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CENTRO UNIVERSITÁRIO SÃO CAMILO - ESPÍRITO SANTO

CURSO DE GRADUAÇÃO EM DIREITO

GIOVANA MARQUES LIMA

O MEIO AMBIENTE EQUILIBRADO COMO DIREITO FUNDAMENTAL


E A SUA RELAÇÃO COM OS MOVIMENTOS ECOLÓGICOS-SOCIAIS
FEMINISTAS NA LUTA PELA CONSERVAÇÃO CULTURAL E
PROMOÇÃO DO DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL.

CACHOEIRO DE ITAPEMIRIM-ES
2017
GIOVANA MARQUES LIMA

O MEIO AMBIENTE EQUILIBRADO COMO DIREITO FUNDAMENTAL


E A SUA RELAÇÃO COM OS MOVIMENTOS ECOLÓGICOS-SOCIAIS
FEMINISTAS NA LUTA PELA CONSERVAÇÃO CULTURAL E
PROMOÇÃO DO DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL.

Projeto de pesquisa apresentado ao


Centro Universitário São Camilo -
Espírito Santo como requisito parcial
para aprovação na disciplina Projeto
de Pesquisa.
Orientadora: Profa. MsC. Tatiana
Mareto Silva

CACHOEIRO DE ITAPEMIRIM-ES
2017
SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO .................................................................................................04
2 DELIMITAÇÃO DO TEMA ................................................................................06
3 PROBLEMA .....................................................................................................06
4 OBJETIVOS .....................................................................................................06
4.1 Objetivo Geral ...............................................................................................06
4.2 Objetivos Específicos ....................................................................................07
5 HIPÓTESE .......................................................................................................07
6 JUSTIFICATIVA ...............................................................................................07
7 BASE TEÓRICA ...............................................................................................13
8 METODOLOGIA...............................................................................................15
9 SUMÁRIO PRÉVIO ..........................................................................................17
10 CRONOGRAMA .............................................................................................17
REFERÊNCIAS ...................................................................................................18
4

1 INTRODUÇÃO

Diante da crise ambiental latente temos um panorama onde poder da espécie


humana ficou tão grande que poderá destruir a base planetária da vida para todos
os demais seres humanos, bem como para a biosfera não humana. Em contra
partida, a preocupação com a natureza tem aumentado no decorrer das últimas
décadas, em especial diante de realidades alarmantes como o aquecimento global,
a falta de água potável, a extinção de espécies e a fome.

No auge de tais problemas ambientais, há uma crescente ascensão de movimentos


ecológicos-sociais que visam estabelecer parâmetros e políticas de proteção
ambiental; sendo o objeto deste estudo o movimento Ecofeminista.

O ecofeminismo pode ser identificado como um movimento que luta pela igualdade
de gênero na sociedade, demonstrando a necessidade de estímulo à participação
das mulheres nas discussões acerca da problemática ambiental. Dessa maneira, o
movimento ecofeminista entende que a mulher e a natureza são exploradas partindo
do mesmo princípio, o qual ambos são vistos como objeto disponível para suprir as
necessidades do homem.

Nesse sentido, a luta social das mulheres neste movimento tem objetivo na defesa
da natureza, pois acabar com a dominação da natureza seria condição de libertação
da mulher. No entanto, as políticas de desenvolvimento modernas só reforçam a
disparidade do ponto de vista do gênero.

Dessa forma, o movimento tem muito a contribuir trazendo mulheres para as lutas
sociais/ambientais, incorporando suas preocupações e conhecimentos nas
propostas de mudanças, evidenciando relevância social, econômica e jurídica do
presente estudo.

Posto isto, a problemática gira em torno de como o movimento ecofeminista pode


contribuir para o repensar ético do Direito Ambiental e para a garantia do meio
5

ambiente equilibrado como direito fundamental, visando incorporar a visão das


mulheres às discussões acerca da problemática ambiental, trazendo a este campo
várias contribuições inovadoras, à medida que chama a atenção para aspectos que
não costumam ser considerados nas políticas de desenvolvimento, valorizando a
perspectiva feminina de progresso e desenvolvimento para humanidade.

Para alcançar esse objetivo o presente estudo buscará analisar os aspectos mais
relevantes da crise ambiental e seus desdobramentos na procura por um
desenvolvimento sustentável, com abordagem específica na relação entre natureza
e mulher como sujeitos de dominação pelo homem na perspectiva do ecofeminismo,
evidenciando a importância do movimento na perspectiva do meio ambiente.

