Segundo a tradição cristã, especialmente católica, alguns sacramentos
foram escolhidos pelo próprio Cristo, que fez deles seus "sacramentos", sete ao todo (batismo, crisma, penitência, Eucaristia, ordem, matrimônio, unção dos enfermos). Faz-se então distinção entre sacramentais (sinais sagrados em geral) e sacramentos propriamente ditos. A diferença consiste essencialmente no fato de que o sinal sacro se tornou, por vontade de Cristo (portanto de Deus), além de um signum (sinal) de Deus Salvador e de sua salvação e graça, também medium (meio) dessa graça, não só signum, mas signum efficax (sinal eficaz). A essa elevação do sinal servem a água, o óleo (crisma e unção dos enfermos), o pão e o vinho, o amor verdadeiro e fiel (matrimônio), o arrependimento, a confissão e a absolvição.
BATISMO
O batismo é o primeiro dos sete sacramentos e, por isso, definido como o
sacramento "da iniciação cristã": torna todo batizado filho de Deus, membro da Igreja, sanciona sua identidade pelo recebimento do nome próprio, e é necessário para o recebimento dos demais sacramentos. O vocábulo deriva do grego "baptízein", com o significado de "imergir". A Igreja apostólica primitiva conferia o batismo por imersão, juntamente com a confirmação pela imposição das mãos sobre a cabeça, somente aos adultos, depois de um período de preparação chamado catecumenato. Os dois sacramentos eram, pois, considerados inseparáveis na iniciação cristã, para que esta acontecesse "na água e no Espírito Santo". A necessidade de garantir a salvação eterna também para as crianças, cuja mortalidade era muito alta em tempos e lugares em que a ciência médica não tinha atingido os atuais índices de sobrevivência, inclusive em casos de graves doenças infecciosas, imbuiu a Igreja na sugestão de conferir o batismo num momento bem próximo do nascimento. A confirmação foi, assim, separada e adiada para uma idade de maior compreensão do próprio crismando, para confirmação pessoal e direta de suas escolhas de fé e de vivência no mistério pascal. Atualmente, o rito do batismo, depois do concílio Vaticano II, realiza-se dentro da celebração eucarística, a fim de dispor toda a assembléia cristã ao acolhimento do novo membro e envolvê-la na responsabilidade do crescimento espiritual dele na fé cristã. O rito acontece, pois, por infusão, ou seja, por meio do derramamento de água benta sobre a cabeça do batizando. Somente em caso de expressa vontade dos familiares é que o rito se faz de modo privado e é administrado na pia batismal, normalmente colocada num dos lados da entrada da igreja. O ministro do batismo é o sacerdote ou o diácono. Em caso de necessidade extrema, pode ser qualquer um, inclusive um não-crente, desde que respeite as disposições da Igreja. O rito, nesse caso, reduz-se ao essencial, na única fórmula: "Eu te batizo em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo". Ao lado dos pais, durante o rito, está presente um padrinho ou madrinha: estas figuras representam as pessoas que se comprometem com seu exemplo a ajudar os pais, ou a substitui-los, na formação cristã do batizado. São quatro os momentos fundamentais do rito batismal: 1. acolhida: manifestada pelo "sinal da cruz", que celebrante, pais e padrinhos traçam sobre a fronte do batizando. 2. liturgia da Palavra: que, unida à homilia e à oração dos fiéis, tem a finalidade de dispor a comunidade a professar a fé também em nome do batizando e a comprometer-se a fazê-lo tornar-se um "adulto na fé"; vem depois a oração "do exorcismo" e "a unção com o óleo dos catecúmenos", como libertação do pecado original e sinal da luta pelo bem contra o mal. 3. liturgia do sacramento: a liturgia propriamente dita do sacramento começa com a "bênção da água" e com o diálogo entre celebrante, pais e toda a comunidade sobre a: - RENÚNCIA A SATANÁS, repetindo-se três vezes o "renuncio". - PROFISSÃO DE FÉ, repetindo-se três vezes o "creio". - SOLICITAÇÃO EXPLÍCITA DO BATISMO E DO NOME a ser dado. - INFUSÃO DA ÁGUA com a fórmula trinitária, precedida do nome próprio. A partir desse momento, o batizando é o novo membro da Igreja de Cristo. Seguem-se então "os ritos pós-batismais”: A UNÇÃO COM O SAGRADO CRISMA, sinal do sacerdócio real de todo crente e de sua agregação ao povo de Deus. A entrega da VESTE BRANCA e da VELA, que o pai acende no círio pascal, sinais da integridade e da luz da fé a ser professada O EFFATÁ, isto é, "abre-te", que repete o gesto de Jesus e signifca o acolhimento da Palavra e a coragem de professá-la com a vida. 4. os ritos de conclusão: exprimem-se com a recitação comunitária do "Pai- nosso" e com a "bênção" sobre os pais, padrinhos e comunidade, a fim de que todos se sintam renovados no compromisso de crescer até a maturidade da vida em Cristo.
