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CENTRO UNIVERSITÁRIO ESTÁCIO DE SC


CURSO DE PSICOLOGIA

DISCIPLINA: PSICOLOGIA COMUNITÁRIA


PROFESSOR: Drª. Mirella Alves de Brito.

ADEMIR ABDU JUNIOR


ISRAEL BOUSFIELD DE CARVALHO
LAYS SYBELLE DA SILVA
NATAN JUNIOR TEXEIRA
VICTORIA THERESA ZULIAN LOSSO
WEALTH KARLO FRANCOTTI

“ CHEGA AÍ ! ”

São José
2019
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ADEMIR ABDU JUNIOR


ISRAEL BOUSFIELD DE CARVALHO
LAYS SYBELLE DA SILVA
NATAN JUNIOR TEXEIRA
VICTORIA THERESA ZULIAN LOSSO
WEALTH KARLO FRANCOTTI

“ CHEGA AÍ ! ”

Trabalho apresentado à disciplina de


Psicologia Comunitária, turma do 7º
semestre do curso de Psicologia, turno
vespertino, como crédito parcial da
avaliação.

Orientadora: Profª Drª. Mirella Alves


de Brito.

São José
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2019
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INTRODUÇÃO

Antes mesmo de fazer qualquer apresentação acerca da validação e/ou


importância social da escolha do tema central desta intervenção psicológica
comunitária, bem como da especificidade da comunidade (grupo) recomendado
escolhida (público alvo) neste trabalho acadêmico, deliberamos ser de suma
importância à compreensão mínima dos processos teóricos inerentes ao ato da
“Observação Participante” e a “Escuta Qualificada”, dentro de um contexto onde seu
conceito se trata de um processo fundamental, e que seu fim, encontra-se para além do
fim em si mesma, estando eles subordinados ao emprego dos processos complexos na
atribuição de uma cientificidade acadêmica de forma a fornecer dados empíricos
necessários a posteriores análises críticas, realizada pelos pesquisadores.
Assim, ao escolhermos um método e/ou técnica a ser empregada em nosso
processo de intervenção, estaremos vinculando diretamente os nossos objetos de estudo
ao nosso olhar cientificista; necessário para uma investigação legítima do
conhecimento do fenômeno psicológico e fenomenológico, contidos no seio dessas
relações sociais investigadas no grupo focal escolhido.
Portanto, a ideia central deste trabalho é demonstrar a possibilidade da
utilização da metodologia de pesquisa em psicologia comunitária, tendo como suporte
a utilização da “Observação Direta Participante”, incorporado a procedimentos e
desenvolvimento de um “Grupo Focal”, juntamente com a aplicação da “Escuta
Qualificada”.
Apresentando transversalmente a compreensão de que, se a prática da
intervenção psicológica, que será aplicada e avaliada em uma determinada comunidade
(grupo), não for uma prática efetivamente libertadora que vise à mínima emancipação
dos indivíduos da deste referido grupo, de forma coletiva, em favor de uma proposta de
luta por sua cidadania, ela acaba por si só abandonando esses atores num apostilamento
de sobrepujada/dominada, onde os sujeitos tendem a somente reagirem como simples
beneficiários de politicas públicas assistencialistas e não se percebam como
verdadeiros cidadãos protagonistas que têm seus direito de reivindicar e gozar suas
legitimas demandas.
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JUSTIFICATIVA

