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UNIVERSIDADE CIDADE DE SÃO PAULO - UNICID

PROGRAMA DE MESTRADO E DOUTORADO EM FISIOTERAPIA

ADANEUDA SILVA BRITTO

ALTERAÇÕES NEUROPLÁSTICAS INDUZIDAS PELO


APRENDIZADO DE HABILIDADE MOTORA COMPLEXA
EM RATOS

SÃO PAULO-SP

2018
II

ADANEUDA SILVA BRITTO

ALTERAÇÕES NEUROPLÁSTICAS INDUZIDAS PELO


APRENDIZADO DE HABILIDADE MOTORA COMPLEXA
EM RATOS

Dissertação de Mestrado apresentada


ao Programa de Mestrado e Doutorado da
Universidade Cidade de São Paulo, sob
orientação da Profª. Dra. Raquel Simoni
Pires como requisito para obtenção do
título de Mestre.

SÃO PAULO-SP

2018
III
IV

A Comissão Julgadora dos trabalhos de defesa de Mestrado, em sessão pública realizada


a......../........../........, considerou
( ) Aprovada ( ) Reprovada

Examinadora: ........................................................................................................
Drª Caroline Cristiano Real
Universidade de São Paulo

Examinadora: ........................................................................................................
Profª. Drª Sandra Regina Alouche
Universidade Cidade de São Paulo

Presidente:.............................................................................................................
Profª. Drª Raquel Simoni Pires
Universidade Cidade de São Paulo
V

Dedicatória

“Dedico todo o esforço que depositei

neste trabalho a minha avó, Regina

Pontes (in memorian), que foi

exemplo de caráter e dignidade”.


VI

AGRADECIMENTOS

Agradeço primeiramente à Deus pelo dom da vida, sabedoria

e pela sua presença constante guiando meus passos.

Aos meus pais e minha irmã, Adão, Erineuda e Adineuda,

pelo amor, confiança, apoio e incentivo nas horas difíceis em

tantos momentos de ausência que usei vocês como escudo, em

que depositei minhas frustrações, mas o amor sempre foi

maior.

Ao Flauserland, pela paciência, por ser fonte de amor e por

ter me ouvido e acolhido nos momentos de choro.

Ao Janairo, por não medir esforços pra me ajudar.

A minha orientadora Profª. Raquel pelos ensinamentos,

paciência, amizade durante todos esses anos, acolhimento

emocional e acima de tudo por sempre acreditar em mim e

na minha capacidade.

A todos os colegas do grupo de pesquisa Rafaela, Catharine,

em especial a Rita, pela parceria e amizade.

As professoras Sandra Alouche e Carol pelas sugestões e

companheirismo.

Ao Professor Britto, chefe do laboratório da USP, pelas

contribuições e a todos os colegas em especial ao Adilson.

A Sandra Ortiz e a todos do NUPEN, em especial a Márcia,

obrigada pelas contribuições e amizade.

MUITO OBRIGADA!
VII

DECLARAÇÃO DO COMITÊ DE ÉTICA


VIII

RESUMO

Curtos e longos períodos de treinamento acrobático induzem mudanças plásticas


em áreas envolvidas com o controle motor e melhora do desempenho motor. Entretanto,
até o momento esses períodos de treinamento não foram suficientes para demonstrar os
mecanismos plásticos envolvidos com mudanças relativamente permanentes no
comportamento ou capacidade de retenção e/ou de transferência que são indicadores do
aprendizado motor propriamente dito. Sendo assim, nosso objetivo foi avaliar a
expressão de proteínas sinápticas sinaptofisina (SYP) e sinapsina (SYS) e da proteína de
resposta de crescimento precoce 1 (Egr-1) no córtex pré-frontal (CPF), córtex motor
(Cx M), estriado (CPu), hipocampo (HP) e cerebelo (CB) após o treinamento acrobático
à longo prazo (8 semanas) com período de retenção, juntamente com o comportamento
motor. Para esse estudo foram utilizados 36 ratos divididos aleatoriamente em 3 grupos:
sedentário (SED, n=12), acrobático (AC, n=12) e acrobático retenção (ACR, n=12). Os
animais passaram pelo teste comportamental da trave elevada antes e após o
treinamento. O treinamento acrobático foi realizado 3x/semana, durante 8 semanas,
passando pelo circuito 5 vezes. O grupo ACR treinou o mesmo período e ficou 15 dias
sem a prática da atividade e logo após esse período foram expostos a mesma tarefa para
a aplicação do teste de retenção. As proteínas sinápticas, SYP e SYS, e a proteína Egr-1
foram avaliados pela técnica de imuno-histoquímica. O comportamento motor foi
analisado pelo desempenho na execução da tarefa ao longo do treinamento. Nossos
resultados revelaram que os grupos AC e ACR apresentaram melhora significativa do
desempenho motor (58% e 56%, respectivamente) ao longo do treinamento quando
comparado ao início, mas sem diferenças entre eles. No teste da trave elevada o grupo
ACR apresentou uma diminuição do tempo e aumento da distância comparado aos
dados iniciais. As proteínas sinápticas e o Egr-1 apresentaram aumento significativo da
imunorreatividade nos grupos AC e ACR em relação ao sedentário em todas as áreas
analisadas. Entretanto, quando comparado o ACR ao AC, o ACR promoveu aumento de
SYP no pré-limbico (PL) e no córtex motor secundário (Cx M2), aumento de SYS no
pré-limbico (PL), infra-límbico (IL), HP e diminuição no CPu, assim como o aumento
de núcleos Egr-1-positivos em todas as subáreas do CPF, no Cx M, no CPu, camada
granular do cerebelo e diminuição no HP. Em suma, o exercício acrobático a longo
IX

prazo com retenção promoveu melhora do desempenho e aprendizado motor, e


transferiu a melhora do desempenho da tarefa treinada para uma condição semelhante,
juntamente com as mudanças plásticas significativas nas áreas do sistema nervoso
envolvidas com mudanças permanentes no comportamento e com a retenção.

Palavras-Chave: Exercício Acrobático; Aprendizado motor; Longo período de


treinamento; retenção.
X

ABSTRACT

Short and long periods of acrobatic training induce plastic changes in areas
involved with motor control and performance motor improvement. However, to date
these training periods have not been sufficient to demonstrate the plastic mechanisms
involved with relatively permanent changes in retention and / or transfer behavior or
ability that are indicators of motor learning itself. Therefore, our purpose was to
evaluate the expression of synaptic proteins synaptophysin (SYP) and synapsin (SYS)
and the early growth response protein 1 (Egr-1) in the prefrontal cortex (CPF), motor
cortex (Cx M) , striated (CPu), hippocampus (HP) and cerebellum (CB) after long-term
of acrobatic training (8 weeks) with retention period, and motor behavior. For this
study, 36 rats were randomly divided into 3 groups: sedentary (SED, n = 12), acrobatic
(AC, n = 12) and acrobatic retention (ACR, n = 12). The animals were analyzed for the
raised beam test before and after training. The acrobatic training was performed
3x/ week, during 8 weeks, 5 trials. The ACR group trained the same period and spent
15 days without the practice of the activity and soon after this period were exposed the
same task for the application of the retention test. The synaptic proteins, SYP and SYS,
and Egr-1 protein were evaluated by immune histochemistry techniques. The motor
behavior was analyzed by the performance in the execution of the task throughout the
training. Our results revealed that the AC and ACR groups showed significant
improvement in motor performance (58% and 56%, respectively) throughout the
training when compared to the beginning, but with no differences between them. In the
elevated beam test, the ACR group showed a decrease in time and increased distance
compared to the initial data. Synaptic and Egr-1 protein showed a significant increase
of the immunoreactivity in the AC and ACR groups in relation to the sedentary in all
areas analyzed. However, when ACR was compared to AC, ACR promoted increase of
SYP in pre-limbic (PL) and secondary motor cortex (Cx M2), increase of SYS in
pre-limbic (PL), infra-limbic (IL), HP and decrease in CPu, as well as the increase of
Egr-1 positive nuclei in all sub-areas of CPF, Cx M, CPu, cerebellar granular layer and
decrease in HP. In short, long-term acrobatic exercise with retention promoted
improved performance and motor learning, and shifted the performance of the trained
XI

task to a similar condition, along with significant plastic changes in areas of the nervous
system involved with permanent changes in behavior and with retention.

Keywords: Acrobatic Exercise; Motor learning; Long-term training; Retention.


XII

LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Figura 1. Modelo proposto para os circuitos segregados em uma condição normal de


tarefas externamente guiadas e internamente guiadas.....................................................32
Figura 2. Esquema ilustrando as etapas do protocolo experimental............................... 37
Figura 3.Imagens digitais dos obstáculos que compõem o circuito de treinamento
acrobático........................................................................................................................ 38
Figura 4. Imagem do teste da trave elevada ................................................................... 39
Figura 5. Esquema ilustrando as estruturas encefálicas e respectivas áreas analisadas..42
Figura 6. Tempo médio gasto para realizar as tarefas motoras ao longo do treinamento
acrobático de ratos .......................................................................................................... 45
Figura 7. Tempo médio gasto para realização da tarefa motora na trave elevada nos
momentos pré e pós-treinamento dos animais estudados. .............................................. 46
Figura 8. Distância média percorrida pelos ratos nosmomentos pré e pós-treinamento
avaliado pelo teste da trave elevada. .............................................................................. 47
Figura 9. Média do número de quedas sofridas pelos ratos no pré e no pós-treinamento
avaliado pelo teste da trave elevada. .............................................................................. 48
Figura 10. Imagens digitais de cortes coronais ilustrando o padrão de marcação da
sinaptofisina (SYP) nas subáreas do córtex pré-frontal (CPF) dos grupos SED, AC e
ACR, juntamente com os gráficos da densidade óptica relativa. ................................... 50
Figura 11. Imagens digitais de cortes coronais ilustrando o padrão de marcação da
sinapsina I (SYS) nas subáreas do córtex pré-frontal (CPF) dos grupos SED, AC e
ACR), juntamente com os gráficos da densidade óptica relativa. .................................. 51
Figura 12. Imagens digitais de cortes coronais ilustrando o padrão de marcação das
células da proteína (Egr1+) nas subáreas do córtex pré-frontal (CPF) dos grupos SED,
AC e ACR, juntamente com os gráficos da densidade média de células ....................... 56
Figura 13. Imagens digitais de cortes coronais ilustrando o padrão de marcação da
sinaptofisina (SYP) no córtex motor primário (Cx M1) e córtex motor secundário
(Cx M2) dos grupos SED, AC e ACR, juntamente com os gráficos da densidade óptica
relativa... ......................................................................................................................... 58
Figura 14. Imagens digitais de cortes coronais ilustrando o padrão de marcação da
sinapsina I (SYS) no córtex motor primário (Cx M1) e córtex motor secundário
(Cx M2) dos grupos SED, AC e ACR, juntamente com os gráficos da densidade óptica
relativa. ........................................................................................................................... 55
Figura 15. Imagens digitais de cortes coronais ilustrando o padrão de marcação das
células da proteína (Egr1+) no córtex motor primário (Cx M1) e córtex motor
XIII

secundário (Cx M2) dos grupos SED, AC e ACR, juntamente com os gráficos da
densidade média de células............................................................................................. 56
Figura 16. Imagens digitais de cortes coronais ilustrando o padrão de marcação da
sinaptofisina (SYP) no estriado dorsomedial (CPu DM) e estriado dorsolateral
(CPu DL) dos grupos SED, AC e ACR, juntamente com os gráficos da densidade óptica
relativa. ........................................................................................................................... 58
Figura 17. Imagens digitais de cortes coronais ilustrando o padrão de marcação da
sinapsina I (SYS) no estriado dorsomedial (CPu DM) e estriado dorsolateral (CPu DL)
dos grupos SED, AC e ACR, juntamente com os gráficos da densidade óptica
relativa.............................................................................................................................59
Figura 18. Imagens digitais de cortes coronais ilustrando o padrão de marcação das
células da proteína (Egr1+) no estriado dorsomedial (CPu DM) e estriado dorsolateral
(CPu DL) dos grupos SED, AC e ACR, juntamente com os gráficos da densidade média
de células.........................................................................................................................60
Figura 19. Imagens digitais de cortes coronais ilustrando o padrão de marcação da
sinaptofisina (SYP) nas subáreas hipocampais (CA1 e CA2) dos grupos SED, AC e
ACR, juntamente com os gráficos da densidade óptica relativa.....................................62
Figura 20. Imagens digitais de cortes coronais ilustrando o padrão de marcação da
sinapsina I (SYS) nas subáreas hipocampais (CA1 e CA2) dos grupos SED, AC e ACR,
juntamente com os gráficos da densidade óptica relativa...............................................63
Figura 21. Imagens digitais de cortes coronais ilustrando o padrão de marcação das
células da proteína (Egr1+) nas subáreas hipocampais (CA1 e CA2) dos grupos SED,
AC e ACR, juntamente com os gráficos da densidade média de células........................64
Figura 22. Imagens digitais de cortes coronais ilustrando o padrão de marcação da
sinaptofisina (SYP) e sinapsina I (SYS) nas camadas molecular e de células de Purkinje;
e das células da proteína (Egr-1+) na camada granular do cerebelo dos grupos SED, AC
e ACR, juntamente com os gráficos da densidade óptica relativa e da densidade média
de células..............................................................................................................66
Tabela 1. Representação das mudanças significativas de SYP, SYS e Egr-1 nas áreas
encefálicas ...................................................................................................................... 67
XIV

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

- AC: exercício acrobático


- ACR: exercício acrobático com período de retenção
- AE: ambiente enriquecido

- AMPA: alfa-amino-3-hidroxi-metil-5-4-isoxazolpropiónico

- AMS: área motora suplementar

- BDNF: fator neurotrófico derivado do encéfalo

- CA: região cingulado anterior do CPF

- CB: cerebelo

- CG: camada granular do cerebelo

- CM: camada molecular do cerebelo

- CPF: córtex pré-frontal

- CPu: estriado

- Cx M: córtex motor

- Cx M1: córtex motor primário

- Cx M2: córtex motor secundário

- DL: região dorsolateral do estriado


- DM: região dorsomedial do estriado
- EE: exercício em esteira
- EG: tarefas externamente guiadas

