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História das Assembléias de Deus

Assembléia  de  Deus  no  Brasil. Conheça a História completa e detalhada  do  nascimento 
desta  Igreja.  Saiba que  Deus estava com os pioneiros desde os primeiros dias.Momentos de
fé  de coragem, determinação pelo Evangelho. Uma história de Edificação

CAPÍTULO I
 
O CONCEITO DAS ASSEMBLÉIAS DE DEUS NO BRASIL
Nas primeiras décadas de sua existência no Brasil, as Assembléias de Deus foram
impiedosamente discriminadas, alvo de incontáveis hostilidades partidas principalmente do
baixo clero católico-romano e de integrantes de outros segmentos religiosos. Não poucos
daqueles irmãos pioneiros foram agredidos e feridos pelo amor de Cristo, e até em prisões
estiveram. A firmeza de sua fé e os princípios éticos ensinados na igreja e praticados pelos
seus lideres e membros foram, porém, modificando o conceito sobre as Assembléias de Deus,
da parte dos que não entendiam as visíveis marcas da Obra e da real presença do Espírito
Santo na vida dos crentes.
Atualmente, em todas as unidades da federação, as Assembléias de Deus passaram a ser
tratadas com apreço pelas autoridades, e de seu próprio seio vem surgindo importantes
lideranças. A partir dos pobres e desprezados subúrbios e das zonas rurais, a igreja, antes
integrada quase somente por pessoas das classes mais humildes, caminhou para as áreas
nobres das cidades, alcançando, também, a classe media. Incontável número de lideres
comunitários, vereadores, vice-prefeitos, prefeitos, deputados estaduais e federais, como
também de professores, magistrados, oficiais militares, profissionais liberais, são agora
membros da Assembléia de Deus. A primeira mulher evangélica eleita para o Senado da
República é uma ex-favelada originaria da igreja pentecostal pioneira. Essa ascensão social,
essa contribuição no sentido da conquista da cidadania, da dignificação do ser humano que a
conversão a Cristo proporciona chegou a ser reconhecida inclusive pela escritora Rachel de
Queiroz, membro da Academia Brasileira de Letras, que, em artigo na imprensa, focalizou "O
avanço dos crentes". Assim:
"Os jovens, que ’viviam como bichos’, no dizer dos velhos, sem doutrina, sem ensino (...),
hoje vivem como gente, ’se entregam a Jesus’, cantam hinos, ’falam línguas’, assumem novo
status. E os velhos (...) atiram-se sofregamente as novas práticas, como recuperando o tempo
perdido. Vale a pena ver a dignidade com que se cumprimentam: ’A paz do Senhor! ’ Sentem-
se membros honrados de uma comunidade (...), não vivem mais em abandono."
Em março de 1985, José Bittencourt Filho, então mestrado em Ciências da Religião do
Instituto Metodista de Ensino Superior, revelou que importante figura do mundo político de
Pernambuco "... mencionou diversas vezes que todas as lideranças do movimento estavam
ligadas as ADs e outras igrejas pentecostais. A razão talvez seja", conclui, "que os ’crentes’
desenvolvem uma habilidade de verbalização e uma ética rigorosa, que os coloca em condições
privilegiadas de exercerem lideranças de grupos."
Focalizando "Uma congregação da Assembléia de Deus" no livro Os Escolhidos de Deus
Pentecostais, Trabalhadores e Cidadania, a pag. 94, depois de colher calorosos testemunhos
de agricultores evangélicos em Santa Maria, Pernambuco, Regina Reyes Novaes observa:
"No processo de conversão, assim como na vida religiosa posterior, a ’comunidade de irmãos’
é muito importante. E o grupo que acolhe o novo convertido, que dá sentido e impulsiona o
processo de conversão no qual se valoriza a individualidade..." Em opúsculo movido por óbvios
propósitos contestatórios, o padre católico-romano Sandro Schiattarella, surpreendentemente,
diz, sem sequer ocultar a fundamentação bíblica de sua assertiva:
"A Assembléia de Deus pertence as igrejas pentecostais que visam despertar o entusiasmo
religioso, segundo o modelo do que aconteceu em Jerusalém nos primeiros dias de
Pentecostes, quando o Espírito Santo desceu sobre os apóstolos e eles começaram a falar
diversas línguas" (At 2).
A igreja fundada por Gunnar Vingren, Daniel Berg e pequeno e humilde grupo de batistas
paraenses também se distingue, no meio evangélico, pelo equilíbrio e seriedade que nela
predominam. Depoimento dado por escrito pelo prof. Jaci Correia Maraschin, metodista, doutor
em Ciências da Religião, alude ao que ele classifica como "pentecostalismo sadio": "Segundo a
nossa experiência, as Assembléias de Deus pertencem a esse grupo ’sadio’, digno da confiança
dos brasileiros." (Na "Apresentação" ao opúsculo Imagens da Assembléia de Deus, Instituto
Metodista de Ensino Superior, São Paulo, SP, 1983.)
Os pioneiros, recolhidos pelo Senhor antes do cumprimento de ricas promessas quanto ao
progresso da Obra, tem, assim, nas mãos de seus descendentes, e dos demais irmãos de hoje,
a colheita dos frutos cujas sementes (a Palavra de Deus) um dia semearam.
 
CAPÍTULO II
 
OS PIONEIROS GUNNAR VINGREN E DANIEL BERG
 
DANIEL BERG já era quase octogenário quando retornou a pátria pela qual pulsava tão
fortemente o seu coração (não era mais, porém, que o seu amor a Cristo e a Obra do Senhor).
No hospital, o enfermo ancião cujas mãos, em nome de Cristo, curaram talvez milhares e
abençoaram milhões, combalido, mas perseverante, percorria as enfermarias, não obstante as
interdições médicas, a distribuir folhetos com a doce mensagem da cruz. Nunca deixou de
exercer a sua missão de embaixador de Cristo.
Quando a morte chegou (em 1963), feliz ele sorria, como a dizer: "Onde estão, ó morte, os
teus aguilhões?" E em Cristo se abrigou para todo o sempre. Só os céus podem avaliar o
quanto os dois pioneiros fizeram pela saúde espiritual do Brasil, onde o povo, maciçamente,
com pouquíssimas exceções, pendia para a crendice e os ídolos.
GUNNAR VINGREN regressou a Suécia aos 53 anos, a 15 de agosto de 32, quando em plena
atividade pastoral, no Rio de Janeiro. Em 2 de junho de 1933, às duas horas e 45 minutos da
tarde, partia para as moradas eternas. Seu filho Ivar recorda: "Dois dias antes, ele fora
arrebatado. Esteve no céu e viu coisas maravilhosas. Quando voltou, cantaram em línguas
hinos espirituais, e em seguida disse para minha mãe: ’Agora eu sei que Jesus vai me levar,
agora sei que vou embora para o céu.’ Dois dias depois ele nos chamou a todos, e se despediu
de cada um de nos, nos deu uma palavra, um conselho para cada um especificamente".
Frida, a esposa, assim testemunha sobre a morte de Gunnar Vingren: "... com os braços
levantados, exclamou: ’Jesus, tu és maravilhoso. Aleluia! Aleluia!"
O Senhor os enviou, e eles renunciaram a riqueza do Norte e a civilização européia para virem
ao encontro de um país de massas paupérrimas, o qual logo se lhes desnudou a face
tenebrosa. Aqui, a tuberculose, a lepra, a malária – tantas endemias e epidemias – dizimavam
sem piedade. E a miséria estendia sobre quase todos, por onde eles andaram inicialmente, seu
império abominável.
Eles chegaram com a bandeira da libertação sobre os males da alma e do corpo, ensinando-
nos a abrir o coração ao Espírito de Deus. A viver em intimidade com Cristo. Em suma: a
receber as bênçãos. Berg e Vingren fazem jus a coroa que Deus lhes preparou.
A Jornada
Na gigantesca onda de imigrantes que, em fins do século XIX e início do século XX, a sonhar
com melhor futuro, deixaram a Suécia em busca de emprego nos Estados Unidos, estavam
dois jovens que jamais se haviam encontrado em sua terra.
Infância Cristã
O mais velho, exemplar filho de crentes, aos 18 anos batizado em águas, teve como berço
uma localidade chamada Ostra Husby, em Ostergotland. O outro, também de família
evangélica (batista), viveu, igualmente, uma infância de verdadeiro cristão, e com apenas 15
anos de idade se fez batizar. Seus nomes: Daniel e Gunnar. Aquele, até o início da juventude
residiu no torrão natal, Vargon ("Ilha do Lobo"), onde lobos não havia; ao contrário, vivia-se
cercado de bonança por todos os lados – sem perspectivas, porém, de dias melhores.
Sem que eles, então, nem de longe pressentissem qualquer sinal, ao conduzi-los ao outro
continente, a mão de Deus, desde cedo, começou a direcioná-los para inimagináveis pontos de
convergência. Nestes estava, inclusive, embora em segundo plano, um amigo de infância de
Daniel – Lewi Pethrus –, que lhe propiciou ter "o primeiro contato com a obra pentecostal e
sua mensagem". Pethrus viria ao Brasil, pela primeira vez, quando a Obra de Deus iniciada
pelos dois missionários passava provavelmente pela sua maior crise, e ajudou a orientá-la nos
rumos que a levariam a ser – sob o aspecto numérico, pelo menos – a mais importante
comunidade pentecostal de todos os tempos.
A Terra Natal
Em suas memórias, Daniel, que sempre nutriu acendrado amor por sua terra, retrata o cenário
da infância: "... para mim, Vargon é um desses lugares mais lindos da Suécia"; e tenta
consertar o seu arroubo: "... sem que vá nesta declaração qualquer manifestação de
bairrismo..." Ele continua, a enfocar seu berço, como o fazia saudoso, no Brasil, sem permitir
porém que o apego as suas raízes interferisse na grande chamada: "Vargon tem a um lado o
lago Vanern, do qual a cidade mais próxima, Vanersborg, tomou o nome. Do outro lado estão
situadas as montanhas Hunneberg e Halleberg, lugares prediletos dos reis da Suécia para
realizar caçadas. Nós, as crianças, durante o verão e o outono, passávamos todas as horas de
férias nessas montanhas, contemplando as fontes abundantes e os lagos cristalinos." Quão
diverso, esse cenário, daquele em que, sob as mais duras provações, iria ser protagonista de
um acontecimento que viria a comover milhões de brasileiros! Daniel embarcou, a 5 de março
de 1902, em Gotemburgo, rumo aos Estados Unidos, em sua primeira viagem marítima, a que
muitas outras se seguiriam, como obreiro do Senhor. O dia estava frio e o "Romero" começou
a afastar-se do porto.
"Mesmo que eu me arrependesse de haver embarcado", recorda o sueco apegado ao seu pais,
"já era tarde para mudar de idéia." Procurava tranqüilizar-se: "Pensei, então, comigo mesmo,
que não veria a primavera sueca naquele ano, nem no ano seguinte. Sabia, isso sim, que ao
iniciar a primavera, eu estaria no país dos grandes sonhos e esperanças, a América do Norte.
Na América também havia primavera, e, pensei, talvez seja igual na Suécia." O porto do
desembarque era Yorkshire, na embocadura do rio Hull, onde a cidade do mesmo nome vinha
a ser uma das mais importantes da Inglaterra. Depois de breve permanência em Hull, Daniel
rumaria a Liverpool, então a quarta cidade da Inglaterra em população, de onde embarcou, a
11 de março, com destino aos Estados Unidos. Era a velha cidade de Boston,
arquitetonicamente e sob o aspecto urbanístico bem britânica, que se lhe descortinava, dias
depois de deixar o Velho Mundo. Logo, estaria em Providence, Estado de Rhode Island, onde,
com a ajuda de amigos, obteve emprego em uma fazenda.
 
