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Agradeço a todos da minha família, a esposa Rosa, aos filhos Thais, Nadia e Karina e
netos Sthefani, Sergio, Lauren, Davi e Frederico e a Everton da Rosa, meu genro, que
E também a todos os familiares daqueles que dessa vida partiram, mais que continuam
PERÍODO
inicio da década dos anos cinquenta, mais precisamente do mês de maio ano de 1.951,
ano em que nasci, até janeiro do ano de 1.970, quando de minha cidade natal parti para
PENSAMENTO
Nunca foi um sonho querer escrever um livro. O que me trouxe a escrever essas lem-
branças do passado, que de uma maneira ou de outra, fizeram e fazem parte da minha
vida, bem vivida, foi depois da constatação médica de que minha mãe tinha a doença de
minha irmã Eliane, com quem minha mãe morava. Ficávamos nesses dias, horas
meu pai, minha mãe, a irmã de meu pai tia Lilina e de nós, quatro filhos quando ainda
éramos crianças.
Antes do relato dos momentos que ficaram na lembrança da minha infância e juventude,
tenho de falar um pouco sobre a cidade onde nasci, como ocorreu seu crescimento, seu
desenvolvimento e falar também das pessoas que fizeram tudo isso acontecer.
A Vila de Imbituba, distrito de Laguna, no litoral sul do Estado de Santa Catarina, ban-
hada pelo oceano atlântico, começou a surgir com a construção de um trapiche, ancora-
tes de barco de pesca e de outras embarcações com destino ao Estado do Rio Grande do
Por ali chegaram também os primeiros açorianos, vindo das Ilhas dos Açores, com des-
tino a região da Vila Nova onde se fixaram fundando a Vila, pois ali a terra era boa pa-
A cidade começou a ter seu real desenvolvimento a partir do final do século XIX e co-
meço do século XX, com aquisição por parte das Organizações Lage do então donatário
Visconde de Barbacena, o direito de exploração do carvão mineral, que vinha sendo ex-
de Lauro Muller no sul do estado, e que vinham trazendo prejuízo ao Visconde, pois es-
A partir do ano de 1.919, tendo a frente das Organizações Lage, Henrique Lage e seu fi-
el escudeiro Dr. Álvaro Catão, deu-se então o inicio da construção de um porto carvoei-
ro, começando assim o porto a virar realidade, um velho sonho das Organizações Lage e
de Henrique Lage.
A construção do porto iria servir de escoamento do carvão mineral que chegariam das
minas da região mineira no sul do estado, através da Estrada de Ferro Dona Tereza Cris-
tina, estrada essa construída no século XIX com finalidade principal escoar o carvão mi-
A partir do ano de l.9l9 ao ano de l.942, Imbituba torna-se um grande canteiro de obras,
Mesmo com o porto em uso desde o começo de sua construção, só foi inaugurado em
1.942 com seu grande idealizador Henrique Lage, já falecido um ano antes.
Com as obras da construção do porto pela Cia. Docas de Imbituba, empresa essa criada
especialmente para construir toda zona portuária e administrar todas as outras demais o-
bras, como a Usina Termoelétrica que gerava energia elétrica para todo o complexo por-
tuário, a Indústria Cerâmica Henrique Lage, a Granja Henrique Lage, o Hotel Henrique
Lage, a Caixa D’agua no morro do Mirim, vários chalés, casas residenciais de alto pa-
drão, de alvenaria, vilas de casas de madeira como as da Vila Operaria, com suas casas
geminadas, casas de madeira também em ruas inteira, como as da Rua Três de Outubro,
a mais famosa, construídos ainda o Estádio de Futebol do Imbituba Atlético Clube, todo
Em 1.930, com o grande desenvolvimento com as obras das Organizações Lage, a todo
vapor, Imbituba sofre um baque, acho eu, que por inveja politica de outros municípios,
volta a ser distrito de Laguna, como também pelo mesmo motivo, passou a administra-
Como também por pressão politica no ano de 1.958 o Distrito de Henrique Lage passa à
município do mesmo nome Henrique Lage, e que só no ano de 1.959, o então município
de Henrique Lage, volta agora como município de Imbituba, para nunca mais mudar é o
que esperamos.
Presidente Vila Nova Atlético Clube – Seu Galileu O sapateiro – Seu Carmo
Levava Atlético nas costas – Seu Filhinho Dono salão de baile – Licínio
Alguns bons amigos da Rua da Usina: Jair, Silas, Luiz, Juvenal, Paulo do Sadi, Vanio,
Paulo Figueiredo, Cabral, Zezé, Renato, Djair, Gulú, Vânio, Ricardo, Zezinho, Sergio,
Aos 08 de maio de 1.951, no estão Distrito de Henrique Lage, nascia eu, Estanislau Ar-
Silva de Amorim, minha mãe Benta Silveira de Amorim, nascida aos l6 de julho do ano
de 1.927 no bairro do Campo D’una, distrito de Henrique Lage, filha de Roldão da Sil-
veira e de Maria da Silveira, dessa união, meus pais tiveram outros três filhos, Evandro
Elias de Amorim, nascido aos 20 de julho do ano de 1.952, Eliane Maria de Amorim,
nascida aos 4 de outubro do ano de 1.954 e Evonete Dalva de Amorim, nascida aos 3 de
agosto do ano de 1.957. Essa união de meus pais, começou com o namoro deles na
Indústria Cerâmica Henrique Lage, onde trabalhavam, minha mãe admitida na empresa
em agosto do ano de 1.946, e meu pai em abril do ano de 1.949, recém chegado do Rio
de Janeiro, onde serviu ao Exercito Brasileiro, por dois anos. Assim que casaram, fo-
ram morar em uma casa alugada na única rua do Bairro Cantagalo, que ficava entre as
dunas do mar grosso e os trilhos da Estrada de Ferro Dona Tereza Cristina que passava
abaixo dos altos muros. nos fundos, da Indústria Cerâmica Henrique Lage. A casa que
moravam, e onde nasci era de madeira, como todas as outras casas do bairro, a casa era
pequena, com cozinha, sala e um quarto. A rua do bairro passava em frente de nossa
casa e de todas as outras, o fundo das casas, dava para as dunas dos combros de areia da
praia. A rua não era rua, pois só tinha um lado com casas, entre a cerca na frente das
casas no sentido norte\sul, até o barranco que descia até os trilhos da estrada de ferro era
um pasto e no meio dele um caminho de terra de chão batido afundado na grama do pas-
to, pelo uso diário dos pedestres, ciclistas, carroças puxadas por cavalos, e até carroções
puxados por bois. A rua do Bairro Cantagalo no sentido norte\sul, começava entre a
estrada de ferro e o lado esquerdo da casa do seu Lauro Avelar, passando em frente de
todas as outras casas da rua, e acabando em frente á casa do seu Bem-te-vi e a linha fér-
TIA LILINA
Com minha mãe ainda em quarentena após meu nascimento, veio morar conosco tia Li-
lina, irmã de meu pai, é quem passaria a cuidar dos afazeres da casa e de mim também.
Enquanto era só eu, a vida de tia Lilina nos cuidados da casa era fazer o almoço, mesmo
meus pais almoçando em casa diariamente, era tranquilo, como dizia ela. Com o nas-
cimento de meu irmão Evandro, a dificuldade para nossa tia aumentou, pois crescíamos
rápido. Eu agora com mais de dois anos e meu irmão com mais de um, e já andando,
as brincadeiras e traquinagens eram frequentes e divertidas, ela tinha que ficar de olho.
Tia Lilina contava que de todas as nossas brincadeiras, a que mais cuidados exigia, era
quando os trens Maria Fumaça apitavam, saiamos correndo, estivéssemos onde estives-
semos, saíamos gritando em direção da sala, subíamos nas cadeiras e das cadeiras para
cima da mesa, para olhar através da janela, e ver os trens passar em direção a zona por-
tuária, puxando os vagões carregados de carvão, e as vezes também caulim, uma espécie
de barro branco, usado na cerâmica para a fabricação de louças e azulejos. Uma outra
brincadeira que mais gostávamos, contava tia Lilina, era correr um atrás do outro, ao re-
dor da casa. E que, em um dia desses, um correndo atrás do outro, ao redor da casa, o
meu irmão correndo na frente, e eu correndo atrás, ele veio a cair com o rosto num caco
de louça, de uma saboneteira quebrada, jogada em um canto do quintal, vindo ele a so-
frer um grande e profundo corte, foi uma correria dizia tia Lilina. Com o corte na face
curado, mas com uma bela cicatriz em forma de meia lua, resultado de nossas correrias
ao redor da casa. A cicatriz em forma de meia lua ficou até bem dizia tia Lilina, quan-
do contava nossas peripécias de criança, que a cicatriz no rosto de meu irmão em forma
de meia lua, dava-lhe um certo charme misterioso. Meu irmão ficava todo bobo e en-
rubescido.
A NOVA CASA
Em minhas lembranças com mais ou menos cinco anos, lembro de meus pais na obra de
construção de nossa casa. O que vem em minhas lembranças dessa construção da ca-
sa, é de estar nos primeiros degraus de uma escada de madeira, atrapalhando o meu pai,
carregando telhas escada acima, telhas do modelo francesa, da marca aranha, pois elas
tinham a figura de uma aranha, na face de baixo da telha. As telhas levadas escada a
cima por meu pai, eram entregues a uma pessoa em cima da casa, que à medida que ia
recebendo as telhas, mais rápido a casa ia ficando coberta. Outra coisa que lembro é
de minha mãe estar sentada em uma pedra, com uma criança no colo, que devia ser min-
ha irmã Eliane. Com nossa casa totalmente pronta para ser habitada nos mudamos.
Era uma casa de madeira, como a maioria das casas da rua, pequena 48 metros quadra-
do, com 6 metros de frente, por 8 metros de fundo, pintada na cor azul, com as janelas e
portas pintadas na cor branca. A casa tinha dois quartos, sala, ante sala, cozinha e pe-
quena despensa ao lado da cozinha. Na frente da casa tinha duas janelas, olhando pa-
ra a frente da casa, a janela da direita era da sala, já a da esquerda era do quarto de meus
pais, do lado direito da casa havia uma porta que dava para a sala, e duas janelas sendo
uma da ante sala, a outra da cozinha, no lado esquerdo da casa tinha duas janelas, uma
era do quarto dos meninos, outra do quarto das meninas e ainda uma janelinha basculan-
te, numa espécie de despensa, já no fundo da casa tinha uma porta de duas folhas na ho-
rizontal, a folha de cima aberta virava janela, com as duas folhas fechadas ou abertas vi-
O terreno nos fundos da casa tinha bastante espaço, onde meu pai plantava amendoim,
melancia (das amarelas) e aipim. Entre o terreno de nossa casa e o terreno do seu Sa-
di, nosso vizinho, nessa época tinha um caminho que dava passagem para a rua de cima,
MINHA RUA
Nossa casa ficava na rua conhecida como Rua da Usina (Usina Termoelétrica) de cons-
trução imponente em seus três módulos, com seus dois enormes chaminés que diária-
mente jogavam no céu azul, uma fumaça negra resultado da queima de carvão mineral
em suas caldeiras. De uma das janelas, da frente de nossa casa, tínhamos diariamente
em nosso campo de visão, a grandeza dessa magnifica obra. A rua quando lá fomos
morar em 1.955, tinha o nome de Avenida Brasil, depois se passou a chamar-se Avenida
Dr. João Rimsa, nossa casa era a de numero 1.278. Nessa época a rua começava prati-
camente na zona portuária, nos fundos dos armazéns da Cia. Docas, onde havia combros
de areia, com densa vegetação nativa e arbustos, onde hoje estão as edificações, em rui-
nas, da Industria Carboquímica Catarinense S.A. O final da rua no seu lado sul, pra-
Bomba. Eu, meu irmão e amigos da mesma idade, passávamos boa parte do dia brin-
cando nesse pastinho, desse final de rua. No campinho do pastinho do Vinoca, joga-
vamos bola, no meio da rua brincávamos com bolinhas de vidro (as de gude), pião e car-
rinhos de latas, na lagoa, e nos riachos formados pelas águas que jorravam pelo enorme
AS PELADAS DE FUTEBOL
No campinho do pastinho em frente a casa do seu Vinoca, vi ali na minha pouca idade a
primeira boa pelada de futebol. Era uma manhã de domingo, os rapazes eram maiores,
com idades variando entre os quatorze e dezesseis anos, formaram dois times equilibra-
dos para aquela partida de futebol. Em minhas lembranças alguns nomes de rapazes
no jogo daquele domingo ficaram, uns eram da nossa rua, outros da rua de cima e outros
ainda do Cantagalo. Os da nossa rua, lembro do Orlando (da dona Otilia), Maneca e
Paulo(do seu Zacarias), Nino e Jurandir (do Seu Crescencio), Pedrinho (do seu Rozeno),
Nengue (do seu Figueiredo) e Dorli (da dona Cotinha), já os da rua de cima lembro do
Irani e do Irmão, o Vilson (do seu Julio) e também do Miguel (da dona Martinha), os do
Bairro Cantagalo lembro dos irmãos Julião e Chapica (filhos do Bicho) e do Bena.
Quando acabou a pelada dos rapazes maiores, uns foram embora outros ficaram por ali
conversando. Começa então nossa pelada, a dos garotos do dia a dia e de toda hora no
Campinho do pastinho do seu Vinoca, era a turma da nossa rua, contra a turma da rua de
cima. Pela turma da nossa rua jogaram eu e meu irmão, Ricardo do Rozendo, os irmã-
os Milosa Jair e Luiz, Paulo do Sadi, Sergio do seu Nelson Figueiredo, Juvenal da dona
Cotinha, Zezé do seu Vinoca e o Zeca cachorro, pela turma da rua de cima, lembro que
estavam o Paulo Miguel, Ademir Raquel, Paulo Lombriga e o irmão Rato, João Catinga
e o Irmão, Luiz Piranha, Bento Pé Torto, Zézo, João Banana (da dona Martinha) , e o
Pita (do seu Julio), do Bairro Cantagalo estavam o Cabral e o irmão Adilio e o Deléo do
Bicho. O jogo daquele dia, era mais que especial, nós garotos querendo mostrar aos
rapazes maiores que tinham acabado de jogar, que ainda continuavam por ali conversan-
do, que também sabíamos jogar. O jogo estava bom, corria tranquilo, até que a bola
chutada pelo Zezé, “o perna de pau” no trato com a bola, foi parar no quintal do terreiro
da casa do pai, seu Vinoca. O seu Vinoca que estava na janela olhando o jogo, quan-
do viu que a bola tinha caído no seu quintal, quase que correndo saiu porta a fora, pegou
a bola levou para dentro de casa, antes que o seu filho, que já estava entrando pelo por-
tão do quintal a dentro, fosse pega-la para continuarmos jogando. O Seu Vinoca, não
quis nos devolver a bola, como de outras vezes, da janela ele gritava ameaçando cortar
a bola, mesmo tendo seu filho chutado a bola para o seu quintal seu Vinoca, se achava o
guardião do pastinho, também vamos e viemos ele como funcionário da Usina Termo-
elétrica, com um poste de luz em frente sua casa, quantas vezes deixamos sua casa e ou-
tras casas depois da dele, sem energia elétrica. Nosso jogo nesse dia acabou por ali,
mesmo com a insistência de todos, que nesse dia estávamos jogando bola no campinho
bola naquela época, tem uma historia para contar sobre seu Vinoca, o zelador do pastin-
ho.
AS CAÇADAS DE FUNDA
Dessas caçadas de funda lembro de uma até hoje. Depois de ficarmos por bom tempo
asinhas de seda, fomos para o campinho do pastinho do Vinoca, participar da pelada que
já estava rolando, quando de repente alguém gritou, olhem! Olhem! lá na beira da lagoa,
era uma marreca d’agua e das grandes, daquelas da cabeça vermelha. Como ninguém
mais tinha pelotas de barro seco ou bolinhas de vidro, que eram as principais munições
que usávamos nas fundas em nossas caçadas, saímos procurando alguma pedra, que pu-
déssemos usar para tentar matar a marreca d’agua. O Ricardo um dos amigos de caça-
das e de peladas, como não encontrou uma só pedra que pudesse usar como munição na
funda, pegou um pedação de cocô seco de cachorro, falando disse que iria usar o cocô
seco de cachorro. Agachado ele desceu a ribanceira que tinha no pastinho até a beira
da lagoa, procurando se esconder para chegar o mais perto possível da marreca d’agua,
enquanto no pastinho alguns de nós sentados, outros em pé, como expectadores olhando
para ver o desfecho do espetáculo. O caçador chegou por trás de um arbusto, o mais
perto que pôde de sua caça, puxou para traz o elástico da funda, retesou bem a forqueta
e largou, o cocô seco de cachorro, usado como munição na funda, não variou, foi direto
na cabeça vermelha da marreca, ela virou para o lado e deitou. Eu e os demais garotos
desci correndo ladeira abaixo e fui logo entrando na lagoa, banhado a dentro, junto com
o Ricardo para pegar a caça caída em cima das folhagens aquática. Quando ele pegou
a marreca e a ergueu acima da cabeça como um troféu, não foi por tela matado, pois es-
toda aquela alegria, foi por ter acertado e derrubado a ave, com o cocô seco de cachorro.
Esse acontecimento me marcou muito, não sei se marcou também, aos demais garotos
AS BRINCADEIRAS
A de bolinhas de vidro (de gude) que comprávamos no armazém do seu Lauro Sena, ou
na venda do seu Arão eram de varias cores, as mais procuradas eram as famosas olho de
gato. Com essas bolinhas entre o dedo indicador e o polegar, a brincadeira era jogar
uma bolinha na outra dentro de um circulo riscado no chão, quem conseguisse na batida
tirar a bolinha do circulo, ficava com a bolinha jogada para fora do circulo, podia parti-
cipar da brincadeira vários garotos ao mesmo tempo, obedecendo regras, cada um joga-
va na sua vez. A de pião também comprados nos mesmos lugares, a brincadeira era
jogar um pião sobre o outro, acertando no pião já rodando no chão dentro de um circulo,
o dono do pião acertador, tinha o direito de dar galadas ou ferroadas no pião acertado,
tentando deixar a sua marca no pião do adversário. A dos carrinhos de lata feito com
latas de leite ninho em pó como as de hoje, furava-se a lata dos dois lados bem no meio,
pontas do arame, e no arco formado pelas amarras das duas pontas do arame, amarrava
Fazia carrinhos com uma ou varias latas, uma atrás da outra, formava uma tripa, até uma
ou duas em cima de outras colocava, tipo dois andares de latas. O jogo de figurinhas
no bafo ou tato dava até briga, o garoto com as mãos cheias delas trocando com outro
garoto, de repente, um terceiro garoto, vem e da um tapa na mão do garoto com as mãos
cheias de figurinhas, indo figurinhas para todo o lado. Eta brincadeira de mal gosto,
mais vai fazer o que, jogo é jogo. As pescarias de caniço, com linha e anzol, eram
feitas nos riachos das fontes das lavadeiras, na lagoinha e Lagoa da Bomba nos fundos
do terreno da casa do seu Milosa, ali também pescávamos de puçá, fundiado com bolas
de pirão escaldado, que usávamos como isca, para pegar tainhotas, que naquela época
O PASTINHO DO VINOCA
além das nossas peladas. Em um olhar de l80 graus, no horizonte em frente, via-se ao
longe as ilhas Araras e Itacolomí, deitadas nas águas azul do Oceano Atlântico camufla-
das pelo azul do céu. Ainda na mesma direção se vê as dunas de areia da praia, com a
caixa d’agua da estrada de ferro sobressaindo-se sobre elas, bem como os telhados das
bomba, com a casa dos pais do Tionás a beira da lagoa a direita, onde os adeptos da As-
sembléia de Deus, eram batizados mergulhando a cabeça em suas águas. Fiando des-
ses batizados uma frase que lembro até hoje, “mergulha Tionas, já mergulhei meu pai”.
A esquerda do campo de visão, aparecia imponente, tão perto a majestosa usina termo-
elétrica, a frente dela os trilhos da estrada de ferro por onde chegava o carvão, e abaixo
dessa linha férrea, sobressaiam a boca de dois tuneis, por onde eram retiradas as cinzas
pósito de cinzas a beira da lagoa com sua vegetação aquática, com destaque para as ver-
des taboas, com suas altas astes amarronzadas parecendo espadas. Essas são minhas
rua em morava.
O SOSSEGO DO ZELADOR
O seu Vinoca trabalhava na Usina Termoelétrica, o que ele fazia não sei, o que sei é que
ficava uma fera, em seu corpo “alemão” enorme, quando jogávamos bola no campinho
do pastinho em frente da sua casa e se ele estivesse em casa, tínhamos que ter muito cui-
dado com a bola. Quando a bola mal chutada, pegava na fiação elétrica da rede residen-
cial, num poste em frente da casa dele, o homem se transformava, ficava um bicho.
Como em frente a nossa casa, na mesma rua, tinha uma grande área plana, com grama e
vegetação rasteira, começamos a roçar o mato, deixando só a grama para fazer ali o nos-
so novo campinho, deixando assim de incomodar o seu Vinoca, por quanto tempo fica-
mos não sei. A área roçada, os buracos tampados e goleiras colocadas, começamos a
jogar ali as nossas peladas. Com a notícia do novo campo, varias turmas de guris de
outras ruas, queriam ali jogar conosco. Os primeiros como sempre, desde o antigo
campinho do pastinho do Vinoca, foi à turma da rua de cima, que jogavam sua bolinha
no meio da rua de terra de barro batido. A turma da rua de cima que sempre jogavam
ali conosco eram, o Paulo Miguel, Lombriga e o seu irmão Rato, Ademir Raquel, João
Banana, Pita, Luiz Piranha e o ZéZo, Ari, João Catinga e o seu irmão, dessa turma tin-
ha o Sergio Figueiredo que não sabia por quem jogar, se pela rua de cima ou por nós, da
Ru da Usina. Vieram também jogar no novo campinho, o Bento pé torto e o João seu
irmão, os irmãos vaca braba, o Nelo nariz amassado e o seu irmão desengonçado Alci, o
Mauricio fominha e os seus irmãos, todos esses do Bairro do Sete. Ali conosco joga-
ram também os irmãos coragem Ailton, Amilson e Arilton, Cateco, Ricardo siri Chita,
Do centro da cidade também apareceram por ali alguns fominhas de bola, como o Adi-
lio, Gerinho, Lico e o seu irmão mais novo o Cinha, esse jogava mais que o irmão, in-
eram todos moradores da rua, Ricardo do seu Roseno, eu e meu irmão, Paulo do seu Sa-
di, Juvenal da dona Cotinha, Jair e o Luis do seu Milosa, Zezé do seu Vinoca, Silas do
seu Góis, Zézinho do seu Aniceto, Vanio Hipólito, Djair da Margarida, Paulo Figueire-
do, estavam sempre por ali também, o Deléu e o seu irmão Siri do seu Bicho, o Cabral e
o seu irmão, até o Piragibi e o seu irmão, que de vez em quando apareciam, eram todos
do Cantagalo. O campinho em frente de minha casa foi usado por pouco tempo, toda
grande enxurrada que dava, a água da chuva, descia as ruas trazendo todo entulho, prin-
cipalmente areia para dentro do nosso campo, que dava muito trabalho para limpar.
OS RIACHOS
Nas aguas dos riachos muito banho tomei, até pelado, para não chegar em casa com as
roupas molhada. Tomar banhos naqueles riachos, só depois que as lavadeiras deixas-
sem suas fontes onde lavavam suas roupas sujas, caso não, era corridão na certa, seja lá
quem fosse elas corriam atrás gritando, xingando, chamando de tudo quanto é nome fe-
io. Os banhos mais emocionantes não eram nos riachos, mais sim os tomados no bura-
co de agua quente saída do cano da usina. A agua quente que saia do cano de ferro de
diâmetro enorme, que vinha desde o interior da usina por baixo do pasto, jorrava com
grande volume d’agua dentro de um buraco. A força dessa água que caia dentro desse
buraco era tanta que o buraco dia a dia, ficava mais fundo e largo. Nos deslizávamos
por cima desse cano, num vão de dois metros até a borda, então nos equilibrando ficava-
mos em pé e nos jogávamos, mergulhando em suas aguas mornas. Nesses banhos to-
mados nesse buraco de agua morna, quando tinha dois ou três garotos podia ser demora-
do, mais quando o numero de banhistas era maior, e os mergulhos de cima do cano iam
acontecendo, o fundo e os lados do poço barrento iam sendo remexidos e a água ia fcan-
do suja. Como essa água descia ribanceira abaixo, quando chegavam nas fontes dos
riachos onde as lavadeiras lavavam em seus coxos as roupas sujas, elas vendo a água su-
já daquele jeito, já sabiam o que estava acontecendo. Elas deixavam os seus postos de
trabalho nas fontes, subiam a ribanceira em direção do buraco de água morna. Com a
água suja no poço, descendo ribanceira abaixo, já sabíamos que a qualquer momento, as
lavadeiras iam chegar, já nos preparávamos para sair correndo. Dito e feito, com seu
falatório de lavadeiras que eram lá vinham elas subindo a ribanceira, tendo a frente dona
Leodora. Aos berros elas gritavam, saiam da água seus moleques, estão sujando toda
água, não podemos lavar nossas roupas descansadas. Como os garotos eram quase
sempre os mesmos tomando banho no poço, elas roseavam: Dalzo, Vando seus safados
vou falar para a Lilina, Paulo, sem vergonha, vou contar para a Chica, Jair, Luiz vou fa-
lar para a Geralda, se pegarmos um de vocês, vamos levar pela orelha, anda peados, até
em casa. Depois de alguns dias, lá estávamos todos de novo tomando banho no bura-
O BUNCKER
O Buncker, não sei do que chamo, se de fosso, deposito, abrigo ou esconderijo para al-
guém ou para alguma coisa, o que sei, é que essa edificação de alvenaria era enorme e
de forma arredondada era toda soterrada, só ficava de fora uma espécie de tampa, com
uma abertura quadrada, onde só poderia entrar e descer por ela uma pessoa de cada vez,
não sei se era rasa ou funda. Quando éramos criança, brincávamos sempre de nos es-
conder por ali, tínhamos um certo medo, mais a curiosidade de criança era maior.
Dona Leodora, a lavadeira, que morava ali perto em um barraco no meio da rua, próxi-
mo do Buncker, sempre nos chamava a atenção, por corrermos perigo brincando ali per-
to, pois poderíamos cair no buraco cheio d’agua, e não sabíamos a fundura exata do tal
Buncker. Como no final da rua Manoel Florentino Machado, naquela época dos me-
us sete, oito anos, onde estava edificado o Buncker, era um buraco, onde as mamoneiras
Quando chovia a agua descia rua abaixo, com tanta força, que a rua virava uma cachoei-
ra, levando tudo pela frente, principalmente areia, nem as mamoneiras escapava, eram
arrancadas com a raiz e tudo, em seu declive. Essa água com areia ia adentrando pe-
la abertura do Buncker, foi soterrando-o, e a medida que o tempo passava, deixou para
traz um ponto de interrogação e uma pergunta que sempre me faço. Por que aquela
espécie de Buncker, tão escondido e tão bem construído foi ali edificado, as vezes chego
a pensar que como a Usina Termoelétrica e a Industria Cerâmica, estão a mais ou menos
cinquenta metros do local, quem sabe aquele espécie de Buncker, não foi ali construído
como rota de fuga ou para esconderijo de alguém, só bastaria ter um túnel, entre as duas
UMA LAGOA
A lagoa, que em poucos dias surgiu em nossa rua, foi uma surpresa. Um dia vindo da
zona portuária, desceram a nossa rua dois guindastes e logo atrás dois enormes camin-
suas enormes patolas, que pareciam garras, começaram a cavar, revirar e retirar o lodo
pantanoso, com as plantas aquáticas e tudo mais, colocavam dentro das enormes caçam-
bas basculante dos caminhões Euclides, que depois de cheios desapareciam na alta lom-
bada da estrada. Para onde levavam todo aquele lodo pantanoso e mal cheiroso não
sei. Depois de alguns poucos dias trabalhando, revirando e retirando todo o lodo pan-
tanoso, foram embora e nunca mais apareceram, só o que deixaram para traz foi uma la-
goa que aos pouco foi surgindo com a retirada do lodo, e um pátio mais espaçoso para o
Com o pátio do deposito de cinza mais espaçoso, ficou melhor para as manobras dos ca-
minhões da prefeitura, que chegavam para retirar a cinza, que eram espalhadas nas es-
tradas do município, tapando assim os buracos causados pela chuva. A cinza escura
espalhada nas estradas, com o tempo ela ficava tão compactada que deixava a estrada de
A USINA
caldeiras para a geração de energia elétrica, resultava numa grande quantidade de cinza.
