Você está na página 1de 17

Revista de Ciências EXTERNALIDADES NEGATIVAS

Gerenciais SOBRE O MEIO AMBIENTE


Vol. XIII, Nº. 18, Ano 2009
Processos econômicos de custeio

David Antunes RESUMO


Faculdade Anhanguera de Taubaté
david.pessoal@gmail.com Desenvolvimento econômico é uma das preocupações de maior importância
nas sociedades atuais, buscando compatibilizar crescimento econômico com
sustentabilidade. É de longa data a intervenção humana no Meio Ambiente
tendo como consequências externalidades negativas. Atualmente as teorias e
os indicadores econômicos não explicam como a economia está perturbando
e destruindo os sistemas naturais da Terra. Faz-se necessário uma
reorientação do sistema econômico para abranger as externalidades
causadas com efeitos das atividades de produção e do consumo sobre o
Meio Ambiente. A necessidade de se adaptar à legislação ambiental trouxe
um novo fator de custos à atividade empresarial, principalmente no tocante
àquelas que impõem uma conduta positiva as empresas buscando
demonstrar à sociedade que responsabilidade social e governança
corporativa no longo prazo são fundamentais a sua sobrevivência e
lucratividade. Esse trabalho limita-se ao estudo de mecanismos e
instrumentos de internalizações mais utilizados.

Palavras-Chave: meio ambiente; externalidades; medidas de comando e


controle; instrumentos de controle; eco economia.

ABSTRACT

Economic development is one of major concerns in current companies


seeking to combine sustainable economic growth. It is long-standing human
intervention in the environment and consequences as negative externalities.
Currently, theories and economic indicators do not explain how the
economy is disrupting and destroying the Earth's natural systems. It is
necessary to rearrange the economic system to cover the externalities due to
effects of the activities of production and consumption on the environment.
The need to adapt to environmental legislation brought a new factor in costs
to business activity, particularly in relation to those that require positive
conduct businesses seeking to demonstrate to society that social
responsibility and corporate governance in the long term are essential to
their survival and profitability. This work is limited to the study of the most
used mechanisms and instruments for internalizations.

Keywords: environment; externalities; measures of command and control,


Anhanguera Educacional S.A. control instruments; eco economy.
Correspondência/Contato
Alameda Maria Tereza, 2000
Valinhos, São Paulo
CEP 13.278-181
rc.ipade@unianhanguera.edu.br
Coordenação
Instituto de Pesquisas Aplicadas e
Desenvolvimento Educacional - IPADE
Artigo Original
Recebido em: 02/10/2009
Avaliado em: 15/05/2010
Publicação: 22 de setembro de 2010 57
58 Externalidades negativas sobre o meio ambiente: processos econômicos de custeio

1. INTRODUÇÃO

Desenvolvimento econômico é uma das preocupações de maior importância nas


sociedades atuais. As metas para o crescimento de uma sociedade não podem apenas
restringir-se a objetivos como aumento do PIB, por exemplo. Pensar em desenvolvimento
é compatibilizar desenvolvimento econômico com outras metas que busquem atingir
sustentabilidade. Porém hoje se vive sob uma ótica de crescimento constante, onde se
busca ampliar nossas estruturas de maneira exponencial dentro de um espaço finito como
a Terra.

Joseph Schumpeter1 (SOUZA, 1999, p.176) já descrevia em sua teoria sobre a


destruidora criação que para uma inovação ser criada, outra era destruída. Para
Schumpeter ocorria um processo de filtragem em benefícios de atividades mais eficientes
e lucrativas em detrimento de outras atividades que não estavam mais atingindo tais
expectativas. Tratando-se de bens ambientais transacionados no mercado, a escassez
crescente de um bem resulta no aumento de seus preços, o que nos faz buscar novas
tecnologias que permitam poupar tais recursos. Podemos observar que no decorrer do
tempo a evolução das preferências dos indivíduos em função do próprio processo de
crescimento econômico, seria no sentido de uma menor tolerância a essa escassez
crescente desses serviços, devido à poluição, configurando o que pode ser expresso como
uma curva de Kuznets Ambiental2 (SEROA DA MOTTA; RUITENBEEK; HUBER, 2002),
onde à medida que a renda per capita se eleva com o crescimento econômico, a
degradação ambiental aumenta até certo ponto, a partir do qual a qualidade ambiental
começa a melhorar.

É de longa data a intervenção humana no Meio Ambiente tendo como


consequências externalidades negativas. A princípio, o uso eficiente dos recursos
ambientais não deveria ser problemático se as condições. Com os avanços científicos da
humanidade, a capacidade de exploração e utilização do Meio Ambiente pelo homem
cresceu onde em contrapartida também a velocidade com que o homem consegue destruir
e degradar o meio em que vive.

Dos primatas ao homem moderno, o ser humano via a necessidade de interagir


com o seu ecossistema, de forma a retirar da natureza toda espécie de recursos necessários
a sua sobrevivência, desde alimentos até energia.

1 Economista austríaco (pensador clássico o da economia) viveu entre 1883 – 1950. Em 1911 publicou a obra “Teoria do

desenvolvimento Econômico”.
2 Simon Kuznets, economista premio Nobel de Economia em 1971. A curva ambiental de Kuznets tem sua origem nos

trabalhos publicados pelo Banco Mundial (1992), onde se apresentavam indicadores de poluição seguindo uma trajetória de
“U”invertido.

