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REFORMAR

ESCLARECER

INVALIDAR

TEORIA GERAL DOS RECURSOS INTEGRAR

Conceito de recurso, sistema de impugnação de decisões judiciais. Princípios


recursais. Juízo de admissibilidade. Pressupostos de admissibilidade intrínsecos
e extrínsecos.

1) CONCEITO – O que são recursos?

- Etimologicamente, a palavra recurso vem do latim que significa refazer o curso,


refluxo, retomar o caminho, ou correr para o lugar de onde veio;
- Para o Processo Civil, recurso é o meio ou instrumento destinado a provocar o
reexame da decisão judicial, no mesmo processo em que foi proferida, com a
finalidade de obter-lhe a invalidação, a reforma, o esclarecimento ou a
integração.
- ATENÇÃO: O recurso não instaura processo novo, ele prolonga a litispendência.
O recurso, portanto, é ‘’simples aspecto, elemento, modalidade, ou extensão do
próprio direito de ação exercido no processo’’
- Provocação do reexame da matéria; impugnação da decisão recorrida.

2) SISTEMA DE IMPUGNAÇÃO DE DECISÕES JUDICIAIS

- Breve resumo do sistema de impugnação das decisões judiciais:

- A) Recursos; (é o meio de impugnação da decisão judicial utilizado dentro do


mesmo processo em que é proferida. Pelo recurso, prolonga-se o curso, a
litispendência do processo);

- B) Ações autônomas de impugnação; (é o instrumento de impugnação da


decisão judicial que instaura novo processo, cujo objetivo é atacar ou interferir
em decisão judicial). Distingue-se do recurso justamente por que não é veiculada
no mesmo processo em que a decisão foi proferida. EX.: Ação rescisória,
mandado de segurança, etc.

- C) Sucedâneos recursais. (conceito residual. É tudo aquilo que não é recurso


e nem ação autônoma de impugnação). Engloba enfim, todas as formas de
impugnação de decisão.

- Exs.: Pedido de reconsideração, pedido de suspensão da segurança, etc.


3) NATUREZA JURÍDICA DO RECURSO:

- A doutrina majoritária entende que o poder de recorrer se conceitua como


aspecto, elemento, modalidade ou extensão do próprio direito de ação exercido
no processo, contrariando, portanto, a tese de que o recurso seria uma ação
autônoma, a qual se sustenta com base no argumento de que o que recurso é
fundado em fato verificado dentro do processo, ao passo que a ação originária
se funda em fato extraprocessual.

4) ORIGENS DO PODER DE RECORRER:


- a) A reação natural do homem, que não se sujeita a um único julgamento;

- b) A possibilidade de erro ou má-fé do julgador.

5) Os recursos podem ter como OBJETIVOS:


- A reforma da decisão impugnada, consistente na substituição da decisão
recorrida por outra, favorável à parte recorrente, a ser proferida pelo órgão julgador
do recurso;

- A invalidação (ou anulação) da decisão, a fim de que o órgão que a prolatou,


quando isto seja possível, profira nova decisão, sanando os vícios que geraram
sua anulação; e

- O esclarecimento ou a integração da decisão judicial impugnada, pelo mesmo


órgão que a proferiu, para sanar-lhe omissão, contradição ou obscuridade;

- Correção de erro material.

6) CLASSIFICAÇÃO:

- As classificações didáticas mais comuns são aquelas que levam em consideração


a extensão da matéria impugnada, o momento da interposição, o tipo de
fundamentação, o objeto tutelado e os efeitos dos recursos.

6.1. Quanto a extensão da matéria impugnada: Art. 1.002 A decisão pode ser
impugnada no todo ou em parte.

a) Total: É total o recurso que abrange todo o conteúdo impugnável da decisão;

Abrange todo o conteúdo impugnável da decisão recorrida.

Se o recorrente não especificar a parte em que impugna a decisão, o recurso


deve ser interpretado como total.
b). Parcial: o recurso que impugna a decisão apenas em parte do conteúdo
impugnável da decisão.

O recorrente decide impugnar apenas uma parte ou capítulo da decisão. O


capítulo não impugnado fica acobertado pela preclusão.

