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Nome da Revista

Vol. X, Nº. N, Ano YYYY


A GESTÃO DO SISTEMA DE SAÚDE
SUPLEMENTAR NO BRASIL E SEUS
DESAFIOS PARA O FUTURO

Carlos Cesar da Silva


ccarloscesar@ig.com.br
RESUMO
Orientadora
Marcia Cursino Antigamente as operadoras de saúde suplementar recebiam
em seus quadros beneficiários de empresas que visavam
uma melhoria na gestão de saúde de seus funcionários,
compartilhando ou assumindo os custos por essa
administração. Com a crescente calamidade que se encontra
a saúde pública (falta de leitos para internação, baixos
salários para os profissionais da área, falta de verbas para
manutenção e ampliação da rede de atendimento, descaso
com a população) a população acaba buscando meios de
garantir seu atendimento, através dos planos de saúde,
assumindo financeiramente esse custo. Com isso a
operadora tem o desafio de garantir esse atendimento, com
qualidade e eficiência, procurando administrar os índices de
sinistralidade (receitas x utilização) dentro das normas da
Agência Nacional de Saúde e minimizar as reclamações
judiciais quanto aos atendimentos.

ABSTRACT

Previously operators were given additional health staff in their


companies that were intended beneficiaries of an improvement in
the health management of employees, sharing or assuming the costs for
this administration. With the growing disaster that is public health (lack
of inpatient beds, low salaries for professionals in the area, lack of
funding for maintenance and expansion of the service, neglect of
the population) people just looking for ways to ensure
their care through health plans, assuming that cost financially.
Anhanguera Educacional
This operator hasS.A.
the challenge of ensuring that service, quality and
efficiency, seeking to manage the accident rate (income x use) within the
Correspondência/Contato
Alameda Maria Tereza, 2000
norms
Valinhos, São Paulo of the National Heal thand minimize
complaints regarding judicial appointments.
CEP. 13.278-181
rc.ipade@unianhanguera.edu.br
Coordenação
Instituto de Pesquisas Aplicadas e
Desenvolvimento Educacional - IPADE
Artigo Original
Recebido em: 24/11/2011
Avaliado em: dd/mm/yyyy
Publicação: dd de mmm de 2008
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A Gestão do Sistema de Saúde Suplementar e seus Desafios para o Futuro

1. INTRODUÇÃO

O estudo visa levantar as questões pertinentes ao sistema suplementar de


saúde, representado pelas operadoras de planos de saúde, que cada vez mais recebem
associados vindos da rede pública, que buscam um atendimento mais eficiente e de
melhor qualidade, mesmo que para isso tenham a necessidade de um dispêndio
financeiro.

Antigamente o mercado suplementar de saúde recebia em seus quadros de


beneficiários, empresas que visavam uma melhoria na gestão de saúde de seus
funcionários, compartilhando ou assumindo os custos por essa administração. Com a
crescente calamidade que se encontra a saúde pública (falta de leitos para internação,
baixos salários para os profissionais da área, falta de verbas para manutenção e
ampliação da rede de atendimento, descaso com a população) a população acaba
buscando meios de garantir seu atendimento, através dos planos de saúde, assumindo
financeiramente esse custo. Com isso as operadoras tem o desafio de garantir esse
atendimento, com qualidade e eficiência, procurando administrar os índices de
sinistralidade (receitas x utilização) dentro das normas das ANS – Agência Nacional
de Saúde Suplementar e minimizar as reclamações judiciais quanto aos atendimentos.

A mídia televisiva diariamente enfoca a situação da saúde pública, mostrando


a realidade da população que necessita de atendimento. O estudo procurará
demonstrar o crescimento do setor de saúde privada, que tem a missão de suprir a
falha dos governantes do país e mostrar que a gestão correta das receitas acaba
transformando a necessidade dos beneficiários em atendimentos de qualidade e as
vantagens da opção pela saúde em grupo.

2. BREVE HISTÓRICO DO SISTEMA DE SAÚDE SUPLEMENTAR NO BRASIL

Segundo a Constituição Federal de 1988, em seu artigo 196, reza: “A saúde é


direito de todos e dever do Estado, garantindo mediante políticas sociais e econômicas que
visem à redução do risco de doença e outros agravos e ao acesso universal e igualitário às ações
e serviços para sua promoção, proteção e recuperação”. Assim nasce o Sistema Único de
Saúde (SUS), que almeja um melhor tratamento das questões do setor de saúde para o
povo brasileiro e melhorar a administração dessa questão no escopo do sistema
Carlos Cesar da Silva

público, visando à equalização das políticas do Ministério da Saúde e da medicina


previdenciária.