A CRISMA
A crisma, chamada também de "confirmação", é o segundo dos sete
sacramentos e, juntamente com o batismo e a eucaristia, constitui a plenitude e a marca da iniciação cristã, porque por meio dela o cristão recebe os dons do Espírito Santo e completa a sua identidade cristã e eclesial. Seu nome deriva do grego "chrisma", que significa "ungüento" e, por extensão, "unção". Essa tríade sacramental constitui em seu conjunto a energia espiritual que sustenta o desenvolvimento e o crescimento cristãos. O concílio Vaticano II sugere que: - A crisma seja administrada dentro da celebração eucarística. - O crismando tenha uma idade de razoável consciência: 12/13 anos. - Ela seja precedida por uma adequada preparação catequética, estendida também à família e aos padrinhos e/ou madrinhas. - A comunidade participe com o consentimento unânime na profissão de fé. - A eucaristia possa ser recebida sob as duas espécies pelos crismados, familiares, padrinhos/madrinhas e catequistas. - O ministro "originário", na prática católica, seja o bispo ou sacerdote por ele delegado; na prática oriental é o sacerdote que a confere juntamente com o batismo. - O "crisma" usado seja, todavia, na tradição comum às Igrejas do Oriente e do Ocidente, o que foi consagrado pelo bispo durante a "missa do crisma" de Quinta-feira santa. - A celebração tenha caráter festivo e solene e seja comum para todos os candidatos; não é prevista, portanto, a administração individual. O rito da confirmação segue o esquema clássico: 1º- ritos de introdução, de acordo com a prática comum das Igrejas locais. 2º- liturgia da Palavra, própria da missa do dia, com leituras que demonstrem a intervenção histórica e profética do Espírito, que é autor, em Cristo, do mistério messiânico da salvação e, na Igreja, de sua missão de evangelização. 3º- liturgia do sacramento que se realiza em três fases: a) renovação das promessas batismais, ou seja, a fé expressa pelo próprio crismando; não mais delegada, portanto, como no batismo. A profissão da fé tem um aspecto negativo expresso pela "renúncia" e um positivo expresso pelo "credo", a que toda a assembléia adere com seu "Amém". b) imposição coletiva das mãos com a oração epiclética, que dispõe ao recolhimento para a acolhida da efusão do Espírito. c) o ato de crismar ou a unção com o crisma sobre a fronte do crismando com a fórmula que acompanha: "Recebe a marca do Espírito Santo que te é dada como um dom", enquanto o padrinho/madrinha mantém a própria mão direita sobre o ombro do crismando como sinal de seu compromisso de apoiá-lo em seu caminho cristão. A sagrada unção é sinal do Espírito que permanece no crente, ilumina-o e identifica-o com Cristo, eterno sacerdote. A sagrada unção termina com a saudação de paz: "a paz esteja contigo", dom pascal de fraternidade. 4º- liturgia eucarística, com a possibilidade para os crismados, pais, padrinhos e catequistas de receber a comunhão sob as duas espécies. 5º- ritos de conclusão com bênção final explicitada por duas possíveis fórmulas, significando ambas o mistério trinitário celebrado. Toda a simbologia sacramental aprofunda suas raízes e seu significado litúrgico nas Sagradas Escrituras do Antigo e do Novo Testamento. Como no caso do Batismo, também a Crisma é recebida uma só vez.
