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TIAGO CABRAL DOS SANTOS

MATRÍCULA 100222

DISCIPLÍNA HIS 111

"A função do historiador é lembrar a sociedade daquilo que ela quer


esquecer". Peter Burke ao escrever essa frase, trouxe uma reflexão muito
grande acerca da função do historiador, e com os enquadramentos de memória
que a sociedade contemporânea impõe sobre a sociedade, assim sufocando
muitas vezes grupos minoritários e de liberdade restrita. A memória por ser
uma construção coletiva, muitas vezes irá trazer certos pensamentos de
rejeição a algum grupo, como religiões, etnias, gêneros e vários outros grupos
que na história tiveram sua liberdade sufocada.

Através de anos de luta e resistência, muitas religiões perseguidas pela igreja


católica ainda são descriminadas nos dias atuais. O por esses motivos, nosso
grupo escolheu o único Terreiro de Umbanda em Viçosa para ser tombado
como patrimônio histórico. A Umbanda é uma religião brasileira, porém,
minoritária em nosso País, devido as perseguições sofridas durante anos. E
isso nos fez pensar a seguinte questão, seus antepassados sofreram em busca
de uma liberdade de expressão, mas em pleno século XXI certas persistências
de preconceitos permaneceram. E com a cultura transmitida e herdada, as
histórias de lutas e desafios que ainda enfrentam, e todo contexto histórico por
detrás dessa religião, ela se enquadra como um patrimônio imaterial e material.

A Umbanda nasce dos primórdios da cultura africana, porém, é uma mistura de


rituais religiosos, como catolicismo, kardecismo e as setes linhas do
Candomblé, que cultua os orixás. A diferença é que a Umbanda não utiliza
sacrifício de animais, porém, utiliza as folhas e ervas em seus rituais.

O terreiro em Viçosa, sofreu perseguições e a família que administra e


coordena os rituais, passou por ameaças de morte, bullyng na escola,
interrupções nos rituais, polícia na porta por denúncias e uma série de
acontecimentos em cima de uma religião puramente brasileira e administrada
por uma família humilde e sem condições propriamente de manter o terreiro
com todos os recursos possíveis. E em entrevista, a senhora que realiza as
cerimônias no terreiro, demonstrou até certa tristeza pelo abandono dos
amigos ao abrir o terreiro em sua vizinhança, e segundo ela, somente uma
mulher evangélica continuou a tratando bem, que no caso, evangélicos são
oposição às religiões de outras culturas como um todo.

E minha posição sobre o tombamento dessa religião como patrimônio material


e imaterial é positiva. Essa religião, assim como várias outras pelo mundo e no
Brasil, necessitam de uma proteção do estado para sua conservação e
preservação na cultura. Com o tombamento desse terreiro, seria de grande
alegria a preservação de uma religião nascida no Brasil, e isso encarretará no
combate ao preconceito contra religiões de matrizes africanas, orientais,
ocidentais e de todos os cantos no mundo. O Brasil sempre foi o País das
diferenças, e são essas diferenças que nos unem como um povo. A história e a
memória dessa religião devem ser preservadas, e as lutas que seus
antepassados tiveram, será um triunfo comemorada pela atual e pelas futuras
gerações.

Referências:
NORA, Pierre. Entre memória e história: a problemática dos lugares. Projeto
História, São Paulo (10) dez.1993, p.7-28
CHOAY, Françoise. A Revolução francesa. In: CHOAY, Françoise. Alegoria do
patrimônio. São Paulo: Estação Liberdade, 2006, p.95-124.

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