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RESUMO DIREITO CIVIL

SUCESSÃO TESTAMENTÁRIA
1. TESTAMENTO
 Conceito: Testamento é um negócio jurídico unilateral, de caráter personalíssimo, solene,
gratuito e eminentemente revogável.
 É um negócio jurídico (unilateral) pelo qual se dispõe de patrimônio para depois da morte e se faz
outras declarações de vontade. É o art. 1.857 do CC. Art. 1.857. Toda pessoa capaz pode dispor, por
testamento, da totalidade dos seus bens, ou de parte deles, para depois de sua morte. § 1o A legítima dos
herdeiros necessários (ou seja, 50%....) não poderá ser incluída no testamento. § 2o São válidas as
disposições testamentárias de caráter não patrimonial, ainda que o testador somente a elas se tenha
limitado. Essas outras declarações de vontade não necessariamente terão conteúdo patrimonial, por
exemplo: reconhecimento de filho, nomeação de tutor, deserdação

 CLASSIFICAÇÃO DO TESTAMENTO 1-Natureza negocial; 2-Caráter personalíssimo Art. 1.863. É


proibido o testamento conjuntivo, seja simultâneo, recíproco ou correspectivo.; 3-Unilateralidade; 4-
Gratuidade; 5-Revogabilidade Toda e qualquer cláusula derrogatória ou derrogativa é nula de pleno
direito ; 6-Solene; 7-Eficácia causa mortis 8- revogável (exceto reconhecimento de filiação)

 PRESSUPOSTOS DA SUCESSÃO TESTAMENTÁRIA


A. OBSERVÂNCIA DO LIMITE DA LEGÍTIMA: A legítima é calculada no momento da abertura da
sucessão. Pois então. A quanto corresponde a legítima? 50% do patrimônio líquido apurado na
abertura da sucessão.
PESSOA CAPAZ DE DISPOR POR MEIO DE TESTAMENTO (CAPACIDADE TESTAMENTÁRIA
ATIVA): Em que momento esta capacidade vai ser analisada? Na data da celebração do testamento,
(na data da abertura da sucessão se confere a capacidade sucessória ou testamentária passiva) observando
o princípio do tempus regis actum. Não se aplica a capacidade geral. Trata-se das pessoas
psicologicamente capazes e maiores de 16 anos.
B. PESSOA CAPAZ DE RECEBER HERANÇA OU LEGADO (CAPACIDADE TESTAMENTÁRIA
PASSIVA): São as seguintes: -Pessoas nascidas; -Pessoas concebidas (lembrar da discussão da
concepção laboratorial: maioria da doutrina entende que sim); -Pessoas jurídicas. -Pessoas jurídicas a
serem constituídas com o patrimônio transmitido. -Prole eventual (filho que alguém vai ter, art. 1800,
§4º estabelece o prazo de 02 anos contados da abertura da sucessão para a concepção da prole
eventual, Chaves diz pode ser decorrente da adoção em face do princípio constitucional da igualdade
entre os filhos, ver acima). OBS: cuidado capacidade testamentária – a capacidade ATIVA é aferida no
momento da elaboração do testamento, a PASSIVA no momento da abertura da sucessão. Tanto em
um caso como no outro, modificações supervenientes são irrelevantes.
C. PROIBIDOS DE RECEBER HERANÇA OU LEGADO: Art. 1.801. Não podem ser nomeados herdeiros
nem legatários: I - a pessoa que, a rogo, escreveu o testamento, nem o seu cônjuge ou companheiro, ou
os seus ascendentes e irmãos; II - as testemunhas do testamento; III - o concubino do testador casado,
salvo se este, sem culpa sua, estiver separado de fato do cônjuge há mais de cinco anos; IV - o tabelião,
civil ou militar, ou o comandante ou escrivão, perante quem se fizer, assim como o que fizer ou aprovar
o testamento.
D. IMPUGNAÇÃO DA VALIDADE DO TESTAMENTO: O art. 1859 do CC prevê: “Extingue-se em
cinco anos o direito de impugnar a validade do testamento, contado o prazo da data do seu registro”.
E. FORMAS TESTAMENTÁRIAS: o testamento pode assumir duas formas. Testamentos comuns: são
aqueles elaborados em circunstâncias ordinárias. Pode ser: a- Público b- Cerrado c- Particular.
Testamentos extraordinários: são aqueles elaborados em circunstâncias extraordinárias, de risco. OBS:
O testamento conjuntivo é terminantemente proibido, de acordo com o Art 1863 do CC.