PENITÊNCIA
A penitência é o sacramento da reconciliação do pecador com Deus, por
meio da confissão de seus pecados, obtida pela absolvição sacramental expressa pela fórmula trinitária: "Eu te absolvo de teus pecados em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo". Não há ação litúrgica do mistério da salvação que não requeira antes a reconciliação com o Senhor. A celebração eucarística, que é o sacramento por excelência, é precedida do "Confiteor" da assembléia, a que se segue a absolvição geral e a tríplice invocação do "Kyrie". Com a reforma proposta pelo Vaticano II, também o sacramento da Penitência foi renovado, mas falta ainda uma autêntica catequese dos cristãos para recuperar seu valor salvífico. As ciências sociológicas modernas e uma prática confessional nem sempre correta e esclarecida afastaram muito os fiéis da experiência de reconciliação; muitos crentes sentem-se autorizados a um arrependimento e absolvição pessoais, sem confirmação por parte dos ministros da Igreja. As motivações são muitas e enchem os textos de liturgistas e teólogos. Todavia, o sacramento, para ser válido, exige três atos do penitente: - Arrependimento, ou contrição, que consiste na dor de não ter acreditado no amor do Senhor; - A confissão auricular dos pecados graves ao sacerdote; recomenda- se também a confissão dos pecados veniais para consolidar a consciência reta na luta contra satanás; - A absolvição pelo sacerdote, se julgar o penitente realmente arrependido, ou seja, bem disposto a não ter recaídas. Segue-se o cumprimento de alguns atos de satisfação, ou penitência, pedidos pelo sacerdote, para reparar o mal cometido e restabelecer a dignidade cristã de discípulo do Senhor. O ministro do sacramento é somente o sacerdote para isso designado pelo bispo. A cor litúrgica é o roxo da estola que o celebrante enverga no ato da confissão. Uma vez que esse sacramento obriga o sacerdote ao silêncio, normalmente a confissão acontece no confessionário; essa prática está caindo em desuso, pois os fiéis preferem a aproximação direta e pessoal. Além das diversas parábolas do perdão e da misericórdia, este sacramento tem seu fundamento neotestamentário nas palavras de Jesus: "Recebei o Espírito Santo. A quem perdoardes os pecados, ser-lhes-ão perdoados. A quem os retiverdes, ser-lhes-ão retidos" (Jo 20,22-23).
EUCARISTIA
É um dos sete sacramentos e, juntamente com o batismo e a crisma,
completa a iniciação cristã. Os sinais essenciais da Eucaristia são o pão de trigo e o vinho de uva, em que, por meio da consagração, dá-se a transubstanciação no Corpo e Sangue de Cristo: Ele está presente de modo verdadeiro, real, substancial nas espécies sacramentais; por isso, é-Lhe devido o culto de adoração. O termo "Primeira Comunhão" indica esse sacramento quando é recebido pela primeira vez pelas crianças para isso devidamente catequizadas. Normalmente é administrada a crianças por volta dos 8/9 anos de idade e sob a única espécie do pão consagrado. Recebe o nome de "Communio" justamente para indicar a "comum união" e "igual participação" delas nesse sacramento "divino" por excelência, sendo materializada na hóstia e no vinho a presença real do Senhor. A Comunhão é celebrada dentro da própria celebração eucarística e não tem liturgia própria porque já lhe é própria toda liturgia dominical e festiva. Normalmente, para torná-la solene, é administrada em dia ferial destinado a uma festividade civil ou do Santo Patrono local, para que possa se tornar um rito de grande assembléia litúrgica. A cor litúrgica é o branco, presente não só nos paramentos sagrados, mas também nas vestes dos comungantes, revestidos todos, a partir da reforma ensejada pelo Vaticano II, de uma túnica branca de corte monástico, para evitar qualquer exibição no trajar e criar assim de fato "a união fraterna", que foi a finalidade com a qual Jesus instituiu a Eucaristia. É, em certo sentido, também a festa de toda a família e dos parentes, que se reúnem com alegria em volta do pequeno comungante; às vezes, é ocasião da reconciliação deles com a Igreja e de retorno à prática sacramental. Os comungantes, para ter acesso a esse sacramento, além de receber uma preparação específica, foram anteriormente catequizados para receber o sacramento da Penitência e ser assim educados imediatamente "na iniciação do estado de graça", sem o qual não se pode assumir dignamente o Corpo do Senhor.