Revista de Ciências Gerenciais • Vol. XIII, Nº. 18, Ano 2009 • p. 57-73
David Antunes 59

Atualmente as teorias e os indicadores econômicos não explicam como a


economia está perturbando e destruindo os sistemas naturais da Terra, devido
principalmente aos avanços tecnológicos e aumento populacional.

Segundo Lester Brown (2003) a teoria econômica não explica por que o gelo do
Mar Ártico está derretendo; não explica por que os prados estão se transformando em
desertos no noroeste da China; por que os recifes de coral estão morrendo no Pacífico Sul;
ou por que os pesqueiros de bacalhau em Terra Nova entraram em colapso. Também não
explica por que estamos vendo o início da maior extinção de plantas e animais desde o
desaparecimento dos dinossauros, há 65 milhões de anos. A economia, porém nessas
situações é fundamental para se medir o custo destes excessos à sociedade e como evitá-
los ou ate mesmo mitigá-los.

Uma economia ambientalmente sustentável _ uma eco economia _ requer que os


princípios da ecologia estabeleçam o arcabouço para a formulação de políticas
econômicas, onde a participação da sociedade, governos e meios produtivos sejam cada
vez mais presentes e participativos.

Faz-se necessário uma reorientação do sistema econômico para abranger as


externalidades causadas com efeitos das atividades de produção e do consumo sobre o
Meio Ambiente.

Segundo Pindick (2002, p.632), externalidade “é a ação pelo qual um produtor ou


um consumidor influencia outros produtores ou consumidores, mas não sofre as
consequências disso sobre o preço de mercado”.

As externalidades resultam da definição imprecisa do direito de propriedade e


não do fato de que os indivíduos ou empresas que causam tal efeito tenham com um
caráter comportamental perverso ou bondoso (CONTADOR, 1981).

Em muitos casos a indefinição dos direitos de propriedade é causada pela


dificuldade de policiar o uso do recurso. Outra característica da externalidade é seu
caráter incidental ou involuntário. A poluição, por exemplo, é apenas uma consequência
desagradável de uma atividade econômica, com efeitos incômodos em outras pessoas e
indústrias.

Nesse ponto é necessária uma intervenção do governo para que regulamente e


fiscalize tais eventos, seja com o objetivo de reduzir o efeito das externalidades, seja com o
objetivo de introduzir seus custos no sistema de preços, ou ainda, atuando nos dois
sentidos. Essa intervenção do governo na direção do encaminhamento do mercado a um

Revista de Ciências Gerenciais • Vol. XIII, Nº. 18, Ano 2009 • p. 57-73
60 Externalidades negativas sobre o meio ambiente: processos econômicos de custeio

sistema eficiente pode ser feita através de medidas de comando e controle ou de


instrumentos econômicos.

A partir dos anos 70 iniciou nos estados Unidos da America uma maior
preocupação com os problemas relacionados com a poluição do Meio Ambiente.
Compreendia-se que o controle da poluição deveria ser efetuado a qualquer custo,
gerando com isso medidas muito dispendiosas, o que tornou necessário a aplicação de
políticas ambientais mais eficazes e a um menor custo.

Surge assim a necessidade da construção de uma nova ordem social baseada em


um compromisso com os três pilares do desenvolvimento sustentável:

a) A eficiência econômica
b) A justiça social
c) A preservação ambiental.
Esses pontos foram abordados no relatório da Comissão Mundial sobre o Meio
Ambiente e Desenvolvimento, mais conhecido por Relatório Bruntland3 (WCED, 1987) e
que fixou o alicerce conceitual do desenvolvimento sustentável, anos mais tarde
ratificados por mais de 180 países na Eco-92 realizado no Rio de Janeiro – Brasil
(BORGER, 1998).

As maneiras como são valoradas as atividades produtivas nos dias de hoje


devem então incorporar as novas propostas de desenvolvimento econômico. A renda
mensurada atualmente, por exemplo, só leva em consideração os ganhos obtidos pelo uso
dos recursos naturais. As perdas geradas pela degradação ou exaustão desses recursos,
como não são contabilizados, não são consideradas.

Para que tais ações possam acontecer, é necessária uma estruturação


governamental para que se possa de maneira efetiva fiscalizar, monitorar, planejar e
executar políticas de natureza publica ou privada e também desenvolver pesquisas e
estudos técnicos específicos. Tais atividades geram despesas e, consequentemente, exigem
do Poder Público normas e práticas para o custeio da proteção ambiental.

Ao ser fornecido incentivos ao controle da poluição ou de outros danos


ambientais através de instrumentos econômicos, por exemplo, é possível fazer com que o
custo social de controle ambiental seja menor.

3 Desenvolvimento sustentável é o modelo de gestão que se preocupa com a satisfação das necessidades recentes, sem o
comprimento da capacidade das gerações futuras de suprir suas próprias necessidades. Esse conceito consta do Relatório
Bruntland – elaborado pela Comissão Mundial sobre o Meio Ambiente e Desenvolvimento criada pela ONU e presidida
pela então Primeira-Ministra da Noruega Gro Brutland, que dá nome ao documento. Entre as premissas da sustentabilidade
está a harmonia de desenvolvimento, ordenação do crescimento, qualidade de vida, preservação, responsabilidade frente às
gerações futuras, gerenciamento do impacto ambiental, princípios de ecoeficiência na produção, em respeito aos recursos
naturais. Disponível em: <http://www.fiesp.com.br/relatorioRS/princ_sustentavel.htm>.

