outro
iocal de frente de batalha, numa
correspondência escrita que caiu nas
mãos da censura. Ambos foram presos
e foi na prisão que Soljenitsyn diz ter
tomado contato pela primeira vez com
filosofias diferentes das que ele con-
iiderava em aplicação na Rússia, tais
:omo a ortodoxia russa, a fé judaico-
:ristã. as normas das democracias
icidentais.
Durante sua prisão Soljenitsyn ficou
amigo e admirador de um estoniano.
Suzi, que parece ter exercido muita
influência sobre as idéias do preso
decepcionado com o governo de seu
"Durante muito tempo eu não
país:
tinha querido conhecer nada além do
marxismo. Todo o resto que me
chegava ao conhecimento eu
desprezava. Mas o acaso me fez entrar
em contacto com Suzi. Ele havia tido
fontes de informação completamente
diferentes. Eu escutava fascinado o que
ele me contava sobre a Estônia e a
democracia. Até aí eu nunca havia
pensado em me interessar pela
Estônia, ou pela democracia burguesa,
apesar disso fiquei escutando aten-
tamente suas encantadoras histórias
dos 20 anos de liberdade desse sóbrio
povo trabalhador, feito de grandes
homens que procediam firme e
cautelosamente. Escutei os princípios
da Constituição estoniana que foram
copiados do que existia de melhor na
experiência européia^ e como havia
» '*
tunesonado sen Parlamento ámeo 4e
lOOmmbm n#«* Hcom *«#*** f—r »****"
mas co *»**«* •*« a gostar disso tudo e
fo g^g
todo n*o tmtmou a farer nane de
Hltorta «i{«««*..-.i
Saído Aos tampos de pnstoneiro*
:<•{.:-. 4a rnurtí d* Stil«» Vljrn.H.ri
¦ ¦. •*-.. -. -jr %oeA\veuSa com a
publicação,
.-- - t*'.zporKtuKbevno<-••-.!¦.da
detestaltatraçâo. dc um i --¦>*•.«- que
.;.'*.» ja nora* na «ida de um
pmioi.r¦¦! > destes campos. Um Õta na
Vide dr hon Denimtek (II, II caldo
novamente em desgraça com o governo
de *eu pai* ck puhlKoutfara da URSS.
Petdhao de Conterutoi e O Primeira
Onrtite
Provavelmente foi Um Dia na Vide
de Itan Dentiottih o livro qtae mais
influenciou para a obtenção de
testemunho* *obre ot campo* de
trabalho forçado Solknruvn conta que
depois da publicação do livro foi
procurado, pestoalmente ou por
correspondêneta. por vários egressos
destes campos que queriam contar
suas recordações, Segundo Soljfeniisyn
ele estava indeciso de publicar O
Arquipélago dr Gutog que continha
mu11o. desses depoimentos;
temia represálias da policia poli-
tica contra os que eram identifí-
cados no livro lese inclusive o
cuidado de evitar que O Arquipélago
de Guleg fosse publicado na tamizdot,
a literatura clande*tina que é
reproduzida e distribuída de mao em
mao peto* próprio* leitores das obra*
cen*uradas. Apenas uns poucos
conhecido* tiveram acesso aos originais
e uma cópia teria *ido posta em
segurança fora da União Soviética.
Todas as precauções foram inúteis.
Em agotto. segundo informações de
Soljenitsyn. a policia de Leningrado
prendeu uma mulher que postula uma
cópia. Depois de cinco dias de in-
terrogatório a mulher, chamada
Flizabeta Voronianskaia. foi solta
depois de entregar a cópia do
Arquipélago de Gulag t suicidou-se. O
fato segundo Soljenitsyn levou-o a
publicar o livro como forma dc dar
uma cena proteção aos outros citados
que agora eram de conhecimento da
policia e depois da publicação da obra
seriam também de conhecimento dc
público, o que talvez dificultasse
represálias policiais
Agora ele afirma em entrevista
considerar seu último lançamento a
obra mais importante de sua vida. A
obra que ele dedica a todos que "não
viveram para contar. E que eles por
favor me perdoem por não ter visto
tudo: não ter lembrado de tudo: não
ter adivinhado tudu".
/// Publicado no Brasil pela Editorial
Bruguera.
Um incendiado
presente
de Natal?
em Paris durante
as festas de fim de ano — um
Aparecendo
período habitualmente mais favorável
a acontecimentos familiares que a
.grandes decisões públicas — O
Arquipélago de Gulag foi encarado por
muitos como um presente. Os
primeiros 300 exemplares postos á
venda da edição em russo (1)
esgotaram-se em poucas horas e os
jornais no mundo*inteiro abriram
espaço para comentar o lançamento de
mais um livro de Soljenitsyn ou para
reproduzir longos excertos do mesmo
acompanhados de análises dos fatos
lembrados pelo autor.
Rapidamente foram anunciadas
traduções — o livro deverá ser
publicado em abril ao mesmo tempo
em inglês, francês, sueco e alemão — e
algumas rádios prometeram emissões
de trechos ou do texto completo. No
dia 27 de dezembro a Rádio Liberdade,
que tem sede em Munique, Alemanha
Ocidental, e transmite para dentro da
União Soviética, anunciou ter
(l) Publicada por uma pequena edite
ra francesa. YXCA-Press.
adendo «** direito* de tranimftilo
Patrocinada pefo* onm<anscfttano*.
a Hluisa I.itytiA*4r ;nform«*j qtae o
|j»r«í, Ae nu» pagina* ma-% ««a menos.
«*** integralmente transmitido em
russo e outras I? Hngua* faladas na
União Sostêstca. do transmissor de
««da cuna que a Radio tem na
Espanha. At cmt**«rt dessa Rádio
torrem muita mierferencta dentro da
Ró*ua. mas teu* responsáveis ett«io
seguro* de atingirem ouvinte* ru**os —
enire ot quatt o
próprto Satjcnttsyn.
segundo sua* deelaraçòet — porque
alguma* dat emissões *io fcuat em
perfodot em que fíca mat* difícil a
interferência, como durante o
crepúsculo
A Vos de Aménte, que por força da
aproiimaçâo Roma-Estado* Unido*
foi liberada de interferência* pelas
autoridade* ru**a* desde o meio do ano
passado, tá começou a transmitir
resumo* e análtse* do 'tsro bem como
comentário* *obre o mesmo, feitos pela
imprensa ocidental Outra* estações de
rádio do Ocidente ,.-. transmitem
largamente para a União Soviética —- a
BBC de Londres e a rádio akmi
ocidental Deut*ch Welle — têm usado
enceno* do listo.
A revitta Der Spiegel de Hamburgo
publicará trecho* do livro c a Rádio
Europa Livre, que como a Rádio
Liberdade tem sede em Munique e *
financiada pelo* norte-americanos, ja
transmitiu longos trechos do
Arquipélago de Gulag para ouvintes
que teria na Polônia. Romênia.
Tchecoslosáquia. Hungria. Bulgária e
Albânia.
Reação russa
Na Rússia as reações foram menos
amplas e menos entusiasmadas.
Depois de um siiéncio de alguns dias a
agência oficial Tass divulgou um texto
sobre o que foi considerado mais um
incidente provocado pelo dissidente
Alexandre Soljenistyn. Um lanto
inesperadamente, panindo de um
regime oficialmente materialista, o
comunicado da Agência Tass começa
com. veladas alusões ao espírito
natalino, vigente no período do ano
quando é "aoscostume as pessoas darem
presentes que são prdximos por
parentesco ou sentimento". Soljenitsyn
agiu diferentemente: "O Arquipélago
de Gulag foi contrabandeado para fora
do pais e aí viu a luz do Ano Novo. E
aqueles que ainda não esgotaram
completamente as energias ¦ em
combinações anti-soviéticas,
esquecendo do feriado, lar-aram-se à
exploração do fato".
O comunicado fala no período do
acontecimento prejudicar o clima de
distensão que estaria presidindo
atualmente à reapoximação dos povos
e refere-se diretamente à obra do
escritor: "Em seu novo livro de 260 mil
palavras Soljenitsyn trata novamente
os velhos temas de sua "linha
criadora'" — campos de prisão dos
anos pós-guerra, uma pretensa rede do
serviço secreto que abarcaria o país
inteiro, perseguições aos intelectuais,
envio dos dissidentes para hospitais
psiquiátricos, um monte de calúnia
sobre o povo soviético".
