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Exame - MOG-45
Efeito Chicote
Arthur Gonçalves
Victor Tanaka
23 de Junho de 2019
Conteúdo
1 Introdução 3
1.1 Definição . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 3
1.2 Histórico . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 3
1.2.1 Efeito chicote: surgimento . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 3
1.2.2 Efeito chicote ou comportamento de manada? . . . . . . . . . . 4
2 Apresentação do tema 4
2.1 Causas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 4
2.1.1 Previsão da demanda . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 4
2.1.2 Racionamento . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 5
2.1.3 Pedidos em lotes . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 5
2.1.4 Variações de preço . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 5
2.2 Implicações . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 5
2.2.1 Aumento do custo de estoque . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 5
2.2.2 Imprevisibilidade do lead time . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 6
2.2.3 Aumento do custo do transporte . . . . . . . . . . . . . . . . . . 6
2.2.4 Variações na disponibilidade dos produtos . . . . . . . . . . . . 6
2.2.5 Desgaste do relacionamento com clientes . . . . . . . . . . . . . 6
2.3 Possíveis soluções . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 6
2.3.1 Alinhamento de objetivos e incentivos . . . . . . . . . . . . . . . 7
2.3.2 Melhoria na precisão de informações . . . . . . . . . . . . . . . 7
2.3.3 Melhoria no desempenho operacional . . . . . . . . . . . . . . . 7
2.3.4 Criação de parcerias estratégicas . . . . . . . . . . . . . . . . . 7
2.3.5 Estratégia de preço para estabilizar pedidos . . . . . . . . . . . 7
2.4 Estudo de caso: A indústria agroalimentar . . . . . . . . . . . . . . . . 8
2.5 Construção de um modelo através do Microsoft Excel® . . . . . . . . . 12
2.6 Tendências e desafios . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 14
2.6.1 Analisar o efeito em sistemas complexos . . . . . . . . . . . . . 15
2.6.2 Expansão da análise do efeito . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 15
2.6.3 Extensão conceitual do efeito chicote . . . . . . . . . . . . . . . 15
3 Considerações finais 15
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Resumo
1 Introdução
1.1 Definição
Efeito chicote é um dos mais populares conceitos relacionado ao campo de gestão
de operações. Rigorosamente, o efeito chicote se refere ao fato da propagação lenta da
demanda do consumidor criar grandes variações na produção dos fornecedores em
outro ponto da cadeia [6]. O termo chicote é uma referência ao efeito de amplificação
promovida pelo fenômeno ao longo de uma cadeia de suprimentos, a Figura 1 ilustra
essa referência.
1.2 Histórico
1.2.1 Efeito chicote: surgimento
3
• A surpresa se manteve quando foi analisado os pedidos de materiais para os seus
fornecedores, afinal a variabilidade era ainda maior.
2 Apresentação do tema
Essa seção foi reservada, dado o nivelamento inicial, para se avançar na análise do
tema. Foi-se abordado as causas, implicações, possíveis soluções e os desafios futuros
relacionados ao efeito chicote.
2.1 Causas
Várias são as causas que podem gerar uma variabilidade na demanda que se
amplifica ao longo de uma cadeia de suprimentos. Dentre essas várias causas, buscou-
se analisar algumas das mais comuns com relação ao efeito chicote. São elas:
• Previsão de demanda
• Racionamento
• Pedidos em lotes
• Variações de preço
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2.1.2 Racionamento
Muitas empresas têm como praxe acumular pedidos para reduzir custos com o
processamento das ordens de compra e transporte. Ou seja, quanto maior for o pedido
e a quantidade de itens transportados, melhor pode ser o desconto.
Esse hábito pode ser prejudicado pela variação da demanda. Se uma empresa
costuma fazer os pedidos periodicamente de uma vez só, pode não estar preparada
para um aumento súbito da demanda ou para uma queda inesperada de pedidos por
parte do varejista. Assim, uma cadeia que apresenta essa estratégia se torna mais
propensa ao efeito chicote.
2.2 Implicações
Assim como feito nas causas, limitou-se em discorrer somente sobre algumas
implicações visto as várias possíveis. Dentre elas, foram abordadas:
Uma vez que se torna difícil a previsão de demanda, os estágios da cadeia operam
com estoques de segurança maiores do que os realmente necessários, fato que eleva o
custo da manutenção desse estoque.
Não somente o custo de estoque é aumentado mas os custos operacionais no geral.