Os investimentos de recursos financeiros somados ao suporte político foram


os parâmetros para sua implantação, mas mesmo assim o binômio política x verbas,
não se mostrou tão eficiente quanto o esperado e deixou a desejar, criando
instabilidade e má distribuição dos recursos. Deficiências nas redes de atendimento,
dificuldades para contratação e remuneração adequada para os profissionais do setor,
insuficiência de verbas capazes de suprir as necessidades dos estabelecimentos de
saúde, foram apenas alguns dos empecilhos encontrados pelo SUS, demonstrando um
sistema frágil nos quesitos de assistência a saúde. Mesmo com a criação de meios de
arrecadação como a CPMF (Contribuição Provisório sobre Movimentação Financeira),
que durante anos tributou diretamente as contas correntes de pessoas físicas e
jurídicas, demonstrou que a destinação das verbas não foi distribuída adequadamente
para suprir a grande demanda.

Somasse a isso, um legado histórico da sociedade: a diferenciação. Aparentes


diferenças de poder econômico entre a população carente e a população de melhor
poder aquisitivo, acarretando a formação de um sistema híbrido – público e privado,
onde há o compartilhamento da gestão da saúde pública com o Mercado de Saúde
Suplementar ou mais conhecido como planos de saúde privados.

A história da assistência médica suplementar tem seu início por volta da


década de 60, atrelado ao desenvolvimento industrial do Brasil, principalmente da
indústria automobilística estrangeira que se instalou no país, trazendo em sua
administração o caráter assistencialista de saúde a seus empregados. Os empresários
das empresas organizaram junto a prestadores de serviços, um sistema de assistência
médica voltada para o atendimento de seus empregados.

Em 1964, a Previdência Social iniciou financiamentos de assistência médica


para as empresas, via convênios (a Volkswagen foi a primeira a se beneficiar desta
política). As empresas assumiam a responsabilidade da prestação de assistência
médica em contrapartida de uma dispensa de contribuição ao sistema nacional de
assistência. Essa prática evoluiu em dois sentidos: a) prestação de serviços médicos; b)
sublocação de “grupos médicos” autorizados – o que favoreceu o crescimento da
Medicina de Grupo até 1979, quando deixaram de serem homologados os convênios-
empresa. Em 1967, foi criada a primeira cooperativa Unimed, buscando favorecer

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A Gestão do Sistema de Saúde Suplementar e seus Desafios para o Futuro

uma alternativa às empresas de medicina em grupo e ao atendimento previdenciário


deficiente. Este tipo de “grupo de médicos” cresceu em diversas regiões do país, a
ponto da Unimed se tornar sinônimo de cooperativa médica (atualmente a Unimed
representa a maior parte das cooperativas médicas do País). (Macera e Saintive, 2004).

Com a industrialização e crescimento das regiões produtivas, profissionais e


prestadores de serviços de saúde, enxergaram uma grande oportunidade de oferecer
serviços de assistência médica em regiões de crescimento urbano, devido ao vínculo
empregatício que a população tinha com o setor produtivo industrial. Empresas
privadas e sistemas de assistência médico-hospitalar foram criados aproveitando-se de
incentivos advindo do Governo Federal, que alavancaram a criação do setor privado
de medicina no país.

Em certo período, as operadoras de planos de saúde e cooperativas médicas


exerciam suas atividades voltadas para os trabalhadores do mercado formal (que
tinham carteira assinada) e somente em meados dos anos 80 expandiram suas
atividades para o atendimento a pessoas físicas, criando-se os planos individuais.
Dentro desse contexto foi criado o seguro-saúde, regulamentado pela Resolução
11/76, do Conselho Nacional de Seguros Privados, que dava direito aos segurados de
escolher o médico ou hospital, tendo posteriormente o reembolso pela utilização, que,
aliás, não teve grande aceitação pelas operadoras de saúde. Mas grandes instituições
financeiras viram um nicho e bancos como Comind, Bradesco e Sul América
começaram a operar com seguro-saúde proporcionando um grande crescimento do
setor.