6.2. Quanto ao momento que o recurso é utilizado

Dependendo do momento em que é interposto, o recurso poderá ser independente


(ou principal) e adesivo, desde que haja sucumbência reciproca, comportando,
pois, recurso de ambas as partes. Na hipótese de sucumbência reciproca, cada
uma das partes poderá interpor seu recurso no prazo comum, ambos sendo
recebidos e processados independentemente, ou, então, caso uma das partes não
tenha ingressado com recurso independente ou principal, poderá ainda recorrer
adesivamente ao recurso da outra parte, no mesmo prazo de que dispõe para
responder a este último, conforme artigo 997, § 2º do Código de Processo Civil.

6.3. Quanto a fundamentação:

O recurso poderá, ainda, ser de fundamentação livre ou vinculada.

a) Livre: Os recursos de fundamentação livre são aqueles nos quais a lei deixa a parte
livre para, em seu recurso, deduzir qualquer tipo de crítica em relação a decisão,
sem que isto tenha qualquer influência na admissibilidade do mesmo. Como
exemplo, tem-se a apelação;

O recorrente pode alegar qualquer vício.


Ex.: na apelação, o recorrente está livre para tecer
Quaisquer críticas à sentença.

b) Vinculada: Ha casos, no entanto, em que a lei, ao estabelecer as hipóteses de


cabimento do recurso, limita sua fundamentação, ou seja, o tipo de crítica que
se pode fazer a decisão através do recurso. A título de exemplo, tem-se os
recursos especiais e extraordinário. No primeiro, a fundamentação do recurso
deve circunscrever-se as hipóteses do Art. 105, III, da Constituição da República;
já no segundo, a fundamentação do recurso deve ater-se aos casos previstos no
art. 102, III, da Constituição da República. Esses recursos encontram na lei, em
enumeração taxativa, os tipos de vícios que podem ser apontados na decisão
recorrida.
A lei limita a fundamentação do recurso.
Ex.: os embargos de declaração só serão cabíveis se
Fundada em omissão, obscuridade, contradição ou
Erro material na decisão recorrida.

6.4 Quanto ao objeto tutelado

c) Ordinários: Os recursos ordinários previstos nos incisos I a IV do art. 994 do


Código de Processo Civil objetivam proteger, imediatamente, o direito subjetivo das
partes litigante contra eventual vicio ou injustiça da decisão judicial, entendendo- se
como injusta a decisão que não aplica adequadamente o Direito aos fatos
retratados no processo;
Art. 994, NCPC, I – IV
I - Apelação;

II - Agravo de instrumento;

III - agravo interno;

IV - Embargos de declaração;

d) Extraordinários: Os recursos extraordinários, previstos nos incisos V a IX do art.


994 do Código de Processo Civil tem como objeto imediato a tutela do direito
objetivo, ou seja, das leis e tratados federais, no caso do recurso especial; da
Constituição Federal, no caso do recurso extraordinário stricto sensu.

Art. 994, NCPC, V - IX


V - Recurso ordinário;

VI - Recurso especial;

VII - recurso extraordinário;

VIII - agravo em recurso especial ou extraordinário;

IX - Embargos de divergência.
7) PRINCÍPIOS RECURSAIS

7.1) Duplo grau de jurisdição.

O princípio do duplo grau consiste no direito concedido a parte de exigir a revisão


do julgamento que lhe fora contrário por uma instancia jurisdicional superior. O
princípio visa o controle da atividade do juiz, por conseguinte, a segurança jurídica,
a fim de evitar que decisões contrarias a lei ou a prova dos autos sejam impostas a
parte sem que seja conferido ao jurisdicionado a possibilidade de sua revisão.
A doutrina traz análises de alguns pontos negativos desse princípio: a dificuldade
de acesso à justiça, o desprestigio da primeira instância, a quebra de unidade do
poder jurisdicional, a dificuldade na descoberta da verdade e a inutilidade do
procedimento oral.
- Trata-se de um princípio constitucional implícito: a CF/88, ao disciplinar o Poder
Judiciário com uma organização hierarquizada, prevendo a existência de vários
tribunais, tem nela inserido o princípio do duplo grau de jurisdição. - Considerando
que é um princípio, pode ser contraposto por outro princípio. O duplo grau não é
um direito absoluto ou ilimitado. Há causas de competência originária do STF
em que não há o duplo grau. Em regra, os recursos previstos na CF/88 não podem
ser eliminados por lei (ex.: recurso ordinário, extraordinário e especial). Já os
recursos não previstos constitucionalmente podem ser limitados por pelo legislador
infraconstitucional.
- Crítica terminológica de Araken de Assis: “duplo grau” dá a entender que há
uma pluralidade de jurisdições. Contudo, a jurisdição não tem graus, pois o direito
brasileiro adota o princípio da unidade jurisdicional. O que há no “duplo grau” é uma
distinção baseada na hierarquia: a decisão proferida pelo órgão de grau inferior é
revista pela decisão proferida pelo órgão de grau hierárquico superior.