O emprego da técnica do “grupo focal” constitui uma dentre as várias


modalidades disponíveis de ações grupais e/ou grupos de discussão, existindo uma
ampla diversidade técnica de condução e configuração para utilização de grupos focais
como instrumento de coleta de dados em pesquisas no campo da Saúde Coletiva no
Brasil, sua adoção atende invariavelmente ao objetivo de apreender percepções,
opiniões e sentimentos frente a um tema determinado num ambiente de interação, com
vistas a uma estratégia complementar de tipo qualitativa.
Trad (2009) define grupos focais como uma técnica de pesquisa qualitativa,
derivada das entrevistas grupais, que coleta informações por meio das interações
grupais baseada na comunicação e na interação. Tendo como fundamental objetivo
reunir informações sobre tópicos específicos, buscando recolher informações que
possam proporcionar a compreensão de percepções, crenças, atitudes sobre um tema,
produto ou serviços.
Essa abordagem de intervenção (grupo focal) atenta-se aos detalhes
observacionais proporcionando ao pesquisador um mergulho amplo no cenário
psicológico observado, de forma que ele possa compreender melhor a complexidade
dos fenômenos ocorrentes durante o período estipulado para tal prática.
Nessa perspectiva, pretendemos dialogar com algumas questões sobre os
conceitos de “Senso de pertencimento” e a dicotomia mercantil entre o Cooperativismo
Colaborativo X Competitivíssimos Exploratório de forma simplificada e diluída nas
relações a serem estabelecidas durante os encontros presenciais do Grupo Focal,
entendendo que esses momentos não serão tão simplesmente um momento de pura
brincadeira, mas sim momentos singulares e específicos de troca, bem como intérpretes
de um prólogo social dotado de liberdade de expressão, em suas diversas formas e
subjetividade.
Desta forma, poderemos observa-lo efetivamente, dentro da medida do
possível, como sendo um ser social detentor de papeis ativos, dotado de potencias e
protagonismo na construção da sua própria historia e relação, ao participar ativamente
da sociedade, bem como das representações que está trás a eles.
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Compreendido no interior do arcabouço deste Projeto de Intervenção


Psicológica, encontra-se o emprego da dinâmica e ferramenta, conhecida como:
“Escuta Qualificada”, sendo esta metodologia aproveitada justamente por
proporcionando ao publico alvo (estudantes do 5º do ensino fundamental) atendido a
formação de pensamento crítico, de empoderamento e autonomia, uma vez que vai para
além da mera concepção do ouvir, envolvendo uma profunda reflexão das experiências
que o indivíduo possui.
Trata-se de uma Intervenção qualitativa do tipo “Grupo Focal”, que será
realizada por meio da técnica da Escuta Qualificada e Observação Participante, que
visa fundamentalmente o acolhimento e a humanização desse indivíduo, identificado
por meio da visita realizada à Comunidade na primeira parte deste estudo, juntamente
com os critérios elencados na metodologia definida para balizar a delimitação deste
publico alvo.
Esta INTERVENÇÃO orientou-se pela abordagem qualitativa de pesquisa e
utilizou como principal instrumento para a coleta de dados a técnica de Grupo Focal, a
Escuta Qualificada e a Observação Participativa, que para sua execução contou com a
participação de crianças oriundas da comunidade local, Maciço do Morro da Cruz.
Buscando ponderar sobre a disposição dos arranjos inerentes aos fenômenos
psicológicos, nosso objetivo não é destacar, nem tão pouco fazer uma analise histórica
das lutas acerca da territorialidade perpassada ao longo da construção conceitual de um
território enquanto “Fórum” de discursões e emancipações de diversas ordens do
Maciço do Morro da Cruz, mas realizar um estudo orientado pelo víeis da psicologia
comunitária e social junto das crianças regularmente matriculadas ou não nas escolas
oriundas desta região visitada (Morro da Nova Trento e Morro do 25).
Para tal, a metodologia de trabalho incluiu delimitar a observação participante
no período pré-estipulado que incidirá nos dois meses de funcionamento do grupo
focal, que reunirá-se-ar todas as terças-feiras no contra turno dos estudantes, bem como
a compilação quantitativa dos dados/informações oriundas das observações e registros
desses encontros. Buscando visualizar, criando vínculos, produção de relações
interpessoais e do respeito à singularidade da pessoa e sentir pessoalmente as condições
e conjunturas presentes naquele contexto de grupamento social, corroborando de tal
modo para uma melhor compreensão de tais elementos psicológicos existentes.
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Sendo nestes arranjos coletivo que encontramos a possibilidade de exercermos,