Vingren nos EUA
 
Gunnar Vingren viajou para Gotemburgo em meados de 1903. No dia 30 de junho tomava o
vapor que o levaria a mesma cidade de Hull, por onde no ano anterior passara Daniel. E não se
tratava de mera coincidência. Era a mão de Deus dando continuidade aos mais altos desígnios.
De trem continuou ate Liverpool e, novamente, por via marítima prosseguiu em sua jornada
até Boston. Mas precisou viajar mais, com destino a casa do seu tio Carl, residente em Kansas
City, onde chegou em 19 de novembro, após dezenove dias de viagem. Logo, Gunnar
conseguiu empregar-se, até o verão, como foguista em Greenhouse. No inverno, viria a
trabalhar como porteiro de uma loja e jardineiro. Na condição de estrangeiro, sobravam-lhe,
como sempre acontece, as ocupações mais modestas. Em fevereiro de 1904, hei-lo a caminho
de outro endereço, em busca de seu ganha-pão: a cidade de St. Louis, onde passou a
trabalhar no Jardim Botânico.
A "Chamada" Equivocada
Um tio de Gunnar Vingren havia sido missionário na China; e ele começou a cogitar de tomar o
mesmo destino. Mas o Senhor falou-lhe ao coração, demovendo-o daquele propósito. Uma vez
batizado no Espírito Santo, Gunnar iria sentir-se em plena sintonia com os recados de Deus.
Ele fez o curso teológico em Chicago, no Seminário Batista Sueco, de setembro de 1904 a
1909. A isso fora exortado, quando pertencia a Igreja Batista. Nesse período, como estagiário,
pregava em vários lugares: na Primeira Igreja Batista em Chicago, Michigan, em Sycamore,
Illinois; Blue Island, Illinois. Nos últimos estágios pastoreou a igreja em Mountain, Michigan.
Estava intelectualmente preparado, adquirira alguma experiência pastoral, mas ainda carecia
de algo para estar pronto. Ao resistir, por fim, a determinação dos ministros quanto a sua
viagem para a China – pois o que lhe ia no coração nada tinha a ver com o multissecular país
– sérias conseqüências o envolveram. Foi-se-lhe inclusive a noiva, que aspirava acompanhá-lo
ao Oriente e, desatendida, optou pelo rompimento do compromisso...
De Volta a Suécia
As saudades da família, de sua bucólica Vargon, falaram a Daniel tão fortemente que um dia,
em 1908, regressou. Embora pudesse parecer estranho esse capítulo de sua história, um
retrocesso, mais uma vez era o Senhor articulando todos os seus passos. Informado do
destino de seu amigo Lewi Pethrus, desejou Daniel viajar ao seu encontro.
Sintonia com Deus
Pethrus, que vivia numa cidade próxima, onde pregava o Evangelho, falou-lhe das doutrinas
pentecostais. No regresso aos EUA, em 1909, Daniel recebeu o batismo no Espírito Santo.
O Grande Avivamento
Era tempo de um grande Avivamento nos Estados Unidos, exatamente o pais onde Daniel
havia estado e aonde agora retornava. Em muitas igrejas tradicionais, crescia o número dos
que recebiam a promessa pentecostal. A princípio, eles não se afastavam de suas
comunidades, mas começaram a ter encontros em que, com maior liberdade, ouvia-se sobre o
Evangelho Pleno, viam-se e ouviam-se homens, mulheres e crianças a falar em línguas, a
receberem a cura divina. Muitos outros buscavam, e também recebiam o que Jesus prometera
antes de sua ascensão.
Em 1854, a chama pentecostal havia crepitado mais fortemente na Nova Inglaterra (Boston e
adjacências); em 1892, na cidade de Moarehead; em 1903, em Galena, Kansas; em Orchard e
Houstok, nos anos de 1904 e 1905. Tão perto do Pentecostes, no entanto ele precisou
atravessar o oceano para encontrá-lo...
Com Deus
Após uma semana convencional, o poder de Deus envolveu a Vingren, extraordinariamente.
Mais tarde, pode entender o que o Espírito Santo desejava dizer-lhe: uma irmã com o dom de
interpretação de línguas foi usada pelo Senhor para dar-Ihe ciência de que antes de seguir ao
campo missionário, deveria ser revestido de poder. Em novembro do mesmo ano (1909),
recebeu o revestimento de poder.
Agora, Daniel e Gunnar tinham alguma coisa mais em comum, além da condição de patrícios,
servos do Senhor e imigrantes no mesmo pais. Com um ano de diferença, eram ambos
batizados no Espírito Santo, falavam línguas estranhas.
 
CAPÍTULO III
 
UNIDOS POR DEUS
 
Passos Convergentes
Faltava pouco, agora, para o encontro. E isto aconteceu também em 1909, em Chicago, como
participantes de uma conferência.
Depois de longo diálogo, em que cada vez mais se identificavam e se compenetravam da
chamada de Deus, passaram a orar diariamente, em busca de completa orientação do Alto.
Um Nome no Sonho: Pará
Alguns dias se passaram, até quando um crente batizado no Espírito Santo, chamado Adolfo
Uldin, narrou-lhes um sonho, em que os dois amigos eram personagens, e em que lhe
aparecera, bem legível, um nome muito estranho: Pará. Uldin jamais lera ou ouvira tal
palavra. Mas, entendeu tratar-se de um lugar.
Daniel e Vingren compreenderam que era a resposta de Deus as suas muitas orações. No dia
seguinte, dirigiram-se a uma biblioteca, a fim de consultar os mapas. Ao verificarem a
distância do país em que ficava o Pará, chegaram a ser abalados pelas dúvidas, mas após uma
semana de oração convenceram-se quanto ao destino a tomar. A decisão se tornara
irreversível. E Deus continuou a dispor marcos no caminho dos suecos para que pudessem
comprovar a certeza da vontade divina em suas vidas.
Provisão do Senhor
O dinheiro de que dispunham era muito pouco, mas significava mais um indicativo dos rumos
a serem tomados: noventa dólares – o preço da passagem até o longínquo país onde havia um
lugar chamado Pará. Mas, eis que, com novo teste, Deus voltava a desafiar-lhes a fé: o Senhor
ordenava a Vingren doar os noventa dólares ao jornal da igreja do pr. Durham. E Daniel
concordou. Eles o visitavam em Chicago, em busca de alguma contribuição para a viagem,
"mas", recorda Daniel, "os irmãos não se mostraram muito entusiasmados. Mencionaram
dificuldades de clima e predisseram que voltaríamos sem demora. Por isso, não nos
garantiram qualquer sustento". Durham limitara-se a separá-los para a missão no Brasil. Em
outra igreja da mesma cidade, em um culto de despedida, o pr. B. M. Johnson – que viria a
ajudá-los, quando no Brasil, nos momentos mais difíceis – também nada pode fazer por eles,
mas deixou a congregação a vontade. Caso alguém se dispusesse... Com essa oferta poderiam
chegar ate Nova York. Prosseguiram viagem e, numa parada, depararam-se com um amigo de
Vingren que foi logo dizendo:
O Dedo de Deus
"Sabe, irmão Vingren, sonhei com você esta noite, e Deus me falou que eu lhe deveria dar
noventa dólares. Hoje de manha pus o dinheiro em um envelope para remetê-lo... Agora não
preciso pagar a remessa." Mais um sinal no caminho: o Senhor lhes falava de modo inusitado,
mas quão claramente lhes falava! 0 dedo de Deus era quase visível. Uma vez em Nova York,
logo começaram a buscar, nas companhias marítimas, suas duas passagens para o dia 5 de
novembro. Não tinham dúvidas; a data era exatamente aquela.
Outro Sinal
Em South Band, o Senhor lhes havia dito tudo a respeito, pormenorizadamente. Porém, tantos
foram consultados quantos negaram haver partida para 5 de novembro. Finalmente,
encontraram um navio inglês que se achava em reparos, não constante das listagens. E o
navio, o "Clement", começou a singrar, naquele dia prenunciado, em direção a Belém do Pará.
Conversão sobre o Mar
Durante a viagem, um jovem complexado, carrancudo, muito infeliz, pensava em suicidar-se,
quando Daniel lhe dirigiu a palavra, e perguntou: "Você tem fé em Deus?" "Quem é Deus?",
veio a indagação. A mensagem do missionário tocou-lhe profundamente o coração, ele se pôs
a chorar, e aceitou a Cristo como Salvador.
A Chegada ao Brasil
A chegada ocorreu a 19 de novembro de 1910.
Tudo era estranhíssimo para os dois suecos. As pessoas mal vestidas, os leprosos a desfilar
seus corpos mutilados, apresentando pungente espetáculo pelas ruas. Mas o Senhor de fato os
enviara, e aqui estava para guardá-los do contágio e, logo, das agressões, ofensas e ameaças.
Alguns dos alegres passageiros que com eles chegaram ao porto de Belém nunca imaginaram
que viriam a ser infectados, e logo depois teriam seus nomes no rol dos mortos.
No modesto hotel (onde por um dia se hospedaram) consumiram os seus pobres 16 mil reis.
Com os níqueis restantes, iriam de bonde, no dia seguinte, em busca da residência do pastor
metodista Justo Nelson, diretor do jornal que, "casualmente", chegara as mãos de Vingren no
quarto onde se haviam hospedado. Para surpresa deles, tratava-se de um conhecido de
Vingren, nos Estados Unidos.
Separados para as missões por uma igreja batista, nada mais natural do que encaminhá-los
aos irmãos da mesma fé, o que se fez. No dia seguinte, foram muito bem recebidos pelo
missionário Erik Nelson. Este, como eles de nacionalidade sueca, convidou- os a cooperarem
no trabalho. E ofereceu-lhes o porão da igreja, onde se alojaram.
 
CAPÍTULO IV
OUTROS MISSIONÁRIOS NO BRASIL
 
Ao longo dos anos, outros missionários foram chegando. Procediam, principalmente, da Suécia
e dos Estados Unidos. O terceiro foi Otto Nelson, em 1914. Seguiram-no: Samuel Nÿstrom
(1916) e Samuel Hedlund (1921). Todos dos EUA chegaram em março de 1921: Nels Nelson,
Ana Carlson, Beda Palha, Gay de Vris, Augusto Anderson, Ester Anderson, Vitor Johnson e
Elizabeth Johnson. Em seguida: Gustavo Nordlund, Herberto Nordlund e Simão Lundgren, os
três em 1, 24. Joel Carlson veio em 1925. Orlando Boyer, enviado pela missão da Igreja de
Cristo, unindo-se mais tarde a Assembléia de Deus, veio em 1927. Em 1928, chegavam Nils
Kastberg e Algot Svenson. Eurico Aldor Peters desembarcou no Brasil em 1933. Depois destes,
Nels Lawrence Olson (1938) e Nils Taranger (1946). Em 1948 vieram Eurico Bergsten e John
Peter Kolenda. Carlos Hultgren chegou em 1950. Bernhard Johnson Jr., que já estivera no
Brasil na infância, retornou em 1957. As fontes consultadas não dispõem das datas em que
pisaram o solo brasileiro os missionários Anders Johnson, Walter Goodband e Erna Miller, mas
estes já estavam aqui em 1934. Outros deram sua contribuição a evangelização dos
brasileiros, como John Aenis, Albert Widner, Guilherme Treffut, Victor Jansson, Simão Sjogren,
Nina Englund, Horace S. Ward, Albert Widmer, Cecilia e Anderson Johansson.
 
