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Capítulo III

EVOLUÇÃO DA EXPERIÊNCIA RELIGIOSA

Resumo

Paulo Roberto dos Santos 1

A religião da infância – a religião da adolescência e mocidade – a religião do adulto – a


religião da velhice.

A experiência religiosa varia tanto em grau de intensidade como em significação, de


acordo com as circunstâncias que rodeiam o indivíduo, está sujeita as mesmas leis gerais da
evolução psicológica do homem. Em cada fase da vida do indivíduo, a experiência religiosa
tem características próprias e específicas.

A religião da infância

Em geral, a experiência da infância é reconhecida pelo psicólogo da religião. É


extremamente complexa. De modo simples podemos dizer como Pratt, que a religião da
criança se origina da influência de pessoas maiores, principalmente da influência dos pais, do
ensino formal do comportamento religioso e do desenvolvimento natural da mente da criança.

É provável que a religião da criança tenha como ponto de partida o atendimento de certas
necessidades fundamentais do seu próprio ser. Na infância não tem como fazer uma avaliação
sistemática, por motivos de sua inocência nos fatos ocorridos na religião. Então, a necessidade
dos pais como referência influencia a criança neste meio social, para que assimile tais coisas.
Na infância, portanto, forma-se a atitude de confiança e desconfiança, principalmente nos
pais, assim a criança vê a religião como uma forma agradável, devido neste estágio está em
formação sua personalidade. E tem confiança e convive com relacionamentos interpessoais.

O conceito que a criança tem de Deus é a imagem mental de seu pai. “Grande influência
no seu conceito de Deus e, consequentemente, na qualidade de sua vida religiosa, que
depende do tipo de experiência emocional que o símbolo paterno evoca”. Cabe aos pais
apresentar a sua divindade. Não há dúvida, porém, de que a criança precisa de um modelo
para seu próprio pensamento sobre Deus, não é sem razão, pois, que a Bíblia apresenta Deus
sob a figura de um pai. O mesmo diga-se da vida religiosa. Quanto mais cedo à criança for
exposta ao ensino do comportamento religioso, mais efetivo ele se tornará em sua vida. A
sabedoria do sábio de Provérbios é sobejamente comprovada pela moderna psicologia:
“Ensina a criança no caminho em que deve andar, e ainda quando for velho não se desviará
dele”. (Pv 22.6).

A religião da adolescência e mocidade

Por muito tempo a adolescência foi considerada um fenômeno psicológico. Hoje,


entretanto, a tendência entre os psicólogos é reconhecer que suas características psicológicas

1
Aluno do Curso de Teologia, da Faculdade Boas Novas.
são socialmente determinadas. O começo e o fim da adolescência são grandemente
determinadas pelo contexto social a que o indivíduo pertence.

A religião desempenha um papel importante na formação moral e cultural do adolescente


e jovem, por proporcionar a compreensão em torno da realidade da vida e dos objetivos
essenciais. A religião contribui com ética e espiritualidade do caráter e na afirmação da
personalidade dom jovem em desenvolvimento. O adolescente aprofunda sua experiência com
Deus. Os símbolos eclesiásticos, as tradições e a comunhão com o grupo religioso tornam-se
mais significativos e misteriosamente atraentes. O culto que representava uma mera repetição
formal, agora tem algo fascinante.

Do ponto de vista da evolução religiosa do homem, essa é uma das mais importantes, se
não a mais importante da vida. Pratt afirma com razão que o que há de mais fascinante e
atraente em religião começa na adolescência. A adolescência é uma espécie de novo
nascimento, por meio do qual o indivíduo se torna parte de um mundo mais amplo. E nesse
período cético que se lançam as linhas mestras da vida de um homem, incluindo sua dimensão
religiosa.

A religião do adulto

Os estudos de psicologia evolutiva, tradicionalmente, tem-se limitado aos períodos da


infância e adolescência. Cremos que este fato tem contribuído, de certo modo, para formação
de uma ideia errada respeito da evolução psicológica do homem. Essa evolução é um processo
contínuo em todas as fases da vida. Em cada fase da evolução psicológica do homem, porém,
há um período crítico que se reveste de maior importância, porque apresenta características
mais definidos e típicas. Outro fato é que existem fases mais aceleradas dessa evolução, sem
se perder de vista o fato de que ela é contínua, desde a formação do homem ate a sua morte.

Do ponto de vista de sua evolução psicológica, a religião do adulto merece especial


atenção da parte do psicólogo. E, para que se tenha melhor compreensão dessa idade, é
necessário ter-se uma visão geral das características psicológicas da vida adulta.

O primeiro estágio segundo Erickson, caracteriza-se pela intimidade e distância. Depois


que o homem alcança o senso de sua identidade, o que ocorre normalmente durante a luta
psicológica da juventude, ele pode crescer emocionalmente e alcançar o que Erickson chama
de intimidade. O contrário de intimidade é a distanciação, que Erickson define como sendo
prontidão a repudiar, isolar e se necessário, destruir forças e processos cuja presença pareça
perigosa ao indivíduo.

O segundo estágio, conforme a teoria evolutiva é que se chama de geratividade versus


estagnação. Erickson usa o termo “geratividade”, em vez de criatividade ou paternidade,
porque se está referindo ao estabelecimento da próxima geração. Indivíduos que não
conseguem alcançar esse desenvolvimento nesse estágio da vida, ele tende a estagnar e se
tornar eterno adolescente. Para o adulto, a religião cumpre um papel muito nobre que é ajudá-
lo na formulação de uma filosofia de vida que lhe dê as características de unidade e
finalidade. Ela sendo sadia pode ajudar o homem a formular sistema de vida. A religião do
adulto é pragmática e reflete sua concepção da vida e do universo.

A religião do idoso
A estagnação espiritual é possível em qualquer estagio de desenvolvimento da
personalidade, mas pode assumir maiores proporções nessa fase da vida. A religião dessas
pessoas pode tornar-se cheia de sentimento contra Deus, contra a Igreja ou contra o indivíduo,
especialmente de sua família ou lideres das comunidades religosas.

A religião pode ser um fator decisivo na vida do idoso, especialmente em prepará-las para
enfrentar a significação da vida e realidade da morte. Uma religião sadia será capaz de ajudar
o homem a envelhecer principalmente. Ajudando assim o idoso na transição de sua vida do
modo mais suave e sem os traumas dessa fase.

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