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MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO

Universidade Federal de Ouro Preto


Escola de Minas – Departamento de Engenharia Civil
Curso de Graduação em Engenharia Civil

Marcus Antônio Lopes Tinôco Segundo


Título

Ouro Preto
2015

Marcus Antônio Lopes Tinôco Segundo

9
Título

Monografia apresentada ao Curso de


Engenharia Civil da Universidade Federal
de Ouro Preto como parte dos requisitos
para a obtenção do Grau de Engenheiro
Civil.

Orientador: Prof. Gilberto Queiróz da Silva

Ouro Preto
2015

Marcus Antônio Lopes Tinôco Segundo

10
Título

Monografia de conclusão de curso para


obtenção do Grau de Engenheiro Civil na
Universidade Federal de Ouro Preto,
defendida e aprovada em DATA, pela
banca examinadora constituída pelos
professores:

Prof. Gilberto Queiróz da Silva - Orientador - UFOP

Prof. Antenor Rodrigues Barbosa Jr - UFOP

UFOP

11
AGRADECIMENTOS

Gostaria de agradecer

12
RESUMO

O aproveitamento da água de chuva é uma técnica milenar bastante utilizada em


todo o mundo. Fora desenvolvida de forma independente em diversas épocas
por variadas civilizações.

O presente trabalho traz uma revisão dos métodos utilizados atualmente no


Brasil e tem como objetivo dimensionar e fazer uma proposta viável de um
reservatório para a sede da Escola de Minas de Ouro Preto e seus laboratórios,
ambos localizados no Campus do Morro do Cruzeiro em Ouro Preto.

O dimensionamento será realizado utilizando a pluviometria de três anos


distintos: o de maior pluviometria, o de menor pluviometria e o de pluviometria
teórica média do período histórico de 1982 a 2013. Em seguida, utilizando os
volumes dimensionados serão realizadas simulações para definir dois volumes
finais de reservatórios, um que supra totalmente a demanda anual e outro que
fique seco em no máximo 4 meses. Com esses dois reservatórios, um
levantamento financeiro preliminar será realizado a fim de determinar o mais
viável para uma futura implementação.

Palavra-chave: Aproveitamento

13
ABSTRACT

The presente work

Keywords: water

14
SUMÁRIO

1. Introdução .......................................................................................................................................................... 8
2. Objetivos ............................................................................................................................................................ 8
3. Justificativa ......................................................................................................................................................... 9
4. Revisão bibliográfica .......................................................................................................................................... 9
4.1. A distribuição de água no planeta terra............................................................................................................... 9
4.2. A distribuição da água no brasil ........................................................................................................................ 11
4.3. Histórico do aproveitamento de água de chuva ................................................................................................ 12
4.4. O aproveitamento de água de chuva no brasil .................................................................................................. 14
4.5. Conservação da água ...................................................................................................................................... 16
4.6. Conceitos sobre o aproveitamento de água de chuva ...................................................................................... 18
4.7. Qualidade da água e chuva .............................................................................................................................. 19
4.7.1. Qualidade da água em ouro preto ......................................................................................................... 23
4.8. Sistema de aproveitamento de água de chuva ................................................................................................. 24
4.8.1. Área de captação ................................................................................................................................ 25
4.8.2. Remoção de materiais grosseiros ......................................................................................................... 26
4.8.3. Armazenamento da água de chuva ....................................................................................................... 27
4.8.4. Tratamento ........................................................................................................................................ 28
4.9. Coeficiente de runoff ........................................................................................................................................ 29
4.10. Primeira água ................................................................................................................................................... 30
4.11. Previsão do consumo de água não potável ...................................................................................................... 30
4.12. Dimensionamento do reservatório .................................................................................................................... 31
5. Material e métodos ........................................................................................................................................... 34
5.1. Caracterização da área de estudos .................................................................................................................. 34
5.2. Previsão do volume de água de chuva ............................................................................................................. 36
5.3. Previsão do consumo de água não potável ...................................................................................................... 41
5.4. Dimensionamento do reservatório .................................................................................................................... 42
5.5. Simulação do consumo do reservatório ............................................................................................................ 44
5.6. Definições do reservatório ................................................................................................................................ 46
6. Discussão e resultado ...................................................................................................................................... 48
6.1. Dimensionamento do reservatório .................................................................................................................... 48
6.1.1. 1990 ................................................................................................................................................. 48
6.1.2. 1992 ................................................................................................................................................. 49
6.1.3. Ano de pluviometria média ................................................................................................................... 50
6.2. Simulação do comportamento do reservatório .................................................................................................. 50
6.2.1. Comportamento do reservatório no ano de 1990 com o volume inicial nulo ................................................ 51
6.2.2. Comportamento do reservatório no ano de 1992 com o volume inicial nulo ................................................ 54
6.2.3. Comportamento do reservatório no ano teórico de pluviometria média com volume inicial nulo ..................... 56
6.2.4. Simulação com o reservatório parcialmente cheio ................................................................................... 58
6.2.5. Comportamento do reservatório no ano de 1990 com o volume inicial de 2.100 m³ ..................................... 59
6.2.6. Comportamento do reservatório no ano de 1992 com o volume inicial de 2.100 m³ ..................................... 61
6.2.7. Comportamento do reservatório no ano teórico de pluviometria média com volume inicial de 2.100 m³ .......... 63
6.3. Definições do reservatório ................................................................................................................................ 64
6.3.1. Volume .............................................................................................................................................. 65
6.3.1.1. Reservatório de 2.550 m³ ..................................................................................................................... 65
6.3.2. Localização ........................................................................................................................................ 67
6.3.5. Escolha do reservatório ....................................................................................................................... 72
7. Conclusão ........................................................................................................................................................ 73
referências .................................................................................................................................................................... 75

15
1. INTRODUÇÃO

A água está presente no uso de subsistência de cada pessoa, também está


presente na agricultura e em diversos processos industriais, por isto ela é
considerada como um dos recursos mais essenciais da história humana.

Apesar de toda sua importância, a mesma não é um bem infinito e presente de


forma igualitária em todas regiões, sendo que, para que não ocorra escassez, é
necessário um manejo eficiente do recurso.

A séculos, o uso da água de chuva foi desenvolvido de forma independente em


várias culturas e localizações, principalmente naquelas que se localizam em
regiões que a falta de água é constante. Na atualidade a técnica também é usada
para atender o consumo de usos não potáveis, a fim de que o sistema de
abastecimento de água seja usado apenas para usos nobres, diminuindo assim
a pressão do consumo sobre os reservatórios naturais.

Apesar de apresentar uma grande quantidade do recurso e um abastecimento


constante, a cidade de Ouro Preto no estado de Minas Gerais é um bom lugar
para se usar a técnica de aproveitamento de água de chuva. Ao possuir uma boa
pluviometria e seguindo a mentalidade de uso racional do recurso, o
aproveitamento pluvial para usos não potáveis é uma boa solução para que
ocorra um manejo sustentável.

Pensando nisso, este trabalho visa a desenvolver, utilizando técnicas e


metodologias já conhecidas e dados disponíveis para a cidade de Ouro Preto,
um estudo de desenvolvimento de um sistema de aproveitamento de água de
chuva na sede e nos laboratórios da Escola de Minas de Ouro Preto que se
encontram no campus do Morro do Cruzeiro da UFOP.

2. OBJETIVOS

8
Este trabalho tem como objetivo principal criar uma proposta viável de um
reservatório de aproveitamento de água de chuva para a Escola de Minas de
Ouro Preto.

Para tal fim alguns objetivos secundários deverão ser realizados, como:

 Revisão bibliográfica de técnicas e metodologia aplicadas para o


aproveitamento de água de chuva;
 Utilizando a pluviometria de três anos distintos e o método de Rippl, serão
propostos três volumes de reservatórios;
 Com os volumes propostos, serão realizadas simulações utilizando a
produção pluviométrica e o consumo, com duas situações distintas de
volume inicial do reservatório, para entender o comportamento de cada
reservatório nas pluviometrias dos anos já analisados;
 Com as simulações realizadas, será proposto dois volumes de
reservatórios, sendo um com o intuito de fornecer toda demanda anual
dos edifícios analisados e outro de permanecer seco no máximo 4 meses
em um ano;
 Para os dois reservatórios propostos, um levantamento financeiro
preliminar será desenvolvido;

3. JUSTIFICATIVA

Com a crescente preocupação de que a água necessita de um programa de


manejo eficaz e economicamente viável e a necessidade de se criar uma
proposta para a sede e os laboratórios da Escola de Minas de Ouro Preto
localizados no Campus Morro do Cruzeiro, o desenvolvimento de um estudo que
viabilize a criação de um reservatório de aproveitamento de água de chuva é
necessário.

4. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

4.1. A DISTRIBUIÇÃO DE ÁGUA NO PLANETA TERRA

9
A água é de fundamental importância para a humanidade. Praticamente todas
as ações humanas necessitam deste líquido para ocorrer, seja para consumo de
subsistência ou fins higiênicos, seja para as atividades industriais e agrícolas.

Sabe-se que a água é um recurso limitado e que necessita de um plano de


gestão sério, pois como foi observado pela população do sudeste brasileiro nos
últimos meses, caso não haja uma gestão eficiente e um consumo consciente,
este bem poderá se esgotar.

Apesar de toda sua importância, a água doce não é a forma de água mais
encontrada na superfície do planeta. De acordo com a UNEP (2002), no planeta
Terra apresenta um volume aproximado de 1,4 bilhões de km³ de água, no
entanto, apenas 35 milhões de km³ da água são encontradas na forma de água
doce, ou seja, apenas 2,5% da água do planeta é própria para o consumo
humano. A grande porcentagem da água do planeta, cerca de 96,54% do total,
é encontrada nos oceanos.

A água doce também não se encontra igualmente dividida pelo planeta, 68,7%
é encontrada nas geleiras e na cobertura de neve permanente nas cadeias de
montanhas, 30,1% estão no subsolo, restando apenas 0,266% da água doce
presentes em rios, lagos e reservatórios, locais mais comuns onde a água é
extraída para o consumo. O restante da água doce (0,934%) é encontrado na
biomassa e na atmosfera terrestre.

A produção hídrica pelo mundo também não é dividida igualitariamente, sendo


que os continentes asiático e sul americano possuem mais da metade da
porcentagem mundial desse recurso hídrico. A tabela 1 apresenta os valores de
produção hídrica nos diversos continentes:

Tabela 1 - Produção Hídrica do Mundo por Região (TOMAZ, 2003)


REGIÃO VAZÃO MÉDIA (m³/s) PORCENTAGEM (%)
Ásia 458.000 31,6
América do Sul 334.000 23,1
América do Norte 260.000 18,0
África 145.000 10,0
Europa 102.000 7,0
Antártida 73.000 5,0
Oceania 65.000 4,5
Austrália e Tasmânia 11.000 0,8
TOTAL 1.448.000 100,0

10
Ao considerar a Figura 1 percebe-se uma enorme diferença da disponibilidade
hídrica per capta, provando mais uma vez a heterogeneidade da distribuição do
recurso.

O continente asiático, apesar de ser o continente de maior produção hídrica do


mundo, possui regiões em que a disponibilidade encontrada são de
extremamente baixa a baixa. Alguns fatores podem explicar esse fato:

 Regiões com elevadas concentrações populacionais, como as da Índia e


da China, onde se encontram um terço da população mundial;
 Regiões com índices pluviométricos extremamente reduzidos, como os
encontrados no Oriente Médio.

Figura 1 - Disponibilidade hídrica por sub-região no ano 2000 (1.000 m³ per


capita / ano) (UNEP, 2002).

4.2. A DISTRIBUIÇÃO DA ÁGUA NO BRASIL

O Brasil é um país considerado rico em disponibilidade de água, possuindo cerca


de 12% da produção hídrica global de superfície (Tomaz, 2003). No entanto,
também apresenta má distribuição do recurso em seu território. A região norte
possui 68,5% da água de todo o país, embora possua apenas 7,40% da

11
população. O Sudeste, região que apresenta 42,61% da população brasileira
possui apenas 6,0% da disponibilidade hídrica do país.

A tabela 2 apresenta a relação entre população, área territorial e a


disponibilidade de água:

Tabela 2 - Proporção de área territorial, disponibilidade de água e população


para as cinco regiões do país (TOMAZ, 2003).
DISPONIBILIDADE DE
REGIÃO ÁREA TERRITORIAL (%) POPULAÇÃO (%)
ÁGUA (%)
Norte 45 68,50 7,40
Nordeste 18 3,30 28,23
Sudeste 11 6,00 42,61
Sul 7 6,50 14,91
Centro-Oeste 19 15,70 6,85

4.3. HISTÓRICO DO APROVEITAMENTO DE ÁGUA DE CHUVA

O aproveitamento da água de chuva é uma técnica bastante comum em regiões


em que há escassez de água, principalmente nas áridas e semiáridas (este tipo
de região representa, mais ou menos 30% da superfície seca do planeta, fato
demonstrado pela Figura 2) (Gnadlinger, 2000).

Figura 2 - Zonas áridas do planeta Terra (Gnadlinger, 2000)

Esta técnica foi inventada independentemente em diferentes partes do mundo e


em diferentes culturas há milhares de anos. Foi usada e difundida especialmente
em regiões semiáridas onde as chuvas ocorrem somente durante poucos meses
e em locais diferentes (Gnadlinger, 2000).

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Podem-se citar alguns exemplos de diferentes épocas e diferentes partes do
globo:

No palácio de Knossos na ilha grega de Creta, aproximadamente em 2000 aC,


a água de chuva era aproveitada em bacias sanitárias (p. 100 The Rainwater
Technology Handbook, 2001, Alemanha apud TOMAZ, 2003), nesta região é
comum encontrar inúmeros reservatórios escavados em rochas, datados de
3000 ac, que aproveitavam a água de chuva para consumo humano.

A famosa fortaleza de Masada (Figura 3), em Israel, possui dez reservatórios


cavados nas rochas com capacidade total de 40 milhões de litros de água.

Figura 3 - Reservatório de Masada (fonte: http://www.bible-


architecture.info/Masada.htm, acessado em 21 de março de 2015)

O uso da água de chuva também era bastante difundido nas civilizações Incas,
Maias e Astecas. No século X, ao sul da cidade de Oxkutzcab ao pé do Monte
Puuc, os Maias realizavam uma agricultura baseada na água de chuva.

A coleta e o aproveitamento da água da chuva pela sociedade perdeu força com


a inserção de tecnologias mais modernas de abastecimento, como a construção

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de grandes barragens, o desenvolvimento de técnicas para o aproveitamento de
águas subterrâneas, a irrigação encanada e a implementação dos sistemas de
abastecimento (Gnadlinger, 2000).

4.4. O APROVEITAMENTO DE ÁGUA DE CHUVA NO BRASIL

O Brasil apresenta um elevado potencial pluviométrico, no entanto ele é mais


concentrado na região norte e mais defasado na região nordeste, este fato é
demonstrado na Figura 4.

Figura 4 – Pluviometria no Brasil (mm/ano) (CPRM, 2011)

O Brasil tem um enorme potencial pluviométrico que não é aproveitado em sua


magnitude. Para que isso possa ocorrer, algumas medidas de incentivo devem

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ser adotadas, seja através de ações governamentais, seja através de instituições
privadas.