Revista de Ciências Gerenciais • Vol. XIII, Nº. 18, Ano 2009 • p. 57-73
David Antunes 61

O ideal seria que o uso destes recursos fosse orientado por preços que
representassem suas taxas de substituição no consumo ou transformação em relação aos
outros bens da economia, ou seja, os preços dos recursos ambientais deveriam, na
ausência de distorções, refletirem seu custo de oportunidade (MEDEIROS, 2000).

A necessidade de se adaptar à legislação ambiental trouxe um novo fator de


custos à atividade empresarial, não só pela necessidade de observar as normas de
proteção ambiental, mas principalmente no tocante àquelas que impõem uma conduta
positiva as empresas e assim buscar demonstrar à sociedade que responsabilidade social e
governança corporativa no longo prazo são fundamentais a sua sobrevivência.

Mostrar as principais formas de internalização das externalidades negativas


geradas sobre o Meio Ambiente é o objetivo deste trabalho. Tal tema é de grande
relevância, pelo fato de que hoje a busca de um desenvolvimento sustentável é uma meta
mundial, buscada tantos por países desenvolvidos como em desenvolvimento. Esse
trabalho limita-se ao estudo de mecanismos e instrumentos de internalizações mais
utilizados em nosso país. Para a realização do mesmo foi feita uma pesquisa bibliográfica,
envolvendo diversas obras, revistas, periódicas e consultas a sites da Internet para
subsidio a parte teórica. A pesquisa foi estruturada da seguinte forma:

Na seção 1 é feita a introdução que apresenta o objetivo do trabalho, sua


importância, um breve histórico e sua estrutura. Na seção 2 é realizada a revisão
bibliográfica referente aos pontos necessários para o desenvolvimento do assunto como a
Economia Ambiental e a Economia Ecológica.

Dando continuidade ao estudo, na seção 3 é descrito como a Economia, enquanto


Ciência estuda os efeitos causados sobre o Meio Ambiente e as principais teorias que
norteiam a Microeconomia referente ao assunto estudado: mercados eficientes, mercados
ineficientes, bens públicos, externalidades. Em seguida na seção 4, são apresentados os
principais mecanismos de internalizar os custos gerados por externalidades negativas,
sendo na seqüência da seção 5 analisado suas aplicações (pontos positivos e negativos) no
mercado.

Finalizando este trabalho na seção 6, são apresentadas as devidas conclusões


seguidas das referências consultadas.

Revista de Ciências Gerenciais • Vol. XIII, Nº. 18, Ano 2009 • p. 57-73
62 Externalidades negativas sobre o meio ambiente: processos econômicos de custeio

2. O MEIO AMBIENTE E A ECONOMIA

Dentro dos fatores que o sistema econômico, utiliza no processo produtivo, as reservas
naturais, ou o chamado fator terra, constitui-se a base sobre a qual se exercem as pressões
e as atividades dos demais recursos (capital e trabalho) (ROSSETTI, 2000, p.92).

Segundo ainda Rossetti (2000) o fator terra pode espressar-se por magnitudes de
grandezas muitas das vezes ate mesmo quase que incalculáveis. Porém, não significa que
o fator terra seja um fator ilimitado, pois assim como outros fatores de produção as
reservas naturais são escassas. No século XVIII, os economistas fisiocratas já destacavam a
relevância do caráter limitado do fator terra, o que evidenciava uma relação de alta
dependência da produção agregada às atividades relacionadas ao cultivo da terra. A
Revolução Industrial, na metade do século XIX, intensificou os problemas ambientais
devidos à combinação crescimento urbanos e a industrialização (CONTADOR, 2000).
Após a II Guerra Mundial teve lugar o boom econômico dos países industrializados
levando a explosão do consumo até os dias de hoje e gerando significativa quantidade de
resíduos descarregados no Meio Ambiente.

Uma das principais causas de degradação do meio ambiente são as distorções


econômicas resultantes da não incorporação dos valores ambientais nas decisões
econômicas.

A teoria econômica para a Economia de Meio Ambiente foi desenvolvido nos


últimos 20 anos por diversas economistas como Baumol e Oates – “The Theory of
Environment Policy” (1975, apud BORGES 1998), Pearce – “Environmental Economics (1976,
apud BORGES, 1998), que atualizam as contribuições históricas que foram realizadas
desde o inicio do século, como o conceito de economias extremas por Marshall, o conceito
de poluição como externalidades desenvolvido por Arthur Pigou, na década de 20; os
estudos analíticos sobre a depreciação das reversas de carvão e metal como recursos
exauríveis por Gray (1914) e Hotteling (1931), e a consciência de que o crescimento
econômico não traz somente bem-estar, mas que a industrialização afetou a qualidade de
vida das pessoas, preocupações levantadas por John Stuart Mill em 1990 (BORGES, 1998
p.232-233).

Hoje, o aumento da demanda doméstica e industrial por diferentes produtos,


tendo em contrapartida a diminuição da disponibilidade de recursos naturais, não pode
ocorrer indefinidamente sem provocar uma desastrosa desordem ambiental. Por isso, é
fundamental a atuação do Estado como agente regulador de forma que atue de modo a
arbitrar na equalização de situações como essas. O Estado atuando como interventor no

Revista de Ciências Gerenciais • Vol. XIII, Nº. 18, Ano 2009 • p. 57-73
David Antunes 63

que concerne à proteção ambiental utiliza de medidas de comando e controle ou


instrumentos econômicos como taxas e tributos.