 TESTAMENTOS COMUNS
A. Testamento Público: Aquele elaborado de viva-voz perante uma autoridade com função notarial,
função de notas. Logicamente, por ser elaborado de viva-voz não pode ser celebrado por surdo-mudo,
entretanto, é o único modelo permitido ao cego e ao analfabeto, estes só podem fazer tal testamento,
além disso, nestes casos, fora as testemunhas (duas testemunhas), exige-se a presença de mais uma
pessoa: aquele que assina a rogo (não podendo ser beneficiário, como visto acima). Deve ser elaborado
em vernáculo: língua portuguesa. Sob pena de nulidade . Vantagens do testamento público: a) Devido
a experiência do tabelião, o instrumento em regra, apresenta-se isento de vícios, capaz, portanto, de gerar
os efeitos almejados pelo testador. b) O fato de constar das notas de um tabelião torna o testamento
indestrutível. Defeito: A sua publicidade, permitindo a qualquer pessoa através de uma certidão tomar
conhecimento do seu conteúdo.
B. Testamento cerrado, secreto ou místico: Só o testador sabe o conteúdo dele. Isso acontece porque ele
será entregue ao tabelião na presença de duas testemunhas e o tabelião irá lacrá-lo (cosê-lo conforme o
código). Somente será aberto tal testamento pelo juiz das sucessões (depois da abertura da sucessão).
Perceba que aqui as testemunhas são instrumentárias, apenas acompanham a entrega do testamento. Pode
ser em língua estrangeira, pois não é público. -O CC estabelece que o rompimento do testamento
cerrado gera caducidade. Vantagem: é secreto, portanto, só o testador conhece o seu conteúdo.
Desvantagem: Pode facilmente extraviar-se.
C. Testamento particular: Tem forma livre e o testador faz do jeito que quiser. É elaborado direta e
exclusivamente pelo testador na presença de três testemunhas. OBS: artigo 1.878, Parágrafo único. Se
faltarem testemunhas, por morte ou ausência, e se pelo menos uma delas o reconhecer, o testamento poderá
ser confirmado, se, a critério do juiz, houver prova suficiente de sua veracidade.” Vantagem: - Não é
necessária a presença do tabelião para a validade do ato - Não gera custo ao testador Desvantagem: Grande
possibilidade de extravio.

 TESTAMENTOS EXCEPCIONAIS:
A. Testamento Marítimo/Aeronáutico: Ele será assim quando celebrado a bordo de embarcações e
aeronaves que estejam em curso, em viagem. Detalhe importante: a aeronave/embarcação não pode
estar aterrissada/atracada, pois neste caso não existe situação excepcional. Qualquer tripulante ou
passageiro poderá realizar o testamento, ele poderá ser público ou cerrado, na presença do comandante
que registrará no livro de bordo.
B. Testamento Militar: É feito por qualquer pessoa (militar ou civil a serviço das forças armadas:
enfermeiro, médico) em tempo de guerra ou praça sitiada (praça sem comunicações). O testamento militar
também será elaborado perante o comandante de forma pública ou cerrada

C. OBSERVÇÕES GERAIS EM RELAÇÃO A TODOS OS TESTAMENTOS: 1) todos os testamentos


excepcionais (bem como o particular...) exigem homologação judicial para que o juiz apure a validade da
declaração de vontade, considerada a excepcionalidade. 2) Os testamentos especiais contam ainda com
uma causa específica de caducidade: se o testador não morrer durante a situação de excepcionalidade, ele
terá o prazo de 90 DIAS para ratificar o testamento, sob pena de caducidade. 3) O direito brasileiro
admite o testamento militar nuncupativo. Esse testamento é permitido apenas aos militares que estejam
em combate. Ele é feito verbalmente a duas testemunhas. É lógico que as testemunhas não podem ser
beneficiárias e exige homologação judicial.