Depois de negar aos que criticam a
Unia} Soviética a autoridade moral
para fazê-lo o comunicado conclui:
"Talvez o interesse no Arquipélago de
Gulag deva-se aos seus méritos
literários? Claro que não. Os autores
dos comentários sobre o livro nem
mesmo mencionam isso. O novo
panfleto político anti-soviético foi
enviado pelo sr. Soljenitsvn ao mundo
como um presente de Ano Novo aos
inimigos da máe prátria. Essa novela já
assegurou sua fama entre uns poucos
povos, mas essa fama será conhecida
no mundo como-a tama de Erostra-
to".
A referência a Erostrato que em
356 antes de Cristo incendiou o templo
de Diana em É.éso para consequir
celebridade poderia significar também
uma ameaça velada: o incendiário foi
condenado à morte e queimado. Mas
os estudiosos dos desígnios dc
Kremlin, habitualmente consultados
nessas circunstâncias, já deram o vere-
dito de que dificilmente acontecerá a
Alexandre Soljenitsyn alguma coisa
que ele nãò tenha experimentado
antes. (Júlio César Montenegro)
fe
Entrevista com Ético Veríssimo
"Sincero e franco
dentro do bom gosto"
f.nru Verisstmo tentam o pemeim
talume ar mat •-.<-.•... : u» de
aanneta i\% em que feia sobre e
injinat. a jamilta, o começo de
carmra dr rteritor as entuntmt com
escriturei lamusos, at **agm% peb»
mundo Em enteevnta ptus IMmar
Marques, de Ommiam o escritor
comenta seu Ihro, suas tdHts. e em-
treipa um pouco da que trará a
trgundo volume o srr editado not
próximos meses.
Veríssimo — Já falei
Erico tanto, tantas entrevistas, per*
guntat e r*rspo*tas, que acho que
pouca coita tenho a acrescentar ao que
já foi dito. Agora querem saber de meu
novo Ihro. o autobiográfico Sota de
Clennrta. mas k difícil para mim falar
de minha* obras Tal»ez porque me
falte visão critica. di*po*içao e tempo.
Pergunta — O que se fez?
E. V. — Atualmente trabalho no
•egundo volume de minhas memórias.
Eu pensava condensar toda minha sida
num único tomo. Lá pela* tantas pedi
prosa* de página* ao* meu* editores e
verifiquei que o número delas já tinha
passado de * • *. e eu ainda nao havia
escrito os capítulos finais, nem mesmo
redigido minhas impressões de siagem
através do mundo. Decidi, então,
dividir a obra em dois tomos e isso me
permitiu incluir capitulo* que de outro
nodo seriam eliminados como. por
exemplo, minha viagem á
Tchecoslosáquia durante a Primavera
de Praga.
P — Sua vida vai precisar de mais
espaço?
E. V. — Sim. para narrar meu
encontro com escritores como Aidous
Huxley. -Albert Camus. Salvatore
Quasírnodo. John dos Passos. Hcrbert
Rcad e muitos outros. «Mas acho que
dois volumes darão conta do recado.
Neles farei também uma anális?- da
maioria dos meus livros e prin-
cipaimente dos que formam a trilogia
intitulada O Tempo e O Vento.
Analiso mais demoradamente. como
um mágico de feira revelando seus
truques. O Prisioneiro e Incidente em
Amores, isso num capítulo intitulado
A Ori.i»" de Frankenstein
'.' — Que tipo de autobiografia ê
Solo dt Clarineta?
E. V. — Considero estas minhas
memórias mais um documento h.u-
mano do que um documento his-
tórico. Nela conto fatos, sen-
timentos. anseios da minha intãncia.
adolescência, mocidade e velhice,
através de bom pedaço da terra e os
confrontos que fiz entre os países
estrangeiros e o nosso. Quem fez meu
itinerário, e custou-me um pouco
descobrir isso. não foi o meu eu adulto
mas sim o menino que eu pensava
conduzir pela mão. o menino que todos
nós carregamos em alguma recôndita
parte de nosso ser e nos acompanha até
a hora da morte. Foi esse suieitinho
que me fez cumprir todas as promes-
sas que ele tinha feito a si mesmo,
de conhecer ta) e tal país. tal e tal
povo.
P — E conseguiu dizer tudo sobre si
mesmo?
E. V. — A verdaae é uma enguir.
escorregadiça que freqüentemente nos
escapa da mão. Fiz o possível para ser
sincero, franco. denJTo do bom gosto.
A memória *Seué um território cheio de
armadilhas. tempo e seu calen-
dário sãe-nuijtas vezes ilusórios. Mas
em suma quem ler este livro terá pe-
Io menos uma idéia do que foi minha
vida desde o dia em que nasci até a
hora em que pinguei o ponto final na nar-
rativa.
P — Alguma espécie de inibição
impediu.a exploração de determinados
temas?
E. V. — Nao é uma autobiografia
escandalosa, destas em que as pessoas
temem ser relacionadas. Não faço
17
fofocas neste listo e *e senti que certa*
pa**agen* poderiam magoar alguma*
pe**oa«. ou e**e* trechos foram
suprimido* ou procurei ocultar a
identidade do* panteipantef.
P — £ os processos inilndores?
B.V.— Procurei igtwrálot, Mask
claro que. n«**c* caso*, não k to o meu
nome que está em jogo Tenho,
também, que pen*ar na posição de
meus editores, minha família...
P — Eité sendo agradàsel escrever
tuas memorial?
E. V. — As veies, ceno* trechos. Há
neste* livro*, porém, capitulo* in*
teiro* que não gotto de reler, Ele*
ainda me doem um pouco.
P — Espera encontrar o mesmo
número de iettores qur. por exrmpto.
alcançou com Incidente em Antares?
E V. — Desconfio que comprarão
este livro apenas aqueles que estiserera
interessado* na pessua dc seu autor...
ou que quiserem saber como é que um
sujeito que nasceu em Cruz Alta teve
es*a idéia meio doida de siver de
literatura, num pa!* e num momento
em que a profissão de escritor não
existia.
P — Relutou muito em começar?
fc- V. — Quando minha mãe me
insinuava que eu devia publicar meus
escritos secretos no jornal local, eu
repelia a idéia, quase indignado. O
"literato" nas
cidades pequenas
sempre foi uma espécie de "idiota da
aldeia", sujeito olhado com cena
ironia e piedade pelos homens
"normais", espécie de bicho
ridículo e
inútil. Eu reflcia assim: "Se algum dia
alguém apontar para mim na rua e
disser: — Aquele cara que lá vai é
metido a literato — eu morro de
vergonha".
P — Quando surgiu seu primeiro
livro?
E. V. — Eu trabalhava na Editora
Globo e pensava publicar em forma de
livro meus melhores contos. Mas eu
sabia que uma obra dessa natureza
seria fatalmente um mau negócio para
qualquer editora, por duas razões
pederosas: eu era um autor
desconhecido e os. livros de contos
tinham pouca aceitação no mercado.
Pensei então em fazer a publicação por
minha própria conta e iim ''
perguntei ao jovem Bertaso. filho «...,
proprietário da Globo, quanto me
poderia custar a produção da obra. Ele
ficou pensativo por um instante e
depois, sem muito entusiasmo,
murmurou: "Podemos editar seu livro
por conta da casa. Onde estão os
originais"?
P — Ali iniciou sua carreira de
-'scritor?
E. V. — Esse diálogo lacônico,
travado entre dois homens ainda na
casa dos 20 anos, ambos de pé e meio
desajeitados, em plena seção de varejo
da Livraria do Globo, teve uma grande
significação na minha carreira e quero
crer que de certo modo também na de
Henrique Bertaso e na de sua in-
cipiente editora. Fantoches, meu livro
de contos, apareceu assim em 1932.
P — c onta isso em suas incttlô-
rias?
E. V. — Sim. esta no primeiro
volume, que será lançado em
dezembro.
P — £ o que mais?