7. 2) Legalidade/taxatividade (tipificação).

Conhecido também como princípio da legalidade, o princípio da taxatividade


consiste na exigência constitucional (art. 22, I, da CRFB c/c art 994 do CPC/15) de
que a enumeração dos recursos seja taxativamente prevista em lei federal.
- O rol legal de recursos existentes é numerus clausus. Não se admite a
criação de recurso pelo regimento interno do tribunal.
7. 3) Unicidade/singularidade:
Nos termos deste princípio também conhecido como princípio da unirrecorribilidade,
não é possível a utilização simultânea de dois recursos contra a mesma decisão.
Como consequência, existe no sistema processual apenas um recurso adequado
para cada decisão em determinado momento processual.
- Não é possível a utilização simultânea de 2 recursos contra a mesma
decisão. É uma regra implícita: a interposição de mais de um recurso contra
uma decisão implica inadmissibilidade do interposto por último.
Ressalvas:
a) contra acórdão com mais de um capítulo (complexos), pode caber RE e
REsp, simultaneamente.
b) embora seja questionável, a doutrina admite a interposição simultânea de
embargos de declaração e de outro recurso.

7. 4) Efetividade/fungibilidade.
O princípio da fungibilidade dos recursos assevera que, existindo dúvida objetiva a
respeito de qual o recurso cabível, o juiz competente receba, processe e conheça
o recurso equivocadamente interposto pela parte, tal como se o recurso correto
tivesse sido interposto.

É permitida a conversão de um recurso em outro no caso de equívoco da parte,


contanto que haja dúvida objetiva quanto ao cabimento do recurso.
Consequentemente, não se aplica a fungibilidade quando o erro é grosseiro.
- Tradicionalmente, devia ser observado o prazo para interposição. Contudo, com a
unificação dos prazos recursais em 15 dias (ressalvados os embargos de
declaração), a exigência perdeu o sentido.
- A fungibilidade decorre é expressão da instrumentalidade das formas, da boa-fé
processual e da primazia da decisão de mérito.
- Há regras de fungibilidade expressamente previstas no art. 1.032 e 1.033 (recursos
extraordinários) e no art. 1.024, §3º (embargos de declaração e agravo interno).

7. 5) Voluntariedade (renúncia/desistência).
Por força da aplicação desse princípio, que deriva do princípio dispositivo, não
apenas se exige a iniciativa da parte interessada para a interposição do recurso,
como, também, confere-se a esta a liberdade de delimitar o âmbito
- Desistência = revogação da demanda recursal. Características:
a) pode ser total ou parcial;
b) pressupõe recurso já interposto (se não, é caso de renúncia, não desistência);
c) pode ocorrer até o início do julgamento (até a prolação do voto);
d) pode ser por escrito ou oralmente;
e) Independe do consentimento da parte adversa e de homologação judicial para
produzir efeitos;
f) Só produz efeitos em relação ao recorrente* (desistência é conduta determinante);
g) impede nova interposição do recurso de que se desistiu, mesmo que ainda no
prazo. Se interposto, será considerado inadmissível (a desistência é fato impeditivo).
h) exige poder especial do advogado;
I). Se implicar a extinção do processo com decisão de mérito desfavorável, também
exige o poder de disposição do direito material discutido.
* No litisconsórcio unitário, a desistência somente é eficaz se todos os litisconsortes
desistirem
. - A desistência leva à extinção do procedimento recursal, salvo quando há outro
recurso pendente ou no caso de desistência parcial. - Regra especial (art. 19 da Lei
10.522/2002): a PFN está autorizada a desistir do recurso sempre que a tese
fazendária for contrária a precedentes oriundos do julgamento de recursos repetitivos
ou à jurisprudência pacífica do STF e demais Tribunais Superiores, devidamente
ratificada por ato declaratório do Procurador Geral da Fazenda Nacional aprovado
pelo Ministro da Fazenda.
Renúncia:
- A RENÚNCIA ao direito de recorrer é o ato pelo qual uma pessoa manifesta a
vontade de não interpor o recurso cabível. Assim como a desistência, independe
de consentimento da outra parte.

