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TECIDO ÓSSEO

O tecido ósseo é um tecido conjuntivo rígido, inflexível, no qual a


MEC foi impregnada com sais de cálcio e fosfato por um processo chamado
de mineralização. O tecido ósseo é altamente vascularizado e
metabolicamente muito ativo.
As funções do tecido ósseo são:
1. Sustentação e proteção para o corpo e seus órgãos.
2. Funcionar como um reservatório para íons cálcio e fosfato.
Classificação do tecido ósseo:
1. Tecido ósseo compacto.
2. Tecido ósseo esponjoso.
O tecido ósseo compacto aparece como massa sólida. O tecido ósseo
esponjoso é formado por uma trama de espículas ou trabéculas ósseas que
delimitam espaços ocupados pela medula óssea.
Nos ossos longos, como o fêmur, a haste cilíndrica central, ou diáfise,
é formada predominantemente por tecido ósseo compacto, que delimita
um cilindro oco com um espaço central chamado de cavidade ou canal
medular.
As extremidades dos ossos longos, chamadas de epífises, são
formadas por tecido ósseo esponjoso coberto por uma fina camada de
tecido ósseo compacto. Durante o crescimento, as epífises estão separadas
da diáfise por um disco epifisário cartilaginoso, conectado à diáfise por
tecido ósseo esponjoso. Uma região de transição de formato
progressivamente afilado, chamada de metáfise, conecta a epífise com a
diáfise. O disco epifisário e o tecido ósseo esponjoso adjacente
representam a zona de crescimento, responsável pelo crescimento do osso
em comprimento.
As superfícies articulares, nas extremidades dos ossos longos, estão
revestidas por cartilagem hialina, a cartilagem articular. Exceto nas
superfícies articulares e nos locais de inserção de tendões e Iigamentos, a
maioria dos ossos é envolta pelo periósteo, uma camada de tecido
conjuntivo especializado com potencial osteogênico.
A cavidade medular da diáfise e os espaços no interior do tecido
ósseo esponjoso são revestidos pelo endósteo, também com potencial
osteogênico.
Com base na organização microscópica da MEC, dois tipos de tecido ósseo
são identificados:
1. Tecido ósseo lamelar ou secundário, típico do tecido ósseo
compacto maduro.
2. Tecido ósseo não-lamelar, ou entrelaçado, ou primário, observado
no tecido ósseo cm desenvolvimento.
O tecido ósseo lamelar é formado por lamelas, constituídas de matriz
óssea, lima substância mineralizada depositada em camadas ou lamelas, e
osteócitos, cada um ocupando uma cavidade ou lacuna com canalículos
ramificados c irradiados, que penetram nas lamelas das lacunas adjacentes.
O tecido ósseo lamelar apresenta quatro padrões distintos (classificação
microscópica):
1. Os ósteons ou sistemas de Havers (ou haversianos). formados por
lamelas dispostas concentricamente ao redor de um canal vascular
longitudinal.
2. As lamelas intersticiais, observadas por entre os ósteons e separadas dos
mesmos por uma fina camada denominada linha cimentante.
3. As lamelas circunferenciais externas, visualizadas na superfície externa
do tecido ósseo compacto, abaixo cio periósteo.
4. As lamelas circunferenciais internas, encontradas na superfície interna,
subjacente ao endósteo.
Os canais vasculares no tecido ósseo compacto têm duas orientações em
relação à estrutura lamelar:
1. Os capilares longitudinais e vênulas pós-capilares, que seguem pelo
centro do ósteon dentro de um espaço denominado canal de Havers (Figs.
4-20 a 4-22).
2. Os canais de Havers estão conectados entre si por intermédio de canais
transversais ou oblíquos chamados de canais de Volkmann, contendo vasos
sanguíneos originados da medula e do periósteo.
Periósteo e endósteo
Durante o crescimento embrionário e pós-natal, o periósteo é
formado por uma camada interna de células formadoras de tecido ósseo
(osteoblastos) em contato direto com o osso. A camada interna é a camada
osteogênica. No adulto, o periósteo contém células inativas do tecido
conjuntivo que retêm seu potencial osteogênico no caso de lesões e reparo
ósseos.
A camada externa é rica em vasos sanguíneos, alguns dos quais
penetram nos canais de Volkmann, e em espessas fibras colágenas de
ancoragem chamadas de fibras de Sharpey, que penetram profundamente
nas lamelas circunferenciais externas.
O endósteo é formado por células pavimentosas e fibras do tecido
conjuntivo, que revestem as paredes do tecido ósseo esponjoso, abrigando
a medula óssea e se estendendo para todas as cavidades do osso, incluindo
os canais de Havers.
Matriz óssea
A matriz óssea é formada por componentes orgânicos (35%) e
inorgânicos (65%). A matriz óssea orgânica contém fibras de colágeno do
tipo I (90%); proteoglicanos, ricos em condroitino-sulfalo, queratan-
sulfato e ácido hialurônico; e proteínas não colagênicas. O componente
inorgânico da matriz óssea é representado, predominantemente, por
depósitos de fosfato de cálcio na forma de hidroxiapatita. Os cristais de
hidroxiapatita são distribuídos ao longo das fibras colágenas. em um
processo de organização que conta com o auxílio de proteínas não-
colagenosas.
O colágeno do tipo I é a proteína predominante da matriz óssea. o
tecido ósseo lamelar ou maduro, as fibras colágenas têm um arranjo
altamente ordenado com alternação da sua orientação de acordo com o
eixo do canal de Havers nas lamelas concêntricas sucessivas.
As proteínas não-colagênicas da matriz incluem a osteocalcina, a
osteopontina e a osteonectina, sintetizadas pelos osteoblastos e com
