Você está na página 1de 8

CORRUPÇÃO ELEITORAL IMPOSSÍVEL

Uma das outras tantas questões acerca do crime de corrupção eleitoral


diz respeito à possibilidade de sua ocorrência em face do oferecimento de
vantagens ao não eleitor. Como visto, prevalece na doutrina tratar-se de crime
formal; portanto, bastaria a realização de um dos núcleos do tipo para sua
consumação, sendo a obtenção do voto ou a abstenção, mero exaurimento do
crime. Por todos, cite-se Nelson Hungria (1968, p. 135).

Contudo, na hipótese de o destinatário da ação ser/estar desprovido da


capacidade eleitoral ativa, há questões de relevo que merecem destaque. Tal
situação ocorre quando determinada pessoa oferece vantagem em troca de
voto a outrem que não possua direitos políticos (v.g. o estrangeiro não
naturalizado), ou tenho-os suspensos (v.g. o condenado por sentença criminal
transitada em julgado), ou ainda seja eleitor – notadamente em pleitos
municipais – em domicílio eleitoral diverso do corruptor.

Em circunstâncias como as descritas, Antonio Carlos da Ponte (2008,


p. 104) defende tratar-se de crime impossível (artigo 17 do Código Penal),
como corolário da absoluta impropriedade do objeto. Textualmente, “não se
pode captar irregularmente o voto de quem não ostenta a condição de eleitor”.
Ainda, segundo o jurista, a necessidade de o destinatário da ação ser eleitor,
portanto, constituir-se-ia condição objetiva de punibilidade. No mesmo sentido,
Joel J. Cândido (2006, p. 184):

“É verdade que o fato de o eleitor não ir votar não elide o crime, até porque
a busca pela abstenção (que é́ , exatamente, não ir votar) é uma das
modalidades criminosas. Tampouco afasta o crime o fato de ele não cumprir o
combinado com o corruptor, indo votar tendo prometido abstenção, ou votando
em outrem diverso do candidato que lhe deu a vantagem e com o qual
comprometera. Porém, não é menos verdade que a abstenção, o oferecimento
ou a promessa de vantagem a quem não pode votar tal como quer o corruptor
não caracteriza crime. É o caso, por exemplo, nas eleições municipais, do
eleitor que vota em Zona Eleitoral diversa da do candidato corruptor. Ou, ainda
que ambos da mesma Zona Eleitoral, quando o eleitor estiver impossibilitado
de exercer o jus sufragii, de que é exemplo certo a suspensão de seus direitos
políticos. Haverá, no caso, aqui como alhures, impropriedade absoluta do
objeto (CP, art. 17).”
Afirma José Domingues Filho (2012, p. 256-257), por sua vez, que
“corrupção eleitoral sem envolvimento de eleitor na sujeição de corrompido ou
de corruptor traduz comportamento inofensivo ao bem/interesse jurídico
especificamente tutelado pela norma penal”. E complementa: “tão somente
haverá propriedade do objeto quando o agente viabilizar risco de venal
interferência na vontade do votante ou orientando seu voto”.

Tal tese foi acolhida pelo Tribunal Superior Eleitoral, que decidiu ser
exigido, “para a configuração do ilícito penal, que o corruptor eleitoral passivo
seja pessoa apta a votar”.[12] No caso, a pessoa que seria agraciada com
benesses em troca do voto estava, à época dos fatos e do pleito, com seus
direitos políticos suspensos em decorrência de condenação criminal transitada
em julgado.

Posteriormente, o Tribunal revisitou a questão e confirmou a tese ao


proclamar que

“Configuraria impropriedade absoluta do objeto se a oferta de pagamento


de multas eleitorais tivesse ocorrido após o fechamento do cadastro eleitoral
para as eleições de 2008, pois, nesse momento, não mais seria possível
regularizar e transferir o título eleitoral e, consequentemente, ofender o bem
jurídico tutelado pelo art. 299 do Código Eleitoral: o livre exercício do voto ou
da abstenção.”[13]
No mencionado julgamento, o Tribunal afastou a tese da defesa
relacionada ao crime impossível apenas para aquele caso específico, ao
argumento de que, no momento em que o corruptor efetuara o pagamento de
multas eleitorais do eleitor em troca do voto, o eleitor ainda poderia alterar seu
domicílio eleitoral para o do corruptor, porquanto realizado antes do
fechamento do cadastro eleitoral. Assim, tendo em vista ser o crime
instantâneo, não haveria falar em absoluta propriedade do objeto, a despeito
de o eleitor não ter realizado a tempo a aludida transferência. Daí a ressalva
transcrita alhures.