Devido a um controle irrisório do governo nas disposições que


regulamentavam o setor, as operadoras não tinham uma fiscalização adequada em
suas prestações de serviços, mas na década de 90, devido à promulgação do Código
de Defesa do Consumidor (nº 8.078/90), houve uma forte pressão para que regras
fossem criadas em face de pontos necessários como: abertura do setor para capital
estrangeiro, reivindicação de amplitude de cobertura dos planos, controle dos preços
dos contratos. O marco regulatório do setor ocorreu em 1998, com a promulgação da
Lei 9.656, aprovada na Câmara, onde podemos salientar alguns pontos principais
como:

a) Retira-se qualquer referência a seguros ou seguradoras, ficando


apenas a diferenciação entre seguro-saúde e planos de saúde;
Carlos Cesar da Silva

b) Para as operadoras: autorização de funcionamento, regras de operação


uniformes, sujeitas à intervenção e exigências de reservas (garantias)
financeiras em caso de liquidação;
c) Para os produtos de assistência: cobertura integral obrigatória,
proibição de seleção de risco, definição e limitação das carências e
reajustes controlados.

No ano de 2000 é criada a ANS – Agência Nacional de Saúde Suplementar,


subordinada ao Ministério da Saúde, como figura de Agência Reguladora, com
atribuições para defender os interesses públicos na questão de assistência suplementar
de saúde e criar regulamentação para a atividade no âmbito das operadoras privadas
de saúde. Principais destaques de normatização da ANS:

a) Criaram-se instrumentos para acompanhamento econômico-


financeiros das atividades das operadoras;
b) Aplicação de penalidades e multas;
c) Envio de informações periodicamente para acompanhamento dos
números do setor;
d) Constituição de garantias financeiras para casos de extinção do plano;
e) Revisão da relação mínima de procedimentos e obrigações dos planos
de saúde;
f) Definição de procedimentos de alta complexidade.
g) Ampliação da oferta cobertura dos serviços de saúde;

Com a regulamentação a ANS classificou-se os planos de saúde de diferentes


formas que podem ser de acordo com a contratação ou data de assinatura do contrato.
Quanto à forma de contratação podem ser:

a) Individual ou familiar;
b) Coletivo com patrocinador (aqui entra a forma como as pessoas
jurídicas (empresas) contrata plano para seus funcionários, sendo
parte ou totalmente pago pela empresa);
c) Coletivo sem patrocinador (aqui é contratado pela empresa e
totalmente pago pelo empregado).

Quanto à data de assinatura os planos podem ser novos (celebrados a partir


de 01/01/1999), adaptados (contratos antigos adaptados e sujeitos a nova legislação) e
antigos (celebrados antes da Lei 9.656/98).

Quanto à cobertura podem ser:

Plano referência: de oferta obrigatória que compreende:

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A Gestão do Sistema de Saúde Suplementar e seus Desafios para o Futuro

a) Atendimento e consultas em clinicas de especialidades básicas e


especializadas e demais procedimentos ambulatoriais em número
ilimitado;
b) Internações hospitalares sem limitação de prazo, valores, quantidades
de procedimentos, exames, materiais e até despesas com
acompanhante para pacientes com idade inferior a 18 ou superior a 65
anos;
c) Isenção de carência para atendimento obstétrico, desde que o plano
seja contratado até o primeiros 30 dias pós-parto;
d) Atendimento odontológico, que compreende consultas,
procedimentos preventivos, cirurgias orais de pequeno porte, exames
realizadas em ambiente de clinicas odontológicas.

Plano mínimo: são oferecidos a partir da combinação de quatro modelos


isolados, que podem ser contratados pelo consumidor em
pacotes:

a) Atendimento ambulatorial;
b) Internação hospitalar;
c) Atendimento obstétrico;
d) Atendimento odontológico.

Plano ampliado: permite coberturas mais amplas e difere na qualidade das


acomodações. Suas principais carências são:

a) Máximo de 300 dias para partos;


b) Máximo de 180 dias para os demais procedimentos previstos em
contrato;
c) Máximo de 24 horas para a cobertura de casos de urgência e
emergência;
d) Máximo de 24 meses para casos de doenças preexistentes à época da
assinatura contratual.