Essa cinza era retirada do interior da usina vinte e quatro horas através de caçambas em-
purradas por homens em suas vestimentas pesadas, capacetes, luvas de lona e botinas
de couro. Esses homens em seus trajes escuros e pesados, quando saiam pela boca do
túnel empurrando as caçambas com o resíduo do carvão queimado “a cinza” ainda bem
quente esfumaçando, em brasa ainda vermelha, quem via pela primeira vez esses home-
ns saindo pela boca do túnel, empurrando essas caçambas, chegavam a ficar assustadas.
O trajeto das caçambas pelo túnel no subsolo desde as caldeiras no interior da usina, ate
a saída na boca do túnel, era um trajeto curto de mais ou menos cem metros, clareado e
ventilado por uma abertura, claraboia, no teto. Essa claraboia quadrangular, ficava
mais ou menos a um metro acima do solo, com mais ou menos um metro de abertura da
boca e um parapeito de mais ou menos trinta centímetros, onde nos debruçávamos para
olhar a passagem das caçambas, lá embaixo nos trilhos do túnel, a mais ou menos cinco
metros de profundidade, carregadas com a cinza ainda em brasa avermelhada ainda com
fogo, parecia o buraco do inferno, como dizem. A minha curiosidade era tão grande,
para ver de onde ver de onde vinham as caçambas, que cheguei aventurar-me junto com
outros garotos, pelo túnel a dentro, quanto mais avançávamos pelo interior do túnel ma-
Chegamos tão longe caminhando pelo interior do túnel que víamos as caçambas paradas
embaixo das caldeiras, com a cinza do carvão em brasa caindo dentro dela. O nosso
medo era grande e o calor também, até que ouvimos vozes de pessoas conversando, saí-
mos todos correndo túnel afora gritando. Eram dois os tuneis, o da esquerda, olhando
da janela de nossa casa foi desativado, ficava na direção do chaminé menor, que coinci-
dentemente pouco tempo depois da desativação do túnel, o chaminé começou a ser de-
molido de cima para baixo, tijolo por tijolo. O desmanche do túnel era acompanhado
de camarote, por nós moradores da rua em frente da usina e também por curiosos de to-
tijolos para baixo. Quando o chaminé desapareceu no horizonte, além de terem tira-
do um pedaço da usina, parecia terem tirado também, um pedaço de mim, de tão acostu-
seus domínios, brincando ou vagabundeando, sempre procurando alguma coisa para fa-
zer. Como seus domínios não eram ainda murados, eram só cercaneados pelos altos
da Cerâmica, administrada pelo seu Pedro Paulo era vendido de tudo, desde gêneros ali-
mentícios de primeira necessidade, que era o seu forte, até sapatos, tecidos, roupas mas-
para comprar alguma coisa, tudo que comprávamos era para desconto na folha de paga-
tos, morava seu João Figueiredo e família, numa casa de propriedade da cerâmica.
No fundos do terreiro da casa, seu Figueiredo tinha uma estrebaria, onde mantinha um
cavalo, para uso em uma carroça, do lado da estrebaria tinha um rancho, tipo paiol, onde
vagabundeando, eu, e o Ernani filho do seu Arão da venda e também um dos filhos do
seu Figueiredo, não lembro qual deles era, entramos no paiol para comer banana madu-
ra, depois tiramos a rolha que tapava o buraco de um dos tonéis de cachaça, então enfia-
mos uma mangueira, onde um de cada vez solvíamos a cachaça do tonel e engolia.
Em nossa tenra idade não precisou de muita cachaça para ficarmos bêbado, claro.
O que sei, é que fui levado para casa por meu pai, depois de muito terem me procurado,
me encontraram sentado aos pés da cerca viva de são joão, bem frente da venda do seu
Arão. Aos outros eu nunca soube o que aconteceu, também depois daquele dia nun-
ca mais tocamos no assunto, nem mais tomamos cachaça do tonel do paiol do seu João
Figueiredo. O que sei é que me custou um belo sermão, de meus pais, depois da be-
bedeira.
A quadra de nossa rua, na época Av. Brasil era de um lado só, pois só tinha casas de um
lado, no lado direito. Do outro lado da rua que seria o lado esquerdo, dizer que não tinha
casas ,tinha, tinha uma, a da dona Cotinha, depois só o aterro do lixo da cerâmica, mato,
em frente de nossas casas. Na casa de esquina da quadra da nossa rua, com a rua,
Manoel Florentino Machado, morava seu Vica, irmão do seu Sadi nosso vizinho, depois
comprada pelo João, da Nelci, a casa seguinte era a do seu Góis, da Maria Paula, então
vinham duas outras casas, sempre em rodizio de moradores, em uma delas moraram por
pouco tempo seu Aniceto a esposa e seu filho Zezinho, outros por essas casas passaram
como seu Marcolino sua esposa e seu filho Nelo “Arataca”, como também um casal da
Penha que tinha dois filhos, um de nome de Domingos o outro não lembro o nome.
Depois então vinha a casa de nossos eternos vizinhos, seu Sadi e dona Chica, depois da
nossa casa, vinha a casa do seu Chinês e dona Edite, nessa casa ainda passaram a dona
Custodia do Porquinho, uma família de Laguna, uma outra de Tubarão e depois seu Jua-
rez da Valdete filha do seu João Rachel, depois dessa casa vinha então as casas do seu
Crescêncio, a do seu Zacarias da dona Porcina, a do Seu Prachedes e família, três outras
casas eram num só terreno, a primeira era da irmã do seu Vinoca, dona Edvirges, a casa
do meio era a do seu Vinoca e a terceira casa era da sua filha mais velha Doraci e do seu
sas da rua, a dos parentes do seu Micuim, a do seu Milosa e dona Geralda sua esposa as
duas últimas casas ficavam em um terreno enorme, quase na beira do banhado da Lagoa
da Bomba, uma casa era de dona Pedra, velha benzedeira e cartomante, que veio à fale-
cer tão logo seu Bica, um parente vindo da Vila Nova, terminou de construir a casa para
morar no terreno da velha cartomante, com sua esposa dona Valdira e sua filha Tereza.
Essas eram as casas de nossa rua, à Avenida Brasil, depois, muito depois, Av. Dr. João
Rimsa, e muito depois ainda, já não morava mais em Imbituba, passei a chama-la carin-
hosamente de “ buraqueira da Maria Paula ”, pois nessa esquina de avenida em que mo-
rávamos, quando chovia, vinha água de todo quanto é lado, chegava a fazer um redemo-
inho, saía todo mundo de casa para a rua com enxadas, pás e picaretas, para cavar bura-
cos, abrir valas, colocar montes de areia por toda extensão das cercas, para poder desvi-
ar a água, para que não viesse a entrar nos quintais e muito menos dentro das casas.
A buraqueira que faziam para evitar que água entrasse nos quintais e mais o buraco, bu-
raco não, buracão que a correnteza fazia, que levou dona Maria Paula a fazer uma pare-
de de areia , que mais parecia um jardim suspenso , de tão alto que ficou , eram plantas
OS AMIGOS
Os amigos de infância e juventude que moravam na minha rua e quadra que de uma for-
do seu Bica e dona Valdira, Jair, Luiz, Marlene e Sirlene filhos do seu Milosa e de dona
Geralda, Zezé e Nilzinha filhos de Seu Vinoca, Zé filho do seu Prachedes, Licinha, Ma-
neca e Zacarias filhos de seu Paulo Zacarias e dona Porcina, o Jurandir e Nino filhos do
seu Crescencio, Graciete filha da dona Custodia e do esposo Porquinho, Zezinho filho
do seu chinês e dona Edite, Paulo, Ziza, Maria e Vera filhos de seu Sadi e dona Chica,
Silas, Lourival e Zuleide filhos do seu Góis e dona Maria Paula, Nilceia filha do João e
dona Nelci, Dorli e Juvenal filhos da dona Cotinha, Ricardo, Pedrinho e Graça fllhos
do seu Rozeno, Vânio filho do seu Joãozinho, Ernani e Osvaldinho filhos do seu Arão,
Paulo, Nengue, Gloria e Nézia filhos do seu João Figueiredo, Orlando filho da dona Otí-
lia, Dejair filho do Sueco e dona Margarida, Renato e Rosa filhos do seu Bina, Detinha,
Varlene filhas do seu Canquiri e de dona Angélica, Rita e Regina filhas de dona Custo-
dinha, Quitéria, Julia e Carmem filhas da dona Leodora, Sergio filho de dona Alba e seu
Nelson Figueiredo, Zeca cachorro filho do seu Vica. Já da rua de cima eram, o Paulo
Lombriga e o Rato seu Irmão, Ademir e Valdete filhos do seu João Raquel, Pita filho do
seu Julio, Paulo Miguel, Balqueia e Zeca filho do seu Adelfo, João Catinga e o Irmão,
Luiz Piranha e o irmão Zézo, João Banana filho da dona Martinho e Ari. Do Bairro
Cantagalo eram o Leo, Chapica e Siri filhos do Bicho, Adilio e o irmão Cabral, Carlin-
ho, Laurinho, Vania, Vera, Vanda e Vanja filhas do seu Lauro Avelar e o Mario.
E tantos outros amigos que comigo estudaram, jogaram futebol nos campinhos dos ba-
O seu Arão que tinha sua venda no alto de nossa rua, tinha um cavalo baio, que normal-
mente era colocado para pastar, quase em frente nossa casa. Um dia à tarde, Eu, o
Ernani filho do seu Arão e outros amigos, conversávamos em frente á venda na sombra,
ao pé da cerca de são joão. Nisso chega o Osvaldinho um irmão mais velho do Ernani,
já sai correndo estrada abaixo. O cavalo era manso e normalmente seu Arão o usava,
para puxar sua charrete em passeios pela cidade e outros afazeres. Quando cheguei no
pasto tirei o ferro fincado na grama com a corda que amarava no pescoço o cavalo, enr-
rolei a corda até o pescoço do animal, passei a mão no focinho do baio, pois já era acus-
tumado comigo, fiz um laço, tipo um buçal, no focinho e montei em seu lombo, ele saiu
trotando, até que de repente esticou as orelhas e disparou morro acima a todo galope.
O baio tinha escutado o assobio do Osvaldinho, pois sabia que era hora de comer ração
na estrebaria. Deixei de lado a corda que usava como rédea, e me segurei na crina do
pescoço, pensei, seja o que deus quiser, posso até cair, mais da crina do pescoço eu não
largo. O cavalo subiu a ribanceira que foi um foguete, passou pela turma, agora de pé
rindo, foi direto par a estrebaria, quando passou pela porta só deu tempo de abaixar -me
indo para o cocho da comida, baixando a cabeça, começou a comer. Eu ainda monta-
as pernas ainda bamba, quase caindo, equilibrado sai andando caminhando devagar até a
frente da venda onde a turma conversava, entrei na conversa como se nada tivesse acon-
tecido. O Osvaldinho, ria olhando na minha cara, mas fiz que nada era nada.
Mais que o susto foi grande, foi. Até hoje, quando vejo um cavalo, logo vem à lem-
Em idade escolar com sete anos completo, e a completar oito anos no mês de maio, do
ano letivo de 1.959, junto com outros amigos iniciava o primeiro ano primário no Gru-
po Escolar Henrique Lage. Mesmo nossa escola ficando na mesma rua em que morava,
quem me levava até o portão da escola nos primeiros dias de aula era tia Lilina.
Como também outras crianças de nossa rua, e de outras ruas da cidade, que em pares ou
em grupo, eram também levadas pelos pais ou uma pessoa adulta. A preocupação ma-
ior dos pais em levar seus filhos até o portão da escola nos primeiros dias de aula, era a
travessia da estrada de ferro, que nós crianças tínhamos que atravessar duas vezes por
dia. A estrada de ferro passava por entre os combros de areia com seus arbustos, des-
de a zona portuária quando adentrava pelo meio da larga Avenida Brasil, naquela época,
depois Avenida Dr. João Rimsa de terra de chão batido, dividia à Avenida em duas mã-
os. A avenida desde seu inicio na sua parte norte, a mão de rolamento de veículos au-
tomotores e os de tração animal, ficava do lado esquerdo da estrada de ferro até mais ou
menos o final da cerca de madeira do Estádio do Imbituba Atlético Clube, quando então
a estrada de ferro cruzava a Rua Irineu Bornhausen. A estrada de rolamentos dos veí-
culos automotores e de tração da animal, à avenida Dr. João Rimsa, quando cruzava a
Rua Irineu Bornhausen, passa a ser no lado direito da estrada de ferro, até sua estrada
nos domínios da Industria Cerâmica, que por entre os eucaliptos ia até a Usina Termo-
férrea em dois pontos, um na Rua Irineu Bornhausen, na parte norte da Vila Operaria, o
outro na parte sul da Vila Operária, em frente ao Posto de Saúde. A Avenida Dr. João
Rimsa, em sua parte sul , tinha seu fim no campinho do pastinho do Vinoca.
A IGUINORANCIA
Não poderia deixar de escrever, relatar, sobre uma terrível lembrança, já que todos tem
na primeira professora, a primeira namorada, comigo não foi assim. Quando eu estava
no primeiro ano primário no Grupo Escolar Henrique Lage, por mais que queira lembra,
não lembro o nome de minha primeira professora, em nosso grupo escolar no fim da dé-
cada de cinquenta as carteiras escolares eram de dois lugares, sentávamos nas carteiras
de dois em dois em sala de aula, as conversas entre alunos eram normais e frequentes.
Um dia de aula na classe, a professora vem do fundo da sala de aula, falando, explican-
do sobre o que tinha escrito no quadro-negro, sem esperar deu-me uma reguada nas cos-
tas, vindo a quebrar uma régua de madeira. Não sei se por ter quebrado a régua em
corredor, com a porta fechada. Ainda chorando, passa seu Paulo Zacarias servente do
grupo, me vendo ali no corredor chorando, perguntou-me o que tinha acontecido. - Nada
o que tinha acontecido, soluçando falei-lhe do ocorrido. Ele nem chegou a conversar
com a professora, me levou para a secretaria, para falar com a diretora, dona Eliza, que
deixou-me sentado na biblioteca, mandando chamar a professora. Ela deve ter feito o
relato a sua maneira, em fim era a palavra dela contra a minha, uma criança. Naquele
tempo o aluno não tinha voz mesmo. Eu ali na biblioteca sentado, chegou tio Quedo,
com dona Eliza, dizendo que já tinham conversado com a professora e que fato daquela
natureza não mais ia acontecer, mais que eu também procurasse não conversar tanto em
sala de aula. Nunca mais fui o mesmo aluno, tendo aquela senhora como professora,
até que me mudaram de turma, mais naquele ano fui reprovado. Desde que fui trans-
ferido de turma, nunca mais vi a professora, acho até que ela pediu transferência um ou
dois anos depois do ocorrido, para onde foi não sei, também nunca me interessou saber.
NO OSCIO
Eu e meu irmão, estudávamos no período matutino como outros amigos, e naquele dia
depois do almoço, como não tínhamos deveres a fazer, depois de breves recomendações
de tia Lilina, saímos em direção ao campinho do pastinho, para ver com resto da turma
o que rolaria naquela tarde já que eram inúmeras as coisas que inventávamos para fazer.
Quando chegamos, o Silas filho do seu Gois, já estava lá, não demorou muito chegaram
os irmãos Milosa Jair e o Luiz, nos convidando para caçar lebres nas dunas dos combros
da praia, já que alguém falou, que tinham visto lebres correndo nas areias das dunas dos
combros da praia. Nos armamos com fundas e pelotas de barro e levamos o cachorro
cinzento dos Milosas, o Lupí, um vira lata esperto. Então partimos em direção as du-
nas dos combros da praia da vila, atrás do Araçá, chegando nos combros das dunas de
areia da praia, decidimos ir em direção a barra da lagoa. Eu, meu irmão, o Luiz, o Jair
e o Silas, fizemos uma linha de mais ou menos cinco metros um do outro para poder co-
brir uma maior área. O Lupi farejara alguma coisa, de repente saia correndo, nós atrás
com paus fazendo barulho nos arbustos para espantar as lebres. O cachorro corria la-
tindo e nós correndo atrás subindo e descendo as dunas dos combros de areia, até que
chegamos a barra, então decidimos voltar mais próximo um do outro e do pé dos morros
de arbustos altos e das cercas nos fundos das casas do Araçá. O cachorro latindo cor-
ria na frente e nós atrás correndo também, sempre achando que o Lupi tinha visto uma
lebre. Nós todos já cansados com a correria, chegamos atrás das casas do Cantagalo
sem ver uma lebre. Como já estava anoitecendo resolvemos sair dos combros de are-
ia das dunas da praia, pela rua das casas dos funcionários da cerâmica, subimos a rua do
Cantagalo entre os trilhos da estrada de ferro e casa do seu Lauro Avelar e saímos no fi-
nal da rua, ao lado dos trilhos, em frente a casa do seu Bentevi. Depois de caminhar-
mos uma pequena distancia pelos trilhos da estrada de ferro saímos, contornando o ater-
do Vinoca, dali cada um para suas casas. Ainda bem que nessa noite meus pais esta-
vam fazendo horas extras, mais um sermão de tia Lilina levamos, por ter chegado aque-
Henrique Lage, onde todas as crianças em idade escolar naquela época, a década de cin-
quenta estudaram. Em uma aula de Historia do Brasil, a professora dona Etelvina, fa-
caminhava pela sala de aula explicando sobre a matéria e de vez em quando de surpresa,
fazia uma pergunta a um aluno, para ver se ele estava prestando atenção no que ela esta-
randir. - Jurandir quem descobriu o Brasil? - O Jurandir pego de surpresa, pois era um
conversador em sala de aula e “baguncista”, respondeu. - Olha professora, não sei não,
o que sei é que lá de casa não foi ninguém, não! - Dona Etelvina não acreditando no que
estava escutando, passou lhe um sermão, dizendo que ele deveria estudar mais o livro de
história e que iria conversar os pais dele. Um dia dona Etelvina, caminhando na cida-
de encontrou seu Crescencio, interpelando-o, foi logo falando que ele deveria pedir mais
empenho do seu filho, o Jurandir, nas aulas e ler mais em casa os livros de história.
Seu Crescencio, com ar preocupado perguntou a professora, o que o filho Jurandir tinha
aprontado na escola, dessa vez. Seu Crescencio, falou a professora, o senhor acredita
que fiz uma pergunta fácil de história ao Jurandir, sobre quem descobriu o Brasil, ele te-
ve a coragem e a petulância de me dizer, que não sabia não e que da casa dele não tinha
sido ninguém, não. Seu Crescencio preocupado respondeu, olha dona Etelvina, a sen-
hora apura com ele, o Jurandir é um sem vergonha, se foi ele realmente, ele vai dizer.
Dona Etelvina deu uma rabanada, saiu apressada resmungando, deixando seu Crescen-
cio de boca aberta, de certo modo pensando que bicho tinha mordido a professora, para
ela sair daquele jeito, sem ao menos se despedir. O Jurandir não era fácil, tinha cada
uma, só se acertou quando casou com a Maria, filha do seu Sadi e dona Chica nossos vi-
zinhos.
Os prédios gêmeos idênticos, que me parece terem sidos construídos na década de qua-
renta. O primeiro da esquerda olhando de frente era conhecido como o da sede social do
Imbituba Atlético Clube, que usava todo o andar superior, para seus grandiosos bailes e
festas em seu grandioso salão, também outras salas no andar térreo como a da secretaria
do clube a de um bar e dois banheiros, um masculino outro feminino. Numa das duas
salas do lado esquerdo do prédio, uma era usada pela Coletoria Estadual que tinha como
coletor o seu Dalbosco, a outra sala, uma menor, era usada pelo grupo de escoteiros da
cidade, na década de cinquenta. Nas salas do fundo, viradas para a praça da matriz,
lhando também de frente, era conhecido como o prédio da radio, todo seu andar superior
era usado pela Radio Difusora de Imbituba, onde em seu auditório assisti alguns mara-
Emacobrás, já nas salas na parte de trás do prédio, viradas para os fundos da igreja ma-
triz, eram usadas como escritórios de desenho da Cia. Docas de Imbituba, tendo entre os
desenhistas seu Dauro, e o seu pai. Dizem que esses prédios, quando idealizados para
sua construção, foram inspirados por seus engenheiros ingleses, nas duas ilhas mais pro-
ximas de nossas praias, a Sant’Ana de Dentro e Sant’Ana de Fora. Se verdade não
sei, o que sei é que quando a boato, um fundo de verdade tem. Como diz nosso pintor
O LARGO DA IGREJA
No largo da Igreja Matriz Nossa Senhora da Conceição, em meados dos anos cinquenta,
havia no centro da praça da matriz, um chafariz. Para a minha pouca idade, o chafariz
era enorme em sua forma arredondada, com o jato d’água subindo alto e verticalmente.
Na rua entre o largo da praça do chafariz e o fundo dos dois prédios idênticos, conheci-
dos como, o prédio do Atlético e o prédio da Radio, assisti à um desfile pós carnaval de
carros alegóricos, não sei se vindos da vizinha cidade de Laguna ou se vieram da cidade
eram fantásticos, com aquelas meninas moça, dançando em cima dos carros, evoluindo
matriz, em frente ao chafariz, havia dois mastros enormes, altos, onde em ocasiões espe-
um desses mastros, contava meu pai, que no final da segunda guerra mundial com a der-
rota da Alemanha, foi num desses mastros amarrada uma mulher seminua, depois de le-
vada a força até a praça, uma senhora alemã de família tradicional da cidade, que por fa-
Dizia ela à quem quisesse ouvir que, quando Hitler vencesse a guerra, ela montaria nos
Brasileiros, como se monta em cavalo. Que ousadia a dela, se foi assim mesmo, per-
deu de ficar com a boca fechada.
AS REVISTAS EM QUADRINHOS
No Cine Marabá com dez, onze anos, aos domingos à tarde, ia assistir no cinema do seu
Ventura, na Rua Ernani Cotrin, em frente da farmácia Nossa Senhora Aparecida do seu
Manoel, os seriados do Capitão América, que quase nos obrigavam a voltar no domingo
seguinte para ver como o mocinho tinha se safado da cena de perigo, do capitulo da ses-
são do domingo anterior. Chegávamos cedo em frente do cinema, para trocar com os
garotos os gibis já lidos, por outros ainda lidos. Os gibis que mais gostava de ler eram
os do Zorro “o mascarado vingador” , Buck Jones e Billy The Kid, todos do faroeste
americano. Gostava de ler também os gibis do, Fantasma “o espirito que anda” com
seus fieis amigos de aventura como, o lobo cinzento Capeto, Herói o cavalo Branco,
Guran, velho chefe dos pigmeus que vivem na misteriosa Floresta Negra de Bengala e
também guardiões da caverna em forma de caveira, onde mora o Fantasma, quando não
lá”, sua namorada Narda e o gigante e servo Lothar sempre em grandes aventuras, os do
Tarzan “ homem macaco” com sua mulher Jane e sua inseparável macaca chita, que de-
fendiam a selva Africana, dos aventureiros inescrupulosos. Também lia com minhas
As Vedetes do Brasil com a maior das vedetes Virginia Lane, fizeram uma só apresenta-
ção, no palco do Cine Marabá, na Rua Ernani Cotrin. Na cidade o comentário era um
só, menores de dezoito anos não poderão entrar. No dia da apresentação o alvoroço
era grande nas imediações do cinema, o povo tomava toda rua, desde esquina da Aveni-
da Santa Catarina, até a esquina da Rua Nereu Ramos, todos querendo ver as vedetes do
Brasil. A fila para a compra de ingresso estava grande, dobrava a esquina na Rua Er-
nani Cotrin com a Rua Nereu Ramos, na esquina da livraria do seu João, pai do Taíco.
Já nós, a gurizada também curiosos, queríamos ver alguma coisa, estávamos ouriçados
para ver as vedetes peladas. Um garoto dizia uma coisa, outro dizia outra, até que um
outro que morava nas imediações do cinema, não sei se foi o Baco, ou se foi o Zé Tata,
que falou que tinha um lugar de onde poderíamos ver as vedetes no palco do cinema, já
que do lugar onde queria nos levar, ele assistia muitos filmes. Então seguimos o garo-
to, passando pelo lado da churrascaria do seu Tobias, pai da esposa do Alamiro, chega-
mos em uma porta de duas folhas, na parede lateral do cinema fechada com uma corren-
cinco garotos ali conversando, em voz baixa, para não sermos descobertos, de vez em
quando um olhava pelo buraco da porta, para ver se já tinha movimentação no palco do
cinema. Através do buraco na porta, se via bem o palco vazio, todo iluminado abaixo
da tela e também as pessoas caminhando apressadas procurando um bom lugar para sen-
tar, de onde poderia ver melhor o show das vedetes. Até que um dos garotos que na-
quele momento olhava pelo buraco da porta acorrentada, grita, elas vão entrar, um olha ,
outro olha, chega minha vez de olhar, então boto o olho no buraco e vejo o palco todo
iluminado com todas aquelas mulheres bonitas, louras, e seminuas, em seus maiôs bem
cavados, decotados, deixando a mostra parte dos seios. Algumas delas, em maiôs ver-
melhos com detalhes em preto e meias arrastão preta, outras em maiôs amarelo com de-
talhes em branco e meias arrastão vermelha, e outras mais em maiôs branco com deta-
lhes em vermelho e meias arrastão amarelo, todas com sandálias, com saltos bem altos e
finos. Eram todas de uma alegria contagiante, em seus sorrisos largos, nos seus lábi-
excitante tocada pela orquestra. O buraco naquele momento para olhar estava con-
corrido, até que alguém do lado de dentro no cinema, encostou-se na porta tampando o
buraco por onde expiávamos. Não podendo ver mais nada, o Baco pega um pedaço
de pau e enfia pelo buraco, cutucando a bunda do cara, que deve ter dado uma rabanada,
sem saber o que estava acontecendo, saímos todos correndo pelo mesmo caminho que
tínhamos feito, para chegarmos até ali naquela porta, na parede lateral do cinema.
Já na rua eu estava contente e eufórico por ter visto todas aquelas mulheres, seminuas
cantando e dançando, no palco do Cine Marabá, através de um buraco numa porta na la-
teral do Cine Marabá. Eu nunca esqueci das mais famosas vedetes do Brasil, tendo a
UM TIO
Tio Quedo, de nome Tancredo, um dos irmãos de meu pai, que em 1.959 trabalhava co-
de fora da porta da sala de aula. Depois de ter levado de minha primeira professora, no
primeiro ano primário, uma reguada nas costas por estar conversando com um colega de
carteira, em sala de aula Foi então tio Quedo, o Quedinho, como meu pai o chamava,
que levou-me até à diretora do grupo escolar dona Eliza. Sendo ele servente do grupo
escolar e com estabilidade no emprego por ser servidor publico, depois de um ou dois a-
nos, ele deixou de trabalhar no Grupo Escolar Henrique Lage, para trabalhar no SAPS,
Como tio Quedo, tinha confrontado com a professora em minha defesa, fiquei por mui-
to tempo pensando, se não tinha sido por minha causa que ele tenha pedido demissão ou
transferência do Grupo Escolar, para a central de abastecimento, que tinha como gerente
seu Avelino. Só depois de alguns anos em conversa com tio Quedo, na casa dele, sobre
ter- me defendido junto a diretora do grupo escolar, sobre a reguada de minha professo-
ra no primeiro ano primário. Ele então em conversa, confidenciou-me que já vinha cha-
teado, com varias coisas que vinham acontecendo inclusive com seu filho mais velho o
Wanderlei, que em sala de aula e nas brincadeiras no pátio da escola, era chamado pelo
apelido de Negão, que já tinha conversado com a professora sobre isso e que não estava
gostando. Depois desse dia então, foi que tirei um peso de cima de meus ombros, que
frente, no outro lado da rua. Essa central de venda de produtos alimentícios à popula-
ção, não funcionou por muito tempo em Imbituba, fechou. Foi criada então pelo Go-
verno Federal, uma nova central de abastecimento, com o nome COBAL - Companhia
Brasileira de Alimentos, só que em Imbituba não foi aberta nenhuma unidade, o que na
época soube é que tinha sido aberta uma unidade da Cobal, na cidade de Laguna.