- Egr-1: proteína de resposta de crescimento precoce 1

- EV: exercício voluntário

- GD: giro dentado

- HP: hipocampo

- IEGs: genes de ativação imediata

- IG: tarefas internamente guiadas


XV

- IL: região infra-límbico do CPF

- LTD: depressão de longo prazo

- LTP: pontenciação em longo prazo

- MAP2: proteína associada ao microtúbulo2

- NMDA: N-metil- D-aspartato

- PL: região pré-límbico do CPF

- SED: sedentário

- SNC: sistema nervoso central

- SYP: sinaptofisina
- SYS: sinapsina-1
XVI

SUMÁRIO

RESUMO .....................................................................................................................VIII

ABSTRACT .....................................................................................................................X

LISTA DE ILUSTRAÇÕES ......................................................................................... XII

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS ................................................................... XII

1. INTRODUÇÃO .......................................................................................................... 18

2. REVISÃO DA LITERATURA .................................................................................. 20

2.1 Neuroplasticidade e Exercício Acrobático............................................................ 20

2.2 Marcadores de plasticidade ................................................................................... 22

2.3 Aprendizagem Motora .......................................................................................... 23

2.3.1 Aquisição de Habilidades Motoras ................................................................ 25

2.3.2 Retenção de Habilidades Motoras .................................................................. 26

2.4 Neuroanatomia Funcional ..................................................................................... 28

3. JUSTIFICATIVA ....................................................................................................... 34

4. OBJETIVOS ............................................................................................................... 35

4.1 Objetivo Geral ....................................................................................................... 35

4.2 Objetivos Específicos ........................................................................................... 35

5. MATERIAIS E MÉTODOS....................................................................................... 36

5.1 Animais ................................................................................................................. 36

5.2 Desenho do Estudo ............................................................................................... 36

5.3 Protocolo do Exercício Acrobático ....................................................................... 37

5.4 Análise do Comportamento Motor ....................................................................... 38

5.4.1 Desempenho Motor dos Animais no Exercício Acrobático ........................... 38

5.4.2 Comportamento Motor no Teste da Trave Elevada ....................................... 39

5.5 Método de Análise da Expressão das Proteínas .................................................... 39


XVII

5.5.1 Protocolo de Imuno-histoquímica .................................................................. 40

5.6 Análise Estatística ................................................................................................. 43

6. RESULTADOS .......................................................................................................... 44

6.1 Desempenho Acrobático ....................................................................................... 44

6.2 Teste da Trave Elevada ......................................................................................... 45

6.3 Expressão das Proteínas Sinápticas e do Egr-1..................................................... 48

6.3.1 Córtex Pré-Frontal – Cingulado Anterior, Pré-limbico e Infralímbico .......... 48

6.3.2 Córtex Motor – Primário e Secundário .......................................................... 53

6.3.3 Estriado – Dorsomedial e Dorsolateral .......................................................... 57

6.3.4 Hipocampo – CA1 e CA2 .............................................................................. 61

6.3.5 Cerebelo ......................................................................................................... 65

7. DISCUSSÃO .............................................................................................................. 68

7.1 Comportamento Motor ......................................................................................... 68

7.2 Efeito do Treinamento nas Regiões Motoras ........................................................ 70

7.2.1 Córtex Pré-Frontal .......................................................................................... 71

7.2.2 Córtex Motor .................................................................................................. 72

7.2.3 Estriado........................................................................................................... 73

7.2.4 Hipocampo ..................................................................................................... 74

7.2.5 Cerebelo ......................................................................................................... 76

8. CONCLUSÃO ............................................................................................................ 78

9. LIMITAÇÃO DO ESTUDO ...................................................................................... 79

10. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ..................................................................... 80


18

1. INTRODUÇÃO

A aprendizagem de habilidades motoras é um processo essencial para nossa


vida, pois a todo o momento somos desafiados a aprender diferentes habilidades. As
habilidades motoras são aprendidas ao longo de várias sessões de treinamento até que o
desempenho atinja níveis quase assintomáticos (Doyon e Ungerleider, 2002; Doyon,
2005). Os métodos mais comuns de avaliação do aprendizado são por meio de um teste
de retenção e/ou por testes de transferência (Magiil, 1984; Willis, 1981; Krakauer,
2006; Wilkinson, 2016). Os testes de retenção envolvem a avaliação do desempenho
das habilidades do mesmo jeito que foi praticada após um determinado intervalo sem
nenhuma prática (Magill, 2007). Enquanto o teste de transferência utiliza a influência da
experiência anterior no desempenho de uma habilidade num novo contexto ou na
aprendizagem de uma nova habilidade (Magiil,1984). A prática do exercício é um dos
principais fatores envolvidos com a aquisição eficiente (Kantak e Weinstein, 2012;
Robertson, 2009; Schmidt, 1992) e traz inúmeros benéficos ao SNC, tanto em humanos
como em animais, sendo capaz de aumentar a plasticidade e a saúde cerebral gerando
um efeito neuroprotetor (Cotman e Berchtold, 2002; Kolb e Whishaw, 1998; Mattson,
2000), ativa cascatas moleculares e celulares responsáveis pelo suporte e manutenção da
plasticidade cerebral (Cotman e Berchtold, 2002), gera impacto positivo sobre aspectos
cognitivos, emocionais e do comportamento (Markham e Greenough, 2004).

Vários estudos têm demonstrado que a prática dos exercícios requer a síntese de
proteínas e é provável que estas proteínas sintetizadas durante a prática estejam
envolvidas com a plasticidade (Brockett, 2015; Ferreira et a.l,2011; Real et a.l, 2015).
As mudanças plásticas desencadeadas pelo exercício envolvem alterações em várias
proteínas tais como: neurofilamentos (NF) (Garcia et al.,2012), proteína associada ao
microtúbulo 2 (MAP2) (Derksen et al., 2007), aumento de fator neurotrófico derivado
do encéfalo (BDNF) e seu receptor (Klintsova et al., 2004), proteínas de vesículas
sinápticas como a sinapsina I (SYS) (Ying et al., 2005; Molteni et al.,2004; Vaynman et
al., 2004) e sinaptofisina (SYP) que estão envolvidos na formação de vesículas, eficácia
da liberação de neurotransmissores, bem como da proteína de resposta de crescimento
precoce (Egr-1) que contribui para modificações estruturais e funcionais das sinapses
(Wang et al.,2014; Davis et al., 2003).
19

Diferentes tipos de exercícios demonstraram mudanças plásticas em áreas


encefálicas distintas (Garcia et al., 2012; Holschneider et al., 2007; Lewis et al., 2007).
O exercício em esteira (EE) induziu mudanças nas proteínas estruturais no córtex motor
(Cx M), estriado dorsolateral (CPu DL) e cerebelo (CB), enquanto o exercício
acrobático (AC) que é uma atividade motora complexa, promoveu alterações na
expressão de proteínas sinápticas e estruturais, principalmente no Cx M e estriado
dorsomedial (CPu DM) (Garcia et al., 2012). Outro estudo mostrou aumento de Egr-1
no Cx M, hipocampo (HP) e no estriado de ratos expostos a um ambiente enriquecido
(Shum et al., 2007). Outro aspecto importante é o efeito de diferentes períodos de
treinamento sobre a reorganização plástica do SNC e do comportamento motor. Um
curto período de AC promoveu aumento da expressão de SYP no Cx M, porém não
mudou MAP2, independentemente da dificuldade e duração do treinamento (Derksen et
al., 2007). Já outro estudo revelou que o AC à curto prazo induziu aumento significativo
de proteínas estruturais no CPu e CB, juntamente com a diminuição de proteínas
sinápticas no Cx M e aumento significativo de células Egr-1+ no Cx M, CPu e CB; e
em longo prazo, houve aumento significativo de MAP2 no Cx M, SYP no CPu e de
células Egr-1+ no Cx M (Salame et al., 2016). Uma recente revisão mostrou que o AC
promove mudanças plásticas nas áreas encefálicas de ratos e tais mudanças são
dependentes da freqüência e duração do treinamento (Gutierrez et al., 2018). Mostrando
que tanto o tipo de exercício, quanto a duração do treinamento, interfere nas respostas
da expressão de proteínas em áreas encefálicas envolvidas com aprendizagem motora.

Curtos e longos períodos de treinamento acrobático induzem mudanças plásticas


em áreas envolvidas com o controle motor e melhora do desempenho motor. Entretanto,
até o momento esses períodos de treinamento não foram suficientes para demonstrar os
mecanismos plásticos envolvidos com mudanças relativamente permanentes no
comportamento ou capacidade de retenção e/ou de transferência que são indicadores do
aprendizado motor propriamente dito. Sendo assim, nosso objetivo foi avaliar a
expressão de proteínas sinápticas sinaptofisina (SYP) e sinapsina (SYS) e da proteína de
resposta de crescimento precoce 1 (Egr-1) no córtex pré-frontal (CPF), córtex motor
(Cx M), estriado (CPu), hipocampo (HP) e cerebelo (CB) após o treinamento acrobático
à longo prazo (8 semanas) com período de retenção, juntamente com o comportamento
motor.
20

2. REVISÃO DA LITERATURA

2.1 Neuroplasticidade e Exercício Acrobático

Por muito tempo, acreditou-se que o sistema nervoso central (SNC), não poderia
ser modificado após seu desenvolvimento, e que lesões neste seriam permanentes. Hoje
sabemos da sua capacidade de modificar sua organização morfofuncional e da grande
adaptabilidade em função de suas experiências ou como tentativa de regeneração em
resposta ao ambiente circundante (Stein,1995; Rosenzweig e Bennett, 1996; Mora et al.,
2007; Barouki et al., 2012). Dependendo das características do meio e do estilo de vida,
as alterações plásticas podem ser reforçadas ou degradadas (Adkins et al., 2006), e
estasalterações podem ser responsáveis pela aprendizagem motora, memória e
plasticidade do SNC (Arida et al., 2011).

Inúmeros estudos em animais e humanos têm mostrado que o exercício não


exerce influência apenas sobre o bem estar físico, mas também sobre o mental, sendo
capaz de aumentar a plasticidade e a saúde cerebral gerando um efeito neuroprotetor
(Kolb e Whishaw, 1998; Mattson, 2000; Cotman e Berchtold, 2002). O exercício físico
é um comportamento relativamente simples e muito praticado pelos humanos, capaz de
ativar cascatas moleculares e celulares responsáveis pelo suporte e manutenção da
plasticidade cerebral (Cotman e Berchtold, 2002), gerando também um impacto positivo
sobre aspectos cognitivos, emocionais e do comportamento (Markham e Greenough,
2004).

O exercício é uma ferramenta bastante utilizada na prática do fisioterapeuta,


sendo assim, conhecer seus mecanismos e processos envolvidos na aquisição e fatores
que afetam sua aprendizagem é de fundamental importância, podendo contribuir para a
construção de estratégias de tratamento.

Nosso grupo demonstrou quediferentes tipos de exercícios demonstraram


mudanças plásticas em áreas encefálicas distintas após quatro semanas de treinamento.
O exercício em esteira (EE) induz preferencialmente mudanças nas proteínas estruturais
no córtexmotor,estriadodorsolateral e cerebelo, enquanto o exercício acrobático (AC)
promove alterações na expressão de proteínas sinápticas e estruturais, principalmente no
21

córtex motor e estriadodorsomedial. O exercício acrobático (AC) consiste no


treinamento de novas habilidades motoras utilizando uma seqüência de tarefas
destinadas a incentivar a resolução de problemas e coordenação, onde o animal é
colocado em um circuito com obstáculos estimulando o animal a planejar o movimento
que será executado (Kleim et al., 2007), enquanto o EE consiste num treinamento
rítmico e automatizado. Dessa forma, os autores sugerem que as mudanças no circuito
estriado dorsomedial e córtex motor poderiam estar relacionadas ao processo de
aprendizado de tarefas motoras complexas, e as alterações no circuito cerebelo e córtex
motor com as tarefas automáticas (Garcia et al., 2012).
As mudanças plásticas desencadeadas pelo AC envolvem alterações em
proteínas neuronais como a proteína associada ao microtúbulo 2 (MAP2) e sinaptofisina
(Derksen et al., 2007), aumento de fator neurotrófico derivado do encéfalo (BDNF) e
seu receptor (Klintsova et al., 2004) promovendo a sinaptogênese em regiões do
cerebelo e córtex motor além de alterações comportamentais, como redução do tempo
de realização das tarefas motoras, indicando um aumento substancial na aquisição de
habilidades motoras (Kleim et al., 2002). Além disso, mesmo após lesão no córtex
sensório motor ou após hemorragia intracerebral, o AC induziu sinaptogênese no córtex
motor (Jones et al., 1999) e plasticidade cerebral demonstrado pelo aumento do gene de
expressão precoce FosB no córtex motor e a proteína de densidade pós-sináptica 95
(PSD95) no córtex motor e estriado (Tamakoshi et al., 2014), juntamente com a
coordenação motora em ratos.

Outro aspecto importante que vem sendo estudado é o efeito de diferentes


períodos de treinamento sobre a reorganização plástica do SNC e do comportamento
motor. Um curto período de AC promoveu aumento da expressão de SYP no córtex
motor, porém não mudou MAP2, independentemente da dificuldade e duração do
treinamento (Derksen et al., 2007). Já em estudo recente de Salame e colaboradores
(2016) utilizando ratos adultos submetidos a diferentes períodos de treinamento revelou
que o exercício acrobático à curto prazo (uma e duas semanas, AC1 e AC2
respectivamente) induziu aumento significativo de proteínas estruturais no estriado e
cerebelo, juntamente com a diminuição de proteínas sinápticas no córtex motor e
aumento significativo de células Egr1-positivas no córtex motor, estriado (dorsomedial)
e cerebelo. A longo prazo (quatro semanas - AC4), houve aumento significativo de
22

MAP2 no córtex motor , SYP no estriado e de células Egr1-positivas no córtex motor


retornando a níveis basais no estriado e cerebelo, sugerindo que os diferentes tempos de
treinamento modulam proteínas sinápticas e estruturais e da proteína Egr-1 de forma
distinta nas áreas encefálicas desempenhando um importante papel na plasticidade
tempo de prática-dependente em regiões motoras.