A pesquisa se concentrará em apontar a problemática da crise ambiental e suas


múltiplas facetas; evidenciar a importância do meio ambiente equilibrado na
qualidade de vida dos seres humanos e a sua concepção como direito fundamental
indispensável para a existência humana digna; caracterizar o movimento
ecofeminista e suas principais correntes; situar o ecofeminismo no âmbito da
problemática ambiental como movimento que defende os direitos da natureza e, por
fim, valorizar a participação das mulheres nos debates ambientais, na intenção de
destacar uma perspectiva feminina de progresso e desenvolvimento para
humanidade.

Estará a pesquisa sustentada por três suportes teóricos principais, que irão
apresentar as conceituações e fundamentar análises do diálogo proposto, sendo
estes: Vandana Shiva, Antônio Carlos Wolkmer e Regina Célia Di Ciommo como
bases teóricas principais; e Rosemary Radford Ruether,Emma Siliprandi, Sandra
Mara Garcia, Rosângela Angelin, dentre outros, como bases teóricas secundárias.

Em se tratando de pesquisa realizada no âmbito das ciências sociais aplicadas, o


artigo desenvolver-se-á respeitando os métodos mais adequados à persecução dos
objetivos pretendidos.

Utilizaremos o método histórico para a análise do caminho percorrido pelo meio


ambiente até os dias atuais, abrangendo as consideráveis mudanças naturais
6

sofridas, as quais se deram por interferência humana. Tal método também será
utilizado para uma retrospectiva aos inicio do movimento com intuito de
contextualizar o seu surgimento e evolução, até os dias atuais. A partir disso, para
abordagem das correntes feministas, será utilizado o método comparativo. O
paralelo a ser traçado entre o meio ambiente e o movimento ecofeminista é grande
parte da essência da presente pesquisa.

Ao final, pretende-se apresentar uma síntese que demonstrará como o


ecofeminismo pode auxiliar a sociedade na busca pelo meio ambiente equilibrado.

2 DELIMITAÇÃO DO TEMA

O presente estudo não tem parâmetros temporais estritamente definidos, uma vez
que objetiva um aprofundamento na concepção do meio ambiente equilibrado como
direito fundamental buscando suas origens históricas que são, de certo modo,
indefinidas; assim como, o movimento ecofeminista abrangendo sua criação, na
década de 70, até os dias atuais, incluindo as suas principais correntes de
pensamento desenvolvidas neste espaço tempo.

Quanto ao limite espacial, o estudo se preocupará em estabelecer ligação com os


problemas ambientais e a legislação brasileira no que tange aos direitos
fundamentais previstos no ordenamento jurídico, com ênfase no meio ambiente
equilibrado como direito da pessoa humana; entendimento este que pode,
facilmente, ser estendido ao mundo inteiro.

3 PROBLEMA

Como o movimento ecofeminista pode contribuir para o repensar ético do Direito


Ambiental e para a garantia do meio ambiente equilibrado como direito fundamental?

4 OBJETIVOS
4.1 Objetivo geral
7

Analisar os aspectos mais relevantes da crise ambiental e seus desdobramentos na


busca por um desenvolvimento sustentável, com abordagem específica na relação
entre natureza e mulher como sujeitos de dominação pelo homem na perspectiva do
ecofeminismo, visando à incorporação da visão das mulheres às discussões acerca
do desenvolvimento associado ao meio ambiente equilibrado como direito da pessoa
humana e a importância deste movimento na busca por esse objetivo.

4.2 Objetivos específicos

 Apontar a problemática da crise ambiental e suas múltiplas facetas.


 Evidenciar a importância do meio ambiente equilibrado na qualidade de
vida dos seres humanos e a sua concepção como direito fundamental
indispensável para a existência humana digna.
 Caracterizar o movimento ecofeminista e suas principais correntes.
 Situar o ecofeminismo no âmbito da problemática ambiental como
movimento que defende os direitos da natureza.
 Valorizar a participação das mulheres nos debates ambientais, na
intenção de destacar uma perspectiva feminina de progresso e
desenvolvimento para humanidade.

5 HIPÓTESE

O meio ambiente equilibrado é um direito fundamental indispensável à vida humana


digna e nesse propósito pode ser auxiliado pelo ecofeminismo, movimento que deve
ser interpretado como uma corrente de pensamento que procura incorporar a visão
das mulheres às discussões acerca da problemática ambiental, trazendo a este
campo várias contribuições inovadoras, à medida que chama a atenção para
aspectos que não costumam ser considerados nas políticas de desenvolvimento,
valorizando a perspectiva feminina de progresso e desenvolvimento para
humanidade.