efetivamente, como sujeitos qualificados de mobilizar e visionar nossas dimensões
subjetivas, produzindo significado à sua própria existência, por meio da produção
coletiva, concretizando suas potencialidades como ser colaborativo e coletivo.
Ao percebemos tamanha complexidade existente nos interior dos arranjos
sociais presentes naquele contexto social, definimos ser mais sensato executarmos as
dinâmicas/ações do grupo focal na própria escola da comunidade, na tentativa de assim
evitar as relações de choque entre os poderes presentes.
Nossa relação com a comunidade estará estabelecida por meio de trocas, em
um processo de mão dupla, uma vez que buscávamos nos relacionarmos com as
especificidades dos problemas sociais, que são analisados como produtos de processos
de uma definição coletiva, construindo-se como objetos por intermédio de práticas e
discursos num marco sócio histórico e cultural que permite certas construções e não
outras. Os problemas sociais são, então, histórica e contextualmente situados e, além
disso, são construções momentâneas e dinâmicas (LANE, 1996).
Ao ouvir e perceber a necessidade de “se fazer algo com as crianças” que
vivem situações de vulnerabilidade bastante complexa surgiu à idéia de fazermos algo
especifico com e para elas.

OBJETIVO GERAL

Proporcionar procedimentos metodológicos de vivencias colaborativas capazes


de contribuir com a maximização das potencialidades dos sujeitos envolvidos,
compreendendo o sentimento de pertencimento social.

OBJETIVOS ESPECÍFICOS

 Coletar Dados referentes aos fenômenos psicológicos, identificando variáveis que


possam interferir na construção de um projeto de vida.
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 Compreender a Escuta Especializada e a Observação Participante como


possibilidade de promoção a saúde.
 Oportunizar condições de compreensão acerca da cooperação e colaboração.
 Instrumentalizar a criança para o autoconhecimento das suas potencialidades
(Construção do Senso de Pertencimento).

FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

Conforme encontramos nas palavras de MACIEL (2015. pg.272), “o indivíduo


e o meio social são indissociáveis, devendo-se considerar o ser humano em um
movimento de produzir e se produzir, não só com relação à sua história pessoal, mas
também em relação à história da sociedade”.
Existe uma relação entre comunidades citada no texto de Guareschi, que diz
sobre a exclusão de pessoas da sociedade, mesmo que tenham necessidades supridas e
morarem próximos à pessoas de alta qualidade de vida. "Relação é uma ordenação
intrínseca de uma coisa em direção a outra". Comunicação, diálogo, união e
completamente abalado quando falamos sobre igualdade e exclusão social, onde um
parece excluir outro. Dentro da comunidade existem relações que não são bem vistas
pelo resto dessa sociedade julgadora, porém são relações existentes entre eles.
As representações sociais trazem aquilo que é compartilhado com os demais
membros do grupo e que está em constante modificação.
"Na teoria das representações sociais, dois aspectos merecem destaque por
sua contribuição ao estudo da interação. Em primeiro lugar, a ideia de que
as representações que os sujeitos constroem, compartilham e comunicam
entre si são fruto de histórias já construídas, e como tal são transmitidas.
Em segundo lugar, a lembrança oportuna de que as práticas presentes vão
progressivamente contribuir para introduzir novos elementos nas
representações, e em última instância para transformá-las. É precisamente
está dialética que permite avançar a compreensão da ação individual e
grupal como uma resultante do movimento de renovação que nasce das
práticas cotidianas. Neste sentido, chegamos a uma concepção na qual não
são apenas as representações sociais que orientam a conduta humana, mas
esta mesma conduta é que contribui para construir as representações."
(CAMPOS, 1992, pg.172)
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Assim podemos observar que a psicologia social refere-se principalmente ao


estudo da cultura no decorrer da história para produzir novos significados.
Conforme diz CAMPOS (1992, pg.171), "a psicologia social trabalha com
conceitos que permitem trabalhar as relações culturais em situações de diálogo
contribuindo para desenvolver a capacidade de análise das situações e para a construção
de novas interpretações. Esta é precisamente a situação na qual se encontram muito dos
trabalhos comunitários com os quais nos envolvemos, como psicólogos sociais".
Segundo Cuareschi (2007), a percepção da relação é, pois, uma percepção
dialética, percepção de que algumas coisas ”necessitam” de outras para serem elas
mesmas. Interessante, nesse contexto, é se perguntar como as pessoas se definem, como
elas se vêem a elas mesmas. Há alguns que se vêem, e vêem os outros, como se fossem
”indivíduos”, isto é, entidades que ”não têm nada a ver com os outros”, isolados,
suficientes em si mesmos. E por isso legitimam a violência presente nas
competitividades e ações agressivas da lógica unitarista e servil do mercado.
Contudo, como perceber se há presente nas crianças tais concepções e ideias?
De forma a compreender tais questionamentos deduzimos ser viável a aplicabilidade de
uma metodologia de pesquisa onde os sujeitos pudessem estar fundamentalmente
atuando sobre suas próprias escolhas e demandas.