1.1 Marcadores de plasticidade

Durante o processo de aprendizagem, há modificações nas estruturas e


funcionamento das células neurais e de suas conexões, ou seja, o aprendizado promove
modificações plásticas (Kleim et al., 2007; Dayan e Cohen , 2011). Vários estudos têm
demonstrado que a prática dos exercícios requer a síntese de proteínas e é provável que
estas proteínas sintetizadas durante a prática do exercício estejam envolvidas com a
plasticidade (Ferreira et al., 2011; Brockett et al., 2015; Real et al., 2015).

No contexto da plasticidade algumas ferramentas são frequentemente usadas


para a verificação e avaliação de possíveis alterações plásticas. A seguir faremos uma
breve descrição dos marcadores de plasticidade que serão estudados neste trabalho.

As sinapsinas (SYS) são uma família de 4fosfoproteínas (sinapsina I-Ia e Ib,


sinapsina II- IIa e IIb) expressas principalmente em neurônios, envolvidas no
ancoramento e liberação de vesículas sinápticas, que medeia a transmissão sináptica.
Acredita-se que a proteína sinapsina I, a mais abundante de todas as fosfoproteínas
neuronais, é mediadora de interações de vesículas sinápticas com o citoesqueleto. Esta
proteína está envolvida com a regulação da formação de sinapses em vários estágios do
desenvolvimento neuronal, regulando a maturação estrutural e funcional das sinapses,
exercendo papel importante na organização da estrutura do terminal nervoso (Fornasiero
et al., 2010).

A sinaptofisina (SYP) é uma glicoproteína associada a vesículas que é


fosforilada em tirosina, responsável pela biogênese e ancoramento das vesículas
sinápticas no terminal sináptico e resgate dessas vesículas por endocitose sendo
importante para uma neurotransmissão rápida e eficiente (Vaynman et al., 2006).O
aumento na imunorreatividade da SYP parece refletir um aumento dos terminais pré-
sinápticos(importante para a biogênese das vesículas sinápticas e endocitose) ou
23

formação de novos terminais nervosos, podendo ser considerado marcador de densidade


sináptica (Daly et al., 2000; Tartaglia et al., 2001). Tanto a SYS quanto a SYP são
proteínas de vesículas sinápticas envolvidas na formação de vesículas, eficácia da
liberação de neurotransmissores e manutenção de mudanças plásticas no sistema
nervoso (Ding et al., 2002; Marin et al., 2003; Lambert et al., 2005).

Outro marcador importante para o processo de aprendizagem é o Egr-1 (proteína


de resposta ao crescimento precoce 1) que é membro de uma família Egr, caracterizada
pela presença de três proteínas zinc-fingers e outras proteínas DNA-ligantes, que juntas
participam da regulação da expressão de genes alvo, importantes para os efeitos a longo
prazo no crescimento e diferenciação celular. Ele é induzido em neurônios após
estimulação extracelular por substâncias tróficas e neurotransmissoras, dentre eles o
glutamato, bem como seus agonistas específicos, que ativam diversas classes de
receptores glutamatérgicos, como kainato, N-metil- D-aspartato (NMDA) e alfa-amino-
3-hidroxi-metil-5-4-isoxazolpropiónico (AMPA) (O'donovan et al., 1999).

O estudo de Beckmann e colaboradores (1997) destacou o aumento da atividade


do Egr-1 no córtex cerebral e hipocampo de ratos após a administração de NMDA e
kainato, sugerindo que a interação de Egr-1 com os receptores de glutamato dependem
da região do sistema nervoso central observado. Devido a essa interação, deve-se
considerar um importante papel funcional deste gene no contexto da plasticidade e do
aprendizado, sugerindo-se uma importante relação do gene Egr-1 com a LTP
(potenciação de longo prazo) e aprendizado. Além disso, outro estudo mostrou aumento
de Egr-1 no córtex motor, hipocampo e no estriado de ratos expostos a um ambiente
enriquecido, reforçando a idéia que cada tipo de exercício promove uma resposta
diferente em regiões do cérebro (Shum et al., 2007).

1.2 Aprendizagem Motora

A aprendizagem motora é uma das subáreas do Comportamento Motor


responsável pelo estudo dos processos e mecanismos envolvidos na aquisição de
habilidades motoras e os fatores que a influenciam (Tani, 2005). Esta subárea verifica as
mudanças e o produto do processo da interação entre a aquisição de conhecimentos e
habilidades (Cahill et al., 2001).
24

Shumway-Cook e colaboradores (2003) descreveram as primeiras definições da


aprendizagem motora como uma série de ações motoras aliadas a prática ou a
experiência e, sugerem que mudanças em curto prazo das ações motoras não são
consideradas aprendizagem. Kantak e Winstein (2012) propõem a definição de
aprendizagem como um processo relativamente permanente. Já, Soderstrom e Bjork
(2015) ampliam a definição de aprendizagem motora para mudanças relativamente
permanentes no comportamento ou a resposta após longo período de retenção e com
capacidade de ser transferido.
Para que a aprendizagem aconteça, a prática (repetição) parece ser consenso
comum entre autores da área como um dos principais fatores envolvidos com a
aquisição eficiente de habilidades motoras (Shimidt, 1992; Robertson, 2009; Kantak e
Winstein, 2012), contudo, não é o suficiente, necessitando da interação de instruções,
prática sistemática e feedback (Pellegrini, 2000).
O processo de aprendizagem engloba modificações nas estruturas e
funcionamento das células neurais e de suas conexões, tais como: crescimento de novos
botões sinápticos e de espículas dendríticas (Kleim et al., 1997), mudanças de
conformação de proteínas receptoras, incremento de neurotransmissores (Arnstein,
1997) e do fator neurotrófico derivado do encéfalo (BDNF). O BDNF tem se mostrado
essencial na diferenciação celular, sobrevivência neuronal, migração, arborização
dendrítica, sinaptogênese e plasticidade sináptica, agindo através dos receptores
tirosinaquinase B (TrkB). Sendo assim, a interação do BDNF e seu receptor podem
promover aumento de sobrevivência de neurônios e resistência a lesões, promovem
vascularização cerebral, estimulam neurogênese, aumentam o aprendizado e contribuem
para a manutenção da função cognitiva (Cotman e Berchtold, 2002; Markham e
Greenough, 2004; Brockett et al., 2015).

Outra consideração pertinente acerca da aprendizagem motora é a dicotomia


entre aprendizagem e desempenho. A princípio, as alterações no desempenho
resultantes da prática eram reflexos de mudanças na aprendizagem (Shumway-Cook et
al.,2003). Entretanto, essas melhorias não eram retidas. Desta forma, a aquisição,
juntamente com retenção e transferência são fatores necessários para a aprendizagem,
enquanto, o desempenho motor passou a ser considerado como uma mudança
temporária do comportamento motor (resposta que é observada e mensurada durante ou
25

logo após um treinamento ou instrução) (Cahill et al., 2001; Shumway-Cook et al.,


2003; Lent, 2001).

1.2.1 Aquisição de Habilidades Motoras

Desde o nascimento até a velhice somos desafiados a aprender diferentes


habilidades. Ou seja, passamos por grandes transformações quanto ao repertório motor.
Estas transformações incidem no número, na complexidade e na qualidade do
desempenho (Kantak e Winstein, 2012).

As habilidades motoras são aprendidas ao longo de várias sessões de


treinamento até que o desempenho atinja níveis quase assintomáticos. Através de
experimentos foi observado que a aquisição de habilidades se desenvolve inicialmente
mais rápido e depois mais lentamente, quando novos ganhos se desenvolvem
gradualmente ao longo de várias sessões de prática (Doyon e Ungerleider, 2002; Doyon
J, 2005).
Dayan e Cohen (2011) dividem a aprendizagem de habilidades motoras em
duas fases ou estágios.A primeira delas é denominada aprendizado rápido onde
normalmente as melhorias significativas podem ser vistas dentro de uma única sessão
de treinamento. Já a segunda fase é a aprendizagem lenta onde os ganhossão
conseguidos através de várias sessões de prática e geralmente quantitativamente
menores e com um ritmo mais lento. Essas duas fases são também chamadas de
aquisição e consolidação, respectivamente.
A aquisição corresponde ao momento em que as informações são detectadas
pelos sistemas sensoriais, ocorrendo uma seleção das informações que são mais
significantes. A consolidação das informações adquiridas é a etapa seguinte. Nela as
informações recém-adquiridas tornam-se estáveis por meio de processos que envolvem
síntese protéica e modificações sinápticas, sendo caracterizada por uma estabilização ou
lentificação no ganho do desempenho motor. E ainda, Kantak e Winstein (2012) em sua
revisão define a aquisição como alterações do desempenho e a consolidação como o
intervalo de retenção importante para a consolidação da memória motora.
Como todo processo biológico, o aprendizado também tem um produto que
denominamos memória. De acordo com Izquierdo I (2011) a memória pode ser
classificada pela característica temporal em curta e longa duração. Quando as
26

informações são mantidas por um período curto (minutos até algumas horas) são
denominadas memórias de curta duração e quando a disponibilização da informação é
maior (semanas, meses ou anos) são chamadas memórias de longa duração.

1.3.2. Retenção de Habilidades Motoras

É comum inferirmos a aprendizagem a partir da persistência do desempenho. As


maneiras mais comuns de avaliá-la são por meio da aplicação de um teste de retenção e
por testes de transferência motora (Salmoni et al., 1984; Schmidt, 2005). Os testes de
retenção envolvem a avaliação do desempenho das habilidades do mesmo jeito que foi
praticada após um determinado intervalo de tempo sem prática (Schmidt, 2005; Kantak
e Winstein, 2012). Sua finalidade é avaliar o grau de permanência ou persistência do
nível de desempenho atingido durante a prática, depois de certo período sem nenhuma
prática (Magill, 2007).

O tempo de intervalo real entre o fim da prática e o teste é arbitrário entre os


estudos e depende da escolha dos experimentadores. Dependendo da duração do
intervalo de retenção, os testes podem ser categorizados em imediatos e tardios. O
intervalo de retenção para testes imediatos varia de 10 segundos à uma hora; já o teste
tardio é realizado 24 horas ou mais seguido à prática (Kantak e Winstein, 2012). Porém
vários estudos fornecem evidências de que a avaliação do desempenho imediatamente
após a prática não pode ser um indicador preciso da aprendizagem (Muellbacher et al.,
2002; Walkere Stickgold, 2004; Robertson, 2009; Tanaka et al., 2010; Kantak et al.,
2010; Kantak e Winstein, 2012).
O teste de retenção imediato muitas vezes não é preditivo para o desempenho,
pois a representação da memória sofre consolidação durante o tempo entre a fase de
retenção imediata e tardia. Muitas vezes, a retenção imediata é avaliada 5-20 minutos
após à prática. Portanto desempenho na fase de avaliação imediata pode refletir a força
de representação da memória antes da fase de consolidação ocorrer (Robertson, 2009).
Apesar de não existir consenso sobre o melhor momento para administrar um teste de
retenção tardio, é utilizada uma avaliação da retenção após 24 horas que parece ser mais
pragmática para fins experimentais e satisfaz os critérios de uma compreensão da
consolidação (Tanaka et al., 2010; Kantak et al., 2010).
27

Kantak e Winstein (2012) investigaram o efeito de diferentes condições da


prática inferidas em testes de retenção imediatos ou tardios e mostraram que em 63%
(n=26/41) dos estudos, o desempenho nos testes de retenção imediata não foi um bom
preditor de mudanças relativamente permanentes que caracterizam a aprendizagem
motora, pois os resultados das condições de prática/feedback sobre o desempenho foram
diferentes. Logo, os resultados desta revisão enfatizam ainda mais que o desempenho
deve ser avaliado em testes de retenção tardios, pois estes provavelmente refletem a
eficácia de todos os processos de memória motora, em vez da retenção imediata.
A outra maneira de avaliarmos o aprendizado é através dos testes de
transferência que são utilizados para verificar o quão consistente é o desempenho motor
frente a perturbações da tarefa ou ambiente com exigência motora semelhante ou muito
diferente da tarefa treinada (teste de transferência próximo ou distante, respectivamente)
(Wilkinson,2016). Eles envolvem alguma situação nova, de modo que o indivíduo
precisa adaptar a habilidade que esteve praticando as características dessa nova situação,
ou seja, experiências anteriores em certas habilidades motoras levam a vantagem na
rapidez com que se aprende uma nova tarefa semelhante (Magill, 1984). Segundo
Magill (1984) transferência de aprendizagem é a influência da experiência anterior no
desempenho de uma habilidade num novo contexto ou na aprendizagem de uma nova
habilidade. Teixeira (1992) entende como a influência da aprendizagem de uma
habilidade motora sobre o desempenho ou aprendizagem de outra habilidade. Schmidt e
Young (1987) definem como o ganho (ou perda) na capacidade de responder na
transferência ou na tarefa critério como uma função da prática ou experiência na tarefa
treinada, e o efeito que a aprendizagem prévia de uma determinada tarefa exerce sobre a
aprendizagem ou desempenho em outra tarefa num momento posterior.
Mas nem toda transferência é positiva. Dessa maneira (Schmidt, 2010; Magill,
2000) a influência exercida pela experiência na habilidade pode ser positiva, negativa
ou nula. A transferência positiva ocorre quando a experiência anterior favorece a
aprendizagem de uma nova habilidade. Um estudo realizado em meninas de 12 a 14
anos com o propósito de investigar a influência que a aprendizagem do saque do
voleibol exerce sobre o desempenho do saque do tênis, em meninas entre 12 e 14 anos
dividiu as alunas em dois grupos: o grupo experimental (GE) e o grupo controle (GC).
Para o primeiro, foram ministradas aulas sobre o saque do voleibol, enquanto que o
segundo não foi submetido a esse tratamento. Os resultados obtidos permitiram supor
28

que o grupo experimental obteve um desempenho melhor na execução do saque do


tênis, apresentando médias superiores do que o grupo controle, que não havia realizado
a aprendizagem. Portanto, o efeito de transferência encontrado neste estudo foi, em
geral, positivo (Maia et al., 2007). A transferência negativa ocorre quando a experiência
anterior de uma habilidade interfere negativamente com aprendizagem de uma nova
habilidade. Por exemplo: você trocou de carro e no câmbio a posição da ré é outra.
Muitas vezes você ao engatar a ré, irá para a posição da mesma no carro antigo. Já a
transferência nula é quando a experiência com uma habilidade anterior não tem efeito
ou influência na aprendizagem de uma nova habilidade. Um estudo realizado com 7
indivíduos com habilidades motoras musicais em violão e 7 indivíduos com habilidades
motoras musicais em bateria com o objetivo verificar se uma habilidade motora para um
determinado instrumento musical pode ser transferida a outros instrumentos musicais.A
tarefa consistia em executar uma seqüência musical rítmica de quinze segundos de
duração. O grupo de violonistas deveria executar a tarefa na bateria, e o grupo de
bateristas, no violão, por três vezes consecutivas. Os resultados do estudo mostraram
que não houve diferenças significantes entre os grupos na realização da tarefa. Portanto,
o efeito de transferência encontrado neste estudo foi, em geral, nulo (Camargo, 2010).
O teste de transferência utilizado no nosso estudo foi o teste da trave elevada,
este teste foi utilizado originalmente para avaliar déficits motores em ratos idosos e
mostrou igualmente eficiente para avaliar a coordenação motora e equilíbrio em animais
jovens lesionados e geneticamente modificados. Neste teste o animal é colocado na
trave a fim de avaliar a capacidade de manter o equilíbrio ao atravessar a trave que vai
se estreitando até atingir uma plataforma segura, e registram-se medidas como o tempo
para atravessar a trave, distância percorrida, bem como o número de quedas (Brooks e
Dunnett, 2009).