7. 6) Proibição da reformatio in pejus. (Mudar para pior)

A conceituação do instituto da reformatio in pejus consiste na reforma da decisão


judicial por força de um recurso interposto, capaz de resultar para o recorrente
uma situação de agravamento, de piora, em relação aquela que lhe fora
imposta pela decisão recorrida. Ou seja, traduz-se num resultado exatamente
contrário aquele pretendido pelo recorrente. Nesta seara, o princípio da proibição
da reformatio in pejus tem como objetivo impedir que essa situação de piora ocorra
por força do julgamento do recurso da parte. Porém, como fica nítido, em sendo a
sucumbência recíproca e havendo recurso de ambas as partes, a situação de
qualquer delas poderá ser agravada como resultado do recurso interposto pela
parte contraria, mas não do seu próprio recurso.

8.0) JUÍZO DE ADMISSIBILIDADE RECURSAL

- Juízo de Admissibilidade
O juízo de admissibilidade é uma análise inicial sobre o recurso. Este antecede lógica
e cronologicamente o exame do mérito. É formado de questões prévias. Estas
questões prévias são aquelas que devem ser examinadas necessariamente antes do
mérito do recurso, pois lhe são antecedentes.
- Objeto do juízo de admissibilidade
No exercício do juízo de admissibilidade, são analisados os pressupostos recursais,
e tem por finalidade averiguar o preenchimento dos requisitos formais dos recursos.
Somente após essa análise formal é que podemos passar para a análise de mérito
dos recursos. Os pressupostos podem ser intrínsecos ou extrínsecos.

- Natureza jurídica do juízo de admissibilidade

O juízo de admissibilidade é um juízo sobre a validade do procedimento (neste caso,


do recursal). Assim: a) se for positivo, o juízo de admissibilidade é declaratório da
eficácia do recurso, decorrente da constatação da validade do procedimento (aptidão
para a prolação da decisão sobre o objeto litigioso); b) se negativo, o juízo de
admissibilidade será constitutivo negativo, em que se aplica a sanção da
inadmissibilidade (invalidade) ao ato-complexo, que se apresenta defeituoso/viciado.

8.1) PRESSUPOSTOS DE ADMISSIBILIDADE RECURSAL (implicam, caso um


deles esteja ausente, a não admissão dos recursos)

8.1.1) Requisitos intrínsecos: concernentes a própria existência do direito de recorrer


- Cabimento; previsão legal do recurso e sua adequação. Princípios correlatos:
fungibilidade, unirrecorribilidade e taxatividade.

- PRINCÍPIO DA FUNGIBILIDADE  é permitida a conversão de um recurso em outro no caso


de equívoco da parte, contanto que haja dúvida objetiva quanto ao cabimento do recurso.
Consequentemente, não se aplica a fungibilidade quando o erro é grosseiro

- PRINCÍPIO DA UNIRRECORRIBILIDADE  não é possível a utilização simultânea de 2 recursos


contra a mesma decisão. É uma regra implícita: a interposição de mais de um recurso contra
uma decisão implica inadmissibilidade do interposto por último. Ressalvas:

a) contra acórdão com mais de um capítulo (complexos), pode caber RE e REsp,


simultaneamente.

b) embora seja questionável, a doutrina admite a interposição simultânea de embargos de


declaração e de outro recurso.

- PRINCÍPIO DA TAXATIVIDADE  o rol legal de recursos existentes é numerus clausus. Não se


admite a criação de recurso pelo regimento interno do tribunal.

- Legitimidade;

- Interesse;

- Inexistência de fato impeditivo ou extintivo do direito de recorrer.