A ABNT desenvolveu a NBR 15527:2007 que fornece os requisitos para o


aproveitamento de água de chuva de coberturas de áreas urbanas para fins não
potáveis.

O Estado de São Paulo criou a Lei Nº 12.526 de 2 de janeiro de 2007 em que


estabelece normas para a contenção de enchentes e destinação de águas
pluviais. Esta lei consta que “É obrigatória a implantação de sistema para a
captação e retenção de águas pluviais, coletadas por telhados, coberturas,
terraços e pavimentos descobertos, em lotes, edificados ou não, que tenham
área impermeabilizada superior a 500 m² (quinhentos metros quadrados) ”.

Na esfera federal foi instituído um programa de conservação e uso racional da


água de abastecimento público, o Programa Nacional de Combate ao
Desperdício de Água (PNCDA), pelo Ministério do Planejamento e Orçamento,
em abril de 1997, em articulação com o Ministério do Meio Ambiente, dos
Recursos Hídricos e da Amazônia Legal e com o Ministério de Minas e Energia.
Hoje o programa está vinculado ao Ministério das Cidades. Ainda que sua
política seja no âmbito urbano a sua formulação contempla a possibilidade de
uma futura integração com outros usos, como a irrigação, indústria, geração de
energia (PNCDA, 2004 apud NAKAGAWA, 2009).

O PNDCA tem por objetivo geral promover o uso racional da água para
abastecimento público nas cidades brasileiras, em benefício da saúde pública,
do saneamento ambiental e da eficiência de serviços, resultando na melhor
produtividade dos ativos existentes e na postergação de parte dos investimentos
para a expansão dos sistemas. Este objetivo será perseguido a partir de um
conhecimento aprofundado das reais capacidades de oferta de água em
diferentes regiões do país, cotejadas com os custos das medidas voltadas ao
controle dos desperdícios (PNCDA DTA A1, 1999).

São objetivos específicos do Programa:

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1) Promover a produção de informações técnicas confiáveis para o
conhecimento da oferta, da demanda e da eficiência no uso da água
de abastecimento urbano;
2) Apoiar o planejamento de ações integradas de conservação e uso
racional da água em sistemas municipais, metropolitanos e regionais
de abastecimento, incluindo componentes de gestão de demanda
(residencial e não residencial), de melhoria operacional no
abastecimento e de uso racional da água nos sistemas prediais;
3) Apoiar os serviços de saneamento básico no manejo de cadastros
técnicos e operacionais com vista à redução nos volumes de água
faturados;
4) Apoiar os serviços de saneamento básico na melhoria operacional
voltada à redução de perdas físicas e não físicas, notadamente em
macromedição, micromedição, controle de pressão na rede e redução
de consumos operacionais na produção e distribuição de água;
5) Promover o desenvolvimento tecnológico de componentes e
equipamentos de baixo consumo de água para uso predial, inclusive
normalização técnica, códigos de prática e capacidade laboratorial;
6) Apoiar os programas de gestão da qualidade aplicados a produtos e
processos que envolvam conservação e uso racional da água nos
sistemas público e prediais.

Outro fator que impulsiona o desenvolvimento do uso da tecnologia do


aproveitamento da água de chuva é a escassez da mesma, o que ocorre em
regiões semiáridas do Nordeste Brasileiro, fazendo com que seja comum o uso
de cisternas para armazenamento de água de chuva nessa região (Gnadlinger,
2000). Existem estudos em andamento para determinar se existe potencialidade
nessas regiões para o aproveitamento pluvial (PALMIER, 2001).

4.5. CONSERVAÇÃO DA ÁGUA

A água potável é um recurso limitado e, frente à crescente demanda, é


necessário o estabelecimento de normas e técnicas que permitam sua
conservação e seu uso sustentável. Isto quer dizer, identificar, captar e gerir os

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recursos de forma racional para que possam cobrir a demanda atual, assim como
as expectativas futuras.

A escassez de água não pode ser considerada um problema exclusivo de


regiões áridas ou semiáridas, pois mesmo em regiões com abundância de
recursos hídricos, mas com capacidade inferior à demanda, ocorrem conflitos de
uso e restrições de consumo que afetam o desenvolvimento econômico e a
qualidade de vida (ANA, 2006).

A Constituição de 1988 estabelece que a água é um bem público, ressaltando


que o seu aproveitamento econômico e social deve buscar a redução de
desigualdades. Com base na Constituição de 1988, foi elaborada a Política
Nacional de Recursos Hídricos (PNRH, Lei nº 9.433 de 1997) que define a água
como um bem de domínio público, dotado de valor econômico. A Política também
estabelece diretrizes para o melhor aproveitamento e uso racional dos recursos
hídricos (SAMAPIO, 2013).

Após a INSTITUIÇÃO DA PNRH, a água passou a ser considerada como bem


econômico e não sendo mais considerada como algo barato e inesgotável.
Sendo assim, conservar a água, usando-a racionalmente, significa agregar
resultados econômicos e ambientais aos empreendimentos (SAMAPIO, 2013).

Segundo TOMAZ (2001), a conservação da água é um conjunto de atividades


que permite: reduzir a demanda de água, melhorar o uso da água, reduzir as
perdas da mesma e implantar práticas para economizar água. Ele defende
também que as medidas de conservação de água implantadas no uso urbano
podem ser convencionais ou não convencionais, sendo que as medidas não
convencionais são: reuso de água cinza (água servida), utilização de excretas
de vasos sanitários em compostagens, aproveitamento de água de chuva,
dessalinização da água do mar ou salobra e aproveitamento de água de
drenagem do subsolo e edifícios.

Segundo PALMIER (2001) a situação dos recursos hídricos em diversos países


apresenta um enorme desafio para as autoridades, pois, em muitas regiões a
demanda de água excede a quantidade disponível. A necessidade de produzir

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alimentos e energia, e atender a demanda industrial e doméstica faz com que os
recursos hídricos tenham que ser aproveitados de forma mais efetiva que
atualmente. Uma solução, de acordo com o autor citado, é que os governantes
tenham uma visão integrada da gestão dos recursos hídricos, considerando as
fazes de gestão de oferta e demanda, usos mais eficientes e proteção da
qualidade de água.

No mesmo artigo, PALMIER (2001) cita as principais soluções que foram


definidas por Petry e Boeriu (1998) e pelo World Water Council (2000) que as
principais soluções para a conservação da água são: a) a reabilitação e proteção
de bacias para se obter um regime hidrológico mais adequado e reduzir a
quantidade de sedimentos retida nos reservatórios; b) o aumento da
produtividade da água, aumentando a produção de alimentos sem modificar, ou
mesmo diminuir a quantidade de água disponível para a agricultura por meio de
práticas agrícolas (melhorando a variedade de culturas, substituindo culturas,
melhorando as técnicas agrícolas) ou tornando mais eficientes as técnicas de
irrigação; c) a diminuição das taxas de evaporação e a prevenção da poluição
dos recursos hídricos; d) a gestão adequada e integrada dos recursos hídricos
tomando as bacias hidrográficas como unidade de referência; e) o aumento da
água disponível por meio do acréscimo da capacidade de armazenamento com
a construção de grandes barragens sendo a opção escolhida em muitas regiões
do mundo. Todavia, seus custos econômicos e ambientais têm sido apontados
como causas da diminuição na taxa de construção dessas estruturas. As
alternativas sugeridas são: pequenas barragens, armazenamento de água em
regiões pantanosas, recarga de aquíferos, técnicas tradicionais de
armazenamento em pequena escala e métodos de colheita de precipitações
reduzidas e vazões em cursos d’água intermitentes.

4.6. CONCEITOS SOBRE O APROVEITAMENTO DE ÁGUA DE CHUVA

Na maioria das edificações, a água potável vinda da estação de tratamento é


usada em todas as atividades, independente do uso ao qual se destina. A
evolução do conceito de uso racional para conservação de água consiste na
gestão não somente da demanda, mas também da oferta, de forma que usos

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menos nobres possam ser supridos por águas de qualidade inferior (DIAS, 2007
apud SALLA et al., 2013). Salla et al. (2013), Kammers e Ghisi (2006), Marinoski
e Ghisi (2008) e Proença e Ghisi (2009) apontam para a viabilidade de utilização
de água de chuva em bacias sanitárias e mictórios diante do elevado consumo
nesses pontos.

Existem diversos pesquisadores no Brasil e no mundo que estudam a viabilidade


técnica e econômica de implantação de sistema de aproveitamento de água
pluvial com finalidade não potável, independentemente do uso final. Os estudos
são voltados, de uma forma geral, à análise da qualidade da água pluvial em
face do destino pretendido, à análise econômica na implantação do sistema
tendo o reservatório de acumulação como foco principal em função dos elevados
custo de construção, e comparações técnicas e econômicas entre métodos de
dimensionamento de reservatório (SALLA et al. 2013).

BAÚ (1991) apud SOARES et al. (1999) apud MAY (2004) relatam que a
utilização da água da chuva torna-se viável quando a área de precipitação é
elevada, quando há escassez de abastecimento e em áreas com alto custo de
extração de águas subterrâneas.

MAY (2004) defende também que o uso da água de chuva em áreas urbanas
tem como fatores positivos a redução do consumo de água potável da estação
de tratamento e a melhor distribuição da carga de água de chuva imposta ao
sistema de drenagem urbana. Já como ponto negativo é a diminuição do volume
de água coletada em períodos de estiagem.

4.7. QUALIDADE DA ÁGUA E CHUVA

A qualidade da água é resultante de fenômenos naturais e da atuação do


homem. Devido às suas propriedades de solvente e à sua capacidade de
transportar partículas em suspensão a água incorpora a si diversas impurezas,
as quais definem sua qualidade (SPERLING, 1996 apud OLIVEIRA, 2008).

A qualidade da água no geral e da água de chuva, em especial, relaciona-se com


o uso que se pretende dar para a mesma. Seus parâmetros de qualidade devem

19
atender a diferentes requisitos para o uso em processos industriais, isenta de
partículas em suspensão; para navegação, não sendo agressiva às estruturas
ou para abastecimento humano, se enquadrando dentro dos padrões de
potabilidade (POZZEBON, 2013).

Em se tratando de qualidade da água, a Resolução CONAMA n° 274, de 29 de


novembro de 2000, a Portaria n° 2.914 do Ministério da Saúde, de 12 de
dezembro de 2011 e a Resolução CONAMA n° 357, de 17 de março de 2005,
trazem subsídios para a avaliação da mesma. Somam-se a estas a NBR 15527
(ABNT, 2007), primeira norma específica para o aproveitamento de água da
chuva de coberturas em áreas urbanas para fins não potáveis.

A Resolução Conama n° 357 dispõe sobre a classificação dos corpos de água e


diretrizes ambientais para o seu enquadramento, bem como estabelece as
condições e padrões de lançamento de efluentes e dá outras providências. A
partir dela, têm-se padrões de qualidade da água. De acordo com esta resolução,
as águas doces são classificadas em:

 Classe Especial - águas que podem ser destinadas ao abastecimento


para consumo humano, com desinfecção; à preservação do equilíbrio
natural das comunidades aquáticas; e à preservação dos ambientes
aquáticos em unidades de conservação de proteção integral.
 Classe 1 - águas que podem ser destinadas ao abastecimento para
consumo humano, após tratamento simplificado; à proteção das
comunidades aquáticas; à recreação de contato primário, tais como
natação, esqui aquático e mergulho, conforme Resolução CONAMA no
274, de 2000; à irrigação de hortaliças que são consumidas cruas e de
frutas que se desenvolvam rentes ao solo e que sejam ingeridas cruas
sem remoção de película; e à proteção das comunidades aquáticas em
Terras Indígenas.
 Classe 2 - águas que podem ser destinadas ao abastecimento para
consumo humano, após tratamento convencional; à proteção das
comunidades aquáticas; à recreação de contato primário, tais como
natação, esqui aquático e mergulho, conforme Resolução CONAMA no

20
274, de 2000; à irrigação de hortaliças, plantas frutíferas e de parques,
jardins, campos de esporte e lazer, com os quais o público possa vir a ter
contato direto; e à aquicultura e à atividade de pesca.
 Classe 3 - águas que podem ser destinadas ao abastecimento para
consumo humano, após tratamento convencional ou avançado; à
irrigação de culturas arbóreas, cerealíferas e forrageiras; à pesca
amadora; à recreação de contato secundário; e à dessedentação de
animais.
 Classe 4 - águas que podem ser destinadas à navegação; e à harmonia
paisagística.

De acordo com a Portaria n° 2.914 do Ministério da Saúde, água potável é aquela


que atende ao padrão de potabilidade estabelecido e que não ofereça riscos à
saúde e o padrão de potabilidade é o conjunto de valores permitidos como
parâmetro da qualidade da água para consumo humano.

Já segundo a NBR 15527 (ABNT, 2007), água não potável é a que não atende
a Portaria n° 518 (atual 2.914) do Ministério da Saúde. Quando trata da qualidade
da água, a norma remete ao projetista a responsabilidade da definição dos
padrões de qualidade, sempre levando em conta a utilização prevista. A norma
recomenda que, quando forem utilizados produtos nocivos à saúde humana na
área de captação, o sistema deve ser desconectado do reservatório de água da
chuva e somente reconectado quando forem eliminados os riscos de
contaminação, por meio de lavagem adequada da superfície.

Com uma análise de amostras de água de chuva em São Paulo, MAY (2004)
obteve a confirmação, através dos resultados das mesmas, que a água pluvial
pode ser utilizada após desinfecção para o consumo não potável e que seu uso
deve ser estimulado.

De acordo com TOMAZ (2003) a qualidade da água de chuva pode ser encarada
em quatro etapas:

1 – Antes de atingir o solo;


2 – Após escorrer pelo telhado;

21
3 – Dentro do reservatório e
4 – No ponto de uso.

A primeira etapa consta da qualidade da água de chuva antes de atingir o solo.


A composição da água de chuva varia de acordo com a localização geográfica
do ponto de amostragem, com as condições meteorológicas, com a presença ou
não de vegetação e também com a presença de carga poluidora. Pode-se dizer
que o pH da chuva sempre é ácido, pois até em regiões inalteradas o pH
encontrado é em torno de 5,0. Em regiões poluídas, pode-se chegar a valores
como 3,5 quando há o fenômeno da “chuva ácida”.

Na segunda etapa verifica-se a qualidade da água de chuva após se precipitar


sobre o telhado ou em alguma área impermeável. No aproveitamento da água
de chuva a superfície de captação são os telhados e dependendo do material
utilizado em sua confecção, a contaminação pode ser ainda maior. Alguns
contaminantes comumente presentes nos telhados: fezes de passarinhos,
pombas, fezes de ratos e outros animais, bem como poeiras, folhas de árvores
etc.

As fezes de passarinhos e de outras aves e animais podem trazer problemas de


contaminação por bactérias e parasitas gastrointestinais. Por isto, é
aconselhável que a água de lavagem dos telhados, isto é, a primeira água (first
flush), seja desprezada e jogada fora. O volume de água a ser rejeitado no first
flush depende do material do telhado e da quantidade de contaminação presente
no mesmo.

