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CURSO INTELIGÊNCIA FINANCEIRA MÓDULO 4

COMO ESCOLHER UMA


CORRETORA DE VALORES
As Companhias Corretoras de Títulos e Valores Mobiliários (CCTVMs) – ou
simplesmente corretoras de valores – são as empresas autorizadas a negociar nas
bolsas de valores e de mercadorias e futuros, por meio das quais os investidores
podem comprar e vender títulos negociados nessas bolsas.

A abertura de conta em uma corretora é simples e passa pelo preenchimento


de cadastro e envio de informações sobre seu patrimônio (uma exigência da CVM).
O lucro das corretoras vem das taxas de corretagem cobradas para cada operação
de compra e venda – da mesma forma que imobiliárias ganham na negociação
de imóveis – e também das taxas de custódia, um custo fixo cobrado de clientes
que negociam para remunerar a emissão de relatórios e a guarda dos ativos na
BMFBOVESPA. Normalmente, não são cobradas taxas para manutenção de cadastro,
sem efetuar negociações. Por isso, sugiro que você se cadastre ao menos em duas
delas, para passar a receber informação de alto nível elaborada por profissionais
que estudaram muito e ganham a vida avaliando qual é o melhor investimento para
você. As corretoras sabem disso e se esforçam nesta atividade, com o intuito de
convencer você a operar no mercado por meio delas.

Não é difícil escolher a com melhor atendimento quando você se propõe a


conhecer em detalhes o trabalho das corretoras. Mas cadastre-se em pelo menos
duas diferentes, pois os serviços oferecidos variam bastante entre as instituições. A
relação completa das corretoras autorizadas a operar na BMFBOVESPA está no site
da bolsa, assim como os links para acessar as páginas de cada uma delas e conhecer
melhor os serviços oferecidos.

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Bons investimentos começam ao escolher com carinho a corretora


de valores com que você irá operar. A maioria dos iniciantes começa com a
corretora do próprio banco em que tem conta. Boa escolha, mas que tende a ficar
cara à medida em que o volume de suas compras aumenta, pois a maioria das
corretoras vinculadas a bancos trabalha com a tabela de corretagem sugerida pela
BMFBOVESPA, que é a seguinte:

Valor negociado Percentual Adicional

Até R$ 135,07 - R$2,70

R$ 135,08 até R$ 498,62 2,00% R$0,00

R$ 498,63 até R$ 1514,69 1,5% R$2,49

R$ 1.514,70 até R$ 3.029,38 1,00% R$10,06

R$ 3.029,39 em diante 0,50% R$25,21

Pela tabela, se você comprar R$ 100 em ações, pagará R$ 2,70 em cor-


retagem. Se comprar R$ 10.000, o valor da corretagem sobe para R$ 75,21
(0,50% de R$ 10.000 mais R$ 25,21), elevado se comparado às corretagens
fixas cobradas por muitas corretoras, algumas abaixo de R$ 20 por operação,
independentemente do valor negociado. Além da corretagem, existe também
a cobrança padrão de emolumentos (lucros, gratificação), que remuneram a
BMFBOVESPA no percentual de 0,035% do valor da operação.

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Não existe a melhor corretora do mercado. Existem qualidades que


você deve pesquisar antes de começar a operar. A primeira referência é o
preço. Há corretoras que cobram corretagem fixa para cada operação, inde-
pendentemente de quanto se negocia (bom para quem opera grandes vol-
umes) e há aquelas que cobram um percentual do valor negociado, seguindo
a tabela acima. No segundo caso, devemos questionar se a corretora oferece
descontos para quem opera com frequência. E há aquelas que nos isentam
de cobrança da taxa de custódia, com regras variando para cada instituição.

O custo de operação, que tem impacto direto em sua rentabilidade,


não é o único aspecto a ser analisado ao se escolher uma corretora. Você
deve levar em consideração na sua escolha (a ordem não reflete nenhum
critério de relevância):

• Como é cobrada a corretagem de cada operação? É fixa ou segue


a tabela da BMFBOVESPA? A corretora oferece descontos para operadores
frequentes?

• A corretora absorve a taxa de custódia? Qual o critério para isso?

• A corretora oferece diferenciação de custo de corretagem para


operar no mercado fracionário? Como as operações no fracionário envolvem
pouco dinheiro, é interessante contar com descontos para reduzir o impacto
em sua rentabilidade.

• A corretora conta com o serviço de homebroker, para você operar


direto de casa, pela internet, sem a interveniência direta do corretor? Ou ela
efetua negociações apenas com contato direto com o cliente, por telefone? A
primeira opção é mais interessante, pois você “dirige” seus investimentos,
mas a segunda normalmente costuma incluir a recomendação do corretor e
deixa os iniciantes ou menos experientes mais seguros.