8.1.2) Requisitos extrínsecos: relativos ao modo de exercício do direito de recorrer):

- Preparo;

- Tempestividade;

- Regularidade formal.

1. LEGITIMIDADE

Quem é legítimo para recorrer?

Nos termos do artigo 996 do CPC/15, são legitimados para a interposição do recurso a
parte vencida, o terceiro prejudicado e o Ministério Público, tanto como parte, como na
qualidade de fiscal da ordem jurídica.

Os terceiros intervenientes podem recorrer? Sim. No processo se incluem no conceito


de parte para fins recursais, uma vez que adquirem a qualidade de parte com a
efetivação e com uma das espécies interventivas.
- “Parte vencida” engloba o autor, o réu, o terceiro interveniente e até mesmo o sujeito que é
parte apenas em alguns incidentes (ex.: o juiz, na arguição de suspeição ou de impedimento).
- Quanto ao recurso interposto por assistente simples, vejamos o parágrafo único do art. 121:

O recurso de terceiro prejudicado é uma modalidade de intervenção de terceiros no


processo uma vez que, com o recurso, o terceiro passa a fazer parte deste.

2. INTERESSE RECURSAL

INTERESSE - binômio utilidade + necessidade.

UTILIDADE X NECESSIDADE

NECESSÁRIO:

- É necessário quando é a única via existente para alcançar o objetivo do recorrente:


reformar ou cassar a decisão.

Exemplo de recurso desnecessário:

Art. 701. Sendo evidente o direito do autor, o juiz deferirá a


expedição de mandado de pagamento, de entrega de coisa ou
para execução de obrigação de fazer ou de não fazer,
concedendo ao réu prazo de 15 (quinze) dias para o
cumprimento e o pagamento de honorários advocatícios de
cinco por cento do valor atribuído à causa.

Art. 702. Independentemente de prévia segurança do juízo, o


réu poderá opor, nos próprios autos, no prazo previsto no art.
701, embargos à ação monitória.

ÚTIL:

- É útil quando vislumbrar-se uma situação mais vantajosa com a interposição do


recurso.

O interesse em recorrer se relaciona ao interesse de agir como condição da ação. Logo,


para que o recurso seja passível de admissão no juízo de admissibilidade, é
fundamental que haja utilidade ao interpor o mesmo, ou seja, do julgamento do recurso
o recorrente deve esperar situação mais vantajosa da que obtinha com a decisão
recorrida. Deve, ainda, analisar-se a necessidade na sua interposição: deve afigurar-se
necessária a via recursal para o atingimento do seu objetivo.
INEXISTÊNCIA DE FATO IMPEDITIVO OU EXTINTIVO DO PODER DE RECORRER  requisitos
negativos de admissibilidade. - Exemplos de fato impeditivo: desistência e renúncia ao direito
sobre o que se funda ação; reconhecimento da procedência do pedido; preclusão lógica. -
Exemplos de fato extintivo: renúncia ao direito de recorrer e aceitação.

3. CABIMENTO

Tal requisito remete à idéia de que o ato impugnado precisa ser suscetível de ataque
pela parte, identificando assim qual será recurso cabível. Deve ser analisado por duas
dimensões:

1.RECORRIBILIDADE (pronunciamento impugnável é recorrível?)

Art. 1001, CPC/15. Dos despachos não cabe recurso.

ATENÇÃO: HÁ PRONUNCIAMENTOS DECISÓRIOS IRRECORRÍVEIS!

Ex.: Art. 138, CPC/15. O juiz ou o relator, considerando a relevância da matéria, a


especificidade do tema objeto da demanda ou a repercussão social da controvérsia,
poderá, por decisão irrecorrível, de ofício ou a requerimento das partes ou de quem
pretenda manifestar-se, solicitar ou admitir a participação de pessoa natural ou jurídica,
órgão ou entidade especializada, com representatividade adequada, no prazo de 15
(quinze) dias de sua intimação.

2. ADEQUAÇÃO DO RECURSO

- Para cada pronunciamento, existe o tipo certo de recurso.