Por exemplo, caso a indústria não tenha mantido estoques capazes de suprir grandes
picos de pedidos ela terá que investir mais recursos em horas extras. Da mesma forma,
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se a indústria tenha superestimado os pedidos de produção, então ela terá que arcar
com os custos de uma mão de obra ociosa.
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2.3.1 Alinhamento de objetivos e incentivos
Muitas das cadeias que apresentam problemas relacionados ao efeito chicote apre-
sentam objetivos conflitantes entre os estágios, como por exemplo a maximização dos
lucros dos estágios em detrimento do lucro da cadeia. Essa maximização dos lucros de
estágios geralmente é feita por meio de incentivos à vendas ou por meio da otimização
local de funções.
Desse modo, o alinhamento de objetivos e incentivos é uma medida gerencial que
age de modo a minimizar essa disparidade entre os estágios de uma cadeia, amenizando
assim as variabilidades e o efeito chicote na cadeia de suprimentos.
Melhorar o desempenho operacional faz com que a cadeia fique menos sensíveis as
variações. Isso acontece uma vez que a eficiência operacional proporciona uma redução
da dependência de estoques e, da mesma forma, reduz o impacto da variabilidade da
demanda.
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2.4 Estudo de caso: A indústria agroalimentar
Para se analisar o efeito chicote de maneira mais específica, tomou-se como base
a indústria agroalimentar. O estudo se baseou na pesquisa científica promovida pelo
Cardiff Business School [5]. Analisou-se seis cadeias de suprimentos na área agroali-
mentar, estendendo-se desde os produtores rurais até os consumidores finais.
A variabilidade na demanda de consumo foi uma característica observada em
todas cadeias de suprimentos, entretanto, houve uma significativa diferença de graus
de variabilidade entre elas, como também nas causas delas. Apesar dos gestores argu-
mentarem que essa variabilidade era advinda principalmente das condições climáticas,
a pesquisa sugeriu que o principal causador da alta variabilidade era a variação da
demanda semanal dos consumidores finais. Um exemplo pode ser visto na Figura 2,
nos padrões de demanda para sausichas. Era esperado uma demanda consistente ao
longo do ano, entretanto, observou-se um pico na semana 8 devido ao Natal, enquanto
que outros picos (semanas 24, 30, 40 e 49) foram devido a atividades promocionais.
8
Figura 3: Evolução das vendas de batatas orgânicas.
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Figura 5: Evolução das vendas de carne.
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mostrou que poucos fornecedores fazem isso de maneira sistemática. O resultado pode
ser exemplificado pela Figura 7, que mostra o padrão diário entre os pedidos dos va-
rejistas e a produção dos fornecedores durante o período de 12 semanas. As compras
de consumidores se concentram em sextas-feiras e sábados, enquanto que domingos e
segundas-feiras apresentam os menores níveis.
O estudo, por fim, concluiu que a gestão da demanda tem uma grande respon-
sabilidade na performance operacional da cadeia de suprimentos. Um dos principais
fatores foi o não controle das estimativas de demanda é a falta de transparência desse
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importante dado ao longo da cadeia. Propõe-se, portanto, que haja uma colaboração
desde o nível do varejista até o nível do produtor de se alinhar as estimativas de de-
manda e também um mecanismo que permita que a informação não se perca ao longo
de uma cadeia de suprimentos. Além disso, o efeito promocionais sempre serão ine-
rentes à industria, devido ao tempo de vencimento. Sendo assim, o efeito chicote não
pode ser 100% solucionado, mas apenas contornado. Os lead-times dos produtos tam-
bém dificultam o processo. O boi, por exemplo, possui um lead-time de dois anos. E,
sabe-se que a carne de boi possui sua demanda atrelada ao ambiente macro-econômico
e ao preço de outras commodities. A população também tende a consumir mais carne
de boi quando a carne de frango está inflacionada, geralmente por uma tentativa dos
produtores de frango em repassar os custos de ração (milho e soja). Dessa maneira, é
impossível se conseguir prever com perfeição a demanda, o que torna o efeito chicote
inerente à indústria agroalimentar.
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Foi utilizado também um modelo simplificado do order backlog [4]. O order bac-
klog consiste em um método de estimativa dos pedidos do varejista de acordo com
o backlog da empresa (acumulação de pedidos). Sendo assim, originalmente, o order
backlog é utilizado para se prever a receita de uma empresa, através da equação 1:
Figura 10: Efeito chicote devido a variação da demanda do varejista de 400 para 500
unidades.
Figura 11: Efeito chicote devido a variação da demanda do varejista de 400 para 500
unidades.