 CODICILO
A. Conceito Vem de uma expressão latina que significa PEQUENO TESTAMENTO. É o ato pelo qual
se dispõe de pequenos legados ou se faz disposições para o funeral. Quem pode fazer o codicilo é quem
tem capacidade testamentária. Curiosamente ele tem forma livre e dispensa testemunhas. Pode
também, por codicilo, nomear ou substituir testamenteiro, ordenar despesas pelo sufrágio de sua alma.
Não pode por codicilo nomear ou deserdar herdeiros, instituir legatários, legar imóveis, ou seja, fazer
disposições patrimoniais de valor considerável.
B. O que é um pequeno legado? a jurisprudência tomou a providencia que o CC não tomou, estabelecendo
como 10% do valor do patrimônio líquido da herança existente ao momento da abertura da sucessão.

 DA DESERDAÇÃO
A. Deserdação é o ato, de caráter unilateral, através do qual o testador exclui da sucessão um herdeiro
necessário, mediante uma disposição testamentária fundada, obrigatoriamente, em disposição legal.
Não há que se confundir com a erepção, que é quando o testador deixa de contemplar, dolosamente ou
não, um herdeiro necessário em seu testamento, de modo a não conferir a esse herdeiro uma parte de sua
metade disponível.
B. CAUSAS DA DESERDAÇÃO Como já dito alhures, as causas da deserdação são arroladas em lei civil
de maneira taxativa e se encontram nos artigos 1.814 e 1.962 do Código Civil, na deserdação dos
descendentes por seus ascendentes. Considerando a taxatividade das causas, colaciona-se os referidos
artigos: Art. 1.814. São excluídos da sucessão os herdeiros ou legatários: I - que houverem sido autores,
co-autores ou partícipes de homicídio doloso, ou tentativa deste, contra a pessoa de cuja sucessão se
tratar, seu cônjuge, companheiro, ascendente ou descendente; II - que houverem acusado caluniosamente
em juízo o autor da herança ou incorrerem em crime contra a sua honra, ou de seu cônjuge ou
companheiro; III - que, por violência ou meios fraudulentos, inibirem ou obstarem o autor da herança
de dispor livremente de seus bens por ato de última vontade. Art. 1.962. Além das causas mencionadas
no art. 1.814, autorizam a deserdação dos descendentes por seus ascendentes: I - ofensa física; II - injúria
grave; III - relações ilícitas com a madrasta ou com o padrasto; IV - desamparo do ascendente em
alienação mental ou grave enfermidade.
C. EFETOS DA DESERDAÇÃO: Assim como na indignidade, os efeitos da deserdação são pessoais, ou
seja, não se estendem aos filhos do indigno

 LEGADOS: Enquanto a herança consiste na totalidade ou de uma fração ideal dos bens do de cujus, como
uma universalidade de bens, sendo considerada um único bem imóvel, conforme o art. 80, II do Código
Civil Brasileiro, o legado é a sucessão que incide sobre uma coisa certa e determinada, que a classifica
como mortis causa a título singular.
A) Classificação: Legado de Coisas: é feito quando a liberalidade post mortem se dá sobre coisa
individualizada. Pode ser uma coisa específica ou genérica, de modo que, nesse último caso, a escolha
somente será feita depois, pelo legatário, ou outra pessoa designada pelo testador. - Legado de Crédito
ou Quitação de Dívida: Quando o objeto do legado for crédito do testador para com terceiro, ele se
cumpre pela entrega do título ao legatário, que representa a obrigação. Ao seu total incorporam-se os
juros não pagos desde a morte do testador. Legado de Alimentos: Os alimentos podem ser transmitidos
por legado. Através dessa modalidade de legado, cria-se uma relação jurídica que obriga o pagamento
da pensão alimentícia, como aquela devida aos filhos. - Legado de Usufruto: O testador, se possuir
plena propriedade de um bem, pode legar o seu usufruto para uma terceira pessoa, de modo que essa
fique no uso e fruição do bem, em todo o prazo estipulado. Se não houver um prazo estipulado pelo
testador, há uma presunção iure et de iure de que este prazo seja vitalício com relação ao legatário.
Temos ainda, o Legado de Imóvel, Legado de Dinheiro e o Legado de Renda ou Pensão Periódica:
O Legado de Renda ou Pensão Periódica é o gênero do qual o Legado de Alimentos é espécie. Legado
Alternativo.