A Cobal começou de cara nova, com cara dos supermercados de hoje, que até então não
Tio Quedo depois que o SAPS fechou em Imbituba, acho que se aposentou, não sei se
HISTORIAS DE LILINA
Tia Lilina não tinha muito estudo, mais para a época, conhecia muitas histórias, como as
de Branca de Neve e os Sete Anões, Chapeuzinho Vermelho e o Lobo Mau, Gata Borra-
tempos em tempo, não sei se para passar o tempo ou se para nos alertar para a vida.
Ela começava a contar as historias como todos começam, era uma vez, um cara esperta-
lhão que gostava de passar a perna em todo mundo, chamava-se Pedro Malazarte, como
o nome mesmo diz, ele só fazia safadeza. Um certo dia estava Pedro Malazarte de có-
coras à beira de uma estrada cozinhando uma buchada de boi, em uma panela de ferro.
Como ele sabia que por aquela estrada passavam tropeiros tocando boiada, o que não de
morou muito para que ele avistar ao longe, vindo pela estrada uma tropa de bois e cava-
los, tocada por alguns cavaleiros. Pedro mais que depressa apagou o fogo jogando are-
ia no fogo e com uma pá, jogou as brasas apagadas longe da estrada, no mato, a beira de
um riacho. Os tropeiros vendo Malazarte, ali acocorado manuseando a panela com a
buchada dentro borbulhando, perguntaram, como é que a comida fervia dentro da panela
de ferro, sem fogo. Pedro Malazarte mais que depressa, respondeu que era uma panela
magica. Os tropeiros se entre olharam, perguntaram se ele não queria vender a panela,
Malazarte espertalhão como era falou, vocês acham que vou vender minha panela magi-
ca, não, não vendo, não. Nós te damos uma vaca e um cavalo pela panela com a bucha-
da, afirmaram os cavaleiros, Pedro Malazarte pensou, tirou o chapéu da cabeça e disse,
vou aceitar, tá trocado, montou no cavalo e tocando a vaca, rápido desapareceu na estra-
da. Tia Lilina, contava uma outra historia de Pedro Malazarte, que vendeu uma vara de
porcos. Malazarte arrumou num matadouro vários rabos de porco e caminhando por
uma estrada viu um banhado e resolveu fazer uma das suas safadezas, enterrou os rabos
de porco no banhado, deixando só as pontas dos rabos de fora. Sentado na beira da es-
trada, passa um caipira tocando cabras, pergunta a Pedro, o que ele fazia ali sentado na
beira da estrada naquele sol alto. Malazarte respondeu, falando que estava cuidando
dos porcos comendo no banhado, estás vendo, estão só com os rabos de fora.
Estou engordando para vende-los por um bom dinheirinho, só que estou cansado de cui-
dar deles, se alguém quiser comprar, vou vende-los barato. O caipira pensando num
bom dinheiro que ganharia, fez uma proposta, dou duas cabras e um bode, pelos porcos,
Pedro Malazarte falou, até aceito, mais só se o senhor me der três cabras e um bode, fei-
to o negócio, Pedro Malazarte saiu dali rápido, tocando as cabras pela estrada.
O dia passava o caipira sentado na beira da estrada olhava o banhado e nada dos porcos
saírem, então resolveu entrar no banhado, para ver o porque dos porcos não saírem do
banhado, puxou um rabo, puxou o segundo e nada de porco. Parou para pensar, tirou
o chapéu de palha surrado da cabeça, brabo jogou-o no chão e sapateando em cima, gri-
O SACRIFICIO
har dava trabalho, não era fácil não, tinha que ter muita paciência para ficar com a barri-
ga naqueles fogões com a chapa de ferro fundido, assentadas sobre a base da mesa de ti-
jolos. Naqueles tipos de fogão, entre a base da mesa de tijolos e a chapa de ferro fun-
dido com quatro furos, e com os aros também de ferro, reguláveis conforme o tamanho
da panela. A boca onde era colocado para queimar, no nosso caso, era o carvão mine-
ral que usávamos, até porque morávamos perto do depósito de carvão da Usina Termo-
elétrica, onde íamos pegar em latas. Outro produto que também usávamos era a lenha
de madeira em “achas” que comprávamos em metro cubico dos carreteiros vindos da lo-
quente, tia Lilina, fazia um bolo de fubá assado em folha de bananeira, era muito bom.
Em nossa casa esse tipo de fogão foi usado por muito tempo, depois vieram os famosos
fogões “econômicos” de vários tipos e modelos, neles podiam ser usados, a lenha e tam-
bém o carvão. Algum tempo depois, mais ou menos em meados da década de sessen-
ta, vieram os fogões a gás, que naquela época houve muita resistência das famílias, na
compra desses fogões, por medo e pouca informação. As famílias achavam que os bo-
tijões de gás podiam explodir, pela proximidade deles, com o fogão. Lembro da com-
pra feita por meus pais do primeiro fogão a gás nas lojas Galeria Gigante na Rua Ernani
Cotrin, no prédio do seu Elói, na sala onde por muito tempo funcionou o Banco Inco ao
lado do City Bar, onde tio Nelo e o Jurandir filho do seu Crescencio, trabalhavam.
Quando da compra desses fogões a gás, lembro que vinha dois botijões, um cheio e ou-
tro vazio, para revezar na falta do gás. Ou seria para incentivar a compra dos fogões.
A MELHORA
No fogão a gás, comprado por meus pais, que surgiu para a venda no comercio da cida-
de no inicio dos anos sessenta, com a facilidade em seu manuseio e limpeza dos utensí-
lios nele usado, na cozinha, deixou tia Lilina, com mais tempo. Ela começou então a
ensinar minha irmã Eliane a fazer o almoço sagrado do dia a dia. Minha irmã bem ori-
entada por nossa tia, com mais ou menos dez, onze anos, já fazia na cozinha para o nos-
so almoço quase tudo, desde o arroz, macarrão, e os condutos como o bife acebolado de
carne de boi, bife de fígado de boi, frango frito e peixe frito, já as coisas mais elabora-
das, como o feijão e os condutos ensopados, tinha sempre a boa orientação da tia Lilina.
Ela além de ter ensinado minha irmã a cozinhar e cozinhar muito bem, ensinou também
eu e meu irmão a fazer massa para banana recheada e pasteis, “torradinha” de amendo-
im torrado e salgado, massa para orelha de gato e até puxa-puxa de melado, algumas gu-
loseimas dessas ela fazia para tomarmos o café das tardes. Aprendemos também com
ela a limpar “concertar” peixes, de tanto vê-la, fazer isso no dia a dia de criança atenta a
tudo. Ela nos ensinava tudo isso, de uma maneira tão sutil que não cansávamos, pare-
cia que fazia tudo isso propositadamente, nos preparando para a vida e para quando ela
tivesse que nos deixar. O que aconteceu algum tempo depois, quando ela teve que vol-
tar a morar com os pais, nossos avós, que precisavam dos serviços dela, pois sua irmã
Eugenia, já não mais estava dando conta dos afazeres da casa, já que estava muito doen-
te, com as pernas cansadas, já que era deficiente. Foi então que tia Lilina, depois de
mais ou menos, quatorze anos nos deixou, depois de criar-nos desde que nascemos.
O LEGADO
Tia Lilina entre tantas coisas que nos ensinou, com certeza o maior legado foi a educa-
ção religiosa, a religiosidade dela era grande, como também, à de todo resto da família.
Essa religiosidade, com certeza, não foi só transmitida a mim, mais também a todos os
meus irmãos, que desde bem pequenos, mesmo não sabendo ler ainda, ela nos ensinava
à rezar todas as noites na cama, antes de dormir. Rezávamos O Pai Nosso, Ave Ma-
ria , Santo Anjo, O Credo e o Pai Nosso Pequeninho, oração esta, que nunca vi alguém
Esta oração, rezo até hoje, como todas as outras, mais essa em especial, me traz calma e
alívio, principalmente quando perco o sono e não consigo dormir. Não sei se meus ir-
mãos ainda lembram dessa oração, caso não lembrem, esta ai a oração não só para eles
Quando criança volta e meia, Tia Lilina, me mandava ou o meu irmão, muitas vezes nós
dois, para que um cuidasse do outro, como dizia ela, quando tínhamos que ir mais longe
comprar ou pagar alguma coisa. Eram idas até a Granja Henrique Lage da família Ca-
tão, comprar ovos, galinha viva, legumes e verduras. Uma vez por mês, íamos nós do-
is até os escritórios da Cia. Docas, na Zona portuária, pagar a conta de energia elétrica,
pais trabalhavam, íamos quase todos os dias, sempre tinha que comprar alguma coisa,
comprávamos tanto, que meu pai chegava a deixar o salario todo em compras na coope-
rativa. Uma outra volta, que de vez em quando fazia, era ir até a casa de dona Leono-
ra, abaixo do barranco da Av. Santa Catarina, no Bairro do Sete, comprar banha.
Dona Leonora, mulher alta e forte, matava o porco e carneava, já seu Lopes, o esposo e
também delegado, vendia a carne no comercio da cidade, tudo do porco era vendido, até
o berro vendia, dizia ele. O Gerônimo, um de seus filhos dizia que o pai falava que a
mulher Leonora, usava os braços fortes para trabalhar, enquanto ele, usava a cabeça pa-
Essas voltas pela cidade eram aprendizados, conhecia-se os lugares e as pessoas que tin-
OS DONOS DA CIDADE
A família Catão e os amigos quando chegavam à cidade no verão, sempre depois do ré-
veillon, tomavam conta das ruas da cidade, quando à passeio, montados nos bonitos ca-
valos bem criados pela família Oliveira, na Granja Henrique Lage de propriedade da fa-
mília Catão. Na praia da Vila, desfilavam em seus trajes de banho, sempre da moda
dos grandes centros como, o Carioca onde residiam e o Paulista. Um outro dos passei-
os da família Catão, era dirigir Jipes e Buques sem capotas, da praia da Vila até o canto
da praia em Itapirubá. Dirigindo pela praia esses Jipes e Bugues, sem capotas, procu-
ravam os locais desertos e discretos da praia, para tomarem seus banhos de mar e de sol
deitadas em esteiras, na branca e quente areia da praia, onde adquiriam um lindo bron-
zeado. Nos bailes infantis de carnaval, no domingo e na terça feira à tarde, as meninas
e os meninos da família Catão e de outras famílias mais chegada a deles, eram de muito
glamour, não só eu que pensava assim, mas certamente outras crianças também. Elas
fadas, bailarinas e outras, os meninos vestidos de pierrôs, arlequins, piratas, eram todas,
de um colorido e beleza, de chamar atenção, nós do povo, lá embaixo na pista, como se-
cima dos foliões mirins, que em longos cordões brincavam o carnaval, ao redor da pista
dança, ao som das músicas contagiante, tocadas pela orquestra do Maestro Jú.
Quando elas desciam das cadeiras e mesas, do lado esquerdo, no fundo, do salão, onde
sempre se posicionavam e tinham dali uma visão privilegiada, para participar da folia
na pista do salão de baile, no meio dos seus súditos, nós garotos, queríamos fazer parte,
do cordão, por elas puxado. No meu caso se ganhasse um olhar ou um sorriso gene-
roso, ficava gratificado deixando meu carnaval mais alegre e com certeza de muitos ou-
tros garotos.
A VILA
A Vila Operaria na Av. Dr. João Rimsa, onde moravam empregados da Companhia Do-
cas de Imbituba, tinha seu início na esquina da Rua Ernani Cotrin, até a esquina da Rua
Irineu Bornhausen. Essas casas de uma esquina a outra, em toda sua extensão, eram
de madeira, com quatro casa em cada bloco. Todas as casas tinham na frente amplo
portãozinho de madeira, as casas tinham uma porta, para o acesso dos moradores ao in-
terior dela e dois janelões um de cada lado da porta Esses Janelões guilhotinas eram
envidraçados com duas folhas de madeira inteira por fora, que cobriam a janela envidra-
çada â noite e da claridade do sol da manhã. Todas essas casas eram na cor marrom,
as portas, janelas e as vistas eram na cor cinza. As residências da ponta de cada bloco
além da entrada pela frente da casa, tinham também uma outra entrada, que dava para
um quintalzão na lateral de cada bloco que era dividido por uma cerca de sarrafo de ma-
deira, formando dois quintais, sendo um quintal para cada uma das casas da ponta de ca-
da bloco. Todas as casas, tanto as do meio, como as da ponta dos blocos, tinham um
quintal nos fundos. Nos varandões dessas casas, da Vila Operária, aos domingos e fe-
riados, pela manhã ou nas tardes noite, aconteciam verdadeiras reuniões em família, po-
is na rua em frente destas casas, passava duas estradas, a de chão batido e a de ferro, on-
de o vai e vem dos automóveis e de vez em quando os trens puxando os vagões em dire-
ção a usina, já nos domingos a noite era a passagem das pessoas passando conversando,
SEMANA SANTA
Na época de minha infância desde a quarta feira de cinzas, após o carnaval, pela religião
nossa casa, procurávamos não comer carne, o que geralmente comíamos nas refeições
do dia a dia, eram os frutos do mar, principalmente o peixe. Quando chegava a Sema-
na, já na segunda feira, começava o preparo dos quitutes para à quinta e sexta feira santa
quee devíamos jejuar, não comia-se mais nada, a não ser essas iguarias. Tia Lilina tor-
rava amendoim, depois socava no pilão, para fazer a farofa de amendoim, fazia ainda o
cuscuz, bijú, bijajica, canjica de milho branco com côco, que ralávamos em casa.
Nesses dias, eu e meus irmãos, não saíamos de cima de tia Lilina, participávamos de to-
do esse preparativo, só para comer às guloseimas as escondidas. Na quinta feira santa
depois das quinze horas, ou três horas da tarde, até meia noite da sexta feira, não ouvia-
se rádio, não ouvia se música, não gargalhava-se, não martelava-se nada, não usava-se
o relho para açoitar animais, e não dizia-se palavrão. Nesses dois dias não se varria a
casa, nem o terreiro, para não trazer a praga das moscas para dentro de casa. Com a
chegada do sábado de aleluia, continuávamos comendo ainda, as iguarias dos dois dias
anteriores. Quando chegava o sábado começávamos a fazer tudo o que não fazíamos,
nos dois dias santos. A meia noite, na virada do sábado para o domingo de pascoa,
quem criava no terreiro galinhas, perus ou qualquer outra ave, tinha que cuidar trancan-
do-as, no galinheiro. Tinha família que chegava a colocar essas aves dentro de casa,
não é dona Geralda, para que não as roubassem, já que nesse dia a roubalheira era gran-
Geralmente, quem roubava essas aves no quintal, nessas noites de aleluia, eram as pes-
soas, da própria família, pois conheciam e sabiam onde as aves estavam escondidas.
A FAMILIA NA PRAIA
Meus pais, trabalhavam todos os dias, de segunda a sábado. De segunda à sexta feira
trabalhavam, das sete horas da manhã, às dezessete horas, com uma hora e meia, para o
almoço, e no sábado das sete horas da manhã, até o meio dia, e o dia de domingo de fol-
ga. Como meus pais só tinham os sábados à tarde e os domingos, para estarem comigo
e meus irmãos, quando criança no verão, nos sábados a tarde e domingos, aproveitavam
nos levar à praia, para tomar banho de mar e brincar. Juntávamos as tralhas, bolas, boi-
Meu pai com a tarrafa nas costas e minha mãe com a Evonete, minha irmã caçula ainda
pequena pela mão, Eliane outra irmã, já maiorzinha, caminhava ao lado. Jà eu e meu
irmão sempre correndo na frente para tomar banho na lagoinha, no lado esquerdo da es-
trada de ferro. Quando nossos pais chegavam na lagoinha, saiamos da água e corría-
mos em direção da praia, por entre os combros das dunas de areia, na praia, parávamos,
jogando bola a espera de nossos pais. Quando meus pais e minhas irmãs chegavam,
escolhíamos um bom lugar na areia da praia para deixar, as roupas e os chinelos e cor-
ríamos em direção da água do mar, era um gritaria, uma festa dentro d’agua, com a boia
e a prancha de isopor pegando jacaré nas primeiras ondas do mar. Enquanto meu pai
tarrafeava, minha mãe com o gongá, espécie de bolsa de lona, embaixo do braço, trans-
passada no pescoço, pegava busélas, mais sempre de olho em minhas irmãs, mesmo de
olho nas meninas, minha mãe de vez em quando entrava dentro d’agua de vestido e tudo
tomava seu banho de mar. A tardinha, todos cansados de tomar banho nas aguas do
mar, com alguns peixes e busélas dentro do gongá, é hora de voltar para casa.
O trajeto era o mesmo, a mesma correria pelos combros das dunas de areia quente
pelo sol, até a lagoinha para tomar banho até meus pais e minhas irmãs chegarem, para
tirarem também a água salgada do mar, nas águas morna da lagoinha. Meu pai, antes
de irmos embora sempre lavava o pano da tarrafa nas águas da lagoinha, para tirar o sa-
litre da agua do mar, ele sempre fazia isso, era quase um ritual, depois das pescaria no
mar. Muitas vezes no verão, enquanto éramos crianças, durante anos fizemos com
nossos pais, essas idas à praia, sempre no mesmo pedaço de praia, à em frente do araçá.
Até hoje quando passo por esse pedaço de praia, vem à lembrança, meu pai e minha
O ano ao certo não lembro, era criança, não devia ter mais que nove anos, meus pais, eu
e meus irmãos, não lembro da Evonete, minha irmã caçula, ter ido nessa viagem de féri-
as, na casa de uma das irmãs de minha mãe, que morava na cidade de Itajaí. Era final
até nosso destino, à cidade de Itajaí, naquele tempo era uma viagem longa e cansativa,
rio, do norte para o sul e do sul para o norte do estado, eram realizados através dessa es-
trada. A família de tia Otília, irmã de minha mãe, morava no centro da cidade, pertin-
ho da bela Igreja Matriz da cidade, tudo para mim era uma grande novidade. O esposo
de tia Otília, era marinheiro da Marinha Mercante, nos levava de taxi à passeio por vári-
os lugares da cidade, como a praia de Navegantes, que poucas casas tinha ao longo dela
na época, como também a praia de Camboriú, que pertencia a cidade do mesmo nome.
Não sei por quantos dias ficamos hospedados na casa de tio Manoel e tia Otília, o que
mais lembro é que era época de carnaval, pois ganhamos mascaras, bisnagas plásticas e
xeringas, que enchíamos com água para espirrar jatos nas pessoas. Já na volta para
casa, lembro de nós todos sentados num banco da Praça XV em Florianópolis, e meu o
pai agitado conversando com taxista, para nos levar para Imbituba, não sei se não tinha
mais passagem naquele dia para voltarmos para casa de ônibus, ou se meu pai não tinha
dinheiro suficiente, para pernoitarmos em um hotel e ter que comprar também as passa-
gens para retornarmos a Imbituba. O que sei é voltamos para casa, viajando confor-
távelmente de taxi.
O nome “Lagoa da Bomba” ao certo não sei, se veio da bomba, que puxava a água da
lagoa, para uso nos trens “ Maria Fumaça” ou se da bomba que puxava agua da lagoa,
para uso na Usina Termoelétrica. A água da lagoa, para uso nos trens, era puxada a-
través de dois canos de ferro, não muito grosso, por uma bomba que ficava dentro da
A água da lagoa, usada pela Usina Termoelétrica, entrava por um canal de alvenaria, ao
lado de uma construção também de alvenaria, para que uso foi construída, não sei, o que
sei, é que as lavadeiras à utilizavam para guardar seus apetrechos usados diariamente na
lavação de suas roupas. O canal desde a lagoa, por onde a água entrava, tinha mais
ou menos, uns dez metros de comprimento, por um metro de largura, sua profundidade
não sei, o que sei, é que não era raso não. O canal desde a entrada d’água em direção
ao reservatório, era protegido por uma grade fina de ferro, para não entrar sujeira, essa
grade era constantemente limpa por funcionários da usina. Nesse canal de vez em
quando eu pescava, carás, de caniço com outros garotos, quando as lavadeiras não esta-
vam por ali em seus afazeres fervendo roupas. A água do reservatório devia ser bom-
beada, por um motor bomba grande e potente, haja visto o grande barulho que vinha de
dentro da casa de, e o grande volume de água retirada também, para ser conduzido pelos
grossos canos de ferro. A água levada através do grosso cano de ferro, desde o reser-
vatório abaixo da casa de maquina, seguia por um túnel de uns vinte cinco metros, a céu
aberto, construído todo de pedra, abaixo do solo, à uma profundidade de uns três metros
com uns dois metros de largura, com uns cinquenta centímetros acima do solo gramado,
com uns trinta centímetros de largura, de borda. No final do túnel tinha uma porta de
madeira por onde entrava o cano grosso de ferro, que levava à água, pelo mesmo túnel,
só que por baixo da terra, por mais ou menos, uns cinquenta metros, até os condensado-
res da usina para a geração de energia elétrica. A pergunta então é, qual das bombas
A Estrada de Ferro, por muitos anos passou entre os muros da cerâmica e o barranco, da
rua acima, em frente às casas do Bairro Cantagalo, onde morávamos quando criança, e
meu irmão e eu, subíamos na cadeira e da cadeira para cima da mesa para ver através da
janela da sala, o trem passar, apitando, puxando os vagões. Mesmo nos mudando para
outra casa na rua da Usina, esse pedaço de Imbituba, era o chão que vivia, era caçando
de funda, pescando nas lagos e riachos ou jogando bola no campinho do pastinho do Vi-
noca, tudo girava perto dos trilhos da Estrada de Ferro. Indo em frente na direção sul,
os trilhos da Estrada de Ferro, passava entre a lagoinha e alagoa, conhecida como lagoa
da Bomba. No lado esquerdo dos trilhos da estrada de ferro, logo após a lagoinha, fi-
cava uma casa, e em seu interior, um motor bomba, que puxava água da lagoa, para uma
enorme caixa d’água, de madeira, que abastecia os trens. Não se tinha certeza, se era
em razão da bomba que puxava água dessa lagoa através de canos de ferro, que ela, a la-
goa, passou a ser chamada de “Lagoa da Bomba”. Com o caulim e o aterro do lixo da
cerâmica, apertando a estrada de ferro, entre o muro da cerâmica e o barranco, foi então
aberta uma nova estrada de ferro, agora entre o fundo das casas do bairro Cantagalo e os
combros das dunas de areia da praia do mar grosso. Foi então construída uma nova
casa, para o motor bomba e também uma nova caixa d’agua, no lado direito dos trilhos
da estrada de ferro, para abastecer os trens com à água retirada da lagoa da bomba.
Ficando a nova estrada de ferro, bem mais alta em relação a antiga, que ficava, pratica-
O seu Arão vendeu sua bodega, sua casa, e foi embora com a família, para onde ele foi
de muda não sei, só não lembro, se ele vendeu tudo antes ou depois da primeira barra-
As primeiras barraquinhas que foram surgindo, da noite para o dia, em frente dos euca-
barraquinhas foi aumentando, e vendendo de tudo, desde os lanches que no começo era
Até barraquinha peixaria e um açougue, que tinha como dono o seu Valcir, que solteiro
namorou a filha mais velha do seu Moacir, que morava numa casa em frente dessa bar-
o lado direito do portão da cerâmica, até em frente da venda do seu Arão, onde começa-
todos os gostos, as que vendiam lanches, a que vendia carne, a que vendia peixe, até te-
ve uma que construiu nos fundos, uma cancha de bocha. Nessa barraquinha em 1.962
no radio, alguns jogos da copa do mundo no chile, como a partida final entre Brasil 3 X
jogadores com Gilmar, Djalma Santos, Mauro, Zózimo, Nilton Santos, Didi, Zito, Pelé,
Zagalo, Vavá, Garrincha, Pepe, Coutinho, Altair, Amarildo, Djalma Dias, Bellini e ou-
tros tantos grandes jogadores. Nessas barraquinhas no final dos dias de trabalho,
principalmente dos empregados da cerâmica, era uma festa, antes de irem para suas ca-
sas, a parada nessas barracas era obrigatório, pois ninguém era de ferro.
Em todo seu contorno a Lagoa, era de uma forma arredondada, desde os trilhos da estra-
da de ferro na sua parte leste, onde sua orla tinha menos vegetação, a não ser os peris de
onde tinha-se uma vista panorâmica, de toda sua extensão. Toda a sua orla pantaneira
era rica em uma vegetação nativa, diversificada, quase impenetrável, até para nós garo-
tos, que nos aventurávamos, com dez, onze anos, entrando nas águas da lagoa, para ca-
çar e também colocar arapucas com isca no anzol, para matar as marrecas d’agua e mer-
gulhões. O lado sul da lagoa começava ao lado dos trilhos da estrada de ferro, bem
em frente da casa da família dos Tionaz, onde iniciava a estrada de chão batido, que da-
va acesso aos bairros da Lomba e do Paes Leme, passando em frente das varias casas,
que tinham o fundo dos seus terrenos acabando na beira d’agua da Lagoa da Bomba.
A orla pantanosa de mata nativa e cerrada, na sua parte oeste, era contornada pela estra-
da geral, que saindo da cidade, dava acesso ao bairro do Paes Leme e outros bairros, da
parte sul, do município. Quando chovia, as águas da lagoa, invadiam essa estrada de
estrada, para irem dos bairros do sul, ao centro da cidade ou vice e versa.
lados, na lama remexida, pelos primeiros veículos pesados que conseguiam passar.
Desde o começo do Bairro Paes Leme, até o inicio do Bairro Sete, toda a extensão do
leito dessa estrada, a vegetação era a mesma, cerrada e com árvores altas.
parte norte onde passavam, então a ter essa vegetação mais baixa e densa com muito pe-
rís. Algumas ruas de bairros como o do Sete e Paes Leme e também da cidade, como
a Rua Nereu Ramos, Av. Santa Catarina e Av. Dr. Joao Rimsa, tinham seu final pratica-
mente na beira do banhado da Lagoa da Bomba. Finalizando então, seu contorno ar-
redondado da parte norte, praticamente no fundos da casa dos Milosa e do seu Bica, no
campinho do pastinho do seu Vinoca, no final da Av. Dr. João Rimsa, onde depois en-
tão, vinham os córregos, onde as lavadeiras lavavam suas roupas, depois vinha o aterro
de lixo, no fundos da Industria Cerâmica, que era cercado por arame farpado até a es-
Nessa discrição de todo o entorno e contorno da área da Lagoa da Bomba, tento relatar
o que vi em minha infância e juventude, nos anos cinquenta e sessenta, o quanto ela era
Ela era majestosa, em seu tamanho e volume d’agua, sem aterro, sem lodo e sem esgoto.
Os eucaliptos, eram o limite dos domínios da Industria Cerâmica mais a partir do mo-
mento que as barraquinhas tomaram conta de toda extensão da área em frente dos eu-
um muro de alvenaria . Muro esse de quase três metros de altura, a partir da primei-
ra casa de alvenaria de propriedade da cerâmica, onde nessa época morava seu Evaristo,
chefe do setor pessoal, pai do motorista do Dr. João Rimsa dono da cerâmica.
Entre essa casa, e de onde começou o muro, passava a linha férrea de manobras de trem,
que atravessava a rua, que ia em direção ao Cantagalo, cujo rua começava em frente as
Essa primeira parte do muro foi até a linha férrea de entrada dos trens na empresa, ao la-
do esquerdo do portão principal, na Av. Dr. João Rimsa. O muro do lado direito do por-
tão, começou a ser levantado em frente dos eucaliptos e o fundo das barraquinhas, até a
outra passagem da linha férrea, nos fundos do prédio da oficina mecânica da cerâmica.
Essa linha férrea atravessava todo interior dos domínios da cerâmica, passando por entre
os eucaliptos, indo até a usina termoelétrica, onde descarregava o carvão mineral.
