Você está na página 1de 6

Estudo de Falhas – P3

FRATURA EM MATERIAIS CERÂMICOS


Um dos primeiros passos para uma análise fractográfica é a reconstrução, para assim
achar o início da falha, porém, não se pode friccionar para manter a integridade da fratura. É
necessário identificar onde um grupo de trincas se encontram ou uma se ramifica, pois é onde
começa a trinca. Observa-se que quanto maior a energia disponível para a fratura, maior o
número de ramificações.
Na figura 1 se observa o tipo de carregamento feito na cerâmica juntamente com a
morfologia da fratura, há uma relação entre como a ramificação se propaga com o
carregamento.
As regiões mais importantes de superfície de fratura são a origem, o espelho, a névoa
(mist) e a ramificação (hackle), assim como mostra a figura 2.

A origem da trinca tem lugar em concentradores de tensão com em defeitos (poros,


inclusões, bolhas, pequenas fraturas). Essas tensões, por um momento, ultrapassam a tensão
de ruptura, e assim, nucleia a trinca, que concentra a tensão aplicada, levando a uma falha
catastrófica do material.
O ponto de início se localiza no centro do espelho da fratura (Figura 2), que é onde a
fratura se propaga em um único plano lentamente, essa região é plana e lisa, como um
espelho. O raio do espelho e a sua forma depende totalmente das características do material.
Quando houver grande disponibilidade para a propagação da trinca, resulta em um menor raio
de espelho, pois mais rápido o material atingirá mais facilmente a energia necessária para que
haja a mudança de planos e assim, a propagação das trincas.
Tensão de fratura é obtida pela teoria de Griffith. Que é influenciado negativamente pelo
formato da fratura, que por sua vez, pode ser influenciado por concentrador de tensões, como
inclusões, que tendem a diminuir a energia.
A formação da névoa se forma quando a propagação tem uma mudança de velocidade,
quando intercepta uma inclusão ou quando há uma mudança de direção da trinca. Fazendo
com que mude seu plano de propagação, dando essa aparência de névoa a trinca
Seguindo a região de névoa, ocorrem pequenas bifurcações, que são as ramificações,
que a quantidade fornece a informação da quantidade de energia disponível durante a fratura,
quanto maior a energia, maior o número de ramificações.
Outra característica bem definida em cerâmicas são as linhas de Wallner, que são
produzidas durante a fratura e são formadas ondas sonoras no interior do material. A onde se
sobrepõe sob a propagação e momentaneamente a trinca se desvia da direção principal e
depois retorna. Isso resulta em uma série de arcos na superfície da fratura, chamados de linhas
de Wallner. A direção é sempre do lado côncavo para o lado convexo das linhas. Essas linhas
estão demonstradas na figura 4 e no quesito prático na figura 5.

Um fenômeno que pode ocorrer é o twist hackle que é a ramificação devido a rotação e
aparece na superfície de fratura como adagas muito estreitas e afiadas na forma de linhas
paralelas, assim como mostrado na figura 6. Quando o campo de tensões sofre um giro em
relação ao plano de propagação, a trinca poderia sofrer uma rotação, porém, é
energeticamente pouco favorável, o que é favorável é a trinca se ramificar em uma série de
retas não coplanares e paralelas.
A propagação das trincas pode ser influenciada pelo meio que está exposto, se por
acaso estiver exposto a um ambiente aquoso ou úmido, devido ao efeito da viscosidade. Se
uma parte da trinca é exposta a um meio úmido e outra um meio seco, aparece na superfície
da fratura o que se chama de linhas de escarpas, essas linhas são criadas pela intersecção
dos dois meios. Podem haver escarpas de desaceleração e na forma de serra. As de
desaceleração são geradas quando a trinca está propagando em meio seco e é desacelerada
pelo meio úmido, que absorve água por capilaridade.
Já as linhas de serra são gerados quando a trinca está propagando em meio úmido e
sofre uma elevação e uma queda de tensão, um pico de tensão, formando fraturas que
parecem montanhas, assim como mostrado na figura 8. Isso ocorre quando, na ausência de
água a trinca acelera, cavita e desacelera pela água.
Outras marcas importantes são as marcas de gaivota e os Wake Hackle que são
resultantes da combinação das linhas de Wallner e dos twist hackle em frente de um defeito,
como poro ou inclusão.
SLIDES
A quantidade de deformação nos materiais cristalinos varia em função dos tipos de
ligações, estrutura cristalina, microestrutura, condições de ensaio, estado de tensão.
Os materiais cerâmicos são inerentemente frágeis, cuja a fragilidade pode ser abaixada
por mecanismos extrínsecos como adição de fibras, microtrincas ou segunda fase (que nem a
ítria usada para estabilizar a zircônia) ou mecanismos intrínsecos, como o melhoramento da
fabricação que implica em um número menor de defeitos e uma maior tensão para que permita
a propagação.
Se a cerâmica for monocristalina a fratura será transgranular, porém, se for policristalina
pode ocorrer trans e intergranlunar, a fratura irá propagar para onde tiver menor energia. Isso
resulta a uma maior resistência a tração da cerâmica monocristalina
Os vidros que são amorfos, não possuem ordenação, logo não são formados cristais.
Com isso não há mecanismos de derformação plástica abaixo da Tg, tornando esses materiais
frágeis. O alívio de tensões nesses matérias se dá pela fratura que poderá ser propagada na
direção normal a tensão.
As cerâmicas possuem fortes ligações químicas (iônicas e covalentes), são frágeis e
não possuem deformação plástica, até mesmo cerâmicas amorfas, como os vidros, são frágeis.
As fraturas podem ocorre de forma intergranular ou clivagem e são susceptíveis a
concentrações de tensões externos, defeitos.
Há três tipos de falhas que podem ocorrer: por erro de projeto, falhas produzidas
durante o processamento ou falhas de serviço.
Quando o material está sob flexão origina os cantiever curl, como ilustrado na figura 7.

Figura 7 - Cantilever curl.

Uma outra forma de fratura é por tensões térmicas, causadas pela anisotropia do
coeficiente de expansão em cerâmicas não cúbicas. Isso ocorre quando uma cerâmica é
resfriada, assim aumenta as tensões internas, levando a microtrincas. A figura 8 ilustra como
ocorre esse fenômeno em uma alumina.

Figura 8 - Tensões térmicas.

O espelho da fratura é onde a trinca é acelerada e caminha em um único plano a uma


velocidade muito baixa. O raio do espelho depende das características do material. Regido pela
teoria de Grifth, onde é possível determinar a tensão de ruptura pelo raio do espelho, porém,
esse calculo é prejudicado pela falta de simetria do espelho.
Arrest lines – linha que define algum limite frente a trinca, onde ela finaliza a
propagação ou até mesmo muda de direção.
Fratura intergranular pode indicar baixa resistência nos contornos de grão, causa pela
anisotropia térmica ou elástica entre os grãos. Em cerâmicas policristalinas, inicialmente a
fratura é transgranular, mas passa a ser trans e intergranular.

Você também pode gostar