CAPÍTULO V
 
OS PRIMÓRDIOS
 
COM DEUS NO PORÃO FAZENDO DISCÍPULOS
 
Ninguém poderia, nem de longe, imaginar que na humildade do sombrio e sufocante porão da
Igreja Batista da Rua João Balby, 406, nasceria a maior comunidade pentecostal da historia.
Coisas surpreendentes começaram a acontecer, é verdade, mas nada indicava que os dois
missionários pudessem vir a ser os detonadores de uma revolução espiritual de tamanhas
proporções. As obras que o Espirito realizava já eram algo bem acima de tudo quanto se
poderia esperar.
Apesar do exíguo espaço ocupado pelos missionários, muitos irmãos os visitavam. E eram
ensinados sobre os dons espirituais, e estimulados a buscar o batismo no Espirito Santo. Os
sinais iam seguindo os que criam. 0 Senhor curou uma paralítica, que imediatamente deixou
as muletas. (Ela as prendeu na parede de sua sala para que, mudas, mas eloqüentes, a todos
falassem do milagre.) Varias outras provas da operação divina foram testemunhadas pelos
crentes. Mas o mais impressionante aconteceu com a irmã Celina Albuquerque: Jesus a
libertou totalmente do câncer que se enraizava em seu rosto! Naquela mesma semana, ela
estava a orar de madrugada, quando foi batizada no Espirito Santo. Era a primeira pessoa a
receber a promessa pentecostal no Brasil. No dia seguinte, sua irmã Nazaré teve a mesma
experiência. A principio, não havia qualquer divergência em torno de Berg e Vingren. Eles
eram reconhecidos por todos como inquestionável resposta as suas súplicas. Os crentes mais
fervorosos vinham se reunindo no templo para orar no sentido de que Jesus lhes mandasse um
obreiro. Seu pastor fazia longas viagens, a evangelizar no Norte e Nordeste, e havia
necessidade de ajudadores. Os suecos eram uma benção também para as outras três igrejas
evangélicas existentes na cidade: todos queriam vê-los e ouvi-los. Todos os amavam, e
consideravam um milagre o fato de não adoecerem naquelas condições de insalubridade, sem
falar do calor de Belém. 0 Pr. Nelson Erick via crescer o número de visitantes: agora tornava-
se bem mais promissora a obra que anelava realizar. A Primeira Igreja Batista, por ele fundada
em 1897, com tantos anos de existência, até então não tinha sequer duas dezenas de
membros! Daniel e Gunnar sabiam também que o Pr. Nelson, logo que chegara ao Brasil,
dispôs-se a rogar a Jesus que o batizasse no Espírito Santo. Decorridos catorze dias de
súplicas, o Senhor começou a derramar copioso poder sobre ele. Sua esposa, porém,
temerosa, rogou-Ihe que parasse com "aquilo", não lhe permitindo que recebesse a promessa.
Desde então, Nelson fez-se declarado inimigo da doutrina pentecostal.
Orações e Respostas
Todos logo notaram que os dois suecos não eram como os outros obreiros. Embora ninguém,
nem remotamente, pudesse imaginar o quanto viria em resposta aquelas orações que
atravessavam as noites, os crentes se maravilhavam com as coisas contempladas pelos seus
olhos. 0 interesse despertado pelos ensinamentos dos missionários e o fruto de suas longas
petições desagradaram, porém, o pastor da igreja. Berg e Vingren, porém, conheciam muito
bem a linguagem do amor.
"A Linguagem do Amor"
Daniel conta: "Chegou ao conhecimento do Pastor Batista a noticia do progresso do nosso
trabalho, e que o folheto por ele escrito contra nos contribuiu para maior desenvolvimento da
obra. Isso serviu para que ele rompesse definitivamente relações conosco, criando-se um
abismo entre ele e nos. De nossa parte, estávamos penalizados com a situação que ele criou,
pois sua vida transformou-se inteiramente. Já não era o homem alegre de outrora; andava
sozinho. As únicas ocasiões em que falava, era quando pregava, assim mesmo a pregação era
uma continua agressão, contra nós e contra a Obra que se iniciara. A assistência a sua igreja
diminuía dia a dia; chegou a ponto de não poderem sustenta-la, tão poucos eram os membros.
"Os membros ativos, cujos corações ardiam de zelo pelas almas e que eram sustentáculos
espirituais da igreja, sentiam-se mal com a atitude agressiva do pastor, por isso vinham a
Assembléia, e ficavam.
"Certo dia, os membros expulsos da igreja batista (...), vendo que seu antigo pastor passava
privações e tinha as roupas gastas, tomaram a decisão de ajuda-lo e sustenta-lo, apesar de
tudo quanto tinha feito contra eles. Esse gesto altruístico falava a linguagem do amor divino e
demonstrava o amor cristão de que os irmãos estavam possuídos. 0 pastor recebeu com
alegria o auxilio..."
0 Preço da Rejeição
Nenhum deles se alegrou em ver os sofrimentos do pastor, ao saber dos seríssimos problemas
que lhe sobrevieram e a igreja, desde quando a renovação espiritual foi rejeitada, e os que
anelavam recebe-la sofreram a humilhação e a dor do expurgo. Uma sucessão de gravíssimas
situações abateu-se sobre a igreja, que, nas palavras de um certo historiador batista, "foi
destroçada". E levou algum tempo para começar a recompor-se. Depois disso, com crises
sobre crises, o novo pastor – Luís Reis – logrou conduzir o diminuto rebanho por algum tempo,
ate que os problemas culminaram com sua própria exclusão. Seu sucessor, o Dr. Dawning, um
norte-americano, conceituado médico, assumiu o pastorado em 1917. Começou bem, mas logo
depois precisou viajar com urgência para o seu país, em busca da cura de grave enfermidade
em sua esposa.
Agora, deixemos que Daniel Berg se pronuncie sobre o dia do grande confronto entre os
pentecostais e o pastor batista.
 
CAPÍTULO VI
 
O CONFRONTO
 
"Certa noite, o pastor da igreja apareceu em nossa modesta morada. Quando abriu a porta,
defrontou-se com uma onda de hinos e orações. Levantamo-nos e, depois de sauda-lo,
convidamo-lo a participar do culto improvisado. Ele recusou e declarou que havia chegado a
hora de tomar uma decisão. Disse, ainda, que ultimamente ouvira discussões acerca de
doutrinas, coisa que nunca antes acontecera. Acusou-nos de havermos semeado duvidas,
inquietações e de ser separatistas.
"Gunnar Vingren levantou-se e explicou que não desejávamos a desunião, ao contrário,
desejávamos que todos se unissem. ’Se todos alcançarem a experiência do batismo com o
Espirito Santo, nunca mais se dividirão, serão mais do que irmãos, serão uma só família.’
"0 pastor da igreja voltou a falar. Estava aberta a discussão. Disse o pastor que a Bíblia fala
realmente do batismo com o Espirito Santo e na cura de enfermidades por Jesus, porém essas
coisas foram para aquele tempo. "Seria absurdo", disse ele, ‘que pessoas educadas, em nossos
dias, pensassem que tais coisas ainda pudessem acontecer. Hoje, temos que ser realistas’,
disse ainda o pastor, ‘e não ocupar o tempo com sonhos e falsas profecias, Hoje, temos a
sabedoria para ser usada. Se não vos corrigirdes e reconhecerdes que estais errados, é meu
dever comunicar a todas as igrejas batistas o que está acontecendo, para que se previnam
contra as falsas doutrinas."
Os suecos não perderam a serenidade. No momento oportuno, Vingren ponderou: "Caro
irmão, não devemos permitir que assuntos tão importantes se transformem em discussão
pessoal. Somos servos de Deus, desejamos, por isso, estar na verdade, pois aquEle a quem
nós pregamos é a Verdade. Na minha opinião, somos colegas e não concorrentes. Saber-se
quem leva as almas a Deus é coisa secundária. O que importa é que o número de almas salvas
aumente cada vez mais. Não direi que o irmão não esteja na verdade, mas afirmo que não
achou toda a verdade: a verdade do batismo com o Espírito Santo e das curas maravilhosas
que Jesus pode realizar em nossos dias

CAPÍTULO VII
 
O ROMPIMENTO
 
Sem o apoio com que contava, o pastor ouviu, de um diácono, palavras ponderadas, mas
firmes e decididas: "Compreendo muito bem os seus sentimento, pastor, o senhor declara que
está entre um grupo de traidores, que se distanciaram dos ensinos que lhes ministrou. Acha
que não estamos seguindo o caminho que nos ensinou. Entretanto, isso não é verdade. Nunca
estivemos mais certos do que agora, jamais tivemos tanta fé como atualmente. O que
aconteceu foi que agora achamos alguma coisa mais, a fé e o poder do Espírito Santo.
"Não temos queixa, pastor de não nos haver falado desta coisas, pois o senhor desconhecia
estas verdades, de modo que não as conhecendo, não as poderia ensinar a outros. Nós
desejaríamos que o senhor também recebesse estas bênçãos de Deus, a fim de nos
entendermos melhor e podermos sentir a mesma comunhão com os irmãos que vieram de
outras terras." Em seguida, "o pastor", conta Daniel, "olhou mais uma vez em redor e esperou
que alguém se manifestasse a seu favor, mas foi em vão. A seguir, dirigiu-se a mim e ao
irmão Vingren e disse: ’Já tomei a decisão. A partir deste momento não podem ficar morando
aqui (...), não os queremos mais aqui.’
"Erick dirigiu a palavra aos outros, e quis saber: ’Quantos estão de acordo com essas falsas
doutrinas?’" Sem vacilar, dezenove mãos se levantaram.
A primeira preocupação de Vingren foi com a moradia onde pudessem receber os irmãos.
Daniel o tranqüilizou. Embora não tivesse ouvido o diálogo, o diácono que se havia
pronunciado em nome do grupo aproximou-se e ofereceu-lhes a sua ampla sala para as
reuniões e convidou-os a morar em sua casa. 0 coração generoso tinha razões sobejas para
amar os dois missionários: a curada de câncer e logo batizada no Espirito Santo era sua
esposa.

CAPÍTULO VIII
 
A MISSÃO FÉ APOSTÓLICA
 
A Nova Comunidade
Excluídos pela minoria inimiga do reavivamento, os crentes, sob a liderança de Vingren e Berg,
estavam atônitos. Não era seu propósito fundar nova igreja. Em se tratando, porém, de fato
consumado, era imperioso decidir sobre o destino a tomar.
Os excluídos por iniciativa de Raimundo Nobre (primo de Adriano Nobre, o amigo dos
missionários – futuro pastor da Assembléia de Deus), no dia 18 de junho já se organizavam
em sua própria comunidade, na residência de Henrique Albuquerque, Rua Siqueira Mendes, 79,
no bairro Cidade Velha. A historia nada registra sobre a escolha do nome, e sobre quem o
propôs. Informa, tão-somente, que foi escolhido o de Missão da Fé Apostólica. 0 punhadinho
de crentes, dezenove, que lançou a semente da Assembléia de Deus era então constituído das
seguintes pessoas: José Plácido da Costa, Piedade da Costa, Prazeres Costa, Henrique
Albuquerque, Celina Albuquerque, Maria de Nazaré, Manoel Maria Rodrigues, Jesusa Dias
Rodrigues, José Batista de Carvalho, Maria José de Carvalho, Antonio Mendes Garcia, Manoel
Dias Rodrigues, Emilia Rodrigues, Joaquim Silva, Benvinda Silva, Ana Silva, Teresa Silva,
Isabel Silva e João Domingues.
Gunnar Vingren foi aclamado pastor da nova igreja e Daniel Berg seu auxiliar, com a
responsabilidade pela colportagem, mister que tanto o apaixonava.
Exemplo de Fé
0 trabalho começou logo a tomar grande impulso. Cada crente era um evangelista. Não se
pensava senão em ganhar almas para Cristo.
Entrevista publicada em "A Seara" (set./1977) registra o testemunho da pioneira Isabel
Leonisia da Silva sobre aqueles primórdios: "As segundas-feiras, havia culto de oração; as
quartas, culto de pregação, em nossa casa; as sextas, culto na casa do irmão José Batista de
Carvalho; aos domingos, culto na Rua Siqueira Mendes, casa da irmã Celina. "Mas os crentes
testificavam, a tempo e fora de tempo! Ela prossegue: "Depois do batismo com o Espirito
Santo, tornamo-nos muito mais dedicados ao trabalho do Senhor (...) Quantas e quantas
vezes a noite, sob grossa chuva, a pé pelas ruas distantes, seguia-mos a cantar e a orar,
levando a mensagem do Evangelho!" Foi este o tipo de comunidade cristã moldado pelo
singelo grupo de ex-membros da igreja da Rua Balby. 0 paradigma de obreiros que foram
Gunnar Vingren e Daniel Berg, o exemplo de crentes como Isabel, explicam a explosão
espiritual que se experimentou a partir do sufocado porão sem luz e desprovido de janelas, a
qual se acelerou imediatamente na residência do casal Albuquerque, ou seja, na Missão da Fe
Apostólica,
As Perseguições
As perseguições iniciadas na Rua Balby foram-se diversificando. Uma crescente campanha
difamatória cruelmente atingia os pentecostais, embora fosse vã. Os católicos colocaram,
sobre um poste na rua, estes absurdos dizeres: "Este Vingren e um papa protestante." 0
evangelista Raimundo Nobre e o Pr. Erik Nelson escreviam folhetos em que incompatibilizavam
com as igrejas protestantes os dois missionários. A pioneira Isabel Silva recorda que eles
passaram a ser expulsos dos templos.
 