E. V. — Olha. esse não é um livro
dramático, não há muito a salientar
nele. Caro, há trechos en: que o drama
está presente mas o meu tem-
continuo da página 18

Ifi
(oafinvaçdo do po«j***o I?o
•-«ramcnto, atewo àt tragédia* oo a
<?*«••*¦•-» seniimcniais íer o papel de
moderador quando loquei «ia
"tete**.
i V. — Algutm i* dittc que co sou
um maniaco da liberdade Bendita
mania, porque ba ••¦» manlm** dc UJ
opressão, da tirania*
P— Isso injtut em teu trabalbo*
g, V. — Ot problcmat poliiico* de
nottot diat não tâo totalmente noiot
Na minha cidade natal *a vitemoi tob a
pata dc um ditador cruel c atrabiliário,
Não hi nada; - •¦ para um poto do que
o conformitmo. a indirerença ante a
dor dot outrot c ctia tendência dc
delegar a meia do/ia de donos do po-
derodircitode pçniar pela coletividade
em toJot ot atsunto*. Sem liberdade
nâo pode haver literatura, não pode
haver arte. Quando cm W" Getúlio
Varga* inttltuiu o Ettado Noto e o
famigerado DIP corneçou a exercer
rigorosa ccn*ura tobre a imprcn*a c a*
•
citações de radio, fui ttoiíficado de que
dali por diante teria que tubmeter um
programa dc hittoriat infanti* que
A arte como documento
historiador dc arte francês
O c
professor da Sorbonnc Picrre
Francastel sempre sc recusou a olhar a
arte como uma especulação puramente
imaginária do cérebro de estranhas
criaturas, os artistas. E também
sempre se recusou a considerá-la mero
rellexo da situação sócio-econõmica c a
analisá-la a partir dc outros dados que
não os de suas próprias leis dc
{produção. Ele acredita e defende a
autonomia de um pensamento plástico
a comporta de maneira semelhante: fala
que teria um valor tão positivo para
história do conhecimento quanto, por
exemplo, o pensamento matemático. "arte
Não que seja a favor da pela
arte". Francastel luta contra o que
reputa um preconceito ocidental de só
d ir valor histórico ao documento
escrito, desprezando os documentos
plásticos e os próprios monumentos.
Dai que quadros e esculturas entrem
em geral nos livros de História apenas
"ilustrar", e não sejam tomados
para
como testemunhos em si mesmos,
A Realidade Figurativa é de certo
modo um desmentido ao preconceito
contra o valor do testemunho da arte.
A arte é analisada como um poderoso
agente de transformações sociais e
humanas. Já em um pequeno e ad-
mirável livro. Peinture et Societé (1).
Francastel mostrara como uma
— a
questão específica da— pintura
questão do espaço era tão par-
ticularmente significativa para a
história das idéias. Ele demonstrou —
o que a.,tes dele não parecia de modo
algum óbvio — que o espaço utilizado
pelos artistas do Renascimento,
baseado na perspectiva, transformara-
se com o tempo numa espécie de
espaço natural e que parecíamos
esquecer que ele também era uma
construção intelectual do homem. E
que uma tela renascentista
não
representava melhor a realidade do
que um quadro cubista. Apenas cada
um usava um sistema diferente.
Ainda em Peinture et Societé, cujas
teses são com freqüência retomadas em
A Realidade Figurativa, Pierre
Francastel mostra como a fotografia de
certo modo contribui para a per-
manência da ilusão do espaço
renascentista como um espaço natural.
Ê que a câmara fotográfica baseia-se
precisamente no princípio do espaço
renascentista levando as"certo".pessoas a
aceitá-lo como o espaço
Qu >*>e olímpico
Certo de que a análise das obras de
arte tem uma contribuição efetra para
a História e para a Sociologia, Pierre
Francastel estuda, em A Realidade
Figurativa, desde te nas r.mplos como
Técnica e estética até outros tão
*par* uma r«Wte è vemura
r-roduiia
i >.-.,.!«irromar * hora infantil o qut
lil çoffi um divciiiso dc devpudida c ao
nsesmo icmpo dc proieiio contra a
vii«-asá*' Uto fc* mc taicu nota in
icrpeiacao da pane da polkta Ê om
circulo ncio*»» que nao quero
r*-corncear
P — Mio bé eomlkòrs paru sr
romper me cirvub*?
E V, — Ccnamcntc, Veia o cato
Watcrgatc, Oi Fttadot Unidot tio um
hi muito
pait cneio dc defeitoi. mat
nação
que direr em veo favor, t uma
•0*1 que o Ugttlawo e o Judiciário têm
uma grande forca e um grande
lôrc
prestigio, liso c mait a imprenta
tomaram poisiieit que um polliico
corrupto como Spiro Agite** te tittc
forçado a pedir demhsao do cargo dc
ik«*prctidcnie da Republica.
P — E a participação dos ruman-
cistos neste processo?
E v. — Costuma*** pedir aot
romancittai o que eles nao podem dar.
A obrigação do contador dc hiitortat é
contar cstòruv Como via matéria*
LIVROS
Pierrc Francastel
A REALIDADE FIGURATIVA.
Pierre Froncostel (Per-
spectiva, 444 págs., CrS
40,00)
limitados como O Diabo na Rua no
Fim da Idade Média. Em ambos.se
com clareza dentro da mais pura
tradição cartesiana. confiante de que
"não existe
pensamento eficaz a não
ser na conduta consciente do espirito".
c colocando a seu serviço uma con-
sidcrável erudição.
A relação enire técnica e estética
está necessariamente em questão na
moderna sociedade industrial. Em um
livro anterior. .4rr et Technique (2).
Francastel já se manifestara contra a
tradicional oposição entre esses ter-
mos. Ac contrário de Theodor Adorno,
para quem a força revolucionária da
arte moderna estava pr :isamente cm
sua inutilidade social. Francastel
considera os valores estéticos forças
sociais atuantes. Ele insis'e em
es.abelecer uma ligação concreta entre
o progresso intelectual e material de
uma sociedade e a arte que nela se
produz.
É claro, portanto, que ele vê a
técnica e a estética como campos de
saber até cer»o ponto solidários. Mas é
possível que no esforço racionalista de
superar contradições Francastel tenha
caido no erro de ignorá-las. O final do
ensaio Técnica e Estética é quase
olímpico. Recusando-se a levar em
considerações os mecanismos muitas
vezes irracionais e kafkianos da
moderna sociedade industrial, ele
arte. e
propõe uma colaboração entre "Sem arte,
técnica pelo menos utópica:
a técnica seria apenas uma atividade
vã; sem técnica, a arte não passaria de
um inútil jogo de sombras fugitivas". É
para chegar a
verdade, no entanto, que"estética",
essa fórmula muito "técnica", mas
Fran-
certamente pouco
castel analisou lucidamente o
totalitarismo dos técnicos em relação à
arte e denunciou a idéia romântica ria
"arte supérflua" defendida muitas
vezes pelos próprios artistas.
Consultando documentos
A análise de um tema tão restrito, 0
Uiubo na Rua no Fim da Idade Média,
pode parecer estranha para quem está
habituado ao Francastel dos vastos
problemas teóricos. Isso seria uma
injustiça pnra com esse historiador que
*••• » : m dentro %\è -¦ m k ¦•*- •-•- 1
prima k o
denroda Ht**bm, dc nio pwl* «***w
.rc v«f ludo o que esta ¦- ---*-•<
«prevenia dc Mn c dc mau ***» i*t«w
tm ttoiMitkraejo *s punai «o a*
ltlui*»Vs qoe r*»ssa ferw oa ero;
baraçar ComodKtt Anhur Koctilcr. o
rornanet*!a lem dc faiec o diagnMiico
da «.(<}? =.ri.»c da :-*¦¦'-•*.:' tobre a
qual rtercie para com uto .*•»* a
rwsevwjade dc cura**.
t* — 4% tolusòri também podem
partir do escntorf
E V. — Acho que nio. difkilmentt
cie terá com**ci«*iHia para •-•- Para
que ctutem ot toeiôlogot. ot
ceonomitiai. 01 ttfvnkoi evpccialwad«*i
cm cada tetor? A cura é um capitulo á
pane. Depende de muita gente, muito
tempo, muito trabalho O que mc
-.-*
parece cttcrtcial é deitar claro que
liire ê m**lh«*c do que ter eterato. que
cttar tio de corpo e ctplrito c melhor
do que citar enfermo, e que o amor
é p-eferivel ao 6dio Nio tenho nenhum
partido ou facção política, nio
perguntem te tou um efcritor
engajado. Se o tou. t com o H*»mem.
..:•.-. a Vida,
dá a imprettâo dc pastar a metade de
sua vida consultando documentos.