1.3 Neuroanatomia Funcional

As áreas descritas a seguir estão envolvidas no processamento da informação


sensorial, planejamento e execução dos comandos motores, no processo de
aprendizagem, no controle motor e sofrem influência direta dos efeitos do exercício
físico, entre outras. Ou seja, áreas envolvidas nos processos descritos anteriormente.
29

O córtex pré-frontal (CPF) recebe aferências de áreas corticais, incluindo


amígdala, tálamo e hipotálamo, e é responsável pela tomada de decisão, planejamento
motor e modulação do comportamento motor. É dividido em cinguladoanterior (CA),
pré-límbico (PL) e infra-límbico (IL) (Vertes, 2006). Além disso, participa do
planejamento de uma nova habilidade ou uma tarefa guiada internamente (Rosenberg-
Katz et al., 2012). As funções do CPF no processamento de memórias de trabalho ou
espacial, no modelo do labirinto aquático de Morris(Yoon et al., 2008; Mendez-Lopez
et al., 2009) e de procedimentos relacionados à atenção, como em modelos de
reconhecimento de objeto (Akirav e Maroun, 2006; Barker e Warburton, 2008) e
controle autonômico (Vertes, 2006) estão bem documentadas. No entanto, nosso estudo
analisará sua participação tanto no controle motor e aprendizado quanto na memória.

O córtex motor (Cx M) está subdividido em área motora primária e áreas pré-
motoras (áreas motoras secundárias ou de associação). A área motora primária é
responsável pela execução do movimento e está localizada no giro pré-central e na
região posterior do lobo frontal. Já as áreas pré-motoras são responsáveis pela
orientação interna e planejamento do movimento, resultando em movimentos mais
complexos (Kandel, 2003; Guyton, 2006; Lent, 2015).

Os neurônios do Cx M codificam os parâmetros que definem os movimentos


individuais ou seqüências de movimentos simples. Esses neurônios corticais estão
envolvidos na retransmissão dos comandos motores para moto neurônios alfa que fazem
a contração apropriada da musculatura; codificam a quantidade da força do movimento;
são selecionados para direcionar o movimento; para orientar a extensão do movimento
de acordo com a distância do alvo e também a velocidade do movimento (Kandel, 2003;
Guyton 2006).

O córtex pré-motor emite axônios diretamente para o córtex motor primário,


cerebelo e medula espinal, e encontra-se envolvido no planejamento de tarefas mais
complexas de movimentos voluntários. Os neurônios do córtex pré-motor sinalizam a
preparação para o movimento; estão associados a aspectos sensoriais de determinados
atos motores; responde ao contexto comportamental do movimento e estão envolvidos
no processo da ação correta e incorreta do movimento. A área motora suplementar
(AMS) se projeta para estriado e está envolvida na programação seqüencial de
30

movimentos complexos, realizando essa seleção por meio de movimentos já


armazenados na memória, responde as seqüências de movimentos e ensaio mental dessa
seqüência de movimentos bilaterais (Kandel, 2003).

A capacidade do córtex motor em alterar a sua estrutura celular, frente aos


estímulos externos, gerando plasticidade tem sido amplamente estudada em humanos e
animais (Ma et al., 2010; Kleim et al., 2004; Jones, 1999). Quatro semanas de
treinamento de seqüência motora em 10 indivíduos demonstrou mudanças no sistema
motor após reveladas pelos exames de ressonância magnética (Ma et al., 2010).
Animais submetidos a diferentes períodos de treinamento (3, 7 e 10 dias) de tarefas de
alcance demonstraram sinaptogênese cortical e reorganização do mapa cortical na fase
tardia do aprendizado, após 7 e 10 dias de treinamento, sugerindo que essas mudanças
não contribuem para a fase inicial da aquisição de habilidade motora e sim para a
consolidação dessa habilidade que foi encontrada na fase tardia (Kleim et al., 2004).
Animais que sofreram lesão no córtex motor primário, apresentaram reestruturação da
conectividade sináptica devido ao uso dos membros anteriores (Jones, 1999).

Quatro estruturas subcorticais compõem os núcleos da base (NB) com projeções


principais para o córtex cerebral, tálamo e certos núcleos do tronco encefálico. Estas
estruturas controlam a atividade motora por meio da regulação de impulsos
neuromotores que facilitam sua atividade tônica, auxiliando o planejamento e a
execução de movimentos seqüenciados. A principal função destas é manter a eficácia
dos neurônios corticais, sobretudo na AMS, a fim de organizar e ativar seqüência de
movimentos ou programas motores, em tempos adequados dentro de uma seqüência de
movimentos auto-gerados (Kandel, 2003). Outra função importante é a de ativar e
finalizar programas motores que sejam adequados para a aquisição de uma meta. Seu
papel funcional também está relacionado à manutenção do movimento durante sua
execução e que pode ser observado pelas variações na velocidade e na amplitude do
movimento (Gentilucci et al., 2000).
Os NB são constituídos pelo: estriado, globo pálido (interno - GPi e externo-
GPe), substância negra (parte compacta e reticulada) e o núcleo subtalâmico. O estriado
por sua vez, consiste de três importantes subdivisões: o núcleo caudado, o putâmen e o
núcleo acumbens (Kandel, 2003). O núcleo caudado é uma estrutura em forma de C,
que está intimamente associada com a parede lateral do ventrículo lateral e termina nos
31

núcleos amigdalóides. O putâmen está separado do núcleo caudado pelo braço anterior
da cápsula interna; devido a aparência estriada dessas pontes celulares o núcleo caudado
e putâmen são referidos coletivamente como neo estriado ou apenas estriado, e o núcleo
acumbens é chamado de estriado ventral (Onla-Or e Winstein, 2001). Cerca de 90% das
células que compõe o estriado são os neurônios com espinhas dendríticas e projeções
GABA-érgicas. Essas células são alvos importantes da aferência cortical. O estriado é o
destinatário da eferência do córtex cerebral e dos núcleos talâmicos. As projeções do
córtex motor primário e do somatossensorial, chegam ao putâmen, enquanto que o
córtex pré-motor, áreas motoras suplementares e pré-frontais se projetam para o
caudado. Já o globo pálido interno e a substância reticulada são as estruturas de saída do
estriado (Kiernan, 2003).

Os NB auxiliam o córtex motor no controle de movimentos através de duas vias


eferentes do estriado, sendo uma direta e outra indireta. A alça direta retira a inibição
que o globo pálido teria sobre o núcleo ventrolateral do tálamo, permitindo então que
este estimule o córtex cerebral (liberando o movimento). Já a alça indireta, da qual
participa o núcleo subtalâmico, produz uma inibição do tálamo e conseqüentemente,
uma estimulação reduzida do córtex (inibindo o movimento) (Kiernan, 2003). Essas
duas vias têm funções distintas para o controle de movimentos. A indireta está
envolvida com a iniciação e/ou com a finalização de movimentos e a direta, além da
iniciação, é responsável pela manutenção do programa motor durante a ação (Onla-Or e
Winstein, 2001; Grillner et al., 2005).

O estriado está envolvido no processo de aprendizagem, nas fases iniciais e


finais. O estriado dorsomedial ou associativo (DM – homólogo ao caudado em
primatas) que recebe aferências da área motora suplementar e córtex pré-frontal está
envolvido nas fases iniciais. Já o dorsolateral ou sensóriomotor (DL – homólogo ao
putâmen em primatas), recebe aferências do córtex sensório-motor e é principalmente
ativado nas aquisições de comportamentos habituais e automáticos (Yin, 2010). Lewis e
colaboradores classificam as tarefas em dois tipos (internamente e externamente
guiadas), tendo com base o recrutamento de dois principais circuitos motores. As tarefas
internamente guiadas (IG), ou seja, movimento iniciados voluntariamente, são
principalmente processadas pelo circuito NB-tálamo-cortical com recrutamento do
circuito cerebelo-tálamo-cortical, podendo citar como exemplo o exercício acrobático.
32

Já as tarefas externamente guiadas (EG), ou seja, movimentos não necessitam de muita


atenção e são ajustados por estímulos externos, podendo ser considerado um exercício
automatizado,são principalmente processadas pelo circuito cerebelo-tálamo-cortical,
podendo citar como exemplo o exercício em esteira (Lewis et al., 2007) (Figura 1).

Figura 1. Modelo proposto para os circuitos segregados, mas funcionalmente


relacionados, em uma condição normal de tarefas externamente guiadas (A), e
internamente guiadas (B). Fonte: Modificado de Lewis e colaboradores (2007)

O hipocampo é uma região do SNC, localizado no lobo temporal, embora essa


região desempenhe um papel importante como um centro de processamento sensorial
(Alonso et al., 2005), envolvido na regulação de comportamentos motivacionais,
hormonal, controle das emoções e resposta ao estresse; além de estar diretamente
relacionado com a aprendizagem e memória (Tanti et al., 2012), e com grande
capacidade de plasticidade. Processa a informação recentemente adquirida por um
período de dias, semanas ou até meses, e depois transfere para áreas importantes de
córtex para um armazenamento mais prolongado (Kempermann e Gage, 2002; Kandel,
2003). Ele é subdividido em CA (cornuanmonis), organizado em sub-regiões
denominadas CA1, CA2, CA3, CA4 e Giro denteado (GD). Seu nome deriva do formato
curvo apresentando em secções coronais do cérebro humano, se assemelhando ao cavalo
marinho (Grego: hippos = cavalo, campi= curva). O termo “formação hipocampal”
33

inclui o GD, o subículo, o hipocampo propriamente dito, além dos córtices entorrinal,
perirrinal e paraipocampal (Shepherd, 1990).
Por fim, o cerebelo (CB), última área estudada está localizado na fossa posterior
dos hemisférios cerebrais, e tem participação na coordenação motora, atuando em três
diferentes aspectos funcionais: manutenção do equilíbrio corporal; regulação do tônus
muscular; e o controle da harmonia e precisão dos movimentos. É subdividido
funcionalmente em vestíbulo cerebelo,recebe informações sensoriais diretas dos núcleos
vestibulares, e é essencial para o controle do equilíbrio e dos movimentos oculares
reflexos; espinocerebelo recebe extensas aferências sensoriais, visual, proprioceptiva e
vestibular e tem papel de coordenar, sobretudo, os movimentos das porções distais dos
membros, especialmente mãos e dedos, além de regular o tônus muscular e a postura;
cerebrocerebelo recebe projeções provenientes dos córtices sensoriomotores, e tem
papel fundamental no controle dos movimentos voluntários, bem como na
aprendizagem e na memória dos movimentos (Lent, 2015).
Ele recebe aferências das áreas sensoriais e motoras corticais. As aferências
projetam-se primeiramente para o córtex cerebelar que por sua vez não envia eferências
diretas para outras regiões. Dele a informação passa pelos núcleos profundos
localizados na porção central do cerebelo. Os axônios que se originam dos núcleos
cerebelares profundos mais mediais podem fazer sinapses diretamente sobre
interneurônios espinhais, mas a maioria termina sobre os núcleos dos feixes
extrapiramidais. As eferências dos núcleos mais laterais influenciam as regiões corticais
motoras (Gazzaniga, 2006). Nele selecionamos a região paramediana, que é ativada
durante o movimento dos membros utilizados no exercício acrobático que é uma
atividade motora complexa que exige coordenação e equilíbrio, recrutando intensamente
o cerebelo (Joyal et al., 1996; Manzoni, 2007).
34

2. JUSTIFICATIVA

É sabido que o exercício acrobático melhora o desempenho em tarefas de


memória e aprendizado (Kleim et al., 2002; Salame et al., 2016) além de promover
mudanças plásticas no encéfalo de ratos que dependem da frequência e da duração de
treinamento (Gutierrez et al., 2018). Dados do nosso grupo mostraram que ratos jovens
apresentavam uma redução de tempo para a realização da tarefa motora complexa após
4 semanas de treinamento (Garcia et al., 2012). Em ratos idosos submetidos a 8
semanas de treinamento acrobático também ocorreu uma redução significativa do tempo
para a realização da tarefa com início da estabilização do aprendizado a partir da quarta
semana (Gutierrez, 2017). Já em um estudo com ratos adultos mostrou que o
treinamento acrobático em curto prazo (2 semanas) desencadeou a fase de aquisição e o
treinamento de longo período (4 semanas) revelou a presença da fase inicial de
consolidação do aprendizado motor (Salame et al., 2016). Entretanto, até o momento
esses estudos não demonstraram os mecanismos plásticos envolvidos com mudanças
relativamente permanentes no comportamento ou a capacidade de retenção e/ou de
transferência que parecem ser indicadores do aprendizado motor propriamente dito
(Soderstrom e Bjork, 2015).
35

3. OBJETIVOS

3.1 Objetivo Geral

- Avaliar a expressão de proteínas sinápticas e da proteína de resposta de


crescimento precoce nas áreas encefálicas envolvidas com o aprendizado motor após o
treinamento acrobático à longo prazo (8 semanas) com período de retenção, juntamente
com o comportamento motor.