CONCEPÇÕES DO GRUPO FOCAL

Assim, segundo Gil (1995), a marca registrada do grupo focal é a utilização


explícita da interação grupal para produzir dados e insights que seriam menos
acessíveis sem a interação produzida em grupo.
A principal vantagem do grupo focal é a oportunidade de observar uma grande
quantidade de interação a respeito de um tema em um período de tempo limitado ,
partindo da premissa, de que nos pequenos grupos tende-se a reproduzir,
principalmente, nos jogos de conversação, o discurso ideológico das relações
macrossociais existentes no universo deste sujeito.
Eles seriam, pois, uma forma de desvelar este processo de alienação e torná-lo
consciente para os participantes.
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No grupo focal, não se busca o consenso e sim a pluralidade de ideias. Assim,


a ênfase está na interação dentro do grupo, baseada em tópicos oferecidos pelo
pesquisador, que assume o papel de moderador.
O principal interesse é que seja recriado, desse modo, um contexto ou
ambiente social onde o indivíduo pode interagir com os demais, defendendo, revendo,
ratificando suas próprias opiniões ou influenciando as opiniões dos demais.
Para Gil (1995), o grupo focal ocupa uma posição intermediária entre a técnica
de observação participante e a da entrevista aberta, e apresenta, como qualquer outro
instrumento, tendo como sua principal vantagem à possibilidade de atuar
conjuntamente com uma observação participante, ampliando a oportunidade de
observar uma quantidade muito maior de interação entre os participantes a respeito de
um tópico, em um limitado intervalo de tempo.
Em síntese, Maciel (2010), considera que a técnica de Grupo Focal é
relativamente importante nos estudos qualitativos, uma vez que permite compreender o
objeto da pesquisa, seguindo-se por processo interativo, indo para além disso, favorece
a compreensão de elementos subjetivos e ideológicos que marcam o discurso e as
concepções dos sujeitos participantes, dando margem, inclusive, para que se
proponham novos questionamentos para estudos futuros.

PARTICIPANTES DO GRUPO FOCAL

A escolha dos participantes que integraram o grupo focal foi feita conforme os
propósitos percebidos durante a pesquisa de visita à Comunidade do Morro da Nova
Trento e Morro do 25. De tal modo, que definiu-se por abarcar o recorte da infância
como sendo uma das demandas procedentes inerentes da própria comunidade.
Pensamos em um grupo homogêneo quanto a determinados parâmetros
definidos de acordo com a pesquisa a ser realizada, que no caso seria serem criança e
moradora da comunidade local visitada. Essa homogeneidade favorece a identificação e
integração entre os participantes, evitando posições radicalmente conflitantes entre os
membros do grupo. Conforme Minayo (1992), muitas vezes, interessam exatamente as
diferenças contrastantes de perspectivas e pontos de vista dos participantes, exigindo-
se, nesse sentido, uma certa heterogeneidade na composição do grupo focal.
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Por adotar um processo indutivo, em que as hipóteses explicativas se formam a


partir dos dados, também optamos por empregar outros instrumentos procedimentais de
pesquisa qualitativa, de forma a refletir e analisar os resultados parciais, visando
adequar melhor os procedimentos de coleta de Dados.
Para tal fim, empregaremos a Escuta Qualificada.