CAPÍTULO IX
 
AS SANTAS MULHERES
 
Heroinas da Fé
Entre os cooperadores da primeira hora, na obra pentecostal no Brasil, encontram-se algumas
mulheres que, com desprendimento e heroísmo, enfrentaram os maiores desafios. Elas se
puseram como verdadeiras colunas, como vasos de ouro nas mãos de Deus.
Celina Albuquerque destacou-se entre elas. Sua bravura evidenciou-se em episódios como o
descrito por A. P. Franklin, autor de Entre Crentes Pentecostais e Santos Abandonados na
América do Sul, citado em 0 Diário de um Pioneiro. Reporta-se a um incidente ocorrido em 13
de novembro (de 1911), por ocasião de um batismo, quando grande multidão, armada com
facas e laços, estava decidida a impedir a cerimônia. 0 escritor começa por informar: "Os
primeiros batismos eram feitos todos em segredo, geralmente, as onze horas da noite, pois
não havia nem templos nem tanques batismais." E prossegue: "Mas um dia criaram coragem e
anunciaram um batismo público a beira-rio. Isso deu tempo para que os inimigos se
preparassem. Vieram então varias centenas de homens e pensavam que com violência
poderiam impedir o ato sagrado. 0 líder veio a frente carregando uma cruz. Os poucos crentes
que estavam reunidos compreenderam o perigo naquele momento e temeram que sangue
fosse derramado. Vingren procurou ler a Bíblia, mas foi impedido. Procurou outra vez, mas o
líder tirou o seu punhal e se preparou para lançar-se contra ele."
Neste instante, a irmã Celina interveio colocando-se entre os dois, e com esse gesto salvou-lhe
a vida. Então veio a inesperada providência de Deus: o Senhor fez com que um outro católico,
pessoa idosa e respeitável, se impusesse, a gritar: "Chega! Deixem que eles tenham a sua
cerimônia." 0 líder do grupo intentava concretizar a ameaça, mas sem o mesmo ímpeto foi
contido pela palavra do missionário: "Eu faço somente o que Deus quer!" E mesmo sob os
riscos, que continuavam, o ato se realizou. E Deus deu o livramento. Ao ser batizada no
Espirito Santo, Celina começou a despertar os irmãos no sentido de lhe seguirem o exemplo,
havendo sido, por conseguinte, um marco esplendoroso.
Pioneirísmo
Celina e sua irmã foram as duas primeiras pessoas do grupo a declararem publicamente sua
crença nas promessas de Cristo. Nazaré, a segunda pessoa dentre eles a receber o selo da
promessa. Em 1914, esta viajou para o Ceará, tocha viva do Espirito, a levar a chama
pentecostal à sua terra. Em 1977, em Manaus, entrevistada pelo autor deste livro, quando
diretor de "A Seara", a pioneira Isabel Leonidia da Silva, um dos três remanescentes vivos do
grupo fundador da nova igreja rememorava, lúcida e fervorosa, as bênçãos e lutas
experimentadas nos primeiros dias. Ela disse que quem dava credito as palavras dos dois
estrangeiros era hostilizado e recebia tratamento humilhante. Para muitos, eram os "canelas
de fogo", insuportáveis porque cometiam a "deselegância" de louvar ao Senhor em altas
vozes. Durante as noites, rabiscavam-se imoralidades nas paredes da casa de Isabel; todas as
manhãs, a primeira ocupação de seu pai era lavar tudo aquilo, o que fazia serenamente, sem
protestos, a orar pelos perseguidores. Com relação a Vingren e Berg, "hospedados" no "escuro
corredor", ainda se condoía: "Aquele quadro cortava-me o coração: os dois missionários
jogados no porão do templo, e a orar e chorar noite e dia aos pés do Senhor." Os nomes
dessas cristãs se destacam porque – como aquelas que buscaram o túmulo de Cristo e
primeiro o viram ressurrecto – elas estavam entre os que mais valorizavam a visitação do
Espirito. Por isso, certamente, foram as primeiras pessoas a receberem a promessa
pentecostal.
Pentecostes
A todos envolvia a atmosfera impregnada da graça de Deus. Senão em sua totalidade, em sua
maioria os crentes da igreja pentecostal estavam em continua e doce embriaguez do Espirito.
0 clima em que viviam era o mesmo que inspirou poemas como este:
Sob A Proteção Do Alto A Fera e o Perseguidor
A humildade com que eles se haviam agradava a Deus, que transformava as hostilidades em
bênçãos. Os impressos do pr. Erik e do evangelista Raimundo, em vez de afugentar, aguçavam
a curiosidade. E muitos compareciam a incipiente congregação apenas para ver. Mas, ao ver,
criam. Foi o que sucedeu quando o jornal "Folha do Norte", de grande circulação, incumbiu um
repórter de escrever matéria sobre os pentecostais. 0 texto sensacionalista causou impacto na
opinião pública e serviu como propaganda: levou muitas pessoas aos cultos. Depois de
retornar ao templo, e ver com os próprios olhos o que acontecia, o jornalista escreveu outra
longa reportagem, em que declarava: "Nunca vi uma reunião tão cheia de fé, fervor,
sinceridade e alegria entre os crentes."
0 mal semeado voltava, as vezes, como bumerangue, ao ponto de partida. Foi o que sucedeu
com um fazendeiro, péssimo patrão que maltratava seus empregados e passou a odiar alguns
deles, porque se converteram. Foi numa das ilhas do rio Amazonas, aonde Vingren e Berg se
dirigiram para efetuar um batismo. Algumas pessoas, agrupadas nas proximidades,
escarneciam.
Um galho da árvore, a cuja sombra Vingren lia o texto bíblico, subitamente desceu, quase a
cair sobre ele. Era muito grande e se houvesse atingido o missionário, graves seriam as
conseqüências. Observaram que fora cortado a machado e que alguém corria em direção a
fazenda do inimigo. Logo, a certa distância, o vulto fez sinais inamistosos com a mão e
desapareceu no mato. Terminado o batismo, perceberam todos que um jovem corria na
direção dos crentes. Ele contou que perto dali vira uma fera com alguma coisa na boca.
"Então", conta Daniel, "diante de nossos olhos apareceu um trecho cavado; ao lado estava um
pé do homem e mais adiante o seu chapéu de palha. No chapéu havia marcas de sangue. Mais
uma pessoa se juntou ao grupo, e perguntou o que acontecera. Mostramo-lhe os testemunhos
mudos do ataque da fera, que tínhamos diante de nós."

CAPÍTULO X
 
NASCE A ASSEMBLÉIA DE DEUS
 
0 Nome da Igreja
Quanto a denominação ASSEMBLÉIA DE DEUS, o pioneiro Manoel Rodrigues lembrava, em fins
dos anos setentas, sobre a primeira vez que se ventilou o assunto. Um grupo de irmãos saia
da congregação Vila Coroa e se encontrava na parada do bonde de Bernal do Couto. Vingren
indagou a respeito da questão e informou que nos Estados Unidos haviam adotado o nome
Assembléia de Deus ou Igreja Pentecostal. Houve unanimidade em torno do primeiro nome
mencionado. Em 11 de janeiro de 1918, o titulo Assembléia de Deus foi oficialmente
registrado. Não se tratava, portanto, de igreja filiada a alguma missão estrangeira; ela nascia
genuinamente nacional, característica que sempre primou em manter.
OBREIROS PIONEIROS
Testemunhos da Fé
Tão impetuosas e céleres foram as chamas pentecostais, a crepitar no Brasil a partir de 1910,
que pouco restou da biografia de vários pioneiros. Reduzido e o numero dos que deixaram
noticias mais pormenorizadas de seu trabalho e dos frutos dele resultantes. Essa lacuna é
apenas atenuada com a previdência e as providencias dos pioneiríssimos Gunnar Vingren e
Daniel Berg. Ivar Vingren, em entrevista ao "Mensageiro da Paz", aludiu ao cuidado de seu pai
com o seu diário, que chegou até nós. Quanto a Daniel, dispomos de seu comovente livro
Enviado por Deus, uma autobiografia, por isso é possível escrever paginas e mais paginas
sobre eles. Pela razão exposta, não havendo como destinar um tópico para cada obreiro,
vamos registrando suas luminosas contribuições na medida em que a Obra vai se
desenvolvendo.
0 Companheiro Presbiteriano
Nos primeiros dias da presença dos missionários em Belém, a mão de Deus coloca em cena
uma nova e relevante personagem. É um comandante de navio da Companhia "Port of Pará"
que, por falar inglês, viria a atuar, voluntária e generosamente, como intérprete. Seu nome:
Adriano Nobre. Seu primo Raimundo, estudante no Seminário Batista do Norte, em Recife, na
qualidade de estagiário passa as férias na Primeira Igreja Batista de Belém. Raimundo fez as
apresentações. Ainda reina a paz, a prosperidade da igreja, com o abençoado trabalho dos
missionários, ecoa mais forte que algum murmúrio contestatório, alguma incipiente estranheza
a respeito do grande fervor dos suecos. Berg e Vingren ainda não sabiam expressar-se em
português, por isso recorriam ao intérprete para falar do amor de Cristo. "Começamos a
testificar do que nos mesmos tínhamos recebido do Senhor, do que havíamos visto e ouvido da
sua gloriosa obra nos Estados Unidos", rememora Daniel, que prossegue: "Alguns dos
membros da igreja foram tocados, quando ouviram que Jesus sara os enfermos e batiza com o
Espirito Santo, agora, como no dia de Pentecostes. E quando começamos a entender um pouco
de português, continuamos falando com os batistas sobre o batismo com o Espirito Santo."
Encontro de Obreiros
Outros cooperadores logo se apresentariam para a grande "batalha contra o mal", como diz
um dos mais belos hinos, que milhões haveriam de cantar. Algum tempo depois já puderam
reunir-se no que se viria a denominar convenção.
Foi a igreja em São Luís, município de Igarapé-Açú/PA., que hospedou o primeiro encontro de
obreiros no Brasil. A vila era ponto estratégico, pois servia de ligação entre a capital e as
demais localidades da antiga Estrada de Ferro Belém-Bragança devido as suas plantações de
café. Nessa localidade, a Assembléia de Deus chegara por volta de 1915. Na gestão do pastor
João Pereira de Queiroz, a igreja atingiu o ápice de sua trajetória, chegando a representar um
marco na historia do trabalho pentecostal não somente no Estado do Pará como em todo o
pais.
Desse trabalho, saíram, ou para lá se dirigiam, as proeminências dos batalhadores do
Evangelho que aos poucos iam surgindo. Por não haver templo ainda, os irmãos se reuniram
na casa do pastor, e do encontro participaram cerca de quinze igrejas, ocasião em que
compareceu o maior numero de obreiros desde a fundação do trabalho: cerca de treze
pastores.
0 principal tema convencional referiu-se a grande responsabilidade sob os ombros da igreja
paraense em levar avante a Obra, que deveria se estender por todo o pais. Unânime foi a
aceitação do desafio, ficando todos dispostos e entregues a vontade de Deus para a realização
de sua exclusiva vontade. Dentre os obreiros que tomaram parte estavam o missionário
Samuel Nystrom e os pastores Isidoro Filho, Luís Higino de Souza Filho, Almeida Sobrinho,
João Pereira de Queiroz, José Felinto, Manoel Zuca, Manoel César (Neco César) e Pedro
Trajano.