Ficando assim os domínios da cerâmica, todo murado, com três portões sobre os trilhos
da Estrada de Ferro Dona Tereza Cristina, dificultando então nossa entrada na cerâmica,
onde brincávamos por ali diariamente, entravamos por um portão e saiamos pelo outro,
AS BARRAQUINHAS
O numero de barracas em frente dos eucaliptos da cerâmica, cresceram tanto, que come-
no lado direito do portal, Portal sim, pois nessa época os domínios da Industria Cerâmi-
ca ainda não eram murados, nem tinha a casa do guarda junto ao portão, nem sequer um
guarda, que cuidasse do bicicletario que ficava atrás do portal, no seu lado direito.
As barraquinhas no natal eram muito procuradas, pois vendiam de tudo e mais barato os
comerciantes da cidade começaram a incomodar-se com isso, pois pagavam seus impôs-
tos, enquanto os barraqueiros, não pagavam impostos para terem seu comercio ali insta-
tentes para que eles tomassem uma providencia, brigaram tanto, incomodaram tanto a
Cidade.
SEM OS O LHARES DA LILINA
Tia Lilina nos deixou e foi morar definidamente com os seus pais. Com a sua saída
de nossa casa, veio morar conosco o primo Maurino, filho de tia Candinha, uma das ir-
mãs, mais velha, de minha mãe. O nosso primo veio mais para nos olhar, cuidar e fa-
zer parte do almoço do dia à dia, já que nossa mãe deixava quase tudo pronto de um dia
para o outro, principalmente o feijão de todos os dias que era só esquentar, já o arroz e o
conduto, como os bifes de carne, frango ou peixe, era só fritar, pois era deixado tempe-
rado, de um dia para o outro. Os nossos dias com o Maurino morando em nossa casa
continuavam quase todos iguais aos passados com tia Lilina, principalmente o período
da manhã, já que eu e meu irmão estudávamos nesse período, já o período da tarde era
diferente e movimentado, pois ele sempre arrumava, alguma coisa para fazermos.
Como gostávamos de jogar sinuca, eu, ele e meu irmão, fizemos uma mesa de jogo, de
snooker, com tabelas de borracha e tudo, o pano era de lona, ate caçapas fizemos, as bo-
las eram os bolões de vidro de varias cores, os mesmos que usávamos em nossas brinca-
deiras de bolinha de (gude) vidro. Não era brincadeira, mais sim mais uma atividade,
nosso primo ainda nos ensinou a capinar e preparar a terra para o plantio, que nem nos-
so pai também chegou a nos ensinar, como o primo Maurino já fazia todas essas coisas
no terreno no bairro da Penha onde morava com a sua família e como tínhamos um bom
terreno no fundos de nossa casa, ali plantamos batata doce, amendoim, milho, melancia
(a das amarela) e aipim, até as nossas irmãs participavam, principalmente na hora boa, a
da colheita, eram espertas as meninas. Não fazia um ano que o primo Maurino mora-
va conosco, um dia apareceu em nosso portão em visita surpresa à minha mãe, uma das
suas irmãs mais velha, a tia Hortência e o seu filho Heitor, que moravam em Nilópolis,
uma cidade do Estado do Rio de Janeiro. Como o primo Maurino estava em idade
de alistar-se, foi convidado e convencido a ir morar com a tia Hortência a fazer o seu
O pessoal que gostava de jogar bocha, bolas de pau, com o fechamento e retiradas das
pelo jogo passaram a jogar no pasto atrás do grupo Escolar Henrique Lage, em frente da
rinha de galo do tio Luiz, encostada no muro do grupo, nas proximidades da lagoa no pé
do barranco dos trilhos da estrada de ferro. Ali passaram a jogar bocha, seu Benicio, seu
Seu Dozio, o açougueiro, que tinha passado o açougue para o filho e o genro, para não
caminhar tanto até o pasto em frente da rinha de galo, construiu no terreno, ao lado de
sua casa, na rua Nereu Ramos, em frente ao açougue, duas boas canchas de bocha.
As canchas eram cobertas, de bom piso para o jogo de bocha, no local tinha um bar e
Lembro que, em uma partida de bocha, jogavam mano a mano, seu Hermínio e o seu
Benicio, aqueles dois, quando se pegavam para jogar, era o dia todo jogando numa jo-
gada do seu Benicio, o bolim espirrou, voando longe para fora da cancha, ninguém viu,
onde foi parar. Os garotos que estavam acompanhando o jogo, começaram a procu-
rar o bolim e nada de encontrar, o Leotério sempre peruando, e sacana como era, levan-
tou-se do banco onde estava sentado, falou para o Baco filho do seu Cação, o padeiro, e
apontando para o seu Prada, disse que o velho, tinha colocado o bolim no bolsoda calça.
O Baco que não tinha nada de ingênuo gritou. - Seu hermínio! Aquele senhor! – Apon-
tando para o seu Prada. – Ele escondeu o bolim! Olha só no bolso dele!
Seu Prada, levantou-se do banco onde estava sentado, falou. - O que é isso rapaz! Não
escondi bolim nenhum. - Escondeu sim! olha ali! - Retrucou Baco, o seu Prada homem
de muita idade, tinha seus testículos rendidos, enormes, muitas pessoas sabiam do seu
problema. Seu Prada quando jogava bocha e fazia uma jogada mais brusca, levava a
mão nas partes para acomodar os testículos no saco. A historia do bolim e do seu Pra-
da ter escondido o bolim no bolso da calça, foi verdadeira, nesse dia foi uma gargalhada
só, o Leotério, como sempre gozador, se mijou de tanto rir, gozando o Baco e o seu Pra-
RIVALIDADE FUTEBOLISTICA
Meu pai contava que a rivalidade no futebol na cidade de Imbituba também existiu, co-
mo na maioria das cidades, onde tinha mais de um clube de futebol, a rivalidade era tão
grande, que filhas de funcionários da Companhia Docas, não casava com filhos de em-
pregados da Cerâmica.
Na cidade teve um jogo de futebol entre o Cerâmica Futebol Clube, versus o Imbituba
Atlético Clube, no estádio do Cerâmica no bairro da Vila Nova, que dividiu acidade.
Nova, nos vagões de passageiros, puxados pelo trem Maria Fumaça, que na frente trazia
Cerâmica não era tão grande como o do Atlético, mais tinha um diferencial, um túnel no
dor até a boca do túnel na beira do gramado. Um túnel deste, para a época, só o Está-
A rivalidade era tanta, que nesse dia os jogadores do Atlético, não quiseram entrar pelo
portão principal do Estádio, entraram pelo quintal de um vizinho que trabalhava na Cia.
Toda essa aventura foi porque algum torcedor ceramista comentou, que tinham contra-
tado uma macumbeira, para fazer um despacho, para os jogadores perderem o jogo.
O foguetório, quando os jogadores do Cerâmica Futebol Clube, saíram pela boca do tú-
nel em direção ao gramado, foi tanto, que o bambuzal ao lado do estádio ficou todo sa-
pecado. O estádio estava lotado com torcedores, meio a meio, dos dois clubes.
Nas duas equipes daquele jogo tinham grandes jogadores, com destaques para os golei-
ros, do lado do Cerâmica, Lauro, Lauro Avelar, magro, alto, veio do Clube de Regatas
do Flamengo do Rio de Janeiro, já pelo lado do Imbituba Atlético Clube, Isaú, esquio,
magro, não tão alto, mais sua elasticidade compensava a altura, era chamado de “Negro
Gato”. Concluindo um pensamento, ouso dizer que se o Cerâmica Futebol Clube não
tivesse acabado com seu futebol competição, talvez a cidade tivesse tido por muito tem-
po, dois bons times de futebol participando ativamente dos Campeonatos Estaduais, há-
TORCEDOR DO FLAMENGO
Meu gosto por futebol, vem desde muito pequeno, quando junto com meu pai, escutava
As quartas feiras a partir das vinte horas, o velho radio de válvulas de meu pai, era sin-
Os jogos do Campeonato Carioca nas quartas feiras, sempre começavam as vinte e uma
horas, quando o jogo era entre o Clube de Regatas do Flamengo e o de Regatas do Vas-
co da Gama, a gente sabia que a cidade toda estava ligada nesse jogo de futebol.
Meu pai era Flamenguista roxo, não sei como ser tornou torcedor do clube carioca, mais
nunca lhes perguntei e também nunca me falou, conclui mais tarde que devia ser porque
tinha servido ao exercito na cidade do Rio de Janeiro e ter assistido algum jogo do clube
Rubro Negro. Como meu pai torcia pelo Flamengo, e só escutávamos jogos quando
o time Rubro Negro jogava, lá em casa todos nos tornamos flamenguistas, até o cachor-
ro começava a latir. Era fácil torcer para um time ganhador de títulos e tendo sempre
em seu plantel, jogadores de muita qualidade e rendimento como Jouber, Pavão, Jaime,
Dida, Baba, Doval, Reyjes, Raul, Zico, Junior, Leandro e muitos outro.
Até o Lico, o nosso manezinho conterrâneo de Imbituba, que jogava muito, foi um dos
grandes jogadores que passou pelo Clube de Regatas do Flamengo, campeão mundial
O BARBEIRO
Nosso primeiro barbeiro, seu Benoni, que cortava meu cabelo quando garoto, tinha sua
barbearia na primeira esquina do lado direito da rua Ernani Cotrin, com a rua 3 de Outu-
bro. Meu pai contava que seu Benoni, além de barbeiro, gostava de caçar, ou melhor
que esperavam sua vez, para cortar o cabelo, falavam que no canto da praia da Vila, no
costão, em frente a ilha San’ Ana de dentro, piratas espanhóis tinham enterrado uma ar-
ca, com dobrões de ouro, pratarias e outras peças de valor, ao lado de uma pedra, que
tinha a forma de uma tampa de baú. E uma pedra média, parecendo com uma tampa
de baú, com outras pedras ao redor, no canto do costão da praia, amanheceram cavadas,
num buraco tão profundo, que um cabo de coca de pescar siri, foi pouco, de tão fundo
que foi cavado. Não sei se, o seu Benoni alguma vez encontrou algum tesouro, ou se
morreu tentando, porque rico não me pareceu ter ficado, pois ele nunca parou de cortar
cabelo em sua barbearia. O que nunca soube, è quem era o seu parceiro de caçada à
tesouros, que tinha um parceiro tinha, porque para cavar um buraco daquela fundura na
Seu Quintino parecia ser lelé da cuca, acho que não era não, parecia ser sim um visiona-
rio. O Quintino como era conhecido, era baixinho, franzino mais de saúde de ferro.
O homem andava muito, sempre era encontrado caminhando de costa na estrada de chão
batido, entre os eucaliptos nos domínios da Granja Henrique Lage e também na Estrada
Geral de chão batido empoeirada, entre o portão da Granja Henrique Lage e o bairro do
Sete. Como quase sempre andava de costa e em seu gesto parecendo dirigir um auto-
móvel, pois em gestos com as mãos e braços, parecia girar um volante de carro.
Falavam que ele devia ter algum trauma de não poder ter conseguido ser um motorista
de trator ou guindaste, por exemplo. Vai saber o que se passa na cabeça de uma pes-
soa desse jeito. O importante disso tudo é que sempre se tira alguma coisa boa.
Em sua caminha diária e silenciosa, no vai e vem, nas estradas Imbituba, o seu Quintino
Seu Tertolino, conhecido por Terto, diariamente andava como um zumbi pela linha fér-
rea, não tinha hora, era pra baixo e pra cima. A garotada tinham medo dele, diziam
quando os viam nos trilhos da estrada de ferro, “ lá vai o Terto louco ou lá vem o Terto
louco”. O Seu Tertolino morava com sua família numa das casas do bairro Cantagalo,
como tantas outras famílias, que ali moravam, como a minha que ali também morei.
Meu pai contava, que seu Terto ficou “lelé” da cuca, porque dizia escutar a noite quan-
do deitado na cama dormindo, um canto de mulher, canto esse melodioso, vindo dos la-
dos das dunas da praia, que ficava a poucos metros das cercas, dos fundo das casas, do
mulher, saia pela porta a fora, não adiantava nada a esposa falar, nada o segurava, des-
calço, lá ia ele em direção da praia, sentava nos combros de areia, em frente à pedra fer-
ro, que aflorava à areia da praia, depois da ressaca da maré alta e ficava ali, sentado em
Depois disso, lá ia ele caminhar entre os trilhos da Estrada de Ferro Dona Tereza Cristi-
na, murmurando, parecendo falar alguma coisa sem nexo e sempre de cabeça baixa pen-
dendo para um lado do corpo. Diziam alguns, que a Pedra Ferro era mesmo encanta-
da, e que uma sereia, vinha mesmo até a praia cantar, e certamente deixava o seu Terto-
lino, daquele jeito, encantado. A Pedra Ferro que aflorava a areia da praia desapare-
ceu, o que houve não se sabe, mais que a Pedra Ferro, nunca mais aflorou a areia da pra-
A EMPREGADA
A Maria da Graça, filha do seu Benoni, nosso barbeiro, agora com sua barbearia, na Rua
da Cancha, sua filha mais velha Graça, com a ida de nosso primo Maurino para o Rio de
Janeiro, ela veio para nossa casa trabalhar como empregada em substituição a nosso pri-
mo. Ela fazia tudo, desde cuidar dos afazeres da casa, até o almoço do dia a dia, e de
nós tambem, enquanto nossos pais estavam trabalhando. Quem mais vivia o dia a dia
mais perto da Graça, eram minhas irmãs Eliane com mais ou menos onze anos e a Evo-
nete com mais ou menos oito anos, enquanto eu e meu irmão Evandro, vivíamos na rua
em brincadeiras com nossos amigos, ora jogando bola no campinho do pastinho do Vi-
noca, ora pescando numa das lagoas ou caçando de funda no banhado dos córregos.
Passado quase um ano da ida de nosso primo para a cidade maravilhosa, aparece um dia
em nosso portão, aquele cara fardado, em um uniforme azul, com emblemas lustrosos,
em forma de asa, era o Maurino, em sua farda de passeio da Aeronáutica, na sua primei-
ra visita a mãe, e a nós também. Maurino depois que tinha partido para Nilópolis pa-
ra morar na casa da tia e alistar-se na Aeronáutica, nunca mais tinha vindo em Imbituba.
Nesse dia em que chegou, ele dormiu em nossa casa, onde aproveitamos para relembrar
os dias, daqueles poucos meses, que conosco morou. No dia seguinte foi embora dei-
xando a Graça triste, pois tinha ficado interessada no primo, para um namoro, que não
deu certo. A Graça trabalhou conosco por mais alguns meses, nos deixou para traba-
lhar, com uma outra família, voltou a trabalhar conosco novamente, mais ficou por pou-
co tempo, com minhas irmãs, agora maiorzinhas, não havia mais necessidade de empre-
gadas, pois já nos virávamos sozinhos, já o primo Maurino só voltei a velo novamente,
Jose, não era mais o mesmo cara alegre. Até da para entender, depois de morar por al-
guns anos, numa cidade como a do Rio de Janeiro, que a pouco tempo tinha deixado de
ser a Capital do Brasil, não é fácil não, adaptar-se a viver novamente numa cidade inte-
riorana.
OS AVENTUREIROS
Dois jovens, já não tão jovens, mais solteiros, acho eu, no começo da década de sessenta
onde muitos jovens queriam aventurar-se, como muitos se aventuraram, indo embora de
Imbituba, como os chamados “candangos” , que partiram para a nova capital que estava
Só que, esses dois jovens “aventureiros” de Imbituba, um era padeiro na única padaria
panhia Docas, foram para a maior cidade do país, São Paulo. Depois que partiram,
nunca mais tinha ouvido falar dos dois jovens aventureiros, não sei ao certo, por quanto
tempo durou a viagem dos dois jovens Imbitubense. O que soube é que quando vol-
taram, chegaram de taxi, já pensou quanto custava uma viagem de taxi da cidade de São
Paulo até Imbituba. O cochicho foi grande, corria de boca em boca, para quem tives-
se ouvido e quisesse escutar, que os dois “amigos aventureiros”, tinham dado o cano no
taxista. Um deles, certamente o padeiro, disse ser filho do maior empresário da cida-
de, dono da Cerâmica de Azulejos, o Dr. João Rimsa. Os dois malandros saltaram no
centro da cidade, em frente ao portão da cerâmica, dizendo que iam pegar o dinheiro da
cansado de tanto esperar, começou a desconfiar que tinha alguma coisa errada, foi até o
escritório da empresa e começou a fazer pergunta. O taxista então ficou sabendo, que
tinha levado um blefe, quando lhe disseram que o Dr. Rimsa, dono da Cerâmica não tin-
ha filho e morava em São Paulo, o taxista Paulista foi até a delegacia e registrou queixa,
Não sei ao certo, parece que foi feito uma vaquinha e das bem gorda, para arrecadar a
vários tipos de metal usados na oficina, o ferro, o cobre, o alumínio e até chumbo, to-
dos esses metais, eram bem pesados e alcançavam bom preço na hora da venda.
Os carrinhos de mão do lixo da oficina mecânica, eram levados até o aterro, por um dos
Como eles, conheciam todos os garotos que ali catavam lixo e sabiam o que estávamos
esperando, acho eu que, na real, sempre achei, que além do lixo normal da oficina, eles
colocavam nos carrinhos, só para nos ajudar, muito mais metais, que ainda não eram li-
xo, descarregando os carrinhos e ficavam ali olhando e conversando conosco, até que a
cirene do meio dia, tocasse avisando o encerramento do expediente, então eles voltavam
à oficina. No lixo da oficina da usina, também jogavam fora alguns bons metais mais
em pouca quantidade, esse lixo eram jogados quase que diariamente e não tinha horário.
As vezes eu ficava parado na frente da grande porta da Usina, olhando aqueles enormes
motores propulsores trabalhando gerando energia, uma outra coisa que também lembro,
e chamava minha atenção, era a limpeza na sala dos painéis de controles da Usina, não
tinha uma sujeirinha que se notasse. Todo dinheiro que arrecadava na venda dos me-
tais, bem como dos cascos de garrafas e litros que juntava, era para ir ao cinema e com-
prar gibis, na livraria do seu João pai do Taíco, era a única livraria da cidade, e ficava na
esquina das ruas Ernani Cotrim com a rua Nereu Ramos. Quase tudo acontecia ali na-
domingos pela manhã, quando o pessoal se reunia para engraxar seus sapatos, com os
A ENGRAXATARIA
Na sapataria e engraxataria do seu Lauro Avelar, como eu era um dos amigos do Lauri-
nho filho dele, não saia da sapataria. O seu Lauro consertava os sapatos dos clientes
colocando saltos, meia solas e até solas inteira, dependendo da marca do sapato para va-
ler a pena, os sapatos depois de consertados eram engraxados, e as vezes quando neces-
sário, queimados com núbio e depois engraxados e lustrados. Quem normalmente fa-
zia esse trabalho de engraxar e dar cor nova aos calçados era o Laurinho, e a pedido do
seu Lauro quando tinha muito serviço, eu também os ajudava para colocar o serviço em
cada par de sapato engraxado, eles engraxavam os sapatos dos fregueses, que já tinham
um dia pela manha, só estava o seu Lauro trabalhando nos concertos de calçados, eu por
ali conversando com ele, chega o Nicolau para engraxar o sapato.
Seu Lauro sabedor que o Nicolau era um freguês e dos chatos, disse que o engraxate fa-
vorito dele não estava, mas se ele tivesse pressa, eu poderia engraxar. - Tudo bem, só
não me suja a meia! – Falou o Nicolau. Ele sentado na cadeira, colocou os dois pés na
sapateira, eu com toda preocupação do mundo para não sujar a meia, coloquei os prote-
tores de meias em cada lado do pé, entre a meia e o sapato. Sujar a meia engraxando
sapato, era e sempre será o maior erro do engraxate. O Nicolau bem sentado, puxou
do bolso do paletó um monóculo, chamou seu Lauro e entregando a ele, o monóculo fa-
lou. - Olha o que tem dentro. – O seu Lauro levou ao olho o monóculo e ficou olhando
por alguns minutos, admirando o que estava vendo, depois retirando do olho o monócu-
lo, perguntou. - Quem é ela? – O Nicolau antes de responder falou. - Deixa o rapaz o-
lhar também! - Seu Lauro me entregou o monóculo, levei ao olho para ver o que tinha
de tão interessante dentro do monóculo, fiquei eufórico, era a foto de uma mulher nova,
morena, de frente totalmente nua, eu parado ali admirando, o Nicolau falou. - Chega pa-
ra a tua idade, já viste de mais! - entreguei o monóculo ao Nicolau, ele então responde a
pergunta que seu Lauro tinha feito. – Ela é lá da Fazenda São Paulo. Acabei de engra-
xar o sapato, ele pagou ao seu Lauro e foi embora. Alguns dias depois, na esquina do
prédio do seu Joãozinho do outro lado da rua onde ficava a sapataria e engraxataria, vai
Santo Anjo, minutos depois entra na sapataria o Nicolau para engraxar o sapato, o seu
Lauro de supetão, pergunta se não era a mulher da foto no monóculo. – É sim! –respon-
deu o Nicolau e acrescentando falou. - Estou namorando, acho que vou casar com ela,
seu Lauro. - É mesmo Nicolau! - Exclamou seu Lauro admirado. O engraxate prefe-
rido acabou de engraxar o sapato, o Nicolau pagou e foi embora.
Assim que ele saiu porta afora, o seu Lauro olhou para mim, com um olhar de espanto,
como quem queria dizer, fique calado, não fale para ninguém, o que vimos no monócu-
lo. Não levou muito tempo o Nicolau apareceu na sapataria e engraxataria noivo e de
braço com a bonita mulher da foto no monóculo. Eu, me perguntei naquele dia, vai
AS FIGURINHAS
Os álbuns de figurinhas quando lançados na cidade, eram bem procurados, os mais con-
cipantes das ligas regionais, principalmente as ligas do sul do estado, onde o Imbituba
Atlético Clube, participava dos campeonatos, também eram bem colecionáveis como os
outras quando passava-se assim a conhecer um pouco de geografia, além dos seus joga-
dores, que deles não se conhecia nada. A atenção também aos álbuns de figurinhas
dos times de futebol dos grandes clubes Carioca e Paulista, era tão boa quanto aos álbu-
ns de figurinhas dos times dos clubes Catarinenses, como o Avaí, Figueirense, Interna-
cional, Paula Ramos, Barroso, Marcilio Dias, Carlos Renaux, Paissandu, Palmeiras, Ca-
xias e América. Já os álbum de figurinhas dos times dos clubes da região sul do nosso
Estado, como o Gerônimo Coelho, Barriga Verde, Metropól, Atlético Operário, Próspe-
ra, Barro Branco, Comerciário, Hercílio Luz, Ferroviário, Itaúna, Guatá e o do Imbituba
Atlético Clube com quem esses times vinham freguentemente jogar na cidade, eram tão
ou mais colecionadas, do que as de mais, pois jogavam nos times desses clubes, vários
da animal, vegetal e mineral, tinha aves, animais, flores de beleza exótica e minerais ra-
ros, essas figurinhas para a década de sessenta, eram de um brilho e nitidez impressio-
nante. Como estudava nessa época, muito aprendi com as figurinhas desse álbum, te-
ve professora que chegou a recomendar aos seus alunos a coleção desse álbum, por ser
O SALAO DE SINUCA
O salão de sinuca no meu tempo de garoto, no inicio da década de sessenta, ficava num
prédio da segunda esquina do lado esquerdo da Rua Ernani Cotrin, vindo da frente do
Portão da Cerâmica, no cruzamento com a rua Nereu Ramos. O salão de sinuca ocu-
pava quase toda à área física do prédio, menos uma sala de frente para a rua Nereu Ra-
mos, onde o seu Lauro tinha a sua sapataria e engraxataria bem ao lado do Posto de Ga-
solina Atlântic, cuja rampa de troca de óleo e lavação do posto, ficava quase grudada ao
lado de uma janela que não podia ser aberta, em razão da lavação de carros.
O prédio em razão do seu desgaste pelo tempo de construção, e pela precariedade de su-
as instalações, quando chovia as goteiras traziam prejuízos aos panos das mesas oficiais,
essas mesas oficiais, foram transferidas para uma enorme sala, num prédio que parecia
de propriedade do seu Elói, do outro lado da rua, agora bem em frente ao prédio de dois
no novo endereço tinha como administrador o Carlinhos, filho mais velho, do seu Zóca.
O prédio do novo salão de sinuca ficava ao lado esquerdo de uma loja de confecções, e
tecidos, de propriedade do seu Elói. O prédio do salão de sinuca, do seu lado esquer-
do, tinha a entrada, para a fabrica café “SOLIMA”, de propriedade do seu Tomé Santos
que ficava num terreno nos fundos da residência do seu Nelson Souza, primeiro prefeito
da cidade e primeiro dono da fabrica de café, junto com o seu sócio Evaristo Lima, que
por muitos anos foi Chefe do Setor Pessoal da cerâmica, eles fundaram a fabrica de café
O seu Nelson, deu o “ So”, do sobrenome Souza, seu Evaristo deu o “ Lima” do seu so-
brenome Lima. Por muitos anos o salão de snooker, ficou nesse novo endereço ao
lado da fabrica de café, que ali ficou por muito tempo. O cheiro gostoso do café tor-
rado, que era colocado para secar no pátio da fabrica, nos fundos do salão de sinuca, de-
pendendo do vento chegava até nossa casa. Era um café puro, forte e gostoso de be-
ber. Porque café puro hoje é difícil, como também é difícil um bom salão de sinuca,
OS AMIGOS DO CIRCO
Grupo Escolar Henrique Lage. Dois circos mexeram muito comigo em minha infân-
cia e agora em minhas lembranças, um foi o dos “Irmãos Robatini”, com seus dois pica-
deiros, era um circo enorme, com muitos animais, cavalos, elefantes, leões, tigres, pône-
is, cachorros de varias raças , girafas, zebras, macacos, ursos, camelos, lhamas, etc...
das jaulas iam crescendo, para ver os animais. No segundo dia, à chegada dos pri-
meiros animais, depois da aula do horário matutino, junto com outros garotos estava o-
lhando os animais que já tinham chegado, chega um automóvel Dodge Dart, rebocando
menino e uma menina, praticamente da nossa idade, pela porta da frente desce uma sen-
hora nova, bonita, já o motorista fazia manobra para estacionar o automóvel com o trai-
ler rebocado. No outro dia no Grupo Escolar, lá estavam no pátio, o garoto e a garo-
ta, encabulados, seguidos pelos olhares dos outros alunos. O sinal bateu, junto com
os demais colegas de turma, fui para a sala de aula, para minha surpresa e também da
nossa turma acredito, chega em nossa sala, o casal de crianças do circo que conosco iam
agora nossos colegas de turma, se fez rápido, já no final da aula daquele dia com alguns
colegas de turma fomos até as dependências do circo, olhávamos tudo de perto em com-
panhia dos meninos do circo. Eu não queria mais ir embora, queria aproveitar bem
aquela nova amizade do garoto, de um mundo tão diferente, do nosso. A tarde indo a
rio do circo, lidando com três elefantes amarrados pelas patas, em correntes nos troncos
dos eucaliptos, comendo na sombra. Fui ficando por ali conversando, até que me dei
conta do que tinha que fazer, me despedindo sai dali correndo em direção a Cooperativa
comprar o que tia Lilina, tinha pedido. Em razão da amizade com o garoto, circulava
pelas dependências do circo, sem medo, olhando e acompanhando a movimentação dos
funcionários na armação do circo e dos ensaios, dos artistas circense, nos picadeiros, até
Em uma noite de espetáculo, fui com meus pais e irmãos ao circo e vi que o domador de
elefantes e sua assistente, eram os pais do Antoni, um dos irmãos Robatini e um dos do-
nos do circo. Depois de algumas semanas na cidade, a lona foi arriada, levantaram
acampamento e foram embora, deixando boas lembranças e saudade de uma boa amiza-
de.