 CLÁSULAS TESTAMENTÁRIAS
A. REGRAS INTERPRETATIVAS:
1ª Regra interpretativa: interpretação conforme a vontade do testador. Art. 1899 CC.
2ª Regra interpretativa: havendo indicação imprecisa dos beneficiários interpreta-se em favor dos pobres
e entidades de caridade. Art. 1.902.
3ª Regra interpretativa: não havendo disposição integral da parte disponível, presume-se pertença aos
herdeiros legítimos. Art. 1.906.
4ª Regra interpretativa: interpreta-se que o testamento é dividido em igualdade de quinhões quando não
há disposição contrária. Art. 1904 CC
5ª Regra interpretativa: interpretação da divisão em cotas pertencentes a grupos ou pessoas. Art. 1.905
CC
B. REGRAS PROIBITIVAS
1ª Regra proibitiva: é proibida cláusula derrogatória ou derrogativa – retira do testador o direito de revogá-
lo.
2ª Regra proibitiva: é proibido o testamento conjuntivo, seja simultâneo, recíproco ou correspectivo, tanto
faz, é clausula nula.
3ª Regra proibitiva: nomear pessoas proibidas por lei, art. 1801 e 1802 CC. Quem são: a pessoa que
escreveu a rogo, as testemunhas, a concubina, tabelião e os parentes destas (exceção o filho comum da
concubina e o morto).
4ª Regra proibitiva: cláusula captatória, que é aquela para captar algum benefício, alguma vantagem. Art.
1900 CC.
5ª Regra proibitiva: cláusula indicando pessoa incerta e indeterminável (determinável pode).
6ª Regra proibitiva: cláusula conferindo a terceiro a indicação de objeto ou do beneficiário. Ora, o
testamento é personalíssimo. É evidente, uma afronta explícita ao caráter personalíssimo do testamento.
7ª Regra proibitiva: cláusula submetendo o benefício a termo (evento futuro e inevitável), salvo para
legado. Veja: acabamos de descobrir que a cláusula testamentária pode se submeter a condição
(suspensiva/resolutiva) e encargo (modo), mas não pode ser submetido a termo, salvo na hipótese de
LEGADO.
C. REGRAS PERMISSIVAS
1ª Regra permissiva: é permitida cláusula sob condição ou encargo (cláusula condicional ou modal). Art.
1.897
2ª Regra permissiva: cláusula beneficiando pessoa indeterminada, porém determinável.
3ª Regra permissiva: cláusula com indicação de motivo determinado. É importante quanto à
caracterização de erro. Exemplo: Careca foi quem prestou assistência em desabamento. Se ficar provado
que não foi ele, é possível que se caracterize erro e tornar a cláusula anulável.
4ª Regra permissiva: cláusulas restritivas – inalienabilidade, incomunicabilidade e impenhorabilidade.
Atenção ao art. 1911: ele diz que a cláusula de inalienabilidade faz presumir as demais, mas a recíproca
não é verdadeira, ou seja, as outras não presumem a primeira. Esvazia-se a Súmula 49 do STF
D. REDUÇÃO DE CLÁUSULA TESTAMENTÁRIA: Percebendo que o testamento violou a parte
indisponível, a legítima, o juiz deve, de ofício ou a requerimento, determinar a redução das cláusulas
testamentárias. É a adequação das cláusulas testamentárias. O CC estabelece duas regras para que o juiz
reduza as cláusulas testamentárias: Havendo somente herança ou somente legado: redução
proporcional. Havendo herança e legado a redução se dará primeiro na herança e só depois no
legado.