CAPÍTULO XI
 
A PRECOCE VOCAÇÃO MISSIONÁRIA

MISSAO EM PORTUGAL
José Plácido da Costa
Entre os primeiros crentes da Assembléia de Deus em Belém do Pará, encontrava-se José
Plácido da Costa. Ele seria o nosso primeiro missionário em terras estrangeiras. Português de
nascimento, regressaria a sua pátria, em 1913, para falar de Jesus à sua gente. A Obra
Pentecostal tinha apenas dois anos de vida no Brasil.
José de Mattos
Oito anos depois, mais um obreiro português deixava o Brasil para, em sua terra, anunciar a
mensagem pentecostal. Seu nome: José de Mattos. Havendo aceitado a Cristo em 1916, era
ainda relativamente novo na fé, quando, também, com apoio da missão sueca, saiu para o
campo missionário. Lá fundou igrejas em Portimão, Lages e Silves. Depois transferiu-se para o
Tejo, e iniciou o trabalho na cidade de Santarém. Anos depois, mudou-se para a Vila de Rio
Maior, onde descansaria no Senhor.
Em 1929, José de Mattos mantinha-se firme, apesar das dificuldades: "Se há campos árduos
de cardos e abrolhos, e terrenos pedregosos, onde a Palavra de Deus dificilmente brota e
estende a sua raiz", dizia ele, "Portugal é um desses, pois há sete anos labutamos
incansavelmente como arautos da verdade, sulcando os campos e sem olhar para trás,
guiados pelo Senhor, com os olhos postos no autor e consumador da fé." Mattos refere-se as
"grandes dificuldades e privações de toda ordem", mas seu relato, publicado no jornal "Boa
Semente" de janeiro do mesmo ano, contém, de igual modo, noticias dos progressos no ano
anterior: "Algumas almas se entregaram ao Senhor". E dos reforços que lhe vinham para que
não batalhasse sozinho, "chegaram a Portugal, vindos do Pará, os irmãos Rodrigues, e depois,
o irmão Antonio Ribeiro. Todos estes servos de Deus, unidos na sua terra natal – Esqueira,
Aveiro – principiaram a dar testemunho das grandes maravilhas que o Senhor tem feito, e está
fazendo, e algumas almas se entregaram ao Senhor..."
Em maio, havia chegado o missionário Samuel Nystrom, procedente do Brasil e com destino a
Suécia, "que", informa José de Mattos, "muito nos alegrou". Em julho, esteve presente outro
pioneiro da Obra no Brasil, contado entre os fundadores da Missão da Fé Apostólica. Antonio
M. Garcia, que "nunca poupou esforços pela causa do Senhor".
E a chama pentecostal, acesa em Belém, que se vai alastrando, agora, além-mar. Em 1935,
Narra-se o que houve de bênçãos no ano anterior: batismo em Lagos com doze conversões,
crentes recebendo o selo da promessa. 0 povo vai-se desarmando contra os crentes, o quadro
se modifica: "Os cultos públicos são continuamente muito freqüentados pelos pecadores;
algumas vezes o nosso salão de culto fica tão cheio, que muitos tem de ficar lá fora ouvindo a
Palavra de Deus", conta José de Mattos. Também militou na Obra em Portugal (de 1937 a
1938) o missionário Samuel Nystrom, que havia chegado ao Brasil em 1916. Ele trabalhou na
Obra no Pará, no Amazonas e no Sul.
Em novembro de 1939, o "Mensageiro da Paz" noticiou o embarque de Belarmino Martins rumo
a Lisboa. Ele substituiu a José Plácido, enquanto este se achava em Ricarchais. Na carta que
enviou ao "Mensageiro da Paz", Belarmino externou sua gratidão ao casal Guerreiro, por tê-lo
hospedado "com muito carinho", e agradecia a igreja no Rio de Janeiro "pelo que fazia em prol
da evangelização do mundo".
Depois desse período, as igrejas brasileiras, preocupadas em evangelizar todo o pais, não
deram a devida atenção as missões transculturais. Mas o pastor Rogério Ramos Pereira,
também lusitano, continuou a ser apoiado na obra de evangelização que desenvolvia em sua
terra natal.
MISSIONÁRIOS
Noticia publicada no órgão oficial da igreja, em janeiro de 1929, dá conta da presença, na
Bolívia, de um missionário brasileiro chamado Porfirio Silva. Esse fato é praticamente ignorado
pela historia da Assembléia de Deus no Brasil. Ele escreve de Buena Vista, e informa "que o
Senhor continua salvando pecadores e batizando crentes no Espirito Santo". E conclui: "...
novas portas a pregação do Evangelho tem-se aberto e há grande interesse..." No inicio dos
anos cinqüenta, houve o caso isolado do envio, para o exterior, do Pr. Euclides Vieira. Em
texto alusivo ao acontecimento ("MP" de 2 de outubro de 1952), o missionário G. Leonardo
Pettersen informava que a Assembléia de Deus no Rio de Janeiro o havia separado para a obra
missionaria na Bolívia. 0 redator da noticia expressava o seu regozijo porque "... esta igreja
tem tomado a decisão de começar a enviar missionários para o exterior". E aludia,
profeticamente: "Certamente veremos no futuro outras igrejas neste pais seguir o mesmo
exemplo. 0 Brasil já é privilegiado com grandes igrejas pentecostais; ’o cálice está
praticamente cheio! ’"
Assembléia de Deus e Missões
Durante oito anos, a vocação missionária da igreja foi quase que inteiramente contida, não
porque faltassem voluntários, mas por não ser a prioridade daquele momento.
Em 1960, o pr. Túlio Barros Ferreira seguiu para a Bolívia, em companhia do Pr. Alcebiades
Vasconcelos. Este permaneceu por apenas sete meses. Mas o seu companheiro só retornaria
ao Brasil em 1965, depois de, a partir de Cochabamba, evangelizar em Sucre, Ururu, Santa
Cruz de La Sierra e outras cidades. Na década de setenta aflora, incontido, o fervor
missionário.
Igrejas no Rio de Janeiro e São Paulo, no Sul, no Norte e Nordeste emprestam o necessário
apoio aos que tem chamada para as missões. São várias dezenas que saem. E foi talvez o
tempo áureo da "passagem a Macedônia" em nosso pais. Crises econômicas no Brasil, o
asfixiante peso do dólar em detrimento da nossa moeda, que se desvalorizava diariamente
(diariamente, mesmo), impôs o retorno de muitos dos obreiros em atividades em outros
países. Pouco a pouco, porém, as dificuldades foram sendo contornadas, porque falou mais
alto a vocação missionária da igreja brasileira.
Missões, Hoje
Informações colhidas junto a órgãos da Convenção Geral dão-nos a convicção de que cerca de
70% das igrejas estão envolvidas com missões. Muitas delas tem o seu culto especial onde se
colhem ofertas destinadas aos que ganham almas para Cristo em outras terras. Nesses
encontros, os corações de não poucos jovens pulsam mais fortemente, movidos pelo amor a
outros povos desconhecedores da Palavra de Deus.
0 órgão da Convenção Geral que cuida da matéria e a SENAMI (Secretaria Nacional de
Missões, fundada em 22 janeiro de 1975). Nela estavam cadastrados, em maio de 1997, 802
missionários. Eles serviam ao Senhor em muitos países: África do Sul, Angola, Argentina,
Bolívia, Chile, Colômbia, Costa Rica, Equador, Espanha, Estados Unidos da América, Guiana
Francesa, Guine Bissau, Haiti, Japão, México, Moçambique, Paraguai, Peru, Polônia, Romênia,
Ucrânia, Venezuela, Cabo Verde, Senegal e Portugal. Devemos levar em conta, ainda, que há
um grande número de igrejas que enviam missionários sem o controle da SENAMI. Admite-se
que estes totalizem não menos de dois mil obreiros.
AS CHAMAS DESCEM DO NORTE
0 PONTO DE PARTIDA
De Belém do Pará, a Obra começa a irradiar-se para todo o pais. Os crentes tem sede de
ganhar vidas para Cristo, e evangelizam pela cidade (logo já teriam "pontos de pregação" em
quatro locais na zona urbana), as margens da Estrada de Ferro Belém-Bragança, nas ilhas,
alhures. Os dois missionários são o exemplo de consagração, de dedicação, de destemor
diante de ofensas e ameaças. Os perigos chegam de todos os lados, mas Deus intervém,
infalivelmente. E o Pentecostes avança. Irreversíveis, as chamas descem do Norte. E contra os
demônios que elas descem. Elas são o canto de libertação e a alegria no coração do povo. Berg
toma os igarapés, os rios maiores, busca almas para Cristo entre feras e nas regiões onde
endemias e epidemias estendem seus invisíveis e mortíferos tentáculos.
A Vingren coube evangelizar a capital. Eles se completam:
um teve a oportunidade de adquirir bons conhecimentos teológicos no seminário, e o
pregador, o mestre da Palavra; o outro, ex-operário, desde os Estados Unidos, e o colportor,
com a mensagem singela, mas também muitíssimo ungida, de porta em porta. Durante os três
primeiros anos, Berg espalhou duas mil Bíblias, quatro mil Novos Testamentos e seis mil
Evangelhos. Ele registraria esses aspectos: "Nossas vocações eram diferentes, porém nos
combinávamos; ele era pregador extraordinário, enquanto eu me havia dedicado a orar pelos
enfermos e por aqueles que buscam a Jesus, ao serviço de distribuir a Palavra de Deus por
toda a cidade."
Belém, com suas quatro igrejas evangélicas, inclusa a dos pentecostais, que despontava
poderosa, tinha a oportunidade de ouvir e receber a mensagem da cruz. Havia os que se
interessavam. Eram poucos, mas estavam dispostos a sair das trevas da idolatria, para se
inteirar da "lei dos crentes".
Os poucos recursos para o evangelismo eram empregados na zona urbana; o interior era
inteiramente esquecido. Mas dos Estados Unidos chegavam ofertas que os missionários
empregavam na compra de Bíblias – elas vinham das mãos generosas dos pastores A. A.
Holongren e B. M. Johnson, este último da igreja visitada por Berg e Vingren quando de sua
viagem para o Brasil. Naquela ocasião, como se recorda, o pastor Johnson não pode ajudar os
nossos pioneiros. Deus vai levantando braços para se somarem aos dois missionários. Após os
dezenove da Rua Balby, pouco a pouco outros vão-se apresentando para a batalha.
Logo realizar-se-á o primeiro batismo, nas águas do rio Guamá. 0 rebanho cresce,
principalmente com as hostilidades. As curas de enfermidades, as libertações dos oprimidos e
possessos falam mais alto que as barreiras do homem. As muralhas se fendem e se pulverizam
ante as clarinadas do Espirito. Daniel Berg começa a caminhada que levará a novel igreja para
selvas, sertões, cerrados, campinas de todo o pais.
Bragança, Soure (Ilha de Marajó) são apenas o começo: em seguida vem Xarapude,
Coatipuru, Ilha de Caviana, Capanema, Igarapé-Açú, Benevides, Timboteua, Peixe-Boi.
Começam a chegar missionários para reforçar o grupo valoroso que um dia constituirá, pelo
grande numero de seus integrantes, o batalhão de obreiros da igreja pentecostal pioneira. 0
número de líderes brasileiros vai crescendo pouco a pouco, até o dia em que se considera com
suficiente maturidade para assumir o comando.
Climaco Bueno Aza e colombiano, mas e como se brasileiro fosse. Em 1913 ele se apresenta
para batalhar em nome do Senhor dos Exércitos, e seus pés abençoados irão percorrer muitas
terras, até chegar a Minas Gerais. A obra cresce e há necessidade de obreiros. Separam-se os
primeiros: Joaquim Amaro do Nascimento, Francisco Cameiro e um casal mudam-se para
Açaisal. Consagram-se os primeiros pastores brasileiros: Absalão Piano, Isidoro Filho,
Crispiano de Melo, Pedro Trajano e Adriano Nobre. 0 ano: 1913. Chegam os missionários Otto
Nelson e esposa em 25 de outubro de 1914. O missionário Samuel Nystrom, e entre os
participantes estão os integrantes do Estado Maior do Reino de Deus: José Moraes, Antonio
Rego de Barros, Bruno Skolimowski, Isidoro Filho, Francisco Gonzaga, José da Penha, Juvenal
Roque de Andrade, João Queiroz, João Batista de Melo, Manoel César, Paulino Fontenele,
Januário Soares e João Francisco de Argemiro. Em 1924, a experiência de Gunnar Vingren e
suplicada na Capital da República. Ele passa a direção da Igreja a Samuel Nystrom, e se
transfere para o Sul.
E a década da consolidação da Assembléia de Deus como igreja de presença efetivamente
nacional; poucas regiões agora estão para ser atingidas. Em 1927, a comunidade pentecostal
pioneira está em mais cinco Estados, entre eles Minas e São Paulo.
Amazonas
Novamente, um dos participantes do Avivamento de Belém retorna ao torrão natal com a nova
mensagem. Severino Moreno de Araújo e o seu nome. Chega a Manaus em 1917. No ano
seguinte, já estava sendo implantando o trabalho na cidade. Dessa missão e Samuel Nystrom
incumbido pela igreja-mãe, a de Belém. Nos primeiros meses, quinze pessoas são batizadas
em águas, entre as quais Fausta e Adalgiza Lima, que recebem, no momento da cerimônia, o
batismo com o Espirito Santo. E também submerso em águas, "em nome do Pai, do Filho e do
Espirito Santo", um membro da nobreza lusitana decadente, um capitão de navio, que
escapara do suicídio ao receber a Palavra de Deus.
Rondônia
Em 28 de fevereiro de 1922 a igreja de Rondônia foi organizada pelo missionário Paulo Aenis.
Não se sabe quem evangelizou os crentes que ele ali encontrou. Seu sucessor foi o Pr. Manoel
César (1924).
de Carvalho foi o seu primeiro pastor. A igreja que o enviou foi a de Belém do Pará. Nada mais
se registra a seu respeito nos anais das Assembléias de Deus.
 
