de Constituições escritas. Analisar as fases do constitucionalismo, identificando suas transformações com as gerações de direitos. Comparar as fases com as sucessivas constituições brasileiras.
(01) A Constituição do Estado Liberal é o
modelo histórico que se confunde com o próprio início do constitucionalismo e que influenciou de modo decisivo, as características e funções básicas que deve ter uma Constituição, desde a exigência de ser um documento escrito, passando pela limitação do poder estatal e afirmação dos direitos individuais. O legado do constitucionalismo liberal adveio em razão e juntamente com dois acontecimentos históricos que influenciaram decisivamente a história da humanidade e também das Constituições, quais sejam, a independência dos Estados da América do Norte e a revolução francesa.
(02) O Professor Jorge Miranda afirma que, em
verdade, a Lei Fundamental inserida em documento escrito, em sentido moderno, surgiu com a independência dos americanos do norte em 1776 e com a promulgação da Constituição da União em 1787, ou, ainda, como preferem alguns constitucionalistas e historiadores, com a Constituição do Estado-membro da Virgínia em 1776. Fato é que a declaração de independência em 1776, a promulgação da Constituição em 1787 e as primeiras dez emendas de 1791, Bill of Rights, foram um processo que fundaram e afirmaram a primeira Constituição escrita no sentido moderno.
(03) Nesse sentido é a lição de Ingo Sarlet:
“Tudo isso revela que a construção
da Constituição americana se deu mediante um processo que vai pelo menos de 1776 (declaração de Independência) até 1791 (incorporação de uma declaração de direitos ao texto da Constituição de 1787). Tal processo veio a ser consolidado posteriormente mediante, entre outros aspectos, a consolidação da noção de supremacia da Constituição, que será objeto de atenção logo adiante”.
(04) Como bem assinala Paulo Bonavides:
"Escreveram os ingleses a Magna
Carta, o Bill of Rights; os americanos, as Cartas Coloniais e o Pacto Federativo da Filadélfia, mas só os franceses, ao lavrarem a Declaração Universal dos Direitos do Homem, procederam como havia procedido ao apóstolo Paulo com o Cristianismo. Dilataram as fronteiras da nova fé política. De tal sorte que o governo livre deixava de ser a prerrogativa de uma raça ou etnia para ser o apanágio de cada ente humano; em Roma, universalizou-se uma religião; em Paris uma ideologia. O homem-cidadão sucedia ao homem- súdito".
(05) Em sede de conclusão, é possível resumir o
legado desses períodos de efervescência de ideais e de surgimento da Constituição moderna e escrita ao universalismo do Estado Constitucional como paradigma universal, mesmo que com diferentes peculiaridades da experiência norte-americana e a francesa, na esteira do lecionado, entre outros, por Ingo Sarlet.
(06) A partir de então o Estado-Nação ganha sua
legitimidade e funda-se desde uma Constituição que fundamenta a validade do ordenamento jurídico, mesmo que esse Estado não seja democrático ou até mesmo seja ditatorial e a Constituição seja um verniz para mascarar a realidade fática do poder. O fato é que não existe mais Estado que não tenha regulamentação e limitação por meio de uma Constituição, mesmo que completamente destituída de força normativa.