 DIREITO DE ACRESCER: Ocorre quando um beneficiário soma a parte de outro que não quer ou
não pode. Requisitos para o acréscimo:
Obs: Quando uma disposição testamentária caduca pela pré-morte do herdeiro ou do legatário, quando
um dos beneficiários recusa sua parte na herança ou abre mão do legado, quando o herdeiro ou legatário
é afastado da sucessão por indignidade, a cláusula testamentária torna-se ineficaz e os bens que
constituíam o objeto da liberalidade remanescem no espólio para serem partilhados entre os herdeiros
legítimos ou testamentários.
1ª Requisito: cláusula testamentária beneficiando duas ou mais pessoas. E se beneficia somente uma
pessoa e esta não quer ou não pode? Há caducidade. Não quer = renúncia. Não pode =
indignidade/deserdação/pré-morte.
2ª Requisito: cláusula testamentária beneficiando pessoas conjuntamente (cláusula conjuntiva). Deixo
uma casa para Presunto e Careca. Beneficiei-os em conjunto. Mas se deixei 50% da casa para Presunto e
50% para Careca, a cláusula é disjuntiva. Só há o direito de acrescer se cláusula é conjuntiva.
3ª Regra: que um dos beneficiários não queira ou não possa (indignidade, deserdação, pré-morte) receber
a herança ou legado. Neste caso o outro irá acrescer.
4ª Regra: inexistência de substituto testamentário

 BENS SONEGADOS:
A. Conceito: Sonegação de Bens de Inventário é o ato doloso de ocultar os bens da herança, praticado
pelo herdeiro de má-fé. Deve-se atentar que essa sonegação pressupõe à vontade, o dolo, portanto é um
ato ilícito.
B. Pena: “O herdeiro que sonegar bens da herança, não os descrevendo no inventário quando estejam em
seu poder, ou, com o seu conhecimento, no de outrem, ou que os omitir na colação, a que os deva levar,
ou que deixar de restituí-los, perderá o direito que sobre eles lhe cabia”.

 DAS SUBSTITUIÇÕES
A. substituição vulgar (também chamada de ordinária) verifica-se quando o testador designa, no próprio
ato de disposição de última vontade, que uma pessoa substitua o herdeiro, caso o herdeiro em primeiro
grau não queira ou não possa aceitar a herança, devendo o substituto suceder em seu lugar. A substituição
vulgar pode ser singular quando se dá um só substituto ao herdeiro instituído, e plural, quando são vários
os substitutos simultâneos. Pode ser recíproca se dois ou mais herdeiros são indicados substitutos uns dos
outros, para a hipótese de qualquer deles não querer ou não poder aceitar a herança. Entende-se que o
substituto vulgar não é herdeiro, enquanto não se realizar a condição a qual seu direito é subordinado
B. Substituição Recíproca: ocorre a substituição recíproca quando o testador, no momento em que institui
muitos herdeiros em seu testamento, os declara substitutos uns dos outros.
C. Substituição Fideicomissária. ou simplesmente Fideicomisso, é regulada no Código Civil do art. 1.951
ao 1.960, e pressupõe a existência de três partes – o fideicomitente, o fiduciário e o fideicomissário. O
Primeiro (fideicomitente) é o próprio testador, aquele, através da manifestação de sua vontade, institui o
fideicomisso; o Segundo (fiduciário) é a pessoa que ficará na guarda e propriedade resolúvel dos bens
fideicometidos até que ocorra a condição mencionada pelo testador fideicomitente; e o Terceiro
(fideicomissário) que é a pessoa que, por último, receberá os bens fideicometidos, o seu último
destinatário. OBS: somente poder ser instituído fideicomissário uma pessoa ainda não concebida ao
tempo da morte do testador fideicomitente, segundo o que reza o artigo 1.952 do diploma civil, verbis:
"A substituição fideicomissária somente se permite em favor dos não concebidos ao tempo da morte do
testador. OBS.2 Diante disso, na ocasião do fideicomissário vier a ser concebido e nascer antes da morte
do testador fideicomitente, o a propriedade resolúvel do fiduciário será convertida em usufruto, ipso facto.
OBS 3. Finalmente ocorre a caducidade do fideicomisso em duas ocasiões – renúncia ou pré-morte do
fideicomissário.