A constituição da ANS foi importantíssima para a regulamentação do setor de


saúde privada, impondo regras e além do que com a fiscalização e obrigatoriedade das
prestadoras de saúde periodicamente informarem dados econômicos, características
dos planos comercializados, rede prestadora, abrangência geográfica, pode-se formar
um importante banco de dados e acompanhamento estatístico da saúde da população
que opta pelo mercado suplementar de saúde e que antes era impossível devido à falta
de informações sobre as atividades.
Carlos Cesar da Silva

3. A SITUAÇÃO ATUAL DO MERCADO DA SAÚDE SUPLEMENTAR NO BRASIL.

Conforme dito anteriormente, a existência dos planos privados de assistência


a saúde está relacionada a fatores de urbanização, industrialização do país e ao
crescimento do emprego formal. Atualmente esse mercado é composto de planos
privados e planos vinculados a instituição patronal de assistência ao servidor público e
militar, regulados pela ANS. Nos últimos tempos, as grandes operadoras de planos
de saúde adquiriram ou incorporaram outras, de menor porte, acarretando uma
consolidação no setor. Em 2010, as compras de empresas do setor de saúde
movimentaram 4,1 bilhões de dólares, quatro vezes a média dos últimos cinco anos,
atraindo vários investidores financeiros. Clínicas, laboratórios e hospitais vêm sendo
adquiridos pelas operadoras, ocasionando em grandes organizações médicas.
Paralelamente, o mercado está em crescimento. Existem atualmente em torno de 1630
operadoras, que registraram um faturamento na casa de R$ 74 bilhões em 2010 (dados
ANS 2011), sendo que aproximadamente 40% desse valor se concentram em apenas 10
empresas.

Na última década, o setor de saúde privada cresceu a um ritmo inédito no


Brasil, transformando-se um negócio cada vez mais atraente. De 2000 a 2010, as
operadoras de saúde ganharam 14 milhões de novos usuários, crescimento de 50% no
período. Isso é resultado do crescimento expressivo dos empregos formais – cerca de
80% dos planos de saúde no mercado brasileiro são contratados por empresas. Com a
calamidade que se encontra o sistema público de saúde no país, a adesão a um plano
de assistência privada tornou-se desejo constante da sociedade, que se vincula a
vantagem da “carteira assinada”.

Com o aumento da perspectiva de vida da população, deve-se aumentar a


base de consumidores das operadoras, pois se espera que até 2050 a população
brasileira chegue a 64 milhões de habitantes com mais de 60 anos de idade, o triplo da
situação atual. Trata-se de um mercado ao mesmo tempo atraente e singular.

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A Gestão do Sistema de Saúde Suplementar e seus Desafios para o Futuro

Com procedimentos e equipamentos cada vez mais sofisticados, que exigem


altos investimentos em pesquisa, o custo da saúde vem subindo em todo mundo. Nos
Estados Unidos, por exemplo, os gastos com saúde ultrapassaram 2,3 trilhões de
dólares em 2008. No Brasil, acontece um fenômeno parecido. O custo com as
internações subiu 20% entre 2007 e 2009 – alcançando a média de R$ 3.800,00 por
paciente. Cerca de 75% da receita das operadoras correspondem aos gastos com
hospitais, laboratórios, médicos e clínicas, neste contexto, a integração dos negócios
com aquisição ou construção de hospitais, clínicas e laboratórios próprios promete
vantagens na redução de custos em torno de 50%.

O Brasil é o segundo maior mercado de saúde suplementar no mundo, sendo


superado apenas pelos Estados Unidos, mas apresenta um mercado polarizado.
Numa ponta, os grandes grupos onde entre eles a concorrência é baixa e na outra
ponta pequenas operadoras, com mensalidades mais acessíveis, porém, a maior parte
delas, carentes ainda de uma melhor estruturação gerencial e de assistência aos seus
beneficiários. Novas normas e resoluções são criadas pela ANS, com isso impõe novos
procedimentos e inclusão de mais serviços na cobertura mínima dos planos; uma
proteção para o usuário, mas que no final acaba também prejudicando as operadoras
de pequeno e médio porte, redundando em graves conseqüências para a estabilidade
econômico-financeira do próprio sistema.

A grande maioria das novas regras onera a prestação de serviços e contribui


para o aumento da sinistralidade (relação entre o custo do plano e a utilização pelo
usuário, que em média não pode superar 75% do valor contratado e o gasto do
paciente.). As operadoras com maior número de beneficiários diluem os riscos de
sinistros e também as despesas administrativas. No caso das menores, dificulta o
crescimento e pode até mesmo significar encerramento das atividades. O setor
suplementar de saúde no Brasil é ainda bastante pulverizado. Veja as dez maiores
empresas do setor no país (faturamento em reais).