UM CICLISTA VIAJADO
Zeca Teca o atleta ciclista que rodou boa parte do mundo, essa era a propaganda do Me-
xicano fazendo apresentações montado numa bicicleta. O ciclista Zeca Teca propuse-
ra aos organizadores, permanecer montado em cima de uma bicicleta vinte e quatro ho-
ras, durante sete dias, conforme entrevista dada na época, na Radio Difusora de Imbitu-
ba, ao locutor e seus ouvintes. O inicio da maratona foi num domingo pela manhã,
com muitos curiosos cidadãos na calçada dos dois lados da Rua Ernani Cotrin, onde o a-
tleta, durante vinte quatro horas, por sete dias, circularia pela Rua Ernani Cotrin, desde a
Naquela parte da rua, desde a esquina da Rua Nereu Ramos, com a Av. Santa Catarina,
do lado direito da Rua Ernani Cotrin, na esquina era a livraria do seu João, depois o pré-
dio de dois andares onde até hoje tem no térreo a Farmácia São Paulo, no andar superior
na época era o instituto I.A.P.T.E.C, depois em um prédio as lojas Irmãos Candemil, o
No lado esquerdo da rua, ficava o prédio do seu Elói, com a sapataria do Chiquinho na
esquina, depois o City Bar, o Banco Inco, a casa do seu Nelson Souza, a Farmácia Nos-
sa Senhora Aparecida e a padaria do seu Osmar “cação” na esquina da Av. Santa Cata-
rina. No domingo, primeiro dia e primeira noite do Zeca Teca montado em sua bici-
cleta, levou muitas pessoas curiosas, além do policial designado para acompanhar e fis-
calizar o atleta, para ver se ele desceria da bicicleta. Na realidade as pessoas tinham
era curiosidade para saber, como o Zeca Teca, faria as necessidades fisiológicas, quando
tivesse vontade. A semana passou, chegou o sábado e sétimo dia de Zeca Teca mon-
cleta, circulando por parte da quadra da rua com canteiro no meio, dividida em duas mã-
os, como é ainda até hoje. A rua estava cheia de pessoas para ver a hora da parada do
atleta, as dez horas, mesma hora da subida na bicicleta no domingo, uma semana antes.
O Atleta Ciclista parou junto a seus ajudantes e ao aparato médico, montado com medi-
co, enfermeiros e uma ambulância do Instituto IAPETEC, com o motorista o seu Pirão,
de prontidão, caso Zeca Teca, precisasse ser removido para atendimento hospitalar.
Depois do atleta, ter sido examinado e bem avaliado pelo médico, em suas condições fí-
sicas, falou ao povo algumas palavras de agradecimento, o Prefeito lhe entregou o prê-
mio combinado, o povo o aplaudia, mais uma vez ele agradeceu os aplausos, e assim foi
a passagem do ciclista mexicano por Imbituba. Essa é mais uma de minhas boas re-
cordações.
O CICLISMO EM IMBITUBA
outras empresas, que usavam as bicicletas como meio de transporte para irem trabalhar.
Nessas corridas de bicicletas, nas ruas, realizadas anualmente, o numero de ciclistas que
participavam das corridas de bicicletas era grande, muitos inscreviam-se nessas provas
competitivas, confiando no preparo físico, que adquiriam no dia a dia, montado nas ma-
grelas. Teve um ano, uma corrida no dia do trabalhador, como todos os anos tinha,
só que nesse ano, a corrida em vez de ser nas ruas da cidade, como sempre eram, foi en-
tão proposto aos corredores, um novo trajeto, uma volta ao Morro do Mirim.
Ramos, com a Rua Ernani Cotrin, seguindo em direção a Rua Duque de Caxias, no Ba-
irro da Cancha, entrando pela rua da praia, passando em frente ao Barracão da Baleia,
subindo pela estrada da Ribanceira, saindo em Nova Brasília, passando em frente ao Ba-
irro do Mirim, sempre por estrada de chão batido, subiram o Morro dos Pacheco, até o
encruzo da Vila, passando pela rua do centrinho da Vila Nova, seguindo em direção ao
Paes Leme, sempre pela estrada geral de chão batido, passando em frente ao clube Sete
de Setembro e do portão da Granja Henrique Lage, saindo ao lado da casa do seu João
Sampaio, até a esquina, na padaria do seu Osmar “ cação”, entrando pela Rua Ernani
Cotrim, toda de paralelepípedos, para então cruzar a faixa de chegada no mesmo lugar
da partida. Desde a largada da corrida de bicicletas, teve vários ciclistas na ponta, nas
retas um passava, quando chegava num morro, outro passava, e assim sucessivamente,
Mirim. A cidade tinha bons ciclistas como, o Cizo, o Tuna, o Maneca, o Nilton, o Pe-
UM JOGO DE FUTEBOL
Muitos Jogos do Imbituba Atlético Clube, assisti em seu estádio, dois me trazem recor-
dações. Um foi contra o Botafogo Clube e Regatas do Rio de Janeiro, que fazia uma
excursão pelo sul do Brasil. Foi num dos primeiros anos da década de sessenta, pa-
rece-me que foi logo após a Copa do Mundo no Chile. Nesse time do Botafogo tinha
grandes jogadores como o Manga, Didi, Nilton Santos, Quarentinha, Garrincha, Amaril-
cou a disposição dos empregados da empresa, ingressos para desconto em folha de pa-
gamento, tendo restado poucos ingressos para colocar a disposição do povo em geral.
Fui até ao estádio junto com outros garotos da nossa rua e muitos outros da cidade, que
já estavam lá para ver se conseguiriam entrar junto com um adulto, como era uma pra-
tica normal dos porteiros em dias de jogos. Nesse jogo crianças não poderão entrar
acompanhado de um adulto, dizia seu Mãosinha e o Quido os porteiros nesse dia, fazi-
am sinais que estavam sendo vigiados e instruídos, para não deixar ninguém entrar sem
ingresso. Era a primeira vez que estava sendo usado policiamento montado a cava-
lo, ao redor do Estádio, para que ninguém pudesse furar a cerca ou entrar de graça, sem
pagar. Eu e outros garotos começamos a rodar o estádio a procura de uma tabua sol-
ta, que pudéssemos entrar através dela, só encontramos um lugar favorável para entrar
no Estádio sem que fossemos notados, foi nos fundos do Estádio, perto dos vestiários
dos times visitantes, ali começamos a cavar por baixo das tabuas da cerca, como éramos
magrinhos, entramos pelo buraco cavado na areia mole, embaixo das tabuas.
O Estádio realmente estava lotado, como não tinha alambrado, era só uma cerquinha
baixa de madeira, onde os torcedores em pé se encostavam para melhor ver o jogo, pas-
sei agachado por entre as pernas dos torcedores e sentei-me no chão, do outro lado da
cerquinha, quase na risca do gramado, não tinha uma boa visão de todo o campo, mais
vi seu Milosa, o Bandeirinha, quase pular de contente pelo gol marcado pelo Quarentin-
ha, jogador do seu Botafogo. O seu Milosa era torcedor fanático do Botafogo, ele e
Um bom jogo de futebol que assisti, foi do Imbituba Atlético Clube contra o maravilho-
timão, com grandes jogadores, a começar pelo ótimo goleiro Rubão, Ladinho, Madurei-
ra, Gibi, Edésio, Tenente, Galego etc... Esse grande time, tinha como presidente, Sr.
Dite Freitas um baluarte no futebol de Santa Catarina e do Sul do Brasil.
Esse time do Metropol, que no início da década de sessenta veio jogar em Imbituba, tin-
ha sido vice-campeão Brasileiro, da Copa do Brasil jogando contra, o também bom time
do Botafogo Clube e Regatas, que foi declarado campeão depois de grande confusão fo-
ra de campo, em virtude do Metropol Esporte Clube, não ter conseguido viajar a cidade
do Rio de Janeiro, para um terceiro jogo, em razão de atraso de voo, ou de não ter podi-
do viajar, em razão de mal tempo. O primeiro jogo foi no Estádio Mario Filho, o Ma-
Esse jogo amistoso e festivo em Imbituba, contra o Atlético, que tinha um bom time po-
is tinha contratado bons jogadores, vindo do futebol carioca, para participar do Campeo-
nato Catarinense daquele ano. O jogo nesse domingo a tarde, começou com um ven-
tinho sul, frio e gelado, o jogo estava bom, terminou o primeiro tempo zero a zero.
Na volta para o segundo tempo, além do vento frio que soprava, caia uma chuvinha fina
gelada, os jogadores do Atlético voltaram para o segundo tempo com o seu mesmo uni-
forme, em sua tradicional camisa azul, calção branco e meiões azul, já os jogadores do
com detalhes em verde na gola e mangas, calção e meiões verde, voltaram para o segun-
até então, não tinha visto ainda, nenhum time jogar com camisas de manga comprida.
O jogo recomeçou com o trilar do apito do juiz, Itamar Barcelos, os jogadores do Atléti-
Os jogadores do Metropol começaram a tocar a bola, a jogar e fazer gols, um a zero, do-
is...seis a zero, era inacreditável o que via naquele jogo, naquela tarde de domingo.
Será que a mudança de uniforme de um time de futebol de um tempo para outro, pode-
no resultado final de uma partida de futebol. Não que o bom time do Metropol Es-
porte Clube, não pudesse colocar seis ou mais gol no time do Imbituba Atlético Clube.
Até hoje lembro o olhar dos jogadores do time Imbitubense, para os jogadores do Me-
tropol entrando em campo, naquele domingo de chuva fria, em seu uniforme totalmente
A MENINA DO CIRCO
Esse circo era de teatro, Circo Teatro Garcia, que acampou no pasto em frente ao Grupo
Escolar Henrique Lage, mesmo local em que todos os circos, e parques de diversão, ins-
talavam-se. Não lembro se foi o único, mais teve um circo, se não me engano, o Rus-
so, Circo Wostok que não se instalou no Largo da Matriz. Sua lona foi levantada num
terreno baldio, entre o Estádio do Imbituba Atlético Clube, e a Rua Irineu Bornhausen,
em frente a Casa Mariana. Num dia de sessão num sábado a noitinha, no circo Teatro
Garcia, fui assistir junto com amigos a peça “Entre a Cruz e a Espada” uma das mocin-
has que trabalhava na peça, tinha mais ou menos a minha idade, era a década de sessen-
ta, devia ter uns quatorze anos, durante todo o tempo que representava no palco, ficava
olhando na direção em que eu, estava sentado, junto com outros garotos.
Eu notando seu interesse em olhar em nossa direção, comecei a olhar fixo para ela, que
parecia corresponder. Acabou a sessão fui para casa pensando na menina do circo.
são do sábado, para assistir a peça “ O Lobo Mau e o Chapeuzinho Vermelho”, quem
fazia o papel do chapeuzinho vermelho era a mesma menina, que fiquei trocando olha-
res na sessão do sábado. Como a distancia do palco, até onde eu estava sentado era
pouca, o meu olhar em direção da garota ficou notório, e o dela também em minha dire-
ção, fiquei ouriçado, é para mim que ela esta olhando, pensei.
Acabou a sessão já era noitinha, fiquei ali pela frente da entrada principal do circo con-
versando com amigos, já tinha bastante gente esperando para entrar, para a próxima ses-
são, aparece saindo por de trás da lona do circo, vindo em direção da pipoqueira, a me-
nina da troca de olhares, ela olhou para mim e riu, eu ri também, fui até a pipoqueira e
comprei pipoca, lhes ofereci, ela aceitou, talvez por educação, ficamos ali conversando,
até que ela se despediu, dizendo que ia entrar, pois tinha que se preparar para a próxima
sessão, perguntei seu nome, ela respondeu. - Maria Luisa, com “S”! - Emendando per-
guntou ela. - E o teu? - Lhes respondendo falei. - É Dalzo, com ”L’. - Vem aqui no cir-
co amanhã a tarde. - Pediu ela. - Venho sim. - Lhes respondi, saindo dali radiante de
alegria. Na segunda feira depois da aula, voltei para conversar com a Maria Luisa co-
mo tinha prometido, voltei no outro e depois no outro, nos tornamos amigos, e namora-
dinhos, em nossos quatorze anos. Até que chegou o dia do Circo Teatro Garcia, se-
guir seu caminho em direção a outras cidades, e com ele foi junto, minha namoradinha.
Até chequei a Pensar em ir junto, não faltou convite, mais pensando bem, o que ia fazer
Os animais e aves, desde que morava no Bairro Cantagalo, sempre fizeram pare de min-
ha vida. As galinhas sempre tivemos em nosso terreiro, como também perus, patos e
marrecos, principalmente depois que mudamos para a nova casa em frente da usina, na
Av. Dr. João Rimsa, onde tinha lagoas e riachos. Animal como a Cabra, desde meu
nascimento sempre tínhamos uma, com cria e dando leite, pois tão logo findava a qua-
rentena gestativa de minha mãe, e com o retorno dela ao trabalho, nossa alimentação de
criança ficava prejudicada, onde era completada com o leite de cabra, que diziam ser o
Tia Lilina, que de mim cuidava desde que nasci e também de todos os meus irmãos, di-
zia que éramos saudáveis, e bonitos, graças ao leite de cabra. Um outro animal que
lembro e teve grande movimentação em nosso terreiro, foi a de um porco vermelho cria-
do de meia com tio Quedo, irmão de meu pai. O Suíno chegou para que fosse criado
em nosso quintal, filhote, bem pequeno, mas cresceu tanto, que parecia um terneiro.
O tio Quedo e meu pai, meeiro, resolveram matar o porco. Um domingo pela manhã,
chegou tio Quedo com a esposa tia Tereza, e a fila de filhos atrás, logo chegou tio Jóca,
outro irmão de meu pai, com a esposa tia Mariza, também com a fila de filhos, naquele
tempo não tinha televisão, o divertimento era fazer filho. Eram tantos primos, quase
todos da mesma idade, mais eu e meu irmão, dava um time de futebol, com dois pontei-
ros rápidos, os baixinhos, Catuta e Fedoca, fomos todos então para o campinho do pas-
tinho do Vinoca, jogar bola, era os Amorim, contra a gurizada da rua. Depois do
jogo, quando de volta para casa, o movimento em nosso quintal era grande, já tinham
matado o porco e à água para pelar o porco, fervia dentro de um latão. Com o porco
pelado com água fervendo, abriram-no pela barriga, desde o pescoço até o rabo, foi re-
perníls traseiros e dianteiros, costelas, lombo, etc..., as tripas foram levadas por tia Li-
lina e tia Tereza, até a lagoa para lavar as tripas e serem reviradas do avesso, com o pau
de virar tripas, para fazer a morcilhas, o couro com a gordura (toicinho) foi fervido para
No final da tarde de domingo, tudo acabado, a carne do porco dividida entre as três fa-
mílias, a nossa, a do tio Quedo e a do tio Jóca que matou o porco, homem bem carnicei-
ro, o tio Jóca. Etá porco para render, até a dona Chica, nossa vizinha, ganhou carne,
banha e torresmo, ela tinha que ganhar mesmo, pois volta e meia, o porco quando vivo,
estava no quintal dela, fuçando tudo. O berro do porco deve te ficado com o seu Vi-
A VENDA DE LANCHES
As aulas no ginásio à noite, no inicio da década de sessenta, era uma realidade na cidade
de Imbituba, principalmente para as pessoas que trabalhavam de dia, e o dia todo, mais
queriam fazer o curso ginasial. Como os alunos que estudavam a noite, em sua ma-
ioria, iam de seus empregos, diretos para as aulas, no colégio, eu e meu irmão, começa-
mos a vender lanche na hora do recreio aos alunos do período noturno do curso ginasial,
torrávamos amendoim para fazer torradinha salgada, nosso diferencial na venda da tor-
radinha era o tamanho maior da canequinha de medida, vendíamos tudo rapidamente.
Da torradinha passamos a vender outros produtos como a banana recheada, pastel de ba-
nana, feitas por mim, que também vendíamos rapidamente, pois colocávamos por cima,
depois de fritas, canela misturada ao açúcar. A puxa-puxa de melado que meu irmão
fazia, não ficava melequenta, nem vidrada, ficava sempre no ponto, só ele acertava esse
ponto da puxa-puxa, que também era vendida rapidamente, como também as orelhas de
gato, com canela misturada ao açúcar por cima, depois de fritas. Os outros garotos,
amigos e conhecidos, que também vendiam lanches, ficavam brabos, diziam que íamos
nanas recheadas com canela misturada ao açúcar, e as puxa- puxa que vocês também
vendem, é maior que as nossas, assim não da. Na verdade eles tinham razão, já que
tudo que vendíamos, não era para ter grande lucro, o queríamos era vender tudo que le-
era menor e descontado na folha de pagamento do meu pai. O dinheiro da venda dos
produtos que vendíamos na hora do recreio dos alunos do ginásio a noite, era para irmos
O total dos filhos de meus avós eram quatorze, todos nascidos na cidade de Garopaba.
O filho mais velho, tio Alcino casou com Pedrolina e tiveram treze filhos, sempre mora-
ram em areias do Macacú, em Garopaba, como o tio Zeca, este nunca quis casar, depois
de muito tempo, foi morar na cidade de Imbituba, como todos os outros irmãos.
Tia Lilina e tia Eugenia nunca quiseram casar, tia Dalila casou com o Paulo que era em-
barcado, era da Marinha Mercante e tiveram uma filha, tia Custodia casou com Antonio
pescador artesanal, tiveram cinco filhos, tio Abelardo casou com Sofia, tiveram dez fi-
lhos, tio Jóca casou com Mariza tiveram nove filhos, tio Quedo casou com Tereza, tive-
ram tantos filhos, que perdi a conta, eram uns dez, tio Luiz casou com Judite, tiveram
quatro filhos, Tio Valmo casou com Zair tiveram cinco filhos, tio Nelo casou com Olin-
da tiveram um filho, viúvo casou com Ruth tiveram dois filhos, meu pai Joaquim casou
com Benta tiveram quatro filhos, tio Osmar não conheci, só por uma foto num porta re-
trato amarelado, pendurado na parede da sala da casa de meus avós, morreu solteiro afo-
Cia. Docas de Imbituba. Acho eu que, como tio Osmar trabalhava na Companhia Do-
cas, e solteiro, meus avós quando vieram de Garopaba, para morar em Imbituba, vieram
Meus avós por muitos anos moraram na Rua 3 de outubro, tinha como vizinhos do lado
esquerdo da casa seu Odócio, o vizinho do lado direito, não lembro o nome, o que lem-
bro é que ele tinha duas filhas muito bonitas, depois compraram uma casa na Av. Santa
Catarina para onde se mudaram. Na nova casa tinha como vizinhos do lado esquer-
do, seu Amâncio e família, pai do Joãozinho dos Clayton´s e da Elis que cantava muito,
o vizinho do lado direito, só lembro a fisionomia. Quando meus avós ainda vivos, a
casa deles nos sábados e domingos, vivia sempre cheia, pelos filhos e respectivos cônju-
ges e filhos. Quando um dos filhos não aparecia em um desses dias na casa dele, meu
avô Dorvalino, mandava alguém na casa daquele filho, que não tinha aparecido, para sa-
ber o que tinha acontecido, para o filho não ter aparecido. Nunca esqueci dessa filoso-
HISTORIAS DO AVÔ
Sobre meu avô, paterno, muitas histórias eram contadas, Lilina, uma de suas filhas con-
tava que, o pai ainda jovem, junto com o pai, avô dela e meu bisavô, no final do século
dezenove faziam regularmente de barco, travessia desde a ilha de Santa Catarina, Floria-
do tipo, enfim mascateando. Dizia tia Lilina, que seus avós paternos, parecia que mo-
ravam no bairro do Saco dos Limões em Florianópolis, segundo conversa que ela escu-
tava do pai, em proza com outras pessoas, no seu armazém na casa nos morrinhos, onde
moravam. Contava meu pai, que em meados da década de trinta do século passado,
ele fez uma viagem a cavalo, junto com o pai, meu avô, de Garopaba à Florianópolis e
vice-versa, costeando o mar por terra, passando por todos os vilarejos, para comprar
mercadorias para comercializar em seu armazém. Dizia também meu pai, que o pai
dele falava, que gostava dessas viagens a cavalo, porque podia passar por todas as loca-
lidades para conversar com os amigos e antigos compradores das mercadorias do pai de-
le, quando mascateavam juntos. Meu pai contava ainda, que meu avô, volta e meia,
reunia alguns peões e partiam como tropeiros, para comprar gado e cavalos no Planal-
to Serrano, na região de Lages e São Joaquim, eles saiam de madrugada da frente do ar-
mazém, seguiam por Paulo Lopes, Palhoça e Santo Amaro da Imperatriz em direção ao
Planalto Serrano. Quando voltavam depois de muitos dias em viagem, era uma festan-
ça no terreiro da casa grande. A tia Pedrolina, esposa do tio Alcino, filho mais velho
de meu avô, contava que em uma dessas viagens ao Planalto Serrano para comprar gado
o marido contava que na volta da Serra Lageana, fizeram uma parada, das muitas, na re-
gião da Palhoça, como sempre faziam para pernoitar, descansar os animais e também os
peões. Nessa Pousada um rapaz fez uma proposta de compra de uma vaca, por quin-
hentos réis, ao peão responsável pelo rebanho, o peão disse que não, e que a vaca valia
pelo menos duas vezes mais, o rapaz insistiu tanto que o peão disse que ia falar da pro-
posta dele com o patrão, seu Dorvalino. O Meu avô perguntou ao peão, quem tinha
feito a proposta de quinhentos réis pela vaca, o peão deu o nome e apontou para o rapaz,
meu avô de longe olhou para o rapaz, mandou vender a vaca, conforme a proposta que
ele tinha feito. Depois vieram a saber que o rapaz era um filho dele fora do casamen-
to, das muitas viagens e paradas na Palhoça, sabe-se lá quantos filhos, meu avo deixou
por ai, eram tantas as paradas. A tia Lilina contava, que em uma dessas viagens do
pai, além de gado e cavalos ele comprou uma carga de feijão para vender em seu arma-
zém, era uma carga grande, estocou toda carga em sacos, no paiol da casa grande, espe-
rando a entre safra para vender o feijão por um preço melhor. Ele esperou tanto pa-
ra colocar o feijão a venda, que quando resolveu vender, estava apodrecendo, perdendo
O prejuízo foi tanto, a decepção maior ainda, que decidiu não mais comercializar nada.
Com o tempo fechou o armazém, deixou Garopaba com a família vindo morar em Imbi-
tuba, ficando a casa grande nos morrinhos, aos cuidados de um filho solteirão, tio Zeca,
e de uma filha de um casamento anterior, tia Inocência, com seu marido e duas filhas,
cuidando do seu patrimônio.
A REVOLUÇAO DE “64”
No mês de abril de 1964, eu, meus irmãos e alguns primos, tivemos que deixar a cidade
de Imbituba as pressas, para passar um tempo na casa de nossos avós em Garopaba, co-
locamos roupas nas malas e sacolas, para ficar quanto tempo não sabíamos.
Com as malas prontas e cheias de roupas, saímos em direção a frente do portão da Cerâ-
mica, parada do “pica fumo”, nome carinhoso do ônibus do seu Pióca, que fazia a linha
de Imbituba a Garopaba, e vice versa. Nessa viagem, foram vários primos, filhos do
tio Joca, tio Quedo, tio Abelardo, tio Luíz e tio Valmo, nos acompanharam também a tia
Lilina, tia Dalila e nossos avós paternos. Ao certo não sabíamos muito bem o que es-
tava acontecendo, o que sabia é o que meu pai tinha nos contado, que deveríamos ir para
o começo da ditadura militar, embarcamos no velho ônibus, nos acomodamos nos ban-
cos ainda não ocupados, lotamos, agora era só esperar a hora da partida, para Garopaba.
O ônibus do seu Pióca, fazia duas viagens por dia, uma pela manhã, de Garopaba para
A hora chegava, a ansiedade também, por já estarmos sentados a bastante tempo a espe-
ra do motorista, seu Pióca, ele chega, entra pela porta do ônibus, para no ultimo degrau
da escada, fica olhando para o interior do veiculo lotado, como se procurasse alguém, e
procurava sim, procurava seu filho o cobrador, que estava sentado no fundo do ônibus,
na cozinha conversando animadamente. Seu Pióca, fez um gesto com a cabeça e foi
sentando-se ao volante, enquanto seu filho ia para a frente, pegou o ferro da manivela,
ao lado do pai, desceu do ônibus para virar o motor, girou o motor uma vez, duas, o mo-
tor pegou, ele subiu, o motorista fechou a porta, então partimos. O ônibus desceu pe-
la Vila Operária, em direção a “Cancha” Av. Duque de Caxias, seguiu pela Rua da Praia
na frente da Igreja, que serviu para descontrair os passageiros, alguns saltaram para to-
mar um café e fumar um cigarrinho, depois de tanta poeira da estrada de chão batido.
Todos embarcados, seguimos em frente, na direção do nosso destino por mais outro tan-
to de estrada empoeirada. Nova parada, agora em frente a casa do seu Pióca, ele des-
liga o motor, desce do ônibus, o filho na frente o pai atrás, entram na casa, ficam por al-
guns minutos, eles foram tomar um café com mistura, falou um dos passageiros, para
que todos escutassem, que nada foram tirar água do joelho, dizia outro, as insinuações
eram varias. No retorno do pai e do filho ao ônibus, todo o ritual da partida, seu Pióca
antes de sentar ao volante, olha para o interior do ônibus, como se contasse os passagei-
ros, o filho com a manivela na mão, sai para fazer o motor funcionar, gira uma, duas ve-
zes, o motor pega, o motorista coloca o veiculo em movimento, e diz, vamos em frente.
nova parada só em Garopaba, é o que esperávamos. Enfim foi assim, tia Lilina solici-
citou ao motorista que parasse na frente da casa do tio Biléca, descemos todos do ônibus
com nossas bagagem, o ônibus ficou quase vazio. Ao lado da casa que ficava na beira
da estrada, parado embaixo dos eucaliptos estavam dois carros de boi e ao lado deles tio
Zeca e um dos primos, o Osmar filho do tio Alcino e tia Pedrolina, que nos levariam até
nosso destino. Tia Olina esposa do tio Biléca com a mesa posta, fez todos nós entrar
para tomar um café reforçado, pois tínhamos mais uma hora de carro de boi pela praia,
Depois de tomarmos um bom café na casa de tio Biléca e tia Olina, nos despedimos e
embarcando nos carros de boi todos os que vieram de Imbituba, com exceção dos filhos
de tio Abelardo e tia Sofia, que ficaram no centro da cidade de Garopaba, em uma casa
de uma prima ou irmã da mãe deles, não sei ao certo o grau de parentesco.
Seguindo pela praia os carros de boi cantavam com suas rodas afundadas na areia fofa,
era noite escura, quando chegamos na casa de nossos avos, onde meu pai e os demais ir-
mãos nasceram, pela primeira vez nos meus treze anos estava conhecendo a famosa casa
A casa era realmente bem grande para a época, era tipo os casarões dos coronéis, senho-
res donos de engenho e de escravos, no tempo do império, suas paredes grossas, foram
A casa e as terras eram administradas pelo tio Zeca, que lidava com o gado e à agricul-
tura, junto com tio Hermínio, marido de tia Zezé, que administrava a casa com ajuda das
duas filhas, Bilica e Gloria. Tia Zezé e dois outros irmãos, Anselmo e Clemente eram
filhos de um casamento anterior de meu avô. A casa ficava virada, para a estrada ge-
ral dos morrinhos, de chão batido e empoeirada, era caiada de branco, com as aberturas,
janelas e portas, quase na madeira pintada num azul, já gasto pelo tempo, na frente a ca-
sa, tinha três portas de duas folhas, na vertical, que no passado certamente serviram co-
mo entrada dos fregueses, para o sortido armazém, mantido por meu avô durante anos.
No seu lado esquerdo a casa tinha três janelões e uma porta que dava para o terreiro des-
cendo por uma escada de dois lados, no seu lado direito a casa tinha uma porta e quatro
janelões, onde eram os quartos, todos virados para o mar, com uma vista maravilhosa de
cartão postal, de parte da praia o Siriú e do costão que dividia a praia do Siriú da longa
praia de Garopaba, a do centro. Nos fundos da casa ficava a cozinha com seu enorme
fogão a lenha, que era mantido aceso praticamente o dia todo e parte da noite, onde um
bule cheio de café estava sempre bem quentinho, em cima da chapa quente de ferro com
varias bocas, onde eram colocadas as panelas para cozinhar, na cozinha ficava a dispen-
sa onde eram guardados os mantimentos, usados no dia a dia da casa. Uma porta de
duas folhas na horizontal, quando a porta de baixo fechada e a folha de cima aberta ser-
via como janela, tipos de porta essa muito usadas naquele época.