Algumas correntes de economistas têm desenvolvido conceitos e maneiras que


objetivam mensurar os valores econômicos detidos na natureza. As principais linhas de
pensamento são a Economia do Meio Ambiente que tem por base os fundamentos da
teoria neoclássica da economia e a Economia Ecológica que se apóia nas leis da
termodinâmica4 que procura mensurar os recursos do meio ambiente com base nos fluxos
de energia liquida dos ecossistemas.

2.1. Economia do meio ambiente

Seus pensadores consideram que os recursos da natureza não representam, em longo


prazo, um limite absoluto ao crescimento da economia. Inicialmente, tais recursos nem
apareciam nas representações de análise de realidade econômica, especificando-se apenas
os fatores capital e trabalho. Com o passar dos anos, os recursos naturais passaram a ser
representado na função de produção, mantendo-se como fator multiplicativo, o que
possibilita a perfeita substituição entre os fatores: capital, trabalho e recursos naturais.

Y= f(K, L, R)
Figura 1 – Função renda.

É importante ressaltar que o Meio Ambiente e o sistema econômico interagem,


seja através dos impactos que são provocados na natureza pelo sistema econômico, seja
pelos impactos gerados pela natureza na economia.

Diferentemente da destruição do capital construído e acumulado pelo homem, a


degradação ambiental pode com, frequência, torna-se irreversível, pois os ativos
ambientais em sua maioria não são substituíveis. Por isso, é necessário que a degradação
da grande maioria dos recursos naturais seja interrompida antes que ultrapasse o limite
da irreversibilidade.

É na chamada Economia do Meio Ambiente que podemos encontrar conceitos e


métodos utilizados para a valorização do meio ambiente, como, por exemplo, a utilização

4 A termodinâmica estuda as relações entre as quantidades de calor trocadas envolvendo um sistema de corpos. Seus

pensadores acreditam que os bens devam ser avaliados conforme seu custo, que por sua vez é avaliado em função do seu
grau de organização em relação ao ambiente (MARQUES; COMUNE, 2001).

Revista de Ciências Gerenciais • Vol. XIII, Nº. 18, Ano 2009 • p. 57-73
64 Externalidades negativas sobre o meio ambiente: processos econômicos de custeio

de instrumentos de comando e controle, impostos piguvianos, leilão de licenças para


poluição, subsídios, quotas, taxas entre outros.

Os valores de bens e serviços gerados pela natureza, na Economia do Meio


Ambiente classificam-se pela diferenciação de suas origens:

• Valores de uso consumptivo: podemos ter como exemplo produtos


oriundos da caça e pesca;
• Valores de uso não-consumptivo: são os que geram uma utilidade não
material, como por exemplo, a observação de um mirante ou nadar em
um rio;
• Valores associados ao fornecimento de serviços indiretos, como um
programa de televisão, um filme ou uma publicação de um livro que
utilizem imagens, por exemplo, da natureza:
• Valores de existência, resultantes de uma satisfação gerada à pessoa,
obtida pelo fato da existência de uma espécie ou ecossistema.

Marques e Comune (2001 p35-39) descrevem o valor econômico ambiental


referido na Economia do Meio Ambiente pelos seguintes valores:

VALOR ECONÔMICO = VALOR DE USO + VALOR DE OPÇÃO + VALOR DE EXISTÊNCIA

Figura 2 – Função Valor Econômico na Natureza.

O valor de uso agrega os valores de uso direto e indireto. O valor de opção


expressa uma preocupação com as gerações futuras, não deixando de observar a geração
presente, pelo fato de manter a possibilidade de uso futuro e sustentável pelo recurso. O
valor de existência retira da valoração o caráter utilitarista, pois considera que um
indivíduo, mesmo não consumido os serviços e bens ambientais, podem manter-se
preocupados com sua qualidade ou existência, derivando daí uma satisfação.

2.2. Economia ecológica

Ao contrário dos economistas neoclássicos que defendem na chamada Economia do Meio


Ambiente, a eficiência alocativa, procurando internalizar os custos ambientais; os
pensadores da Economia Ecológica colocam como fator primordial a capacidade da Terra
de suportar impactos das atividades humanas em parâmetros “ecologicamente
sustentáveis”.

Nessa linha de pensamento encontramos duas vertentes metodológicas,


utilizadas como fator decisório. Na primeira linha as fronteiras da analise tradicional de
custo-benefício seriam expandidas, buscando quantificar, de maneira mais eficaz, as
interações entre atividades econômicas e funções ecológicas.

Revista de Ciências Gerenciais • Vol. XIII, Nº. 18, Ano 2009 • p. 57-73
David Antunes 65

A segunda linha de pensamento reconhece a incapacidade da Ciência moderna


em elucidar complexos fluxos dos ecossistemas com certo grau de certeza, estabelecendo
limites à interferência da Economia da natureza.

O ponto fundamental na Economia Ecológica é como fazer com que a economia


funcione considerando a existência desses limites, ponto esse que é considerado na
Economia do Meio Ambiente.