TABELA 1 – MAIORES OPERADORAS DE SAÚDE DO BRASIL


1º Amil 5,3 bilhões

2º Bradesco Saúde 4,5 bilhões

3º SulAmérica 3,9 bilhões

4º Rede D´Or 2,3 bilhões

5º Unimed Rio 1,5 bilhão


Carlos Cesar da Silva

6º Intermédica 1,3 bilhão

7º Unimed Paulista 1,2 bilhão

8º Dasa 1,1 bilhão

9º Unimed BH 1 bilhão

10º Golden Cross 1 bilhão


Fonte Revista Exame 2011

TABELA 2 - POPULAÇÃO RESIDENTE – BRASIL (ANO 2010)

POPULAÇÃO
REGIÃO RESIDENTE %
Norte 15.864.454 8,32%
Nordeste 53.081.950 27,83%
Sudeste 80.364.410 42,13%
Sul 27.386.891 14,36%
Centro-Oeste 14.058.094 7,37%
TOTAL 190.755.799 100%
Fonte: Censo Demográfico - IBGE - ano 2010

TABELA 3 - TOTAL POR TIPO DE CONTRATAÇÃO E ABRANGÊNCIA GEOGRÁFICA

Beneficiários por UFs, Regiões Metropolitanas (RM) e Capitais


Período: Mar/2011
Municipa Não
Tipo de contratação Nacional Grupo de Estadual Grupo de Outra Total
l Informado
Estados Municípios
Individual ou 3.342.8 75 1.017.12 12.241.
Familiar 49 1.042.008 5.052 6.077.241 8 3.148 3.715 141
19.406.5 2.64 1.215.75 37.741.
Coletivo Empresarial 43 1.498.356 4.125 12.975.234 0 21 1.345 374
3.969.3 92 445.40 9.893.
Coletivo por adesão 98 474.339 3.715 4.079.053 3 907 205 020
Coletivo não 11.3 2 5.16 271.
identificado 82 13.431 2.528 218.608 1 - - 110
16.6 4.64 1.756.
Não Informado 00 805 1.652 14.276 4 - 1.718.236 213
26.746.7 4.34 2.688.08 1.723. 61.902.
Total 72 3.028.939 7.072 23.364.412 6 4.076 501 858
Fonte: Informações em Saúde Suplementar da ANS. Disponível em http:/www.ans.gov.br

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A Gestão do Sistema de Saúde Suplementar e seus Desafios para o Futuro

A tabela 1 demonstra que o setor movimenta números incríveis a nível de


receitas, confirmando que realmente é um mercado promissor em faturamento.
Através da tabela 2 e tabela 3 podemos visualizar a abrangência dos planos de saúde
face o total da população brasileira. Em torno de 33 % da população é assistida pelos
planos privados, que na visão assistencialista é pouco para um país das dimensões do
Brasil. Quase 100 milhões de habitantes dependem do sistema público de saúde.

4. DESAFIOS E PERSPECTIVAS DO MERCADO DE SAÚDE SUPLEMENTAR.


Os planos de saúde tem se deparado com novas resoluções emitidas pela
ANS, onde a mesma visa melhorar e dar atendimento de qualidade aos contratantes
dos planos. A Resolução Normativa 259, publicada no dia 20 de junho de 2011, com
entrada em vigor a partir de setembro/2011, determina prazos máximos para os
serviços a serem prestados pelos prestadores, onde se destaca:
a) Até 3 dias úteis – exames de laboratório em regime ambulatorial;
b) Até 7 dias úteis – consulta básica (pediatria,
clínica médica, cirurgia geral, ginecologia e
obstetrícia) e consultas com cirurgião dentista;
c) Até 10 dias úteis – consulta com fonoaudiólogo,
nutricionista, psicólogo, terapeuta ocupacional,
fisioterapeuta, outros serviços de diagnóstico e
atendimento hospitalar;
d) Até 14 dias úteis – consultas nas demais especialidades médicas;
e) Até 21 dias úteis – procedimentos de alta
complexidade e internação eletiva (marcada)
f) Imediato – urgência e emergência.

