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MARIA PENEDO
vida e obra
Vitória, 2015
© FACULDADE DE MÚSICA DO ESPÍRITO SANTO
Vice-Governador
CÉSAR ROBERTO COLNAGHI
Impressão e Acabamento
DIO - DEPARTAMENTO DE IMPRENSA OFICIAL - ES
ISBN 978-xx-66xxx-xx-x
CDD. xxxxx
PREFÁCIO
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Maria do Carmo Marino Schneider
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SUMÁRIO
PREFÁCIO, 07
REFERÊNCIAS, 97
AGRADECIMENTOS, 99
Maria Penedo: vida e obra
CAPÍTULO 1
Suas origens
13
Pinheiro, em 28 de junho de 1902, no oratório da Fazenda
Coroa da Onça, na Freguesia de Nossa Senhora do Amparo,
em Itapemirim. Em virtude de Nívea ter apenas 17 anos, à
época, este casamento teve que ter o consentimento, por
escrito, do pai dela, registrado em cartório.
Nívea nasceu no município de Itapemirim, filha de
Francisco Gomes Pinheiro da Silva, neto do capitão José
Gomes Pinheiro, casado com Maria Joaquina da Silva Lima,
filha do Barão de Itapemirim, e Maria Francisca Bittencourt
Pinheiro, neta do coronel João Nepomuceno Gomes
Bittencourt, o “Moço da Areia”.
Foto: Antônio e Nívea, pais de Maria Penedo. Fonte: Acervo da família Penedo.
Foto: Autorização para casamento de Nívea com Antônio. Fonte: Acervo da família
Penedo.
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CAPÍTULO 2
Nasce uma alma musical
Foto: Certidão com o nome de Maria da Penha Penedo. Fonte: Acervo da família Penedo.
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Foto: Certidão de retificação de nome para Maria Penedo. Fonte: Acervo da família
Penedo.
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Foto: Maria Penedo como estudante no Rio de Janeiro -1924. Fonte: Acervo da família
Penedo.
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Foto: Maria Cecília Nascif com Maria Penedo -1949. Fonte: Acervo de Maria Cecília Nascif.
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Foto: Com grupo de alunos em Cachoeiro – 1936. Fonte: Acervo da família Penedo.
Dois anos após seu regresso a Cachoeiro, foi
surpreendida com o falecimento de seu pai, em 31/01/1928.
Foi preciso modificar o rumo de sua carreira e
redirecionar seus objetivos de vida. Começou a lecionar, pois
assumiu o comando da casa, como filha mais velha, cuidando
da educação e da orientação de seus irmãos menores, que
eram muitos. Fez-se chefe de uma família numerosa em que
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Foto: Piano Bösendorfer, de Maria Penedo - 1926. Fonte: Acervo de Maria Ignez Rebello
Santana.
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Foto: Maria Penedo e sua filhada Ana Maria Soares- jan.1929. Fonte: Acervo pessoal de
Ana Maria Borgo.
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CAPÍTULO 3
Sua contribuição à educação musical
no Espírito Santo
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Mestre Villa-Lobos.
3 ARRUDA, Yolanda de Quadros. Elementos de Canto Orfeônico, 33. ed., Rio, 1960,
p.153.
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Foto: Decreto de nomeação como professora da E.T.V.. Fonte: Acervo da Escola Técnica de
Vitória
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Atenta a estas diretrizes, cria, assim, em 1947, na
Escola Técnica de Vitória, o Orfeão “Lorenzo Fernandez”,
que viria a destacar-se no Espírito Santo, por inserir em suas
apresentações, além do folclore nacional, o desconhecido
folclore capixaba, já que era também pesquisadora e
membro da Subcomissão Espírito-santense de Folclore,
criada em 1948, tendo como secretário geral o Mestre
capixaba Guilherme Santos Neves.
Foto: Álbum do Orfeão “Lorenzo Fernandez”. Fonte: Acervo da Escola Técnica de Vitória
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Foto: Regendo o Coral na ETV- 1950. Fonte: Acervo da Escola Técnica de Vitória.
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Foto: O “Lorenzo Fernandez” no Teatro Carlos Gomes - 1958. Fonte: Acervo da
Escola Técnica de Vitória.