Em arremate, extrai-se da respectiva ementa:

“Exige-se [para a configuração do crime do art. 299 do Código Eleitoral] (i)


que a promessa ou a oferta seja feita a um eleitor determinado ou
determinável; (ii) que o eleitor esteja regular ou que seja possível a
regularização no momento da consumação do crime; (iii) que o eleitor vote no
domicílio eleitoral do candidato indicado pelo corruptor ativo.”[14]
Merece destaque, contudo, julgado no qual o mesmo Tribunal Superior
Eleitoral, de modo diametralmente oposto às decisões citadas, baseando-se no
fato de o crime do artigo 299 do Código Eleitoral ser formal – logo, indiferente
ao resultado naturalístico – consignou expressamente ser “irrelevante a
capacidade eleitoral ativa (aptidão para votar) do destinatário da ação”[15].
Nessa decisão, os fatos que ensejaram o debate cingiam-se à realização de
bingos com distribuição de prêmios atrelados a pedido de votos a eleitores.

Não obstante os respeitáveis fundamentos desse julgado, a


desconsideração da aptidão para votar do eleitor corrompível/corrompido como
condição objetiva de punibilidade merece alguma reflexão. O fato de o crime do
artigo 299 do Código Eleitoral ser formal, de consumação instantânea, não
implica, de modo direto e imediato, que há não hipótese de corrupção eleitoral
impossível. Com efeito, ainda que determinado crime seja formal, deve-se
perquirir acerca da eficácia absoluta do meio e da absoluta propriedade do
objeto – artigo 17 do Código Penal.
Há, ainda, entendimento segundo o qual a situação estudada, na
verdade, importaria erro sobre a pessoa. Este é o posicionamento do ex-
Ministro Marcelo Ribeiro de Oliveira (2012, p. 504), que assim escreve:

“O Tribunal Superior Eleitoral estatui que o ato de corrupção há que ser


eficaz, refutando, como se viu, tal ocorrência quando a vítima não se encontra
com sua capacidade eleitoral ativa. Sustentou-se a ocorrência de situação de
atipicidade. Sem embargo de uma maior reflexão e de um eventual
reposicionamento quanto ao tema, haja vista a finalidade específica da conduta
em obter voto, levanta-se a dúvida se a situação em tela não estaria
contemplada no § 3o do art. 20 do Código Penal, por se tratar de erro quanto à
pessoa da vítima. Nesses casos, a norma penal estatui que, na hipótese de
erro quanto à pessoa contra a qual o crime é praticado, não há isenção de
pena, deixando de ser consideradas as condições ou qualidades da vítima e
adotando-se as condições da pessoa contra quem o agente queria praticar o
crime. Em outras palavras, o corruptor pretendendo promover o crime contra
um eleitor estaria a cometê-lo ao praticá-lo, em erro, contra alguém que esteja
com seus direitos suspensos.”
De todo modo, prevalece, na doutrina e na jurisprudência do Tribunal
Superior Eleitoral, o entendimento de que, ante a impropriedade absoluta do
objeto (oferta destinada a não eleitor), está-se diante de crime impossível. Há,
contudo, decisão em sentido contrário, já citada, bem como doutrina que
aponta para outro norte, como visto.

CORRUPÇÃO ELEITORAL (ARTIGO 299 DO CÓDIGO


ELEITORAL) VERSUSCAPTAÇÃO ILÍCITA DE SUFRÁGIO
(ARTIGO 41-A DA LEI NO 9.504/1997)
Corrupção eleitoral e captação ilícita de sufrágio constituem normas
distintas.