Para descrevermos o tema proposto, teremos como foco a análise de


internalização dos custos gerados por externalidades negativas sob a ótica da Economia
do Meio Ambiente. São necessários, para tanto, abordarmos pontos da Teoria
Microeconômica como os descritos a seguir.

3. ECONOMIA DE MERCADO

Uma das maiores preocupações da Economia é o que produzir, como produzir e para
quem produzir (ROSSETTI, 2000).

Um diferencial em um mercado eficiente é o quanto ele remunera (lucros) os


agentes econômicos produtores que conseguem definir quais melhores maneiras podem
atingir tais objetivos.

3.1. Eficiência de mercado

Alguns pontos devem ser considerados segundo Rossetti (2000), para que ocorra uma
eficiência social de um mercado, dentre as quais podemos destacar:

• O número de compradores e vendedores é em quantidades elevada a


ponto de não possuírem força para modificar individualmente o mercado.
• Os bens transacionados são homogêneos entre si.
• A entrada e saída nesse mercado ocorrem sem entraves.
• Os consumidores e produtores atuam nesse mercado sem haver choque
entre si, não ocorrendo, nem mesmo, a necessidade de uma atuação
governamental para situações de conflito.
• As leis de oferta e procura estabelecem os preços praticados.
• Consumidores e produtores submetem-se ao preço praticado.

É até possível que um mercado em um período de tempo funcione em condições


similares dos pontos descritos, porém, mesmo assim, ele ainda estaria trazendo traços da
interferência de outros mercados ineficientes.

Revista de Ciências Gerenciais • Vol. XIII, Nº. 18, Ano 2009 • p. 57-73
66 Externalidades negativas sobre o meio ambiente: processos econômicos de custeio

Do ponto de vista social, o nível de produção eficiente é aquele no qual o preço


do produto é igual ao custo marginal social da produção (CMS), sendo o custo social dado
por:

CMS= CMg + CME

Onde:
CMg = custo marginal privado ou interno
CME = custo marginal externo (ou custo da externalidade).
Figura 3 – Função Produção Eficiente.

3.2. Ineficiência de mercado

Em um mercado de concorrência perfeita (eficiência de mercado), todos os agentes se


conduzem a uma alocação eficiente de recursos. O comportamento racional do
consumidor (que maximiza a utilidade) e o do produtor (que maximiza os lucros) faz com
que os bens sejam distribuídos de tal forma, que uma melhoria adicional para um agente
qualquer só poderá ser obtida com a piora de outro, chegando-se à chamada eficiência
paretiana5, pois tal situação é resultante das ações voluntarias dos agentes (ROSSETTI,
2000).

Porém, este modelo econômico não demonstra a realidade vivida em um


mercado. Em diversas situações, há interferências nesse modelo as quais conduzem às
falhas de mercado, ou seja, ocorrem situações aonde o comportamento individual de um
consumidor ou produtor não conduzem à eficiência de Pareto. Uma das maiores
preocupações da Economia, hoje é como externalidades negativas em um mercado de
concorrência imperfeita podem ser absorvidas. Hoje o método mais utilizado no mercado
para tais situações é a internalizaçao dos custos gerados por essa externalidade, onde os
produtores e consumidores arcam de alguma maneira com os custos gerados por uma
atividade econômica no bem estar de outro ou de uma sociedade, ajustando-se na
maneira em que produzem e consomem.

Trazendo os chamados efeitos externos para o processo de decisão do


consumidor ou do produtor através de uma política de internalização, coloca-se em
prática o chamado princípio do sistema “poluidor-pagador”.

5 Pareto, Vilfredo (1848-1923). Desenvolveu o chamado conceito de Ótimo de Paredo. O produto é um ótimo de Pareto se, e

somente se, nenhum agente ou situação pode estar em uma posição melhor sem fazer com que outro agente ou situação
assuma posição pior.

Revista de Ciências Gerenciais • Vol. XIII, Nº. 18, Ano 2009 • p. 57-73
David Antunes 67

Arthur Pigou (1920) em sua obra intitulada “Riqueza e Bem Estar” descreve
como a tributação ou a subsidiação poderia atuar como fator preponderante a equacionar
determinadas ineficiências no funcionamento de mercados e no comportamento dos
agentes econômicos envolvidos. A princípio, o uso eficiente dos recursos não deveria ser
problemático se as condições de eficiência de mercado fossem obedecidas (SERÔA DA
MOTTA, 1996).

3.3. Externalidades

O termo é usado em Economia para designar o fenômeno ou situação em que o bem estar
de um individuo, ou as condições de produção de uma empresa, são afetadas pela ação de
outro agente econômico, sem que este último tenha que arcar com as consequências disso
no mercado.

Eaton e Eaton (1999, p.544), definem como externalidades:


Quando o comportamento de um agente econômico afeta para melhorar ou pior o bem
estar de outro, então dizemos que o agente esta impondo uma externalidade – positiva
ou negativa – a pessoa afetada.

Elas estão sempre presentes, à medida que, terceiros ganham sem pagar por seus
benefícios marginais ou perdem sem ser compensados por suportarem o malefício
adicional. Assim na presença de externalidades, os cálculos privados de custos ou
benefícios diferem dos custos ou benefícios da sociedade. Existem diversos exemplos de
externalidades negativas. Teremos como foco de estudo aquelas de caráter ambiental. Um
exemplo seria a degradação ou exaustão de recursos ambientais decorrentes das
atividades de produção e consumo de certos bens que prejudicam a saúde humana e a
produção de outros bens que também destroem a fauna e flora. Quando o bem-estar de
outros indivíduos, caso não ocorra a internalizacão do custo gerado, pode-se dizer que
uma externalidade ocorre.