ORDEM
É o sacramento que confere a alguém poder espiritual em virtude da
graça particular que o torna apto a exercer as várias tarefas eclesiais e eclesiásticas. Em primeiro lugar, a de celebrar a Eucaristia, além do poder de perdoar ou não os pecados no exercício do sacramento da Penitência: é o poder sobre o Corpo Real e sobre o Corpo Místico de Cristo. Esse sacramento tem sua origem no ato de Jesus ao escolher um grupo de apóstolos e discípulos para continuar Sua ação no mundo. Já no Novo Testamento, nos Atos dos Apóstolos e Cartas de Paulo aparece uma primeira hierarquia, com tarefas específicas, mas subordinadas: bispos-presbíteros, que tornam atual o "memorial" eucarístico e a pregação, e diáconos, que exercem os ministérios da colaboração no culto e da caridade fraterna com os necessitados. Num documento oficial do século III, qual seja, a carta do papa Cornélio I ao bispo Fábio de Antioquia, já se expressam, com os nomes específicos, os três graus da ordem sagrada: - Bispo, um só nas diversas comunidades, - Presbíteros, também chamados padres ou sacerdotes, - Diáconos. - A Igreja latina, com o tempo, distinguiu entre "ordens maiores" e "ordens menores", cada uma delas conferida com ritos específicos: - Ordens maiores: compreendem bispos, presbíteros, diáconos, subdiáconos. - Ordens menores: compreendem ostiário, leitor, exorcista, acólito. A Igreja grega considera-as todas ordens menores conferidas com ritos especiais, que não são considerados sacramento. O concílio de Trento limitou- se a definir que na Igreja católica, por instituição divina, há uma hierarquia; a compreende-la: - Os bispos, incumbidos do governo pastoral, "munus regendi"; - Os presbíteros, encarregados do culto divino, "munus liturgicum"; - Os diáconos, encarregados do ensinamento, "munus docendi". O sacramento em si deriva o nome do latim "ordo", ou seja, "grau". Os ministérios conferidos pela ordenação são insubstituíveis e definem a estrutura orgânica e interdependente da Igreja. O ministro do sacramento é o bispo, que consagra por meio da imposição das mãos, da sagrada unção e de uma oração consecratória específica ao Espírito Santo: tudo acontece dentro da celebração eucarística, com rito solene. Três são os momentos principais da administração desse sacramento: - Ritos de introdução. - Rito de consagração. - Ritos explicativos. Os ritos de introdução, idênticos para as três ordens, compreendem a chamada dos candidatos e a apresentação ao bispo ministrante, a atestação da idoneidade deles e a eleição por parte do bispo à ordem a que se candidatam, a homilia do bispo ordenante, o diálogo entre bispo e candidatos com a promessa de obediência destes últimos representada pelo gesto de colocar as próprias mãos juntas nas do bispo (para os bispos, nas do papa), o canto das ladainhas dos santos com a prostração dos candidatos. O rito de consagração cumpre-se com a imposição das mãos do bispo sobre a cabeça dos candidatos; aqui se dá a primeira hierarquização: se diácono impõe as mãos só o bispo; se presbítero, impõem as mãos o bispo e, a seguir, cada presbítero presente ao rito; na ordenação episcopal impõem as mãos também todos os bispos presentes e, a seguir, dois diáconos seguram sobre a cabeça dele um evangelho aberto para significar que ele está submetido à Palavra de Deus; tudo acontece em silêncio. Depois vem a oração consecratória, específica para cada ordem: proclamada somente pelo bispo, para presbíteros e diáconos; por todos os bispos presentes, para o bispo; a assembléia adere com o próprio "Amém". Os ritos explicativos fazem uso de gestos e ações para representar o que aconteceu: os diáconos recebem as vestes litúrgicas de seu grau, ou seja, a estola e a damática; os presbíteros vestem a estola e a casula, e o bispo unge suas mãos com o crisma sagrado; na consagração episcopal unge-se a cabeça; depois, diáconos e bispos recebem o livro do evangelho, enquanto os presbíteros recebem o pão sobre a patena e o cálice do vinho para a celebração eucarística; os bispos recebem também as insígnias de seu grau, ou seja, o anel, a mitra, o bastão pastoral, e são convidados a se sentar sobre a cátedra episcopal. Tudo se conclui com o abraço e o beijo da paz. Os candidatos à consagração, na Igreja romana, devem satisfazer