Enquanto a primeira está prevista no Capítulo II (Crimes eleitorais) do


Título IV (Disposições penais) do Código Eleitoral – norma de caráter penal-
eleitoral, evidentemente; a segunda está inserida na Lei nº 9.504/1997, a qual
estabelece normas para as eleições – regra de cunho cível-eleitoral, portanto.
Ei-las:

Artigo 299 do Código Eleitoral Artigo 41-A da Lei nº 9.504/1997

Art. 299. Dar, oferecer, prometer, solicitar ou Art. 41-A. Ressalvado o disposto no art. 26
receber, para si ou para outrem, dinheiro, constitui captação de sufrágio, vedada po
dádiva, ou qualquer outra vantagem, para candidato doar, oferecer, prometer, ou entre
obter ou dar voto e para conseguir ou com o fim de obter-lhe o voto, bem ou vantag
prometer abstenção, ainda que a oferta não qualquer natureza, inclusive emprego ou f
seja aceita: desde o registro da candidatura até o dia da el
sob pena de multa de mil a cinqüenta mil Ufir,
Pena - reclusão até quatro anos e pagamento
de cinco a quinze dias-multa. registro ou do diploma, observado o procedime
art. 22 da Lei Complementar no 64, de 18 de
(Incluído pela Lei nº 9.840, de 1999)
§ 1o Para a caracterização da conduta ilícita, é
o pedido explícito de votos, bastando a evid
consistente no especial fim de agir. (Inclu
12.034, de 2009)
§ 2o As sanções previstas no caput aplicam-s
praticar atos de violência ou grave ameaça a
fim de obter-lhe o voto. (Incluído pela Lei nº 12.
§ 3o A representação contra as condutas ved
poderá ser ajuizada até a data da diplomaçã
pela Lei nº 12.034, de 2009)
§ 4o O prazo de recurso contra decisões profe
neste artigo será de 3 (três) dias, a cont
publicação do julgamento no Diário Oficial. (In
nº 12.034, de 2009)
Estabelecida esta primeira diferença, já se constata que, embora
ambas visem coibir a popularmente chamada “compra de votos”, seus
requisitos, procedimentos e consequências não são os mesmos.

Como visto no tópico 2.1.5, o bem jurídico tutelado pelo artigo 299 do
Código Eleitoral é, para a maioria da doutrina, a liberdade para o exercício do
voto, o que coincide com o bem jurídico tutelado pelo artigo 41-A da Lei nº
9.504/1997 (GOMES, 2012, p. 520). O Tribunal Superior Eleitoral, inclusive, já
se manifestou no sentido de que norma tutela a “soberania da vontade
popular”[18] ou, ainda, a “vontade do eleitor”[19].

Desse modo, uma única “compra de votos” pode ser sancionada tanto
na seara cível-eleitoral quanto na penal, desde que satisfeitos os requisitos
legais. Ressalte-se que essa “dupla responsabilização” não é nova no Direito
brasileiro, haja vista que uma mesma conduta ilícita pode ser sancionada nas
esferas cível, penal e administrativa, sem que haja configuração de bis in idem,
como no caso do funcionário público que se apropria de dinheiro, valor ou
qualquer outro bem móvel, público ou particular, de que tem a posse em razão
do cargo, ou desviá-lo, em proveito próprio ou alheio (artigo 312 do Código
Penal).

Há outra semelhança entre as normas, a saber, a desnecessidade de


pedido explícito de voto para sua configuração.

Quanto à corrupção eleitoral, a questão será analisada de modo mais


verticalizado no item 4.1.7 deste trabalho. Em relação à captação ilícita de
sufrágio, a jurisprudência do Tribunal Superior Eleitoral é remansosa no sentido
de ser absolutamente desnecessário o pedido explícito de voto. A respeito,
confira-se:
“Recurso. Especial. Captação ilícita de sufrágio. Art. 41-A, da Lei nº
9.504/97. Prescindibilidade de pedido expresso de votos. Precedentes. Agravo
regimental improvido. ‘Para a caracterização da conduta ilícita é desnecessário
o pedido explícito de votos, basta a anuência do candidato e a evidência do
especial fim de agir.’”[20]
No se refere ao instrumento processual cabível, a corrupção eleitoral,
como cediço, é crime de ação penal pública incondicionada, a teor do que
dispõe o artigo 355 do Código Eleitoral. Já a captação ilícita de sufrágio é
aferida por meio da ação de investigação judicial eleitoral – AIJE, nos termos
da Lei Complementar no 64/1990.

Relativamente ao rito processual, o crime previsto no artigo 299 do


Código Eleitoral segue o disposto no artigo 357 e seguintes do mesmo Código,
além de observar os artigos 394 e subsequentes do Código deProcesso Penal,
como será estudado no tópico 3.1.5. Já o procedimento da captação ilícita de
sufrágio está previsto no artigo 22 da Lei Complementar no 64/1990.