Por ocasião da apresentação do coral “Lorenzo
Fernandez”, na cidade fluminense de Campos, credenciado
professor de música cumprimentou-a, afirmando que o
Orfeão é “um colar de pérolas preso por um fio de ouro”.
Em 1960, o Orfeão “Lorenzo Fernandez” já estava
consagrado pela crítica capixaba. As apresentações em
Cachoeiro de Itapemirim, nas dependências do Clube
Caçadores, e em Campos, no Automóvel Club Fluminense,
mereceram os mais entusiásticos aplausos. O sucesso do
Orfeão devia-se, sobretudo, ao bem elaborado programa
organizado pela professora Maria Penedo. Os programas
de suas apresentações eram criteriosamente preparados,
mesclando músicas clássicas às músicas do folclore nacional
e do folclore capixaba. Isso mereceu destaque em um artigo
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Comemorando o que denominou “Ano de ouro”
para o Orfeão “Lorenzo Fernandez”, Maria Penedo encerrou
as atividades letivas do ano de 1960 no Preventório “Alzira
Bley”, proporcionando momentos de rara felicidade aos que
nele residiam.
Depois da fala de vários alunos que ressaltaram
a amizade, o carinho e a dedicação daquela a quem
consideravam uma mãe, a homenageada agradeceu
afirmando que seus esforços “não passavam dos misteres de
uma professora consciente de suas obrigações de conduzir
seus alunos.”
Agradeceu o apoio que a direção da Escola Técnica
de Vitória proporcionara, referindo-se às alegrias que
redundaram nos sucessos do ano de 1960, em que o
Orfeão “Lorenzo Fernandez”, inclusive, se projetou além das
fronteiras estaduais.
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Foto: Marcha E.T.V de Maria Penedo e Jair Marino. Fonte: Acervo da Escola Técnica de Vitória
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Foto: Hino do Grêmio “Rui Barbosa”. Fonte: Acervo da Escola Técnica de Vitória.
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Foto: Em desfile do dia 7 de setembro de 1958. Fonte: Acervo da Escola Técnica de Vitória.
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CAPÍTULO 4
A divulgadora do Folclore Capixaba
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brasileiro”.
Em 12/10/1950, a Subcomissão Espírito-santense de
Folclore inaugurou, na PRI-9, Rádio Espírito Santo, a “Voz de
Canaã”, um programa de divulgação das nossas tradições
populares, sob a direção do prof. Guilherme Santos Neves.
Desse programa participou, preenchendo a parte musical,
o Orfeão “Lorenzo Fernandez”, dirigido por ela, membro
da Comissão, e composto por alunos da 4ª Série do Curso
Industrial da Escola Técnica de Vitória e de alunas de vários
estabelecimentos de Vitória.
A esse trabalho ativo em prol do nosso folclore,
acrescente-se a dramatização do episódio da “Nau
Catarineta”, que ela levou a efeito em 1949, com um grupo
de alunos da Escola Técnica de Vitória, além de sua judiciosa
colaboração no julgamento dos Concursos de Cantigas de
Roda e Bandas de Congo, realizadas por ocasião dos festejos
do IV Centenário de Vitória, em 1951. À frente do Orfeão
“Lorenzo Fernandez”, assumiu o encargo de divulgar, por
essa forma tão eficaz, numerosas peças do folclore capixaba
e nacional, incluídas no repertório de suas apresentações:
1 - Noite Bela (Acioli, Fundão, Linhares): “Ó Que noite bela e tão boa,/ Tão boa de se amar!/
Vamos dar um passeio na praia, ô lê lê /Proveitar a fresca do mar”.
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3- Serená (Guarapari, Viana, Campo Grande, Cariacica: “Eu falei com meu bem, Serená, /
Que não fosse pro mar, Serená,/ Ele foi e ficou, Serená,/ Ele gosta de lá...
4- A maré encheu (Cariacica, Vitória, Santa Teresa): “A maré encheu/ Mas não quis vazar, /
Está chegando a hora do vapor chegar.”
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5- Clareia o dia (em todo o estado): “Clareia o dia, clareia, / Clareia o dia no mar./ Clareia o
dia, clareia/ Deixa o dia clarear.”