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Por fim, verificou-se um efeito interessante ao se aumentar programaticamente
a demanda no nível do varejo em 100 unidades durante cinco semanas seguidas. Foi
observado que no nível da fábrica, a produção sofreu uma variação que se perpetuou por
muito mais tempo e que entrou em um movimento oscilatório. Isso pode ser verificado
pela Figura 12.
Figura 12: Efeito chicote devido a um aumento de 100 unidades na demanda do vare-
jista durante 5 semanas.
• O efeito chicote pode ser visto na indústria, empresas, nível de produto nos
diversos tipos de cadeia de suprimento
• O efeito chicote pode ser induzido tanto racional quanto irracionalmente por
decisões comportamentais
– Cadeias de serviço
– Competição de recursos
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• Extensão do conceitual do efeito chicote
Um grande desafio é expandir a análise do efeito. Isso pois, grande parte das
pesquisas relacionadas ao efeito chicote consideram cadeias de produtos tangíveis. No
entanto, já se foi verificado o efeito chicote em cadeias de serviços, sendo, portanto,
uma tendência no estudo do fenõmeno.
Outro desafio é considerar a competição de recursos na cadeia de suprimentos.
Afinal, apesar de uma cadeia ideal ser aquela em que há uma centralização de decisões
e objetivos, uma cadeia de suprimentos real geralmente apresenta a competição entre
os seus estágios.
O efeito chicote nesse trabalho, além de ser tratado como um fenômeno de opera-
ções, foi aproximado do fenômeno humano e econõmico do comportamento de manada.
Sendo assim, uma tendência na área da pesquisa do efeito chicote é extender o conceito
de efeito chicote para outras áreas.
Nesse contexto de extensão conceitual surgiu o termo "efeito chicote verde". Esse
termo se refere a influência da variabilidade de requisitos ambientais numa cadeia
de suprimentos [3]. Um exemplo que ilustra isso é o caso da Sony® . Em 2001, a
alfândega holandesa impediu a entrada de aproximadamente 1,3 milhões de video-
games PlayStation® da empresa japonesa na Europa, dado que os eletrônicos possuíam
cabos com níveis de cádmio que excediam os novos requisitos ambientais da época na
Holanda. Depois desse caso, a Sony® buscou parcerias para integrar os requisitos
ambientais à sua cadeia de suprimentos global. [3].
3 Considerações finais
O trabalho teve por finalidade caracterizar e contextualizar o efeito chicote para,
assim, abranger suas causas, consequências e soluções, realçando por fim as tendências
e desafios relacionados ao tema.
No que tange as soluções apresentadas, é importante enfatizar que elas foram
sugeridas a fim de minimizar o efeito e não anulá-lo. A dificuldade de neutralizar
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o efeito reside nas suas influências comportamentais, de fato o efeito chicote possui
semelhanças ao comportamento de manada.
A apresentação do caso de estudo da indústria agroalimentar permitiu aplicar
os conceitos abrangentes apresentados num contexto mais definido. Observou-se que
o efeito chicote sempre será inerente a esse setor, pois a necessidade dos descontos
promocionais devido ao vencimento dos produtos será sempre um fator chave para a
amplificação da demanda ao longo de uma cadeia de suprimentos. Além disso, o alto
lead time de alguns produtos, impossibilitam uma estimativa certa da demanda futura.
A exploração desse caso reverberou uma das concluões gerais do efeito: a gestão da
demanda tem uma grande responsabilidade na performance operacional da cadeia de
suprimentos.
Quanto aos desafios e tendências do assunto, tratou-se de expor certos problemas
a serem resolvidos e questões a serem elaboradas, destacando-se os novos caminhos
proporcionados pela extensão conceitual do efeito chicote. Desde o mercados financeiro
até as questões ambientais, a variabilidade sempre está sujeita a amplificação seja em
cadeias econômicas seja em cadeias de suprimentos.
Referências
[1] S. Bikhchandani and S. Sharma. Herd behavior in financial markets: a review.
International Monetary Fund, 2000.
[2] B. Coric. The financial accelerator effect: concept and challenges. 2011.
[3] B. Coric. The greenbullwhip effect: Transferring environmental requirements along
a supply chain. International Journal of Production Economics, 2014.
[4] J. Chen H. Chang. The impact of the bullwhip effect on sales and earnings pre-
diction using order backlog. Contemporary Accounting Research, 2018.
[5] D. Taylor. Demand management in agri-food supply chains. Lean Enterprise
Research Centre, 2006.
[6] X. Wang and S. M. Disney. The bullwhip effect: Progress, trends and directions.
European Journal of Operational Research, 2016.
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