A CHEGADA AO NORDESTE
Acre
Em 1914, a mensagem do Evangelho Pleno, e quem a traz e uma testemunha ocular do
Pentecoste irrompido em Belém. Mais que isso: e uma participe dele; integrou o grupo dos
dezenove fundadores da Missão da Fé Apostólica. E – o mais importante – foi a segunda
pessoa a receber o batismo no Espirito Santo.
A igreja acreana começou em Cruzeiro do Sul, com Manoel Pirabas, em 1932. José Barros
Ceará
0 Estado do Ceará é duplamente privilegiado: recebe, Maria de Nazaré, como os outros não-
paraenses, está anelante de que seus conterrâneos conheçam a mensagem do Evangelho
Pleno. Ela decide começar pelos seus familiares. Eles rejeitam a pérola espiritual que Nazaré
Ihes traz. Mas os presbiterianos-independentes, que já tem Cristo na vida, querem conhece-lo
melhor, e dizem: "Sim!" E tornam-se todos pentecostais. Ao retornar a Belém, Nazaré faz
saber ao pastor que as novas ovelhas, em Fortaleza, esperam por um obreiro.
No ano seguinte, 1915, Gunnar Vingren vai pessoalmente informar-se do que ocorre. E
constata que realmente urge tomar a providencia: envia o incansável Adriano Nobre, que, em
1922, e substituído pelo cearense Antonio do Rego Barros. Este permanece por um ano,
apenas, e da lugar a José Teixeira Rego. Teixeira estivera no Sul, e volta a liderança da igreja.
Em 1929 ocorre nova troca de obreiros, e retorna Antonio do Rego Barros.
Alagoas
Alagoas e o terceiro Estado a receber um obreiro pentecostal. Os crentes lá existiam já, em
1915, quando Otto Nelson desembarca de um navio do Lloyd Brasileiro, em atendimento ao
chamado divino. São seis crentes que ansiosamente o aguardam. Quem os evangelizou?
Desconhece-se. Sabe-se que Otto Nelson chegou no dia 21 de agosto, e dia 25 estavam
reunidos no primeiro culto, ocasião que três deles foram batizados com o Espirito Santo.
Perseguições se levantam contra os crentes, são muitas, mas eles não se intimidam. Pouco a
pouco, as conversões vão acontecendo, e, em 22 de outubro de 1922, inaugurara-se o
primeiro templo da Assembléia de Deus no Estado. Em 1923 (21 a 28 de outubro) acontece,
em Maceió, a Primeira Convenção Estadual, a que comparecem Gunnar Vingren, Samuel
Nystrom, Samuel Hedlund, Simon Sjogren, Elisabeth Johanson e Lily Johnson. 0 evangelista
José Menezes vem do Rio Grande do Norte, Em maio de 1950, o missionário Joel Carlson
assume a liderança da igreja no estado.
Pernambuco
De Belém chega, em 1916, o infatigável pioneiro Adriano Nobre. E mais um Estado em que o
Pentecoste antecede os obreiros, prova eloqüente de que com o homem e até sem ele, o
Espirito Santo age e visita com fogo do alto. Crentes de igrejas tradicionais ouvem a
mensagem do Evangelho Pleno, e crêem.
Apesar das dificuldades, a Obra cresce: no ano seguinte acontece o primeiro batismo, de duas
pessoas. Luli, uma delas, e batizada com o Espirito Santo.
Em 1921, desembarca em Recife um casal de missionários: Samuel e Tora Hedlund. Deus
realiza, através deles, um bom trabalho. Sete anos se passam, e vem dar sua contribuição ao
trabalho do Senhor no Brasil Nils Kastberg e esposa.
Paraíba
Em 1918, vivia em Campina Grande um ex-integrante da Policia Militar paraense de nome
Manoel Francisco Bu. Em Belém, em 1909, ele se tornara presbiteriano. Com o irrompimento
do Movimento Pentecostal, aceitou com entusiasmo a doutrina ensinada por Gunnar Vingren e
Daniel Berg. Foi a quarta pessoa e o primeiro homem a receber, na capital paraense, o
batismo com o Espirito Santo.
Retornando ao seu estado, em 1914, Manoel Bu, reunia-se com batistas e congregacionais e,
não obstante a sua humildade, ensinava-lhes acerca dos dons espirituais.
Com outro paraibano que visitava a cidade, em 1918 – Galdino Cândido do Nascimento,
realizou o primeiro culto pentecostal em sua terra. E Deus fez prosperar a Obra.
Em 1920, um irmão chamado Vitalino Bezerra dirigia um trabalho na cidade de Guarabira. No
mesmo ano chegaria a João Pessoa, procedente de Pernambuco, o irmão Francisco Félix.
Chega ao estado, em 1923, o missionário Simon Sjogren, que realiza bom trabalho e deixa a
direção da igreja no ano seguinte. Então, a 24 de junho de 1924, o Pr. Cícero Canuto de Lima
assume a liderança.
Rio Grande do Norte
Mais um crente tocado pelo Espirito Santo, em Belém do Pará, volta ao seu ponto de origem
para evangelizar os conterrâneos. Trata-se de um membro da assim chamada família César,
que prepara o terreno para o surgimento da igreja. Em 1918, o Pr. Adriano Nobre esta em
Natal, onde oficializa o trabalho e oficia o primeiro batismo, mas logo estará em outra cidade.
0 pastor que efetivamente assume a liderança local e José Paulino Estumano de Morais.
São necessárias mudanças, para o progresso da Obra no pais. 0 reconhecimento de que elas
precisam ser feitas vai culminar com decisão tomada pela Primeira Convenção Geral. 0
encontro se realiza em Natal, quando a igreja está sob a direção de Francisco Gonzaga. Com a
presença dos missionários, os pastores brasileiros, então, assumem a liderança da igreja no
Nordeste. E o ano de 1950.
Maranhão
0 grande batalhador pela causa de Cristo Climaco Bueno Aza aparece, nos primórdios da
história da Assembléia de Deus, no Maranhão. Ele chegou a São Luís em 10 de março de 1918.
Logo depois, estava sendo realizado um batismo. Ao que consta, os primeiros que receberam a
promessa no estado foram Propecio Lobatão, Isabel Rodrigues e Maria Oliveira. 0 trabalho foi
dirigido em caráter provisório, pelo missionário Nels Nelson, até a posse de Manoel César.
Quem o sucedeu foi Luís Higino de Souza.
Bahia
Em 1926, em Canavieiras, Joaquina de Souza Carvalho já ensinava sobre o batismo com o
Espirito Santo. E entre os que creram estava o diácono Teodoro Santana.
Na mesma cidade veio a realizar-se o primeiro batismo em águas, de vinte pessoas já
batizadas no Espirito Santo. 0 oficiante, João Pedro Teodoro Santana, foi indicado para liderar
a igreja. Ele veio a ser separado para o ministério por Otto Nelson, o que ocorreu em 13 de
junho de 1929.
Grandes perseguições intentaram atemorizar os crentes, mas eles perseveraram.
Enquanto a Obra prosperava na capital, a mensagem pentecostal chegava também a Curaçá.
No Rio de Janeiro, estimulados pelo missionário Vingren, dois baianos Catarino Varjão e
Silverio Campos –, obedecendo ordem do Senhor, para lá viajaram em 1928, com o objetivo
de falar de Cristo aos seus familiares e amigos. Parentes de Varjão aceitaram a Cristo e com
eles outros foram tomando o mesmo propósito. Havia trinta novos convertidos ao final de dois
meses.
Só em 1950, a 27 de maio, a Assembléia de Deus foi oficialmente fundada. 0 local, a
residência do missionário Otto Nelson.
Os primeiros batizados em águas foram Carlos Araújo, Adelina Domingos Dias, Lídia Nelson e
Ruth Nelson.
A primeira pessoa batizada com o Espirito Santo na Bahia chamava-se Honorina.
Em 1930, a igreja em Salvador tinha o seu primeiro pastor: João Pedro da Silva.
Sergipe
Foi em 1927 que Sergipe conheceu a mensagem pentecostal. Levou-a um militar, o sargento
do exercito Ormidio. Como outros pioneiros, ele veio de Belém. Encontrou terreno fértil e
começou a semear a palavra. Logo depois, chegava de Maceió o Pr. João Pedro da Silva para
efetuar o primeiro batismo.
Piauí
Também a capital do Piauí recebeu o Evangelho Pleno em 1927 (8 de junho). Um irmão de
nome Raimundo Prudente de Almeida visitava a cidade, levando a Palavra. Em 1930, alguns
pentecostais de Flores, no Maranhão, seriam também evangelizadores de comunidade
pentecostal na então capital da República, antes que os pioneiros da Assembléia (Paulo
Macalão e outros) houvessem começado a reunir-se, em 1923, em São Cristóvão. Nesse ano,
Gunnar Vingren o teria visitado, e pregado em sua igreja, mas dele se afastou quando o inglês
tomou o caminho das heresias.
Irmãos paraenses, que haviam iniciado a evangelização no tradicional bairro, no ano anterior,
organizaram-se em igreja e escolheram o seu primeiro pastor: Heráclio Menezes. 0 primeiro
batismo ocorreu em 29 de junho de 1924, na Praia do Caju, oficiado pelo ex-pastor da
Assembléia de Deus em Belém, que havia aceitado convite para dirigir a igreja no Rio de
Janeiro. Os primeiros a receberem o batismo com o Espirito Santo, no então Distrito Federal,
foram Maria Rosa Rodrigues, Paulo Macalão (que logo revelaria sua condição de líder; foi o
primeiro pastor consagrado no Rio de Janeiro, e se tornou um dos mais importantes nomes
das Assembléias de Deus no pais), Maria Miranda, Florinda Brito, Margarida Eugenia e outros.
No mês de abril de 1925, a pequena igreja recebeu a visita dos missionários suecos no Brasil e
na Argentina, que se reuniram no Rio. 0 resultado da Convenção foram sessenta decisões por
Cristo. Na época, era um numero grande para uma igreja iniciante.
0 crescimento da obra, também, no Estado do Rio, passou a exigir mais obreiros. A fim de
auxiliarem o pastor, em 12 de janeiro de 1927 chegaram ao Rio dois baluartes: José Teixeira
Rego e Bruno Skolimowski. 0 primeiro foi designado para dirigir os cultos em São Gonçalo,
Niterói, Belford Roxo e onde mais nas cercanias se fizesse necessário. Petrópolis recebe, como
pastor, em maio do mesmo ano, a Skolimowski.
A igreja tem, em agosto de 1930, a visita de Lewi Pethrus, que interrompe a construção de um
grande templo em Estocolmo para, a convite de Vingren, participar da decisiva convenção em
Natal, de 5 a 10 de setembro.
Assistida pela igreja da capital da Republica, só em novembro do mesmo ano Niterói tem o seu
primeiro pastor: o missionário Samuel Hedlund.
Minas Gerais
0 mesmo infatigável Climaco Bueno Aza estava em Belo Horizonte, em fevereiro de 1927, na
condição de pioneiro. Em sua residência tiveram lugar os primeiros cultos, quando aceitaram a
Cristo: Antonio Gomes, o capitão Antonio Lopes de Oliveira, Valdomiro Peres, Francisco
Pereira, Eloi Gil Braz, José Alves Pimentel e João de Carvalho.
São Paulo
Mais uma Assembléia de Deus se instalava em 1927: a da capital paulista. Ela teve o privilegio
de ser fundada pelo pioneirissimo Daniel Berg, que lá chegava, com a esposa Sara, no festivo
15 de novembro, e escolheu, para residir, a Vila Carrão.
Pouquíssimas pessoas assistiram aos primeiros cultos, mas o trabalho começou logo a crescer,
e em março do ano seguinte ocorreria o primeiro batismo em águas.
Nessa época, também estava em São Paulo o missionário Samuel Nystrom e, em sua casa,
havia cultos. Logo, surgia uma congregação, a principio instalada na Rua Oriente e, depois, na
Rua Chavantes. Mas a primeira cidade do Estado a receber a mensagem pentecostal foi
Santos, em 5 de março de 1924. Levaram-na irmãos procedentes de Recife. A primeira pessoa
convertida chamava-se Amélia Barreiros. Daniel Berg foi o primeiro pastor a dar-Ihe
assistência. Depois dele, veio o missionário John Sorhein, permanecendo ate agosto de 1928.
0 terceiro, foi o missionário Simão Lundgren. Depois dele vieram: Climaco Bueno Aza,
Francisco Gonzaga da Silva, Bruno Skolimowski e Geraldo Machado.
PENTECOSTE
Santa Catarina
0 pioneiro da Assembléia de Deus em Santa Catarina foi André Bernardino.
Mas desde o inicio do século XX, havia sinais do Pentecoste em solo catarinense. Segundo
informações de historiadores independentes, Pedro Graudin, pastor da Igreja Leto-Batista até
1909, era batizado com o Espirito Santo e tinha o dom de profecia. Por esta razão,
expulsaram-no daquela comunidade.
Por ali também passava outro pastor batista, Paulo Malaquias, que, de acordo com as mesmas
fontes, havia sido batizado no Espirito Santo em 1908. Ele, que veio a pastorear uma
Assembléia de Deus no Rio Grande do Sul, garante: "Nos primeiros anos deste século deu-se a
manifestação do Espirito Santo no Sul. "0 irmão Daniel Bernardino (neto do pr. Pedro Graudin,
filho do pr. André Bernardino, pioneiro da Assembléia de Deus em Santa Catarina, e que
afirmava ter recebido a promessa em 1908) e sua mãe, lúcida octogenária, residentes em
Santa Catarina, confirmam tais fatos. Em 1923, o missionário Gunnar Vingren teve
informações, em Belém, de que em Santa Catarina havia um movimento pentecostal em
andamento. Para constatar esses fatos, Vingren viajou para o Sul. Apurar-se-ia mais tarde
que, apesar de alguns focos de misticismo antibiblico, o Pentecoste de fato havia sido plantado
em solo catarinense.
Rio Grande do Sul
A Assembléia de Deus esta em Porto Alegre, ao que consta, desde 15 de abril de 1924, ano em
que lá chegou o missionário Gustavo Nordlund.
Ele residira por oito meses em Belém, antes de ir para o Sul. Em 1927, foi substituído em
Porto Alegre por Nels Nelson.
Paraná
Bruno Skolimowski chegou a Curitiba em outubro de 1927. Na cidade não encontrou
evangélicos.
Começou pela colônia polonesa, com a qual se identificou pela sua primeira língua. Em 1929,
transferiu residência, com a família, para Curitiba.
A convite do pastor Erich Ostermoor, assistiu aos cultos e pregou na Igreja Congregacional.
Alguns acolheram os seus ensinamentos relativos ao batismo com o Espirito Santo.
Em sua residência, promovia cultos a que assistiam, alem dos poloneses, alemães e
ucranianos (Skolimowski era poliglota).
Registrou a igreja em outubro de 1929, e só então começou o trabalho em português.
Raeiko Camvaaa
Mato Grosso
Havia apenas um Estado de Mato Grosso, em 1923, quando a evangelização teve inicio em
suas terras. 0 obreiro chamava- se Eloi Bispo de Sena. Nenhuma igreja o enviou; o Espirito
Santo o impulsionou e ele foi, começando por Guajará-Mirim. Da Sinopse Histórica da
Assembléia de Deus, de Alcebiades Vasconcelos, consta, no tópico sobre "Mato Grosso e Mato
Grosso do Sul", que "no ano de 1943, o missionário Nels Julius Nelson, atendendo a chamada
de Deus ao pr. Juvenal Roque de Andrade, apoiou sua renuncia ao pastorado da igreja em
Porto Velho, Rondônia, e sua ida para Caceres, Mato Grosso, onde ele fundou o trabalho da
Assembléia de Deus aos 7 de maio de 1944, e, ao mesmo tempo, organizou a Assembléia de
Deus em Campo Grande. Depois disto, o referido trabalho foi anexado ao Campo de São Paulo,
permanecendo assim até a atualidade."
Goiás
Algumas localidades de Goiás – na região central onde está provavelmente a cidade mais
evangélica do pais, Anápolis –, conheciam o Evangelho havia muitos anos quando os
pentecostais lá chegaram. Na segunda década do século, trabalhava para o Senhor em Goiás,
e anunciava o Evangelho Pleno, a missionaria Matilde Paulsen, que era muito operosa e
visitava várias cidades.
Quando decidiu mudar-se do Estado, entregou suas igrejas aos obreiros do ministério de
Madureira.
Nessa época, construía-se Goiânia – a primeira cidade previamente planejada do Brasil –, e o
pedreiro Antonio Moreira para lá se transferiu em 1931, procedente do Rio de Janeiro. Então, o
pr. Paulo Macalão deu-lhe a missão de iniciar a igreja na capital. As sementes semeadas pelo
diácono Moreira germinaram e os frutos foram abundantes. 0 trabalho estendeu-se por
dezenas de cidades e lugarejos.
0 pr. Severino Elias de Assis fundou outra igreja em 1’-’ de abril de 1962. Foi escolhido para
presidente de honra o pr. Severino Amador de Oliveira.
Mas tarde, o pr. Armando Chaves Cohen, então vice-presidente na igreja de Belém, PA, foi
convidado, por iniciativa de Severino Elias de Assis e outros pastores, para assumir a
presidência de uma igreja resultante da fusão de algumas outras. Em 1966, estava sendo
lançada a pedra fundamental da Assembléia de Deus do Plano Piloto de Brasília. A 20 de
outubro de 1967, Cohen consagrou quatro obreiros a pastores.

