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Introdução
Assim, torna-se fácil entender porque existem tantos tipos de tratamento, mas em
todos eles alguns aspectos devem ser considerados. Um desses aspectos é a motivação
para mudança.
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Lapsos são consumos de curta duração que se seguem a um período de abstinência, porém
não levam o indivíduo ao comportamento anterior de uso regular.
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1. Acompanhe.
Como vimos, muitas vezes os dependentes químicos nem percebem que possuem
problemas relacionados ao uso de substâncias. Assim, o primeiro passo para o
tratamento é alcançar um nível de participação e motivação suficientes para manter um
tratamento a médio e longo prazo. Em seguida, costuma-se propor três objetivos
ordenados: abstinência, melhora da qualidade de vida e prevenção de recaídas, descritos
a seguir.
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Incompatibilidade entre o uso de drogas e os objetivos de vida do indivíduo
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.
Abstinência do uso de substâncias psicoativas
Prevenção de recaídas
Os indivíduos que aceitam como meta a abstinência completa devem ser preparados para
a possibilidade de recaídas. É importante que estejam cientes da natureza crônica e
reincidente da dependência química.
Às vezes, para atingir estes objetivos, é necessário propor objetivos intermediários que
possibilitem o comprometimento e cumprimento das metas.
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Características como idade, cor, nível social, financeiro, educacional e cultural, assim
como moradia, tipo de família, entre outros
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chamados de “indivíduos com diagnóstico duplo” ou “comorbidade”, ou seja, com mais de
um diagnóstico psiquiátrico.
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São estados em que o indivíduo se distancia da realidade, muitas vezes ouvindo vozes ou
tendo pensamentos estranhos como de perseguição.
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Ausência de adequado apoio psicossocial que possa facilitar o início da
abstinência.
Desintoxicação
Grupos de auto-ajuda
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disso, a filosofia dos 12 passos divulga algumas idéias psicológicas e espirituais que
facilitam lidar com as pressões de vida diárias e parecem ajudar alguns dependentes a
estabelecer e manter um estilo de vida sóbrio.
Comunidades terapêuticas
Tratamentos farmacológicos
Tratamentos psicossociais
Entrevista Motivacional
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Fazer efeito contrário à droga
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1. Expressar empatia: escutar respeitosamente o indivíduo, tentando compreender o
seu ponto de vista, ainda que não concordando necessariamente com ele.
4. Fluir com a resistência 4: não se deve impor novas visões ou metas, mas convidar
o indivíduo a vislumbrar novas perspectivas que lhe são oferecidas.
Aconselhamento
Intervenção Breve
Quando tais intervenções são estruturadas em uma até quatro sessões, produzem um
impacto igual ou maior que tratamentos mais extensivos para a dependência de álcool.
Terapias fundamentadas na entrevista motivacional produzem bons resultados no
tratamento e podem ser utilizadas na forma de intervenções breves.
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de problemas também determina que se apliquem intervenções mais especializadas para
indivíduos com problemas graves, além de adicionais terapêuticos, como manuais de
auto-ajuda, aumentando a efetividade dos tratamentos.
Terapia de Grupo
Terapia de família
A comunicação com os familiares traz amiúde novos dados que podem ter
fundamental importância no esclarecimento diagnóstico e tratamento do paciente. Quando
se percebe que o conflito familiar interfere diretamente no tratamento, costuma-se indicar
terapia de família.
A terapia de família objetiva aprimorar a comunicação entre cada um de seus
componentes e abordar a ambivalência de sentimentos. Ela pretende reforçar
positivamente o papel do dependente químico na família, levando a uma melhor
adaptação no seu funcionamento social.
Redução de Danos
Referências
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American Psychiatry Association. Practice Guideline for the treatment of patients with
substance use disorders. 2ª ed. 2006
DIEMEN, LV; KESSLER, F & PECHANSKY, F. “Drogas: Uso, abuso e dependência”. In:
DUNCAN, Bruce; SCHMIDT, Maria Inês & GIUGLIANI, Elsa (Org.). Medicina Ambulatorial:
condutas de atenção primária baseadas em evidências. 2004. pp. 917-931.
KNAPP, P. Prevenção de Recaída, Um manual para pessoas com problemas pelo uso do
álcool e de drogas. Porto Alegre: Artes Médicas, 1994
MARQUES, ACPR & RIBEIRO, M. Guia prático sobre uso, abuso e dependência de
substâncias psicotrópicas para educadores e profissionais da saúde. Prefeitura da Cidade
de São Paulo, Secretaria Municipal de Participação e Conselho Municipal de Políticas
Públicas de Drogas e Álcool de São Paulo – COMUDA, 2006. MILLER, W.R. &
ROLLNICK, S. Entrevista Motivacional, preparando as pessoas para a mudança de
comportamentos aditivos. Porto Alegre: Artes Médicas, 2001.
SCHUCKIT, Marc A. Drug and alcohol abuse: a clinical guide to diagnosis and treatment.
5ª ed. New York: Kluwer Academic/Plenum Publishers, 2000.
Redução de Danos
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* Paulo Roberto Telles
Fátima Buchele
Apesar de ainda não ser uma estratégia amplamente aceita no mundo, a redução
de danos vem conquistando um espaço cada vez maior entre as estratégias que visam
dar conta dos problemas associados ao uso abusivo de drogas. Atualmente, a maioria dos
países com problemas relacionados ao uso de drogas (especialmente quando injetáveis),
adota a redução de danos em suas políticas de prevenção, incluindo-se o Brasil entre
eles. O surgimento da epidemia de AIDS, no final dos anos 70, e a vulnerabilidade dos
usuários de drogas injetáveis foram fatores decisivos na expansão das estratégias de
redução de danos, pois estas estratégias apresentaram uma eficácia bem maior do que
as tradicionalmente usadas no enfrentamento da epidemia.