A terceira etapa é considerada quando a água de chuva é armazenada dentro


de um reservatório e tem sua qualidade alterada e depositam-se elementos
sólidos no fundo do mesmo e a água está pronta para utilização. A chuva poderá
levar materiais pesados presente em suspensão na atmosfera e que poderão ser
depositados no fundo do reservatório, onde geralmente se forma uma pequena
camada de lama.

22
Os microrganismos que vieram do telhado e dos encanamentos desenvolver-se-
ão no reservatório, colocando em perigo aqueles que usarem a água de chuva
para fins potáveis.

Alguns cuidados deverão ser tomados, tais como evitar a entrada da luz solar no
reservatório, pois a mesma favorece o crescimento de algas. A tampa de
inspeção deve ser hermeticamente fechada. A saída do extravasor deverá conter
grade ou tela para que não entrem animais pequenos. Além do mais, deve ser
feita uma limpeza anual no reservatório, a fim de remover a lama do fundo.

A quarta etapa é a qualidade da água de chuva no ponto de utilização, como por


exemplo, a descarga na bacia sanitária.

No mesmo livro, TOMAZ defende que deve-se ter cuidado quanto à conexão
cruzada (cross connection), isto ocorre quando a rede potável municipal está
conectada com a rede pluvial, causando contaminação da rede pública. Para
que isto possa ser evitado, nunca deve conectar uma rede com a outra.

4.7.1. QUALIDADE DA ÁGUA EM OURO PRETO

OLIVEIRA em seu estudo, realizou coleta e testes para determinar a qualidade


da água do Morro do Cruzeiro na cidade de Ouro Preto. Os resultados
encontrados estão na tabela 3.

Tabela 3 - Parâmetros de qualidade da água de chuva (OLIVEIRA, 2008)


ANÁLISE
PARÂMETROS 1 2 3 4 5
MÉDIA
Data 13/11/06 27/11/06 12/12/06 15/01/07 12/02/07
Turbidez (UNT) 17 35 26 7 30 23
pH 7,46 6,97 7,05 7,2 6,3 6,99
Condutividade (µS/cm) 36 83 62 47 56 56,8
Sólidos dissolvidos totais (mg/L) 49,14 78,65 58,75 64,15 53 60,73
Oxigênio dissolvidos (mg/L) 6 5,7 6,2 7,3 7,1 6,46
DBO5 (mg/L0 2,1 0,4 0,6 1,2 0,3 0,92
Coliformes fecais (NMP/100mL) 240 150 210 15 210 165

De acordo com OLIVEIRA, ainda não existem legislações específicas no Brasil


que tratem de padrões de qualidade de água de chuva para fins de

23
aproveitamento. Portanto, como forma de se verificar os valores médios obtidos
para os parâmetros analisados são compatíveis com os usos previstos para a
água, realizou-se a comparação dos mesmos com os padrões de qualidade para
os parâmetros definidos pela resolução CONAMA nº 357, de 17 de março de
2005, que trata da classificação dos corpos de água e de sua qualidade para
seus usos previstos.

Tabela 4 - Comparação entre os valores médios obtidos e os valores


padronizados para os parâmetros analisados
PARÂMETROS MÉDIA CLASSE 1 CLASSE 2 CLASSE 3
Turbidez (UNT) 23 < 40 < 100 < 100
pH 6,99 6a9 6a9 6a9
Condutividade (µS/cm) 56,8 xxx xxx xxx
Sólidos dissolvidos totais (mg/L) 60,73 500 500 500
Oxigênio dissolvidos (mg/L) 6,46 >6 >5 >4
DBO5 (mg/L0 0,92 <3 <5 < 10
Coliformes fecais (NMP/100mL) 165 < 200 < 1000 < 4000

Percebe-se que a qualidade da água de chuva do Campus do Morro do Cruzeiro,


de acordo com a resolução CONAMA nº 357, é de uma boa qualidade, pois se
enquadra Classe 1 da resolução.

4.8. SISTEMA DE APROVEITAMENTO DE ÁGUA DE CHUVA

Segundo Lee et al. (2000) apud ANNECCHINNI (2005), as técnicas mais comuns
para coleta da água da chuva são através da superfície de telhados ou através
de superfícies no solo, sendo que o sistema de coleta de chuva através da
superfície de telhados é considerado mais simples e, na maioria das vezes,
produz uma água de melhor qualidade se comparado aos sistemas que coletam
água de superfícies no solo.

Segundo IWANAMI (1985) apud SAMPAIO (2013), é importante que haja um


planejamento de aproveitamento de água de chuva para verificar a quantidade
de água que poderá ser coletada e armazenada.

De acordo com SOARES (1999) apud MAY (2004) quando a área apresenta
precipitação elevada é necessário que a quantidade de chuva seja distribuída ao

24
longo do tempo, pois caso a chuva seja acumulada em um pequeno período de
tempo, o reservatório será muito grande e assim o projeto se torna inviável.

Basicamente, um sistema de aproveitamento de águas pluviais deve possuir a


área de captação, telas ou filtros para remoção de materiais grosseiros,
tubulação para condução da água e o reservatório de armazenamento.

4.8.1. ÁREA DE CAPTAÇÃO

De acordo com a NBR 15527, área de captação é a área, projetada na horizontal


da superfície impermeável da cobertura onde a água é captada, em metros
quadrados.

Nos casos em que a área de captação for a superfície de telhados, os mesmos


devem ser projetados e construídos seguindo as normas técnicas e as
especificações do fabricante de telhas. As telhas podem ser de qualquer
material, no entanto, o melhor tipo é aquele que apresenta menor absorção de
água (ANNECCHINNI, 2005).

Caso o telhado seja usado, é necessária a utilização de condutos, como calhas


e condutores verticais, para o direcionamento da água de chuva para o
reservatório. Devido a isso, as calhas e os condutores devem ser bem
dimensionados, caso contrário haverá uma redução significativa da eficiência da
coleta.

Para definir matematicamente a área de coleta, multiplica-se o comprimento da


edificação com a largura da mesma, desta forma desconsidera-se a inclinação
do telhado, conforme demonstrado na Figura 5.

25
Figura 5 - Área de Coleta: telhado (MAY, 2004)

Caso a coleta ocorra em superfície de solo, o mesmo deverá apresentar uma


pequena inclinação para que a água possa escoar, conforme demonstrado na
figura 6. É comum a existência de rampas e canais para direcionar a água da
chuva para dentro do reservatório.

Figura 6 - Área de Coleta: telhado e pátio com armazenamento subterrâneo


(MAY, 2004)

4.8.2. REMOÇÃO DE MATERIAIS GROSSEIROS

Qualquer que seja o sistema adotado para a coleta da água da chuva, deve-se
evitar a entrada de folhas, gravetos ou outros materiais grosseiros no interior do
reservatório de armazenamento final, pois estes poderão se decompor
prejudicando assim a qualidade da água armazenada (ANNECCHINNI, 2005).

26
A remoção deste material é feita por um sistema simples, composto
principalmente por telas ou grades que devem ser instalados nas calhas, no caso
dos telhados, ou nas rampas, no caso dos solos, conforme ilustrado na figura 7.

Figura 7 - Sistema de grade localizado sobre calha (MAY, 2004)

4.8.3. ARMAZENAMENTO DA ÁGUA DE CHUVA

O armazenamento da água de chuva é feito, comumente, em reservatórios que


podem ser enterrados, semienterrado, apoiados sobre o solo ou elevados, sendo
que poderá ser feito de diferentes tipos de materiais, tais como concreto armado,
alvenaria, fibra de vidro, aço, polietileno, entre outros. Se a área de captação for
conhecida, assim como a precipitação na região, é possível calcular o volume
mínimo do reservatório. De acordo com SOARES et al (2000) apud SAMPAIO
(2013) o problema do tamanho do reservatório pode ser visto de duas maneiras:
a quantidade de água necessária para manter a demanda e atender a demanda
com um grau de confiabilidade aceitável.

Segundo (ANNECCHINI, 2005), a escolha de onde instalar o reservatório, do


modelo e do material a ser utilizado deve ser feita verificando as condições do
terreno. Os reservatórios superficiais devem ser instalados em locais que
disponham de área livre, tendo a vantagem de possibilitar alguns usos sem a
necessidade de bombeamento, como para a lavagem de áreas impermeáveis e
a rega de jardins.

27
Ainda pelo mesmo trabalho, os reservatórios semienterrados ou enterrados,
normalmente, necessitarão de bombeamento, seja ele manual ou mecânico,
salvo alguns casos, como das cisternas instaladas no Nordeste, onde a
população introduz baldes na cisterna para a retirada da água. O inconveniente
dessa solução é a possibilidade de contaminar a água da cisterna pela
introdução de objetos para a remoção da água.

Dependendo da arquitetura do telhado é possível instalar o reservatório logo


abaixo do mesmo, evitando assim os gastos com o bombeamento da água.

ANNECCHINI cita ainda que apesar do aproveitamento de água de chuva seja


extremamente útil, recomenda-se que a água de chuva não seja considerada
como única fonte de suprimento de água, pois possíveis falhas do sistema de
captação da água de chuva devem ser consideradas devido à sazonalidade e
irregularidade da mesma. O ideal é que a água de chuva seja uma fonte
alternativa, suplementando o sistema de abastecimento de água potável, sendo
direcionada para fins não potáveis.

A autora cita ainda que alguns devem ser tomados em relação ao reservatório
para manter sua conservação e a qualidade da água:

 A cobertura do reservatório deve ser impermeável;


 Deve-se evitar a entrada de luz no reservatório, para evitar a proliferação
de algas;
 A entrada de água no reservatório e o extravasor devem ser protegidos
por telas, para evitar a entrada de insetos e pequenos animais no tanque;
 O reservatório deve ser dotado de uma abertura, também chamada de
visita, para inspeção e limpeza;
 A água deve entrar no reservatório de forma que não provoque turbulência
para não suspender o lodo depositado no fundo do reservatório;
 O reservatório deve ser limpo uma vez por ano para a retirada do lodo
depositado no fundo do mesmo.

4.8.4. TRATAMENTO

28
De acordo com MAY (2004) o sistema de tratamento da água de chuva depende
da qualidade da água coletada e do seu destino final. Caso seja necessário
apenas um tratamento simples, utiliza-se sedimentação natural, filtração simples
e cloração. Caso um tratamento mais complexo seja usado, pode-se usar
desinfecção por ultravioleta ou osmose reversa.

Pelo fato da chuva inicial ser a mais poluída por lavar a superfície de captação e
a atmosfera contaminada por poluentes (GOULD, 1999 apud ANNECCHINNI,
2005), usa-se um método simples em que os primeiros milímetros de chuva (first
flush) são descartados. Para isso, usa-se um reservatório de eliminação de
primeira chuva. TOAMAZ (2003) denomina-se este procedimento como
autolimpeza da água da chuva. Esse reservatório tem a finalidade de receber um
volume determinado da chuva inicial, retendo-a ou descartando-a de forma que
a mesma não entre em contato com a chuva seguinte, menos poluída, que será
direcionada ao reservatório de armazenamento final.

4.9. COEFICIENTE DE RUNOFF

De acordo com Tomaz (2003) o volume de água de chuva que pode ser
aproveitado não é o mesmo que o precipitado. Por isto, para efeito de cálculo,
usa-se um coeficiente de escoamento superficial chamado de coeficiente de
“runoff”, que é o quociente entre a água que escoa superficialmente pelo total da
água precipitada. Para representá-lo, utiliza-se a letra “C”.

Existem alguns fatores fundamentais que influenciam na determinação deste


coeficiente, que são: o material da superfície que será coletada a água pluvial, a
evaporação da água no contato com a superfície, o volume descartado da
primeira água da chuva assim como perdas por vazamentos e infiltrações.

Existem vários estudos pelo mundo com o objetivo de se determinar o valor para
o coeficiente de runoff. Os valores variam de 0,90 até 0,67, sendo que as
superfícies que apresentam maior valor são as mais indicadas para o
aproveitamento da água da chuva.

29
Neste trabalho adotaremos C=0,80, que é o valor mais adotado em projetos e
que foi sugerido por Pacey et al. (1996 apud TOMAZ, 2003).

4.10. PRIMEIRA ÁGUA

Conforme já foi mencionado é comum que a superfície na qual a água de chuva


será recolhida acumula sujeiras que poderão contaminar a água do reservatório,
impossibilitando assim o seu uso. A fim de minimizar este problema, é
recomendável o descarte da porção inicial da água, sobretudo após períodos de
longa estiagem.

Para que possa ocorrer o descarte desta água de qualidade inferior vários tipos
de mecanismos podem ser utilizados, estes podem ser de origem artesanal ou
industrializada e também podem ser manuais ou automáticos. Sendo que este
último, o mais indicado.

TOMAZ (2003) cita que os volumes de primeira chuva utilizados em vários


estudos são variados. Na Florida, utiliza-se o valor de 0,4 mm por m² de área de
captação. Já para DECAH (1981) apud ANNECCHINNI (2005) o valor varia de
0,8 a 1,5 mm de chuva por m² de captação.

A NBR 15527 recomenda que o projetista dimensione o dispositivo de descarte


de água. Porém, na falta de dados, ela recomenda o descarte seja de 2 mm da
precipitação inicial por m² de telhado. O ideal, no entanto, seria para cada caso
analisar a qualidade da água da chuva e o tipo e estado do material da cobertura
de captação, além de se considerar o uso que se pretende dar para esta água
(POZZEBON, 2013).

4.11. PREVISÃO DO CONSUMO DE ÁGUA NÃO POTÁVEL

O consumo de água teórico de grandes consumidores, de acordo com o


Documento Técnico de Apoio B3 (DTA B3) do PNCDA, pode ser apresentado
através das várias tipologias de edifícios, as quais correspondem também
diversas preponderâncias de usos finais da água. Em um caso, a água é utilizada
principalmente para fins sanitários convencionais, em outro pode constituir o

30
meio de resfriamento de uma fonte de calor, ou mesmo ser constituinte do
produto final, para citar alguns exemplos.

De acordo com o DTA B3 o consumo de água depende da tipologia da


edificação. O consumo mensal médio (m³/mês) para cada sistema é calculado
pelas equações sugeridas por BERENHAUSER e PULICI (1983):

Tabela 5 - Fórmulas de consumo mensal de acordo com o tipo do edifício (DTA


B3, 1999)
TIPO DO EDIFÍCIO FÓRMULA DE CONSUMO
Clube esportivo Cm = 26 NC
Edifícios comerciais Cm = 0,08 AC
Escolas de 1º e 2º Grau Cm = 0,05 AC + 0,1 V + 0,7 F + 20
Escolas de nível superior Cm = 0,03 AC + 0,7 F + 0,8 BS + 50
Creches Cm = 3,8 F + 10
Hospitais Cm = 2,9 F + 11,8 BS + 2,5 L + 280
Hotéis de 1ª e 2ª Categoria Cm = 6,4 BH + 2,6 L + 400
Hotéis de 2ª Categoria Cm = 3,1 BH + 3,1 L – 40
Lavanderias industriais Cm = 0,02 x Kg de roupa / mês
Restaurantes Cm = 7,5 F + 8,4 BS

Legenda: Cm = consumo mensal de água (m³)


NC = número de chuveiros;
AC = área construída (m²);
V = número de vagas;
F = número de funcionários;
BH = número de banheiros;
BS = número de bacias sanitárias;
L = número de leitos.