Portanto, para analisar se determinado recurso é cabível ou não, significa questionar se


a decisão que se pretende impugnar é recorrível, ou seja, se há previsão legal de
recurso contra a decisão, assim como se o recurso escolhido é adequado contra a
decisão judicial que se quer impugnar. Não se limita a previsão legal para que o recurso
ser utilizado; há também necessidade de adequação entre o recurso escolhido e a
natureza da decisão que se pretende impugnar e, ainda, em alguns casos, quando se
tratar de recurso de fundamentação vinculada, também ao conteúdo da decisão. Sob
esse prisma, o cabimento como pressuposto recursal, deve ser analisado sob a ótica de
três princípios recursais: fungibilidade, unirecorribilidade e taxatividade.

4. TEMPESTIVIDADE

A tempestividade, abordada no art. 1.003 do CPC/15, refere-se a interposição dos


recursos no prazo correto, no prazo legal previsto na legislação. Diz-se tempestivo, o
recurso dentro do prazo estabelecido em lei, quando respeitado for o tempo final para a
sua interposição

O NCPC unificou os prazos recursais (15 DIAS), ressalvado o prazo para interpor embargos de
declaração.

- Em regra, o prazo para interpor o recurso é contado da INTIMAÇÃO e a tempestividade é


aferida pela DATA DO PROTOCOLO. Regras importantes no art. 1.003:

5. PREPARO

Previsto no art. 1.007 do CPC/15, conceitua-se como o pagamento das despesas


relacionadas ao processamento do recurso. No preparo incluem-se a taxa judiciária
(custas), e as despesas postais com o envio dos autos (chamado de “porte de remessa
e de retorno” dos autos).

Desse modo, “preparar” o recurso é nada mais que pagar as despesas necessárias para
que a máquina judiciária dê andamento à sua apreciação. O pagamento do preparo é
feito, comumente, na rede bancária conveniada com o Tribunal.

ATENÇÃO: Quando o processo for eletrônico, desnecessário se faz o pagamento das


despesas postais.

No CPC/15, vigora a regra do preparo imediato que significa que o mesmo deve ser feito
e comprovado no ato de interposição do recurso.

- Problemas relacionados ao preparo:

Há três tipos de problema que costumam surgir em relação a esse requisito de


admissibilidade:

a) falhas na comprovação do preparo (equívocos no preenchimento da guia de custas


ou defeito na cópia, p. ex.);

b) ausência de preparo;

c) preparo insuficiente.

OBS.: Em nenhum desses casos, autoriza-se a inadmissibilidade imediata do recurso.


Em todos os casos, deve o relator intimar o recorrente para que corrija o defeito, nos
termos da regra geral do art. 932, parágrafo único, CPC.

6. REGULARIDADE FORMAL
Para que o recurso seja conhecido, é fundamental que preencha determinados
requisitos formais que a lei exige; que observe "a forma segundo a qual o recurso deve
revestir-se". Refere-se ainda à dialeticidade recursal, que constitui a existência de
diálogo entre as partes quando da interposição do recurso.

Cada recurso tem seus requisitos formais específicos próprios.

Ex. Agravo de instrumento; RE e Resp (prequestionamento); RE (repercussão geral),


etc.

OBS. Existem alguns requisitos gerais, que valem para todos os recursos.

Ex.: Petição escrita (não existe recurso oral no CPC; assinatura na peça, etc.)

7. INEXISTÊNCIA DE FATO IMPEDITIVO OU EXTINTIVO DE RECORRER

Trata-se de um requisito negativo de admissibilidade, tratado nos arts 998, 999, 1000
do CPC/15.

FATO IMPEDITIVO: Desistência do recurso;

A desistência pressupõe recurso já interposto; se o recurso ainda não foi interposto, e o


interessado manifesta vontade de não o interpor, o caso é de renúncia. O recorrido não
precisa concordar com a desistência do recurso – independe, portanto, da anuência da
parte adversária.

FATO EXTINTIVO: Renuncia e aceitação da decisão.

A renúncia ao direito de recorrer é o ato pelo qual uma pessoa manifesta a vontade de
não interpor o recurso de que poderia valer-se contra determinada decisão (independe
da aceitação da outra parte);

A aceitação é o ato por que alguém manifesta a vontade de conformar-se com a decisão
proferida. Pode ser expressa ou tácita.

EFEITOS RECURSAIS

Qual o conceito de efeitos recursais?