CAPÍTULO XII
AS ASSEMBLÉIAS DE DEUS, HOJE
 
LIDERANÇA
A Hora dos Brasileiros
Decisão tomada na primeira convenção de pastores das Assembléias de Deus no Brasil,
realizada em Natal, em 1930, definiu, sobre alguns importantes aspectos, os rumos da igreja.
E explica, em parte, o seu acelerado crescimento. Os obreiros nacionais, conhecedores da
psicologia do povo, com os mesmos usos e costumes, mais resistentes as endemias e outras
espécies de enfermidades que grassavam na época, alcançaram também maturidade
ministerial, e assumiram a liderança em vários estados onde nasciam as primeiras igrejas (*)
(’*). Os missionários rumaram ao Sul, para a abertura de novos trabalhos. Indagado sobre
esse episódio da historia da igreja, o filho de Gunnar Vingren, Ivar, em entrevista ao
"Mensageiro da Paz" (n’ 1178, de junho de 1985), prestou estes esclarecimentos: "Apesar de,
na época, eu ter apenas 12 anos de idade (...), fiquei sabendo que havia dificuldades no Norte
entre pastores e missionários por causa do trabalho. Porém, Deus colocou no coração de meu
pai para ele ir a Suécia e trazer o pr. Lewi Pethrus para participar daquela importante
Convenção. Os convencionais trataram de resolver o assunto da entrega do trabalho nas mãos
dos obreiros nacionais. Foi realmente uma grande coisa o irmão Lewi Pethrus ter podido vir
Naquele ano, ele estava justamente edificando o grande templo da Igreja Filadélfia, em
Estocolmo, Suécia, com lugar para quase cinco mil pessoas. Sentindo a direção de Deus e a
necessidade de fazer algo, ele abandonou tudo que estava fazendo para normalizar o trabalho
aqui no Brasil, e para isto viajou com meu pai. Creio que isso foi uma maravilhosa providência
de Deus. Tudo transcorreu na maior paz e tranqüilidade, e segundo eu tenho ouvido falar, os
pastores brasileiros choraram muito, pois, queriam continuar tendo comunhão com os
missionários e contando com a ajuda deles. Os missionários estavam deixando todo o trabalho
nas mãos dos pastores brasileiros e seguindo para outros lugares, com a finalidade de abrir
novos trabalhos." Ivar Vingren conclui, sobre o acontecido: "Segundo o resultado que se tem
visto, creio que foi a época certa; não foi cedo nem tarde para se entregar o trabalho nas
mãos dos irmãos brasileiros, porque era a hora do Espirito Santo." A História das Assembléias
de Deus no Brasil (de 1982) observa que "os pastores brasileiros, com voz embargada,
expressaram seu desejo de que o trabalho do Norte fosse sempre unido ao trabalho do Sul,
’para que a obra se conservasse unida em todo o pais’. 0 mesmo diziam os missionários,
afirmando que não deixariam de prestar a sua colaboração nessa nova fase da história
pentecostal no Brasil".
0 tempo confirmou o acerto da decisão tomada. Do entrosamento e da comunhão entre os
obreiros nacionais e os missionários resultou o grande progresso da igreja. (As principais
lideranças da AD enfatizam ainda hoje que não se deve perder de vista o modelo deixado pelos
missionários. Em 1979 criou-se o Conselho de Doutrina da Convenção Geral para cuidar do
assunto ("MP" n’-’ 1322 de maio/1997).
0 próprio pr. Lewi Pethrus, em correspondência procedente da Suécia, veio a reconhecer:
"Assim se mostra a enorme e grandíssima importância da Conferencia de Natal e as suas
conseqüências para o Movimento Pentecostal no Brasil, quando se traçaram linhas bem claras
e fronteiras bem firmes foram demarcadas entre o que e humano e divino, o que é espiritual e
o que é carnal. Como conseqüência lógica disso, os missionários deveriam deixar as igrejas
prósperas do Norte e começar novos trabalhos no Sul do pais." Sobre o progresso
experimentado, registrou o prof. José Bittencourt Filho: "... existem setores otimistas que
afirmam que se abre no Brasil a cada dia do ano pelo menos uma nova Assembléia de Deus."
Majoritária na América Latina
"Em meio século, as Assembléias de Deus já estão presentes em todo o pais, acabando por ser
a maior igreja evangélica da América Latina", enfatizou Marcos Aurélio de Souza Barbosa,
então professor da Universidade Metodista de Piracicaba, no artigo "A experiência do Espirito
Santo: o pentecostalismo no Brasil", de Imagens da Assembléia de Deus. No livro Católicos,
Protestantes, Espiritas (Ed. Vozes, 1972, pag. 122), citado pelo mesmo prof. Marcos Aurélio,
pag. 60, "o quadro abaixo demonstra que já em 1964 a superioridade pentecostal era
incontestável: Atualmente, os números são ainda maiores, quanto a posição dos pentecostais.
A liderança da Assembléia de Deus continua inconteste(***).
"Igreja das Multidões"
Matéria publicada na revista "Vinde" de maio de 1997 ("A igreja das multidões"), assinada por
Carlos Fernandes, da Igreja Maranata, inicia-se com este registro: "Pelo menos um em cada
três crentes brasileiros tem a mesma resposta quando a pergunta e: a que igreja você
pertence? ’Assembléia de Deus’, respondem, na ponta da língua, e com um certo orgulho,
cerca de 16 milhões de cristãos evangélicos no pais. Quem conhece a história da denominação
percebe que não poderia mesmo ser diferente. Ha 86 anos no Brasil, a Igreja Evangélica
Assembléia de Deus espalhou-se como fogo, levada pelo vento pentecostal que soprou a obra
do Avivamento aos quatro cantos do pais." A matéria de "Vinde" diz ainda que a igreja tem "...
mais de setenta mil templos e congregações em todo o Brasil"; "ministros, aproximadamente,
noventa e seis mil"; "seu gigantismo também pode ser percebido a cada eleição, quando a
denominação consegue ’emplacar’ dezenas de prefeitos e centenas de parlamentares.
Atualmente onze membros da Assembléia de Deus ocupam cadeiras no Congresso Nacional".
Os números oficiais (do IBGE, Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) sobre o culto
religioso no pais não coincidem com os levantados pela Secretaria da Convenção Geral. Mas a
maioria das fontes leva a conclusão de que cerca de 50% dos evangélicos brasileiros são
membros e congregados da Assembléia de Deus. As estatísticas do órgão governamental
nunca conseguiram acompanhar o grande crescimento da igreja, presente em todo o território
nacional: nas cidades, vilas, povoados e fazendas.

