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FACULDADES INTEGRADAS DO NORTE DE MINAS - FUNORTE

GRADUAÇÃO EM DIREITO

RESENHA CRÍTICA - PROJETO INTEGRADOR


FILME: A VIDA DE DAVID GALE

ACADÊMICA: VIVIANY EVANGELISTA TEIXEIRA ALTINO DE OLIVEIRA

PERÍODO: 2° MATUTINO

MONTES CLAROS-MG

JUNHO DE 2019
VIVIANY EVANGELISTA TEIXEIRA ALTINO DE OLIVEIRA

Tema a ser abordado na construção da resenha: Qual a relação pode ser


estabelecida entre a violência, a pena de morte e o Estado Democrático
de Direito.

Trabalho Instituído á turma dos 2 º período


matutino, como critério parcial para avaliação e
apresentado da disciplina de Língua Portuguesa
do Curso de Graduação em Direito das
Faculdades Unidas do Norte de Minas -
FUNORTE, que tem como objetivo a posterior
correção.

Professora – Esp. Cássia Maria Aquino Suzart


Pinto.

MONTES CLAROS - MG

Junho de 2019
Resenha Critica (Filme) - A Vida de David Gale

A história da vida de David Gale é ambientada no Texas - uma escolha


um tanto óbvia, já que este é o estado norte-americano onde mais pessoas são
executadas. Apesar de muita gente envolvida na produção ser contra a pena
de morte, o filme não chega a ter uma plataforma, mas é um suspense sobre a
possibilidade de manipulação da justiça.

David Gale (Kevin Spacey) é um professor brilhante que trabalha na


Universidade do Texas e também um ativista contra a pena de morte. Até que,
após o assassino de uma colega de trabalho, Gale é injustamente acusado e
condenado à pena contra a qual ele tanto combate. O caso chama a atenção
de Elizabeth Bloom (Kate Winslet), uma jornalista que decide investigar a vida
de Gale e também o sistema judicial que o condenou à pena de morte; Mas
Gale acabou se envolvendo com uma jovem da faculdade que o acusou de
estupro. Como consequência disso foi preso e logo em seguida quando saiu da
cadeia e perdeu o emprego, a coisa que mais gostava de fazer.

Sua crença era que o sistema de pena de morte dos Estados Unidos era
falho. Logo em seguida, com a morte de sua amiga Constance, onde ele é
novamente preso, e condenado a pena de morte. Nesse ponto entram as
questões da ética e de sua moral, ele se vê na obrigação de mais uma vez, não
desistir de seus ideais e do que passou a vida batalhando. Ai que entra o seu
esforço e empenho para provar que as bases da legislação sobre a pena de
morte são falhas, ou seja, seu objetivo é questionar mais essa crença, por meio
de um conjunto de argumentos e fatos que a justifiquem. O que recai numa das
regras de Descartes, no livro, Discurso do Método, “Nunca acreditar coisa
alguma como verdadeira sem que a conheça evidentemente como tal”.

E foi por conhecê-la evidentemente que ele sabia que era falha, por isso
solicitou ao sistema novamente a repórter Bitsey Bloom para ajudá-lo a provar
isso, não por questões de fama ou coisa do tipo e provasse para o seu filho
quem foi o seu pai, e por isso conta com o apoio da repórter Bitsey entra na
parte da formulação linguística do problema do conhecimento, discutindo as
ideias por meio das sentenças/proposições que lhe eram passadas por Gale,
analisando os enunciados e embasando os seus argumentos de uma forma
lógica para se chegar à conclusão de que sua ideia era verdadeira e justificada.
Ela faz uso do conhecimento proposicional, que era passado por Gale, e do
seu conhecimento perceptivo, ou seja, ela faz de tudo para provar sua
reputação e descobre a trama e no final junta o quebra cabeça.

Todo o caso é foco de atenção para uma jornalista a qual decide


espontaneamente investigar o passado de Galé e questionar o sistema judicial
que o condenou. Á medida que ela vai aprofundando na investigação descobre
que ele é inocente e junto com o seu auxiliar motorista na investigação e,
mesmo depois de anunciarem a sua morte. Galé tem a determinação de em
provar o quanto o sistema judicial é falho e por isso mesmo condena inocentes
á pena de morte, sua busca obsessiva de argumentos e provas para libertar
um homem inocente, transforma-se em seu desejo de satisfação, neurose e
emprega todo o sacrifício, tempo, e a própria vida para alcança-lo. É importante
ressaltar a contribuição de Lacan e Freud quando eles apresentam e explicam
a similaridade das manifestações do desejo, entre eles destacamos: quando o
sujeito age em função da norma quer adquirir o bem-comum, é justamente o
objetivo da moça na busca da inocência daquele homem, salva guardar o bem-
comum não só dele, mas de tantos que foram condenados á morte e
demonstrar a deficiência de um poder judicial.