3.2 Objetivos Específicos

- Avaliar o DESEMPENHO MOTOR dos ratos submetidos a treinamento


acrobático prolongado com período de retenção;

- Avaliar o efeito da TRANSFERÊNCIA DA PRÁTICA PRÉVIA do


treinamento acrobático no desempenho de uma nova tarefa motora;

- Avaliar a EXPRESSÃO DAS PROTEÍNAS SINÁPTICAS (SYP e SYS) no


córtex pré-frontal, córtex motor (primário e secundário), estriado, hipocampo e cerebelo
de ratos jovens submetidos ao treinamento de exercício acrobático com retenção;

- Avaliar a MOBILIZAÇÃO NEURONAL nas áreas encefálicas envolvidas com


o planejamento e aprendizado motor, de ratos jovens submetidos ao treinamento de
exercício acrobático com retenção.
36

4. MATERIAIS E MÉTODOS

4.1 Animais

Este estudo foi conduzido de acordo com os princípios éticos de experimentação


animal adotado pelo Colégio Brasileiro de Experimentação Animal (COBEA) e foi
aprovado pelo comitê de Ética em Pesquisa da UNICID protocolo 0005/2017. Foram
utilizados 36 ratos machos jovens (2 meses) da linhagem Wistar, pesando cada animal
aproximadamente 300g, fornecidos pelo Biotério Central do Instituto de Ciências
Biomédicas da USP que ficaram alojados em grupos de 3 animais por gaiola. Os
animais foram mantidos no ciclo claro-escuro invertido (luzes acesas das 20:00 às 8:00
hs) considerando que esses animais são de hábitos noturnos numa temperatura
controlada de 23°C cerca de 15 dias antes de iniciar os procedimentos experimentais até
o término do protocolo. Neste período, os animais tiveram livre acesso a comida e água
(Campos et al., 2006; Salgado-Delgado et al., 2008).

4.2 Desenho do Estudo

O estudo é do tipo experimental longitudinal. Os ratos foram divididos


aleatoriamente em 3 grupos: sedentário (SED, n=12), acrobático (AC, n=12) e
acrobático retenção (ACR, n=12) e posteriormente os animais dos grupos acrobáticos
foram adaptados a tarefa motora passando 2 vezes por todo o circuito para reduzir o
estresse ao novo ambiente (Figura 2). Os animais sedentários foram mantidos no mesmo
ambiente que os demais, e as caixas com os ratos continham animais dos diferentes
grupos.
37

Figura 2. Esquema ilustrando as etapas do protocolo experimental. A linha grossa


identifica o período de treinamento acrobático e linha preta mais fina identifica o
período de adaptação ao ciclo.

4.3 Protocolo do Exercício Acrobático

O treinamento acrobático foi realizado no período ativo do animal (Holmes et


al., 2004) e consistiu em atravessar um circuito constituído pelos seguintes obstáculos:
gangorra, barreiras verticais, ponte de cordas paralelas, traves paralelas de madeira
roliça, pontes de madeira roliça e corda (Figura 3). O circuito foi baseado no utilizado
em estudos anteriores (Kleim et al., 2002; Garcia et al., 2012; Salame et al., 2016) e
localizado a uma altura de 1,50m do chão. O treinamento ocorreu em dias alternados,
com frequência de três vezes por semana e com 5 voltas nesse circuito por dia durante 8
semanas. O grupo acrobático retenção treinou o mesmo período e ficou 15 dias sem a
prática da atividade e logo após esse período foram novamente expostos ao circuito
onde foi realizada uma volta somente para o registro do tempo percorrido pelos
mesmos.
38

Figura 3. Imagens digitais dos obstáculos que compõem o circuito de treinamento


acrobático. Fonte: Gutierrez, R.M.S. (2017)

Os animais receberam estímulos manuais leves nos membros pélvicos quando


necessário como forma de estímulo para percorrer todo o caminho. Foi registrado o
tempo para o rato percorrer cada passagem pelo circuito (Black et al., 1990; Kleim et
al., 1996). Após o término das 5 passagens de cada animal pelo circuito, todos os
obstáculos e plataformas foram limpos com etanol 70% com a finalidade de remover o
odor deixado por ele, o que podia estressar o próximo animal a ser treinado.

4.4 Análise do Comportamento Motor

Os dados do comportamento motor foram analisados através do desempenho


motor durante o treinamento AC (média do tempo gasto para realizar as 5 passagens nos
3 dias de treinamento semanal) e teste da trave elevada.

4.4.1 Desempenho Motor dos Animais no Exercício Acrobático

O desempenho motor dos animais avaliados durante o AC ocorreu em todos os


dias de treinamento, ou seja, o animal foi colocado no começo do circuito e então o
cronômetro foi disparado, registrando o tempo gasto pelo animal para a realização do
percurso. Ao final das 8 semanas de treinamento foi realizado uma média das 5
passagens de cada animal pelo circuito por dia e em seguida a média semanal (Garcia et
al., 2012; Salame et al., 2016).
39

4.4.2 Comportamento Motor no Teste da Trave Elevada

O teste da trave elevada é uma das formas de análise do comportamento motor


de animais, onde o animal atravessa uma barra de madeira de 1 m de comprimento e 18
mm de largura nos primeiros 15 cm e vai diminuindo até ficar com 8 mm no terço final
da trave, e adentrar num compartimento fechado. Essa trave fica a 1 m do chão (Figura
4). Para a realização do teste o animal teve 2 tentativas de até 180 segundos cada, para
entrar no compartimento fechado, onde foi registrado a distância percorrida, o tempo
gasto e o número de quedas para realizar a tarefa. Foram analisados os dados obtidos na
segunda tentativa, já que a primeira foi considerada como adaptação (Brooks e Dunnett,
2009).

O teste da trave elevada foi realizado em dois momentos: antes do início do


treinamento e no penúltimo dia do experimento dos três grupos estudados, e foi
realizada a média do tempo, da distância e do número de quedas durante o teste. Esse
teste foi utilizado como teste de transferência motora, com o objetivo de verificar o
quão consistente foi o treinamento AC frente a modificações da tarefa.

Figura 4. Imagem do teste da trave elevada. Fonte: Modificado de Brooks e Dunnett


(2009)

4.5 Método de Análise da Expressão das Proteínas

Os encéfalos foram processados pela técnica de imuno-histoquímicana a qual se


utilizam anticorpos capazes de identificar e estabelecer ligação com constituintes
teciduais que funcionam como antígenos (Polak e Van Noorden, 2003). É uma análise
40

mais específica dos tipos celulares e de regiões encefálicas, possibilitando descriminar


as divisões histológicas das estruturas encefálicas, além de permitir a localização das
estruturas imunorreativas, e uma análise subjetiva de intensidade de marcação como,
por exemplo, aumento ou diminuição.

4.5.1 Protocolo de Imuno-histoquímica

No último dia do treinamento os animais dos 3 grupos, após cerca de 90 minutos


foram anestesiados com quetamina (10mg/kg) e xilazina (1mg/kg) por via intramuscular
e submetidos à perfusão transcardíaca, com solução salina 0,9%, seguida de solução
fixadora constituída de paraformaldeído 2% dissolvido em tampão fosfato 0,1 M (PB,
pH 7,4). Após a perfusão, os encéfalos foram coletados e armazenados em
paraformaldeído 2%, durante 4-5 horas. Após este período, o material foi transferido
para uma solução crioprotetora de sacarose a 30% em PB. Após 24-36 horas, foi
realizado a secção dos encéfalos em um micrótomo deslizante (Leica SM 2000 R)
obtendo cortes com 40 μm de espessura.

Os cortes histológicos foram armazenados em solução crioprotetora numa placa


de cultivo, e mantidos em freezer a -20ºC até o momento do procedimento de imuno-
histoquímica. Os cortes contendo as áreas: córtex pré-frontal, córtex motor, estriado,
hipocampo e cerebelo foram submetidos à técnica de imuno-histoquímica com
anticorpos específicos para detecção de Egr-1, sinapsina I e sinaptofisina.

O processamento da técnica de imuno-histoquímica constou das seguintes


etapas: os cortes selecionados foram lavados em tampão fosfato (PB 0,1M) por três
vezes de 10 minutos, e posteriormente incubados com anticorpo policlonal primário
obtido em coelho dirigido contra o gene Egr-1 (Santa Cruz, USA – 515830) para avaliar
a ativação neuronal; anticorpo policlonal obtido em coelho dirigido contra proteína SYS
(Chemicon, Temecula, CA, EUA –AB1543); anticorpo policlonal obtido em rato
dirigido contra proteína SYP (Santa Cruz, USA – 9116) para análise das proteínas
sinápticas, juntamente com 5% do soro normal de cabra; na concentração 1:1000, em
PB com 0,3% de Triton X-100 por um período de 14 a 18 horas à temperatura ambiente
(24ºC).
41

Os cortes foram então novamente lavados em PB 0,1M à temperatura ambiente e


incubados por uma hora e meia com anticorpo secundário biotinilado (diluído a 1: 200)
contra as imunoglobulinas do animal no qual foi feito o anticorpo primário(anti-coelho
feito em cabra – Egr-1; anti-coelho feito em cabra – SYS; anti- rato feito em
cabra –SYP). Após nova série de lavagens à temperatura ambiente, os cortes foram
incubados por uma hora numa solução de Triton-X-100 0,3 % em tampão fosfato 0,1M
com 0,4 M de NaCl, contendo o complexo avidina-biotina-peroxidase (ABC ELITE kit,
Vector Labs - PK6100). Após nova série de lavagens, os cortes foram imersos num
meio contendo 3-3’diaminobenzidina (DAB- Sigma-Aldrich) 0,05% em tampão fosfato
0,1M por cerca de 5 minutos, sendo acrescentados a seguir 3 ml de solução de H2O2 a

0,3% em água destilada, mantendo-se os cortes neste banho até que a reação fosse
evidenciada. Atingida a imunorreatividade desejada com o desenvolvimento de
coloração marrom clara, os cortes foram removidos da solução com DAB e imersas em
tampão PB 0,1M. Depois de nova série de lavagens em tampão fosfato 0,1M com o
objetivo de remoção do excesso de reagente, os cortes foram colocados sobre lâminas
de vidro gelatinizadas e colocadas em placa quente para secar, e em seguida hidratada
em água destilada por 1 minuto, banhadas em solução de tetróxido de ósmio 0,1% por
15–30/segundos, desidratadas por uma série de alcoóis em concentrações crescentes,
clareadas com Hemo-De (Fisher) e cobertas com lamínulas, tendo como meio de
montagem o Permount (Sigma).
A análise qualitativa do material foi realizada utilizando um microscópio de luz
(Nikon E1000) acoplado a uma câmara digital e as quantificações foram realizadas com
o programa Image J (NIH). A análise semi-quantitativa da densidade óptica relativa foi
realizada em 5 animais de cada grupo, sendo analisado 5 cortes dos quais foram
capturados 6 campos do CPF, 4 campos do Cx M, 4 campos do hipocampo , 4 campos
do CPu e 2 campos do CB (Figura 5). A metade desses campos foi obtida do hemisfério
direito e a outra metade do hemisfério esquerdo, mas a análise feita em conjunto. As
regiões de interesse foram identificadas baseadas no atlas Paxinos e Watson (2005).
Analisamos regiões entre os planos em relação ao bregma sendo para o CPF 3,72-
2,52;CxM 2,52-1,56; CPu1,80-0,36; HP 2,92-3,36 e CB 14,08-12,30.
42

Figura 5. Esquema ilustrando as estruturas encefálicas e respectivas áreas analisadas.


Os quadrados em preto identificam as áreas de capturas. Fonte: Modificado de Paxinos,
G e Watson, C (2005).

O CPF foi selecionado por ser responsável pela tomada de decisão,


planejamento motor e modulação do comportamento motor (Hoover e Vertes, 2007).
No córtex motor foi selecionado as áreas: motora primária (M1) e secundária (M2), que
estão envolvidas com a execução e o planejamento motor, respectivamente. Nestas
estruturas foi analisada a camada V, pois contém as células eferentes do córtex (Kleim
et al., 2004). No CPu foram analisados a região dorsomedial e dorsolateral devido sua
participação em circuitos neurais distintos e áreas da aprendizagem (Yin, 2010).No HP
foram analisadas as regiões CA1 e CA2 por serem importantes na formação da memória
(Tanti et al., 2012). Já no CB selecionamos a região paramediana, que é ativada durante
os movimentos dos membros utilizados no treinamento acrobático (Black et al., 1990),
e analisamos a camada granular (CG), camada molecular (CM) e camada de células de
Purkinje (CP), pois contém as células eferentes do córtex cerebelar.
43

A densidade óptica relativa foi obtida utilizando a rotina “integrated density” do


programa Image J (NIH/USA) da área marcada, e o resultado expresso em forma de
média ± desvio padrão. Já a densidade média das células imunorreativas de cada
imagem obtida da rotina “Threshold”, a qual permite o tingimento das células
imunorreativas (com tamanho de 60 a 600 pixels) e posteriormente contadas pelo
programa Image J. Esses dados obtidos foram transferidos para o programa Excel e feita
a conversão do número de células pela área de 84100µm2 de campos por imagem.
Os dados estão representados nos gráficos em forma de média ± erro padrão da
média e foram normalizados pelo grupo controle/sedentário que assumimos ser 1, ou
seja 100%, quando comparado sedentário e acrobático. Entre os grupos experimentais
(AC e ACR) os dados foram normalizados pelo acrobático a fim de vermos o efeito
apenas do período de retenção.

4.6 Análise Estatística

Os dados foram submetidos à análise estatística com o uso do software


GraphPad Prism 6. As comparações entre os grupos para o desempenho motor
acrobático foram conduzidas a partir do teste ANOVA one-way para medidas repetidas,
seguida do pós-teste de Tukey quando a análise de variância apresentou diferença
estatisticamente significante. Para o teste da trave elevada utilizou-se o teste de Kruskal
Wallis, seguido pelo teste de Wilcoxon, considerando a anormalidade de distribuição
dos dados verificada pelo de teste Kolmogorov-Smirnov. E, para a análise das proteínas,
utilizou-se o teste t Student para amostras independentes, com o propósito de comparar
as médias entre os grupos. As comparações foram: SED x AC e AC x ACR. Para todos
os testes, o nível de significância assumido foi de p≤0,05.
44

5. RESULTADOS

5.1. Desempenho Acrobático

Os dados de desempenho motor ao longo do treinamento revelaram que houve


diferença entre os grupos F[(3,49) =72,81, p< 0,0001]. O grupo AC apresentou uma
diminuição significativa do tempo necessário para realizar a tarefa a partir da 2ª semana
comparada a 1ª (33%), e essa diminuição persistiu até a 8ª semana de treinamento
(58%) (Figura 6). Entretanto, a partir da 5ª semana não houve diferença do tempo coma
6ª, 7ª e 8ª semanas.

