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PODER JUDICIÁRIO

TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO


14ª Câmara de Direito Público

Registro: 2018.0000213894

ACÓRDÃO

Vistos, relatados e discutidos estes autos do Reexame Necessário nº


1009292-38.2016.8.26.0161, da Comarca de Diadema, em que é recorrente JUIZO
EX OFFÍCIO, é recorrida ONICE BARATI HEITOR (JUSTIÇA GRATUITA).

ACORDAM, em 14ª Câmara de Direito Público do Tribunal de


Justiça de São Paulo, proferir a seguinte decisão: "Negaram provimento ao recurso.
V. U.", de conformidade com o voto do Relator, que integra este acórdão.

O julgamento teve a participação dos Exmos. Desembargadores


OCTAVIO MACHADO DE BARROS (Presidente) e JOÃO ALBERTO PEZARINI.

São Paulo, 22 de março de 2018

CLÁUDIO MARQUES
RELATOR
Assinatura Eletrônica
PODER JUDICIÁRIO
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO
14ª Câmara de Direito Público

VOTO Nº 13072

Órgão Julgador: 14ª Câmara de Direito Público

Apelação nº: 1009292-38.2016.8.26.0161

Recorrente: Juízo ex officio

Interessado: Município de Diadema

Comarca: Diadema

REEXAME NECESSÁRIO - Mandado de Segurança -


IPTU - Exercício de 2016 - Sentença que concedeu em parte
a segurança, reconhecendo a isenção tributária postulada em
relação à parte ideal pertencente à impetrante - Sentença
mantida - Reexame Necessário não provido.

Trata-se mandado de segurança impetrado por Onice Babati Heitor


contra ato considerado ilegal da autoridade Municipal que indeferiu o seu pedido de
isenção tributária para o ano de 2016, com fundamento no disposto no artigo 25 da
lei n. 379/1969.

O juízo monocrático, na sentença exarada às pp. 98 e 99 concedeu


em parte a segurança para reconhecer o direito líquido e certo a isenção do IPTU em
relação à parte ideal pertencente à impetrante.

As partes foram devidamente intimadas da sentença e, não havendo


interposição de recurso voluntário, consoante certidão de p. 107, vieram os autos para
o reexame necessário.

É, em síntese, o relatório.

Inicialmente, cumpre esclarecer que o presente feito comporta


reexame necessário, nos termos do artigo 14, parágrafo 1º, da Lei nº 12.016/09.

REEXAME NECESSÁRIO Nº 1009292-38.2016.8.26.0161 - DIADEMA 2


PODER JUDICIÁRIO
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO
14ª Câmara de Direito Público

Da leitura dos autos, verifica-se que Onice Barati Heitor impetrou


mandado de segurança contra ato considerado ilegal da autoridade municipal
consistente no indeferimento do pedido de isenção tributária com base no artigo 25
da Lei n. 379/1969.

Pois bem. O referido dispositivo, assim dispõe:

“ARTIGO 25 - O Poder Executivo concederá isenção sobre os Impostos Predial


e Territorial Urbano às pessoas portadoras de necessidades especiais de qualquer
natureza, cuja deficiência as tornem incapazes de prover a sua própria
manutenção, aos aposentados, pensionistas, aos enquadrados no Código 40 -
Renda Mensal Vitalícia, no Código 88 - Idade Mínima de 65 (sessenta e cinco)
anos (Amparo ao Idoso) da Lei Orgânica da Assistência Social, combinada com
o artigo 34 da Lei Federal nº 10.741, de 1º de outubro de 2003 e, aos idosos com
70 (setenta) anos ou mais e que recebam o benefício da prestação continuada
previsto na Lei Federal nº 8.742, de 07 de dezembro de 1993, desde que
satisfaçam os seguintes requisitos:

I - Possuam apenas o imóvel onde residem, regularmente inscrito no Cadastro


Imobiliário Fiscal da Prefeitura;

II - O imóvel possua características populares, com metragem construída de até


200,00m² (duzentos metros quadrados) e área de terreno de até 300,00m²
(trezentos metros quadrados);

III - Que a renda mensal do beneficiário não ultrapasse a 500 UFD´s (quinhentos
Unidades Fiscais de Diadema), na data da solicitação do pedido.

PARÁGRAFO PRIMEIRO - Conceder-se-á isenção ainda que a pessoa referida


no caput deste artigo seja falecida e desde que o imóvel sirva de residência ao
cônjuge supérstite, se ainda em estado de viuvez”.

Nesse diapasão, afirma a impetrante que preencheu todos os


requisitos legais exigidos para receber o benefício de isenção do IPTU, contudo, teve
o seu pedido indeferido, conforme comunicado de revisão de lançamento.

De acordo com os fatos e documentos anexos, tem-se que a


impetrante, aufere proventos inferior a 500 UFDs, reside no imóvel sobre o qual recai
a cobrança e o comprovante do IPTU identifica que suas metragens são inferiores ao
teto estabelecido (pp. 18/26).

REEXAME NECESSÁRIO Nº 1009292-38.2016.8.26.0161 - DIADEMA 3


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14ª Câmara de Direito Público

Além disso, de acordo com o expresso no artigo 125, inciso II, do


Código Tributário Nacional, “a isenção ou remissão de crédito exonera todos os
obrigados, salvo se outorgada pessoalmente a um deles, subsistindo, nesse caso, a
solidariedade quanto aos demais pelo saldo”.

Nesse contexto, extrai-se que o benefício reclamado pela


impetrante, deve ser reconhecido, desse modo, deve ser “abatido da dívida o valor
correspondente à cota ideal devida pela impetrante, permanecendo a solidariedade
dos demais devedores pelo saldo remanescente”, como bem entendeu o juízo de
primeiro grau na sentença exarada.

Nesse sentido, destaca-se aresto desse Egrégio Tribunal de Justiça:

“Apelação - Mandado de Segurança- IPTU - Isenção - Imóvel de propriedade de


viúva e seus filhos (coproprietários) - Pretensão à isenção nos termos das Leis
municipais de Rio Claro nºs. 3.628/2005 e 3.890/2008 - Sentença que concedeu
parcialmente a ordem - Reconhecimento de isenção tributária em relação à parte
ideal do imóvel pertencente à viúva e da manutenção da solidariedade tributária
em relação aos demais coproprietários - Aplicação do art. 125, II, do CTN -
Admissibilidade - Sentença mantida (artigo 252, do Regimento Interno do TJSP)
- Remessa necessária desprovida.
(TJSP; Reexame Necessário 0010052-97.2011.8.26.0510; Relator (a): Roberto
Martins de Souza; Órgão Julgador: 18ª Câmara de Direito Público; Foro de Rio
Claro - 3ª. Vara Cível; Data do Julgamento: 07/11/2013; Data de Registro:
11/11/2013)”.

Diante de tais considerações, nega-se provimento ao reexame


necessário.

CLÁUDIO MARQUES
Relator

REEXAME NECESSÁRIO Nº 1009292-38.2016.8.26.0161 - DIADEMA 4

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