CONCEPÇÕES ACERCA DA ESCUTA QUALIFICADA

A escuta qualificada se insere nesse contexto, uma vez que vai além da mera
concepção do ouvir, mas envolve uma profunda reflexão das experiências que o
indivíduo possui e qual o seu papel frente aos desafios vividos. O método de escuta
qualificada inserido no grupo focal foi à forma escolhida para ampliar nossos olhares
para os fenômenos psicológicos.
O trabalho de escuta qualificada trata da relação entre pessoas, que se
aprofunda na medida em que trata do interesse de um pelo outro, não é só o ouvir, mas
o escutar, em uma perspectiva de acolhimento por parte do interlocutor.
Nas palavras de Ceccin, (2001), quando as pessoas se sentem ouvidas, elas
tendem a mudar suas atitudes em relação a si próprias e em relação aos outros, é uma
forma de estimular mudanças necessárias. As pessoas sentem-se valorizadas, menos
defensivas e mais flexíveis. Assim, escutar também agrega um valor àquele que realiza
a escuta, pelos benefícios que pode proporcionar ao outro.
A escuta qualificada torna-se uma ferramenta gerencial que auxilia na melhor
condução dos processos, visto que dará um panorama da compreensão dos fenômenos e
sentimentos dos envolvidos no processo. O escutar qualificadamente pode ser definido
como a sensibilidade de estar atento ao que é dito, ao que é expresso através de gestos e
palavras, ações e emoções, bem como nos momentos de relações/interações com o
outro. Segundo Ceccin, 2001, p.15 apud (Con)Texto em escuta sensível:
“Escutar exige a percepção, sensibilidade de compreensão para aquilo
que fica oculto no íntimo do sujeito. A audição se refere à captação
dos sons, enquanto a escuta diz respeito à captação das sensações do
outro, realizando a integração ouvir-ver-sentir”.
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Cabe ainda colocar que o ato de escutar e acolher não se encerra nele mesmo,
ele perpassa em definir junto ao que fala quais ações serão tomadas, a fim de manter o
que está bem, e dar direcionamentos adequados às situações apresentadas.
METODOLOGIA

Durante a realização da primeira parte desta pesquisa (visita in loco a


comunidade), houve uma preocupação constante em perceber e estudar os contextos
dos fenômenos psicológicos existentes naquele espaço, pois no ambiente natural
ocorrem situações concretas que possibilitam uma melhor compreensão do objeto em
estudo.
Por isso, buscou-se estudar e compreender as relações presentes nos diferentes
ambiente culturais/sociais que as crianças circulam, decodificando as situações
concretas que surgirem sobre a vivência interdisciplinar nas práticas inter-relacionais.
Para, além disso, utilizou-se a observação participante, pois esta consiste num “[...]
elemento fundamental para a pesquisa, desde a formulação do problema, passando pela
construção de hipóteses, coletas, análise e interpretação dos dados [...]”. (GIL, 2008, p.
100). Para isso, foram vivenciadas ações intervencionistas, por meio de planos
coletivos de trabalhos fundamentados pela concepção histórico-dialética da
interdisciplinaridade, que é uma concepção orientada pela complexidade do
conhecimento e que leva em conta para a vivência da interdisciplinaridade a dimensão
social.