Já no grupo ACR (oito semanas de treinamento com teste de retenção após 15


dias de pausa da atividade) foi observado redução significativa do tempo na 2ª semana
em relação a 1ª (27%), persistindo essa redução até o momento da retenção quando
comparado a 1ª semana (56%) (Figura 6). Mas, a partir da 6ª semana o tempo gasto para
realizar a tarefa foi semelhante ao da 7ª, 8ª semana e período de retenção. Na
comparação entre o tempo do período de retenção com o da oitava semana não foi
diferente (72,5 ± 3s e 68,6 ± 3s; respectivamente, p=0,45).
45

Figura 6. Tempo médio gasto para realizar as tarefas motoras ao longo do treinamento
acrobático de ratos. ****p<0,0001 refere-se à diminuição da segunda, terceira, quarta,
quinta, sexta, sétima, oitava semana do AC e ACR e do período de retenção do ACR
(décima semana) comparado a primeira. #p<0,01 refere-se à diminuição significativa do
tempo comparado a semana anterior nos dois grupos experimentais. (AC) acrobático e
(ACR) acrobático retenção.

5.2 Teste da Trave Elevada

O teste de Kruskal Wallis revelou que houve diferença significativa do tempo


entre os grupos no momento pós treinamento [X2 (2)= 14,52;p=0,001], enquanto no pré-
treinamento, não houve diferença [X2 (2)= 2,13; p=0,34] (Figura 7). Na comparação do
tempo entre os momentos inicial e final os grupos SED e o AC não revelaram mudanças
(z= -0,94; p=0,62 e z= -2,10; p=0,10). Já, o ACR apresentou uma diminuição
significativa do tempo final comparado ao inicial (z=-3,05; p=0,0005).
46

Figura 7. Tempo médio gasto para realização da tarefa motora na trave elevada nos
momentos pré e pós-treinamento dos animais estudados.*** p=0,0005, (I) momento
pré-treinamento e (F) momento pós-treinamento

O teste de Kruskal Wallis revelou que houve diferença da distância percorrida na


trave elevada entre os grupos estudados no momento pós-treinamento
[X2(2)=14,00; p=0,001], enquanto no pré-treinamento, não houve diferença
[X2(2)=3,53; p=0,001]. Na comparação de distância entre os momentos pré e pós-
treinamento somente os grupos SED e ACR revelaram diferenças significativas. Ao fim
do treinamento, o SED percorreu uma distância menor (z= -2,26; p=0,01), enquanto o
ACR uma distância maior comparada a distância inicial (z= -2,54; p=0,003) (Figura 8).
47

Figura 8. Distância média percorrida pelos ratos nosmomentospré e pós-treinamento


avaliado pelo teste da trave elevada. *p=0,01 e **p=0,003; (I) momento pré-
treinamento e (F) momento pós-treinamento

O teste de Kruskal Wallis não revelou diferença no número de quedas na trave


elevada entre os grupos estudados nos momentos pré e pós- treinamento [X2 (2)=0,33;
p=0,84] e [X2 (2)=2,97; p=0,22]. O teste da trave elevada para a variável queda mostrou
que o grupo sedentário não teve diferença no número de quedas entre os dois momentos
analisados (p=0,09). Entretanto, os grupos AC e ACR apresentaram uma diminuição
significativa do número de quedas no pós-treinamento comparada ao pré-treinamento
(p<0,02) (Figura 9).
48

Figura 9. Média do número de quedas sofridas pelos ratos no pré e no pós-treinamento


avaliado pelo teste da trave elevada. *p<0,02, (I) momento pré-treinamento e (F)
momento pós-treinamento

5.3 Expressão das Proteínas Sinápticas e do Egr-1


Os dados apresentados revelaram que dois meses de treinamento acrobático com
período de retenção induziram mudanças significativas nas proteínas pré-sinápticas SYP
e SYS e o Egr-1 nas áreas estudadas pela técnica de imuno-histoquímica.

5.3.1 Córtex Pré-Frontal – Cingulado Anterior, Pré-límbico e Infra-límbico

O exercício acrobático induziu aumento da imunorreatividade da proteína SYP


nas subáreas cingulado anterior (CA) e infra-límbico (IL). No CA, os nossos dados
revelaram que o AC induziu aumento (ca.100%; 2,0 ± 0,15) da expressão de SYP
comparado ao SED (t= -5,43; p=0,01). Entretanto, não houve diferença entre o ACR e
AC (p=0,09) (Figura 10).

No pré-limbico (PL), o AC não induziu mudanças de SYP quando comparado ao


SED (p=0,06), mas o ACR induziu aumento (ca. 58%; 1,5 ± 0,15) significativo de SYP
comparado ao AC (t = -4,43; p=0,02). Ainda no córtex pré-frontal na subárea infra-
49

límbico (IL) os dados revelaram que o AC induziu aumento (ca.76%; 1,7 ± 0,15) SYP
quando comparado ao SED (t= -4,36; p=0,02), mas não quando comparamos os grupos
AC e ACR (0,07) (Figura 10).

Os dados de imunorreatividade da SYS no córtex pré-frontal (CPF) revelaram


que o AC promoveu aumento (ca.160%; 2,6 ± 0,22;ca. 170%, 2,7 ± 0,1 e ca.134%; 2,3
± 0,04 , respectivamente) em relação ao SED em todas as subáreas analisadas (CA - t= -
7,17; p=0,01, PL - t= -17,52; p=0,01, IL - t= -25,29; p=0,01) (Figura 11). Já o ACR
induziu aumento (ca.34%; 1,3 ± 0,1; ca.41%; 1,4 ± 0,05, respectivamente) de SYS
somente no pré-limbico (PL - t=-4,43; p=0,02) e infra-límbico (IL - t=-7,73; p=0,01) em
relação ao AC (Figura 11).

O AC promoveu um aumento da densidade média de células Egr-1+ (ca.48%;


1289 ± 40; ca. 72%, 1054 ± 23 e ca.76%; 751 ± 54, respectivamente) em todas as
subáreas estudadas do CPF em relação ao SED (CA- t=-8,74; p=0,01, PL - t=-8,19;
p=0,01, IL - t=-4,95; p=0,01) (Figura 12). O aumento da densidade média de células
Egr-1+ aumentou (ca.15%; 1477 ± 14; ca. 26%, 1332 ± 38 e ca. 58%; 1185 ± 78,
respectivamente) em todas as subáreas do CPF do grupo ACR quando comparado ao
AC (CA - t= -4,38; p=0,02, PL - t= -6,19; p=0,01, IL - t= -4,57; p=0,01) (Figura 12).
50

Figura 10. Imagens digitais de cortes coronais ilustrando o padrão de marcação da


sinaptofisina (SYP) nas subáreas do córtex pré-frontal (CPF) dos grupos SED
(sedentário), AC (acrobático) e ACR (acrobático retenção), juntamente com os gráficos
da densidade óptica relativa. CA (cingulado anterior); PL (pré-límbico); IL (infra-
límbico) - *p=0,02 e **p=0,01.
51

Figura 11. Imagens digitais de cortes coronais ilustrando o padrão de marcação da


sinapsina I (SYS) nas subáreas do córtex pré-frontal (CPF) dos grupos SED
(sedentário), AC (acrobático) e ACR (acrobático retenção), juntamente com os gráficos
da densidade óptica relativa. CA (cingulado anterior); PL (pré-limbico); IL (infra-
límbico) - *p=0,02, **p=0,01.
52

Figura 12. Imagens digitais de cortes coronais ilustrando o padrão de marcação das
células da proteína de resposta ao crescimento precoce 1 (Egr1+) nas subáreas do córtex
pré-frontal (CPF) dos grupos SED (sedentário), AC (acrobático) e ACR (acrobático
retenção), juntamente com os gráficos da densidade média de células. CA (cingulado
anterior); PL (pré-limbico); IL (infra-límbico)-*p=0,02 e **p=0,01.
53

5.3.2 Córtex Motor – Primário e Secundário

A imunorreatividade ao anticorpo SYP se apresentou por toda a camada V onde


se encontram as células eferentes do córtex motor primário e secundário dos animais
estudados. No córtex motor primário (Cx M1) e secundário (Cx M2), o AC induziu
aumento (ca.150%, 2,5 ± 0,12 e ca.110%, 2,1 ± 0,05, respectivamente) de SYP
comparados ao grupo SED (Cx M1 - t= -7,34; p=0,01, M2 - t= -17,29; p=0,01), mas não
houve diferença entre os grupos AC e ACR no Cx M1 (p=0,08), mas no Cx M2 o ACR
induziu aumento (ca. 60%, 1,6 ± 0,07) de SYP em relação ao AC (Cx M2 -
t= -8,55; p=0,01) (Figura 13).

Os dados da densidade óptica relativa da proteína SYS na camada V do córtex-


motor (Cx M1 e Cx M2) apresentou imunorreatividade em células piramidais e suas
arborizações dendríticas. O AC promoveu um aumento (ca. 360%, 4,6 ± 0,14 e ca.
260%; 3,6 ± 0,17, respectivamente) de SYS tanto no Cx M1 como no Cx M2 quando
comparado ao SED (Cx M1 - t= -24,79; p=0,01, Cx M2 - t= -14,78; p=0,01). Entretanto,
entre os grupos ACR e AC não houve diferença tanto no M1 como no M2 (p=0,73 e
p=0,09, respectivamente) (Figura 14).

O AC promoveu aumento (ca. 13%, 1213 ± 13 e ca. 30%; 1268 ± 12,


respectivamente) de células Egr-1+ tanto no Cx M1 como no Cx M2 comparado ao
SED (Cx M1 - t= -8,07; p=0,01, Cx M2 - t= -11,45; p=0,01). Entretanto o grupo ACR,
revelou aumento (ca.12%, 1213 ± 22 e ca.15%; 1460 ± 57, respectivamente)
significante da densidade média de células Egr-1+ tanto no Cx M1 como no Cx M2
(t= -5,30; p=0,01 e t= -3,29; p=0,03, respectivamente) quando comparado ao AC
(Figura 15).
54

Figura 13. Imagens digitais de cortes coronais ilustrando o padrão de marcação da


sinaptofisina (SYP) no córtex motor primário (Cx M1) e córtex motor secundário
(Cx M2) dos grupos sedentário (SED), acrobático (AC) e acrobático retenção (ACR),
juntamente com os gráficos da densidade óptica relativa. **p=0,01.
55

Figura 14. Imagens digitais de cortes coronais ilustrando o padrão de marcação da


sinapsina I (SYS) no córtex motor primário (Cx M1) e córtex motor secundário
(Cx M2) dos grupos sedentário (SED), acrobático (AC) e acrobático retenção (ACR),
juntamente com os gráficos da densidade óptica relativa. **p=0,01.
56

Figura 15. Imagens digitais de cortes coronais ilustrando o padrão de marcação das
células da proteína de resposta ao crescimento precoce 1 (Egr1+) no córtex motor
primário (Cx M1) e córtex motor secundário (Cx M2) dos grupos sedentário (SED),
acrobático (AC) e acrobático retenção (ACR), juntamente com os gráficos da densidade
média de células. *p=0,03 e **p=0,01.
57

5.3.3 Estriado – Dorsomedial e Dorsolateral

O estriado apresentou imunorreatividade para ambas proteínas pré-sinápticas


SYP e SYS, onde elas mostraram um padrão de marcação puntiforme e difusa por todo
o estriado (CPu). A densidade óptica relativa da SYP mostrou-se aumentada (ca.
1000%, 11 ± 0,18 e ca. 660%; 7,6 ± 0,25, respectivamente) nas regiões dorsomedial
(DM) e dorsolateral (DL) do grupo AC comparado ao SED (CPu DM –t= -47,18;
p=0,01 e CPu DL –t= -24,91; p=0,01). Já o ACR não apresentou mudanças comparado
ao AC tanto no CPu DM como no CPu DL (p=0,63 e p=0,08, respectivamente)
(Figura 16).

O AC induziu aumento (ca. 340%; 4,4 ± 0,1 e ca. 430%; 5,3 ± 0,02,
respectivamente) significante de SYS na região CPu DM e CPu DL em relação ao SED
(t= -14,14; p=0,01 e t= -25,22; p=0,01, respectivamente) (Figura 17). Entretanto, entre
os grupos ACs, o ACR apresentou uma diminuição (ca.30%; 0,7 ± 0,02 e ca. 38%; 0,62
± 0,02, respectivamente) significativa de SYS no CPu DM e CPu DL comparado ao AC
(t= -10,60; p=0,01 e t= -19,00; p=0,01, respectivamente) (Figura 17).