Enquanto que a corrupção eleitoral dá ensejo à pena de reclusão de


um a quatro anos e pagamento de cinco a quinze dias-multa (artigo 299 c.c.
artigo 284 do Código Eleitoral), a captação ilícita de sufrágio implica as
sanções de cassação do registro ou diploma, além de multa.

Como ação penal de iniciativa pública, cabe apenas ao Ministério


Público Eleitoral propô-la quando houver a prática de corrupção eleitoral. Por
seu turno, a investigação acerca da captação ilícita de sufrágio tem como
legitimados ativos partido político, coligação, candidato ou Ministério Público
Eleitoral (artigo 22, caput da Lei Complementar no 64/1990.

Podem ser réus na ação criminal qualquer pessoa física (na corrupção
eleitoral ativa) ou o eleitor (na corrupção eleitoral passiva), conforme observado
no tópico 4.6.1. Na investigação da captação ilícita de sufrágio, em tese,
qualquer pessoa física ou jurídica pode figurar no polo passivo da demanda, na
medida em que

“o artigo 41-A prevê a multa como sanção autônoma, cuja aplicação


independe de o requerido ser candidato. Quanto à pessoa jurídica, não é difícil
imaginar a situação em que partido político, por seu diretório, participe da ação
ilícita levada a efeito pelo candidato.” (GOMES, 2012, p. 524).
Por fim, mister pontuar que, em ambos os casos, a desistência da ação
não é admitida. A ação penal pública incondicionada, por sua própria natureza.
A ação de investigação judicial eleitoral fundada na captação ilícita de sufrágio,
por sua vez, ainda que proposta por partido político, coligação ou candidato,
porque os fatos nela veiculados revestem-se de relevante interesse público,
devendo o Ministério Público Eleitoral assumir a titularidade da ação conforme
entendimento sufragado nos seguintes julgados:

“AGRAVO REGIMENTAL. RECURSO ESPECIAL. REPRESENTAÇÃO


ART. 41-A DA LEI 9.504/97. DESISTÊNCIA TÁCITA. AUTOR.
TITULARIDADE. AÇÃO. MINISTÉRIO PÚBLICO ELEITORAL.
POSSIBILIDADE. INTERESSE PÚBLICO. PRECLUSÃO. AUSÊNCIA.

1. No tocante à suposta omissão do acórdão regional, o agravante não


impugnou especificamente os fundamentos da decisão que negou seguimento
a seu recurso especial. Incidência, in casu, da Súmula nº 182 do e. STJ: ‘É
inviável o agravo do art. 545 do CPC que deixa de atacar especificamente os
fundamentos da decisão agravada’.

2. O Ministério Público Eleitoral, por incumbir-lhe a defesa da ordem


jurídica, do regime democrático e dos interesses sociais e individuais
indisponíveis (art. 127 da Constituição Federal), possui legitimidade para
assumir a titularidade da representação fundada no art. 41-A da Lei nº 9.504/97
no caso de abandono da causa pelo autor.

3. O Parquet assume a titularidade da representação para garantir que o


interesse público na apuração de irregularidades no processo eleitoral não
fique submetido a eventual colusão ou ajuste entre os litigantes. Assim, a
manifestação da parte representada torna-se irrelevante diante da prevalência
do interesse público sobre o interesse particular.

4. Não assiste razão ao agravante quanto ao alegado dissídio


jurisprudencial, uma vez que não há similitude fática entre o acórdão recorrido
e o acórdão paradigma.

5. Não houve preclusão quanto à possibilidade de emendar a petição


inicial para a composição do polo ativo da demanda, uma vez que a
necessidade de citação dos suplentes de senador para compor a lide surgiu
apenas no curso do processo, a partir do julgamento do RCED nº 703 pelo e.
TSE, em 21.2.2008. Ademais, o Ministério Público Eleitoral requereu a citação
dos suplentes na primeira oportunidade em que se manifestou nos autos após
o abandono da causa pela autora originária.

6. O Ministério Público Eleitoral, ao assumir a titularidade da ação, pode


providenciar a correta qualificação das testemunhas a fim de que compareçam
à audiência de instrução, mesmo porque isso não consubstancia, de fato, um
aditamento à inicial.