6-Marinheiro novo (Cariacica, Itaguaçu): “Marinheiro novo,/ Quando for me leva/ Pra
estrada nova/ Ou pra linha de ferro...”
7- Meu barco é veleiro: “Meu barco é veleiro, / É veleiro das ondas do mar, / quando me
lembro da casinha de Olinda/ e o luar da noite linda de Olinda/ tomando banho de mar.”
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8- Ora vamos tirar areia (em todo o estado): “Ora vamos tirar areia, / Areia no fundo do mar,
/ Areia, areia, areia, no fundo do mar.”
10- Ô Sali-Sali-çá (Vitória, Santa Leopoldina, Colatina): “Eu vi, morena, eu vi, / Eu vi quando
ele apitou, / Meu amor é marinheiro, morena, / Eu vi quando ele embarcou,/ Ô Sali-Sali-ça,
Ô meu bem, vem cá./ Ô Sali-Sali-ça,/ Ô meu bem, vem cá.”
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11- Pobre barqueiro (Colatina): “Eu sou filha de um pobre barqueiro./ Fui criada nas ondas
do mar./ O meu berço é a proa de um barco /navegando de noite ao luar,/ a remar, a remar,
a remar.”
12- Roda Morena (música folclórica do Espírito Santo: “Roda morena tenho que mandar
buscar, / Roda morena tenho que mandar buscar/ Tenho um lampeão de vidro, maxam
bomba de engomar, / nos braços da moreninha, eu vou chorar”.
No Romanceiro Capixaba6, do Prof. Guilherme Santos Neves,
encontramos a participação de Maria Penedo na fixação da
cantiga de dois romances. O primeiro deles é o Romance da
Barca Nova, que possui diferentes versões, sendo a fixada
por Maria Penedo aquela que se encaixa na Parte de Mouros
da Marujada São Paulo, do Morro dos Alagoanos (Vitória).
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13 - “Vamos, ó maninha vamos, / Vamos à praia brincar, / Vamos ver a Barca Nova/ Que do
céu caiu no mar./ Traz Nossa Senhora dentro/ Com seus anjinhos a remar,/ São Francisco
por piloto/E o bom Jesus por General.”
14- Romance de Juliana e Dom Jorge (versão de São Mateus): “O que tens, ó Juliana,/
Qu’estás tão triste a chorar?/ _Minha mãe, eu soube ontem/ Que Dom Jorge ia se casar./ _
Minha filha, eu bem te disse/Mas você não quis acreditar/ Que Dom Jorge tinha o costume/
De toda moça enganar./_Ó mamãe, lá vem Dom Jorge,/ Montado no seu cavalo/_Boa
tarde, ó Juliana,/ Como vai, como tem passado?/ _ Boa tarde, ó meu Dom Jorge,/ Soube
ontem que vais casar./ É verdade, ó Juliana,/ Vim aqui para te convidar./ _Espere um pouco,
ó Dom Jorge,/ Enquanto vou ao sobrado/Buscar um cálice de vinho/ Que para ti tenho
guardado/ _Que puseste, ó Juliana,/ Neste cálice de vinho?/ Estou com a vista escura/ Não
enxergo mais o caminho./_Bate o sino na matriz,/Ninguém sabe quem morreu./_ Foi Dom
Jorge, aquele ingrato./ Quem matou ele foi eu./ _Foi veneno, minha mãe,/Que eu dei e ele
bebeu./ Todo o céu cobriu de luto./Toda a terra estremeceu/ Quando souberam a notícia/
Que meu Dom Jorge morreu.”
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15- “Toc, totoc./ _ Quem bate aí?/ _É um pobre ceguinho/ Que canta a pedir./ _Vai
Helena,/ Lá no armarinho./ Panhar pão e vinho/ Pra dar ao ceguinho./ _Eu não sou cego/
E nem quero ser./ Eu finjo de cego/ Pra roubar você./_ Adeus, minha irmã,/ Adeus, meu
jardim./ Adeus, minha mãe, / Que foi falsa pra mim.”
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Foto: O Orfeão “Lorenzo Fernandez” na PRI-9 - ES. Fonte: Acervo do Prof. Guilherme Santos
Neves.