Preocupado sobretudo em discernir o
que é imaginário e o que é represem
tação da vida de uma época nas obras
de arte.. Desse ponto de vista, ele é
quase um iconoclasta do imaginário.
Não por dcspre/á-lo — ele não cansa
de repetir que a obra de arte informa
mais sobre os modos de pensamento de
•im
grupo social do que sobre fatos e
acontecimentos. Mas por destruir as
fantasias de muitos outros
historiadores de arte que. com menos
disposição para exaustivas pesquisas,
costumam ver o imaginário em tudo c
que sirva para dar asas às suas
imaginações.
O caso da tela do italiano Paollo
Uccelo. 55o Jorge e o Dragão, é
exemplar. Talvez se pudesse publicar
um livio com tudo o que se falou sobre
a estranheza da gruta de onde sala o
dragão — com um relevo difícil de
imaginar nas pedras deste mundo — se
não fosse pelo fato de que Francastel
resolveu em poucas palavras o false
enigma. Com base em documentos,
provou que a fantástica gruta pintada
por Uccelo era simplesmente a
represem ação das grutas de papelão
• festa-
que eram construída? ur
populares do dia de São Jorge naqueL
época.
O artigo sobre o Diabo na Rua no Fim
da Idade Média é um esplêndido e
sucinto exemplo de como a análise de
imagens pode ser tão proveitosa e
instrutiva quanto a ae textos.
Estudando a iconografia do demônio
na Idade Média. Francastel mostra
como ela foi se modificando à medida-
que a idéia do demônio foi se trans-
formando para o homem. E como pelo
estudo apenas das imagens é fácil
notar o modo pelo qual o demônio foi
deixando de ser uma força externa,
mágica dentro rio homem e contra a
qual ele estava em luta constante.
Com A Realidade Figurativa
públice brasileiro pode tomar contato
com um 'io^ principais pensadores da
arte rio século IvX. Um rios primeiros
sem dúvida, a insistir na necessidade
de Sc construir um método de leitura '. como se diz, mas mostra
da obra de tirle. — um rios temas aliás
favoritos rio eslruturalismo — para
evitar, antes de tudo, que se analisem
obras plásticas e v:siais com critérios
verbais. (IRonaido Brito)
Gallimard
(1) Peinture et Societé, ed.
Paris.
(2) Art et Technique, ed. Denoel • se desloca para a
Paris.
Gradam Greene
A consciência numa
terra multo vasta
O CÒmui HONOIAtiO &a*om
&*&%* [avtajnooa ?S*i 1*0?* 0%
3000»
alguém que panou a inían
Emcia numa cata ende gostava de
"céu"!
viier 10 mat obngtdo^ a per*
a nfaier do teüjpo na
manecer pane"inferno"
1, que
etcola que detestava lo
aos 22 anot convencuie ao catobcttmo
e aot 23 catou com uma católica, nâo é
preciso ter lido nenhum ioro de
divulgação de pticanillte para
diagnotticar uma grande preocupação
religtota fc íuviamcntc esse o cato de
(írahani Grccnc
Natcido em l**01 cm Bcrkhamtted.
ao none de lamdret, filho do diretor de
uma escola pública que fkava ao lado
da ca* a. íireene era obrigado a pat*ar
a maior pane do tempo na etcola que
ele dt-screveu maiv tarde como um
oiferno. dividido por tabiqu*** de pinho
e onde nunca se citava tozinho em
lugar nenhum. Provaielmsnte. deiido
ao respeito àt tradições, geralmente
atribuido aos ingletes. a escola do pai
1c Greene deiia guardar pelo menot
algumat das earacteristicas de ritpidez
autoritária, frugalidade.
promiteuidade e conformismo
obediente, que eram os orgulhosot
métodot pedagógico* do tittema
etcolar britânico descrito no* romance*
de Charlei. Dickens.
Jornalista dc profissão, cm 1926. ano
da conversão. Greene assume o cargo
de redator-chefe adjunto no Times de
Londres, onde fica até 1929 quando
publica o primeiro romance.' The Man
Wiihin. Foi uma época em que para ele
escrever era uma obrigação cotidiana:
"Durante 20 anos. creio
que escrevi
uma média de cerca de 500 palavras
'
por dia. cinco dias por semana" sThe
End ofthe Affair — O Ftm do Ca: •—
1951*1 Dai para a frente, com incursão
pelo teatro
— The Living Room. The
Potllng Shed 'O Quarto de
Ferramentas! — e adaptaçcies para o
cinema — O Terceiro Homem. ídolo
Caido — Graham Greene produziu
muitos livros c quase todos se torna-
ram hest sellers.
Talvez seja exagerado falar em
receitas para seus romances mas eles
têm geralmente vários traços em
comum: um enredo policial temperado
com o que se convencionou chamar
"humor inglês", crises de consciência,
lutas em busca ou contra a idéia de
Deus. debates mais ou menos
apaixonados dos personagens em torno
dessas crises, lutas e buscas. Tudo isso
pode ser ncontrado tanto em Brighton
RockiO Condenado)(1). publicado em
1W8. como em A Burn-Out Case tUm
Caso Liquidado) (2). publicado em
1%0. e por 'iltimo em O Cônsul
Honorário.
0 Condenado é Pinkie. o Guri, que
chega a chefiar um bando de
de pequeno raio de ação
delinqüentes
na cidade balneária de Brighton. na
Inglaterra, uepois de uma infância
miserável e promiscua em que dormia
junto aos pais na casa de um só
cômodo. Pinkie é um católico
apavorado e atraído pelo pecado
mortal, com nojo ao sexo e aplicado na
tarefa de viver ser inferno até o fim
o diálogos vivos, recordações en-
com a esperança de uma absolvição
redentora antes da morte. 0 romance
lem o suspense costumeiro em enredos
"prendem a atenção".
policiais que
sem
pieguismo nem demagogia uma pirte
nada brilhante da ainda tida como rica
e feliz Inglaterra.
Um Caso Liquidado, como 0 Cônsul
Honorário, se passa fora da desen-
volvida Inglaterra, na África, num
leprosário mantido por religiosos onde
vai em busca da paz de espírito C/uerrv.
um ex-arquiteto europeu de sucesso. Já
para o O Cônsul Honorário o cenário
América Latina, para
uma região da Argentina
Cg>Wl0 ¦*> f t*»*o*o dt [Wi
conhecida durante
protaitlmentc
'mjums trrnanat Mim"
que Greene
tní«*rtr*a. na dednatí-na do Soro ter
pa*tad«»em San Uidroe Mar dei Plata,
Atem do cenário cttct doit litrot ttnt
--=•*-•,**•
cm comum o qut taJver teja
curto de Greene para e»tfar tt arei**
o qot w
car na tentativa na deteroer"natuoT
do*
patt* nat cometcoctat
em amhot ot prtneipatt pertonagent
tio curopeut. filhe* de. oo com muitat
ligaçúci com ette* Mat, diferem
temente dt Um Caso Liquidado, o
iiltimo romance de Greene dá um
certo relcio a dctermtnadot atpectot
da realidade tocial do ambiente onde
tituou a ação
O Cônsul Honorário * Charle*?
Fonnum. o con*ul tngtlt dc uma
pequena cidade argentina, idoto.
simplório e nomeado quate por acato
para o cargo, que acaba raptado em
lugar do embauador americano
inicialmente pretendido pelo*
inexperiente* raptore*. Um filho de
inr-lê*. dr. Plarr. médico na
cidaderinha c ee-colega de e*co!a de
doi* dot raptoie* te vé envolvido no
rapto que. como é de te esperar desde
a cena em que acontece, fracassa
em *eu* objetivo*.
Além de**es {-ersonagen* há ainda a
mulher de Fonnum e amante de Plar-.
uma ex-pro*tituta nu«n longo processo
de adaptação para mie de família; o
romancista iorge lulio Saavedra.
preocupado com o machismo latino*
americano, merodicamente cons-
truindo sua glória literária^ para *
própria honra e consolo: a mãe de ir.
Plarr. separada do marido graça» à
vida militante que esse levava, e
apaixonada por doces ingeridos nas
casas de chá de Buenos Aires: e doutor
Humphries. um formal e recalcado
professor de inglês.
Existem outros que aparecem no
desenrolar da história mas são per-
sonagens que ocupam poucas linhas
poucas vezes, são mais uma pane do
fundo latino-americanj. As luzes fortes
"europeus", seus dramas
são para os
pessoais, suas fugas ou buscas de Deus.