4.12. DIMENSIONAMENTO DO RESERVATÓRIO

De acordo com SAMAPIO (2013), devem-se tomar cuidados com o


dimensionamento do reservatório, pois este é um dos itens mais caros do
sistema de aproveitamento pluvial, caso contrário, o projeto fica inviável. MAY
(2004) defende que, dependendo do volume obtido no dimensionamento e nas
condições do local de implantação do reservatório, o armazenamento poderá ser
realizado para atender as seguintes situações:

 Armazenar água apenas para a demanda de alguns dias;


 Armazenar água para a demanda de 1 a 2 meses;

31
 Armazenar água para a demanda de 6 meses;
 Armazenar água para a demanda para o ano inteiro.

Segundo SOARES et al. (2000) apud MAY (2004) os métodos para


dimensionamento do reservatório podem ser classificados em 4 principais
grupos, a saber:

 Métodos determinísticos quando os dados referentes à precipitação


pluviométrica e a demanda são analisados pela curva de massa;
 Métodos aproximados, baseados em relações empíricas conhecidas;
 Métodos de modelação que são também conhecidos como método de
transição probabilística da matriz;
 Método de análise de sistema dividindo-se em linear, não linear ou
programação dinâmica.

Os modelos de dimensionamento de reservatório têm como dados de entrada,


na maioria das vezes, séries históricas ou sintéticas de chuva, a demanda que
se deseja atender, a área de captação da água de chuva e a eficiência requerida.
Os dados resultantes da simulação são os volumes de armazenamento para
uma ou mais probabilidades de falha de sistema (THOMAS & McgEEVER, 1997
apud ANNECCHINI, 2005).

ANNECCHINI (2005) afirma que, a fim de tornar o sistema mais eficiente e com
o menor custo possível, é necessário o uso de estudos de dimensionamento do
reservatório com a finalidade de compatibilizar a produção e a demanda,
certificando-se do percentual de demanda possível de ser atendido, pois é de
conhecimento comum que nas épocas de chuva todo o volume captado não será
armazenado e nos períodos de seca o reservatório poderá estar vazio.

4.12.1. MÉTODO DE RIPPL

O Método de Rippl utiliza-se do conceito de “diagrama de massas” para garantir


um volume de armazenamento necessário para garantir uma vazão constante
durante o ano, inclusive no período mais crítico de estiagem.

32
O diagrama de massas é definido pela integral da hidrógrafa, ou seja, um
diagrama de volume acumulados. A figura 8 corresponde a um diagrama de
massas, por ele pode-se tirar as seguintes informações:

 Num tempo t qualquer, a inclinação da tangente à curva dos volumes


acumulados fornece a vazão naquele tempo;
 O volume acumulado em um dado intervalo de tempo é obtido pela
diferença entre as leituras das ordenadas correspondentes aos tempos
considerados;
 O período crítico é definido pelo intervalo de tempo (tI, tF). Durante este
período, nota-se que a tangente à curva dos volumes afluentes
acumulados, que dá a vazão instantânea, apresenta inclinação menor a
do segmento da reta OP;
 O volume necessário para armazenar durante o período crítico, a ponto
de manter uma vazão constante no sistema, é definido pela soma dos
segmentos de reta δ1 e δ2.

Figura 8 - Diagrama de Massas (BARBOSA APOSTILA)

Assim, o volume do reservatório é dado pela equação:

33
𝑉𝑜𝑙𝑢𝑚𝑒 = 𝛿1 + 𝛿2

5. MATERIAL E MÉTODOS

5.1. CARACTERIZAÇÃO DA ÁREA DE ESTUDOS

A cidade de Ouro Preto, localizada na região central do estado de Minas Gerais


(Figura 9). Geograficamente, a cidade se encontra nas coordenadas 20º23’08”
sul de latitude e 43º30’29” oeste de longitude. Ouro Preto tem uma altitude média
de 1.179 metros, sendo que este é um dos motivos de possuir clima tropical de
altitude, sendo assim, apresenta verão chuvoso e de temperaturas amenas e
inverno seco (WIKIPEDIA).

A altitude citada é altitude média encontrada na cidade

Figura 9 - Localização da cidade de Ouro Preto no estado de Minas Gerais


(WIKIPEDIA)

34
O estudo será realizado nos prédios da Escola de Minas de Ouro Preto (altitude
de 1225,4 m) e dos Laboratórios da Escola de Minas (altitude de 1221,7 m).
Ambos os edifícios se se localizam no Campus Morro do Cruzeiro da
Universidade Federal de Ouro Preto (Figura 10 e 11).

Figura 10 - Vista de Satélite do Campus Morro do Cruzeiro (GOOGLE EARTH)

A Escola de Minas de Ouro Preto, uma das mais tradicionais escolas de


engenharia do Brasil possui nesse campus algumas de suas instalações mais
recentes. Este estudo será realizado em algumas dessas instalações, que são:
a sede atual da Escola de Minas, os laboratórios do DECIV, do DECAT e do
DEMET. A Figura 11 ilustra a área de estudo e indica os prédios analisados.

Figura 11 - Vista de satélite da Escola de Minas (GOOGLE EARTH)

35
Para o presente estudo foi levantada a área construída e de telhado de cada
prédio, assim como o número de bacias sanitárias (incluindo o de mictórios) e os
número de funcionários. A determinação do número de funcionários foi realizada
através do trabalho de conclusão de curso de SILVA (2014). O resultado obtido
está apresentado na tabela 6.

Tabela 6 - Caracterização dos edifícios do estudo, sendo que as áreas são em



EDIFÍCIO ÁREA CONST ÁREA CAPT Nº BACIAS Nº FUNC
Escola de Minas 10441,16 4714,08 76 211
Lab. DECAT 1350,00 675,00 9 8
Lab. DECIV 1551,88 1429,56 9 3
Lab. DEMET 1429,56 1429,56 9 6

5.2. PREVISÃO DO VOLUME DE ÁGUA DE CHUVA

A Tabela 7 relaciona os dados das precipitações pluviométricas mensais, médias


mensais e totais anuais, observados na estação pluviométrica de Saramenha,
em Ouro Preto, no período de 1982 a 2013, financiado pela Alcoa e,
posteriormente, pela Novelis.

De forma gráfica, a figura 12 demonstra as precipitações mensais médias


encontradas em Ouro Preto, no citado período.

Como pode perceber, a precipitação não é constante durante o ano, tendo


período chuvoso que vai de novembro até março e períodos mais secos, de
maio a setembro, sendo os meses de junho, julho e agosto os mais secos.

Com os dados da tabela 7, pode-se afirmar que a precipitação anual média é


de 1.610,8 mm no período compreendido de 1982 a 2013.

A figura 13 apresenta a distribuição das precipitações totais anuais do período


de 1982 a 2013. Observa-se que o ano de 1992 foi o mais chuvoso e o de 1990
o de menor pluviosidade.

36
Tabela 7 - Precipitações mensais, mensais médias e totais anuais observados
na estação pluviométrica de Saramenha, em Ouro Preto, no período de 1982 e
2012 (valores em mm)
ANO JAN FEV MAR ABR MAI JUN JUL AGO SET OUT NOV DEZ TOTAL
1982 387,6 79,3 368,8 73,9 21,3 16,0 18,9 16,4 29,4 163,1 131,3 444,3 1750,3
1983 350,1 194,1 218,0 138,7 55,6 11,2 32,1 7,0 199,1 259,5 174,3 256,6 1896,3
1984 300,8 58,8 92,7 45,4 5,3 0,0 10,8 100,3 69,4 48,0 220,5 395,5 1347,5
1985 594,9 303,4 296,3 85,4 13,4 0,0 0,9 6,2 66,8 138,7 200,5 428,2 2134,7
1986 287,3 187,9 220,6 41,9 87,4 21,3 47,1 57,6 6,2 25,6 184,5 517,6 1685,0
1987 201,6 87,8 297,1 114,9 89,6 12,8 5,8 5,3 72,4 48,3 189,4 456,7 1581,7
1988 290,6 99,5 104,6 205,4 53,0 0,8 0,0 0,0 33,4 80,2 127,7 177,7 1172,9
1989 176,6 317,4 188,1 16,2 1,1 40,9 49,5 28,1 93,7 154,2 212,8 555,1 1833,7
1990 88,8 141,9 109,3 75,2 61,9 12,2 32,5 52,4 44,9 69,8 159,4 159,3 1007,6
1991 594,5 256,1 290,1 65,1 37,0 7,5 2,1 2,0 93,4 115,0 158,1 277,5 1898,4
1992 687,5 292,0 62,3 93,5 91,1 1,5 18,7 21,8 132,1 156,9 347,7 411,3 2316,4
1993 144,8 225,8 143,4 165,1 40,4 14,7 0,0 11,7 73,9 203,1 173,1 289,1 1485,1
1994 367,0 59,4 206,1 60,8 35,6 3,9 1,0 0,0 1,2 120,1 130,0 329,5 1314,6
1995 174,6 188,5 226,9 64,7 24,3 5,5 8,2 0,0 15,7 178,3 200,3 528,0 1615,0
1996 148,0 275,3 167,4 51,6 49,4 0,0 0,0 5,6 96,5 153,2 407,3 400,5 1754,8
1997 572,9 138,1 208,1 96,5 20,8 32,5 2,2 3,1 90,6 194,3 189,0 165,6 1713,7
1998 322,4 299,3 112,9 70,0 68,7 0,7 3,2 41,4 18,8 164,3 233,5 157,2 1492,4
1999 152,9 120,2 336,0 23,0 1,5 3,9 0,1 0,0 37,8 87,6 298,6 252,8 1314,4
2000 490,5 131,9 179,4 20,4 4,0 4,0 0,0 12,3 29,7 75,9 77,2 337,1 1362,4
2001 251,9 75,4 188,8 24,0 38,9 0,0 2,5 16,2 60,8 114,2 341,2 347,7 1461,6
2002 343,6 280,1 112,3 25,8 71,5 0,0 1,0 44,5 127,4 30,6 368,3 449,1 1854,2
2003 502,1 59,0 158,0 61,6 15,8 0,0 1,4 33,5 22,4 70,1 279,1 265,5 1468,5
2004 261,4 318,0 241,7 149,6 50,3 21,6 43,4 0,0 0,0 68,9 221,7 390,9 1767,5
2005 284,3 220,2 383,1 112,3 71,1 19,4 15,6 21,8 77,8 51,5 249,9 301,4 1808,4
2006 140,5 105,5 356,9 63,9 17,8 8,1 1,3 16,8 60,4 192,9 254,8 374,1 1593,0
2007 341,6 149,3 60,6 42,7 16,8 0,0 8,8 0,0 33,1 104,8 123,1 147,0 1027,8
2008 267,2 138,3 227,8 126,3 0,0 6,7 0,0 26,9 103,4 62,4 278,1 471,6 1708,7
2009 465,7 319,6 271,6 81,0 13,4 28,5 17,4 25,1 85,3 140,0 276,0 336,5 2060,1
2010 143,4 71,1 316,8 142,5 37,1 6,4 0,0 0,0 33,9 148,8 356,6 356,6 1613,2
2011 266,6 82,7 268,4 85,8 0,0 15,6 0,0 0,0 3,9 155,0 413,4 565,9 1857,3
2012 455,5 63,3 151,9 47,7 57,0 49,4 0,0 9,2 17,3 88,7 300,3 218,8 1459,1
2013 46,4 112,9 158,8 190,0 9,0 30,0 0,0 3,5 2,0 84,7 149,9 400,8 1188,0
MÉDIA 315,7 170,4 210,2 83,2 36,3 11,7 10,1 17,8 57,3 117,1 232,1 348,9 1610,8

400,0

350,0

300,0

250,0

200,0

150,0

100,0

50,0

0,0
JAN FEV MAR ABR MAI JUN JUL AGO SET OUT NOV DEZ

Figura 12 - Precipitações mensais médias de 1982 a 2013 em Ouro Preto

37
2500,0

2000,0

1500,0

1000,0

500,0

0,0
1982
1983
1984
1985
1986
1987
1988
1989
1990
1991
1992
1993
1994
1995
1996
1997
1998
1999
2000
2001
2002
2003
2004
2005
2006
2007
2008
2009
2010
2011
2012
2013
Figura 13 - Precipitação totais anuais em Ouro Preto

Desta forma, os anos de 1990 e 1992 serão utilizados para realizar as


simulações para o dimensionamento do reservatório.

Para que se tenha um dimensionamento mais coerente e preciso com a


realidade, serão utilizados os dois anos hidrológicos em que o ano escolhido
possui. Sendo assim, o período de análise começará em primeiro de outubro do
ano anterior e terminará em trinta de setembro do ano seguinte.

Os dados da pluviometria diária dos anos analisados são relacionados pelas


Tabelas 8 (ano de 1990, o de menor pluviometria) e 9 (ano de 1992, o de maior
pluviometria).

A partir dos dados da pluviometria diária de todos os anos do período analisado,


foi possível gerar uma pluviometria diária média, gerando-se assim, um ano
teórico de pluviometria média que será utilizado no dimensionamento do
reservatório. Utilizando a mesma metodologia dos anos de 1990 e 1992, serão

38
utilizados o período de dois anos pluviométricos. A Tabela 10 apresenta os
dados diários desse ano hipotético.