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CAPÍTULO 5
Merecidas homenagens
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Prezada Maria
Numa verdadeira identificação de sentimentos, os professôres
(sic) da E.T.V. compartilham das alegrias dêste (sic) momento
emocionante, que você, merecidamente, está vivendo.
Aquilo que damos, sempre o teremos. Esta festa de ternura,
que se reveste da frescura e da exuberância próprias de todo
movimento da mocidade, é uma resposta à sua atitude dentro
da E.T.V.
Guiada por um ideal superior no exercício de sua profissão,
tôda (sic) se absorve nela, consagrando aos alunos uma eleva-
da simpatia. Vivamente interessada na vida dêles (sic), você os
encoraja; desperta e orienta seus esforços. No seu trabalho diá-
rio, acende-se lhe no coração a chama do entusiasmo.
Fazer alguma coisa para aumentar a felicidade e a reflexão mo-
ral dos alunos é a elevada aspiração, a melhor esperança que a
sua alma alimenta.
Entusiasmo tomado na acepção etimológica do têrmo (sic),
contém um sentido profundo, fertilíssimo em suas consequên-
cias. Derivado do grego – en+theos – entusiasmo significa:
Deus dentro, ou: possuído do divino.
Para você, no seu entusiasmo, o tempo e a Escola são campos
de prova riquíssimos, em que você se prepara para o
céu e a eternidade. As alegrias de hoje – deliciosos acordes que
enternecem o seu coração – tomemo-las como uma par-
cela, antecipada, da recompensa divina pelo seu trabalho.
Parabéns, Maria!
16/05/1959
Em 26/06/1963, Maria Penedo foi agraciada com o
título de Cachoeirense Ausente no 1 de 1963, tornando-se a
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Foto: Diploma de Cidadã Honorária da Cidade de Vitória. Fonte: Acervo de Maria Penedo.
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Rezemos com alegria, por quem fez das alegrias alheias a razão
de seu viver.
_ Rezemos ao Senhor.
Rezemos por aquela que cantou o que é belo, compondo letras
alegres, acordes felizes, fazendo sua a festa dos outros.
_ Rezemos ao Senhor.
Rezemos com quem teve a esperança – sereno farol dos mares
– a serviço dos outros.
_ Rezemos ao Senhor.
Rezemos para que com ela encontremos rumos novos, mais
valiosos do que aqueles que parecem constituir a felicidade
terrena.
_ Rezemos ao Senhor.
Finalmente, rezemos para que se robusteça, por meio dos bens
espirituais, a união entre os que peregrinam neste mundo e os
irmãos que adormeceram na paz de Cristo.
_ Rezemos ao Senhor.
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santense de folclore13:
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autoras)
Dos velhos romances versificados _ correntes em terras
capixabas _ Maria Penedo, atendendo a nosso apelo, registrou
versões de Juliana e Dom Jorge. E também, incluída no rol,
aquela cantiguinha triste, triste, que se encastoa na conhecida
historinha do Capineiro de meu pai...
Das “incelências” (cantigas de velório) guardo aquela onde se
repete, várias vezes, Céu, Céu, Céu, o Céu, tão piedoso...
E por falar em Céu _ para onde ela se foi _ paremos por aqui o
desfilar dos textos da nossa poesia do povo simples.
Dona Maria Penedo se foi, sim, mas não de todo. Ela voltará
sempre à lembrança de todos nós, através dos belos exemplos
que semeou sempre com mão generosa de semear; através do
profundo sentido, cordial e humano que imprimira à sua santa
vida e aos seus atos de Guia, Irmã e Mestra. E também através
da música popular que ela fixou, preservando e enriquecendo
o acervo do nosso folclore capixaba.
Sim. Dona Maria Penedo se foi. Mas não de todo, graças a Deus
que a chamou e levou para o céu. Ela está e estará sempre e
sempre em nossa saudade.
Outra homenagem tocante foi a crônica da professora
e renomada escritora capixaba Bernadete Lyra, componente
do Orfeão “Lorenzo Fernandez” durante muitos anos,
discípula e ardorosa admiradora da mestra inesquecível,
divulgada no jornal A Gazeta14:
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CAPÍTULO 6
Depoimentos vivos
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Final de 1946.
Piano fechado.