aos seguintes requisitos: - ser homens - ser batizados - estar dispostos ao celibato pelo Reino, o que deve ser expresso publicamente por livre vontade. O sacramento imprime um caráter indelével e cabe à autoridade da Igreja a responsabilidade e a decisão última de aceitar os candidatos ao sacerdócio, depois de uma adequada preparação doutrinal, pastoral, litúrgica, evangélica e espiritual no seminário. O concílio Vaticano II estabeleceu o "diaconato", do grego "diákonos", "servidor", como grau permanente conferível também a homens casados. Nas comunidades cristãs primitivas, o diaconato era conferido também às mulheres, em geral viúvas; atualmente, essa instituição permanece em muitas Igrejas protestantes. O "sacerdote", do latim "sacer-facere", é o mediador entre o homem e Deus no exercício do culto sagrado; entre católicos e ortodoxos, ele recebeu o sacramento da ordem. Os sacerdotes são chamados "regulares" quando estão vinculados à regra de uma ordem religiosa; "seculares" ou diocesanos, quando dependem diretamente do bispo e operam no âmbito da diocese de sua jurisdição. Na liturgia protestante, aquele que preside a assembléia chama-se "pastor", é ministro do culto e não tem ordem sacra. O "bispo", do grego "epíscopos", do verbo "epi-scopein", ou seja, "vigiar", sucessor dos apóstolos, recebe com a consagração episcopal a missão de santificar, ensinar e governar o povo de Deus a ele confiado e circunscrito no âmbito de um território, definido como "diocese", do grego "dioíkesis", "administrador da casa". Somente o papa tem o poder de erigir, modificar ou suprimir uma diocese. Atualmente, estão em vigor três modos de nomear os bispos: - Eleição, nomeação, ou designação da autoridade civil; - Legítima eleição, segundo o direito universal, confirmada pelo romano pontífice, que confere a missão canônica; - Livre nomeação por parte do romano pontífice; é o modo principal em uso na Igreja latina. O bispo deve ter pelo menos 35 anos de idade e 5 de sacerdócio ativo. Os bispos, depois, distinguem-se em: - Diocesanos sufragâneos, quando dependem de um metropolita e fazem parte de uma província eclesiástica; - Diocesanos isentos, quando depende diretamente da Santa Sé; - Titulares coadjutores, quando servem de ajuda ao bispo diocesano, com direito de sucessão; - Titulares auxiliares, de ajuda ao bispo diocesano, com ou sem faculdades especiais; - Eméritos, se perderam o ofício por limite de idade ou por renúncia aceita.
MATRIMÔNIO
Este sacramento é o que sanciona diante de Deus a união completa da
pessoa e da vida de um homem e de uma mulher. Uma vez que o matrimônio é uma festividade solene para quem o contrai e para todos os que partilham de sua alegria, a Igreja nega-se a celebrá-lo nos tempos do Advento e da Quaresma, dado seu caráter penitencial, ou o consente, porém de forma simples. O termo deriva do latim "matris" e "munus", com o significado de dom- compromisso recíproco. Sua instituição fundamenta-se na origem bíblica da espécie: "Deus criou o homem à sua imagem... macho e fêmea Ele os criou"(Gn 1,27) e ainda: "... deixará o homem o pai e a mãe e se unirá à sua mulher e se tornarão uma só carne" (Gn 2,24). Seu fundamento jurídico e ético baseia-se no consenso dos contraentes e contempla a unidade, a indissolubilidade, a disponibilidade para procriar. Durante os primeiros séculos do cristianismo, o matrimônio não tinha liturgia própria; a partir do século IV, começou-se a abençoar os anéis e, em seguida, o objeto específico da bênção foi o véu e a esposa. Com a reforma litúrgica do concílio Vaticano II, entrou em vigor um ritual mais conforme ao novo direito de igualdade jurídica do homem e da mulher e mais exemplificativo do significado profundo próprio desse "contrato". Um aspecto essencial foi a inserção da celebração dentro da missa. A liturgia do sacramento articula-se em quatro momentos: - As perguntas. - O consentimento. - A bênção e a troca dos anéis. - A oração dos fiéis. Os ministros do sacramento são os próprios esposos, que contraem diante de Deus o pacto de aliança recíproca, segundo o exemplo daquela que Deus quis selar com a humanidade: o sacerdote é sua testemunha e mediador litúrgico. A tríplice bênção sobre o casal indica a associação deste ao mistério eucarístico.