No corpo estriado, os núcleos Egr-1 positivos foram observados difusamente


através das porções DM e DL. A análise quantitativa mostrou um aumento (ca.54%;
967 ± 38 e ca. 44%; 1300 ± 53, respectivamente) significativo das células Egr-1+ no
CPu DM e CPu DL induzida pelo AC em relação ao SED (t= -3,72; p=0,02 e t= -5,18;
p=0,01, respectivamente). Já o ACR promoveu aumento (ca. 36%; 1314 ± 31 e ca.22%;
1585 ± 40, respectivamente) da densidade média de células Egr-1+ no CPu DM e CPu
DL comparado ao AC (t= -7,07; p=0,01 e t= -4,27; p=0,02, respectivamente)
(Figura 18).
58

Figura 16. Imagens digitais de cortes coronais ilustrando o padrão de marcação da


sinaptofisina (SYP) no estriado dorsomedial (CPu DM) e estriado dorsolateral
(CPu DL) dos grupos sedentário (SED), acrobático (AC) e acrobático retenção (ACR),
juntamente com os gráficos da densidade óptica relativa.**p=0,01.
59

Figura 17. Imagens digitais de cortes coronais ilustrando o padrão de marcação


dasinapsina I (SYS) no estriado dorsomedial (CPu DM) e estriado dorsolateral
(CPu DL) dos grupos sedentário (SED), acrobático (AC) e acrobático retenção (ACR),
juntamente com os gráficos da densidade óptica relativa. **p=0,01.
60

Figura 18. Imagens digitais de cortes coronais ilustrando o padrão de marcação das
células da proteína de resposta ao crescimento precoce 1 (Egr-1+) no estriado
dorsomedial (CPu DM) e estriado dorsolateral (CPu DL) dos grupos sedentário (SED),
acrobático (AC) e acrobático retenção (ACR), juntamente com os gráficos da densidade
média de células. *p=0,02 e **p=0,01.
61

5.3.4. Hipocampo – CA1 e CA2

A densidade óptica relativa da SYP mostrou-se aumentada (ca. 250%, 3,5 ± 0,2
e ca. 150%, 2,5 ± 0,33, respectivamente) nas regiões CA1 e CA2 apenas frente ao
exercício AC em relação ao SED (CA1–t= -11,93; p=0,01 e CA2– t= -4,44; p=0,01),
mas sem mudanças entre os grupos ACR e AC (p=0,35 e p=0,87, respectivamente)
(Figura 19).

O AC induziu aumento (ca. 310%, 4,1 ± 0,1 e ca. 136%, 2,3 ± 0,06,
respectivamente) de SYS nas regiões CA1 e CA2 em relação ao SED (t= -36,26; p=0,01
e t= -10,55; p=0,01, respectivamente). Já entre os grupos AC e ACR, o ACR induziu
um aumento (ca. 36%, 1,36 ± 0,1 e ca. 46%, 1,46 ± 0,05, respectivamente)
estatisticamente significante nas regiões CA1 (t= -4,43; p=0,01) e CA2
(t= -6,95; p=0,01) (Figura 20).

A análise da densidade média das células Egr-1+ revelou que o AC promoveu


um aumento (ca.89%, 736 ± 20 e ca.76%, 701 ± 29, respectivamente) nas duas subáreas
comparado ao SED (CA1 – t=-6,57; p=0,01 e CA2 – t=-5,70; p=0,01). Entre os grupos
treinados, o ACR induziu uma diminuição (ca.23%, 569 ± 43 e ca.33%, 467 ± 33,
respectivamente) da densidade média de células Egr-1+ comparada ao AC nas duas
subáreas (CA1 – t= -3,52; p=0,03 e CA2 – t= -5,32; p=0,01) (Figura 21).
62

Figura 19. Imagens digitais de cortes coronais ilustrando o padrão de marcação da


sinaptofisina (SYP) nas subáreas hipocampais (CA1 e CA2) dos grupos sedentário
(SED), acrobático (AC) e acrobático retenção (ACR), juntamente com os gráficos da
densidade óptica relativa. **p=0,01.
63

Figura 20. Imagens digitais de cortes coronais ilustrando o padrão de marcação da


sinapsina I (SYS) nas subáreas hipocampais (CA1 e CA2)dos grupos sedentário (SED),
acrobático (AC) e acrobático retenção (ACR), juntamente com os gráficos da densidade
óptica relativa. **p=0,01.
64

Figura 21. Imagens digitais de cortes coronais ilustrando o padrão de marcação das
células da proteína de resposta ao crescimento precoce 1 (Egr-1+) nas subáreas
hipocampais (CA1 e CA2) dos grupos sedentário (SED), acrobático (AC) e acrobático
retenção (ACR), juntamente com os gráficos da densidade média de células. *p=0,03 e
**p=0,01.
65

5.3.5. Cerebelo

O cerebelo apresentou imunorreatividade tanto para as proteínas pré-sinápticas


SYS e SYP quanto para o Egr-1.

A proteína sináptica SYP apresentou imunorreatividade de características


puntiforme entre as células de Purkinje e em aglomerados difusos na camada molecular
do cerebelo dos grupos estudados. O AC induziu aumento (ca. 220%; 3,2 ± 0,25)
significativo da densidade óptica relativa de SYP na camada molecular em relação ao
SED (t= -7,93; p=0,01), mas não entre os grupos ACs (p=0,38) (Figura 22).

Na CM, os dados de densidade óptica relativa de SYS apresentaram aumento


(ca.160%; 2,6 ± 0,1) da imunorreatividade induzida pelo AC em relação ao SED
(t= -20,43; p=0,01). Entretanto, quando comparado os grupos AC e ACR não obtivemos
mudanças significativas (p>0,99) (Figura 22).

A imunorreatividadeda proteína Egr-1 revelou aumento (ca.76%; 604 ± 43)


induzido pelo AC de células Egr-1+ na camada granular do cerebelo quando
comparadas ao SED (t= -4,70; p=0,01) e, entre os grupos acrobáticos, o ACR
apresentou aumento (ca. 38%; 835 ± 33)significativo de células Egr-1+ comparado ao
AC (t= -4,18; p=0,01) (Figura 22).
66

Figura 22. Imagens digitais de cortes coronais ilustrando o padrão de marcação da


sinaptofisina (SYP) e sinapsina I (SYS) nas camadas molecular (CM) e de células de
Purkinje (CP); e das células da proteína de resposta ao crescimento precoce 1(Egr-1+)
na camada granular (CG) do cerebelo dos grupos sedentário (SED), acrobático (AC) e
acrobático retenção (ACR), juntamente com os gráficos da densidade óptica relativa e
da densidade média de células. **p=0,01.
67

Em resumo, apresentamos as mudanças significativas das proteínas pré-


sinápticas SYP e SYS e do Egr-1 induzidas pelo treinamento acrobático comparado ao
SED nas regiões encefálicas estudadas. E por fim, as induzidas pelo ACR em relação ao
AC.

Tabela 1. Representação das mudanças significativas de SYP, SYS e EGR-1 nas áreas
encefálicas

A tabela acima apresenta os dados estatisticamente significantes do grupo acrobático


(AC) comparado ao SED e do acrobático retenção (ACR) comparado ao AC nas
respectivas áreas do córtex pré-frontal (CPF), córtex- motor (Cx M), estriado (CPu),
hipocampo (HP) e cerebelo (CB).*p<0,04 e **p<0,01.
68

6. DISCUSSÃO

6.1 Comportamento Motor

O exercício acrobático requer a aprendizagem de novas habilidades motoras,


pois o animal precisa realizar movimentos coordenados para superar os obstáculos. Uma
das maneiras de observar a aprendizagem motora é através da manutenção desempenho
do comportamento aprendido após período de retenção (Hikosaka et al., 2002).

Nossos dados revelaram que o treinamento acrobático promoveu uma


diminuição significativa do tempo para realizar a tarefa motora persistindo até o período
de retenção, sugerindo que esses animais apresentaram um grau significativo de
melhora do desempenho motor mesmo realizando tarefas acrobáticas que exigiram uma
maior coordenação dos membros anteriores com os posteriores e destes com todo o
corpo (Salame et al., 2016).

Além disso, nossos dados mostram também uma fase de aquisição rápida,
seguida de uma de uma fase de consolidação de seqüências motoras, com uma mudança
gradual do desempenho motor na fase tardia do aprendizado corroborando com vários
estudos que utilizaram diferentes protocolos de treinamento (Kleim et al., 1996; Kleim,
Barbay, et al., 1998; Salame et al., 2016). Esta redução do tempo para execução da
tarefa motora complexa foi verificada em estudos anteriores (Klintsova et al., 2004;
Garcia et al., 2012; Salame et al., 2016), sugerindo a existência de mudanças
comportamentais, tais como diminuição de hesitações e da necessidade de estímulos
manuais, sendo atribuída a aprendizagem. Embora não quantificado, observou-se uma
redução do número de erros quanto ao deslocamento das patas e quedas entre um
obstáculo e outro, e uma melhor coordenação entre os membros na realização das
tarefas motoras durante o circuito corroborando com dados de Salame e colaboradores
(2016). A estabilização do desempenho motor foi atingida na sexta semana e persistiu
após os quinze dias sem nenhuma prática.

A ausência de mudanças no tempo para realização das tarefas motoras no


circuito após um período de repouso demonstrado nos nossos dados sugere que ocorreu
o aprendizado motor corroborando com vários estudos que demonstraram que o
69

intervalo de retenção corresponde à fase de consolidação do aprendizado (Kantak e


Winstein, 2012; Krakauer e Shadmehr, 2006; Robertson, 2004; Robertson et al., 2004;
Baraduc et al., 2004; Robertson et al., 2005; Walker et al., 2003; Walker e Stickgold,
2004; Siengsukon e Boyd, 2009).
As análises da transferência motora com o teste da trave elevada revelaram que o
grupo ACR caminhou uma distância final maior gastando menos tempo para realizara
tarefa, enquanto o grupo AC não apresentou mudanças. Esses dados podem sugerir que
a transferência de habilidades treinadas para tarefas estruturalmente semelhantes nas
exigências motoras de equilíbrio e coordenação (Brooks e Dunnett, 2009; Wilkinson e
Yang, 2016), mas com obstáculos variados (Bherer et al., 2005), parece ser necessário
um período de repouso para que o aprendizado propriamente dito ocorra como
demonstrando pelos animais do grupo ACR. Há evidências de que o processo de
consolidação evolui ao longo de um período de 4-6 horas após a prática, bem como
durante o sono (Muellbacher et al., 2002; Walker e Stickgold, 2004), e que ao longo do
intervalo de retenção, processos de consolidação estão envolvidos para estabilizar a
memória motora adquirida.

A formação da memória motora depende se ocorreu a assimilação ou retenção


das informações que dizem respeito à tarefa, indicando que a retenção e a aprendizagem
aconteceram. Caso contrário, a inexistência desses dois processos pode ser indicativo
que não ocorreu a aprendizagem resultando na não formação da memória (Robertson,
2009; Kantak e Winstein, 2012). Vale ressaltar também que com a retenção a
transferência positiva teve lugar porque a antiga resposta foi compatível e um tanto
semelhante à resposta nova (Mednick, 1973). Esses resultados puderam concordar com
outros estudos já realizados na transferência (Almeida, 1984; Teixeira, 1992), em que se
tratando de habilidades com elementos semelhantes, a presença de transferência positiva
é marcante.

Já o grupo AC apesar da randomização dos animais, apresentou uma condição


inicial diferente do grupo ACR, e apesar de treinar a mesma tarefa que o ACR, não
conseguiu ter desempenho semelhante no teste de transferência. Esse dado pode ser
explicado tanto pela ausência do intervalo de repouso para a realização do teste, quanto
pela teoria que afirma que a aprendizagem é maximizada quando a dificuldade da tarefa
é apropriada para o nível de especialização do sujeito (Guadagnoli e Lee, 2004), e que a
70

aprendizagem de uma tarefa locomotora complexa pode ser aprimorada quando os erros
são aumentados com base no nível de habilidade inicial dos sujeitos. E somando-se aos
achados acima, podemos sugerir também que a falta de experiências cognitivas
anteriores e a experiência emocional anterior (quedas) pode explicar esse resultado,
onde nesse caso a transferência foi nula.

O grupo sedentário, como esperado, teve uma diminuição da distancia final


comparada a inicial sugerindo que após 10 semanas de sedentarismo associada ao
envelhecimento (Vallesi et al., 2009) ocorreu uma diminuição da força e coordenação
motora interferindo na capacidade de executar a tarefa.

Em resumo, o aprendizado motor de uma nova habilidade complexa no nosso


estudo revelado pelos dados do grupo ACR envolveu a capacidade de: (1) melhorar o
desempenho de uma tarefa por meio do treino por longo período, (2) manter esta
melhora por meio do resgate das informações armazenadas, mesmo com período de
repouso, processo conhecido como retenção (Abe et al., 2011) e, (3) transferir essa
melhora do desempenho da tarefa treinada para uma condição semelhante, processo
conhecido como transferência positiva (Schmidt, 2001; Krakauer et al., 2006).

6.2 Efeito do Treinamento nas Regiões Motoras

O presente estudo demonstrou que o período de retenção após o treinamento


acrobático promoveu respostas distintas tanto nas proteínas pré-sinápticas SYP e SYS
quanto no Egr-1 nas áreas encefálicas estudadas. As alterações mais freqüentes da
imuno-histoquímica revelaram que o ACR foi capaz de promover ativação neuronal de
várias áreas encefálicas, com exceção das subáreas do hipocampo que apresentaram
uma diminuição. Já em relação a expressão das proteínas sinápticas, o ACR induziu
aumento delas num menor número de áreas, sugerindo que o aprendizado motor
propriamente dito apresenta um substrato neural específico (Krakauer e Shadmehr,
2006; Robertson et al., 2004; Baraduc et al., 2004; Robertson et al., 2005).

O AC promoveu aumento de SYP e SYS, assim como uma maior mobilização


neuronal em todas as áreas encefálicas estudadas quando comparada ao SED. Desta
71

forma esses dados parecem sugerir que o AC foi capaz de induzir mudanças plásticas
relacionadas à eficiência sináptica, sinaptogênese e ativação neuronal em áreas
envolvidas tanto com o planejamento, correções e execução motora. Assim, esses dados
suportam a idéia que as proteínas envolvidas na atividade e função dos neurônios são
dinamicamente alteradas durante o processo de aquisição e consolidação da
aprendizagem motora e que nem sempre uma maior mobilização neuronal quer dizer
uma maior eficiência (Salame et al., 2016). A seguir discutiremos cada região
separadamente.

6.2.1 Córtex Pré-Frontal

Os nossos dados revelaram que o grupo ACR induziu aumento das proteínas
sinápticas nas subáreas PL e IF, e aumento de mobilização neuronal em todas as
subáreas do CPF comparado ao AC.

O aumento dessas proteínas sinápticas no PL e IL promovidas pelo ACR


parecem sugerir a indução de sinaptogênese juntamente com uma rápida e eficiente
neurotransmissão, considerando que essas proteínas estão envolvidas na formação,
mobilização e liberação do conteúdo vesicular na fenda sináptica (Vaynman et al.,
2006; Shupliakov et al., 2011).