Dr. Plarr é um dos personagens que
mais divaga, mais analisa. Com suas
leituras inglesas, dr. Plarr pensa em
"A
dizer para o romancista Saavedra:
vida não é assim. A vida não é nobre
nemdignificante. Nem mesmo a vida
latino-americana. Nada é inelutável. A
vida tem surpresas. A vida é absurda.
Porque é absurda sempre há
esperança". Munido da influência
paterna e do passaporte inglês. Plarr
observa a diferença entre os próprios
hábitos e os dos locais, que quando
falavam constumavam tocar-se
"para dar ênfase' a ai-
mutuamente
guma passagem, ou simplesmente por
amizade", ou constata a diferença
entre os comportados rios europeus e
oscaudalo?os rios tropicais concluindo:
"Esta terra é realmente muito vasta
para os seres humanos".
E nesta terra vasta dr. Plarr via os
habitantes dos bairros miseráveis
andando mais de um quilômetro na
lama espessa para encontrar uma
torneira que fornecesse água potável a
escritores preocupados com enredos de
machismo e honra.
A história vem bem delineada com
tremearias com ações, tudo levando a
um suspense tinal. Mas é bem possível
que, para muitos leitores o suspense
fique prejudicado pela sensação de se
estar acompanhando um drama menor
enquanto ao lado e vista de relance no
próprio livro, numa terra realmente
muito vasta, se desenvolve uma histo-
ria terrível da qual o próprio tema do
romance é um pálido reflexo. (Jullo
César Montenegro)
(I) Editado i.o Brasil pela Globo
12) Editado no Brasil pela Civilização
Brasileira.
 Op»4o >a de remeto dt I9?e
A babá eletrônica dais férias
<<â í**" nio tem outra cotsa
.•%?-' * l**er. ui*» #? Tem dias em
mie a praça esta muno chata, os Rimes
slo i««i.*% pa mau* d« M anos, A
(rente tem dl acucro** o»*** coisas
muito ruins, como o link *»a« iMec a
Mar* T*ller Moura, mas o que é que a
tente vai fazer**?
Como boa pane dos garoto* de sua
idade. Carb*s AAtitO 11 ano*, filho de
funcionlno público e aluno de escola
estadual, no Rio. acaba de ligar seu
televisor (preto e branco) na conv
panhia de uma garrafa de guarani
Sâo 2 horas da tarde até as 7 horas
pelo menos, quando começa a
ooschnha água com-açúcar própria do
' rári•' latualmente (unnhowl
ele
terá com«> companhia para a longa
tarde de férias alguns monstros
espadais, rapazes surfistas da década
de,60. famílias americana* eiemplares
fcantando ou não) e alguns remansos
relrcscantc* de informação. Em 23
anosdeesisténcia no Brasd. a televisão
vespertina foi a que menos trans*
formações sofreu: e se hoje nao agride
tanto a platéia infantil, que constitui
2/3 de sua audiência, por outro lado
continua a ser. com raras exceções,
uma companhia monótona, pobre e às
vezes muito tola para essas crianças,
que. sem muita possibilidade de
escolha de diversão, estão entregues à
sua guarda.
"As
pessoas cm geral se esquecem de
que a televisão 6 um veiculo muito*
recente, o mais novo de todos, muito
mais novo que o jornal, o rádio, o alto*
falante. Dizem que as mudanças já
podiam ter sido feitas há mais tempo,
mas que tempo? A TV tem uma
história muito curta".
Para Homero Icaza Sanchez. diretor
da Divisão de Análise e Pesquisa da
Rede Globo. Carlos Alberto e os que
como ele se ligam á televisão são velhos
conhecidos. Entusiasmado, apoiado
em seus gráficos e cifras, ele acha que
houve uma melhoria na programação
vespertina. embora ela tenha
demorado. E essa demora ele justifica:
"Era
preciso que houvesse um lastro
de audiência garantida, para então nós
podermos partir de vez para uma
televisão de qualidade, com a certeza
de' que o público iria conosco". Ele
encara com otimismo o material que a
Rede Globo apresenta a seus jovens
espectadores. Diz que seu depar-
tamento analisou a fundo essa delicada
"a
platéia e. para ele, tarde é um
grande .laboratório para a televisão".
O ponto de vista de Icaza não é o
mesmo de seus concorrentes da Tupi e
da TV Rio: seus programadores
continuam colocando no ar a mesma
lista uniforme de desenhos americanos
e japoneses, alguns ainda in-
crivelmente violentos, e filmes de
aventuras, que nem sempre se
distinguem pela inteligência. Para eles
a tarde não fhspira as experiências de
que fala Icaza; é antes uma hora morta
"cheia de aparelhos desligados, onde a
gente deve entreter estudantes,
domésticas e donas de casa", como
coloca Rubens Furtadb, da Tupi.
Laboratório ou não, a quase
esquecida televisão vespertina é, o ano
todo, a opção mais importante para as
crianças da classe média para baixo. E
durante as férias ela assume o papel de
entretenimento absoluto, babá para
muitos estudantes agora trancados em
casa e, no mínimo, entediados: sem
cinema, sem praça, sem escolha.
"Coisa de hábito, mania"
"Tudo o
que eu gosto tem na TV.
Depois, né, eu já tenho o hábito. E,
acho que é mais coisa assim de hábito,
mania". (Paulo Roberto, 11 anos, filho
de porteiro).
O ano da Globo vai de março a
março, e compreende duas
programações: uma de março até
novembro, outra de dezembro a
fevereiro. Para a empresa o público
ocioso das tardes de férias representa
um rico filão. E não apenas como
consumidores de bens e, por con-
Televisão
seguinte, poN**f#4e principalmente
como fuiufo% «sngctadoifi adubo*,,
numa laisa de horàrt®
que t mar* imtmsame á emissora ti
espectador
¦¦H»mu*U\ do t*l*thi*k*t «um
para cnangasl é o fuium
espectador do í#M*» H<t*>**<* di#
lea/a
A lítattà- de Análise e Pesquisa da
CHobo levantou com clandáo q público
que tem para atingir, e suas »att*çwc*
nos vir** perw«n 4» melodia a* 2
a b*»ra do rimogo *- «lona* de ca** e
aposentados, da* 2 â* a — um perfede
fraquKsimo. com apenas JCT* dos
televisores ligados — uma platéia
mista e flutuante i"gente que entra e
liga a tclcstsâ*' depor* sai e desliga",
Ica/ai, e das a cm diante, "a insasáo de
um band<s de crianças",
Essa insasáo começa, na* íéna*.
muito mais cedo. ás se*es a I hora da
"bando
tarde. I desse invasor", uma
fatia especifica é o alvo da
"o
programação: garoto do subúrbio
40% da audiência — e do Grande
Rio — 30%—cujo pai nâo pode se dar
ao luso de despender, como o da Zona
Sul. 100 cruzeiros por semana para
mandar o tllho ao cinema (todo dia),
nas férias".
E não apenas no Rio: "Guiar-se pelo
Rio é guiar-se por uma miragem: nós
tomamos a média do público em São
Paulo. Belo Horizonte. Pono Alegre.
Salvador, f essa audiência que nos
interessa", diz Icaza. Mas em todas as
platéias, a constante: o espectador em
idade escolar, da classe média para
baixo, "o pai trabalha das 8 ás 6. a mãe
é dona de casa. faz biscates como
costureira, doceira. para ajudar o
orçamento", diz ele.
O número considerável de televisores
desligados que leva concorrentes até a
desprezar o horário não impressiona
Icaza. Ele diz que a cifra representa as
famílias ausentes, os homens, mesmo
as donas de casa atarefadas com
trabalhos domésticos ainda ab-
sorventes porque "os eletrodomésticos
brasileiros ainda não são sofisticados o
bastante para deixar a dona de casa
com as mãos c o tempo livres. Falta o
controle remoto, a abundância de
produtos semiprontos que há nos
Estados Unidos. E a brasileira reage
muito, ainda, contra esse tipo de coisa,
'estraga
que ela acha que "é
o paladar'".
Icaza diz que uma miragem pensar
que a programação vespertina é só tf
para crianças , mas e a elas que se
destina a maioria dos programas.
Como uma grande empresa, uma
grande indústria de entretenimento e
fantasia — a Globo tem a primazia de
ter dado os primeiros passos no sentido
de melhorar, de alguma forma — é
claro, segundo seus critérios — a
programação infantil. Pautando-se em
primeiro lugar pela idéia de manter
sintonizada a maior parcela de público
possível.