Marcos Vinicius Rios Gonçalves (p.280) ensina que:

Por efeitos, entendem-se as consequências jurídicas que resultam, para o processo, da


interposição do recurso. Os dois efeitos tradicionais são o devolutivo, que todo recurso
tem, e o suspensivo.
Efeito Obstativo/ Impedimento ao trânsito em Julgado: obsta (impede) a preclusão e
formação da coisa julgada;

- Impede a preclusão e a formação de coisa julgada na pendência de prazo recursal ou


de julgamento de recurso;

- Não se admite uma execução definitiva enquanto pendente recurso de julgamento,


porque inexiste nesse caso o necessário trânsito em julgado a permitir a execução.

Efeito Devolutivo: devolve a questão ao Poder Judiciário.

O efeito devolutivo é da essência do recurso, e consiste na ‘devolução’ ao órgão ad


quem do conhecimento da matéria impugnada. A despeito de ser inerente a todos os
recursos, o efeito devolutivo pode variar de recurso para recurso, tanto na sua extensão
como na sua profundidade. No que tange à extensão, em regra, o recurso não devolve
ao tribunal o conhecimento de matéria estranha ao âmbito da decisão a quo. Na forma
do artigo 1.013 do Código de Processo Civil, somente é devolvido o conhecimento da
matéria impugnada (dimensão horizontal) Não obstante, os parágrafo 1º do artigo 1.013
excepcionam em algumas hipóteses a restrição imposta ao efeito devolutivo para
permitir que o órgão ad quem decida outras questões que não aquelas constantes da
decisão impugnada (dimensão vertical).

- O efeito devolutivo determina os limites horizontais do recurso, o que se pode decidir,


relaciona-se ao objeto litigioso do recurso (a questão principal). O efeito translativo, o
vertical, delimita o material com o qual o ad quem trabalhará para decidir a questão que
lhe foi submetida, relaciona-se ao objeto de conhecimento do recurso, às questões que
devem ser examinadas pelo órgão ad quem como fundamentos para a solução do objeto
litigioso recursal.
- O efeito devolutivo limita o efeito translativo, que é o seu aspecto vertical: o tribunal
poderá apreciar todas as questões que se relacionarem àquilo que foi impugnado – e
somente àquilo. O recorrente estabelece a extensão do recurso, mas não pode
estabelecer a sua profundidade.

Efeito Suspensivo: suspende, impede a eficácia decisão.

Quando dotado de efeito suspensivo, a interposição do recurso impede que a decisão


recorrida produza efeitos concretos, sejam eles executivos, declaratórios ou
constitutivos, e seja passível de execução até a decisão do recurso ou, se for o caso, o
último recurso ao qual se atribui efeito suspensivo.

A interposição do recurso prolonga o estado de ineficácia em que se encontrava a


decisão; com o recurso, os efeitos dessa decisão não se produzem.

OBS.: Art. 1.012. A apelação terá efeito suspensivo (efeito suspensivo ope legis)

Art. 995. Os recursos não impedem a eficácia da decisão, salvo disposição legal ou
decisão judicial em sentido diverso.

Parágrafo único. A eficácia da decisão recorrida poderá ser suspensa por decisão do
relator, se da imediata produção de seus efeitos houver risco de dano grave, de difícil
ou impossível reparação, e ficar demonstrada a probabilidade de provimento do recurso.
(efeito suspensivo ope judicis – dado por força de decisão judicial)

- Atenção: o efeito suspensivo não decorre da interposição do recurso, mas resulta da


mera recorribilidade do ato. Havendo recurso previsto em lei, dotado de efeito
suspensivo, para aquele tipo de ato judicial, esse, quando proferido, já é lançado aos
autos com sua executoriedade adiada ou suspensa, perdurando essa suspensão até,
pelo menos, o escoamento do prazo para interposição do recurso. Havendo recurso, a
suspensividade é confirmada, estendendo-se até seu julgamento pelo tribunal. Não
sendo interposto o recurso, opera-se o trânsito em julgado, passando-se, então, o ato
judicial a produzir efeitos e a conter executoriedade.
- Se a decisão contiver mais de um capítulo, é possível que o recurso tenha efeito
suspensivo em relação a um e não tenha em relação a outro.

BIBLIOGRAFIA UTILIZADA

Didier Jr, Fredie, Curso de Direito Processual Civil.

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