A repórter Bitsey Bloom (Kate Winslet) conseguiu três sessões de


entrevistas com o professor David Gale (Kevin Spacey), que está no corredor
da morte por ter estuprado e assassinado uma colega, Constance (Laura
Linney). A condenação do professor, que deve ser executado em uma semana,
esconde dentro dela uma ironia: Gale é um ativista da anti-pena de morte, e
Constance também era contra a pena de morte e fazia parte da mesma
militância.
Nas entrevistas, Gale conta sua vida a Bitsey: seu casamento fracassado,
os problemas com a bebida e o relacionamento com o filho. Ele também diz
que não matou Constance; o julgamento foi armado pelos defensores da pena
de morte, que gostariam de mostrar a incoerência daqueles que a condenam.
Bitsey se convence da inocência de Gale, e começa a investigar, com a ajuda
de um estagiário da revista onde trabalha. Mas o tempo corre contra eles, já
que a execução do professor está próxima, ele embarca nesse perigo de
investigação, onde acontecem várias situações de perigo e suspense, ela conta
com a ajuda do advogado de Gale no caso e nas provas descobertas.

A interpretação de sua ativista, Constance Harraway, é intensa, mostra


uma mulher que vive de fato a luta pela vida. A cada morte por execução nas
cadeias do Texas, Harraway se sensibiliza profundamente, como se perdesse
alguém muito próximo. O filme A Vida de David Gale é intensamente e
visivelmente marcado pela tentativa de se provar a validade de uma crença,
que David Gale, juntamente com Constance, sua amiga, lutou durante toda sua
vida para defendê-la. Tentativa que está atrelada ao problema do
conhecimento, ou mais especificamente, a sua validade e justificação, tendo
em vista que a trama gira em torno dos acontecimentos que envolvem essa
luta.

"A Vida de David Gale" é resumido em um roteiro tão bem trabalhado


que consegue enganar os espectadores, porém acaba pecando por deixar tudo
tão óbvio nos últimos minutos. Logo no início o filme é marcado por
questionamentos e diálogos rápidos, a história parece ser previsível - Um
professor exemplar que comete um bruto homicídio. É interessante como os
roteiristas trabalham o desenvolver da trama pra você pensar que se trata
apenas de descobrir quem é o culpado. Eles colocam David Gale no centro de
tudo e o assunto principal é posto timidamente em cada cena, dê percebível e
constante.

O diretor Alan Parker trabalha o protagonista de uma forma tão brilhante


que consegue calar todas as pistas, com sutileza ele esconde o tema central e
te ilude com sinais errados. Nos 45 minutos restantes as coisas começam a
ganhar forma, mas não de um jeito notável, pois Parker já te enganou no
"primeiro tempo" do jogo. Existe uma venda nos seus olhos com a seguinte
frase: A vida de David Gale. Não se trata da vida de Gale e sim de sua
ideologia. Claro que nada teria acontecido se não houvesse uma situação que
desencadeasse a perda total de amor à vida (as consequências do "estupro" e
as perdas), e é nessa situação que o protagonista vê uma chance, não de
mudar seu destino, mas de reescrever sua história.

"Se a vida te dá um limão, faça uma limonada". E foi assim que David
deixou de ser criminoso e se tornou herói. O filme tinha tudo pra ser uma obra
de arte do começo ao fim, todavia deixou a desejar no final quando duvidou da
inteligência do público. Não precisava deixar tão estampado o grande
responsável, a meu ver o filme acabaria com duas cenas: O advogado
entregando o dinheiro e o dinheiro sendo entregue ao seu destinatário. Pronto!
Já dava pra entender, quem realmente planejou tudo, mas acho que os
roteiristas duvidaram da nossa capacidade perceptiva, e preferiram entregar a
verdade bem mastigada.

. Ainda bem que vi a versão com cortes (a que não mostra as revistas
pornôs gay na cabana), assim descobri da minha maneira que o caubói tinha
uma paixão secreta por Gale, isso fica evidente quando ele assiste a um
musical onde uma cantora se "sacrifica”, simbolizando o mártir de David. Um
ponto interessante é quando o dinheiro é entregue com a seguinte mensagem-
"Não pode imaginar como me sinto mal. Berlin, a estudante que era capaz de
qualquer coisa". Um emocionante pedido de desculpas do protagonista pelo
erro cometido à sua esposa. Se o longa acabasse com a cena descrita
anteriormente, com certeza seria mais inteligente. Resumindo é um ótimo filme,
com um roteiro inquestionável (exceto o final).Kate Winslet que faz a Jornalista
"Bitsy" rouba a cena diversas vezes e a direção é exemplar. Com uma
mensagem de "lutar por aquilo em que se acredita" e um teor político forte, "A
vida de David Gale" entra para história como um filme completo e individual.

Nesse contexto podemos verificar sobre a temática a ser abordado e


qual a relação pode ser estabelecida entre a violência, a pena de morte e o
Estado Democrático de Direito. O presente artigo tem como escopo promover
uma breve reflexão sobre as discussões envolvendo a pena de morte,
notadamente enfatizando a problemática de sua aplicabilidade no sistema
penal brasileiro, considerando aspectos históricos, jurídicos e analógicos sem
deixar de lado o amparo dos Direitos Humanos.