 DA COLAÇÃO
“Art. 2.003 - A colação tem por fim igualar, na proporção estabelecida neste Código, as legítimas
dos descendentes e do cônjuge sobrevivente, obrigando também os donatários que, ao tempo do
falecimento do doador, já não possuírem os bens doados.”
A. VALOR: deve ser o valor o da abertura da sucessão além de ser corrigido monetariamente à data do
inventário.
B. SUJEITOS A COLAÇÃO: Obrigatoriamente os descendentes sucessíveis que foram beneficiados
estarão obrigados à colação, caracterizando aqui três requisitos, quais sejam, ser descendente, herdeiro
e donatário. OBS: conjugue também está sujeito a colação. OBS 2. No caso dos netos, estes não terão
essa obrigação senão quando estiverem representando seus pais ou ainda por direito de transmissão.
C. BENS QUE DEVEM SER COLACIONADOS: Será objeto da colação todos os valores de todas as
liberalidades recebidas pelo herdeiro ou por quem o represente, excluindo-se, conforme o artigo 2010
CC: - despesas ordinárias que os pais fizeram com os filhos; - enxoval e despesas com o casamento; -
feitas no interesse de sua defesa em processo crime. Conforme o artigo 2011 CC - as mesadas e pensões;
- a remuneração do trabalho do filho, mesmo sob a forma de doação.
D. COMO SE EFETUA A colação será realizada no inventário e reduzida a termo nos autos, assinada pelo
juiz.

 EXECUÇÃO DOS TESTAMENTOS: Os atos e providências compete unicamente aos herdeiros


instituídos e legatários, estando à frente um testamenteiro, sem a obrigatória instauração de um litígio
com os herdeiros necessários ou legítimos, exceto se voluntariamente intervirem, ou se exsurgir alguma
nulidade ou vício de vontade no testamento.

 FIGURA DO TESTAMENTEIRO: Trata-se de uma pessoa com a incumbência de levar o testamento


ao conhecimento do juiz, ou de encaminhar o seu cumprimento. Após isso, inicia-se o inventário, não
mais participando o testamenteiro, mas, sim, o inventariante. O juiz fixará sua remuneração em um
percentual de 1 a 5% do patrimônio líquido transmitido

 DA REVOGAÇÃO DO TESTAMENTO: Arts. 1858 e 1969 do CC: o testamento é essencialmente


revogável. O testador pode ata a hora de sua morte revogar o testamento, sem necessidade de declinar o
motivo. Exceção à revogabilidade do testamento: na parte em que reconhece filho havido fora do
casamento (arts. 1609, III e 1610 do CC).
 FORMAS DE REVOGAÇÃO DO TESTAMENTO: Art. 1969 do CC: não significa referido
dispositivo que o segundo instrumento terá a mesma forma do que está sendo revogado. Um testamento
público tanto pode ser revogado por outro público como por um cerrado, particular, marítimo, aeronáutico
ou militar e vice-versa. Art. 1.969. O testamento pode ser revogado pelo mesmo modo e forma como pode
ser feito.
a) Quanto à extensão da revogação de testamento: Art. 1.970. A revogação do testamento pode
ser total ou parcial.
b) Quanto à forma da revogação de testamento: A revogação pode ser expressa, tácita ou
presumida.

 ROMPIMENTO DO TESTAMENTO: Ocorre a ruptura do testamento nos casos em que há


superveniência de circunstância relevante, capaz de alterar a manifestação de vontade do testador, tal qual
o surgimento de herdeiro necessário
1. SUPERVENIÊNCIA DE DESCENDENTE SUCESSÍVEL: Art. 1973 do CC: trata da revogação
presumida. Art. 1.973. Sobrevindo descendente sucessível ao testador, que não o tinha ou não o
conhecia quando testou, ROMPE-SE o testamento em todas as suas disposições, se esse
descendente sobreviver ao testador. OBS: a superveniência de descendente sucessível só é causa
de rompimento do testamento quando o autor da herança não tinha nenhum herdeiro dessa
classe. Se já tem um descendente e testa, a superveniência de outro descendente não acarreta a
ruptura do testamento. Nesse caso, ambos descendentes dividirão entre si a legítima.
2. SURGIMENTO DE HERDEIROS NECESSÁRIOS IGNORADOS, DEPOIS DO
TESTAMENTO Art. 1974: estende a possibilidade de ruptura também aos ascendentes e ao
cônjuge. Art. 1.974. Rompe-se também o testamento feito na ignorância de existirem outros
herdeiros necessários. Só há rompimento se o testador não tinha ascendente algum ou
cônjuge.
3. SUBSISTÊNCIA DO TESTAMENTO SE CONHECIDA A EXISTÊNCIA DE HERDEIROS
NECESSÁRIOS: Art. 1975 do CC: se o testador se limita a dispor de sua parte disponível, a
exclusão de herdeiros necessários não implica ruptura do testamento. O testador sabe da
existência dos herdeiros necessários, mas não quer contemplá-los, por isso não se rompe o
testamento, apenas se reduz naquilo que exceder a legítima. Art. 1.975. Não se rompe o
testamento, se o testador dispuser da sua metade, não contemplando os herdeiros necessários
de cuja existência saiba, ou quando os exclua dessa parte.