CAMINHO A SER PERCORRIDO

Tendo em vista toda a complexidade das atividades e possíveis, futuras,


complicações provenientes deste tipo de abordagem em pesquisa/intervenção um dos
primeiros passos a serem documentados foram à comunicação junto à escola Estadual
para utilização de suas dependências internas, tanto os pátios, quanto salas indicadas
pela própria equipe gestora e pelos acadêmicos.
Sendo realizadas algumas conversas e reuniões com os representantes da
escola, que deliberaram ser de grande valia a implementação de tal ação junto aos seus
estudantes. A principio, pensou-se em definir por um especifico publico alvo, cercando
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com características, sendo elas: idade, série/ano escolar, regularmente matriculado nas
escolas da região e ser morador da região, contudo percebeu-se que essas demandas
estavam limitando ao invés de ampliar a heterogeneidade deste grupo focal.
Optou-se por apenas limitar a condição de ser moradora da região visitada
pelos universitários, juntamente com a condição de estar entre 09 á 12 anos de idade.
Outra intencionalidade foi passar nas salas de aulas comunicando sobre a realização
desta dinâmica todas as segundas-feiras no contra turno dos estudantes, para que estes
não perdessem aulas nem tão pouco causasse transtorno e prejuízo a sua aprendizagem.
Isso favoreceu ainda mais os vínculos junto à equipe administrativa e pedagógica da
escola.
Desse modo, já no primeiro encontro do grupo focal, teve como características
uma reunião instrutiva a respeito das dinâmicas de trabalho que deveria ser seguida nas
demais encontros, também apresentaremos algumas considerações importantes, como o
sigilo total sobre os assuntos ali abordados e apresentados por eles, bem como a
construção de um dialogo franco e sincero entre as partes envolvidas (pesquisadores e
estudantes).
O debate inicial estaria apenas voltado para identificar quais seriam os
mobilizadores para eles estarem presentes naquele espaço e momento! E com isso
construir traçando um percurso até o desvendar das possibilidades que o cercam para
lazer e outras ações fora daquele espaço ali apresentado, igualmente faremos
questionamentos sobre como é viver naquela comunidade? O que fazem para se
divertir? Com quem eles se divertem?
Abriremos espaço para arquitetar definições coletivas que por todos seriam
seguidas, na tentativa clara de estabelecer como identificação de senso de
pertencimento ao grupo. Poderão surgir coisas, tais como: não haveria falas
simultâneas; todas as pessoas deveriam participar livremente, inclusive interagindo
umas com as outras; não serem desagradáveis uma com as outras e respeitar a fala do
outro. Sendo ocasionalmente, relembradas pela moderadora no início dos próximos
encontros.
Dando sequência ao primeiro encontro, serão disponibilizados mais sete
encontros presenciais, distribuídos semanalmente, ao longo de dois meses. Vale
ressaltar que, paralelamente ao procedimento do grupo focal, todas as atividades
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futuras eram escolhidas pelo grupo do encontro anterior, tendo certas ações sugeridas
pelos pesquisadores.

Sempre após dois encontros será realizada uma reunião para a avaliação do
material recolhido e possíveis ajustes necessários ao bem caminhar dos encontros
futuros. A análise dos resultados da avaliação de cada encontro resultará em
reformulações que se concretizará na elaboração de possíveis artigos científicos e por
consequência amadurecimento das práticas futuras.
Os encontros iniciarão sempre entre cinco a dez minutos após a hora marcada
previamente com todos os participantes. Nesse momento de recepção serão oferecidos
sucos, água e biscoitos leves em uma mesa de apoio, sendo este critério adotado na
intenção de se respeitar o tempo de conversas informais, juntamente com a
possibilidade de não terem nem mesmo se alimentados anteriormente.
A discussão seguirá a ordem de surgimento dos tópicos, de modo flexível,
buscando enfatizar os tópicos relacionados ao conteúdo, de modo que se pudesse
identificar a compreensão das crianças a respeito das informações do universo social,
as relações interpessoais e as experiências práticas de seu cotidiano.

RECURSOS

Para realização dos grupos, devem ser reservados espaços apropriados, com
fácil acesso aos participantes. Os participantes podem ser distribuídos livremente pelo
espaço.
Quanto aos equipamentos requeridos, o uso de tecnologias para gravação é
considerado dispensável, dependendo das ações acerem desenvolvidas, de forma a
potencializar a qualidade dos laços, acreditasse que a utilização de e a presença de
microfones, câmaras, e notebooks podem ser considerados recursos adicionais, cujo
uso dependerá da utilização pretendida de som e imagem pelos pesquisadores, vale
ressaltar que a utilização de qualquer um destes recursos estará condicionada à
expressa permissão dos participantes dos grupos. Este e outros materiais, que possam
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ser empregados mais adiante, integram os requisitos éticos no manuseio do Grupo


Focal.