7. Agravo regimental desprovido.”[21]


“Representação. Art. 41-A da Lei nº 9.504/97. Candidato a vereador não-
eleito. Sentença. Procedência. Recurso eleitoral. Pedido. Desistência. Tribunal
Regional Eleitoral. Impossibilidade. Matéria de ordem pública. Peculiaridades.
Processo eleitoral. Interesse público. Quociente eleitoral. Alteração. Interesse.
Intervenção. Partido e candidato. Assistentes litisconsorciais. Recurso especial.
Terceiro interessado. Art. 499 do Código de Processo Civil.

1. A decisão regional que indefere o pedido de desistência formulado


naquela instância e que modifica a sentença para julgar improcedente
representação, provocando a alteração do quociente eleitoral e da composição
de Câmara Municipal, resulta em evidente prejuízo jurídico direto a candidato
que perde a vaga a que fazia jus, constituindo-se terceiro prejudicado, nos
termos do art. 499 do Código de Processo Civil.

2. A atual jurisprudência desta Corte Superior tem se posicionado no


sentido de não ser admissível desistência de recurso que versa sobre matéria
de ordem pública. Precedentes.

3. Manifestado o inconformismo do candidato representado no que se


refere à decisão de primeira instância, que o condenou por captação ilícita de
sufrágio, não se pode aceitar que, no Tribunal Regional Eleitoral, venha ele
pretender a desistência desse recurso, em face do interesse público existente
na demanda e do nítido interesse de sua agremiação quanto ao julgamento do
apelo, em que eventual provimento poderia resultar na alteração do quociente
eleitoral e favorecer candidato da mesma legenda.

4. O bem maior a ser tutelado pela Justiça Eleitoral é a vontade popular, e


não a de um único cidadão. Não pode a eleição para vereador ser decidida em
função de uma questão processual, não sendo tal circunstância condizente
com o autêntico regime democrático.

5. O partido do representado e o candidato que poderá ser favorecido com


o provimento do recurso eleitoral apresentam-se como titulares de uma relação
jurídica dependente daquela deduzida em juízo e que será afinal dirimida com
a decisão judicial ora proferida, o que justifica a condição deles como
assistentes litisconsorciais.

6. A hipótese versa sobre pleito regido pelo sistema de representação


proporcional, em que o voto em determinado concorrente implica sempre o
voto em determinada legenda partidária, estando evidenciado, na espécie, o
interesse jurídico na decisão oriundo do referido feito.

Recurso especial conhecido, mas improvido.”[22]


Para melhor compreensão da matéria, confira-se quadro comparativo
entre os principais aspectos materiais e processuais das normas, de acordo
com o arrazoado acima:

Artigo 299 do Código Eleitoral Artigo 41-A da Lei nº 9

Bem jurídico Liberdade para o exercício do voto Liberdade para o exer


tutelado

Pedido explícito Desnecessário Desnecessário


de voto

Ação cabível Ação penal pública Ação de investigação


– AIJE

Rito processual Artigo 357 e seguintes do Código Eleitoral c.c. Artigo 22 da Lei Co
artigo 394 e seguintes do Código de Processo 64/1990
Penal

Sanções Reclusão de um a quatro anos e pagamento de Cassação do registro


cinco a quinze dias-multa multa

Legitimidade Ministério Público Eleitoral Partido político, coliga


ativa ou Ministério Público E

Legitimidade Qualquer pessoa física (na corrupção eleitoral Qualquer pessoa (físic
passiva ativa) ou o eleitor (na corrupção eleitoral passiva)

Desistência Não se admite Não se admite


Vê-se, portanto, que embora haja semelhanças, os artigos 299 do
Código Eleitoral e 41-A da Lei no 9.504/1997 não se confundem.

https://tse.jusbrasil.com.br/jurisprudencia/469063871/agravo-regimental-em-recurso-
especial-eleitoral-respe-414220146190000-cordeiro-rj/inteiro-teor-469063894?ref=juris-tabs

https://tj-sp.jusbrasil.com.br/jurisprudencia/707075598/apelacao-criminal-apr-
63495520188260562-sp-0006349-5520188260562/inteiro-teor-707075618?ref=serp

https://scon.stj.jus.br/SCON/jt/toc.jsp

Você também pode gostar