Essa porta de duas folhas na horizontal, na cozinha, dava para o quintal atrás da casa, e
ao terreiro do lado esquerdo da casa onde eram criadas as aves domesticas e ficava tam-
bém um porão onde eram guardadas as ferramentas usadas na lavoura, os arados, carros
de boi, enxadas e pás, etc...., no porão também eram guardados os produtos colhidos na
nada vimos, aja visto a escuridão, pois naquela época não tinha luz elétrica, era na base
negócio a fazer era dormir. Eu pelo menos consegui dormir, dormi que nem um an-
de tio Alcino e tia Pedrolina, nos morrinhos, o arado na lavoura, revirava a terra para re-
tirar a mandioca para à farinhagem. Enquanto na cozinha da casa, tia Pedrolina, Ma-
ria sua Filha mais velha e tia Lilina, preparavam o almoço do pessoal, que estavam na
de nossos tios, como a Antonia e a Leonilda, mais também as que vieram de Imbituba,
como as minhas irmãs Eliane e Evonete, e as primas como a Elizete, a Glorinha, a Tere-
zinha e outras sob os olhares de tia Dalila, debulhavam as espigas de milho, no interior
do paiol ao lado da casa, onde tinha uma moenda de cana de açúcar, com os cochos re-
pletos de melado, para fazer o açúcar grosso. Tia Lilina sempre alegre, tia Pedrolina
mais ainda, se davam tão bem que pareciam irmãs e não cunhadas, já tia Dalila uma sar-
gentona, sempre com ar de durona, mandona, de vez em quando saia do paiol e ia até a
Com o almoço quase pronto, ao ponto de ser levado para a mesa, tia Lilina com minhas
irmãs e a Antonia pela mão, foram até o engenho de farinha, chamar todos que estavam
na lida, para almoçar. O almoço era galinha criada no terreiro, ensopada, arroz, ma-
carrão e pirão de feijão. Os adultos que não eram poucos foram sentando nas cadeiras
ao redor da mesa, outros se espalharam sentando em bancos com o prato no colo, as cri-
anças como eu, sentamos numa esteira esticada no chão do rancho, com seu prato de
barro avermelhado, tia Lilina colocava o pirão de feijão, a Maria colocava o arroz e o
macarrão, tia Pedrolina colocava o conduto, um pedaço de galinha ensopada e o molho,
teve gente que escondia, o naco de galinha no meio do pirão, para ganhar outro pedaço.
O Tião e o Dorval não eram fácil, pareciam estar sempre com fome.
Depois do almoço, não tinha descanso não, a volta a lida no engenho e na roça foi até a
noite, quando então de carro de boi, com tio Zeca na boleia, nos levou de volta a casa
grande.
A casa grande que, quando chegamos já noite escura, muito escura, como ainda não tin-
ha luz elétrica e a iluminação era com lamparinas, as famosas pombocas, que queimava
os quartos que de dia já eram escuros a noite nem com as lamparinas iluminavam bem,
era quase um breu de escuro. Mas quando amanhecia, e na janela olhando o oceano
vendo os navios mercantes e até navios de guerra, passando no horizonte, tia Lilina fala-
va que o perigo era o mesmo, estando aqui em Garopaba ou em Imbituba apesar do por-
to, se um navio de guerra desse um tiro de canhão, mesmo atirando de alto mar, poderia
atingir nossa casa aqui na praia do Siriú. Os nossos dias eram passados, entre a casa
caminhando pela estrada de chão batido e empoeirada ou pelo caminho entre as dunas,
dos combros de areia. A hora de voltarmos para nossa casa em Imbituba chegava e a
saudade começava a fazer cosquinha, abrindo um vazio no peito. Foi a primeira e ul-
tima vez que estive na casa do engenho de meus tios Alcino e Pedrolina, nas areias do
Macacú e também na casa grande de meus avós, na beira da praia do Siriú, ao lado do
Na volta para Imbituba no mesmo ônibus do seu Pióca, a mesma estrada, as mesmas pa-
no mesmo lugar, igual como quando saímos, não teve invasão de revolucionários, a vida
continuava a mesma, até os brinquedos que escondemos embaixo da cama para que os
zer parte novamente da cidade, só que agora o País não tinha uma democracia plena, e
sim uma ditadura, ferrenha e burra, com gente inocente presa, que diziam fazer parte do
“grupo dos onze”, que na verdade nunca ficamos sabendo, se realmente aquelas pessoas
UMA FAMILIA
A casa dos Milosa, para mim e outros amigos, com certeza, era a extensão do campinho
do pastinho do seu Vinoca e também de minha casa. Tantas eram as horas que passa-
vamos no terreno de sua casa, horas brincando, outras embaixo das laranjeiras chupando
no bambuzal cortando bambus, para fazer arapucas, para pegar marrecas d’agua, mergu-
lhões e piriás de anzol no banhado, e principalmente pescar de caniço nas águas da La-
goa da Bomba, nos fundos do terreno da casa deles. Teve um ano que a tristeza aba-
teu-se sobre a família dos Milosa, seu filho mais velho, o Jair, amigão de todos os garo-
tos que jogavam bola no campinho do pastinho do Vinoca, foi mordido por uma cobra
jararaca, ao passar pelo caminho no meio do mato ao lado da cerca do quintal da casa do
seu Bica, quando levava uma trouxa de roupa suja para sua mãe dona Geralda, lavar nas
águas dos riachos das lavadeiras. Não vi estava na escola, mas disseram que foi uma
correria, levaram o Jair, as pressas para o hospital, para que aplicassem, uma vacina an-
ti ofídica. Como a vacina não fazia o efeito necessário, ele passou por maus momen-
tos, até que teve alta do hospital, para recuperar-se em casa. Lembro que nós os ami-
Enquanto uns estavam na escola, outros lhes faziam-lhes companhia, só para não o dei-
era tempo de um álbum de figurinhas de futebol, seu Milosa, comprava pacotinhos das
figurinhas quase todos os dias, enchi um álbum, só com as figurinhas duplas do Jair.
Passou trabalho o mais velho dos filhos dos Milosa com promessa e tudo curou-se, mais
não come o peixe papa-terra até hoje, não importa sobra mais papa-terra, para nos, que
PREPARAÇÂO EUCARISTICA
Igreja Matriz de Nossa Senhora da Conceição, eu com onze e meu irmão com dez anos,
ser praticamente, da minha altura, embora eu fosse um ano mais velho, fizemos todas as
aulas do curso de catequese, com as catequistas, dona Orentina e dona Etelvina, da Con-
tradas, na Casa Mariana, na Rua Irineu Bornhausen, depois essas aulas passaram a ser
ministrada, nos primeiros bancos da Igreja Matriz. Na catequese, além das orienta-
ções para a primeira eucaristia, tínhamos que decorar e aprender varias orações, como já
sabíamos algumas de cor, ensinadas por tia Lilina, ficou mais fácil aprendermos outras
orações mais complicadas, como a Salve Rainha. Em uma dessas idas para as aulas
de catequese, que eu e o Paulo, amigo de infância e nosso vizinho, tivemos uma dessa-
vença, ficamos por muitos anos sem nos falar, tudo porque indo para a catequese juntos
com outras crianças amigas da mesma rua, num dia de chuva e com as ruas empossadas
d’ água, em nossas brincadeiras, ele joga uma pedra dentro da poça d’ água vindo a mo-
lhar-me e a sujar minha roupa com água suja de barro, corri atrás dele, brigamos, enfim
Os trajes para nossa primeira comunhão tivemos que comprar em Laguna, meus pais, eu
e meu irmão embarcamos num vagão de passageiros, na estação ferroviária perto da Ca-
pela de São Pedro, na Zona Portuária e partimos para a cidade de Laguna, na época de
comércio muito mais forte do que, o de Imbituba. Esses vagões de passageiros eram
to, desde a primeira na Vila Nova, Roça Grande, Barbacena e finalmente, na estação do
centro da cidade de Laguna, perto do Mercado Publico, a beira do cais da lagoa, chama-
era forte e concorrido, circulamos por diversas ruas e lojas, compramos tudo que preci-
sávamos, dois paletós, duas calças curta, na cor preta, duas camisas branca de mangas
comprida, duas gravatas borboletas, na cor preta, dois pares de sapato preto, dois pares
de meias branca, duas velas grandes e fina, dois livrinhos de catecismos e dois rosários,
enfim compramos tudo que era necessário para a cerimonia da nossa Primeira Comum-
hão, menos as fitas azul, que já tinham sido compradas no comercio de Imbituba.
Depois de tudo comprado para a nossa primeira comunhão, partimos para comprar para
meus pais, e minhas irmãs e tia Lilina que tinham ficado em casa, o que eles necessita-
vam para participarem, de nossa Primeira Comunhão, e da tradicional festa do dia oito
estação para pegar o trem, para voltarmos para casa, as mesmas paradas nas estações os
com amendoim doce, maçãs do amor, cocadas branca, pipoca, bolinhos em forminha de
papel, que meus pais iam comprando, conforme o gosto de cada uma de minhas irmãs e
tia Lilina, que tinham ficado em casa. O difícil foi depois de ter acordado cedo para
a viagem à cidade de Laguna, e ter caminhado por todas aquelas ruas, era chegar na Es-
tação Ferroviária em Imbituba, e ter de caminhar desde a Estação na Zona Portuária, até
COMO CATOLICO
pois tínhamos que nos preparar, para chegar com bastante antecedência na igreja, para a
missa festiva de primeira comunhão, às dez horas, banho tomado, tomamos nosso café,
A pé desde nossa casa, fomos em direção da igreja, nos encaminhamos para o fundo da
A hora chegava, a igreja estava lotada, o órgão toca uma musica, o coral começa a can-
tar, os coroinhas saem da sacristia acompanhados pelo Padre Itamar, em direção ao altar
em sua vestimenta branca, com detalhes em amarelo, os coroinhas tomam seus lugares
dois degraus abaixo, na frente do padre. O órgão agora toca uma outra musica, o co-
ral canta alto, desde o fundo da igreja entramos pelo corredor central caminhando em fi-
la dupla, meninos no lado direito, meninas do lado esquerdo, em direção aos primeiros
bancos, para tomar nossos lugares, bem em frente ao altar. Depois de todos sentados
em seus lugares, a missa tem seu inicio, no seu sermão, o celebrante da missa fala sobre
o valor eucarístico, diretamente a nós que pela primeira vez faríamos a comunhão.
Na hora da entrega da hóstia, era de um respeito que trago até hoje, recebi do Padre Ita-
mar, em minha boca, a hóstia, que representa o Corpo de Cristo, com um certo nervosis-
mo, de volta ao meu lugar no banco, fui me acalmando, fiquei tão tranguilo, que na ses-
são de fotos para recordação, ria toa, de todo o nervosismo que tive na hora da comum-
hão. Eu e o Evandro, meu irmão, nos posicionamos lado a lado, para o click, da má-
quina fotográfica, do fotógrafo, o seu Carlito, em nosso terno preto de calça curta, cami-
sa branca, gravata borboleta preta, meias branca, eu de sapato marrom escuro, e meu ir-
mão de sapato preto, na mão direita uma vela longa e fina com um laço de fita azul, um
livrinho de catecismo aberto, com um rosário pendurado passado no meio. Tenho até
hoje essa foto, que de vez em quando, passo os olhos nela, e sempre me vem as boas re-
cordações daquele dia, que infelizmente a maioria de todos nós, só vamos dando o devi-
A VACA HOLANDESA
Um animal que criamos em nosso quintal e que muito lembro, quando vejo um seme-
lhante, foi uma vaca holandesa. Tio Jóca, um dos treze irmãos de meu pai, comprou
de Imbituba, empresa em que ele trabalhava. Essa vaca e muitas outras, chegaram
tivos desses animais terem chegado ao Porto da cidade de Imbituba, não sei.
Não sei se foram confiscadas pela Vigilância Sanitária Portuária, ou se foram compra-
das para a Granja Henrique Lage e oferecidas aos funcionários que quisessem comprar
algum desses animais, já que nessa época, a Granja não mais criava gado.
Como morávamos perto de boas pastagens, onde poderíamos criar essa vaca no pasto,
tio Jóca, pediu a meu pai, que ficássemos criando essa vaca, até que ele resolvesse o que
fazer, se vende-la ou carne-a-la. O que ninguém sabia, é que a vaca estava prenha e
assim ficamos, cuidando dela por mais tempo. Um dia depois do almoço fui buscar
a vaca que estava pastando, vinha eu na frente, trazendo a vaca presa, pela corda amar-
rada no pescoço, de repente ouvi gritos, olhando para onde vinha os gritos, vi meu pai
na janela de nossa casa, fazendo gestos, para que eu olhasse para trás.
Olhando para trás, vi a vaca holandesa no trote, correndo atrás de mim, soltei a corda e
corri, em direção de um poste que tinha no meio do pasto e parei atrás dele, a vaca cor-
rendo parou na frente do poste e ali parada ficou. O Meu pai que já tinha saído da já-
nela, vindo em minha direção, pergunta-me se estava tudo bem, disse-lhes que sim, ele
pega a corda, enrola até próximo do pescoço da vaca e puxando, leva até nosso quintal,
onde um coxo com ração a esperava. O susto que levei, foi grande, depois contando
dava até para rir, da corrida atrás de mim da vaca malhada, em preto e branco, Holande-
sa.
Com meus pais e meus irmãos, em um domingo pela manhã fomos até a casa de tio An-
tonio e de tia Custódia, irmã de meu pai, para passar o dia. A pé caminhando, saímos
cedo de casa, passamos por toda extensão da Vila Operaria e ao lado da Igreja Matiz on-
de pela parte de cima da Rua Dr. Álvaro Catão, chegamos à Zona Portuária, passamos
A casa de meus tios ficava nos fundos do seu rancho de pesca, onde ele guardava as lan-
em frente ao rancho, fomos entrando pela enorme porta, o meu pai na frente, logo atrás
minha mãe e minhas irmãs, eu e meu irmão nem entramos, da frente do rancho mesmo,
saímos correndo em direção à praia, na beira do mar paramos, ali parado, junto com o
meu irmão, eu contemplava o cais do “ Porto Henrique Lage - Silo Álvaro Catão ”, tão
perto, e enorme, chamava mais atenção, pela cor escura da imensa “caixa de carvão” co-
mo era chamada. Nunca soube por que algumas décadas depois a caixa de carvão do
porto pegou fogo, queimou tão rápido o Monumento Histórico da cidade, que deu o que
pensar, pois eram tantos os boatos . Nós ali na praia brincando a beira do mar, chega
meu pai com minhas irmãs, o Adão e a Eva, filhos de tia Custodia e tio Antônio.
Nós todos juntos, começamos a caminhar pela praia, olhando as lanchas que chegavam
da pescaria em alto mar, até que a lancha de tio Antônio também chegasse.
Até que o Adão, filho de “Lobo do Mar” viu ao longe no horizonte, na virada do molhe
devagar, e o Adão ia colocando as toras de madeira embaixo da quilha, para que a lan-
cha deslizasse melhor até a praia. A lancha foi empurrada até onde à água das ondas
da maré não chegavam. A lancha já parada e calçada com cavaletes dos dois lados,
Tio Antônio que conversava com meu pai, foi até a lancha, tirou do fundo dela alguns
peixes para levar para casa, deu algumas instruções aos ajudantes de pescaria, e saímos
Nós crianças estávamos em frente ao rancho brincando, chega tia Custodia e minha mãe
chamando para que fossemos almoçar. A tarde passou, cansados da volta a pé para
casa foi só tomar um bom banho, deitar para dormir e sonhar com os anjinhos, como di-
zia tia Lilina, mais não antes de rezar, pelo menos o “Pai Nosso Pequeninho”.
Tempo bom que jamais voltará, a não ser em minhas lembranças, como agora estou re-
latando.
BESTEIRA DE ADOLECENTE
O Paulo da Chica, nosso vizinho e amigo desde criança, mais que desde as aulas de ca-
tequese em preparação para a primeira comunhão, não nos falávamos em razão de ter-
me sujado com água de barro, depois de ter jogado uma pedra dentro de uma poça d’
Mesmo nossos pais terem tentado fazer nós ficarmos de bem e voltar a nos falar, conti-
nuávamos de mau e sem nos falar, mesmo fazendo a primeira comunhão juntos naque-
amigos, saíamos junto com outros amigos, mais diretamente não nos falávamos.
Uma noite, na casa do seu Sadi, pai do Paulo, era um reboliço só, a choradeira e os gri-
tos da dona Chica era entristecedor. O Paulo ainda menor de idade, tinha sido balea-
do, quando se encontrava no forro, dentro das Lojas Irmãos Candemil, junto com um fi-
lho, de um dos donos, furtando, foi o que disseram, quando um policial o baleou.
Ele depois de ter sido baleado foi levado ao hospital São Camilo, onde não se atreveram
Levaram-no para São Paulo, também não deram jeito, voltou paraplégico, internado no
Hospital São Camilo ficou por vários anos, depois foi para casa, tentar ter uma vida tra-
Só para deixar registrado, eu já adulto, e meu pai internado no Hospital São Camilo
tentando amenizar sua doença incurável “um câncer”, a pedido de meu pai, fui até o
quarto do Paulinho, todos o tratavam assim, para mim Paulo, foi onde então conversa-
mos pela primeira vez diretamente, depois de muitos anos. Ao entrar no seu quarto,
quando lhes dirigi a palavra, olhando em seus olhos, as lagrimas vieram aos seus olhos e
aos meus também, voltamos a nos falar, para minha alegria e a de meu pai também, que
depois de algum tempo internado, veio a falecer, no mês de setembro do ano de1.972.
Algumas vezes antes de conversar novamente com o Paulo, cheguei a pensar, e as vezes
ainda penso que, se naquela época, não o tivéssemos deixado se afastar tanto da nossa
turma, a de infância, talvez o que aconteceu com ele, não tivesse acontecido.
NOSSA PRAIA
A nossa praia, desde que me entendo por gente e que nela tomava banho, jogava futebol
pescava de tarrafa, de espinhel ou de coca pegando siri, é a mesma desde o costão perto
da ilha Sant’Ana de Dentro, ao largo, até a Vila de Itapirubá, aos pés do costão que divi-
A nossa praia daquela época de garoto, embora fosse uma só em toda a sua extensão, só
interrompida as vezes pelas águas da barra quando aberta, tínhamos varias praias sepa-
Ilha Sant’ Ana de dentro, até a frente do Imbituba Hotel, desse ponto até a Pedra Ferro
era a ”praia do centro”, a “praia do Araçá” que normalmente frequentávamos para tomar
banho, jogar futebol ou pescar, ia da Pedra Ferro até o fundo das casas do Araçá, já dos
fundos dessas casas até a boca da barra, era chamada de “praia da barra”, depois da bar-
Roça Grande”, e a “praia de Itapirubá” . A Nossa praia, de varias praias de limites ima-
ginários do tempo de criança, hoje conhecida e reconhecida internacionalmente, em to-
da à sua extensão por “ Praia da Vila ”, desde o costão na praia do canto, até a praia de
do canto como por nós era conhecida, onde por alguns anos em suas reconhecidas ondas
até apouco tempo foram realizadas algumas etapas do campeonato mundial de surf.
Essa nossa praia ou “nossas praias” são de uma beleza e simpatia de ficar emocionado,
Em uma pescaria de tarrafa com meu pai na Lagoa da Barra, à noite, foi misteriosa.
O verão já tinha ido embora, já estava frio, eu com um “gongá” no ombro na beira da la-
goa, acompanhava as tarrafadas, de meu pai. A cada tarrafada dada sempre vinha al-
guns camarões e tainhotas, nesse dia era mais camarão, depois de cada tarrafada ele vin-
ha até mim, com a tarrafa para tirar o que tinha pescado e colocar no gongá.
Meu pai tarrafeando chegou na parte mais funda da lagoa e também a mais escura, ao pé
do morro, ali tinha muita pedra e galhos de árvore caída. Ele tarrafeava bem, o pano
da tarrafa abria todo, num círculo quase perfeito como uma saia de baiana, na ala das es-
colas de samba, os peixes e os camarões, nessa noite, nem se batiam no pano da tarrafa.
Ele tarrafeava e vinha até mim, sempre com alguma coisa pescada, para tirar da tarrafa,
até que numa vinda dessas na beira da lagoa, veio só com a fieira esticada na mão, então
perguntei. - O que houve, quer um cigarro? - não! - Respondeu ele, e completando min-
ha pergunta respondeu. - É que a tarrafa ficou presa em alguma coisa no fundo, não sei
se é pedra ou se é em algum galho de arvore! - Falando a meu pai sugeri, amarrar a fiei-
ra numa pedra, com um chumaço de pirís, para servir como bóia e voltarmos no outro
dia cedinho, para então mergulhar e tentar tirar a tarrafa com segurança.
Ele concordando, falou. - É vamos fazer isso! Vou até lá dar mais uma tentada e ver se
consigo solta-la. Ele então foi até onde a tarrafa tinha ficado presa, a noite estava tão
escura que só via o vulto do meu pai, na água. Até que ele veio caminhando até onde
eu estava e com a tarrafa arrastando na água, falou. - Dalzo! Viste o cara que mergulhou
para tirar a tarrafa? - Eu nãopai! Pois não tinha mais ninguém pescando, além de nós! –
Lhes respondi. Ele retrucando falou. - Rapaz! O cara mergulhou na minha frente e
voltou a tona, com a tarrafa solta! Então agradeci, ele saiu caminhando na água como se
nada, fosse nada e desapareceu. Meu pai recolheu a tarrafa, ainda com alguns cama-
rões na malha e saímos rápido da lagoa em direção da praia, pela praia fomos direto pa-
ra casa, nem paramos para dar umas tarrafadas nas águas do mar, como meu pai sempre
IRMÃO SACANA
Na mesma Lagoa da Barra, eu não estava, quem me contou essa, foi meu irmão que, foi
pescar junto com meu pai e o tio Valmo irmão dele, de tarrafa na lagoa, na boca da noi-
te. Pescavam no canal a beira da lagoa, pois a correnteza era forte, já que a barra es-
tava aberta. Meu pai gozador, de vez em quando passava o pé por baixo d’agua, nos
pirís, de maneira que os pirís, surrassem na perna do irmão. O Tio Valmo muito me-
droso, reclamava do irmão falando. - Quinca, para com isso! - Quinca era o apelido do
meu pai. - Para de rossar os pirís, na minha perna! - O meu pai se fazendo de bobo per-
guntou ao irmão. - O que foi mesmo Valmo? - E já respondendo, falou que não estava
fazendo nada. - Estás sim! E não foi só uma vez, foi varias! Vou lá com o Vando fumar
um cigarrinho. – Falou o tio Valmo irritado. Na beira da lagoa com meu irmão, o tio
acendeu um cigarro, deu uma tragada e começou a conversar com meu irmão, falando
o que nosso pai estava fazendo. Meu irmão muito sacana e sabedor do medo do tio,
Contou meu irmão que tinham visto uma cobra enorme passando entre os pirís para rou-
bar peixes, do balaio dos pescadores na beira da lagoa. Dizia meu irmão que tio Val-
mo, escutava serio a conversa, não dava uma palavra. Acabava de fumar o cigarro quan-
do meu pai andando por dentro d’agua, vinha até eles para tirar os camarões da tarrafa
e colocar no gongá, que meu irmão carregava e já aproveitar para fumar um cigarrinho
também. Conversa vai, conversa vem, tio Valmo falou para meu pai, que não ia pescar
mais na lagoa não, meu pai perguntou porque, já que estamos pegando bastante cama-
rão, só vou tarraf ear na praia, meu pai respondeu, então tá vamos para a praia tarrafear,
pegar umas papa terra. O tio Valmo andando na frente em direção a praia, meu pai e
meu irmão mais atrás conversando, meu pai exclama, que bicho tinha mordido o irmão,
para ele não querer mais pescar na Lagoa da Barra. Meu irmão rapidamente respon-
deu, não sei não pai. Bem sacana os dois, tanto meu irmão, quanto nosso pai, nunca
mais tio Valmo, que eu saiba, não mais voltou a pescar a noite na Lagoa da Barra, para
No palco da Radio Difusora de Imbituba, nos sábados a tarde aconteciam bons shows de
calouros, apesentados pelo locutor Nilsomar Tavares ao vivo para toda a região da cida-
de Imbituba. O conjunto musical do Maestro Jú, com seu pistão, quando abria o show
dos pelo conjunto musical do Jú, e só eram buzinados pelo apresentador, quando a pla-
teia, reagia com vaias, caso contrario, iam até o final da musica cantando.
O final de cada show aos sábados era encerrado com o conjunto do maestro Jú e seu pis-
Tão, e com a cantora da cidade, Tania Pacheco, que de caloura passou a ser, a cantora
Curitiba e São Paulo. Tania Pacheco era uma cantora, a lá Wanderleia, com suas rou-
pas sex e insinuantes, expondo seu jovem corpo em mini saias, botas de cano longo, co-
locando suas bonitas pernas a mostra. Os rapazes como eu, ficávamos babando, pela
nossa cantora, maior, da época da jovem guarda, moradora de uma das casas da Vila o-
perária, mesma rua em que eu morava. Um dia nossa cantora partiu, não sei se para
casar ou para estudar, nunca mais vi nossa cantora dos “jovens guardas” de Imbituba.
Tenho saudade quando lembro dos shows, no auditório da Radio Difusora e também no
da casa Mariana, onde os shows de auditório passaram a ser apresentados, pois o da Ra-
dio tinha ficado pequeno, para tantos jovens, que iam participar desses shows.
Eu acho que, a Lagoa da Barra era formada por duas vertentes, olho d’agua, uma nascia
no pé do Morro do Mirim no Paes Leme, que por um riacho fino, a sua água descia, e ia
engrossando a medida que aproximava-se do mar, passando por baixo de duas pontes, a
da Estrada Geral de chão batido que levava em direção ao Bairro da Vila Nova, e a pon-
te da Estrada de Ferro. A outra vertente era na Lagoa da Bomba, que por um canal a
água passava também por baixo dos trilhos da estrada de ferro, entre o Araçá e a casa
da Barra de tempos em tempo enchia, enchia tanto que suas águas, avançavam até perto
das casas do Araçá, mais próximas do seu leito, já em direção ao mar, suas águas chega-
vam tão perto da maré, que quando alta, entrava na lagoa, forçando sua abertura.
Teve uma época, que ela estava tão cheia, que eu, junto com outros garotos, que toman-
do banho na lagoa, resolvemos dar uma ajudinha a natureza, fizemos com um pedaço de
pau um risco generoso na areia, desde a orla da lagoa até primeira onda da maré do mar,
dava uns dez metros, a onda da maré subia e descia, adentrando pouco a pouco pelo ris-
co na areia. Cada uma das ondas da maré que subia alargava o risco na areia, quantas
subiram pelo risco até a beira da lagoa não sei, o que sei, é que a noitinha quando o meu
pai chegou em casa do trabalho, convidou eu e meu irmão para pescar na lagoa, dizendo
que a lagoa estava aberta, para alegria dos pescadores de tarrafa que na lagoa pescavam.
Nessas ocasiões da Barra da Lagoa aberta, o barranco de areia que formava dos dois la-
dos da lagoa chegava a quase um metro de altura, não permitindo a passagem pela praia,
de carros, que iam de Imbituba, em direção a Vila Nova e Itapirubá, ou vice versa.