1. INVENTÁRIO E PARTILHA
 PROCEDIMENTO DE INVENTÁRIO: O procedimento de inventário é bifásico e escalonado, pois ele
tem uma primeira fase, denominada inventário propriamente dito, e uma segunda fase, denominada partilha.
Todavia, há três diferentes procedimentos de inventário no CPC: Inventário tradicional ou solene;
Arrolamento comum (art. 664 do NCPC); Arrolamento sumário (arts. 659 e 660, NCPC)
a) ARROLAMENTO SUMÁRIO (ARTS. 659 E 660, NCPC): O art. 659, caput, do Novo CPC prevê o
cabimento do arrolamento sumário quando todos os herdeiros forem capazes e existir acordo entre eles
quanto à partilha. O tema também é tratado pelo art. 2.015 do CC, que prevê que, sendo os herdeiros capazes,
poderão fazer partilha amigável, por escritura pública, termo nos autos do inventário, ou escrito particular,
homologado pelo juiz. Apesar da exigência dos arts. 659, caput, do Novo CPC e 2.105 do CC, o art. 665 do
Novo CPC permite o arrolamento sumário mesmo quando houver interessado incapaz, desde que concordem
todas as partes e o Ministério Público.

 “INVENTÁRIO NEGATIVO”: Não é previsto em lei, é admitido pelos juízes em situações excepcionais,
em que é preciso comprovar a inexistência de bens a inventariar, a fim de evitar a imposição de certas sanções
que o CC prevê. Assim ocorre para afastar a causa suspensiva do artigo 1523, incisos I e II. Art. 1.523. Não
devem casar: I - o viúvo ou a viúva que tiver filho do cônjuge falecido, ENQUANTO NÃO FIZER
INVENTÁRIO dos bens do casal e der partilha aos herdeiros; II - a viúva, ou a mulher cujo casamento se
desfez por ser nulo ou ter sido anulado, até dez meses depois do começo da viuvez, ou da dissolução da
sociedade conjugal; Também para provar que o falecido não deixou bens para responder por suas dívidas
(art. 1792, CC). Art. 1.792. O herdeiro não responde por encargos superiores às forças da herança; incumbe-
lhe, porém, a prova do excesso, salvo se houver INVENTÁRIO que a escuse, demostrando o valor dos bens
herdados.