Os filmes de aventura renovaram-se
apenas nas datas (e nem tanto assim):
"perdidos no espaço", em "tunéis do
tempo" ou "terras de gigante" os bons
e impecáveis heróis americanos
continuam combatendo o Mal e a
Injustiça. Mas já os desenhos subiram
mais em novidade (pertencem à última
safra de Hanna e Barbera, os criadores
de Tom eJerry) e em variedade: agora,
ao lado das correrias de bichos
falantes, podem ser encontrados o
grupo pop Jackson Five ou uma sátira
realmente divertida do seriado
"adulto" Missão Impossível. Talvez
por isso os jovens espectadores con-
tinuem ligando, em primeiro lugar,
para o canal 4, da Globo.
"A chata da Mary Tyller"
"Tem algumas coisa
que não dá,
mesmo. Aquela chata da Mary Tyller
Moore, uns filmes muito velhos, com
cantoria. Às vezes eu mudo até de
canal". (Michel, 10 anos)
Mary Tyller Moore é uma joven-
zinha americana esforçada e in-
dependente que tenta fazer carreira
sozinha na cidade grande. Dick Van
Ulfce lo a*>ro fatottfo- d»** •pj&t*»*
r*t Wa.lt fbsw» t um pai 4« família
wapaihjM* mas igualmente tsinigido, c
de muito hwto caraicr - K a família
P.*nr*dge — mie státa. cinco Alhos,
sendo dois adolescente* « irtt
criança* dua* da» quais *4»i*l%ct*, e o
irrceir», mu"** esperta — * emende li
mil marasilbas e canta — dublada em
disco — aflnadinha Mas taleez ne**a
hora Cario* Albeno «y Mtthd deitem
4c lado o guaraná, se tesantem e citem
o botêo para acompanhar a* tn»
terminávei* luta* do submarino
Scavíea contra um lote surtido de
monstros mannhos «canal o* ou as
aventuras implausiveis de um
esquadrão de simpático* super 'homens
mimatun/ado* 'cana! I *« Pode ser até
que essa escolha tenha se dado mais
cedo. lá pelas J horas, quando, no
lugar da edição scspcntna de Vila
Shanm, a Globo colocou no ar uma
dUcuiisel Smsôo oV Feriai onde
pontifica a turma da prata de Anette
runkcllo c Franket Asalon. com tun
músculos, motocicletas e amores
juvenis «ob o sol da Califórnia. Atinai.
mesmo com
pesquisa e análise,
ninguém é perfeito.
"Vila
Sésamo eu cuno por causa
dos monstrinhos. Mas legal mesmo é o
Globinho que mostra uma
porção de
coisa que a gente ainda nao apren-
deu". (Demósthenes. 11 anos)
Vila Sésamo, um programa de 52
minutos onde seres humanos (adultos e
crianças) e bonecos animados (os
"monstrinhos") veiculam
de forma
divertida informações básicas de
matemática, geometria, língua,
gramática, saúde e higiene, foi
elaborado pela Children Foundation
de Nova York. entidade de pesquuas
pedagógicas sem fins lucrativos ou
políticos, e adquirido pela Rede Globo
pela soma de I milhão de dólares, fora
uma possível perda de anunciantes no
horário de 4 às 5. (O programa não
admite anúncios comerciais, embora
conte com uma anunciada "par-
ticipação educacional da Xerox".)
Atualmente sendo reformulada e
preparada
"inteiramente para uma segunda série
brasileira", segundo, o
assessor de imprensa da Rede Globo,
Edwaldo Pacote, ela representou,
juntamente com o Globinho. o
primeiro passo concreto no sentido de
realmente mudar o conceito e o nível
da programação infantil brasileira.
O Globinho, concebido aqui mesmo
e editado por Teresa Walcacer e
Fernanda Amorim. é um mini-
telejornal dirigido à criança em fase
escolar mais adiantada (ao contrário de
Sésamo, que se destina basicamente
aos pré-escolares) e vai ao ar a cada
intervalo da programação vespertina.
Em cada edição, um assunto apenas é
abordado. São pequenas reportagens
sobre problemas urbanos (ruas,
calçamento, abastecimento) que
situam a criança em seu ambiente. São
às vezes exposições de arte, concertos,
lugares e países. Os assuntos em pauta
no noticiário "adulto" — crise do
petróleo, política americana, conflitos
armados — são "trocados em
miúdos", explicados de forma sucinta,
porém correta, numa linguagem
acessível sem ser debiióide.
Alto nível grande negócio
Curto (2 minutos) e pouco divulgado,
o Globinho constitui realmente o que
Icaza chama "uma revolução silen-
ciosa", porque não exclui a criança do
mundo e não ofende sua capacidade de
entender e assimilar, até então
subestimada pela TV. "Principalmente
não há aquele negócio de 'agora, a titia
vai mostrar a vocês'... Não: é dois
pontos, entra o prefixo, notícia, fim", .
diz Icaza. Icaza e Pacote têm motivos
para entusiasmo com o Globinho.
certamente o ponío alto do "padrão
Globo de qualidade" na programação
infantil.
"Não faz
sentido a gente gastar 1
milhão de dólares numa Vila Sésamo e
continuar no mesmo nível de antes.
/ J^War*^^^r ¦ •
*^^V
<V*^^^L ^^S^Êr \ "
-^ ^^^^^^^P ••—.
\*
V—Tl™i*T—^^^kT^J .^k '' ^-«ft
\ ***fsMi^t^i^Éfl a^Afr-' *^M
'ME*bcIBÍ9I sT&asTsT^L
^,*^BL>
lUa^B Uft« •***
^(J ^^*V. '*/ ^ ^,^.,S,****
Com Vila Sésamo, fomos subindo
a pouco o nbel de qualidade de
pouco
todos os programas". (Icaza)
"A televisão não faz favor nenhum
cm lutar para abolir a violência",
t Pacote)
"TV de alto
nível é um grande
negócio". (Icaza)
No inicio do ano passado, a Rede
Globo prefixou sua programação
vespertina com um jingle que dizia:
"Não existe nada
mais antigo Do que
caubói que dá 10 tiros de uma vez A
avó da gente deve ter saudade do King
Kong do cinto de utilidades. No nosso
mundo tudo é novo e colorido Não tem
lugar para essa gente que já
cra< Morcego velho bangue-bangue de
mentira/vocês já eram o nosso papo é
alegria".
O anúncio referia-se obviamente aos
monstros e congêneres de outras
emissoras e inaugurava o Globo Cor
Especial, o "grande negócio" na área
vespertina. De fato, desapareceram, se
não da TV. pelo menos da Globo, as
tranqüilas atrocidades que eram
oferecidas à crianças à guisa de
diversão.
O que floresceu em seu lugar com a
exceção de Vila Sésamo e Globinho —
não oferece ao jovem telespectador
horizonte mais largo do que uma breve
gargalhada diante de um desenho
animado novo. E como criança é um
animalzinho difícil de contentar,
Michel, por exemplo, sente falta
justamente do King Kong:
"Por
que é
que só passou duas vezes? Ê gozado
paca"!
Para a Tupi o programa vespertino
não parece ter atrativos. Suas
"mudanças"
para esse período se
resumem a meras trocas de horário dos
mesmos antigos desenhos e filmes —
Tom e Jerry, Viagem ao Fundo do
Mar, Daniel Boone, Batman. Per-
nalonga — e três ralos lançamentos, no
velho estilo: os desenhos Esper,
Esquadrão Arco-íris (japoneses) e Az
do Espaço (americano).
As férias, na Globo, continuarão as
mesmas até o fim. Apenas em março
vêm novidades, mais ao sabor cultural
dessa época do ano: a volta de Vila
Sésamo em sua segunda série, o fim do
seriado Shazan e Xerife, uma espécie
de bangue-bangue caboclo, e a estréia,
em seu lugar, de uma série de
mininovelas inglesas sobre clássicos da
chamada literatura juvenil (Polyanna,
Oliver Twist) e um filme de ficção
científica, também inglês, Skylost,
todos comprados à BBC. Uma nova
lf
I **l^sW
^VSrmJ
BT
'* ** "*IB^ ** * ri».