Virava uma pororoca, quando as águas das marés altas do mar, se encontravam, com as
NA ILHA
Na ilha Sant’ Ana de Dentro , em uma tarde de maré, bem baixa, muitos rapazes como
eu, na época, com mais ou menos quinze anos, fiz junto com meu irmão, a travessia do
costão para a ilha com certa facilidade, nadando por poucos metros, o canal próximo a
ilha. Subindo e descendo pedra, por uma das trilhas, chegamos ao outro lado da ilha,
de onde se tem uma visão maravilhosa do mar aberto e de uma piscina natural de água
salgada, no meio das pedras. Nas pedras ao redor da piscina natural, tinham vários
degraus, que conforme a altura de onde saltava-se, para mergulhar em sua água salgada,
o grau de dificuldade era maior, pela grande quantidade de ouriços na areia, no fundo da
piscina. Quando o mergulhador era afoito em seu salto, e tocasse com a mão ou os
pés na areia no fundo da piscina, podia contar que iria subir chorando, com muito espin-
hos de ouriço, fincado em seus membros. Quando algum rapaz, se metido fosse, e
não avisado dos ouriços na areia no fundo da piscina, os demais garotos deixavam-no se
estrepar, só para ver a cara do sujeito chorando, com os espinhos dos crustáceos, finca-
dos em algum dos membros. Numa dessas idas a ilha, eu e meu irmão, cismamos de
tirar mariscos nas pedras, abaixo da linha normal da água, os mariscos eram enormes,
pegamos nossas camisetas amarramos as mangas e colarinho, fazendo delas um saco en-
chemos com mariscos. O problema agora era levar o saco de mariscos até a praia,
tendo que nadar os poucos metros do canal perto da ilha, que a correnteza já começava
a ficar forte. Eu perguntei ao Evandro, meu irmão. - Queres ser o primeiro a passar
a correnteza? - Não! Vai tu. - Respondeu ele. Fui entrando na água devagar, indo até
a pedra mais afastada da ilha e mais perto do costão, entrei na água com o saco nas cos-
tas e comecei a nadar em direção a praia, com dificuldade e cansado consegui chegar ao
ponto em que achei poder colocar os pés no fundo, com a água quase no peito, suspirei
aliviado. - ufa! Consegui. Agora era hora de meu irmão, como ele de onde estava,
viu que eu tinha conseguido, deve ter ficado mais tranquilo, só tinha que fazer o mesmo
trajeto que eu tinha feito. Com as mesmas dificuldades que eu tinha tido, ele também
começou a ter, vinha bem, até que o saco escorregou das costas, molhado e bem pesado
foi ao fundo como uma pedra, meu irmão mergulhou para tentar trazer para cima, mais
não conseguiu, pois a correnteza era forte, até o saco já não mais estaria no mesmo lugar
onde afundou. Então de onde eu estava gritei, não adianta tentar pega-lo, já não deve
estar maus ai, vem embora deixa pra lá, temos o meu. Ele perdeu os mariscos e a ca-
miseta, eu fiquei com o marisco, mais perdi a camiseta, pois ela ficou tão larga, que não
deu mais para usa-la, teria que engordar muito e não seria o marisco que levamos para
casa, que comendo engordaria, pois foi pouco para nós todos em casa.
Também os mariscos daquele tamanho e gostoso como eram, foi um toque só, que coisa
NA OUTRA ILHA
Na segunda ilha mais próxima do costão do canto, a Ilha Sant’ Ana de Fora, quando se
vem caminhando pela praia no sentido sul, norte, chegando mais ou menos onde aflora-
va a Pedra Ferro, hoje quase em frente ao grande hotel na praia, olhando-se para o topo
da ilha, a olho nu, e com um pouco de atenção, deixando-se levar pela imaginação, ima-
gina-se ver numa pedra, o perfil de um gorila sentando, encostado no morro olhando sé-
rio na direção sul. A mesma direção, onde estão localizadas as ilhas de Itacolomí, em
sua forma oval e a das Araras, que mais parece uma tartaruga, nadando em alto mar.
Como o king kong, rei dos macacos, o gorila mais famoso das telas do cinema, apixona-
do pela mocinha, que as vezes ficava sério e tristonho, o nosso gorila de pedra, sentado
solitário, na parte sul da ilha, olhando com o seu olhar tristonho, em direção ao sul, será
que também tem a sua amada, será que com seu olhar sério, não procura olhando para o
sul a sua amada. Como a Ilha Sant’ Ana de Fora, fica na direção da desaparecida Pe-
dra Ferro, Pedra Ferro essa que em época de maré cheia aflorava as areias próximo aos
muitos combros altos da praia da vila, pois antigos já contavam ser ela encantada, quem
sabe o gorila de pedra, sentado em nossa ilha, com seu olhar serio ao sul não vigia algu-
ma coisa. Como dizia um amigo meu, quem duvida é louco, se já não ficou, ficará!
NA FABRICA DE MOVEIS
Meu irmão começou a trabalhar novo, com treze anos, acho que era o ano de 1.965, na
fábrica de moveis do padrinho, o tio Luiz irmão do meu pai, no setor de envernizamento
de móveis, que ficava nos fundos da fabrica, quase em frente do portão acesso ao interi-
or da Granja Henrique Lage, na Estrada Geral de chão batido, que ligava o centro da ci-
A frente da fabrica ficava na Av. Santa Catarina eo escritório em uma sala da frente da
casa onde residiam nossos tios e família na Rua Manoel Florentino Machado.
Em algumas tardes eu ia levar café e lanches para meu irmão no trabalho, na secção de
lustra moveis, que tinha como encarregado o tio Zeca outro irmão de meu pai, trabalha-
vam ainda no setor o Tibilo sempre muito engraçado, Orlando o gozador, e o Vando fi-
lho do tio Quedo. Quando eu ia lá, tio Luiz quase sempre estava no interior da fabri-
de moveis, como guarda roupas, camas, armários, criados mudo, cristaleiras e as arma-
No setor de estofados trabalha um outro primo o Batista, filho do tio Jóca irmão do tio
Luiz, colocando molas de ferro nas armações de madeira das camas e sofás.
Nãos só da fabrica de moveis tenho grandes e boas recordações, mais também da paste-
laria, montada numa casa no interior da fabrica de moveis que tinha servido como mo-
radia da família, que era tocada e administrada pela tia Judite, mulher querida e engraça-
da. Na pastelaria trabalhou, um outro primo, o Aquino filho do tio Alcino, outro irmão
de meu pai, que morava em Garopaba. Veio morar com tio Luiz e família, para ajudar
na entrega dos pastéis nos bares da cidade, quando ia na fabrica levar o café para o meu
irmão sempre passava na pastelaria para pedir a benção da tia Judite, só para comer uns
OS PRIMOS
Com os primos no final da década de cinquenta e início da de sessenta, que eram muitos
pois as famílias eram numerosas em quantidade de filhos, influencia de meus avós. Nos
finais de semanas, íamos todos para a casa de nossos avós paternos, enquanto os nossos
pais reunidos em torno de nossos avós, jogando conversa fora, contando cada um, o seu
problema, nós garotos nos embrenhávamos pela vegetação nativa dos morros e combros
de areia fina, no final da Rua Santa Catarina, ao lado da ultima casa da rua, nessa época,
a do tio Quedo, irmão do meu pai. Nossas brincadeiras giravam entre, as do faroeste
americano, com mocinhos, bandidos e índios, as de espada e escudos, armas usadas pe-
los soldados romanos, e a dos duelos de espadas, usadas pelos espadachins do reinado
Francês, Os Três Mosqueteiros. Nessa vegetação densa e arborizada com muitos ga-
lhos secos, quase sempre alguns de nós se machucava, então corríamos para a casa do
tio Quedo, para que tia Tereza colocasse mercúrio ou até ataduras de pano velho, para
que o corte em contato com areia, não viesse a infeccionar a área machucada, na volta
as brincadeiras. Essas nossas brincadeiras com os primos, iam a tarde toda, até que
viessem nos chamar para tomar um bom café com bolinho de chuva ou com fatia doura-
quintal ou na rua em frente da casa de nossos avós, eram brincadeiras de pega-pega, ca-
entravámos para acabar a brincadeira, para que elas viessem brincar conosco, as nossas
brincadeiras só acabavam, quando nossos pais, nos chamavam para irmos embora para
nossa casa. Família grande e com bastante primos, com idades diferenciada por pou-
cos anos, era uma festa.
O novo Cine Marabá, ainda do seu ventura e do seu sócio Sr. Abadi, um cinema moder-
no, em novo prédio e novo endereço, na Rua Nereu Ramos, em frente a marcenaria do
seu Tolentino, com fachada moderna, com marquise, que em dias de chuva protegia as
pessoas que iam até as duas bilheterias, para comprar o ingressos, para assistirem os fil-
mes. As vitrines, tanto as externas como as internas para expor os filmes em cartaz,
agora eram amplas e bem iluminadas. Uma porta larga dava entrada para uma sala
de espera espaçosa e bem arejada, com dois banheiros, um masculino, outro feminino e
uma bomboniér, com guloseimas para todos os gostos A grande sala de espetáculos,
com dois corredores dividindo em três as alas de poltronas, num declive, onde o expe-
tronas de trás, a tela era levemente côncava e panorâmica, especialmente para os filmes
prédio do cinema. Abaixo, na frente da sala de projeção, tinha o coreto com varias
filas de poltronas, como um balcão a frente, de onde debruçado, tinha-se ampla visão da
tela e da plateia nas poltronas da grande sala de espetáculo abaixo. Não fui à inaugu-
ração do Cine Marabá, nesse novo endereço, pois ainda era de menor, o Ricardo um ga-
roto e amigo de turma, filho do seu Rozendo, junto com a família foi a inauguração e fi-
caram no coreto, na parte de cima em frente à sala de projeção. Ele debruçado no balcão
olhando para baixo, passava um conhecido careca da cidade, que deu vontade de cuspir
na cabeça do cara, conhecendo o Ricardo, eu acho que ele chegou a cuspir, mais errou o
alvo, ele era bom na funda, mais na cusparada nem nas brigas ele acertava.
OS ANOS SESSENTA
Nos anos sessenta, no auge da jovem guarda, cantores como Roberto Carlos, Wanderle-
Ia, Erasmo Carlos, Jerry Adriane, Martinha, Vanuza e muitos outros, eram ídolos da ju-
ventude dessa época e referência para a maioria desses jovens, influenciavam no com-
portamento, no vestir, no corte do cabelo, que de cabelo curto, passaram a ser usados os
cabelos comprido, como o usado por Roni Von ou o dos componentes de conjuntos mu-
sicais como ”The Beatles”. Em Imbituba, os irmãos gêmeos Ailton e Amilton, encar-
naram os jovens componentes, do conjunto Inglês, nos seus cabelos compridos de fran-
ja, nas camisas modelos camisolas com botões dourados, nas calças apertadas, os cintos
largos e botinha. Muitos garotos como eu, nessa época, além dos cabelos compridos,
usávamos as camisas, em estampas quadriculada, com gola alta tipo as usadas pelo can-
tor Americano Elvis Presley, calças apertadas com cintura baixa, os cinturões com five-
las enormes, botas de cano curto e salto carrapeta. Outra calça muito usada nessa é-
poca foram às chamadas, calças boca de sino, que abria uma boca, a partir do joelho pa-
ra baixo, muitos usavam três botões na vertical, parecia um sino quando a pessoa anda-
va, eram também apertadas, em tecido riscadinho, calças essas usadas por Giuliano Ge-
ma, o mocinho do filme “O Dólar Furado”, também por bandidos como Lee Van Cliff,
nos filmes de Django e também usadas pela maioria dos bandidos mexicanos que traba-
lhavam nesses filmes de faroeste. No final da década de sessenta e começo da de se-
tenta, as calças Jean Americanas em ”índigo blue” as famosas “ LEE ” e “ LEWIS ” que
quanto mais desbotadas, mais estavam na moda, era uma febre todo jovem homem ou
mulher, queriam ter uma dessas calças, jaqueta, camisa e até um macacão inteiro em Ín-
digo Blue. Vestimentas essas, usadas pelos trabalha dores rurais americanos, muito
vistas em filmes da época, e usadas por famosos cantores da jovem guarda, que influen-
ciaram os jovens no uso dessas calças, que quando começaram a chegar ao Brasil, eram
caras e vendidas em dólar. Virou Uniforme no Brasil, quem não tem, ou nunca teve
Eu fiz algumas pescarias de siri, com coca e facho a noite na praia de Imbituba, sempre
da frente do Araçá, até a boca da barra e vice versa. Teve uma dessas pescaria de siri
que ficou em minha memória até hoje, essa foi na praia do Gi, em Laguna.
O meu pai num dia de semana chega em casa às dezessete horas do trabalho, e tomando
um café rápido, convida eu e meu irmão para ir pescar siri na praia de Itapirubá, pronta-
mente respondi, que iria, fui colocando o calção, camiseta, e uma blusa mais quente, já
preparando para a volta, fui com meu irmão até a dispensa, um quartinho, onde guarda-
vamos os apetrechos de pesca, pegamos as cocas, um cabo forte de madeira que usava-
mos para pendurar fachos, archote, de estopas embebidos em óleo, para iluminar a água
do mar a noite, na pesca de siri. Saímos os três de casa a passos largos, com as cocas
zoito horas. O caminhão Mercedes Bens, de propriedade do seu Osni Souza, que era
usado para transportar azulejos da cerâmica de Imbituba, para a cidade de São Paulo.
Na primeira barraquinha ao lado do portão da Cerâmica, uns que iriam conosco, acaba-
vam de fazer lanche, outros conversando, esperavam o seu Adelfo chegar para assumir a
Seu Adelfo, encarregado da secção de transporte, brincando, chegou falando alto no seu
vozeirão, vamos embora, que os siris estão nos esperando, subindo na boleia do camin-
hão. Subimos na carroceria do caminhão, eu, meu irmão, meu pai, o Osmar, o Tuna e
o Bolinha, na cabina, além do motorista estavam o Pedro Cezar e o Bodinho, todos em-
pregados da cerâmica. O caminhão partiu em direção da Rua de Baixo, por onde en-
Tinha algum buraco nas malhas da rede e também amarrando, bem amarrado, os fachos
com arame e embebendo a estopa com gasolina, óleo queimado e graxa patente.
Passamos o povoado de Itapirubá, o caminhão entrou na praia do Gí, rodamos por uns
cento e cinquenta metros, ele parou, descemos todos da carroceria, cada um com o seu
apetrecho que iria usar. Era começo de noite de verão ainda estava claro para acender
os fachos, peguei uma das cocas e fui até a água, não caminhei muito e já vi siris daque-
les de garra azul, coquei um e mais outro, meu irmão cocando também pegava, cocando
caminhávamos em direção sul. Com as cocas cheias, íamos até à areia da praia, colo-
cavamos os siris no saco de linhagem, saco esse carregado pelo Osmar “ o Bolinha”.
Já estava escuro, o pessoal onde estava o caminhão parado, colocavam fogo na estopa
dos fachos, que depois de acesos, ao facheiros com ele amarrado na ponta do cabo de
madeira, seguiam para dentro do mar, andando na frente iluminando a água, enquanto
os cocadores, nos lados e atrás cocavam os siris, e bem mais atrás, vinha seu Adelfo e o
Pedro Cesar, arrastando o picaré. Eu, meu irmão e o Bolinha, a uns quinhentos metros,
esperávamos os facheiros para nos juntar a eles e cocar os siris na claridade dos fachos.
Pescamos por umas duas horas, o siri era tanto, que rapidinho enchemos quatro sacos
grande de linhagem, de siris, então paramos, o Pedro Cesar foi buscar o caminhão, en-
quanto ficamos ali esperando, e dividindo o quinhão que tocava para cada um.
O caminhão chegou subimos na carroceria, cada um com seu quinhão de siris, com seu
Adelfo ao volante, fez a volta e sequio em frente passando pelas casas da Vila de Itapi-
rubá, sempre pela praia quando chegou na entrada para o Bairro da Vila Nova, o camin-
hão entro para deixar o Pedro Cesar, o Osmar, o Tuna e o Bolinha, que moravam na Vi-
la Nova. Ficou no caminhão eu, meu irmão, meu pai, o Bodinho e seu Adelfo, que na
boléia do caminhão sequio em direção ao centro da cidade, pela estrada geral. Foi uma
Uma outra pescaria boa e sempre lembrada, foi de espinhel na praia nos fundos do
Araçá, pela manhã de, num dia ensolarado de verão, do mês de janeiro.
tro casas antes da minha, ele já me esperava, pegou o balaio com o espinhel, o seu Góis,
Saímos pelo portão da casa dele, conversando em direção da praia, já na praia fomos em
direção, da Pedra Ferro, caminhando pela beira d’agua, já catávamos tatuíras mole, para
colocar nos anzóis do espinhel, como isca. Com uma quantidade boa de tatuíras mole,
esticamos a linha do espinhel na areia da praia, começamos iscar os anzóis que eram em
torno de quarenta, terminado a iscagem das tatuíras nos anzóis, o Silas se encaminhou
para a poita, na ponta da linha do espinhel, eu encaminhei-me para a outra ponta, onde
estava o carretel com a linha enrrolada. O Silas levantou a ponta da linha com apoita,
eu levantei o carretel da outra ponta da linha, deforma que os anzóis não arrastassem na
areia, no chão da praia, para que as iscas não soltassem dos anzóis.
Meu amigo encaminhou-se em direção ao mar, entrando na água, e com a agua batendo
no peito, deu umas braçadas nadando, para largar a poita de ferro o mais longe possível,
após a arrebentação da última onda, bem no fundo, meu companheiro de pescaria já tin-
linha do espinhel dentro d’água, passa por trás de mim, um Jeep dirigido por um homem
com três mulheres de carona, e um Bugue dirigindo por uma mulher com um homem de
carona, em direção sul, como nós com o espinhel. Fiquei acompanhando os utilitari-
os, tanto o Jeep quanto o Bugue, pararam perto um do outro próximo as dunas de areia,
um pouco abaixo da reta dos fundos das casas do Araçá, saltaram todos os que estavam
nos utilitários, menos o homem que dirigia o Jeep que com o outro que estava no Bugue
cia todos, mais um dos homens parecia ser o Checo as duas irmãs a Gladys e a Gláucya,
os demais deviam ser dona Lourdes Catão, seu filho e filha Bebel e uma amiga.
Enquanto conversávamos o espinhel descia devagar, já que o vento era fraco e as águas
não estavam puxando tanto, pensando alto falei, vamos tirar o espinhel da água lá perto
onde as mulheres estão, Silas mais que rápido falou, é vamos puxar lá perto elas devem
estar fazendo topless. O Meu amigo de pescaria tinha razão, puxando a linha do es-
pinhel da água, fui levando o carretel até onde o Bugue estava parado, as mulheres real-
mente faziam topless, ao sentirem nossa presença viraram de buços, procurando escon-
der seus seios, a mais mulher mais velha, virou-se para nos olhar e deve ter dito para as
Deixei ali perto do Bugue, o carretel da linha enrrolado, e fui recolher os peixes fisgado
nos anzóis do espinhel, com os peixes recolhidos dos anzóis e no balaio, voltei para pe-
gar o carretel de linha, o Silas pegou a poita de ferro, caminhando voltamos ao local da
primeira espinhelada, em frente da Pedra Ferro, já passava do meio dia, nós caminhando
acompanhando o espinhel na água, o Jeep agora de volta, chega e para ao lado do Bugue
e próximo das mulheres fazendo seu topless. As mulheres levantam de onde estavam
deitadas, e correndo vão até o mar, dão uns mergulhos e voltam aos carros, embarcam e
em poucos minutos o Bugue e o Jeep, passam por nós buzinado, gritando alguma coisa,
JUVENIL DO ATLETICO
Era o ano de 1.967, estudava no ginásio á noite, já tinha começado a trabalhar na Indus-
dade, seu João Cunha, para trabalhar no I.N.P.S. Instituto Nacional de Previdência So-
cial, como gostava muito de futebol, em parceria com o Imbituba Atlético Clube, come-
ça a formar um time Juvenil, para o Imbituba Atlético Clube, que tinha como presiden-
te, o seu Filhinho. Num sábado à tarde, garotos da cidade, entre quinze e dezessete
anos que gostassem de jogar futebol e quisessem participar do time Juvenil do Atlético,
de uma peneira, para escolha de atletas juvenil. Seu João Cunha conversou com a ga-
rotada reunida no gramado, no centro do campo, depois de longa conversa colocou uma
bola no centro do gramado, e um goleiro de cada lado, dividiu os garotos em dois times,
Nesse dia, em dois jogos treinos de quarenta e cinco minutos, o treinador escolheu de-
zessete garotos, eu ali no meio da garotada escolhida, para participar de treinos físicos e
Nos dias da semana, marcado para os treinamentos eu estava lá, mais sempre chegando
atrasado, para os treinos físicos e as vezes com os treinos técnicos em andamento, pois
trabalhava e saia do trabalho as dezessete horas, mais mesmo assim fazia parte do grupo
até porque a maioria da garotada convocada, eram todos amigos, jogávamos nossas pe-
do Imbituba Atlético Clube, nesse dia participaram do jogo, garotos como o Pedro Lima
Paulo Roberto, Léo, Lico, André, Cateco, Cacá, Zé Duarte, Cação, Saci, Renato, eu e al-
guns outros. O time Juvenil do Atlético não teve vida longa, pois seu Filhinho, pre-
sidente do time profissional do Atlético e treinador, achou por bem, acabar com o time
juvenil, pois estava havendo preferência do seu João Cunha, por alguns garotos jogado-
AS FESTAS DA PADROEIRA
começavam uma semana antes, com as novenas á noite, era uma festa diferente. Os par-
ques de diversões chegavam à cidade uma semana antes, montavam seus aparelhos de
diversão como à roda gigante, chapéu mexicano, carrinhos de choque, o carrossel de ca-
valinhos e outros ao largo da matriz em frente do Grupo Escolar Henrique Lage, a espe-
ra da criançada e também dos adultos. A medida que fui crescendo, a diversão tam-
ho do seu Ernesto, a barraquinha da roleta de dinheiro vivo, do seu Romeu, andar atrás
da banda na rua de chão batido ao lado da Igreja. Quando mocinho, era tudo isso e
mais, como flertar com as meninas que passeavam na rua entre o lado da igreja e as bar-
As moças e mocinhas passeavam sem pressa, para baixo e para cima na rua, parecia um
desfile para mostrarem os seus dotes, aos moços e mocinhos, parados nos dois lados da
rua, no flerte a elas. Se esse flerte desse certo com a pretendida ou uma outra, o ca-
sal já saia lado a lado conversando, acertando um possível namoro, que podia virar noi-
vado e até casamento, como muitos casais casados em Imbituba, que começaram de um
namoro sem pretensão, no desfile na rua de chão batido, ao lado esquerdo da Igreja ma-
triz e das barraquinhas das festas da padroeira da cidade, a Nossa Senhora da Conceição
no dia oito de dezembro. Depois dizem que a Santa não é milagrosa, em Didi.
A NOSSA PASSARELA
Aos domingos na Rua Nereu Ramos, em frente ao Cine Marabá, depois da missa das
dezenove horas, na Igreja Matriz Nossa Senhora da Conceição, os fiéis mais jovens, ho-
Aquele pedaço de rua, onde tinha o cinema, naquela época, era concorrido. Como a ses-
são dos filmes no cinema no domingo a noite, tinha seu inicio marcado para as vinte ho-
ras e quarenta e cinco minutos, portanto quarenta e cinco minutos depois que acabava a
As moças desfilavam na rua em frente ao cinema, que praticamente fechava para qual-
quer automóvel, no vai e vem, para cima e para baixo, sob os olhares dos moços que se
posicionavam, em pé, no canteiro central da rua de duas mãos, para eles acompanharem,
o vai e vem dessas moças. Esse vai e vem, para baixo e para cima, na rua do cinema sob
os olhares desses moços flertando com suas favoritas e pretendentes, na esperança que
desse flerte viesse a dar certo e pudesse acompanha-la ao cinema, para assistir o filme
Como aconteceu com uma das minhas tias, que namorou um marinheiro, embarcado em
navio mercante de passagem pelo porto da cidade, engrenaram ali um namoro que os le-
vou ao casamento. Que tal menina, perguntar a sua mãe, se foi mais ou menos assim
mesmo, ou não.
OS CLUBES SOCIAIS
Os clubes sociais da cidade, mesmo pequena, eram bons clubes e em evidência, como o
do Imbituba Atlético Clube, que tinha em seu quadro associativo, na sua maioria funcio-
se. A Sociedade Recreativa Álvaro Catão, o clube dos negros como era chamado,
tinha no seu quadro associativo, na sua maioria, pessoas da raça negra, teve a sociedade
como presidente por muitos anos seu Romeu Pires, um dos negros mais ilustres da cida-
clético, batava só quere ser sócio contribuinte, no que me lembre nunca teve um grande
presidente. O Vila Nova Atlético Clube, o clube da Vila, que tinha em seu quadro
associativo, em sua maioria, os orgulhosos moradores do bairro da Vila Nova, e teve co-
mo o seu Galileu Olegário, um dos seus grandes presidentes, fui um dos sócios do Vila
Nova Atlético Clube por alguns anos, grandes bailes de carnaval e debutantes, ali no sa-
lão do clube foram realizados, nada devendo ao Imbituba Atlético Clube, na época.
Inclusive dois grandes bailes de debutantes participei ativamente, foram os que minhas
duas irmãs, nos seus quinze anos debutaram. Tinha ainda outros bons clubes ou sa-
lões de baile em minha juventude, que nos sábados à noite, eram muito procurados e vi-
Caputétéra que todo sábado tinha briga, eta rapaziada ciumenta, tinha ainda outros bons
Os bailes nesses salões eram muito bons, bons demais, sem preconceito, conheci muitas
garotas em todos esses lugares em que fui dançar, só tinha moça bonita como a Antonia.
A BENZEDEIRA
A velha benzedeira Dona Graciosa, morava numa casa humilde, ao lado da estrada de
ferro, próximo as casas do Araçá, nos combros, das dunas, da praia. Ela de tão ve-
lha, dizia ter muito conhecimento das coisas da vida. Todos os dias ela descia a ri-
banceira ao lado, do túnel, onde as caçambas, saiam para descarregar as cinzas, resíduo
do carvão mineral, queimado pelas caldeiras da usina. Ela revezava durante os dias
da semana as casas que visitava para a benzedura das pessoas, muitas vezes eu e meus
ela vivia repetindo que meninos e meninas bonitas, tem que ser benzidas de quebrante e
mau olhado sempre, para tirar o mau olhado e o quebrante dos feios. Quando a dona
Graciosa chegava ao portão, tia Lilina, já preparava um copo, dos grande, de água fresca
para ela beber e uma cadeira no quintal para ela sentar. Ela saciada da sede e descan-
sada da caminhada, passava então a nos benzer, um a um, com ramos de alguma planta
do nosso quintal, a medida que nos benzia, murmurava algumas palavras, com certeza
alguma oração. Ao termino da benzedura de cada um de nós, as folhas dos ramos das
plantas usadas ficavam murchas, ela então dizia, que o olho grande em cima daquela
pessoa era muito. Quando acabava de benzer a todos, tia Lilina, sempre dava alguma
coisa, era arroz, feijão, açúcar, farinha e as vezes dinheiro, que não era pagamento, era
doação, pois benzedura não se paga e nem se agradece, dizia dona Graciosa, pois era um
dom divino recebido, pela pessoa que benze. Vai nós pobres mortais, entender esses
O BURRO RACISMO
Na sede do Imbituba Atlético Clube, em uma noite de baile de debutantes, foram com-
vidadas a festa, todas as autoridades da cidade. Os sócios e autoridades com sua res-
da pista de dança. No salão tudo transcorria normalmente, o que seria um grande bai-
le e uma grandiosa festa de aniversário do clube, tudo fica ofuscado com a chegada do
capitão, da Capitania dos Portos da cidade, Sr. Jonathan, e sua excelentíssima esposa,
desavisado, vamos colocar assim, por não conhecer o comandante da Capitania dos Por-
tos, que era negro como também a sua esposa. Armada a confusão, entra, não entra,
chama um, chama outro, as debutantes subindo as escadas para o inicio do desfile, para
suas afilhadas. A banda tocando a musica de entrada das debutantes no salão, o capi-
tão da Marinha do Brasil, Sr. Jonathan e sua simpática esposa, voltam para casa, barra-
dos por racismo da sociedade atleticana, em um baile de debutantes, em que foram con-
vidados, em convite expresso. O baile a todo vapor, a banda tocando, a valsa dos na-
morados, chega em frente ao clube, um jipe da Marinha, com três marinheiros em suas
Brasil. O Jipe para, em frente a entrada principal do clube Atleticano, descem dois,
dos três marinheiros, vão até o automóvel, que já esta com a porta aberta desce o capitão
e comandante da Capitania dos Portos de Imbituba, Sr. Jonathan em sua farda de gala da
marinha, vai até a portaria do clube, manda chamar o presidente e informa que o clube
fica fechado até segunda ordem, e que o baile pode continuar só que com a porta fecha-
da. O domingo amanhece, o burburinho na cidade era grande, isso é coisa de cidade
pequena, puro racismo, que vergonha, e com a esposa, tão educada junto, isso não vai
dar certo, e não deu. Na missa de domingo o Padre Itamar, comentou o ocorrido, su-
tilmente, dizendo que uma porta não deve ser fechada a quem quer que seja.