Tabela 8 - Pluviometria diária de 1990


1989 1990
OUT NOV DEZ JAN FEV MAR ABR MAI JUN JUL AGO SET
1 0,10 0,00 0,00 22,40 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 11,70 0,00 0,00
2 1,00 0,00 0,00 5,60 0,00 0,00 0,00 10,00 0,00 0,00 0,00 11,30
3 0,00 0,00 0,00 8,30 0,00 0,00 11,90 33,00 3,30 0,00 0,00 0,00
4 0,00 5,20 0,00 2,30 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,30
5 14,50 0,00 0,00 7,30 2,50 0,00 4,70 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00
6 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 4,50 4,30 0,00 0,00 6,60 0,00 0,00
7 0,00 1,10 5,10 0,00 0,00 14,70 5,10 0,40 0,00 3,90 0,00 0,00
8 16,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00
9 0,00 0,00 0,00 0,00 14,70 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,20 0,50
10 16,70 1,30 0,00 0,00 0,00 0,00 21,70 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00
11 0,00 18,40 24,40 0,00 12,20 0,00 3,10 0,00 0,00 3,80 0,00 0,00
12 20,10 11,80 35,00 0,00 11,20 0,00 0,00 5,40 0,00 1,20 0,00 0,00
13 9,50 32,60 49,00 0,00 0,00 0,00 8,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00
14 0,00 12,00 78,50 0,00 0,60 0,00 0,30 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00
15 0,00 1,70 78,50 0,00 9,80 6,60 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 25,30
16 0,00 0,00 46,00 0,00 32,50 2,60 0,50 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00
17 18,50 0,00 34,20 0,00 0,00 13,80 0,00 10,70 0,00 0,00 0,00 0,00
18 5,90 2,20 6,90 0,00 0,00 1,20 0,00 2,40 0,00 0,00 27,00 0,00
19 0,00 16,80 12,80 0,00 3,80 0,40 1,70 0,00 0,00 0,00 2,50 0,00
20 0,00 2,20 50,60 0,00 0,00 13,40 13,70 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00
21 0,00 3,80 103,60 0,00 0,00 6,80 0,20 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00
22 2,80 11,00 0,00 0,00 4,40 0,40 0,00 0,00 0,00 0,00 1,20 0,00
23 31,00 19,60 2,50 0,00 23,50 8,60 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00
24 11,30 0,00 0,00 2,70 22,40 25,80 0,00 0,00 0,00 0,00 0,80 0,00
25 0,10 35,40 0,00 0,00 0,00 0,20 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 7,50
26 0,00 0,00 4,50 25,70 4,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00
27 0,00 0,00 4,40 14,50 0,30 3,90 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00
28 4,30 20,20 16,90 0,00 0,00 5,50 0,00 0,00 0,00 0,00 5,30 0,00
29 2,40 0,70 0,90 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 3,80 2,90 0,00
30 0,00 16,80 1,30 0,00 0,90 0,00 0,00 8,90 1,00 11,60 0,00
31 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,50 0,90
TOTAL 154,20 212,80 555,10 88,80 141,90 109,30 75,20 61,90 12,20 32,50 52,40 44,90

1990 1991
OUT NOV DEZ JAN FEV MAR ABR MAI JUN JUL AGO SET
1 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 5,70 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00
2 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,60 1,00 0,00 0,00 0,00 0,00 1,10
3 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 3,90 3,10 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00
4 0,00 0,00 0,00 21,50 15,40 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00
5 0,00 52,30 0,00 24,50 0,00 6,80 1,70 0,00 0,30 0,00 0,00 0,00
6 0,00 9,80 3,00 22,00 0,00 1,60 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00
7 0,00 1,20 0,00 0,70 5,80 3,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00
8 0,00 0,00 0,00 5,70 0,00 0,90 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00
9 0,00 0,00 3,10 0,20 0,00 0,70 0,00 0,00 1,10 0,00 0,00 0,00
10 0,00 0,00 1,30 10,70 5,90 0,00 0,00 0,00 2,70 0,00 0,00 0,00
11 0,00 0,00 0,40 35,90 3,10 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00
12 0,00 0,00 12,70 50,40 4,10 25,70 0,00 0,00 0,10 0,00 0,00 0,00
13 2,20 14,50 1,80 20,40 32,50 28,30 0,00 0,80 0,00 0,00 0,00 0,00
14 4,20 0,00 20,00 15,80 15,00 3,40 0,00 0,00 0,70 0,00 0,00 0,00
15 0,00 0,00 0,90 50,70 0,00 0,00 1,20 0,00 2,60 0,00 1,60 0,70
16 0,00 0,00 0,90 20,50 15,30 1,30 0,00 0,60 0,00 0,00 0,00 12,80
17 0,00 0,00 20,00 16,20 20,50 0,00 0,00 2,30 0,00 0,80 0,00 0,00
18 0,80 0,00 0,00 115,20 15,10 0,00 0,00 0,10 0,00 0,00 0,00 0,00
19 5,50 5,10 12,40 8,20 29,30 0,00 0,00 0,30 0,00 0,00 0,00 0,00
20 31,00 3,20 8,10 2,60 1,00 34,80 15,60 0,50 0,00 0,60 0,40 39,70
21 5,10 8,10 2,50 0,40 0,00 0,00 2,60 32,40 0,00 0,00 0,00 0,70
22 1,30 0,00 3,00 0,00 0,00 48,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00
23 5,70 0,00 0,10 9,90 1,90 8,30 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00
24 0,00 18,40 0,00 1,60 46,70 64,60 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00
25 4,70 23,00 0,00 38,00 0,00 46,20 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 5,80
26 9,30 2,60 23,40 28,30 0,00 2,80 10,00 0,00 0,00 0,00 0,00 28,50
27 0,00 0,00 3,80 29,80 0,00 0,10 25,40 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00
28 0,00 0,00 40,40 59,30 44,50 1,70 4,50 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00
29 0,00 16,30 0,30 3,80 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 4,10
30 0,00 4,90 1,20 2,20 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00
31 0,00 0,00 0,00 1,70 0,00 0,70 0,00
TOTAL 69,80 159,40 159,30 594,50 256,10 290,10 65,10 37,00 7,50 2,10 2,00 93,40

39
Tabela 9 - Pluviometria diária de 1992
1991 1992
OUT NOV DEZ JAN FEV MAR ABR MAI JUN JUL AGO SET
1 13,90 9,90 0,50 46,00 23,30 0,00 11,80 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00
2 0,80 10,40 8,80 0,70 11,20 0,90 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00
3 10,80 25,00 0,00 1,40 60,00 3,50 7,70 1,30 0,00 0,00 0,00 0,00
4 0,50 1,10 2,10 25,00 25,40 0,90 1,30 23,40 0,00 0,00 0,00 0,00
5 0,00 0,00 0,00 28,20 27,60 0,00 0,00 0,00 0,00 0,90 0,00 11,20
6 0,00 4,30 0,00 32,00 42,30 0,00 0,00 15,90 0,00 0,00 0,00 3,40
7 31,80 0,00 13,30 0,00 8,00 0,00 0,00 20,60 0,00 0,00 0,00 16,10
8 30,30 2,30 7,90 0,00 18,30 0,00 32,70 3,20 0,00 0,00 2,40 3,80
9 1,30 0,00 4,70 3,80 3,40 0,00 0,00 0,00 0,00 1,00 0,00 0,00
10 0,00 11,90 4,00 35,50 15,10 23,50 0,90 0,00 0,00 6,00 0,00 0,00
11 5,80 0,00 9,90 0,00 1,00 0,50 0,20 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00
12 0,00 0,00 0,00 0,00 2,10 0,00 0,00 0,00 0,00 8,00 0,00 0,00
13 0,00 1,90 2,00 30,50 0,00 7,40 0,00 0,00 0,00 2,80 0,00 5,10
14 0,00 7,30 5,70 42,20 1,20 10,70 0,00 0,00 0,00 0,00 10,10 0,00
15 0,00 21,40 7,30 6,60 0,00 2,50 18,40 0,00 0,00 0,00 0,00 0,20
16 0,00 15,20 3,70 18,60 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00
17 1,80 0,30 10,00 33,80 0,00 0,00 3,10 0,00 0,00 0,00 0,00 17,80
18 11,10 14,00 15,80 8,10 0,00 1,10 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 5,40
19 0,20 4,10 1,10 9,10 0,00 9,20 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00
20 0,00 2,10 20,60 81,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 2,40 3,60
21 1,40 1,80 4,60 19,80 0,00 0,00 0,00 24,90 1,50 0,00 0,00 4,80
22 0,00 0,00 45,30 19,60 0,00 0,00 0,10 0,00 0,00 0,00 0,00 1,60
23 0,00 0,00 0,00 56,50 0,00 0,00 6,20 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00
24 0,00 5,50 0,00 106,40 0,00 0,00 0,00 1,80 0,00 0,00 0,00 0,00
25 0,00 0,00 23,40 13,70 0,00 0,00 9,10 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00
26 0,00 0,00 5,40 1,30 27,10 0,00 2,00 0,00 0,00 0,00 0,00 9,10
27 0,00 0,00 14,40 6,80 0,50 2,10 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 6,50
28 0,00 2,40 24,70 0,20 19,30 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 43,20
29 0,00 0,00 42,00 8,50 6,20 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00
30 0,00 17,20 0,30 7,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 6,90 0,30
31 5,30 0,00 45,20 0,00 0,00 0,00 0,00
TOTAL 115,00 158,10 277,50 687,50 292,00 62,30 93,50 91,10 1,50 18,70 21,80 132,10

1992 1993
OUT NOV DEZ JAN FEV MAR ABR MAI JUN JUL AGO SET
1 0,00 29,70 0,00 0,00 0,50 7,70 50,60 8,90 3,40 0,00 0,00 0,00
2 0,00 18,70 11,00 0,00 7,90 39,60 0,50 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00
3 4,20 2,30 21,60 5,30 5,00 12,80 14,40 20,40 0,00 0,00 0,00 0,00
4 1,30 28,50 8,10 24,80 3,10 0,00 0,00 0,20 0,00 0,00 0,00 0,00
5 3,50 55,70 1,80 30,10 0,00 0,00 3,90 1,90 0,00 0,00 0,00 0,00
6 0,00 19,30 0,00 12,70 0,00 0,00 0,00 4,40 0,00 0,00 0,00 0,00
7 0,00 14,40 0,20 2,20 0,00 0,00 0,50 0,00 3,40 0,00 0,00 0,00
8 7,30 9,10 7,00 3,30 0,00 0,00 23,60 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00
9 4,60 33,00 19,50 0,00 0,00 0,00 4,50 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00
10 15,40 47,80 0,50 3,10 0,00 0,00 13,20 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00
11 0,00 13,20 42,50 0,00 33,80 0,00 6,50 0,00 0,00 0,00 0,00 11,30
12 0,00 5,30 43,10 19,70 7,00 7,60 12,40 0,00 0,00 0,00 0,00 1,70
13 0,00 0,00 40,90 0,00 17,10 33,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00
14 0,00 0,00 2,20 0,00 48,00 1,90 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00
15 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 4,10 2,10 0,00 0,00 0,00
16 0,00 0,00 5,20 0,00 0,00 0,00 18,30 0,20 0,00 0,00 0,00 0,00
17 0,00 0,00 13,10 4,50 0,50 1,60 8,00 0,00 0,00 0,00 0,00 6,80
18 0,00 2,60 4,70 6,30 0,00 11,00 2,40 0,30 0,00 0,00 0,00 2,50
19 0,00 6,10 40,20 3,00 0,00 0,00 0,00 0,00 5,80 0,00 0,00 0,00
20 0,00 0,00 0,00 0,50 16,70 2,10 0,00 0,00 0,00 0,00 9,70 0,00
21 24,00 0,80 80,60 8,60 5,60 1,50 0,00 0,00 0,00 0,00 0,30 10,40
22 54,00 0,00 21,00 12,00 16,20 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,10 15,30
23 0,70 0,90 2,30 7,00 5,60 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,60 0,00
24 4,20 27,10 0,00 1,40 16,20 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,70 6,30
25 12,30 28,80 0,00 0,30 0,50 0,00 6,30 0,00 0,00 0,00 0,30 0,00
26 0,00 0,00 4,60 0,00 23,70 2,40 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 2,40
27 0,00 0,90 17,00 0,00 1,00 16,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00
28 5,70 0,90 1,20 0,00 17,40 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00
29 0,50 0,10 10,20 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00
30 0,00 2,50 12,80 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 17,20
31 19,20 0,00 0,00 6,20 0,00 0,00 0,00
TOTAL 156,90 347,70 411,30 144,80 225,80 143,40 165,10 40,40 14,70 0,00 11,70 73,90

40
Tabela 10 - Pluviometria diária média
MÉDIA
JAN FEV MAR ABR MAI JUN JUL AGO SET OUT NOV DEZ
1 14,96 6,11 5,24 7,29 0,93 0,93 0,66 0,05 0,77 3,07 5,71 10,17
2 16,28 3,87 6,71 1,85 1,13 0,65 0,22 0,31 1,79 3,33 8,53 10,03
3 19,07 10,67 9,31 3,36 2,47 0,94 0,00 1,49 1,17 5,73 11,52 4,41
4 17,49 4,21 11,44 2,49 1,03 1,10 0,00 0,11 1,33 2,79 9,16 8,41
5 17,15 7,14 10,39 4,54 1,39 0,15 0,58 0,00 1,42 3,55 10,40 7,05
6 10,83 8,46 7,95 5,65 1,13 0,90 0,78 0,72 1,14 0,82 5,94 8,86
7 6,42 5,73 7,70 9,36 1,67 0,14 0,22 0,61 2,38 7,52 6,97 11,46
8 13,46 5,92 9,03 5,08 0,28 0,58 0,35 0,09 1,30 3,07 7,02 13,51
9 8,59 7,36 6,96 4,20 0,84 0,44 0,03 0,28 0,94 2,45 3,83 6,61
10 8,75 7,31 7,99 4,28 1,43 0,51 0,28 0,26 0,33 3,55 7,47 9,52
11 7,42 9,29 5,60 3,58 0,61 0,08 0,68 0,24 0,70 1,74 6,01 12,44
12 8,46 5,72 5,10 2,28 0,72 0,73 0,33 0,18 0,34 3,38 6,91 13,89
13 9,45 8,01 11,72 2,76 1,25 0,52 0,19 0,73 0,90 6,15 8,91 13,24
14 7,83 5,86 3,95 2,08 0,43 0,02 0,49 0,60 0,85 2,29 6,12 12,41
15 7,25 4,30 8,82 1,52 1,10 0,31 0,00 0,49 3,44 1,66 8,12 13,94
16 9,34 4,21 14,91 2,10 0,83 0,31 0,08 1,23 3,52 2,18 7,34 13,34
17 8,34 6,13 4,24 2,50 1,68 0,03 0,32 0,66 1,45 2,64 6,68 17,32
18 12,36 8,38 5,58 2,18 1,37 0,00 0,00 1,15 2,60 5,16 12,41 13,68
19 10,01 5,89 6,89 1,74 0,42 0,28 0,41 0,62 0,82 2,50 7,77 13,43
20 9,66 3,34 8,70 2,54 2,77 0,00 0,45 0,74 2,57 5,97 8,60 10,91
21 7,16 4,18 4,86 0,39 2,09 0,54 1,02 0,70 2,28 6,37 9,72 15,33
22 10,74 3,72 6,85 0,41 0,48 0,16 0,06 1,46 4,30 8,61 5,71 11,33
23 10,83 8,17 6,75 1,08 1,92 0,10 0,17 0,31 1,89 6,00 9,70 9,07
24 8,36 6,54 6,12 1,89 1,53 0,00 0,70 1,11 4,01 4,03 7,42 11,01
25 9,95 3,89 8,94 1,33 1,23 0,23 0,40 0,37 2,21 4,73 6,82 10,28
26 7,53 9,13 2,63 0,96 2,05 0,78 0,17 1,65 3,80 3,30 9,56 15,33
27 9,43 4,87 2,46 3,45 0,89 1,35 0,00 0,21 3,01 4,04 10,71 10,70
28 15,05 6,63 5,14 3,14 0,55 0,01 0,48 0,56 3,03 2,08 14,18 13,81
29 4,85 2,40 1,89 2,12 1,61 0,01 0,42 1,02 3,95 4,65 10,44 12,78
30 5,86 3,68 0,58 1,49 0,56 0,30 0,89 4,40 4,05 7,51 10,34
31 10,34 10,11 1,13 1,39 1,06 4,93 9,93
TOTAL 323,22 177,45 217,68 86,73 38,43 12,37 11,16 19,90 62,64 122,37 247,18 354,53

Pelo fato de se tratar de um ano médio hipotético, os valores dos dois anos
pluviométricos serão iguais.