CAPÍTULO XIII
 
A IGREJA EM AÇÃO
 
Presença Feminina
Alem das reuniões rotineiras de cada semana, as igrejas promovem encontros regionais e
estaduais de jovens, senhoras e até crianças. A maioria delas conta com um grupo de irmãs
que, nos denominados "Círculos de Oração", enfatizam a consagração das vidas em prol do
crescimento da Obra. Essas cooperadoras, em muitos casos, tem o seu próprio conjunto
musical. Pesquisas realizadas em 1958, por Neuza Meirelles Costa, doutora em Ciências
Políticas e professora de pós-graduação em Ciências da Religião, conclui: "A Igreja é um lugar
agradável para as mulheres, segundo a opinião da maioria quase absoluta dos entrevistados"
(...) E mais: "As razões da boa imagem dos grupos femininos são apresentadas de forma
bastante esclarecedora quanto aos papeis sociais: as mulheres trabalham nas obras sociais,
bazares e assistência aos necessitados, intercedem junto ao (E provável haver ai um equivoco
quanto a preposição usada – ’junto ao’, em lugar de pelo) pastor, ’rendem’ muito para a igreja
e oram muito fervorosamente e, neste sentido, são ’colunas espirituais’ da igreja."
Com os novos tempos, as mulheres tem assumido papel mais amplo e relevante na igreja, tal
qual acontece nos outros segmentos da sociedade, no Brasil e no mundo. Com a chegada da
classe media, e crescente o numero de senhoras dedicadas ao ensino teológico, em seminários
e institutos bíblicos; que atuam em programas radiofônicos e de televisão; que se revelam
como pregadoras, jornalistas e escritoras. Desde o inicio, no espaço que se Ihes dava, elas se
destacavam como missionarias e professoras na Escola Dominical.
Uma das mais dinâmicas foi Frida Vingren, casada com o pioneiro desde 16 de outubro de
1917. Colaborava nos jornais (foi, inclusive, redatora do "Mensageiro da Paz"), e compôs as
letras de vários hinos. Zélia Macalão, pioneira da igreja no Rio de Janeiro, colaboradora do
"Mensageiro da Paz", foi outro exemplo de inteligência e dedicação a obra, como
evangelizadora ao lado de seu marido e no campo da educação e assistência social.
Jovens em Ação
A mocidade ama sua congregação, e a pesquisa da profª. Neusa Meirelles o demonstra: "Do
conjunto de vinte moças e dezenove rapazes consultados, todos, exceto uma única moça,
freqüentam os grupos jovens da própria igreja." E revela: "A igreja, segundo os jovens,
poderia fazer muito por eles: ministrar cursos, encontros, retiros, ampliar as oportunidades de
estudos, esclarecer-lhes as duvidas." Apurou ainda a pesquisadora que "eles aprendem a
doutrina, tem destemor e coragem, são unidos. Ha esforço individual e dedicação a igreja". Os
jovens constituem a sua união de mocidade. Realizam cultos em determinado dia da semana e
promovem congressos. Em muitos destes, as vocações missionarias se revelam e podem ser
consideradas e apoiadas pela liderança. 0 evangelismo é tratado com atenção especial na
quase totalidade das igrejas. Alem das visitas domiciliares (evangelismo pessoal) que realizam,
os crentes deslocam-se para os presídios e para os logradouros públicos e, com ousadia,
anunciam o Evangelho. Em ocasiões especiais, as igrejas e suas congregações participam de
"concentrações" nos estádios e praças, onde costuma estar, como convidado especial para
pregar, um dos evangelistas nacionalmente conhecidos.
 
EDUCAÇÃO TEOLÓGICA E SECULAR
 
Seminários Pioneiros
Desde o inicio, as lideranças da igreja tem-se voltado para o ensino da Palavra de Deus. Antes
das convenções nacionais, nas primeiras convenções nos estados – ocasião em que, ao lado do
exame de questões doutrinárias e administrativas, pastores ministravam estudos das
Escrituras – havia as Escolas Bíblicas. Só bem mais tarde, passou a existir lugar para os
institutos bíblicos. 0 primeiro deles deveu-se ao idealismo e destemor do pr. João Kolenda
Lemos e de sua esposa, missionária Ruth Dorris Lemos. Eles fundaram, em 18 de março de
1959, o conceituado IBAD, Instituto Bíblico das Assembléias de Deus, na cidade de
Pindamonhangada/SP. 0 corpo docente era integrado por figuras exponenciais do ensino
teológico nas Assembléias de Deus no Brasil. Nele pontificaram, ao lado do casal, os pastores
João de Oliveira, J. P. Kolenda, Orlando Boyer e outros. Varias centenas de obreiros nele
formados participam da liderança da igreja, de norte a sul do Brasil. Logo depois, o missionário
Lawrence Olson dava o mesmo arrojado passo, na então capital da Republica, o Rio de Janeiro.
Ele fundou, em 1962, o IBP, Instituto Bíblico Pentecostal. Estes empreendimentos marcaram
vivamente a história das Assembléias de Deus no Brasil, que pode ser dividida em duas fases,
a anterior e a posterior aos seminários. Depois destes pioneiros, houve um despertamento
nacional voltado para o estudo sistemático da Palavra de Deus.
0 missionário Bernhard Johnson, que iniciou seu ministério no Brasil (Sul de Minas Gerais) em
1957, e faleceu em 1995, foi, certamente, quem contribuiu com o maior número de escolas de
teologia em nosso pais. Em 1972, fundou o ICI, Instituto de Correspondência Internacional;
em 1976, criou a EETAD, Escola de Educação Teológica das Assembléias de Deus, com sede
em Campinas/SP, e que vem dando atendimento a várias dezenas de igrejas. Em 1987, deu
mais um passo, com a FAETAD, Faculdade de Educação Teológica das Assembléias de Deus.
Vários pastores, em não poucas regiões do pais, vem fundando institutos bíblicos.
Ensino Secular
Começa a haver maior interesse das igrejas, também no que se refere ao ensino secular.
Algumas começam a criar escolas, conscientes da necessidade de dar sua contribuição
também nessa área. Nisso, seguem o bom exemplo deixado pelos missionários pioneiros. A
igreja de Belém, sob a liderança do missionário Lars Eric e Samuel Nystrom mantinha, em
1926, duas escolas primarias, uma na Travessa 9 de Janeiro e outra no Marco da Légua.
Assistência Social
Orfanatos, Creches, Asilos
0 mesmo ocorre em relação a assistência social. Vários pastores promovem a instalação
importantes emissoras, o programa "Voz das Assembléia de Deus no Brasil". Nesse mesmo
ano, em Belém/PA, um grupo de jovens, reunido na casa do missionário Carlos Hultgren,
decidiu fundar um programa a que deram o nome de "0 som do Evangelho". Os autores da
iniciativa foram: Josué Bezerra Cavalcanti, Eliel Rodrigues, Walmir Cohen, João Leitão,
Abelardo da Silva e Firmino Feliciano. Este trabalho vem sendo mantido através dos anos.
Algumas igrejas vem adquirindo ou instalando emissoras que alcançam incontável número de
pessoas e constituem, comprovadamente, eficaz veiculo evangelístico.
Quanto a Assembléia de Deus em Manaus, surpreendentemente e para o regozijo das igrejas,
tornou-se proprietária de uma rede de televisão, a RBN, que passou a chamar-se "Boas
Novas". A Casa Publicadora, sempre presente em todos os segmentos da igreja, também
marca sua presença nessa área, com um programa semanal – "Movimento Pentecostal" –, em
uma das mais conceituadas redes nacionais.
"Tudo isto eles, ao contrário outras igrejas evangélicas que são abundantemente movidas de
dinheiro e pessoal dos Estados Unidos, conseguiram com suas próprias forças." (Artigo "As
Assembléias de Deus no Brasil", In Imagens da Assembléia de Deus, de Walter J.
Hollenweger.)
A liderança dos brasileiros já era notória em 1929. Conforme relação de endereços constante
do jornal ’Boa Semente", de janeiro do referido ano, os obreiros brasileiros já eram
majoritários. Apenas havia missionários na direção de igrejas no Rio de Janeiro (Gunnar
Vingren), Santos (Simon Lundgren), Porto Alegre (Gustavo Nordlund) e São Paulo (Daniel
Berg). Os nacionais eram Climaco Bueno Aza (Belo Horizonte), José Teixeira Rego (Petrópolis),
José Pedro d'alva (Maceió), Francisco Gonzaga (Natal), Cícero de Lima ("Paraíba do Norte",
atual João Pessoa), Manoel César ("Maranhão") e José Moraes (Manaus).
"No Brasil - informa o escritor Delcio Monteiro de Lima "Recente publicação da Assembléia de
Deus divide o pentecostalismo em quatro ramos principais e atribui a cada um a seguinte
participação percentual no grupo religioso:
 
CONCLUSÃO:
 
Ao findarmos o estudo sobre "Assembléias de Deus" nos alegramos em saber que a oitenta e
sete anos da sua fundação, Deus a tem firmado como árvore frondosa que dá sombra e,
produz bons e muitos frutos a esta nação. As Assembléias de Deus no Brasil, tem enviado
centenas de missionários à outros países.
A Assembléia de Deus em Araguatins, nos últimos anos, também tem enviado missionários no
Tocantins, Ceará, em outros países como a Bolívia, cumprindo assim, o "Ide" de Jesus Cristo.
MINISTÉRIO SETA
IGREJA EVANGÉLICA ASSEMBLÉIA DE DEUS
RUA 13 DE OUTUBRO 1096 – CENTRO
FONE: 63 474 1289
ARAGUATINS – TO
E-mail: jozandro_silva@uol.com.br
Presidente: Pr. José Ribamar Carvalho dos Santos
Vice Presidente: Ev. João Gomes dos Santos
Matéria extraída no site http://www.assembleiasdedeus.org.br/ da Assembléia de Deus de
Paragominas - PA  

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