Sendo ele pobre ou rico, católico ou não, branco ou negro, somos todos filhos de Deus.
Ministério da Marinha do Brasil, depois de um certo tempo, não mais era em Imbituba,
foi transferida para a cidade de Laguna. Qual deve ter sido o motivo.
PRIMEIRO EMPREGO
Eu junto com colegas de trabalho , como o Tuna, Ailton, Zinho, Abobra, Bolinha e ou-
tros, nossa função era a escolha dos azulejos, separando os de primeira, segunda e os de
terceira qualidade. Os carrinhos vinham da boca dos fornos com os azulejos, que
eram empilhados na ponta das mesas de tabuas brutas de madeira, com uns oito metros
de comprimento, por mais ou menos um metro de largura, com uns quatro centímetro de
e outros dois no meio. Os azulejos eram espalhados em cima das mesas, onde eram
Os azulejos coloridos, que nos davam muito trabalho, e atraso em sua escolha, eram os
nas das cores azul e rosa, dependendo da fornada, esses azulejos quando espalhados nas
mesas, observava-se que tinham varias tonalidades, umas mais fortes, outras mais fraca,
Azulejo: Cor “Azul”, que era a cor normal, Azulejo: Cor Azul “A” ou Cor Azul “B” ou
escolha de azulejos, que de vez em quando lembro, eram que em dia de pagamento dos
encarregado da secção, uma dessas mesas e em cima dela eram colocados os envelopes
felizardo, o que tinha de mulher bonita nessa secção era uma grandeza, até minha mãe
A MELHOR SECÇÃO
Na secção de expedição dos azulejos de cor branca, como em qualquer cerâmica da épo-
ca, esses azulejos na cor branca, eram os mais fabricados e também os mais procurados
comercialmente, como já falei em um outro capitulo. Essa secção tinha como encar-
regado seu Tobias, um felizardo, ser chefe e encarregado dessa secção onde trabalhava
além de minha mãe, mais noventa e cinco por cento de todas as mulheres da fábrica.
As mulheres bonitas da fábrica desde aquela época e de outras épocas mais atrás, traba-
lhavam nessa secção. Nós da secção de expedição dos azulejos coloridos, de certa
forma éramos felizardos e privilegiados trabalhando de frente para todas aquelas mulhe-
lheres bonita. Não só eu, mais também muitos outros empregados solteiros que tra-
pais. Quando o namoro não engrenava na fábrica, mais engrenava nos baile nos clu-
bes dançando e conversando, quando acertava ou dava certo o namoro, a primeira coisa
a fazer, era levar a moça até o portão de sua casa, ai o bicho pegava.
Mais também na segunda feira na fabrica, o comentário era geral, o fulano está namo-
rando à fulana, será que vai dá casamento ou é fogo de palha, na maioria das vezes era
Um filme em uma noite de aulas gazeada no ginásio foi um tormento, de todos os filmes
que fui assistir no novo Cine Marabá, um trousse medo, arrepios e vergonha também.
Matando duas aulas sai do colégio, na hora do recreio, para ver um filme do “ Drácula ”,
que tinha visto em cartaz e queria assistir, à sessão de cinema estava marcada para co-
meçar às vinte horas e trinta minutos, chequei atrasado, comprei o ingresso para entrar,
entreguei ao seu Nei, bilheteiro naquela noite, perguntei a ele se o filme já tinha come-
çado a muito tempo, ele respondeu que não, fui até o banheiro, na volta encontrei o seu
Quidinho, lanterninha, na sala de espera abrindo a porta, entrei no salão para assistir ao
filme. As luzes estavam todas apagadas, estava muito escuro, a legenda do filme era
em preto e branco e já estava rodando, o ator principal que fazia o papel do drácula, era
o Christóper Lee, melhor ator dos filmes do gênero. Eu encostei-me no balcão de en-
trada para as poltronas, para acostumar-me com a escuridão, o filme já rodando, uma
charrete preta e sem cocheiro, puxada por dois cavalos pretos em disparada, seguia por
uma estrada de terra, com arvores dos dois lados. A metade de uma lua cheia apare-
cia, enquanto a outra metade, estava encoberta pela torre de um sinistro castelo, no alto
de um monte ao longe. Eu continuava ainda ali encostado no balcão, que o separava
das poltronas do vão central, olhava as poltronas do vão central, não via ninguém, olha-
va para o vão de poltronas da direita também não via ninguém, para o da esquerda tam-
bém nada via, nem ao menos uma cabecinha por cima das poltronas aparecia, estava re-
almente muito escuro. A carruagem agora parava num pátio, em frente à porta do si-
nistro castelo, quando a porta do castelo abriu e ao mesmo tempo a da carruagem tam-
bém, um grito sinistro e ensurdecedor, ecoou por todo o interior da sala do cinema, me
assustei, de costa dei três passos em direção da porta por onde tinha entrado, me virando
abri e sai, fechando aporta atrás de mim. Na sala de espera parado conversando, esta-
vam seu Nei e o Quidinho, que pararam de conversar quando me viram caminhando pa-
ra a porta de saída do cinema, seu Nei, antes de abrir a porta pergunta, se não tinha gos-
tado do filme, respondi que não, e completando disse que é muito escuro e não tem nin-
guém. O Quidinho em seus setenta, oitenta centímetros de altura, falou. - Não! Não
está vazio não! Tem bastante gente! Mesmo assim sai porta a fora. A noite estava
fria e escura, típica noite de inverno, a rua estava deserta, era daquelas noites que podias
andar pelado pelas ruas da cidade, que não encontrarias uma viva alma, para te importu-
nar.
Saindo do cinema, naquela noite do filme do “Drácula” sem assisti-lo, caminhando pela
Rua Nereu Ramos, apresado em direção de minha casa, o vento sul gelado arrepiava.
Passando em frente a “Tinturaria Guarany”, um gato cinzento, sai correndo pelo vão das
ripas de madeiras do portão, em direção ao outro lado da rua, que chegou a assustar-me.
Ramos com a Rua Manoel florentino Machado, para chegar até em casa teria que descer
O caminho da rua era de uma descida, íngreme e esburacada, com pedras soltas no chão
de terra batida, quase encostada nas cercas das seis casas até a esquina da Av. Dr. João
Rimsa, avenida em que ficava minha casa. Eu desci o caminho sinuoso correndo, do
meu lado direito tinha a cerca das casas da rua, do outro lado, o esquerdo uma buraquei-
ra, buracos fundo, feitos pelas águas da chuva, encoberto pelas altas mamoneiras que to-
mavam conta daquele pedaço da rua, até a esquina da casa do seu João, da Nelci.
Ainda correndo e com os cachorros latindo, dobrei a esquina, sempre correndo, quando
chequei ao nosso portão, que nessa noite estava fechado, tentava levantar a tranca, ela
não levantava, dei um chute no portão, que a tranca voou longe, abrindo a folha do por-
tão para traz, subi a pequena ladeira até em casa ainda ofegante, só que agora mais cal-
mo, chequei na porta dos fundo da casa batendo, devo ter batido tão forte que meu pai
gritou lá de dentro de casa, perguntando quem era. Sou eu pai! Abre a porta, falei.
Quando meu pai abriu a folha de cima da porta e a claridade da lâmpada acesa da cozin-
Meu pai perguntou-me o que estava acontecendo, lhes respondi mentindo, não foi nada
pai, é que estou apurado para ir ao banheiro, larguei a pasta do colégio em cima da mesa
da cozinha, e fui até a casinha, no fundo do quintal, mais não consegui fazer xixi.
Meu irmão levantou-se, pois já estava na cama, veio do quarto até a cozinha, para fechar
usadas antigamente. Era costume verdadeira mania do meu irmão colocar as tramelas
das portas e janelas bem no prumo, chegava a colocar uma colher, em cada tramela da
porta ou jánela, para que ela não abrisse com o vento batendo. Eu já bem recupera-
do do susto e dos medos, tomei um café com mistura, e fui para a cama, custei a dormir,
mas consegui depois de ter passado e reprisado todos os detalhes de terror, daquela noi-
te, desde que sai do cinema até a chegada em casa, depois que meu pai abriu a porta.
O TIME DA SECÇÃO
ção de expedição, jogavam o Evaldo, Zinho, Tuna, Abóbra, Bolinha, Eu, e o Cabral,
presa o Sergio, Deléu, Evandro meu irmão, os irmãos “Milosas” Jair e Luiz, Ricardo,
Zequinha e o Paulo seu irmão. O nosso time jogava sempre aos domingos pela man-
Quando chovia no dia anterior, não tinha jogo, o campo alagava, pois era invadido pelas
águas da Lagoa da Bomba, não permitindo jogo no gramado. O Expedição foi con-
vidado para participar em um domingo pela manhã de um festival, patrocinado pelo Vi-
la Nova Futebol Clube, no seu Estádio, participaram desse festival quatro agremiações,
não lembro os dois outros times participantes, espero não estar enganado, mais um dos
times era da Guaiúba, e o outro do encruzo da Vila Nova. Nós jogamos a primeira
jogo, entre o segundo time do Vila Nova Futebol Clube e o time da Guaiúba.
O Vila Nova foi o ganhador dessa partida de futebol, dando-lhes o direito de jogar com
o nosso time o Expedição Futebol Clube, para ver quem iria levar o troféu de campeão.
O jogo foi duro, os dois times jogavam bem, ficou num empate de zero a zero, o troféu
de Campeão foi disputado nas penalidades, seriam três penalidades, batidas pelo mesmo
jogador. O jogador batedor dos três pênaltis do Vila Nova perdeu um, defendido pe-
lo nosso goleiro, o Evaldo nosso batedor, converteu as três penalidades, nos tornando
Foi o primeiro troféu ganho, pelo Expedição Futebol Clube, como capitão do time, levei
a taça para casa e na segunda feira, levei para a nossa secção de trabalho na Cerâmica, a
pai, se o time do Expedição ganhou outro troféu não sei, como também não sei, onde foi
parar o troféu por nós ganho, no festival no campo do Vila Nova futebol Clube.
OS TATUÍRAS
O bloco carnavalesco “Os Tatuíras”, fui naquele ano de 1.968, fundado ou criado, para
Eu nunca tinha desfilado por bloco nenhum e nem muito menos tocado, qualquer instru-
mento musical, nossa turma toda da época iria desfilar pelo bloco no carnaval, então re-
solvi também desfilar, saindo na bateria tocando tamborim, como os demais amigos.
O ensaio dos componentes do bloco era no Bairro do Sete, em frente do Clube Recreati-
Amaury, que além de compositor da música e de ter escrito a letra, era mestre de bateria
e organizador do bloco, fazia quase tudo. A letra da musica daquele ano, composta
A letra da música era mais ou menos assim: O Pitiriba, queria ir na ilha, Manoel Marti-
ns, disse para ele não ir, Pedro Paulo “Bodinho” que tudo assistia, ficou aborrecido e foi
contar para o Moacir, o prefeito chamou o Zóca, e disse que não podia se incomodar...e
por ai, ia a letra da música. No dia e local da concentração no Bairro do Sete, para o
bem coloridas, calça e conga na cor branca. As alas organizadas, o mestre Amaury,
com seu ajudante Matias no apito, deram início, direcionando a bateria do bloco, que to-
cando alto, iniciava a musica do samba enredo, com todos os componentes da bateria e
Quando adentramos a Rua Ernani Cotrin, na esquina da padaria do seu Osmar “cação”,
o movimento de pessoas era grande, para assistir ao desfile dos blocos de carnaval da-
quele ano, nosso bloco vinha firme, a bateria a tocava forte, os componentes das demais
alas cantavam alto e sambavam com alegria. Quanto mais próximo do palanque che-
gava, o povo nos dois lados da rua engrossava, aplaudia e gritava é campeão, é campeão
Na mesma noite, era apurado os votos e declarado o bloco ganhador, o bloco ganhador
No final da apuração muitos foliões não achando o resultado justo, gritavam. – “É mar-
melada, quem devia ganhar era o Bloco dos Tatuíras” . Como em todas as apurações
é que deve ser a campeã. Vamos continuar, sambando e cantando, porque o negocio
mesmo é à alegria
O ARAÇÁ
No Araçá, algumas vezes fui à noite dar uma olhada nas mulheres, que naquela época,
trabalhavam, na serventia sexual. Nunca me atrevi a ir para o quarto com uma delas,
sempre arrumava um motivo, para não me envolver, não sei se era a quantidade de bebi-
da ingerida por elas ou se o cheiro forte do cigarro na boca, misturado ao perfume forte
por elas usados. Um dia à tarde depois do almoço, indo para à praia, resolvi passar
pelo campo do seu Zé Bota, para ver como estava o gramado, pois de vez em quando jo-
gava lá contra a turma deles, que ficava mais ou menos em frente da última casa do Ara-
çá, ao lado dos trilhos da Estrada de Ferro, na beira da Lagoa da Barra quase em frente a
pinguela, ponte construída pelo seu Zé Bota “grande engenheiro”, para travessia do pes-
soal da Lomba em direção ao campo, finalidade principal, e também para irem a praia
ro, pois eu caminhava fumando, sai do caminho e fui até a moça na janela e lhes dei um
cigarro, ela pediu que acendesse, falei que não tinha fogo, ela rindo brincou perguntan-
do, não tem mesmo, saindo da janela, ela foi em direção ao interior da casa, saindo pela
porta ao lado, volta com o cigarro aceso fumando em minha direção, estava de short, em
suas pernas bonitas e roliças. Ficamos ali ao lado da casa, em pé conversando e fu-
mando, conversa vai, conversa vem, convidou-me para entrar, aceitei, ela entra na frente
eu entrei atrás. No interior da casa, numa sala, ela aponta para um sofá de vinil ver-
melho, de dois lugares, e fala. - Senta! - Sentei, ela sentou-se ao meu lado, conversando
perguntei, o que uma moça tão jovem e bonita, ela não tinha dezoito anos ainda, estava
fazendo ali naquela casa, ela respondendo, disse que a casa era da tia, que no momento
não estava em casa, pois tinha ida à Laguna pela manhã e só voltaria a noitinha.
Não respondeu minha pergunta, mais fiquei na minha, ela levantando-se, perguntou se
queria beber alguma coisa, disse que sim, tudo bem, entregou-me um copo com bebida,
tomei um gole, do Vermuth Uru, oferecido, sentando-se a meu lado, toquei na sua mão,
ela foi reciproca, nos beijamos, esquentando, toquei seus seios por cima da blusa, ela le-
vanta-se fecha a porta, tira a blusa, fica de sutien, tirei minha camiseta, ela levanta-se e
vai até o quarto, volta fecha a janela da sala, então fomos para o quarto, com uma cama
de casal espaçosa, com colchão de mola, uma penteadeira cheia de “babelaks” em cima,
sentados na beirada da cama nos beijamos, nos acariciando, depois deitados fizemos se-
xo, eu sem experiência, ela já tinha alguma, pois já não era mais, nenhuma virgenzinha.
cabeceira da cama, ali fumando, ela me olhava, e eu a ela, então curiosamente ela per-
gunta-me. - Nunca tinhas trepado com uma mulher, né? - Eu nos meus dezessete anos
respondi. - Até então não! Por que? - Ela me olhando nos olhos, respondeu. - É que eu
não cheguei a ter prazer e tu tivesse! - Vamos fazer amor novamente, só que agora de-
vagar e sem pressa. - Ela chegou ao prazer, eu também, tudo diferente da primeira vez,
cansados extasiados, continuamos ali quietos por alguns minutos, até que ela levantando
foi colocando a calcinha, sutíen, blusa e o shorts, e falando disse que agora tinha valido
a pena, já que tinha tido prazer, mais de uma vez, antes de eu ter gozado junto com ela.
ela ficou ainda no quarto arrumando a cama, depois saiu sentou-se a meu lado no sofá
cigarro, ela dava uma tragada passava para mim, eu dava uma tragada passava para ela,
agora com a janela já aberta perguntei o nome dela, ela falou. - Maria de Lourdes! Mais
Ela então perguntou, quase afirmando. - Esse não é teu nome? – É! - Na verdade não!
- Eu falando disse meu nome, ela então falou. - É muito comprido, vou ficar com Dalzo
Mesmo! Acendendo mais um cigarro foi em direção da porta abriu, e saiu para a rua
na minha frente, eu sai logo atrás dela, que ainda fumando me da um beijo, e nos despe-
dindo, ela entrou para dentro de casa e da janela dava tchau, eu sai caminhando, agora
não mais, em direção do campo do Zé Bota, que era meu destino antes de encontrar Lur-
dinha, mais sim em direção das casas do Araçá e pelos trilhos da estrada de ferro fui pa-
ra casa. Em outras tardes voltei ao campo do Zé Bota, o motivo não era para jogar bo-
la, mais sim para ver Lurdinha novamente, mais não à via. Como o filho do Zé Bota,
não saia do Áraça, um dia perguntei para ele, pela Maria de Lourdes que morava com a
tia na casa perto do campo do pai, ele pensou, pensou, e respondeu. - A sim, a Lurdin-
ele, nem me deixou responder a pergunta, emendou. - A Lurdinha veio passar uns dias
com a tia, fugida da casa dos pais na Laguna, porque eles estavam pegando no pé, pois
tinham descoberto, que ela estava namorando um cara casado, como a tia não sabia de
nada o que acontecia, se mandou para Laguna, para conversar com irmão e receberem a
sobrinha em casa novamente e sem brigas. Foi então que ela voltou para a casa dos
pais em Laguna. - Contou o filho do Zé Bota. - Mais como conheceste a Lurdinha Dal-
Dalzo? - Perguntou o filho do Zé Bota novamente, respondendo falei, deixa pra lá, tá tu-
ros momentos, sexualmente falando, com uma moça e mulher, e apesar da pouca idade,
Os embalos de sábado à noite começavam, no Bar e Snooker do seu Zóca que era geren-
ciado pelo seu filho mais velho, o Carlinhos, baixinho, gordinho como o pai, gente boa
os dois. A partir das dezoito horas, nossa turma já começava a chegar para a concen-
Ali jogando, não só nossa turma, mais outras também, todos conhecidos, já combinava-
Se o salão de baile escolhido naquela noite fosse, por exemplo, o do Licínio, no encruzo
da Vila ou o do Vila Nova Atlético Clube, no centrinho, todos já sabíamos que a nossa
condução eram as “kombis”, da famosa Empresa de Transporte Andorinhas, criada para
Se o salão de baile escolhido fosse mais longe como, os clubes dos bairros da Guaiúba,
Roça Grande, Nova Brasília, Araçatuba, Fazenda São Paulo de Imaruí e até Laranjeiras
da Laguna, tínhamos que alugar um taxi. Tinha motorista de taxi, que nesses sábados
ficavam nos esperando no ponto, com o preço da corrida e a hora da partida, previamen-
Normalmente íamos em quatro passageiros, ás vezes estávamos em cinco, era uma briga
com o motorista do taxi para levar o quinto, tinha taxicista que não gostava de levar ma-
is de quatro passageiros, batia o pé, perdia a corrida mais não levava. O seu Ademar
pai do Ari “ Aribú ” e o Xuxu não ligavam não em andar com cinco passageiros no seu
taxi, principalmente na volta dos bailes na madrugada, eles diziam que não gostavam de
deixar ninguém na mão, mais tínhamos que pagar o passageiro extra. Hoje a gente
pensando, lá atrás, no final da década de sessenta, o taxi andando com mais de quatro
fossem os automóveis de hoje, não durariam muito tempo. Teriam vida curta.
O meu primeiro sério namoro, começou em plena praia do canto do costão, tinha de ser,
não saia daquela praia, principalmente no verão, era tomando banho, jogando bola, pes-
to, para bater uma bolinha, já tínhamos passado do Restaurante Jangadeiro, caminhan-
do em nossa direção, sozinha, vinha à Rosa. Ela caminhava devagar, num biquíni
vermelho, no seu corpo moreno e bronzeado, cabelo curto, à Laiza Minelli, que tornava
Quando chegava mais perto acelerou o seu passo, quase correndo, abraçou-me em um a-
braço mais que apertado. Era um domingo do final de novembro do ano de 1.969,
como fazia algum tempo, que não nos víamos, perguntei por onde ela andava, pois fazia
tempo que não a via, desde o final do ano anterior, se não estava enganado.
Ela respondeu minha pergunta, dizendo que estava morando em Florianópolis, na casa
da tia, onde estudou, já aproveitando para fazer uma cirurgia, que a muito tempo queria
fazer. Eu surpreso perguntei espantado. - Que cirurgia guria? - Ela olhando-me nos
olhos, perguntou. - Não notasse nada? - Ficasse mais bonita, claro! - Respondi. - Dei-
xa de ser bobo, tirei o sinal de nascença, que tinha no rosto! - Eu então olhando com cu-
O meu irmão notara que a conversa ia ser demorada, olhando para o rosto da Rosa, deu
tchau e seguiu em direção ao canto da praia. Eu e minha amiga ficamos ali parados
conversando, até que de supetão ela disse que tinha tirado o sinal, porque eu nunca quis
namorar com ela, pois tinham dito que eu não gostava daquele sinal no rosto, pois acha-
va feio. Que idiota fui, se realmente em conversa com alguém, homem ou mulher,eu
tenha falado, uma coisa dessas, falando mais disse que jamais deixaria de namorar uma
garota, se gostasse dela, por ela ter um sinal em qualquer parte do corpo , se nunca falei
em namoro contigo, foi porque podias não gostar, e não queria estragar nossa amizade,
que era tão legal. Completando falei ainda que, quem tinha falado uma besteira des-
sas é porque estava com ciúme em razão de te acompanhar todas as noites, até tua casa
depois das aulas, isso na época do ginásio. Olha, desculpa se te magoei, sem ter pen-
sado em te magoar, por uma coisa dessa nunca dita por mim, mais sim dita por uma ou-
tra pessoa. Nós dois agora caminhando na mesma direção em que ela vinha quando
meia volta, agora de mãos dadas, andando em direção ao canto do costão próximo a ilha
vendo-nos de mãos dadas, brincando e correndo por dentro d’água, pulando ondas na
beira da praia. Quando chegamos no canto da praia, meu irmão retornava, paramos
para conversar, a Rosa então nos convida para ir até o rancho da família, no pé do mor-
ro do costão, que o pai no inverno usava para guardar os apetrechos de pescaria e no ve-
rão virava uma casa de veraneio. Ao chegarmos de mãos dadas, adentrando a casa
de veraneio, todos pararam para nos olhar admirados, pois todos nos tinham como bons
amigos. A Rosa nos ofereceu suco gelado, de abacaxi, subimos para a parte de cima
Descemos os três de volta, a parte de baixo onde estavam agora toda família da Rosa, os
irmãos, os pais e uma tia, todos nos conheciam, pois morávamos na mesma rua.
UMA CAMINHADA
Em uma festinha americana, num sábado a noite na Rua de Baixo, na casa da namorada
do Guta e amiga da Rosa, foi combinado para o domingo pela manhã, fazermos uma ca-
a Rosa e as duas irmãs gêmeas, suas amigas, que moravam em Tubarão e veraneavam
em nossa praia. Uma das irmãs gêmeas, tinha engrenado na festinha americana do
sábado, um namoro com o Jorge, a outra um namoro com o Joel, irmão do Guta.
descemos pela rua de cima, da Rua De Baixo, em direção da praia dos pescadores em
frente ao Porto, passamos pela rua que descia em frente da Capela de São Pedro, na área
portuária, caminhamos por toda extensão da praia dos pescadores, até chegarmos a praia
Mole, para alguns, praia D’Agua, subimos o morro pelo costão até o Farol.
Depois do sobe e desce, descansando no alto do morro perto do farol, se via lá embaixo,
nas águas revoltas do oceano, a carcaça do velho navio da CSN- Cia. Siderúrgica Nacio-
nal, enferrujando, encalhado depois de uma saída errada do porto, então a poucos anos.
Todos nós ali sentados com a vista panorâmica de toda a praia, do complexo portuário,
e de parte da cidade, com todo o mar aberto em sua grandeza intrigante e até assustado-
barulho das ondas do mar, batendo forte nas pedras lá embaixo no costão.
Agora nós dois de bruços olhando o azul do céu, que no horizonte parecia tocar as águas
do oceano, no seu azul cristalino, e nós ali romanceando, nos acariciando, nos beijando,
parecendo o tempo, não querer passar. Todos descansados partimos para a praia da
Ribanceira de água gelada, com sua areia úmida e escura, na praia caminhando por den-
tro d‘água, de mãos dadas, não me atrevi a entrar no mar para tomar banho, todos os ou-
tros entraram no mar, a Rosa até arriscou uns mergulhos. Estava eu sentado a uns oi-
to metros, num degrau de areia, nos combros da praia, olhando meus companheiros de
caminhada, e uma em especial em seu corpo jovial, pulando as ondas com suas amigas.
Todos agora fora d’água, caminhando em direção de onde eu estava sentado, a Rosa to-
da molhada tremendo de frio, senta em meu colo, deixando minha bermuda toda molha-
entraríamos por onde saímos, pegaríamos uma outra trilha costeando o morro pelo meio
do mato, saímos bem ao lado do olho d’água enferrujada. Na praia seguimos camin-
hando até a entrada da Cancha, passamos por toda sua extensão, saímos ao lado do Es-
frente ao prédio da Radio, sentamos nos degraus da porta de entrada, cada casal conver-
sava sobre o que fazer a noite daquele domingo, eu e a Rosa, decidimos ir ao cinema.
Segui então para casa pela Vila Operária, os demais seguiram todos para a Rua de Bai-
xo, a Rosa teria que seguir ainda com as amigas gêmeas, até o canto da praia.
Eu reservista, junto com alguns outros amigos, do dia à dia, de Imbituba, passamos nos
exames médicos, realizados no salão do Imbituba Atlético Clube, para irmos servir por
Os de Imbituba, que realmente conhecia eram, o Morão, negro baguncista, o seu nome
de guerra J. J. Santos, Joel Nogueira serviu por uns três meses dando baixa por ser arri-
mo de pai, acho que pediu baixa porque ficou com saudade, do amigo de quartel, Zanata
da cidade de Criciúma, filho de pai rico, conseguiu baixa antes do tempo, João Barreto
to casado, chorava de saudade da namorada. Servir o Exército era uma vontade min-
ha, um desejo, até para ser solidário a meu pai, que tinha servido ao Exercito, na cidade
do Rio de Janeiro, no ano de 1.944, em plena segunda guerra mundial, guerra essa, que
teve seu término, no mês de maio do ano seguinte, com a rendição dos Nazistas do Dita-
dor Alemão, Adolf Hitler. O dia de meu embarque para apresentação no quartel em
Florianópolis foi num domingo, no início do mês de março de 1.970, em casa me despe-
di dos familiares, fui para a Agência de Ônibus da Santo Anjo, em meu embarque, só a
Rosa, minha namorada, acompanhada do irmão que servia na Marinha, também em Flo-
alguns meses, em uma das poucas vindas em casa, terminamos nosso namoro de comum
minha vida, ela seguiu a dela. Como experiência de vida, servir ao exército ou outra
arma, vale para a vida toda, se fores selecionado e escolhido, vá, não desista.
REFLEXÃO
A minha infância e juventude em Imbituba, foi rica em quase tudo do que se pode levar,
para toda à vida. Das brincadeiras com os amigos aprendendo ter respeito um pelo
outro, da educação trago o respeito pelas pessoas, na religiosidade acreditando num ser
supremo, Deus, que ele existe, e na família que é o pilar de sustentação do ser humano.
Os amigos das brincadeiras da infância e juventude que ficaram para trás, de outros que
vieram, uns com verdadeira amizade, mais de irmãos, do que, de amigos, e outros mais
com amizade não verdadeiras. Na educação, a boa educação, não a curricular, mas
Mais que vão diluindo a partir da união conjugal dos membros da boa família.
a discórdia, já que outros membros começam a fazer parte da então boa família, vindo
deiros irmãos. Mesmo que não queiramos admitir é assim mesmo que acontece, in-
felizmente, com a maioria das boas famílias. Esse afastamento familiar se torna mai-
or ainda, quando os pilares da boa família, como pai e a mãe, que partem dessa vida, em
Fim.
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