Ainda de acordo com a resolução, quando o usuário não conseguir


atendimento dentro dos prazos previstos e a operadora não oferecer alternativa, o
cliente pode procurar um profissional não credenciado e depois solicitar o reembolso
pelo pagamento da consulta ou do serviço prestado. Segundo a resolução o plano tem
até 30 dias para ressarcir o usuário. Nos casos em que não há um profissional
Carlos Cesar da Silva

credenciado no município onde reside o usuário, a operadora deve providenciar e


custear o transporte do cliente até um prestador e o retorno à cidade de origem.
A elaboração da norma contou com a participação da sociedade em consulta
pública, realizada entre os meses de fevereiro e março com mais de 3 mil
contribuições. Das reclamações recebidas pela ANS, 9% são por causa da demora no
atendimento e 60% estão relacionadas à negativa de cobertura – por exemplo, quando
o usuário não consegue marcar consulta em determinado especialista.
Nesse mercado, a chegada de novas empresas, pode trazer melhores
capacidades de atendimento e qualidade de produtos, ocasionando disputa acirrada
por melhor fatia de mercado. Isso pode gerar uma queda nos preços dos planos e ao
mesmo tempo inflacionar os custos dos concorrentes. Por isso cada vez mais a
aquisição de pequenas operadoras pelas grandes vêm modificando o cenário e o
crescimento vem se expandindo pelos estados e municípios. Mas mesmo assim
existem barreiras que podem ser empecilho para a constituição de uma nova
operadora ou a aquisição de planos menores. Podemos elencar essas barreiras como:

a) Diferenciação do produto - referem-se às características da marca já


consolidada, que exprime nos clientes um sentimento de lealdade,
resultante de ações de publicidade, tempo de atuação no mercado,
prestação de serviços com diferenciais ao beneficiário ou diferenciação
na sua gama de produtos. Pode ser considerada uma barreira, pois as
novas empresas concorrentes são levadas a imprimir pesadas ações
(despesas e investimentos) para crescer no segmento e ganhar os
novos clientes. Elevados investimento em publicidade acabam sendo
necessário para atingir a fidelização do cliente e um melhor
gerenciamento do rol de procedimentos que obrigatoriamente tem que
ser cobertos. A Resolução Normativa nº 16 de 5/11/2002, da ANS,
obriga as operadoras a incluir nos seus materiais de mídia e
propaganda, a informação sobre o seu registro na Agência, que acaba
tornando um diferencial de qualidade.

b) Necessidade de capital – é um entrave se o capital investido para as


atividades forem irrecuperáveis ou de risco, como ações de
publicidade ou pesquisa e desenvolvimento. No mercado de
assistência à saúde suplementar, altos investimentos pode ser

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A Gestão do Sistema de Saúde Suplementar e seus Desafios para o Futuro

necessário para construir novas ou comprar instalações físicas para


operar com rede própria, que é considerado um investimento elevado,
ou ainda contratar uma rede já existente, que é considerado um
investimento menor, mas o gerenciamento de custos é diminuto. Em
função da extensão da rede e que abrangência de atendimento quer se
conquistar haverá uma variação nas necessidades de capital. Um
plano de cobertura nacional exige maiores investimentos do que um
plano de abrangência estadual ou municipal.

c) Custos de mudança – são os custos que a empresa tem quando


adquire uma empresa já em funcionamento ou a constituição de uma
nova. Podem incluir custos de adequação do funcionário a nova
filosofia da empresa (treinamentos), compra de novos equipamentos,
nova pesquisa para produtos, reforma de instalações, além do
trabalho psicológico e de publicidade para refazer a rede de
relacionamentos.

d) Economia de escala - refere-se aos declínios nos custos unitários de


um produto fornecido, à medida que o volume de aquisições aumenta.
Aqui se pondera o ponto de equilíbrio entre o número mínimo de
beneficiários e os custos para operação. Varia de empresa para
empresa, de acordo com sua função estratégica comercial,
modalidades de pagamentos e segmentação (existência de rede
própria de serviços ou não).

e) Acesso aos canais de distribuição – considerando que os canais de


distribuição já estão sendo atendidos pelas empresas existentes, a
nova empresa precisará de esforços para que seus produtos sejam
aceitos no mercado. Desconto em preços, campanhas de publicidade e
investimento na força de vendas, reduzem os lucros tornando-se fator
primordial o estudo do mercado de atuação.

f) Desvantagens de custos independentes de escala – referem-se


àquelas vantagens impossíveis de serem igualadas pelas empresas
novatas face às operadoras já existentes e dominantes no mercado.
Inclui-se tecnologia patenteada, localização favorável, know-how dos
Carlos Cesar da Silva

profissionais da rede própria ou credenciada, grupo de funcionários


treinados e aptos, diferenciação de produtos. Constitui-se uma
barreira de entrada de novas operadoras em determinadas regiões,
que acarreta um alto custo inicial de operação para superar as
vantagens adquiridas pelos concorrentes, levando a empresa iniciante
a remunerar competitivamente seus profissionais e investir na
construção de unidades de atendimentos ambulatoriais,
especialidades e hospitalares.