3.4. Tipos de externalidades

Externalidades são, assim, manifestações de sistemas de preços ineficientes e tais


acontecimentos são decorrentes geralmente de direitos de propriedade não
completamente definidos. As externalidades, quanto às suas características podem ser
segundo Eaton e Eaton (1999, p.550):

• Externalidades consumo-consumo, onde os consumidores são tanto a(s)


fonte(s) como também o(s) receptor (es) da externalidades.
• Externalidade produção-producão, onde os produtores são tanto a(s)
fonte(s) como também o(s) receptor(es) da externalidades.

Revista de Ciências Gerenciais • Vol. XIII, Nº. 18, Ano 2009 • p. 57-73
68 Externalidades negativas sobre o meio ambiente: processos econômicos de custeio

• Externalidades consumo-produção, quando um ou mais consumidores


são as fontes e um ou mais produtores são os receptores da externalidade.
• Externalidade produção-consumo, ocorre quando um ou mais produtores
são as fontes e um ou mais consumidores são os receptores da
externalidade.

4. EFICIÊNCIA ECONÔMICA NA PRESENÇA DE EXTERNALIDADES

Quando uma externalidade provoca a alocação ineficiente de recursos em um mercado, o


governo pode responder de duas formas, através de políticas de comando e controle ou
utilizar-se de instrumentos econômicos. Por exemplo, é um crime despejar produtos
químicos tóxicos na água, o governo então institui uma política de Comando e Controle
que proíbe totalmente essa ação. Porém, na maioria dos casos de poluição, a situação não
e tão simples. É impossível proibir todas as atividades poluidoras. Ex: a grande maioria de
transportes produz alguma forma de subproduto poluidor indesejável.

Em lugar de tentar erradicar totalmente a poluição, a sociedade deve pesar os


custos e benefícios a fim de decidir que tipos e quantidades de poluição serão permitidos.

A eficiência econômica, conforme já descrito, se caracteriza pelo fato de ser


impossível realocar recursos que melhorem a condição de uma pessoa sem piorar a
condição de outra. Porém, os critérios econômicos só consideram pessoas como fatores
ativos de uma análise referente à utilização de recursos econômicos. Observado por essa
ótica, em caso de exploração de recursos naturais, uma pessoa ganharia e ninguém
perderia, pois o único atingido, a princípio, seria o Meio Ambiente.

As medidas de Comando e Controle (feitas pelo governo), hoje não são utilizadas
com tanta frequência, sendo aplicadas geralmente nos casos onde ocorrem situações em
que a iniciativa privada não consegue atingir sozinho uma eficiência econômica, e a
utilização de Instrumentos Econômicos ainda não seria possível, pelo fato de que
normalmente os direitos de propriedade não são bem definidos (emissão de CO2 na
atmosfera, por exemplo). Já os Instrumentos Econômicos são utilizados nos casos onde o
governo (formulador do instrumento) consegue aplicar tais mecanismos em um mercado
que ciente da ocorrência de externalidade, e ainda não tendo uma clara definição dos
direitos de propriedade, busca minimizar o custo dessas externalidades. Existem também
aqueles casos em que o Governo não necessita estar atuando, pois o próprio mercado
incube-se em internalizar seus custos, pelo fato de terem bem definidos seus direitos de
propriedade.

Revista de Ciências Gerenciais • Vol. XIII, Nº. 18, Ano 2009 • p. 57-73
David Antunes 69

Seroa da Motta, Ruitenbeek e Huber (1996) apontam três questões, onde segundo
ele, parecem ser objetos de consenso na avaliação das medidas de Comando e Controle e
Instrumentos Econômicos aplicados no Brasil:

a) A política ambiental nacional esta fundamentada na utilização de


restrições legais de Comando e Controle, apresentado ineficiência e
reduzida capacidade de controle ambiental.
b) A competitividade internacional da economia hoje busca mercados que
possam ajustar-se de maneira a participar desse mercado com padrões
ambientais internacionais.
c) A busca desse ajuste deve ser realizada através de ações de fomento seja
pelo governo, empresas ou a sociedade e de mecanismos mais flexíveis de
internalização dos custos ambientais.

5. FUNCIONABILIDADE DAS MEDIDAS DE TRATAMENTO DAS EXTERNALIDADES


NEGATIVAS

Tão importante quanto o resultado gerado e analisarmos se a aplicação de negociações,


medidas de comando e controle e instrumentos econômicos são viáveis e de fácil absorção
pelos agentes envolvidos. Vejamos então alguns exemplos de funcionamento de
mecanismos utilizados.