• Quais as ferramentas do homebroker? É possível fazer algum tipo


de análise gráfica instantânea por meio dele? É possível agendar stops
dinâmicos? É possível visualizar o desempenho de minha carteira total no
sistema?

• Quem faz a análise dos investimentos? Grandes corretoras fazem


suas próprias análises, por isso cobram mais por seus serviços. As pequenas
corretoras costumam comprar relatórios de outras corretoras ou de escritórios

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independentes. Vantagem das grandes, que pode antecipar boas dicas a seus
clientes antes de divulgar em seus relatórios.

• Quais são os canais de dúvidas existentes (chat, telefone, visita pessoal,


fórum, e-mail)? Qual é a agilidade do canal? Dúvidas complexas são esclarecidas de
maneira didática e completa? Por exemplo, uma dúvida sobre aluguel de ações é
respondida a ponto de me motivar a adotar a estratégia? Uma boa maneira de esco-
lher sua corretora é sentindo-se confortável com o canal de esclarecimentos.

• A corretora divulga regularmente sua carteira de papéis recomendados?


Divulga sua opinião (comprar/vender/manter) para os papéis mais negociados do
mercado?

• São fornecidas orientações estratégicas específicas para clientes que in-


vestem com regularidade, visando ao longo prazo? E para clientes conservadores?
E para day-traders? E para operadores de opções?

• É possível operar commodities nos mercados de derivativos e futuros por


meio da corretora?

• A corretora oferece a conveniência de acessar fundos? As taxas e/ou de-


sempenho dos fundos oferecidos são competitivos?

• A corretora atua em diferentes mercados, como ações, opções, commodi-


ties, mercado de balcão, fundos imobiliários, Tesouro Direto?

• A corretora fomenta a criação de Clubes de Investimento?

• A corretora me auxilia no cálculo de impostos a pagar? E no preenchimen-


to do DARF?

• Existem mecanismos proativos, para que eu seja informado imediatamen-


te de notícias relevantes sobre meus papéis de interesse (telemensagem, e-mail,
contato telefônicos)?

• São oferecidos cursos, presenciais ou on-line, para o autodesenvolvimen-


to dos clientes? Os clientes possuem condições diferenciadas (descontos, isenção,
brindes) para assistir aos cursos oferecidos e/ou patrocinados pela corretora?

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Nenhum dos serviços que listei é imprescindível para que a corretora seja
considerada adequada à sua necessidade. Também não conheço nenhuma corretora
que ofereça todos os aspectos positivos listados em minha relação de sugestões.
Para mim, uma boa corretora deve apresentar uma avaliação positiva em pelo me-
nos nove ou dez dos dezesseis itens listados.

Para evitar práticas irregulares ou fraudes, antes de comprar ou vender


ações verifique sempre se as instituições (corretora, distribuidora de valores ou
banco de investimentos) são registradas na CVM (Comissão de Valores Mobiliários)
e, portanto, autorizadas a atuar pelo Banco Central. A CVM é o órgão que, no Brasil,
fiscaliza o mercado de capitais. Quem mantém a custódia (controle da propriedade)
das ações é a BMFBOVESPA. Questões relativas ao mercado acionário e às compa-
nhias que dele fazem parte podem ser feitas à BMFBOVESPA. A conferência da posi-
ção acionária pode ser realizada por meio de seu site. Reclamações sobre quaisquer
irregularidades operacionais junto à corretora devem ser encaminhadas à CVM. A
maioria das dúvidas, contudo, pode ser esclarecida pelos próprios operadores e
consultores da corretora em que o investidor está cadastrado.

Procure sempre um intermediário financeiro autorizado a negociar no mer-


cado de capitais, para aumentar a segurança de seus negócios. No site da CVM, na
pasta “Cadastro Geral”, você encontra a relação das instituições financeiras autori-
zadas para a negociação das ações. No espaço chamado “Alertas ao Mercado”, está
disponível uma lista de pessoas e instituições que estão impedidas de atuar no mer-
cado de ações brasileiro por haver evidências de que o faziam de forma irregular.

Se você já lidou com corretoras e não gostou, não desista. Experimente e


mude, pois mudar não custa nada.

Por Gustavo Cerbasi

Baseado no livro Investimentos Inteligentes (Ed. Sextante, 2013), Gustavo Cerbasi.


®Direitos Reservados. Este e-book é parte integrante do curso Inteligência Financeira e não pode ser
comercializado nem utilizado para fins comerciais e/ou educacionais sem a expressa autorização do autor.

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