Um exemplo das dificuldades que o setor de saúde suplementar enfrenta


ocorreu no dia 21/09/2011, com a paralisação dos médicos que atendem aos planos de
saúde, que reivindicam uma melhor remuneração por seus atendimentos. Segue
abaixo, reportagem editada no portal IG.

“Médicos suspendem atendimento a planos de saúde em 23 Estados e DF”.


Categoria busca reajuste nos valores pagos pelas operadoras. Paralisação pode afetar até 35
milhões de usuários em todo o País
Agência Brasil | 20/09/2011 16h01min - Atualizada em 21/09/2011 13h19min

Médicos vão interromper nesta quarta-feira o atendimento a clientes de planos de saúde para cobrar reajuste
nos valores pagos pelas operadoras. Dos mais de 46 milhões de usuários, a categoria estima que os planos
afetados pela paralisação somem de 25 milhões a 35 milhões de clientes. É a segunda vez este ano em que a
categoria faz um boicote às operadoras. Na primeira, em abril, a paralisação foi contra todos os planos do
País. Desta vez, os médicos suspendem, por 24h, as consultas por convênios que não reajustaram os valores
pagos por elas ou não negociaram.

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A Gestão do Sistema de Saúde Suplementar e seus Desafios para o Futuro

Foto: Futura Press


Médicos protestam na manhã desta quarta-feira em Porto Alegre, no Rio Grande do Sul

A categoria quer aumento imediato no valor das consultas pago pelos planos e a fixação de um reajuste anual.
De acordo com os médicos, as operadoras pagam, em média, R$ 40 por atendimento. O valor mais baixo
encontrado pelas entidades médicas é R$ 15, e o maior, R$ 80. A categoria defende mínimo de R$ 60. Segundo
os médicos, nos últimos anos, os planos de saúde foram reajustados em cerca de 150%, enquanto a
remuneração médica não chegou a subir 50%.

Os médicos reivindicam que os contratos com as operadoras tenham previsão de reajuste anual da
remuneração deles, assim como ocorre com as mensalidades dos planos, reajustadas a cada ano a
partir de percentuais definidos pela Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS). “Aos médicos, não
há previsão de aumento. Só nos resta o conflito”, disse o vice-presidente do Conselho Federal de
Medicina (CFM), Aloísio Tibiriçá Miranda.

Os profissionais reclamam da interferência das empresas no trabalho médico, como forçar a alta de
pacientes internados em unidades intensivas de tratamento e recusar a autorização determinados
exames. “É inadmissível quem tem plano de saúde tenha ter que recorrer ao Sistema Único de Saúde
(SUS) porque as operadoras negam atendimento”, disse Florentino Cardoso, presidente da Associação
Médica Brasileira (AMB). Os médicos também cobram atuação mais firme da ANS. “O que está
colocado em jogo é a assistência a 46 milhões de usuários. O governo tem responsabilidade”, disse
Miranda.

Fonte: últimosegundo.ig.com.br
Carlos Cesar da Silva

A percepção que o setor é lucrativo é evidente, mas percebe-se, analisando


financeiramente, que a adequação dos custos a prestação de serviços é o maior desafio,
pois existe a necessidade de manter a qualidade no atendimento e para isso os
profissionais prestadores têm que ter remuneração adequada. O impasse causado
pela discrepância nos valores pagos acarreta em paralisações e com isso quem perde
são os beneficiários.

Os custos crescem acompanhando a evolução da faixa etária e está ocorrendo


um super-crescimento do setor o qual os investimentos não crescem na mesma
proporção. Os planos têm que racionalizar os atendimentos e gerir melhor os recursos
e para isso é preciso focar o problema. A questão não é só dar atendimento rápido aos
usuários, mas atendimento de qualidade. Um paciente bem acompanhado adoece
menos, vai menos ao médico e faz menos exames.

Várias operadoras abriram seu capital na Bolsa de Valores (Bovespa) e com as


aquisições de outros planos menores, investimento em suas redes de atendimento,
capitação de beneficiários das classes C e D e o bom momento a economia brasileira,
suas ações tem se valorizado constantemente. Um exemplo são as ações da AMIL,
maior operadora do país, que teve a valorização de suas ações ordinárias (com direito
a voto) em 4,51%, enquanto no mesmo período o Ibovespa, principal indicador da
Bolsa brasileira vem se desvalorizando em 10,33%.