5.3. PREVISÃO DO CONSUMO DE ÁGUA NÃO POTÁVEL

O consumo de água dos edifícios que fazem parte do estudo será estimado de
forma teórica conforme descrito no Documento Técnico de Apoio do Programa
Nacional de Combate ao Desperdício de Água, DTA B3.

Pelo fato dos prédios analisados serem considerados como escola de nível
superior, de acordo com a tabela 3, a relação que estima o consumo dos
referidos edifícios será:

𝐶𝑚 = 0,03 × 𝐴𝐶 + 0,7 × 𝐹 + 0,8 × 𝐵𝑆 + 50

Sendo: Cm = consumo médio


AC = área total construída
F = número de funcionários

41
BS = bacias sanitárias

Desta forma e utilizando os dados apresentados na Tabela 6, estima-se os


valores do consumo mensal dos edifícios nos seguintes valores, representados
pela tabela 11:

Tabela 11 - Consumo mensal estimado dos edifícios da área de estudo


EDIFÍCIO CONSUMO
Escola de Minas 572,02
Lab. DECAT 102,95
Lab. DECIV 105,86
Lab. DEMET 104,29
VALOR MENSAL 885,12

Para encontrar o valor do consumo diário estimado basta dividir o valor do


consumo mensal estimado encontrado por 30, referente ao valor médio do
número dos dias por mês. Desta forma, o consumo diário estimado médio é de
29,50 m³.

5.4. DIMENSIONAMENTO DO RESERVATÓRIO

O dimensionamento do reservatório terá como dados de entrada o índice


pluviométrico diário da cidade de Ouro Preto, a área de captação de cada
edifício, o coeficiente de escoamento superficial de 0,8 e a demanda diária
estimada constante.

Os dados servirão para a criação de modelos matemáticos utilizados no


dimensionamento, com o objetivo de, através de um balanço hídrico do sistema
de aproveitamento de água de chuva, compatibilizar produção e demanda, na
tentativa de determinar um volume ideal, que garantisse o maior período de
abastecimento sem onerar o custo de instalação do sistema.

O dimensionamento do reservatório será realizado através do método de Rippl,


sendo o MICROSOFT EXCEL o software utilizado para realizar os cálculos.

A planilha desenvolvida apresentará duas tabelas, a primeira possuirá os dados


constantes, enquanto a segunda apresentará os valores encontrados.

42
A primeira tabela com os valores constantes necessários para o
dimensionamento do reservatório, tem a seguinte constituição, conforme
demonstrado na Figura 14:

VALORES CONSTANTES
DEMANDA (m³) 885,00
ÁREA DE CAPTAÇÃO (m²) 8248,20
COEF. RUNNOFF 0,80
Figura 14 - Tabela de valores constantes para dimensionamento do
reservatório
Tem-se que:

 Linha 1: demanda teórica mensal em m³;


 Linha 2: a área de captação em m²;
 Linha 3: o coeficiente de Runnoff ou de escoamento dos telhados da
área de estudo.

Na segunda tabela, tendo como entrada os valores constantes da tabela anterior


e o valor pluviométrico diário, gerará valores que permitirá o desenvolvimento do
diagrama de massas e os volumes dos reservatórios nos anos analisados.

A primeira linha de dados, dia 0, corresponde ao volume inicial do reservatório.

A figura 15 demonstra a estrutura da tabela.

Tem-se que:

 Coluna 1: data, representada pelo ano, dia e mês


 Coluna 2: chuva diária em mm
 Coluna 3: produção de chuva (m³), correspondente ao valor diário de
chuva coletado pelo sistema. É obtido pela multiplicação da coluna 2 com
a coluna 4 e com o coeficiente de escoamento superficial. O resultado é
dividido por 1.000 para obter-se o valor da produção em m³;
 Coluna 4: volume de chuva acumulado em m³;
 Coluna 5: volume de demanda acumulado em m³;

43
DATA PRODUÇÃO DE VOLUME DEMANDA
CHUVA (mm)
ANO MÊS CHUVA (m³) ACUMULADO ACUMULADA
0,00 0,00
Outubro 154,20 1017,50 1017,50 885,00

1989
Novembro 212,80 1404,17 2421,67 1770,00
Dezembro 555,10 3662,86 6084,53 2655,00
Janeiro 88,80 585,95 6670,48 3540,00
Fevereiro 141,90 936,34 7606,82 4425,00
Março 109,30 721,22 8328,04 5310,00
Abril 75,20 496,21 8824,25 6195,00
Maio 61,90 408,45 9232,71 7080,00
1990 Junho 12,20 80,50 9313,21 7965,00
Julho 32,50 214,45 9527,66 8850,00
Agosto 52,40 345,76 9873,43 9735,00
Setembro 44,90 296,28 10169,70 10620,00
Outubro 69,80 460,58 10630,28 11505,00
Novembro 159,40 1051,81 11682,09 12390,00
Dezembro 159,30 1051,15 12733,24 13275,00
Janeiro 594,50 3922,84 16656,09 14160,00
Fevereiro 256,10 1689,89 18345,98 15045,00
Março 290,10 1914,24 20260,22 15930,00
Abril 65,10 429,57 20689,78 16815,00
1991

Maio 37,00 244,15 20933,93 17700,00


Junho 7,50 49,49 20983,42 18585,00
Julho 2,10 13,86 20997,28 19470,00
Agosto 2,00 13,20 21010,47 20355,00
Setembro 93,40 616,31 21626,78 21240,00

Figura 15 - Tabela de determinação do diagrama de massa para


dimensionamento dos reservatórios

Serão dimensionados, utilizando o diagrama de massas, três volumes diferentes


de reservatório, um para o ano de maior volume de chuva, um para o ano de
menor volume de chuva e outro para o ano de volume de chuva médio.

5.5. SIMULAÇÃO DO CONSUMO DO RESERVATÓRIO

Com a determinação de três volumes distintos de reservatório uma nova planilha


será constituída para simular a situação do volume de um reservatório durante o
ano. Os volumes determinados pelo método de Rippl serão simulados em cada
ano analisado anteriormente, e para determinar sua viabilidade duas situações
de volume inicial serão analisadas, uma com o reservatório vazio, outra com um
volume inicial a ser determinado.

A exemplo da planilha anterior, para fazer a simulação foram utilizadas duas


tabelas: uma com os valores constantes dos cálculos, outra com o cálculo
propriamente dito.

A primeira tabela apresenta a seguinte constituição, conforme demonstrado na


Figura 16:

44
Figura 16 - Tabela de valores constante para determinar a simulação

Tem-se que:

 Linha 1: a demanda teórica diária em m³;


 Linha 2: a área de captação do telhado em m²;
 Linha 3: o coeficiente de Runnoff ou de escoamento;
 Linha 4: o volume dimensionado do ano de menor chuva em m³;
 Linha 5: o volume dimensionado do ano de maior chuva em m³;
 Linha 6: o volume dimensionado do ano de chuva média em m³.

Na segunda tabela, utilizando os valores de entrada da tabela anterior, teremos


o desenvolvimento da simulação do volume presente nos reservatórios.

A primeira linha de dados, a qual é o Dia 0, corresponde ao volume inicial do


reservatório.

A tabela tem a seguinte estrutura:

45
Figura 17 - Tabela de simulação do volume presente nos reservatórios

Com os valores obtidos pelas simulações serão gerados gráficos, os quais


possibilitarão uma análise visual do volume do reservatório.

5.6. DEFINIÇÕES DO RESERVATÓRIO

Após análise das simulações do comportamento do volume nos reservatórios


dimensionados usando o Método de Rippl, serão definidos dois volumes de
reservatório para análises finais de viabilidade.

Os volumes dos reservatórios serão definidos através de duas situações


encontradas, que são:

 Um reservatório que possibilite que o consumo anual de água seja


sustentado pelo sistema;
 Um reservatório que fique seco em um período de 4 a 6 meses em um
ano.

46
Após a escolha dos volumes, este estudo indicará uma possível localização para
a construção do reservatório.

Nos dois tipos de reservatórios serão feitas as seguintes análises e projetos:

 Proposta de projeto do reservatório em si;


 Levantamento de custos básico do sistema.

Desta forma, será feita uma sugestão de qual reservatório será o mais indicado
para uma possível instalação.

5.7. LEVANTAMENTO BÁSICO DE CUSTOS

A fim de determinar a viabilidade do projeto, foi realizado um levantamento


básico de custos.

Para isso, utilizou-se como referência de preços a tabela PREÇO SETOP da


região leste de Minas Gerais (região em que Ouro Preto está inserida) para o
mês de junho de 2015.

Esse levantamento foi bastante simplificado, pois este estudo se trata apenas de
uma previsão. A Tabela 12 apresenta uma relação dos itens que terão seus
preços levantados nos dois tipos de reservatórios.

Tabela 12 - Itens a ter o preço levantado


ATIVIDADE
Limpeza do Terreno
Canteiro de Obra
Vestiário
Tapume para fechamento
Movimentação de Terra
Regularização e Compactação Mecânica de Base
Estrutura
Piso
Parede em Concreto Armado
Manta Asfáltica Polimérica
Instalações Hidráulicas
Instalações Elétricas

47
6. DISCUSSÃO E RESULTADO

6.1. DIMENSIONAMENTO DO RESERVATÓRIO

Para definir os três volumes de reservatórios que serão analisados, será


utilizado, conforme já descrito, o método de Rippl.

Os anos analisados, conforme já justificado, serão os de 1990, 1992 e um ano


de pluviometria diária média.

6.1.1. Ano de 1990

Conforme já descrito, o ano de 1990 foi o de menor pluviometria do período


analisado. Desta forma foi realizado um diagrama de massas para esse ano. A
tabela obtida está inclusa nos anexos.

Com os valores gerados na tabela, possibilitou-se o desenvolvimento da curva


de massa, apresentada na Figura 18.

Figura 18 - Diagrama de Massas do ano de 1990

A Figura 18 representa o diagrama de massas do ano de 1990. Através da


análise desta figura e utilizando os métodos descritos na seção 4.12.1, pôde-se
definir que:

48
𝑉𝑜𝑙𝑢𝑚𝑒 = 𝛿1 + 𝛿2 = 4.500 𝑚³

Desta forma, conclui-se que o volume necessário de armazenamento desse ano


para que a produção de chuva seja constante é de 4.500 m³.

6.1.2. Ano de 1992

Conforme já descrito, o ano de 1992 foi aquele que apresentou maior


pluviometria no período analisado. Desta forma foi realizado um Diagrama de
Massas para esse ano. A tabela obtida está inclusa nos anexos.

Com os valores gerados na tabela, possibilitou-se o desenvolvimento da


seguinte curva de massa:

Figura 19 - Diagrama de Massas do ano de 1992

A Figura 19 representa o Diagrama de Massas do ano de 1992. Através da


análise desta figura e utilizando os métodos descritos na seção 4.12.1, pôde-se
definir que:

𝑉𝑜𝑙𝑢𝑚𝑒 = 𝛿1 + 𝛿2 = 3.500 𝑚³

Desta forma, conclui-se que o volume necessário de armazenamento desse ano


para que a produção de chuva seja constante é de 3.500 m³.

49
6.1.3. ANO DE PLUVIOMETRIA MÉDIA

Conforme já descrito, foi gerado um ano teórico de pluviometria média diária,


utilizando os dados obtidos na Estação Pluviométrica de Saramenha entre os
anos de 1982 e 2013. Utilizando a pluviometria média diária, foi possível
desenvolver um Diagrama de Massas para esse ano teórico. A tabela obtida está
inclusa nos anexos.

Com os valores gerados na tabela, possibilitou-se o desenvolvimento da


seguinte curva de massa:

Figura 20 - Diagrama de Massas do ano de pluviometria média

A Figura 20 representa o Diagrama de Massas do ano de pluviometria diária


média. Através da análise desta figura e utilizando os métodos descritos na
seção 4.12.1, pôde-se definir que:

𝑉𝑜𝑙𝑢𝑚𝑒 = 𝛿1 + 𝛿2 = 4.000 𝑚³

Desta forma, conclui-se que o volume necessário de armazenamento desse ano


para que a produção de chuva seja constante é de 4.000 m³.

6.2. SIMULAÇÃO DO COMPORTAMENTO DO RESERVATÓRIO

50
Com os volumes dos reservatórios já determinados, será feita simulações do
comportamento dos volumes desses reservatórios nos anos de menor e maior
pluviometria e de um ano com a pluviometria média da região.

Primeiramente, utilizar-se-á a situação em que o reservatório se encontra


totalmente vazio. Na segunda rodada de simulações, cada reservatório se
encontrará na metade de sua capacidade máxima.

6.2.1. COMPORTAMENTO DO RESERVATÓRIO NO ANO DE 1990 COM O


VOLUME INICIAL NULO

O ano de 1990 apresenta a menor pluviometria da série histórica analisada. Ao


realizar a simulação (tabela gerada presente nos anexos) do comportamento dos
volumes encontrados nos reservatórios de 3.500 m³, 4.000 m³ e de 4.500 m³
utilizando a já citada metodologia, é gerado o gráfico demonstrado na Figura 21.

Figura 21 - Comportamento dos reservatórios simulados com a pluviometria do


ano de 1990 e com volume inicial nulo

Ao analisar a Figura 21, facilmente percebe-se os dois anos hidrológicos que


compõem o período analisado.

51
Para se melhor entender o gráfico da Figura 21 se utilizará o gráfico da Figura
22, o qual apresenta a pluviometria mensal do período analisado.

Figura 22 - Volume precipitado em mm por mês durante o período analisado

Ao se analisar a Figura 22 percebe-se o porquê de que o ano de 1990 é o mais


seco do período histórico analisado. De janeiro a dezembro desse ano a
pluviometria mensal não ultrapassa os 160 mm, sendo que os volumes mais
consideráveis de precipitação ocorrem em dezembro de 1989 e janeiro de 1991.

Durante o primeiro ano hidrológico, por apresenta baixa pluviometria, apenas o


reservatório de 3.500 m³ consegue armazenar, durante 5 dias, sua capacidade
máxima. Enquanto os demais reservatórios apresentam comportamento
semelhantes.

Durante este primeiro período chuvoso, devido à baixa precipitação que ocorreu
entre fim de outubro e início de setembro, os três reservatórios se encontram
secos durante dois dias. Esta situação voltará a ocorrer novamente apenas
durante o próximo período de estiagem.

Ao analisar o gráfico de precipitações mensais, percebe-se que boa parte do


volume armazenado durante o primeiro ano hidrológico é devido às chuvas que
ocorreram em dezembro de 1989, sendo assim as chuvas que ocorrem de
52
janeiro a início de maio de 1990 conseguem, de certa forma, manter o volume
do reservatório em quantidade considerável.

No entanto, o período de estiagem que normalmente vai de abril a setembro se


estenderia, fazendo com que o volume armazenado não ultrapassasse os 500
m³ até janeiro de 1991. Durante este período de estiagem o reservatório de 3.500
m³ em 46 dias, enquanto os demais reservatórios encontram-se secos em 38
oportunidades. Sendo que em novembro, em pleno período chuvoso, os três
reservatórios se encontrariam secos durante 3 dias.