A pena de morte é a mais antiga modalidade punitiva que se tem


registro e, com a evolução cultural dos povos, sua execução passou a ser vista
por muitos como absurda e arcaica; outros, entretanto, ainda a sustentam
como o mais eficiente meio de controle social. Embora pareça defasado, este
assunto jamais foi posto totalmente de lado; sempre que a sociedade se
depara com algum acontecimento atípico que abala a ordem preestabelecida,
algo que atente contra a vida, a moral e os costumes que a sustentam, que a
choque, o primeiro pensamento “justiceiro” que desponta deseja a morte do
dito meliante.

No nosso ordenamento jurídico brasileiro permite em casos muito


específicos como o Brasil onde tal penalidade consta na Constituição Federal,
alínea “a”, inciso XLVII, do artigo 5º, que, embora proíba expressamente a
pena de morte, abre uma exceção em caso de guerra declarada nos termos do
inciso XIX, do artigo 84, do mesmo diploma, in verbis: Art. 5º Todos são iguais
perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros
e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à
liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes:
(...)XLVII - não haverá penas: à) de morte, salvo em caso de guerra declarada,
nos termos do art. 84, XIX; (...)

Art. 84 Compete privativamente ao Presidente da República: É o valor, o


respeito dado a pessoa e reconhecendo como parte do todo em que vivemos; é
o preceito moral garantidor dos direitos as condições básicas de sobrevivência
como saúde, educação saneamento. Foi elevado a qualidade de princípio no
direito brasileiro, ou seja, de fundamento, fonte, para a elaboração das normas.
O Princípio da Dignidade da Pessoa Humana é expressamente enunciado no
inciso III, do artigo 1º, da Constituição Federal de 1988 - Art. 1º - A República
Federativa do Brasil, formada pela união indissolúvel dos Estados e Municípios
e do Distrito Federal, constitui-se em Estado Democrático de Direito e tem
como fundamentos: (...)II - a dignidade da pessoa humana. E analisando
constitucionalmente o artigo 60º - das causas pétreas.

A Lei de Execução Penal dispõe em seu artigo 1º que: “A execução


penal tem por objetivo efetivar as disposições de sentença ou decisão criminal
e proporcionar condições para a harmônica integração social do condenado e
do internado”. Interpretando livremente o disposto neste artigo, aferimos que a
execução penal, mais do que o efetivo cumprimento da pena, busca a
ressocialização do indivíduo, resultado esse que não tem sido bem alcançado.
Ressocializar é dar ao preso o suporte necessário para reintegrá-lo a
sociedade, é buscar compreender os motivos que o levaram a praticar tais
delitos, é dar a ele uma chance de mudar, de ter um futuro melhor
independente daquilo que aconteceu no passado. Reportagens e
documentários realizados dentro de penitenciárias e cadeias públicas mostram
a falta de higiene encontrada dentro das celas, corredores e até mesmo nas
cozinhas desses estabelecimentos. Nas celas o que se vê é um amontoado de
presos disputando um espaço, sendo obrigados a conviverem no meio de lixo,
insetos e esgotos abertos, sujeitos aos mais diferentes tipos de doenças Ao
direito à vida contrapõe-se a pena de morte.

Uma Constituição que assegure o direito à vida incidirá em irremediável


incoerência se admitir a pena de morte. É da tradição do Direito Constitucional
brasileiro vedá-la, admitida só no caso de guerra externa declarada, nos termos
do art. 84, XIX (art. 5º, XLVII, a), porque, aí, a Constituição tem que a
sobrevivência da nacionalidade é um valor mais importante do que a vida
individual de quem porventura venha a trair a pátria em momento cruciante. .

O Poder Constituinte de 88, mostrando-se sensível à Declaração


Universal dos Direitos dos Homens, considerou o valor da vida como Cláusula
Pétrea, o que torna impossível, juridicamente, qualquer emenda ou lei que
tente instituir a pena de morte. E em relação entre a pena de morte e a
ressocialização no direito Analisando o exposto até aqui, observamos uma
aparente incoerência. A pena de morte aplicada em casos de guerra leva em
consideração, mesmo que implicitamente e noutro contexto, muitos dos
critérios pelos quais era imposta nas idades anteriores da história: mentira,
traição, deslealdade, crimes contra a vida, ineficiência de outras penas.

Hoje percebemos o quanto esta realidade é bastante presente nas


pessoas, o quanto se empregam, se sacrificam, passam por tormentos,
sofrimentos, penúrias para não desvencilhar de seu desejo, sendo ele de qual
ordem for. Portanto a busca e identificação do sujeito com o desejo, ele não
têm proporção e limites até onde o ser humano pode chegar, mesmo que seja
para o bem ou para o mal, para o prazer ou para a dor, devemos sempre
buscar primeiro a Deus para sermos pessoas melhores a cada dia.

REFERÊNCIAS:

A Vida de David Gale. EUA. Universal Studios, 2003.!DVD

BECCARIA , Cesare, Dos Delitos de da Penas. SP: Martin Claret. 2007

GOULART. Henry, Violência Contemporâneas- Revista da Faculdade de SP –


V. 78, Jan/Dez 1983.

FIM.

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