5.1. Aplicabilidades de negociações

Enquanto que em outras políticas ambientais, utiliza-se o princípio do poluidor-pagador,


onde as obrigações de pagamento de tributos e taxas são estabelecidas antes de ocorrer o
fato gerador, busca-se aqui a chamada “eficiência de Marshall”, ou seja, o fato de ter
ocorrido uma externalidade negativa ocasionado pelo agente “A”, tal fato não implica
necessariamente que “B” tenha que vir a ser indenizado. Buscando uma eficiência de
mercado, isto e, estabelecendo direitos de propriedade e responsabilidade, tendo como
foco a obtenção da maximização do bem estar social, Ronald Coase (1960) defendia a idéia
de que e fundamental para uma eficiência econômica de um mercado imperfeito que
possui custos de transação positivos, e por isso, diferentes de outros mercados onde são
aplicadas políticas de Comando e Controle e Instrumentos Econômicos que, os direitos de
propriedade e das responsabilidades sejam dirigidos de forma a buscar de maneira
natural a sua eficiência, obtendo-a a partir de uma situação onde o foco principal e o
aumento do benefício à sociedade, onde não e possível qualquer mudança que melhore as
situações de alguns, mesmo que piore as de outros, de forma a aumentar o ganho líquido
para a sociedade (ALCAFORADO, 2001).

Revista de Ciências Gerenciais • Vol. XIII, Nº. 18, Ano 2009 • p. 57-73
70 Externalidades negativas sobre o meio ambiente: processos econômicos de custeio

Ele admitia que os custos de transação positivos pudessem ir a um custo próximo


a zero, a um nível tão elevado que inviabiliza qualquer transação. Nesse tipo de ambiente
a fronteira desses níveis e aquela em qual o valor do “excedente líquido” de troca deixa de
ser maior que os custos envolvidos, ou seja, os benefícios a serem distribuídos são
menores que os custos a serem gerados. Então para se obter a eficiência de mercado em
situações como essa, é necessário que a especificação original dos direitos de propriedade
e de responsabilidade seja de uma clareza tal, que possa direcionar a economia a eficiência
de mercado (ALCOFORADO, 2001).

5.2. Aplicabilidades de medidas de comando e controle

As políticas ambientais existentes hoje no Brasil baseadas no modelo de políticas de


Comando e Controle, visando coibir situações de externalidades negativas, atuam em
duas principais correntes: uma política estatal de controle restrito e outra de controle
ampliado. Nos dois casos, temos aquela política que, a partir de um comando central
apoiado quase que exclusivamente no conhecimento de suas próprias fontes de pesquisa
científicas, sugerem a aplicação, ora de políticas de controle dos insumos (versão restrita),
ora de políticas de controle das emissões (versão ampliada), quando em certas situações,
em que são utilizadas as duas, de maneira simultaneamente, onde uma política completa
outra (ALCAFORADO, 2001).

Este modelo de política expressa, de certa forma, uma maneira de fazer política
que tem subjacente um Estado onipotente, onisciente e benevolente, sendo muito
utilizado no Brasil na ‘época da ditadura militar. A característica básica neste tipo de
política é ter como fundamento, a prescrição pela autoridade (Governo) competente das
medidas específicas em que o poluidor deve tomar a fim de evitar fortes sanções legais,
determinando inclusive como deve tal agente proceder, sob pressão da proibição judicial
ou da multa. O Estado mesmo sendo na maioria das vezes o órgão regulador das medidas
aplicadas, necessita que conduza, neste caso especifico, uma política conjunta com a
Sociedade, pois assim será mais simples a se chegar ao chamado “ótimo de Pareto”
eficiente.

Em função disso, a aplicação de tais medidas, de maneira centralizada, acaba


resultando em uma ineficiência, pois:

• Ocorrem restrições e falta de incentivo as iniciativas dos detentores de


conhecimentos técnicos científicos necessários ao aperfeiçoamento das
inovações necessárias.
• Há tratamento igual dos desiguais, pelo fato de se introduzir uma
ineficiência técnica na aplicabilidade das medidas, devido ao fato que os

Revista de Ciências Gerenciais • Vol. XIII, Nº. 18, Ano 2009 • p. 57-73
David Antunes 71

mais eficientes têm sua motivação limitada.


• Redução da competitividade no mercado externo, para outros produtores
não submetidos ao mesmo tipo de restrição e que, consequentemente,
atingem uma maior produtividade.

5.3. Aplicabilidades de instrumentos econômicos

A chamada segunda geração de políticas ambientais, trabalha também sob a ótica do


Princípio do poluidor-pagador, abordagem ocorrida nas políticas de Comando e Controle,
com o diferencial de que a influência do pensamento econômico, em especial a Economia
do Bem Estar é muito grande. Tais políticas buscam o chamado equilíbrio, obtido em um
mercado imperfeito com a presença de externalidades, por meio de mecanismos
compensatórios aplicados através de medidas tributárias extra-fiscais. Tais tipos de
medidas acabam gerando a busca de externalidades positivas, desestimulando as
iniciativas geradoras de externalidades negativas ao Meio Ambiente (ALCOFORADO,
2001). A adoção dos Instrumentos Econômicos incentiva os poluidores a buscarem
métodos preventivos de poluição, pressionados por seus custos de produção aumentados
pelo fato do pagamento de tributos, mas, não incentiva a adoção de métodos preventivos,
onde poderia causar grande benefício aos agentes envolvidos nesse mercado.

É necessário, porém, para a aplicação de Instrumentos Econômicos, que seja


assegurado à chamada integridade dos princípios tributários (DERANI, 1997). Assim
como as medidas de Comando e Controle, os Instrumentos Econômicos necessitam para
sua aplicabilidade o conhecimento do nível ótimo de eficiência paretiana, para estabelecer
o valor do imposto a ser cobrado, o que teoricamente acaba gerando aos agentes
poluidores um incentivo em estabelecer a quantidade exata a ser produzida, sem precisar
ser tributado devido à geração de poluição.