A região dorsal do CPF composta pelo CA recebe projeções aferentes do córtex


e núcleos talâmicos representando todas as modalidades sensoriais, e por isso, está
envolvida com vários comportamentos motores, enquanto as regiões ventrais do CPF,
composta pelo IL e PL recebem significativamente menos aferências corticais e das
regiões límbicas, sendo assim, estão associadas a diversos aspectos emocionais,
cognitivos e processos mnemônicos (Hoover e Vertes, 2007). Desta forma nossos dados
revelaram que o aprendizado motor de uma tarefa motora complexa parece ter sido
decorrente das mudanças plásticas nas áreas envolvidas com processos cognitivos e
mnemônicos.
E mais, o aumento de Egr-1 por todo o CPF, sugere que o aprendizado motor
também promove uma maior mobilização neuronal nas áreas responsáveis pela tomada
de decisão e planejamento frente ao treinamento de habilidades motoras complexas que
exige além de coordenação, equilíbrio e planejamento (Rosenberg-Katz et al., 2012).
72

Esses dados corroboram com o estudo de imageamento funcional de jovens e idosos em


atividades motoras mais complexas que apresentaram maior ativação neuronal das áreas
do CPF indicando a necessidade de maior atenção e planejamento durante esse tipo de
atividade motora (Heuninckx et al., 2005).

Estudos anteriores também demonstraram a importância do CPF sobre os


aspectos emocionais e cognitivos revelados pelo maior volume do CPF de indivíduos
que apresentaram maior adesão a programas de treinamentos de exercícios (Hoover e
Vertes, 2007; Best et al., 2017). Kantake colaboradores (2010) demonstraram que a
estrutura da prática e o período de retenção influenciam diretamente o processo de
consolidação. Utilizando estimulação transcraniana tanto no Cx M1 quanto no CPF
mostrou que a prática constante é beneficiada pelo teste de retenção tardio.

Nossos dados revelaram que o AC por longo período promoveu aumento de


proteínas sinápticas SYP e SYS em todas as subáreas do CPF juntamente com aumento
de ativação neuronal comparada ao SED, sugerindo que as mudanças plásticas
demonstradas por sinaptogênese e eficiência neuronal ocorreram em todo CPF.
Em resumo, o grupo ACR induziu aumento da eficiência sináptica (SYP e SYS)
nas subáreas PL e IL e mobilização neuronal nas três subáreas quando comparado ao
AC, demonstrando mudanças plásticas nas áreas conhecidas pelo importante papel na
memória, aprendizagem e função executiva.

6.2.2 Córtex Motor

Os nossos dados da imuno-histoquímica resultantes da análise da camada V do


córtex motor revelaram que o exercício acrobático por 8 semanas com período de
retenção induziu o aumento na expressão de SYP e Egr-1 comparado ao AC. O aumento
de SYP no Cx M2, área responsável pelo planejamento de movimento mais complexos
(Monfils et al., 2005), após o intervalo de retenção parece favorecer a sinaptogênese e
potencialização sináptica em áreas corticais envolvidas no planejamento da atividade
motora durante a fase de consolidação (Kleim et al., 1996; Kleim et al., 2004)
corroborando com os dados de Gutierrez (2017). Kleim e colaboradores (1996)
mostraram sinaptogênese resultante da aprendizagem motora nos neurônios piramidais
73

do córtex motor durante a fase de manutenção ou consolidação do aprendizado de


habilidade motora complexa, não sendo evidente na fase de aquisição.

Nossos dados do AC comparados ao SED revelaram que o AC foi capaz de


induzir aumento de SYP e SYS no Cx M1 e Cx M2, assim como uma maior
mobilização neuronal nessas duas áreas (Lee et al., 2000). Diferentemente dos dados
ACR, o AC sugere que as mudanças neuroplásticas ocorreram nas áreas corticais
motoras envolvidas tanto com planejamento do movimento (Cx M2) quanto com a
execução motora (Cx M1) (Kleim et al., 2004).

Em resumo, o aumento de células Egr-1+ juntamente com o aumento de SYP no


Cx M2 induzida pelo ACR, e o aumento de SYP e SYS e Egr-1 no Cx M1 e Cx M2
gerado pelo AC reforçam a idéia de que a plasticidade do sistema nervoso depende das
mudanças na função das sinapses (Kleim et al., 1998; Kleim et al., 2002; Kleim et al.,
2004), mas em áreas distintas, sugerindo que a neuroplasticidade induzida pelo AC não
recrutou as mesmas áreas que as geradas pelo aprendizado motor de uma atividade
aprendida após a retenção (ACR).

6.2.3 Estriado

Os nossos dados mostraram que o treinamento acrobático prolongado com


período de retenção promoveu uma diminuição da proteína sináptica SYS e aumento do
Egr-1 no estriado dorsomedial e dorsolateral em relação ao AC, sendo um dos
substratos neurais para o processo de consolidação do aprendizado. Esse aumento de
Egr-1 na região dorsomedial do estriado pode sugerir o aumento de LTP, já que nesta
subárea é onde ocorre predominantemente o processo de LTP no estriado (Towbin et
al., 1992). A LTP no estriado é predominantemente observada nas sinapses
corticoestriatal na região dorsomedial e rostral, e parece facilitar a aprendizagem de
habilidade e ação dirigidas ao alvo (Gerfen, 1988; Calabresi et al,1992; Lovinger,
2010). Além disso, a diminuição na mobilização e liberação de neurotransmissores,
sugere a existência de mudanças desencadeadas pela retenção.
A compreensão dos mecanismos neurais da aprendizagem requer não apenas a
identificação das alterações neurobiológicas que ocorrem em todo o corpo do estriado,
mas também nas regiões dorsomediais e dorsolaterais durante o desenvolvimento da
74

habilidade motora aprendida. O estriado é o principal núcleo de entrada dos núcleos da


base, recebendo aferência do córtex cerebral e dos núcleos talâmicos e desempenha
papel importante na integração sensório-motora, estando envolvido nas fases iniciais e
de consolidação do aprendizado (Lovinger, 2010). Sendo assim, esse padrão distinto na
mobilização das proteínas sinápticas parece apoiar as diferentes funções das subáreas do
estriado na aquisição de uma habilidade motora complexa e consolidação da
aprendizagem motora.
Segundo Lewis e colaboradores (2007) as tarefas que são internamente guiadas,
(IG) exigem uma maior ativação do circuito núcleos da base-tálamo-cortical. Já as
tarefas externamente guiadas (EG), aquelas que exigem a execução automatizada do
movimento promovem uma maior ativação do circuito cerebelo-tálamo-cortical. Nossos
dados mostraram que o exercício acrobático, atividade que exige planejamento motor,
revelaram mudanças na eficiência sináptica do estriado dorsomedial e dorsolateral
demonstradas pelo aumento de SYP, SYS e Egr-1. Esses dados corroboram com dados
prévios do nosso grupo (Garcia et al., 2012; Gutierrez, 2017) e com os de Lewis e
colaboradores (2007), sugerindo que a sinaptogênese e aumento da eficiência sináptica
da região dorsomedial e dorsolateral do estriado de ratos são responsáveis pela melhora
do desempenho motor em exercícios complexos e pela fase de consolidação do
aprendizado. Já o aprendizado propriamente dito, evidenciado após a retenção não foi
capaz de alterar a SYP talvez por ser mais interna sua localização ou mesmo o período
de uma exposição apenas não ser suficiente para sua alteração, diminuindo apenas a
liberação de SYS e aumentando a expressão neuronal.

6.2.4 Hipocampo

Os nossos dados mostraram que o treinamento acrobático prolongado com


período de retenção promoveu o aumento SYS sugerindo aumento da eficiência
sináptica no hipocampo na fase de consolidação, seguido da diminuição de células de
células Egr-1 nesta área. Entretanto, quando comparamos o AC com o SED observamos
um aumento tanto das proteínas pré-sinápticas quanto do Egr-1, corroborando com
diversos trabalhos que sugerem o envolvimento do hipocampo na aquisição do
aprendizado (Anagnostaras et al., 2001; Rudy et al., 2002; Rudy e Matus-Amat, 2005).
75

Nossos dados mostram que o exercício acrobático parece induzir sinaptogênese


e maior eficiência sináptica no hipocampo, entretanto, o período de retenção não foi
capaz de manter estas alterações, exceto para a expressão de SYS. Esses resultados nos
levam a discussão do papel distinto do hipocampo na aquisição e consolidação do
aprendizado, podendo demonstrar uma especialização dessa estrutura na memória de
curta duração (Maren et al., 1997; Anagnostaras et al., 1999), reforçando a idéia que
essa área seleciona a informação que vai ser armazenada e quais dessas informações
armazenadas devem persistir (Hardt et al., 2013; Huijgen e Samson, 2015). E ainda que
o hipocampo seria um repositório temporal da informação e tanto o CPF quanto o Cx M
local de armazenamento final (Dash et al., 2004).

Outra especialização funcional do hipocampo foi demonstrada no estudo


deYamashita e colaboradores (2009) que ao investigar a atividade hipocampal e do
neocórtex em participantes que aprenderam uma tarefa de imagens associadas
mostraram que uma região do hipocampo direito foi mais ativa durante a recuperação da
memória de curta duração, no entanto, regiões do córtex temporal esquerdo
apresentaram o padrão oposto durante o teste 8 semanas depois.

Além disso, nossos dados parecem discordar do estudo de Lamberte


colaboradores (2005) que ao analisar ratos submetidos ao treinamento de exercício
voluntário (EV), exercício acrobático (AC) e exposição ao ambiente enriquecido (AE)
por 6 semanas, 7 vezes na semana, observaram aumento da proteína SYP na região do
hipocampo em ratos submetidos ao EV e AE, sem alterações no grupo AC.

Em resumo, o período de retenção e consequentemente o aprendizado motor de


uma atividade motora complexa parece ter sido decorrente das mudanças plásticas
distintas em proteínas responsáveis tanto pelo ancoramento e liberação de vesículas
(SYS) quanto pela mobilização neuronal (Egr-1) em áreas responsáveis tanto por
aprendizado, desenvolvimento neuronal e plasticidade sináptica (CA1) (Lujan et al.,
2005) quanto memória (CA2) (Pandis et al., 2006).
76

6.2.5 Cerebelo

Os dados de imuno-histoquímica revelaram que a retenção demonstrada pelos


dados do ACR não promoveu mudanças nas proteínas sinápticas na camada molecular
do cerebelo quando comparado ao AC, mas induziu maior mobilização dos neurônios
da camada granular do lobo paramediano. Entretanto, quando comparamos o AC com o
SED observamos um aumento de SYP e SYS na camada molecular e ativação neuronal
na camada granular do córtex cerebelar do lobo paramediano.
Nossos dados mostraram que o AC promoveu mudanças plásticas significativas
no córtex cerebelar do lobo paramediano, mas não foi suficiente para manter estas
alterações após o repouso. Talvez depois da tarefa aprendida essas proteínas não
precisem se manter ativas aumentando o gasto energético para expressar o aprendizado.
Os dados do AC corroboram em parte com (Kleim e colaboradores (1997 e 1998) que
demonstraram que treinamento AC por longo período (10 dias e 38 dias) induziu
aumento no número de sinapses por célula de Purkinje, além da melhora do
desempenho motor durante o treinamento. Esses dados sugerem que a melhora no
desempenho motor ocorrida após longo período do treinamento de novas habilidades
pode estar associada com adaptação estrutural e funcional do córtex cerebelar.

O aumento de células Egr-1 positivas mesmo após o período de retenção pode


ser explicado pelo fato que essa proteína facilita as modificações estruturais das
sinapses que são essenciais para a plasticidade (Dishman et al., 2006) e/ou ainda por
serem recrutadas imediatamente. Além disso, a ausência de mudanças na expressão
tanto de SYP quanto SYS no grupo ACR comparada ao AC, parece sugerir que o
período de retenção não deu tempo de alterar essas proteínas no lobo paramediano
cerebelar, ou talvez essa ausência pode facilitar uma depressão sináptica (Van Praag et
al., 1999) envolvida nos mecanismos de depressão de longo prazo (LTD) promovendo o
equilíbrio.

O cerebelo tem sido considerado como sendo uma área fundamental para a
aprendizagem de habilidades motoras (Hikosaka et al., 1995) e está relacionado com
atividades sensoriais e de comportamento evocado (Wang et al., 2014). Nossos dados
do AC corroboram em parte com estudos anteriores do nosso grupo, mas avaliando ou
diferentes idades ou diferentes períodos de treinamento, que revelaram que o exercício
77

acrobático induziu aumento de SYS e SYP na camada molecular do cerebelo (Garcia et


al., 2012; Salame et al., 2016; Gutierrez, 2017), sugerindo que a atividade motora
complexa pode promover maior eficiência sináptica nesta área (Kim et al., 2002).

Em resumo, a ausência de mudanças sinápticas observada após a retenção parece


sugerir que apesar do cerebelo ser um dos responsáveis pelo aprendizado motor, a
região que nós estudamos não esteja tão ativa após o aprendizado. Talvez, nos próximos
estudos de aprendizado motor devemos estudar regiões do cérebro-cerebelo.
78

7. CONCLUSÃO

O ACR foi capaz de induzir o aprendizado motor revelado tanto pela


estabilização como pela manutenção do desempenho pós período de retenção.
O ACR no teste da trave elevada conseguiu caminhar por uma maior distância
gastando menos tempo comparado aos outros grupos.
O ACR induziu mudanças plásticas reveladas pelo aumento de proteínas pré-
sinápticas SYP e SYS e mobilização de células neuronais no CPF, no Cx M2, no
estriado dorsomedial e dorsolateral, e diminuição da SYS nas subáreas DM e DL; CA1
e CA2 hipocampal de forma distinta das mudanças reveladas pelo AC.
Em resumo, os dados revelados sugerem que o aprendizado motor de uma
habilidade motora complexa se deu pelas mudanças plásticas em áreas encefálicas
distintas das do AC.
E por fim, esperamos que esses dados possam contribuir para a construção de
estratégias de tratamento que otimizam o aprendizado e para a compreensão dos
substratos e mecanismos neurais de pesquisas clínicas futuras, utilizando protocolos
com exercícios que exijam planejamento, equilíbrio e coordenação para pacientes
jovens.
79

8. LIMITAÇÃO DO ESTUDO

Neste estudo não foi possível realizar o cegamento em relação ao treinamento e


análise dos dados. Todas as etapas foram realizadas pelo próprio pesquisador.
80

9. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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