\
^V^j^^B ^!^^*>***t'**i naa^tgt^^s^fc ^ff «fk
*
sC*
**¦*• • I
-*?3s m%*i /Mfc^aH ^*an_ M Sj*x_s*^ «mi
f
^^^ ^m\^^^^w^ÊÊ^^^ m I
4 / '^^^''^P^^1^1^^!^ s • ^^ <flLw^*Mfe^r * I
~ vxi O* • «v • •" * / *Z3P»Pn
/L /
A ^^ ¦¦***! /
W*^tf ll(^^J,^oaav*aTar ^m^^-. L^^*****-**»-J ^^ jfT*%
^^^"*1^US,«TãTáTa*» "**—*—**M^*^^^^^+** **
• V#
m. ^*a,
novela cor-de-rosa encena o horário
"censura livre" ás 7 horas,
ê a
Supermanoela. com Marilia Pera. uma
história do tipo "romance, alegria e as
emoções do sestibular".
Como medida de maior alcance, a
Globo planeja uma reestruturação de
horário, seguindo ts pesquisas e as
análises de Homero Icaza: "Há um
limite de saturação para ver TV: mais
que quatro horas de televisão ninguém
agüenta. Então, se a criança começa a
ver TV às 5 horas, vai até as 9. e vê o
que eu não quer. jue veja. Por isso é
preciso começar a programação in-
fantil às 3h. 3h30m. para ir até as 7, à
novelinha cor-de-rosa. e fim".
"Adoro o Semídcus"
^"Essa história do Jornal Nacional
começar às 8h atrapalha muito, devia
ser mais tarde. Até essa hora podia
mostrar mais coisa, passar Super-
Homem. National Kid. O jornal corta
tudo". (Demósthenes)
"Olha. eu não vou
com novela, mas
adoro o Semideus, por causa das
transas do Hugo Leonardo". (Michel)
A Rede Globo é uma sólida e segura
empresa, Icaza é um profissional
irretocável e suas análises estão cer-
tamente, corretas: Demósthenes e
Michel, irmãos, alunos de escola
pública e filhos de um comerciante
modesto, serão, certamente, exceções à
regra da saturação. Mas não cffeixa'de
convidar à análise a absoluta falta de
horizontes que os condena a seis, sete
ou mais horas diante do televisor.
Talvez seja isto o mais importai
Não tanto as mudanças mais anun-
ciadas do que efetivas, a pobreza das
idéias, dos enredos, a banalidade dos
filmes antigos e ruins, mas o
estrangulamento das opções, a escassez
de bons e acesssíveis meios de diversão
que transformam a criança da cidade,
em férias, num prisioneiro virtual.
Diante do televisor, dentro do apar-
tamento, sem dinheiro para o cinema
ou sem cinema para ir, sem lugar
algum para estar a não ser diante do
televisor, à mercê das nebulosas
diretrizes das emissoras.
"Tem tanta
coisa que eu queria ver
na TV: shows de música, corrida de
automóvel, futebol, atletismo. Porque
olha, tem dias que é bem assim: ligo a
TV ao meio-dia e ponho duas garrafas
de guaraná pra gelar. E fico assim,
tomando guaraná e vendo televisão, até
a hora do jantar". (Carlos Alberto)
(Ana Maria Bahiana)

30
CINEMA
Como nos bons tempos
B^áfi*»i*h fot S4l»o pe^
Io f-*-«i« Antes da t*»siãlr£*a
Pfrf
iranvtWmar te no btue jeant da
**-*»ia *cenado seus
Ctnettétfca dc si
jMitctrv»tc»m a hOfl da »avítfãd« tk-js
ctj^^rrcnt«rt na área do recordar»*'
vtserc pnmmmvmm nm don ulttm**
anot. quase todos p»c areias e nenhum
— «a'. ¦ - ducm GeW|e Lucas o autar
de 4*»w*»í*»o GíuUÍri amda tnld»»o tv»
Brasil — à altura do ukntoto e erudito
estutiatmo com que Bogdanovtch
recupera o momi de *¦•- anot atrás
Nada indica que o matt descarado
ctacfUo de Hollsvvoúd. ah«írrecido com
a concorrenda desleal dos modistat eu
apavorado com a hipótese de ser
enfcdrio por um «jc>*ero cm in*
controlas d processo de diluição, senha
a dar outro rumo á sua carreira, Nem
teria precisa tio radical desvio, pois as
r*nta:gias dc Bofdanosxh DMSuem
virtudes intrínsecas (técnica impecável,
roteirot habilmente confeccionados.
atores de primeira e sempre muito bem
dirigidos) suficientes para transcender
o gênero e sobreviver ao seu breve
declínio. Alem do mais. é de se esperar
que. ao cabo de mais duas homenagens
ao passado. K- < ur. . ch acabe se
impondo com um estilo pessoal de ser
passadista ou clássico."todos
Ele já disse que os bons
fdmes já foram fdtos" e que seu desejo
é "fa/cr filmes iguais ao que gostaria
de ver diariamente". E. ainda. que. ao
contrário dos cineastas^ modernos, a
"não é a câmara
estrela de seus filmes
mas as pessoas". De fato. todos os bons
filmes do tipo de cinema idolatrado por
Bogdan • . ¦ já foram feitos. Não há
nada de reacionário nessa afirmativa:
apenas um frio julgamento histórico.
Reacionária seria, isto sim. a obstinada
teimosia com que o jovem cineasta se
abstem de doar seu sangue fresco e
cheio de vitalidade ao corpo prostrado
do cinema moderno. Que se entenda
por cinema moderno não
necessariamente os rascunhos
habitualmente indigentes do un-
derground ou os sho*s narcisistas de
pirotécnica, mas um tipo de cinema em
que a estrela não seja nem a câmara.
nem os complexos do autor, nem os
atores, e sim os espectadores. Isto é:
filmes que libertem a platéia de sua
sonambúlica passividade, filmes que a
levem a refletir sobre o que. per que e
como está vendo.
Não é por excesso de in-
teligência que Bogdanovich
emite opiniões (como a de
"no cinema moderno a estrela é a
que
câmara") dignas de um veterano e
ranheta diretor da velha guarda. _Se
espiritualmente parece um ancião,
curiosamente, pelo que diz e faz. é tão
pessoal quanto o mais solipeista dos
cineastas ditos autores; como Ber-
tolueci ou Skolimovsky. Claro que tudo
seria bem diferente se ele tivesse
temperamento e gostos diferentes. Seu
trunfo é que. acima de tudo. o—seu
aosto tradicional — o cinema de sua
— coincide com o paladar
preferência
do grande público.
Apesar do fascínio confesso por
um pequeno círculo de diretores dos
bons tempos (Ford. Hawks. Welles.
Lang) Bogdanovich não imita um
autor predileto em particular. Sua
peça de resistência é o jeito—
simples
que todos os seus mestres e. por
tabela. Outras pequenas glórias do pas-
sado — tinham de narrar uma histó-
ria.
Bogdanovich surgiu no momento
certo. Alguém precisava ievolver ao
cinema o antigo charme do
profissionalismo a serviço da diversão
rouí cottrt. Na pior das hipóteses.
Bogdanovich é um mal necessário à
indústria cinematográfica. Seus filmes
<S'a Mira da Morte. A Ultima Sessão
de Cinema. Essa Pequena £ uma
Parada. Lua Je Papel) são gostosos de
ver. perfeitos pelo que pretendem ser:
pequenas peças kitsch montadas com a
precisão de um ourives. E. sobretudo,
um desafio à crítica. Nenhum deles
_XADREZ.
Atila indtvtduatt que è difled itoiar
situações em que o jogador te perca;
mat um dot prohlemat mait
getwaluadot é a incapacidade de
«¦•!¦•••*« ou lesar a bom termo uma
tantagem de abertura. Um jogador
contegue uma vantagem teórica,
graças a teu melhor conhecimento
Itvretco, e ai ou te deixa levar ten
plano definido ou te aterra a uma
vantagem particular e dá ao adversário
tempo de <*rganwar tuat defesas
^^jS 6JL -^B ^^^
texceto A Última Sessão de Cinema.
cuja destoante permissividade
proporcionou alguma polêmica)
oferece muito terreno à discussão. Ou
se gosta ou se detesta. O máximo de
exercido exigido do espectador é
identificar ludicamente as dicas
musicais e iconográficos de época que
funcionam como aditivos de
credibilidade ao passadismo dos
filmes. Lua de Papel tPaper Moonl é
tão gostoso e vápido como um jogo de
salão empenhado em premiar quem
mais se lembra das letras de Cole
Portcr. dos arranjos de Paul Whiteman
ou das piadas de Jack Benny no rádio.