 REGRAS DO INVENTÁRIO SOLENE


a) COMPETÊNCIA: É o foro do último domicílio porque ali, presumidamente, estarão presentes seus
interesses. Se não tinha domicílio certo, o local dos bens IMÓVEIS. Se não tinha domicílio e possuía bens
em locais diferentes, qualquer deles. Se não possuía bens imóveis, o local de qualquer bem do espólio. Trata-
se de regra de competência relativa, e por isso incide a súmula 33, STJ, e o juiz não pode declarar de ofício
sua incompetência. Obs.1: na forma do art. 612, NCPC, fixado o juízo competente, ele se torna juízo
universal do inventário, pois ele decidirá todas as questões fáticas e jurídicas relativas ao inventário, exceto
as questões de alta indagação, que deverão ser remetidas para as vias ordinárias. Questões de alta indagação
são aquelas que exigem prova e contraprova. Assim, trata-se de alta indagação fática, e não jurídica.
Exemplos: discussões sobre indignidade e investigação de paternidade.
b) PRAZO DE ABERTURA DO INVENTÁRIO: NCPC Art. 611. O processo de inventário e de partilha
deve ser instaurado dentro de 2 (dois) meses, a contar da abertura da sucessão, ultimando-se nos 12 (doze)
meses subsequentes, podendo o juiz prorrogar esses prazos, de ofício ou a requerimento de parte. O prazo
de encerramento do inventário é dirigido ao órgão jurisdicional, sendo, portanto, prazo impróprio, de forma
que o seu não cumprimento não gerará consequências processuais. Não existe sanção prevista no dispositivo
legal para o descumprimento do prazo de abertura do inventário, cabendo a cada Estado-membro da
federação a previsão da multa. Súmula 542 do STF: “Não é inconstitucional a multa instituída pelo Estado-
membro como sanção pelo retardamento do início ou ultimação do inventário”
c) LEGITIMIDADE PARA O REQUERIMENTO DE INVENTÁRIO E PARTILHA: Art. 615. O
requerimento de inventário e de partilha incumbe a quem estiver na posse e na administração do espólio,
no prazo estabelecido no art. 611. Parágrafo único. O requerimento será instruído com a certidão de óbito
do autor da herança. O dispositivo legal cria um dever para o administrador provisório, de forma que
enquanto os legitimados pelo art. 616 do Novo CPC podem dar início ao inventário.
d) A FIGURA DO INVENTARIANTE: É o administrador e representante, em juízo e fora dele, do espólio.
Ele não é um herdeiro especial ou diferenciado, não tem nenhuma prerrogativa a mais. O inventariante
somente será nomeado por ato do juiz. Até que se dê sua nomeação, quem representa o espólio é o
administrador provisório, que será aquele que estiver na posse do bem, e, havendo mais de um na posse,
todos eles.
Art. 613. Até que o inventariante preste o compromisso, continuará o espólio na posse do administrador
provisório. Art. 614. O administrador provisório representa ativa e passivamente o espólio, é obrigado a
trazer ao acervo os frutos que desde a abertura da sucessão percebeu, tem direito ao reembolso das despesas
necessárias e úteis que fez e responde pelo dano a que, por dolo ou culpa, der causa.
I. Nomeação do Inventariante: O inventariante será nomeado de acordo com o rol do art. 617, NCPC
II. Atribuições do inventariante: Para algumas atribuições, o inventariante pode atuar ex officio; para outras,
não. O art. 618 traz as atribuições que independem de permissão do juiz. O art. 619, por sua vez, traz quatro
atos que o inventariante somente pode praticar com autorização judicial, ouvido o MP.
III. Remoção e Destituição do inventariante: Remoção É punição imposta ao inventariante que cometeu uma
falta ou um deslize (ex.: falta de prestação de contas ou abandono do procedimento). Destituição Não tem
caráter punitivo. Ela está ligada a um fato externo que impede ou atrapalha o exercício da inventariança (ex.:
o inventariante foi preso ou interditado).

 PROCEDIMENTO DO INVENTÁRIO SOLENE


1° Petição inicial: Ela só comunica o óbito, devendo vir com a certidão e o valor da causa.
2° Decisão de nomeação do inventariante
3° Compromisso do inventariante no prazo de 5 dias
4° Apresentação das primeiras declarações
5° Citações Quem será citado? Art. 626
6° Fase de impugnações O art. 627 do NCPC estabelece a possibilidade de impugnação, que tem natureza de
contestação.
7° Fase de avaliações: Aqui os bens serão apreciados. Se houver interesse de incapaz, tal avaliação será judicial.
A avaliação pode ser dispensada sempre que inexistir conflito entre as partes e a Fazenda Pública consentir
ao valor.
8° Últimas declarações (art. 637, NCPC): Essa fase é muito importante, pois se trata de um prazo fatal para
que o interessado traga bens à colação (bens que foram antecipados). Se o bem não foi colacionado até o
limite das últimas declarações, caracterizará SONEGADOS, havendo a possibilidade de propositura da ação
de sonegados, que serve para condenar aquele que deveria ter colacionado e não o fez (herdeiro que recebeu
antecipação de herança e não colacionou o bem). Essa ação tem prazo prescricional de 10 anos. A sanção
aplicada é a perda do direito hereditário sobre o bem sonegado.
9° Pagamento de dívidas e recolhimento fiscal
10° Decisão de Partilha É o último momento do inventário. Todo inventario desemboca em uma partilha, mesmo
quando ele tramitou sob forma de arrolamento (exceto o arrolamento sumário). Tal partilha pode ser judicial
ou amigável

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