Apesar de que houvesse algumas chuvas em novembro e dezembro de 1990,


apenas em janeiro do ano seguinte que haveriam precipitações consideráveis,
chovendo 594,5 mm durante esse mês (lembrando-se que a pluviometria de
1990 fora de 1007,60 mm). Em fevereiro e março também ocorreram chuvas que
possibilitaram o aumento do volume de água armazenado.

As chuvas que ocorreram durante este período chuvoso possibilitaram que o


reservatório de 3.500 m³ armazenaria sua capacidade máxima em 14 ocasiões,
enquanto os reservatórios de 4.000 m³ e 4.500 m³ estariam completamente
cheios em 9 e 4 dias, respectivamente.

O período seguinte de estiagem, principalmente entre os meses de abril e agosto


de 1991, fora bastante seco, sendo apenas em setembro houvera quantidades
consideráveis de chuva que possibilitaram o aumento da quantidade de água
armazenada. Durante este período o reservatório de 3.500 m³ secariam em 31
dias, o de 4.000 m³ secaria 14 dias e o de 4.500 m³ apresentaria volume mínimo
de 137,17 m³ de água armazenada.

Ao se considerar todo o período da simulação, o reservatório de 3.500 m³ estaria


seco em 83 dias (2,8 meses), cheio em 19 dias e terminaria o período com
195,47 m³ de água armazenados. O reservatório de 4.000 m³ estaria seco em
58 dias (1,9 meses), cheio em 9 e terminaria o período com os mesmos 195,47
m³ de água. Enquanto o reservatório de 4.000 m³ estaria seco em 44 dias, cheio
em 4 e terminaria o período com 332,6 m³ de água armazenada.

53
6.2.2. COMPORTAMENTO DO RESERVATÓRIO NO ANO DE 1992 COM O
VOLUME INICIAL NULO

Utilizando o ano de 1992, o qual apresenta a maior pluviometria da série histórica


no período analisado da área de estudo, e fazendo a simulação, utilizando a
metodologia já mencionada (a tabela gerada se encontra nos anexos deste
trabalho), podemos gerar um gráfico (Figura 23) que possibilite, ver de forma
conjunta a evolução da quantidade de água conservada nos reservatórios
testados.

Figura 23 - Comportamento dos reservatórios simulados com a pluviometria do


ano de 1992 e com volume inicial nulo

Para que se possa fazer uma correta análise do comportamento do volume


armazenado pelos reservatórios durante o período que corresponde os dois
anos hidrológicos de 1992, é necessário o gráfico, representado pela figura 24,
da pluviometria mensal do período.

Pode-se perceber que o ano de 1992 apresentam meses bastante chuvosos,


sendo que janeiro deste ano apresenta 687,50 mm de precipitação e dezembro
também apresenta elevada precipitação, 411,30 mm. Sendo que esses dois
meses correspondem a quase metade dos 2316,40 mm precipitados durante o
ano de 1992.

54
Figura 24 - Volume precipitado em mm por mês durante o período analisado

Apesar de outubro ter boa precipitação, o volume de chuva foi inferior ao


necessário (134,1 mm) para que se possa manter a demanda, sendo assim, os
três reservatórios encontram-se secos por sete dias durante o mês.

As chuvas de novembro a janeiro permitem que os reservatórios alcançassem a


capacidade máxima, condição que seria mantida pelas precipitações de
fevereiro. Desta forma, o reservatório de 3.500 m³ estaria cheio em 14 ocasiões,
o de 4.000 m³ estaria em 13 e o de 4.500 m³ em 10 dias.

Apesar do período de estiagem normalmente começar em abril, a pluviometria


de março do primeiro ano hidrológico é bastante baixa. A pluviometria do período
que vai de março a agosto é bastante baixa, sendo que apenas em novembro
teria um volume de chuva considerável, o qual permitiria armazenagem.

Durante o período de estiagem do primeiro ano hidrológico, o reservatório de


3.500 m³ estaria seco em 22 ocasiões, o de 4.000 m³ estaria em 3 e o de 4.500
m³ apresentaria volume mínimo 432,78 m³, não secando durante o período.

Durante o período de chuvas do segundo ano hidrológico, os reservatórios se


encheriam devido às elevadas precipitações ocorridas entre novembro e
dezembro e se manteria devido as chuvas de janeiro a abril. Assim, durante o

55
período o reservatório de 3.500 m³ estaria em sua capacidade máxima em 27
ocasiões, o de 4.000 m³ em 20 e o de 4.500 m³ em 18 dias.

O período ano hidrológico teria estiagem que vai de maio a setembro de 1993,
durante este período a quantidade precipitada não conseguiria manter a
demanda, resultando em diminuição do volume armazenado.

Durante esse período apenas o reservatório de 3.500 m³ secaria, situação que


seria encontrada em 19 dias. Já o reservatório de 4.000 m³ teria no mínimo 4,83
m³ armazenados, enquanto o de 4.500 m³ armazenaria no mínimo 504,83 m³.

Após o período analisado, o reservatório de 3.500 m³ se encontraria seco em 48


dias (1,6 meses), armazenaria sua capacidade máxima em 41 ocasiões e
terminaria o período armazenando 84 m³ de água. O reservatório de 4.000 m³
encontraria seco em 10 dias (0,3 meses), estaria completamente cheio em 33
dias e armazenaria no fim do período 88,8 m³ de água. Enquanto o reservatório
de 4.500 m³ se encontraria vazio em apenas 7 dias (0,2 meses), estaria em sua
capacidade máxima em 28 dias e finalizaria o período com 588,82 m³ de água
armazenados.

6.2.3. COMPORTAMENTO DO RESERVATÓRIO NO ANO TEÓRICO DE


PLUVIOMETRIA MÉDIA COM VOLUME INICIAL NULO

Utilizando um ano hipotético em que sua pluviometria é a média da série histórica


na área de estudo e fazendo a simulação, utilizando a metodologia já
mencionada (a tabela gerada se encontra nos anexos deste trabalho), podemos
gerar um gráfico (Figura 25) em que possibilita, ver de forma conjunta a evolução
da quantidade de água conservada nos reservatórios testados.

Para que se possa fazer a análise do gráfico do comportamento dos volumes


dos reservatórios, assim como as demais análises, foi necessário a criação de
um novo gráfico, o qual apresentasse a pluviometria mensal. Este gráfico pode
ser visualizado pela figura 26.

56
Figura 25 - Comportamento dos reservatórios simulados com a pluviometria do
ano teórico de pluviometria média e com volume inicial nulo

400,00

350,00

300,00
Volume Precipitado (mm)

250,00

200,00

150,00

100,00

50,00

0,00

Período

Figura 26 - Volume precipitado em mm por mês durante o período analisado

Os vinte primeiros dias de outubro a pluviometria é insuficiente para manter a


demanda diária, motivo pelo qual neste período os três reservatórios apresentam
15 dias de reservatório vazio.

De novembro até março a quantidade de chuva possibilita o enchimento total


dos reservatórios de 3.500 m³ em 42 dias e o de 4.000 m³ em 17 ocasiões, sendo

57
que neste período o reservatório de 4.500 m³ alcança máxima de 4.299,25 m³
de água armazenados.

O período que vai de abril a outubro as precipitações são insuficientes para


manter a demanda do consumo, sendo que os volumes dos reservatórios caem
abruptamente de abril a setembro e em outubro o total de precipitação é um
pouco inferior à demanda. No período de estiagem o reservatório de 3.500 m³
seca-se em 41 oportunidades, o reservatório de 4.000 m³ seca-se em 4 e o
reservatório de 4.500 m³ consegue manter a demanda durante o período de
seca, tendo volume mínimo de 260,34 m³.

A partir de novembro do segundo ano hidrológico, com o retorno do período


chuvoso, os reservatórios voltam a encher. Desta vez os três reservatórios
conseguem alcançar sua capacidade máxima, sendo que o reservatório de 3.500
m³ encontra-se assim em 43 dias, o de 4.000 m³ em 17 dias e o de 4.500 m³ em
5 oportunidades.

Novamente, em março, começa o período de estiagem. De março a setembro


os níveis dos reservatórios abaixam, sendo que apenas o reservatório de 3.500
m³ seca-se. Este reservatório encontra-se assim em 27 oportunidades.

No final do período analisado o reservatório de 3.500 m³ seca-se em 83


oportunidades (2,8 meses), está em sua capacidade máxima em 85 dias e
termina o período analisado completamente seco. O reservatório de 4.000 m³
encontra-se seco em 19 oportunidades, completamente cheio em 34 dias e
termina o período analisado com 101,87 m³ acumulados, o menor valor do
período de estiagem do segundo ano hidrológico. Já o reservatório de 4.500 m³
encontra-se seco apenas 15 dias, durante o enchimento no início do primeiro
ano hidrológico, em sua capacidade máxima em 5 dias, no período chuvoso do
segundo ano hidrológico, e termina o período analisado no menor volume
durante a seca do segundo ano hidrológico, com 601,87 m³ de água
armazenados.

6.2.4. SIMULAÇÃO COM O RESERVATÓRIO PARCIALMENTE CHEIO

58
Para a próxima rodada de simulações, um volume inicial será adotado. Cada
reservatório partirá de um volume inicial que corresponderá à metade de sua
capacidade máxima. Esta é uma situação hipotética.

Esta situação foi adotada para entender como será o comportamento dos
reservatórios com um volume inicial pré-determinado.

6.2.5. COMPORTAMENTO DO RESERVATÓRIO NO ANO DE 1990 COM O


VOLUME INICIAL DE 2.100 m³

Utilizando a metodologia já mencionada, uma nova simulação do


comportamento do volume presentes nos diversos reservatórios será realizada.
O reservatório de 3.500 m³ começará a análise com 1.750 m³ de água, o de
4.000 m³ terá como volume inicial 2.000 m³ e o de 4.500 m³ terá 2.250 m³ de
água. Os valores encontrados estão em uma planilha nos anexos deste trabalho.

A Figura 27 apresenta o gráfico gerado em que demonstra o comportamento dos


reservatórios.

Figura 27 - Comportamento dos reservatórios simulados com a pluviometria do


ano de 1990 e com volume inicial de 2.100 m³

Assim como a simulação 6.2.1, se utilizará a Figura 22, que apresenta a


pluviometria mensal do período analisado.

59
O período analisado apresenta a menor pluviometria da série histórica, motivo
pelo qual, apesar de que ambos os reservatórios comecem com volumes
consideráveis de água armazenada, as baixas quantidades de chuvas
possibilitam que os reservatórios sequem durante o período de estiagem do
primeiro ano hidrológico.

O período de análise começa com os meses de outubro e novembro que


permitam uma baixa quantidade de armazenamento de água, no entanto, a
grande pluviometria de dezembro permite que todos os reservatórios alcancem
sua capacidade máxima de armazenamento. O reservatório de 3.500 m³
encontra-se assim em 11 dias, o de 4.000 m³ em 10 ocasiões e o de 4.500 m³
encontra-se completamente cheio em 9 dias.

Apesar de um dezembro extremamente chuvoso, um janeiro com precipitações


bem abaixo da média histórica e que apresenta produção de chuva abaixo da
demanda, seguido de meses extremamente secos fazem com que os volumes
dos reservatórios abaixem até seu completo esvaziamento. Esta situação ocorre
em 46 ocasiões com o reservatório de 3.500 m³, 26 vezes com o de 4.000 m³ e
7 com o de 4.500 m³.

O reservatório, a partir de novembro, começaria um processo de enchimento, no


entanto, apenas com a pluviometria de janeiro que volumes consideráveis de
água conseguiriam ser armazenados. Com a pluviometria de 594,50 mm, a maior
do período analisado, e com boas precipitações de fevereiro e março, foi possível
que os três reservatórios consigam armazenar sua capacidade total. O
reservatório de 3.500 m³ encontraria assim em 14 vezes durante este período, o
de 4.000 m³ em 10, e o de 4.500 m³ em 4.

Um período de pluviometria abaixo da média histórica se estenderia de abril a


setembro do segundo ano hidrológico do período analisado. Isto acarretaria a
diminuição da quantidade de água armazenada, fazendo com que o reservatório
ficasse seco em 32 dias no reservatório de 3.500 m³, 12 vezes no de 4.000 m³ e
o reservatório de 4.500 m³ conseguiriam atender a demanda, tendo como 170,7
m³ seu volume mínimo de água armazenada.

60
Durante o período analisado, o reservatório de 3.500 m³ estaria vazio em 78 dias
(2,6 meses) e em sua capacidade máxima em 43 oportunidades, terminando
com 195,47 m³ armazenados. O reservatório de 4.000 m³ secaria em 38
oportunidades (1,3 meses), estaria cheio em 19 dias e terminaria o período com
os mesmos 195,47 m³ de água. Já o reservatório de 4.500 m³ estaria vazio em
apenas 7 dias, cheio em 13 e terminaria o período analisado em 332,63 m³ de
água armazenados.

6.2.6. COMPORTAMENTO DO RESERVATÓRIO NO ANO DE 1992 COM O


VOLUME INICIAL DE 2.100 m³

Utilizando a metodologia já mencionada, a pluviometria encontrada nos dados


da Estação Meteorológica de Saramenha para o ano de 1992 e com um volume
inicial que consiste na metade da capacidade total do reservatório, foi gerado o
gráfico da Figura 28.

Figura 28 - Comportamento dos reservatórios simulados com a pluviometria do


ano de 1992 e com volume inicial de 2.100 m³

61
De forma análoga à simulação 6.2.2, a Figura 24, precipitações mensais durante
o período analisado, foi utilizada para se fazer a análise do comportamento do
volume dos reservatórios.

Em outubro, devido à uma precipitação insuficiente para manter a demanda, há


uma pequena baixa do volume, sendo que em novembro há uma certa
conservação do volume, de dezembro a fevereiro ocorrem chuvas mais
expressivas, sendo que o ápice é em janeiro, em que precipita 687,50 mm.
Durante este período os três reservatórios alcançam sua capacidade máxima,
sendo o reservatório de 3.500 m³ se encontra assim em 25 dias, o de 4.000 m³
em 23 dias e o de 4.500 m³ em 20 ocasiões.

O período que se estende de março até 21 de outubro foi um período


extremamente seco, fazendo com que os reservatórios de 3.500 m³ (22
ocasiões) e de 4.000 m³ (3 ocasiões) secassem. O reservatório de 4.500 m³
alcança o mínimo de 432,78 m³ de água armazenada.

A partir de 22 de outubro do segundo ano hidrológico começa um período com


chuvas que permitam a armazenagem de água. Este período, que vai de fim de
outubro até abril, permite novamente que os reservatórios alcancem sua
capacidade máxima. O reservatório de 3.500 m³ encontra-se assim em 27
oportunidades, o de 4.000 m³ em 20 e o de 4.500 m³ em 18 dias.

De maio a setembro do segundo ano hidrológico a quantidade de chuva fica


abaixo da média, no entanto apenas o reservatório de 3.500 m³ seca-se em 19
dias. O reservatório de 4.000 m³ praticamente seca, tendo 4,83 m³ de água como
menor volume acumulado. Já o reservatório de 4.500 m³, em que acumula no
mínimo 504,83 m³ de água, consegue manter a demanda durante o período de
estiagem.