O roteiro escrito a partir da novela
de Joe David Brown lAddie Pray)
contém elementos de Bonnie and Clyde
e de vários filmes dos anos 30. como
Little Miss MarkerlDada em Penhor).
de Alexander Hall (em que Shirley
Temple regenerava com sua inocência
uma quadrilha de book-makers). e
Blonde Cruzy. de Roy dei Ruth
(exploração sentimental de viúvas por
caloteiros). Se Ryan 0'Nea! não é o
furacão devastador que James Cagney
representava (em Blonde Crazy). a
diabólica Tatum 0'Neal constitui a
mais perfeita e agradável antítese ao
sentimentalismo de Shriley Temple e
outras meninas-prodígio. Temple
jamais faria o papel de uma menina
ciente e sem complexo do passado
nada recomendável de sua mãe. in-
diferente à sua bastardia e tão cons-
ciente do que seja uma prostituta e a
melhor maneira de se livrar dela
utilizando o sexo como como eficaz
armadilha. Como se não bastasse tanta
precocidade. Tatum fuma em pelo
menos três cenas. E é deliciosamente
desbocada como um moleque de rua.
Em Sow and Forever. Shirley
"regenerava" Carole Lomba'd
Temple
e Gary Cooper. Os filmes dos anos 30
ocupavam-se tenazmente da
recuperação de pecadores e da punição
dos que ofendiam a sociedade. Lua de
Pape! faz uma revisão geral: nos
luaares-comuns do gênero Shirley
Temple e na morigerada estrutura
punitiva das comédias (e melodramas
criminais) de 40 anos atrás. Mas uma
revisão astuciosa. Bogdanovich não faz
dela uma iconoclasta perigosa e não
muito jimpáticà como as crianças de
Lord of the Flies e Vendaval na
Jamaica — e muito menos uma Lolita
em potencial. Tatum não ofende o
público; ao contrário, o diverte com
suas bem dosadas e nada ambíguas
precocidades.. Ouanto à lição de moral,
ela não resulta tão dura quanto nos
anos 30(Ryan. atinai, não termina seus
dias na prisão), mas o roubo de que
Rvan e Tatum são vítimas serve como
um corretivo brando mas significativo
da obsessiva vontade do cineasta de
parecer antigo. (Sérgio Augusto)
OoMtdo te do |ono«ro do 1974
Mudando de ataque
i cooor d Borden
poticoet no tncio>iogo tio
para esta potkio mat. em
Cirs» Amsterdã l<m hWts leve esiw
**••»*•*>• :*- OsP 2* C*K BIR. v :•> BsB
27 C7D ganha M
27 C4C C4T » BSD B20. Se
c«jm - PIC No wfu-4** de PJR e D2R.
com a idéia de protelar o avanço do 2**D»B 29 CoB+ CxC 30 DxC D5D
31 T5R cnhando
peão ret branco a 4R
7...C02D » P3C P3CD 9 ilC B2C 29 UR BxC J0 TxC DIB 31 TSR
OtP 32 T7R TIBR 33 D4B D4C. Af
10 CSB TIS II 70IO Oi*. Spasst.}.
intrudurtu lambem aqut uma tdeta defesas negras estio dexmtmmando.
tu* se 33 BJR 34 BtB PxB 35 DxP +
melhor, desta te* para as negra», com
o avanço aiivo de peão II...P4CU RlTJoTxPTD
34 BxP* R2C 3S TxP R3T 39 BêC!
12NRPsPRI3C»PCxCl4DsC
P4BD? Erro estranho para um grande TxB 37 DaT DiB* 38 R1T B9B 39
D8B-
mestre. Neste tipo de posição. at
Netset catot. freqüentemente o brancas raramente tem oportunidade
de jogar P5D • tio otmtadat a tentar
melhor a íaier e mudar de ataque, tmhUm* IS.* SS
Uma vantagem posiciona) na ala da um avanço geral d«»s pe«**et da ala da
dama ou no centro normalmente dama. com etperancat dc mait cedo oo
significa que as pecas do adversário matt tarde irromper na coluna TD ou
estão mal coordenadas para defender- posicionar o catalo em 6D. F«u*ie
se de uma súbita recoriceotraci© de
forcas contra seu rei.
necestário I4...B3B,
IS P5D B3BR lé D2B PtP 17 PxP
Te
m '&"' .$
Um refinamento a esta idéia e BsB 18 P6D DIO. Para as negrat. uma ' '*
***** -im* <** -- sa
etcolha entre males. 18 D3B falha
preparar o noso ataque criando %V Íê*;*~ JtJp
fraqueras na cadeia de peões, tema por causa de 19 C4T. ao passo que S*«
<% i*wf
lesado a efdto de modo muito ins*
18...D1C isola a dama das forcas que M i 1*m , sr>
defendem o outro flanco.
trutiso na partida .lesta semana. O fe a itèUmL -*^**,m **¦**'
peão dama das brancas gera uma 19 DiB T1C 20 D3B! Existe lance
vantagem ínidal em espaço, e depois tranqüilo ameaça B3T seguido de BxC
transforma-se numa isca para dar e C5R. forcando assim o que
posicionalmente representa
o_ en* aiifiixmil-
tempo ás brancas criarem ameaças de
mate na frente do rei negro. A panida fraquecimento dedsivo
rd. Se.
da
agora.
proteção de
20...D3B 21
1* 11
e do Australiano Alberto de 1971. peões ao
vencido por Portisch á frente de 154 DxD CxD 22 C5R e o PD passado é um
competidores. trunfo ganhador no final. As brancat dio mate em dois lances,
20...P3C 21 P4TR T1R 22 P5T B3B contra qualquer defesa (por J. Haring).
Ujos PortbchlHungria) — Alesander 23 TR1R TxT+ 24 TxT C3B 25 P6T!
MaunovldIu*{oslà«U) Muitos jogadores escolheriam aqui
PxP para evitar perder o PD c depois SolraçiodoN.*S4:
Abertura Caiai»
ficariam sem entender por que uma
I D8C. Se I...R5R 2 D5D. ou se RxC
1 P4BD C3BR 2 C3BR P4D 3 P3CR posição superior não conseguiu 2 BSD. ou se CxT 2 BSD. ou se C5R 2
P3R 4 B2C B2R 5 0—9 0-0 6 P4D ganhar. Agora vem uma fase tática
P3B 7 D2B. Este é o plano ortodoxo baseada nas ameaças dc mate cm 7CR. BID.
ASSINE OPINIÃO
E GANHE LIVROS
O PRIMEIRO
VOCÊ RECEBE DE PRESENTE. JUNTO COM
O LIVRO
EXEMPLAR DE SUA ASSINATURA DE OPINIÃO.
TEORIA DO BRASIL. DE DARCY RIBEIRO.
SE A ASSINATURA FOR ANUAL, ESCOLHA
MAIS UM DOS CINCO LIVROS SEGUINTES:
i—i Desenvolvimento Econômico
mnWaúy^ ,^m\ tÁm
e Desenvolvimento w KèMw «jfjBJfSfl
Político, de Hélio Jaguaribe. BI' /.«Xfn Awmm^^mm*m\
Crítica e Dogmatismo na Cultura
'¦. ¦TWw^yiW^Am
Moderna, de Lucien Goldmann,
O Estruturalismo e a Miséria da
WM
Razão, de Carlos Nelson Coutinho.
•A raafW.Vrjv** ia Mc B*^mm
O Resposta Sexual Brasileira,
fr rV**fCA^K^uZÃaJ*KK*« ¦
de Naumi A. Vasconcelos.
A Esperança dos Desesperados,
de Emmanuel Mounier.
Nome do Assinante
Rua,.
.Estado
Cidade.
Envie junto com este cupom 185 cruzeiros, no
caso da assinatura anual e 95 cruzeiros no caso de ser
semestral. Ou 40 dólares se a assinatura
for para o exterior. O pagamento pode ser feito por
cheque ou vale postal e deve ser enviado
para Editora Inúbia à rua Abade Ramos, 78
Jardim Botânico — Rio de Janeiro — Guanabara — Brasil
J
¦ ,..;a-atei.iV-«—w;