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O movimento de redução de danos parte de uma visão realista, de que muitas
pessoas, nas mais diversas sociedades, farão ou continuarão fazendo uso de drogas
psicoativas, e que alguns usarão drogas de maneira prejudicial para si mesmos, para
suas redes sociais imediatas e para a sociedade. O avanço desse enfoque é o
reconhecimento da diversidade no consumo das drogas, contrapondo-se a uma visão
pouco realista, que tem como aspiração uma sociedade “livre de drogas”, permitindo o
exame das mais diferentes formas de uso e de como reduzir pragmaticamente os
problemas associados a esse uso.
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Esses países têm utilizado, há mais tempo, essas estratégias para evitar a difusão
do HIV e de outras doenças entre os usuários de drogas. Os projetos têm mostrado,
também, que temores iniciais de opositores da redução de danos, tais como “que a oferta
de seringas para os usuários de drogas injetáveis contribuiria para o aumento do
consumo”, de fato nunca se concretizaram. Ao contrário, além da eficácia na prevenção, é
mesmo comum a diminuição do consumo de drogas entre os usuários que freqüentavam
os programas de redução de danos.
Deve sempre ser lembrado que, independentemente da droga, a forma como ela é usada
é um dos aspectos mais importantes com relação aos possíveis efeitos negativos
associados a esse uso.
O terceiro princípio discute a redução de danos como uma abordagem que surgiu
de “baixo para cima”, baseada na defesa do usuário, e não como política de
“cima para baixo”, promovida pelos formuladores de políticas de drogas.
O quarto enfatiza que “a redução de danos deve promover serviços de fácil
acesso e pronto acolhimento, como uma alternativa para as abordagens
tradicionais distantes da realidade do usuário e de difícil acesso”.
Referências
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MINISTÉRIO DA SAÚDE. Programa Nacional de Doenças Sexualmente
Transmissíveis/AIDS. Drogas, AIDS e sociedade. Brasília, 1995.
Ministério da Saúde. Boletim Epidemiológico AIDS/DST, ano II, nº 01. First to 26th
epidemiological week – Brasilia; 2005
FONSECA, Elize Massard da; RIBEIRO, José Mendes & BERTONI, Neilane et al.
“Syringe exchange programs in Brazil: preliminary assessment of 45 programs”. Cad.
Saúde Pública no. 4, vol. 22, [on-line], 2006, p.761-770.
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* Texto adaptado do original do Curso de Prevenção do Uso de Drogas para
Educadores de Escolas Públicas, realizado pela Senad, em 2006.
Vamos agora conhecer uma nova maneira de pensar a questão do uso de drogas, a partir
da mobilização de todos os segmentos de uma determinada comunidade, ou seja, através
do trabalho comunitário, tendo na cidadania o princípio de atuação.
Esta proposta é inovadora, pois enfatiza a importância do encontro dos saberes locais
para a construção do saber coletivo. A experimentação permanente, o movimento de
integração contínua entre os diferentes indivíduos diante de uma tarefa comum a ser
cumprida não só abrem caminho para uma atuação efetiva, mas também permitem a
transformação.
• O enraizamento social, ou seja, o trabalho tem sua origem no grupo de pessoas sobre o
qual a ação se dirige; nesse caso, enfatiza-se uma atuação de parcerias que têm como
resultado o funcionamento em rede de todas as iniciativas ligadas à prevenção.
• As parcerias múltiplas que permitem uma percepção global dos recursos da comunidade
e evitam que a intervenção seja restrita à ação de especialistas; o trabalho exige a
utilização de recursos comunitários não mobilizados até então.
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abordagem policial centrada nas drogas de drogas lícitas e ilícitas
ilícitas.
Repressão Educação
Envolvimento com drogas visto como um Envolvimento com drogas visto como um
problema pessoal, tratado como um problema de relações, tratado como
processo patológico individual. processo de mudanças no contexto
sociofamiliar.
Para que você tenha uma idéia clara a respeito do novo enfoque, descrevemos, a
seguir, cada uma de suas características essenciais.
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de drogas é reconhecida como fundamental e a mudança do seu comportamento só será
efetiva a partir do momento que ele compreende o sentido desse ato e aceita o limite
como uma regra em benefício de sua saúde.
Abordagem integrada - A droga vista na sua relação com o usuário e o meio ambiente
mostra a passagem de uma forma isolada de se tratar a questão para uma abordagem
integrada e contextualizada que denominamos abordagem sistêmica. Não podemos
atribuir à droga uma vida própria, pois ela é apenas uma substância inerte e inofensiva,
em si, sem possuir, por si só, qualquer poder de influenciar pessoas.
Como trabalhar com a prevenção do uso de drogas numa situação em que tudo
está em risco, até a própria vida?
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Como superar a passividade e a cumplicidade geradas pelo medo?
Como mobilizar o potencial criativo dessas comunidades para que se produza algo
novo?
Essas questões devem ser debatidas no contexto dos diferentes Conselhos e avaliadas
de acordo com a realidade de cada comunidade, para que se chegue a uma proposta de
participação conjunta. O trabalho comunitário desenvolvido a partir de diferentes
atividades propostas pela própria comunidade pode elevar a qualidade de vida das
pessoas, agindo sobre as carências que fazem com que os jovens busquem o consumo
de drogas.
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Referências
COLLE, F.X. Toxicomanies, Systèmes et Familles - oú les drogues rencontrentles
emotions. Paris: ESF, 1995.
MORIN, E. Ciência com Consciência. São Paulo: Bertrand Brasil, 1996. SLUZKI, C.
Redes Sociais - alternativa na prática terapêutica. São Paulo: Casa do Psicólogo, 1997.
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