propriedades específicas na mineralização do tecido ósseo.
OBS: a osteonectina não é um produto exclusivo do osteoblasto e
está presente nos tecidos que sofrem remodelação e morfogênese.
A sialoproteína óssea também ê um componente da matriz óssea. A
osteoprotegerina, o RANKL, e o rator estimulador de colônias de
macrófagos são produtos dos osteoblastos necessários para regulação da
diferenciação dos osteoclastos.
Componentes celulares do tecido ósseo:
1.Linhagem osteoblática: progenitores, osteoblastos e osteócitos.
2.Linhagem oteoclástica: derivada de monócitos-macrófagos da
medula óssea.
As células osteoprogenitoras são de origem mesenquimal e possuem
as propriedades das células-tronco: o potencial para proliferação e a
capacidade de diferenciação. As células osteoprogenitoras estão presentes
na camada imerna do periósteo e no endósleo, e originam osteoblastos por
um mecanismo regulador que envolve fatores de crescimento e de
transcrição. As células osteoprogenitoras permanecem ao longo da vida
pós-natal como células de revestimento ósseo; elas são reativadas na vida
adulta durante o reparo de fraturas e outras lesões.
Os osteoblastos se diferenciam em osteócitos quando são
aprisionados em lacunas na matriz mineralizada que eles próprios
produziram. Sua diferenciação envolve a participação de dois fatores de
transcrição: o Cbfal/Runx2 e o osterix.
Osteoblastos e osteócitos
Os osteoblastos são células com formato cúbico ou cilíndrico e de
aparência epitelial, formando uma monocamada que recobre todos os
locais ativos de formação óssea. Os osteoblastos são células altamente
polarizadas: elas depositam o osteóide, a matriz orgânica não-mineralizada
do tecido ósseo, ao longo da interface osteoblasto-osso. Os osteoblastos
iniciam e controlam a mineralização subsequente do osteóide.
Em eletromicrografias, os osteoblastos exibem as características
típicas de células alivameme engajadas na sfntese, glicosilação e secreção
de proteínas. Seus produtos específicos são: colágeno do tipo I,
osteocalcina, osteopontina e sialoproteína óssea. Os osteoblastos
produzem uma forte reação citoquímica para a fosfatase alcalina que
desaparece quando as células se tornam enclausuradas na matriz como
osteócitos. Além disso, os osteoblastos produzem falares de crescimento,
em particular os membros da família de proteínas morfogenéticas ósseas,
com atividades ósteoindutivas.
Quando a formação óssea termina, os osteoblastos se achatam e se
diferenciam em osteócitos. Os osteócitos são células altamente
ramificadas, com seu corpo celular ocupando pequenos espaços entre as
lamelas, chamados de lacunas. Os nutrientes se difundem a partir dos vasos
sanguíneos, situados no interior dos canais de Havers, através dos
canaliculos para as lacunas. Como se pode observar, a densa rede de
osteócitos depende não apenas da comunicação intracelular através de
junções comunicantes, mas também da mobilização de nutrientes e de
moléculas de sinalização ao longo do meio extracelular, facilitada pelos
canalículos que ligam as lacunas umas às outras.
A vida de uma osteócito depende deste processo de difusão de
nutrientes e a vida da matriz óssea depende do osteócito. Se o
fornecimento vascular for contínuo, os osteócitos podem permanecer vivos
durante anos.
Osteoclastos
Os osteoclastos não pertencem à linhagem de células
osteoprogenitoras. Ao contrário, os osteoclastos são derivados da linhagem
celular dos progenitores de monócitos-macrófagos da medula óssea, a qual
se desvia para a via de progenitores de osteoclastos.
As células precursoras dos osteoclastos são os monócitos, os quais
atingem o tecido ósseo através da circulação sanguínea e se fundem em
células multinucleadas com até 30 núcleos, de modo a formar os
osteoclastos por um processo regulado pelos osteoblastos e pelas células
do estroma da medula óssea.
Após aderir à matriz óssea, que é o seu alvo de ação, os osteoclastos
geram um ambiente ácido isolado necessário para a reabsorção óssea. A
reabsorção óssea envolve primeiramente a dissolução dos componentes
inorgânicos da matriz óssea (desmineralização óssea) mediada por H+ -
ATPases (adenosina-trifosfatase), dentro de um ambiente ácido, seguida
pela degradação enzimática dos componentes orgânicos da matriz óssea
(colágeno do tipo I e proteínas não-colagênicas) pela protease catepsina K.
Os osteoclastos desempenham uma função essencial na
remodelação e na renovação do tecido ósseo. Este processo envolve a
remoção da matriz óssea em vários locais, seguida da sua substituição com
um novo tecido ósseo pelos osteoblastos.
Os osteoclastos são temporariamente ativos cm resposta à demanda
metabólica para a mobilização do cálcio do tecido ósseo para o sangue. A
atividade osteoclástica é regulada diretamente pela calcitonina (sintetizada
pelas células parafoliculares ou células C da tireóide, derivadas ela crista
neural), pela vitamina D) e por moléculas reguladoras, produzidas pelos
osteoblastos e por células do estroma da medula óssea.
Remodulação óssea
A remodulação óssea é a substituição de tecido ósseo recém-
formado ou velho. Esse evento envolve os osteoblastos e os osteoclastos.
O objetivo é atingir um ponto ótimo de resistência óssea por meio do
reparo de lesões microscópicas (microfissuras) e manter a homeostase do
cálcio.

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