CRONOGRAMA

Tendo como norteadoras das atividades desenvolvidas e aplicadas, estarão às


crianças atendidas pelo grupo focal. Uma vez que, diante das escolhas e demandas
oriundas das suas necessidades, estaremos desenvolvendo as dinâmicas de forma a estreitar
os laços, encurtar as distâncias e aproximar-nos ainda mais fundo dos fenômenos
psicológicos. Desta forma, o cronograma está sistematizado:

Antes Primeiro Mês de Atividades. Segundo Mês de Atividades. Encerramento


DATAS E ATIVIDADES do 1ª 2ª 1ª 3ª 4ª 2ª 5ª 6ª 3ª 7ª 4ª 8ª AVA
Retorno
inicio Enc. Enc. AVA Enc. Enc. AVA Enc. Enc. AVA Enc. AVA Enc. Final
Organizar as Técnicas, dinâmicas e
Procedimentos a serem empregadas. X X X X X X
Levantamento das autorizações
junto às escolas e familiares. X
Seminários e Discussão, das Teóricas
psicológicas e encaminhamentos. X X X X X X
Encontro presencial do Grupo Focal. X X X X X X X X X
Enc. = Encontro/segunda-feira - AVA= avaliação

FORMAS DE AVALIAÇÃO

Valorizando a oportunidade de reflexão, de desabafo, franqueza e de troca de


ideias representada pelos grupos focais, com a finalidade de analisar os fatores críticos
numa perspectiva que vá para além da mera justaposição dos discursos individuais,
desta forma iremos realizar um processo de auto-avaliação, efetuada pelos próprios
participantes ao final de cada um dos encontros. Esses momentos terão algumas
Em suma, avaliar é uma condição imprescindível para a gestão de quaisquer
programas sociais e/ou projeto, uma vez que proporciona conhecimento sobre a ação
que se realiza, fornecendo importantes dados sobre a verificação da efetividade do
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caminho escolhido, assim como dos possíveis resultados que auxiliam na revisão dos
procedimentos com vista ao aprimoramento e correção de rotas, quando e si necessário.
Desta forma, a prática possibilita verificar a pertinência, consistência,
coerência e viabilidade do programe, bem como das dinâmicas empregadas ao longo do
projeto. Assim, a primeira grande contribuição das avaliações centradas no participante,
será um dos alicerces e princípios básicos defendidos pelo grupo.
Compreendendo a avaliação como sendo um processo de julgamento e
ferramenta poderosa de empoderamento dos participantes, que consta em nosso
planejamento estratégico incentivar e deflagrar o diálogo entorno das mais diferentes
questões que possam suscitar ao longo das atividades desenvolvidas nos momentos dos
encontros. Tendo constantemente como foco o pluralismo dos valores para ser útil ao
processo decisório partindo dos dois princípios básicos a descrição e o não julgamento
das falas e narrativas apresentadas pelas crianças.
Outro indicador Avaliativo constará na metodologia de assiduidade dos
participantes em cada encontro assim poderemos visualizar e quantificar
numericamente quantos e quem está frequentando. Desta forma, os feedbacks serão de
forma quantitativa e qualitativa tomando por base apenas esta face da complexa etapa
de avaliação.

REFERENCIAS

CAMPOS, Regina Helena. Psicologia social comunitária: da sociedade à autonomia.


Petrópolis: Vozes, 1996.

CERQUEIRA, Teresa Cristina Siqueira (Org.). (Con)Texto em escuta sensível. Brasilia:


Thesaurus, 2011.

Gil, A. C. (1995). Métodos e técnicas de pesquisa social. 5ª ed. São Paulo: Atlas

LANE, Sílvia Tatiana Maurer. Histórico e fundamentos da psicologia comunitária no


Brasil. In: Psicologia Social Comunitária: da solidariedade à autonomia. Petrópolis, RJ:
Vozes, 1996.
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MACIEL, Tania Maria de Freitas Barros; ALVES; Monalisa Barbosa. A importância da


Psicologia Social Comunitária para o Desenvolvimento Sustentável. Pesquisas e Práticas
Psicossociais, 10(2), São João del-Rei, julho/dezembro 2015.

MINAYO, M. C. S. O desafio do conhecimento: pesquisa qualitativa em saúde. São


Paulo: Hucitec; Rio de Janeiro: ABRASCO, 1992. 269 p.

TRAD, Leny A. Bomfim. Grupos focais: conceitos, procedimentos e reflexões baseadas


em experiências com o uso da técnica em pesquisas de saúde. Physis, RJ, v. 19, n. 3,
2009. Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0103-
73312009000300013&lng=en&nrm=iso. Acessado em: 03 de junho de 2019.

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