Durante todo o período de análise desta simulação o reservatório de 3.500 m³


encontra-se em sua capacidade máxima em 52 oportunidades, seco em 41 dias
e termina a simulação com 84 m³ de água armazenada. O reservatório de 4.000
m³ conserva o máximo de água em 43 oportunidade, seca-se em 3 e termina o

62
período com 88,82 m³ de água. Já o reservatório de 4.500 m³ encontra-se em
sua capacidade máxima em 38 dias, não seca-se durante o período e termina
com 588,82 m³ de água conservada.

6.2.7. COMPORTAMENTO DO RESERVATÓRIO NO ANO TEÓRICO DE


PLUVIOMETRIA MÉDIA COM VOLUME INICIAL DE 2.100 m³

Utilizando a metodologia já mencionada, uma nova simulação do


comportamento do volume presentes nos diversos reservatórios será realizada.
Os reservatórios começaram a análise com um volume que consiste na metade
da capacidade máxima de cada reservatório. Os valores encontrados estão em
uma planilha nos anexos deste trabalho.

Com a simulação realizada, foi possível desenvolver um gráfico que representa


o comportamento do volume nos três reservatórios distintos, este gráfico está
demonstrado pela Figura 26.

Figura 29 - Comportamento dos reservatórios simulados com a pluviometria do


ano teórico de pluviometria média e com volume inicial de 2.100 m³

Assim como a simulação 6.2.3, a Figura 26, aquela que apresenta a pluviometria
média do período analisado, será utilizada para fazer a análise do gráfico da
Figura 29.

63
O mês de outubro, por apresentar uma produção de chuva inferior à demanda,
apresenta uma diminuição do volume dos reservatórios. O período que se
estende de novembro a março, apresenta um volume considerável de
precipitação, tendo como ápice os meses de dezembro e janeiro. Durante este
período, os três reservatórios conseguem alcançar sua capacidade máxima,
sendo que o de 3.500 m³ se encontra assim em 84 dias, o reservatório de 4.000
m³ em 79 dias e o de 4.000 m³ em 75 ocasiões.

O período de estiagem do primeiro ano hidrológico é responsável pelo


abaixamento do nível do reservatório, sendo que o reservatório de 3.500 m³
encontra-se seco em 41 dias, o de 4.000 m³ em 4 oportunidades e o reservatório
de 4.500 m³ consegue manter a demanda durante o período, alcançando o valor
mínimo de 461,10 m³ de água armazenada.

Ao chegar novamente no período chuvoso, sendo o intervalo que vai de


novembro a março aquele apresenta os principais volumes de pluviometria, os
reservatórios conseguem novamente alcançar sua capacidade máxima. Em 43
dias este evento é observado no reservatório de 3.500 m³, em 17 no de 4.000
m³ e em 14 oportunidades no reservatório de 4.500 m³.

No período de estiagem do segundo ano hidrológico, apenas o reservatório de


3.500 m³ seca-se, isto ocorre em 27 ocasiões. Enquanto os reservatórios de
4.000 m³ e de 4.500 m³ apresentam 101,87 m³ e 601,87 m³ de volume mínimo
de água armazenada, respectivamente. Os valores mínimos correspondem ao
quanto que sobra nos reservatórios no fim da simulação.

Nesta simulação, o reservatório de 3.500 m³ seca-se em 68 dias e se encontra


na capacidade máxima em 127. O de 4.000 m³ seca-se em 4 dias e fica
completamente lotado em 96, enquanto o reservatório de 4.500 m³ encontra-se
na sua capacidade máxima em 89 ocasiões e consegue manter a demanda de
consumo durante todo o ano.

6.3. DEFINIÇÕES DO RESERVATÓRIO

64
6.3.1. VOLUME

Conforme já mencionado, dois valores de reservatórios serão escolhidos, um


que permita que o consumo de água de chuva seja constante durante o ano e
outro que permita que reservatório se encontre seco em um período de quatro a
seis meses durante o ano.

No entanto, ao analisar as simulações feitas percebe-se que não existe um


reservatório que se encontra seco no período estimulado. Apenas a hipótese de
que o reservatório consiga manter a demanda do consumo durante o ano é
confirmada.

Desta forma, conclui-se que apenas o reservatório de 4.500 m³ consegue


atender às expectativas do trabalho.

6.3.1.1. RESERVATÓRIO DE 4.500 m³

Ao utilizar da premissa em que o reservatório consiga sustentar toda a demanda


durante o ano, e ao analisar as simulações encontradas nos tópicos 6.2.2, 6.2.3,
6.2.5 e 6.2.6 nota-se que, apesar de encontrar momento secos no primeiro ano
pluviométrico, o reservatório consegue manter o consumo durante todo o
segundo ano pluviométrico.

A fim de se comparar o comportamento do volume nos 3 períodos pluviométricos


analisados foi gerado um gráfico, demonstrado na Figura 27. Por este gráfico
percebe que o ano de maior pluviometria e o hipotético de pluviometria média
terminam o período analisado com valores próximos.

65
Figura 30 - Comparativo do comportamento dos volumes do reservatório de
4.000 m³, a partir do reservatório vazio, nas diversas pluviometrias analisadas

A fim de confirmar a tese de que o reservatório de 4.500 m³ conseguirá manter


o consumo em todo o ano, uma nova comparação será realizada, agora o volume
inicial será de 330 m³, pois 332,63 m³ é o volume remanescente encontrado na
simulação com a pluviometria do ano de 1990, aquele que apresenta menor
pluviometria. Para determinar esse valor foi utilizado o critério de utilizar o valor
encontrada no ano de pluviometria mais baixa, pois este é a pior situação
encontrada.

A simulação é encontrada na Figura 28.

Ao se analisar a Figura 28 percebe-se que o reservatório se encontra vazio no


período crítico do ano de menor pluviometria, nas duas demais simulações o
reservatório sempre possui algum volume de água armazenado.

Já nas demais simulações o reservatório não secaria, comprovando assim a tese


de que o reservatório conseguiria manter o consumo durante o ano.

66
Figura 31 - Comparativo do comportamento dos volumes do reservatório de
4.000 m³, a partir do volume inicial de 2.400 m³, nas diversas pluviometrias
analisadas

6.3.2. LOCALIZAÇÃO

Um dos grandes desafios deste trabalho foi encontrar um local apropriado para
a instalação do sistema dos reservatórios.

Após o dimensionamento do sistema, percebeu-se o elevado volume que o


reservatório teria que ter para atender a demanda anual. Desta forma utilizou-se
de três requisitos para a escolha do terreno:

 Proximidade aos edifícios dos laboratórios e da sede da Escola de Minas


no Campus Morro do Cruzeiro da UFOP;
 Terreno amplo e com mais de 2.000 m² quadrados de área;
 Local que permitisse que o reservatório não atrapalhasse o conjunto
arquitetônico do Campus.

Ao se analisar dos projetos de futuras construções do Campus, percebeu-se que


no complexo de laboratórios da Escola de Minas seria construído mais um anexo
ao lado dos laboratórios do Departamento de Metalurgia. Este terreno cumpria
com os dois primeiros critérios estabelecidos, mas ao se constatar que a área

67
era composta por um aterro viu-se a possibilidade de que o sistema de
reservatórios fosse subterrâneo, cumprindo assim o terceiro critério.

As Figura 29 representa a localização do terreno através de uma vista de satélite


e a Figura 30 mostra a situação atua do terreno e também o talude que será
desaterrado.

Figura 32 - Sugestão de localidade para o reservatório

Figura 33 - Local sugerido

68
O terreno escolhido apresenta uma área que poderá ser aproveitada de 5.525
m².

6.3.3. PROJETO DO RESERVATÓRIO

Como já mencionado, o reservatório se encontrará no subsolo de futuras


instalações dos Laboratórios da Escola de Minas. Partindo dos conceitos de que
a futura instalação terá um projeto arquitetônico semelhante ao dos laboratórios
do DECIV, pois este apresenta maior área, e aproveitando as divisões internas
dos laboratórios, e de que o reservatório precisaria de no mínimo dois tanques
para que se possa ocorrer manutenção, o reservatório será dividido em quatro
tanques de 1.375 m³.

O fundo do reservatório será de 6 metros, pois o nível da água armazenada


alcançará no máximo 4,60 m. Desta forma o reservatório apresentará 1,40 m
para que se possa instalar as aberturas de visualização do reservatório.

Figura 34 - Projeto do reservatório de 4.500 m³

A Figura 31 apresenta o projeto da divisão dos tanques do reservatório. Para


facilitar a manutenção, corredores de acessos serão instalados entre os tanques.
Estes corredores terão pé direito de 3,00 m a fim de facilitar a inspeção dos
mesmos. Desta forma terá um espaço vazio que poderá ser utilizado para
diversos fins, que poderão ir de depósito, ou mais um tanque de armazenamento
ou até um sofisticado sistema de tratamento de água.

69
O maquinário do reservatório se encontrará entre os tanques 3 e 4 e serão
instalados o mesmo nível do fundo dos tanques.

A cada 4,30 metros, existirão aberturas quadradas de 80 cm de lado, com peitoril


de 2 metros. Estas aberturas têm como finalidade a observação interna de cada
tanque e também como acesso para manutenção.

Como forma estrutural, são inseridas 10 colunas de 30x30 cm em cada tanque.


Estas colunas são distribuídas de forma equidistante a fim de uma melhor
distribuição das cargas presentes no andar térreo.

A Figura 35 apresenta uma maquete tridimensional do reservatório de 4.000 m³.


Pela imagem pode-se perceber as aberturas de manutenção, assim como as
colunas estruturais.

Figura 35 - Maquete em 3D do reservatório de 4.000 m³

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Figura 36 - Corte em 3D do corredor
Na Figura 33 mostra-se com detalhes o corte do corredor de acesso. Nesta
imagem percebe-se o espaço vazio, o qual seu acesso seria feito através de
alçapões. Percebe-se também as aberturas de inspeção.

6.3.4. LEVANTAMENTO BÁSICO DE CUSTOS

Conforme já descrito, um levantamento básico de custos será realizado, para


definir a melhor escolha se o investimento se justificará ou não em ser realizado,
assim como qual reservatório será construído. Devido ao fato de se analisar
apenas o reservatório de 4.500 m³, apenas este terá seu levantamento de preço
realizado.

Para definir o valor da verba que será utilizada nas instalações elétricas e
hidrossanitárias, foi definido que estas verbas terão o valor de aproximadamente
5% do valor total da obra.

As paredes do reservatório serão fabricadas em concreto armado, devido à


grande resistência do material a suportar enormes cargas.

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A impermeabilização será em Manta Asfáltica Polimérica pelo fato de ter
aplicação rápida, ser resistente à formação de raízes, longa durabilidade,
manutenção facilitada e, principalmente, ter um bom custo benefício.

A tabela 13 apresenta o levantamento para o reservatório de 4.500 m³.

Tabela 13 - Levantamento de preço do reservatório de 4.500 m³


Item Atividade Unid. Quantidad Preço unitário Preço total
e
1 Limpeza do Terreno m² 5525,00 R$ 3,37 R$ 18.619,25
2 Canteiro de Obra
2.1 Vestiário un 1,00 R$ 8.763,87 R$ 8.763,87
2.2 Tapume para fechamento m 300,00 R$ 125,13 R$ 37.539,00
3 Movimentação de Terra m³ 33150,00 R$ 5,94 R$ 196.911,00
4 Regularização e Compactação m² 5525,00 R$ 1,39 R$ 7.679,75
Mecânica de Base
5 Estrutura
5.1 Piso m² 1200,00 R$ 112,51 R$ 135.012,00
5.2 Parede em Concreto Armado m³ 384,00 R$ 1.402,13 R$ 538.417,92
6 Manta Asfáltica Polimérica m² 1200,00 R$ 35,89 R$ 43.068,00
7 Instalações Hidráulicas vb 1,00 R$ 44.855,35 R$ 44.855,35
8 Instalações Elétricas vb 1,00 R$ 44.855,35 R$ 44.855,35
Total R$ 1.084.611,87

Por ser apenas um levantamento primário e que para determinar um valor correto
seria necessário o desenvolvimento dos diversos projetos necessários, situação
à qual não se encontra no escopo deste trabalho, pode-se concluir que o
reservatório de 4.500 m³ de volume teria um gasto de aproximadamente R$
1.100.000,00.

6.3.5. JUSTIFICATIVA DO RESERVATÓRIO

O Campus Universitário do Morro do Cruzeiro da UFOP possui um sistema


próprio de captação de água, o qual, através do uso de bombas centrífugas, a
água é captada de tubulações subterrâneas. No entanto não existem estudos
que definam o custo do m³ captado. Desta forma, não é possível fazer um cálculo
de quando haveria retorno financeiro caso o sistema fosse construído.

Outro fator que não se encontra no escopo deste trabalho é o levantamento de


custos de manutenção do sistema e do tratamento da água armazenada.

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No entanto, apesar de não se saber o quanto que seria economizado em relação
ao custo de captação de água ou do custo de manutenção, alguns fatores devem
ser considerados caso o sistema seja instalado. Ao considerar o lençol freático
em que o sistema de captação retira a água, haveria uma menor preção de
extração sobre o mesmo, preservando-o. Ao captar a água de chuva haveria
uma diminuição do volume escoado para o sistema de drenagem pluvial, pois
invés de haver o descarte da água, a mesma seria armazenada para uso futuro.

É certo que o sistema de aproveitamento de água de chuva causará uma


economia em relação aos custo de captação do sistema de abastecimento atual,
no entanto ao se considerar os benefícios gerados pelo manejo adequado da
água e a preservação do lençol freático, pode-se dizer que ao considerar os
benefícios ambientais que serão conquistados a longo prazo se justificaria o alto
investimento inical.

7. CONCLUSÃO

Os laboratórios e a sede da Escola de Minas de Ouro Preto localizadas no


Campus do Morro do Cruzeiro apresentam uma demanda teórica mensal de
885,12 m³, ou seja, 29,5 m³ diários. Para ser eficiente e conseguir sanar a
necessidade de abastecimento da demanda dos edifícios, os reservatórios de
um sistema de aproveitamento de água de chuvas para os edifícios deverão
possuir grandes reservatórios.

Ao utilizar o método de Rippl para dimensionar reservatórios utilizando as


pluviometrias dos anos de menor volume de chuva, maior volume de chuva e
média diária teórica do período histórico de 1982 a 2013, foi definido dois
volumes (4.000 m³ e 4.500 m³) que seriam utilizados para fazer simulações do
comportamento do volume armazenado nos reservatórios durante os três já
citados anos. Essas teriam duas situações iniciais distintas: uma com o
reservatório vazio a outra o reservatório com um volume inicial de 1.900 m³.

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Pelas simulações, definiu-se que o reservatório de 4.500 m³ seriam os mais
eficazes em sanar as necessidades de manter a demanda de consumo durante
todo o ano.

Ao fazer o levantamento de custos preliminares de instalação do reservatório


conclui-se que o valor estimado da instalação será de R$1.100.000,00 e após
uma breve análise dos benefícios a longo prazo, conclui-se a viabilidade do
investimento inical.

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REFERÊNCIAS

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