UNÇÃO DOS ENFERMOS
A Unção dos Enfermos é um dos sete sacramentos. Na perspectiva do
Vaticano II, também o rito para os doentes foi renovado; não se fala mais de Extrema Unção, como se fosse um subterfúgio mágico que se apoiasse na inconsciência agônica do moribundo. É um autêntico sacramento de ajuda e de apoio ao doente para que suporte o limite que a doença grave lhe traz, além de ser um fortificante do corpo para que lute contra a própria doença com a vontade confiante de sarar, pois a vida é um dom de Deus que sempre se deve sustentar e desejar. Esta nova ótica esbarra, naturalmente, no cientismo moderno, que tende a ver na morte a libertação de um mal definido como irreversível. O sacramento da Unção supõe, portanto, a plena consciência do sujeito que o recebe, porque se põe no plano do evento salvífico: "Por esta santa unção e sua piíssima misericórdia, te ajude o Senhor com a graça do Espírito Santo. Amém. E, libertando-te dos pecados, te salve e, em sua bondade, te reerga. Amém”. Este sacramento tem a finalidade de conferir uma graça especial ao cristão que experimenta as dificuldades e os sofrimentos da doença ou da velhice; pode ser administrado até mais de uma vez, segundo o agravamento do estado da doença. O ministro do sacramento é apenas o sacerdote, que usa o óleo bento pelo bispo ou pelo próprio sacerdote celebrante. No rito romano, a unção é feita sobre as mãos e sobre a fronte do doente; no rito oriental, também sobre outras partes do corpo e é acompanhada por uma oração específica. Seus efeitos são: - A união do doente à Paixão de Cristo para o próprio bem e de toda a Igreja; - O conforto, a paz, a coragem para suportar cristãmente o mal; - O perdão dos pecados, se já não tiver sido obtido com o sacramento da penitência; - A recuperação da saúde, se isso ajudar a salvação espiritual; - A preparação da passagem para a vida eterna. A Igreja pede que a administração da Unção dos Enfermos seja um ato comunitário com a presença dos familiares e parentes; para o rito não se exigem alfaias especiais: basta uma vela acesa e uma mesa adequadamente preparada se a essa administração se associar, por vontade do doente, a da eucaristia. Os 7 Pecados Capitais
Orgulho (Soberba) Inveja Ira (Cólera) Preguiça Avareza Gula Luxúria
O problema do mal e dos atos considerados contrários aos preceitos
divinos ocupa lugar central na doutrina cristã e teve influência determinante na elaboração discursiva do medievo. O pecado encontra-se na reflexão de teólogos, filósofos, moralistas, pregadores, mas também em obras literárias e testemunhos iconográficos cristãos. A definição de Santo Agostinho, segundo a qual o pecado é "uma palavra, uma ação ou um desejo contrário à lei divina" (Contra Faustum, XX, 27) teve ampla aceitação entre os letrados, e a idéia do pecado motivou a produção de gêneros textuais variados (Libri paenitentiales, Summae confessorum) e o estabelecimento de gradações, distinções, enfim, classificações sobre os tipos, as formas, as relações entre atos e pensamentos pecaminosos. A lista dos pecados capitais foi esboçada pelos primeiros pensadores cristãos, aperfeiçoada no século V por João Cassiano e fixada definitivamente por Gregório Magno, no fim do século VI. Este esquema baseava-se na existência de sete pecados principais, hierarquicamente organizados num grande exército, onde o orgulho (superbia) exercia a função de comandante supremo, seguido dos seis outros vícios, quer dizer, a inveja (invidia), a cólera (ira), a tristeza ou preguiça (accidia), a avareza (avaritia), a gula e a luxúria, os quais, por sua vez, conduziam uma multidão de pecados secundários. Embora tivessem existido outras formas de classificação (a divisão entre pecados mortais e veniais; pecados de pensamentos, palavras ou obras), a dos pecados capitais foi a mais difundida e a que mais exerceu influência na cultura medieval. Deste modo, na Idade Média a concepção do tempo, a organização do espaço, os elementos que integravam os sistemas de valores, toda a vida e visão de mundo girava em torno da presença do pecado. A esta "cultura do pecado" pode-se associar um complexo de práticas penitenciais bem como o desenvolvimento da idéia e prática da confissão, que conheceu grande desenvolvimento a partir do século XIII.