Magoada...
Mamãe, que nunca me dava razão para eu não ficar
com defeitos de “filha única”, sentida também estava e me
apoiava.
Difícil solucionar a situação.
Mas Deus não tarda...
Nos idos de 1945, Maria Penedo se mudara de Cachoeiro
para Vitória, onde veio morar e trabalhar.
Papai e Mamãe resolveram então conversar com ela.
Eram seus admiradores. Conheciam sua estória. Ela deixara de
se casar com um dos mais chegados grandes amigos do meu
saudoso Pai, que a ama verdadeiramente.
Ao perder o Sr. seu Pai, em 1928, como filha mais velha,
achou que o seu dever era exercer a direção da família, até que
todos se formassem, assumindo suas responsabilidades.
Foi então, nos anos 40, que conheci a grande Maria
Penedo, que se tornou uma das minhas maiores amigas.
Voltei a estudar o piano, com prazer, estudar as músicas
que desejava e já tinha capacidade, muitas delas apontadas
pela Professora Amália Fernandes Conde, irmã do Professor
Lorenzo Fernandez, que, periodicamente, avaliava o meu
progresso no estudo do piano, no Rio de Janeiro.
Maria era católica praticante, de comunhão diária,
piedosa, discreta. Fazia o bem com uma naturalidade única.
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Leda Brambate Carvalhinho
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MARIA PENEDO...
Laila Moysés (ex-aluna)
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TIA LIA
Álvaro Alberto R. Santana
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Afonso Abreu
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Estados Unidos) ;
…a paixão pela profissão (sou cientista em computação, e
amo meu trabalho, na companhia Northrop Grumman nos
Estados Unidos ;
... pioneira em muitas áreas batalhando pela criação de coisas
novas enriquecidas na área musical, tanto para a escola como
o estado do Espírito Santo, que requerem marcantes mudanças
na cultura local (também trabalhei quase toda a minha carreira
trazendo novas tecnologias para minha companhia);
…o cuidado com os jovens que educamos ou guiamos (ver
jovens florescerem e atingirem seu potencial com nossa ajuda
é maravilhoso);
...o carinho e amor pela família e a preocupação (às vezes
talvez demasiada) com os familiares, correndo o risco de
ser interpretada como matriarca. Sempre me lembro dela
tomando decisões na sua casa para os que moravam com ela:
mãe, tia, irmã e sobrinhos;
…a determinação em cumprir o dever e chegar ao alto
da montanha sempre que possível, sem distrações, mas
apreciando a beleza do caminho;
…o gosto pela música e o canto (estudei piano e cantei em
corais quando jovem e recentemente me dei conta de que o
canto eleva meu espírito. Sou contralto como minha tia, com a
voz também um pouco rouca).
Para encerrar, quero compartilhar duas memórias
fortes da tia: a primeira, dela sentada na varanda da nossa
casa na praia do Canto quando de reunião familiar, de olhos
azuis (bem raro na nossa familia) e cabelos grisalhos, uma
presença forte, transmitindo saber, seguranca, tranquilidade
e paz. A outra memória é dos seus últimos dias. A tia sofreu
muito no final de sua vida com câncer ósseo na coluna. Eu
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SAUDADES DA QUERIDA AMIGA MARIA PENEDO
Ignácia Nogueira (Cantora lírica)
Ela foi minha pianista acompanhadora logo no início da
minha carreira artística da cantora lírica. Fizemos muitas
apresentações. Segui seus conselhos e em um deles ela me
dizia: “Ignácia, nunca seja regente de coral para não ficar como
eu _ sem voz”.
Explicando: a maioria dos regentes de corais forçam
a tessitura vocal e cantam fora de seu registro vocal. Ela me
admirava muito como cantora e não permitia que eu cantasse
em qualquer lugar. Eu também a admirava muito, tanto é que
ela foi minha madrinha de casamento.
Grande pianista, maestrina de vários corais e fundadora
do Orfeão “Lorenzo Fernandez”, hoje Coral Maria Penedo, da
antiga Escola Técnica Federal, (atualmente Instituto Federal de
Educação do ES-IFES).
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REFERÊNCIAS
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JORNAIS E PERIÓDICOS
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AGRADECIMENTOS
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