Então, percebe-se que realmente as operadoras tem tido grandes receitas e


não estão fazendo o repasse adequado para suas operações, buscando a redução de
seus custos operacionais onerando a remuneração dos profissionais prestadores de
serviços, negando atendimento a determinados tipos de doenças e excluindo
beneficiários devido ao aumento da faixa etária.

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS

O mercado suplementar de saúde teve um crescimento acentuado,


acompanhando o também crescimento da população brasileira. A maioria dos
beneficiários situa-se na faixa etária entre 20 a 49 anos, considerada a faixa de
beneficiários produtivos, concentrando-se nos municípios mais populosos e de maior
renda do país, vinculados na sua maioria a planos coletivos (contratados pelas
empresas), possivelmente devido à inserção no mercado de trabalho e crescimento da

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A Gestão do Sistema de Saúde Suplementar e seus Desafios para o Futuro

economia. O mercado de planos privados é concentrado no que tange aos


beneficiários; embora exista mais de 1600 empresas que operam planos de saúde, a
maioria está concentrada em poucas operadoras. Este mercado caracteriza-se pela
maior comercialização de planos com abrangência geográfica regional. Contudo,
apresenta um relevante mercado de abrangência nacional.

As operadoras preocupam-se com o desequilíbrio econômico-financeiro de


suas operações, devidos aos fatores relacionados: as novas coberturas e obrigações
advindas de leis criadas pela ANS; o envelhecimento natural de suas carteiras; o
aumento de custos advindos das novas alternativas tecnológicas; a permanente
dificuldade no controle de utilização de serviços médicos e nas auditorias de
internações hospitalares.

As novas regras alteraram a estrutura de risco das operadoras, fazendo com


que seguissem duas opções: aumentar os preços das contraprestações ou reduzir o
custo operacional. No primeiro caso, verifica-se que aumentos de preço no setor
causam fortes reações por parte da sociedade, que acarreta a nível de Judiciário, ações
que concedem liminares autorizando a cobertura de atendimentos e doenças não
previstas em contrato e impondo que as operadoras sigam os índices de reajustes
estabelecidos pela Agência Reguladora. No segundo caso, a redução de custos teria
como estratégia a imposição de limites aos preços cobrados pelos prestadores de
serviços. Infelizmente, tal limitação não é uniforme; há hospitais que têm maior poder
de resistir do que os médicos isoladamente. Isto gera impactos negativos na prestação
de serviços de saúde, por exemplo, os médicos podem reduzir o tempo de
atendimento para atender um maior número de pacientes e assegurar determinada
renda, com isso aumentando a probabilidade de erros em diagnósticos.

Então o futuro da Saúde Suplementar no Brasil, está atrelada a um sistema de


gestão em que as operadoras têm que ter um equilíbrio entre receitas e custos, ganho
de mercado, atualização constante de pólo tecnológico, garantia de qualidade, rede
credenciada ou própria com atendimento personalizada e profissional capacitados,
além de estar constantemente dentro das regras regulatórias da Agência Nacional de
Saúde Suplementar (ANS).
Carlos Cesar da Silva

REFERÊNCIAS

A importância da Saúde Suplementar. Disponível em


http://www.dornelles.com.br/inicio/index.php?
option=com_content&task=view&id=679&Itemid=113

A situação atual do mercado da saúde suplementar no Brasil e apontamentos para o futuro.


Disponível em http://www.scielosp.org/pdf/csv/v13n5/08.pdf.

ANS - Agência Nacional de Saúde Suplementar. Disponível em http://www.ans.gov.br.

Iniciativa Privada e Saúde. Disponível em http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0103-


40141999000100011&script=sci_arttext

O Bilionário da Saúde. Revista Exame, 26 set. 2011. Matéria de capa, p. 32.

O Mercado de Saúde Suplementar no Brasil. Disponível em www.seae.fazendo.gov.br.

O que é Saúde Suplementar? Disponível em http://www.fenaseg.org.br/main.asp?View=


%7BA51B3D30-1346-4CD1-ADBF- BE3D00C1B605%7D.

O risco moral no sistema de Saúde Suplementar brasileiro. Disponível em


http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0103-40141999000100011&script=sci_arttext

O sistema único de saúde – 20 anos: balanço e perspectivas. Disponível em


http://www.scielosp.org/pdf/csp/v25n7/21.pdf.

Saúde Suplementar: O desafio da universalização. Disponível em


http://www.segs.com.br/index.php?option=com_content&view=article&id=34583:-saude-
suplementar-o-desafio-da-universalizacao&catid=45:cat-seguros&Itemid=324

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