6. CONCLUSÃO

Este trabalho procurou estudar os mecanismos e instrumentos de internalização de


externalidades ambientais mais utilizados atualmente dentro da ótica da Economia do
Meio Ambiente.

Foi colocado em pauta o problema do desenvolvimento e crescimento econômico


versus degradação ambiental e que não se pode mais passar por despercebido a falta de
controle a internalização dos custos gerados por tal ocorrência para a sociedade
(geralmente a principal receptora da externalidade negativa), sem uma atuação efetiva
dos poderes públicos e privados. O trabalho apresentou os principais mecanismos

Revista de Ciências Gerenciais • Vol. XIII, Nº. 18, Ano 2009 • p. 57-73
72 Externalidades negativas sobre o meio ambiente: processos econômicos de custeio

realizados hoje em um mercado imperfeito, os quais visam como resultado atingir a


eficiência econômica.

A busca de uma eficiência econômica sob tais circunstância (externalidades) é


fundamental, não somente para os dias de hoje, mas também para gerações ou atuar sobre
determinadas práticas, as quais geram externalidades.

É importante salientar, conforme descrito no trabalho, que a regulação de tais


medidas não deve ficar somente sob a responsabilidade de uma das partes envolvidas
(Estado ou Sociedade), evitando-se assim situações onde ocorreriam exageros ou falta de
cobrança ou controle. Se tais medidas ficarem sob a responsabilidade dos produtos, com
certeza haverá uma subavaliação dos problemas incorridos, podendo ate mesmo não
serem avaliados. Sob a responsabilidade do Governo, em muitos casos, devido à falta de
uma manutenção de um quadro de pesquisa e desenvolvimento, devido a questões
políticas e ate mesmo da mobilidade administrativa, incorremos também em muitos erros
por excesso ou falta de, como já descrito na cobrança ou controle. Para isso é necessário
que a Sociedade, como um todo (produtores, consumidores e Estado), participe de
maneira ativa e responsável na elaboração, fiscalização e efetivação de mecanismos que
equalizem as imperfeições de mercado causadas onde, infelizmente, em muitos casos, é
quase impossível de não ocorrer. Vale ressaltar que este trabalho possui um tema que é
muito amplo onde suas aplicações e métodos não foram esgotados.

REFERÊNCIAS
ALCOFORADO, I.G. A trajetória dos fundamentos das políticas ambientais – Do comando e
controle a abordagem neo-institucionalista. Disponível em:
<http://www.ecoeco.org.br/conteudo/publicacoes/encontros/iv_en/mesa1/6.pdf>. Acesso em:
10 jul. 2009.
BROWN, L. Eco-economia. Disponível em:
<http://www.ethos.org.br/_Uniethos/Documents/livro.pdf>. Acesso em: 10 jul. 2009.
BEZERRA, M.L. Desenvolvimento urbano sustentável: realidade ou utopia. Trabalho para
discussão 140/2002, Fundação Joaquim Nabuco. Disponível em:
<http://www.fundaj.gov.br/tpd/140.html>. Acesso em: 10 jul. 2009.
BORGER, F.G. Valoração Econômica do Meio Ambiente: aplicação da técnica avaliação
contingente no caso da bacia do Guarapiranga. In: VEIGA, J.E. (Org.). Ciência ambiental:
primeiros mestrados. São Paulo: Annablune, 1998. p.229-343.
COMUNE, A.E. Meio ambiente, economia e economistas. Rio de Janeiro: Campus, 1994.
COMUNE, A.E.; MARQUES, J.F. A teoria neoclássica e a valoração ambiental. In: ROMEIRO, A.R.;
REYDON, B.P.; LEORNARDI, M.L.A. Economia do meio ambiente: teoria, políticas e a gestão de
espaços regionais. 3. ed. Campinas: Unicamp. IE, 2001.
CONTADOR, C.R. Avaliação social de projetos. São Paulo: Atlas, 1981.
DERANI, C. Direito ambiental econômico. 1. ed. São Paulo: Max Limonad, 1997.

Revista de Ciências Gerenciais • Vol. XIII, Nº. 18, Ano 2009 • p. 57-73
David Antunes 73

EATON, B.C.; EATON, F.D. Microeconomia. 3. ed. São Paulo: Saraiva, 1999.
SEROA DA MOTTA, R.; RUITENBEEK, J.; HUBER, R. Uso instrumentos econômicos na gestão
ambiental da América Latina e Caribe: lições e recomendações. TEXTO PARA DISCUSSÃO Nº
440, Rio de Janeiro: IPEA, out. 1996, 70 p.
SOUZA, N.J. Desenvolvimento na visão schumpeteriana. Desenvolvimento econômico. 4.ed. São
Paulo: Atlas, 1999. Cap.6, p.176.

David Antunes
Possui graduação em Ciências Econômicas pela
Universidade de Taubaté (2005). Especialização
em Auditoria Ambiental e Docência, MBA em
Gerenciamento de Projetos pela Fundação Getúlio
Vargas (2009). Mestrando em Finanças pela
Fundação Getulio Vargas. Atualmente é professor
nos cursos de graduação e pós-graduação da
Faculdade Anhanguera de Taubaté.

Revista de Ciências Gerenciais • Vol. XIII, Nº. 18, Ano 2009 • p. 57-73

Você também pode gostar