6 JUSTIFICATIVA
8

O Brasil, país de grandes dimensões, ocupa quase metade da América do Sul e é o


país com maior diversidade de espécies do mundo. Segundo dados do Ministério do
Meio Ambiente, são mais de 103.870 espécies de animais e 43.020 espécies de
vegetais conhecidas no país. Tais números são devidos as diferentes zonas
climáticas do país que favorecem a formação de biomas como a Amazônia, o
Pantanal, o Cerrado, a Caatinga e os Pampas. Esta abundante variedade de vida
abriga mais de 20% do total de espécies do mundo.

Por isso, evidencia-se um interesse coletivo no desejo de preservar tais recursos no


país e no mundo. No entanto, segundo dados do Terceiro Panorama Global de
Biodiversidade (Global Biodiversity Outlook ou GBO-3), vários ecossistemas podem
estar próximos de sofrer mudanças irreversíveis, tornando-se cada vez menos úteis
à humanidade.

Entre estas mudanças, observa-se a já presente perda de biodiversidade em um


ritmo nunca visto antes na história, desaparecimento rápido de florestas, a
proliferação de algas em rios e a morte generalizada de corais. Assim como taxas de
extinção registradas em proporções muito acima da taxa histórica, como declínio das
populações de pandas, tigres, elefantes e baleias que chamam a atenção para o
risco de extinção das espécies, fato que tem ocorrido em uma taxa de 50 a 100
vezes maior do que a natural.

Na tabela disponibilizada no site do Ministério do Meio Ambiente1, pode-se observar


a situação da biodiversidade brasileira:

Categorias de ameaça Plantas Animais Total


Extinto na natureza (EW) 0 1 1
Criticamente em perigo (CR) 467 318 785
Em perigo (EN) 1.147 406 1.553
Vulnerável (VU) 499 448 947
Total 2.113 1.173 3.286

1
BIODIVERSIDADE, Espécies Ameaçadas de Extinção. Atualização das listas de espécies
ameaçadas. Ministério do Meio Ambiente (MMA). Disponível em:
<http://www.mma.gov.br/biodiversidade/especies-ameacadas-de-extincao/atualizacao-das-listas-de-
especies-ameacadas>. Acesso em: 18 jun 2017.
9

A grande ameaça à biodiversidade mundial é o uso que a humanidade vem fazendo


do meio ambiente, causando a fragmentação e degradação de habitats, além da
perda de ecossistemas naturais.

Nesse ínterim, até que ponto o ecossistema mundial tem a capacidade de absorver
desordens em nível crescente, introduzidos pela ação humana, sem que a
adaptação para o equilíbrio acabe com a própria humanidade?2

Trata-se de um tema de grande repercussão mundial: a Crise Ambiental pela qual o


planeta passa. As mudanças climáticas têm evidenciado problemas ambientais
causados pelos seres humanos ao ambiente terrestre, tais como: aquecimento
global, desmatamento, extinção de animais, destruição de habitats, queimadas,
desaparecimento de ecossistemas e poluição.

A partir disso, a natureza passou a ser objeto de constate observação e cuidado por
parte dos seres humanos que agora, finalmente, começam a enxergar o meio
ambiente como potencial sujeito de direitos.

Trata-se, portanto, de uma ruptura com o paradigma da antiga visão antropocêntrica


que concebia os seres humanos, tão somente, como sujeitos de direito. Dessa
maneira, no mundo contemporâneo a natureza tem ganhado efetiva proteção,
inclusive nos textos constitucionais de diversos países no globo terrestre.

Noutro giro, demonstrada a relevância jurisdicional do tema, o ordenamento jurídico


brasileiro é repleto de dispositivos legais pertinentes a matéria ambiental; como
podemos observar, a Lei 6938/81 traz em seu art. 3º, I, a concepção de meio
ambiente como sendo um “conjunto de condições, leis, influências e interações de
ordem física, química e biológica, que permite, abriga e rege a vida em todas as

2
DI CIOMMO, Regina Celia. Relações de gênero e meio ambiente e a teoria da complexidade. In
Estudos Feministas, Florianópolis, julho-dezembro 2003. Disponível em:
http://www.scielo.br/pdf/ref/v11n2/19130.pdf. Acesso em: 23 abr 2017. p. 435
10

suas formas”.3 Tal legislação, ainda traz em seu corpo conceitos importantes para a
tutela ambiental como os de poluição, poluidor e recursos ambientais.
Já na atual Constituição da República Federativa do Brasil, temos diversos
dispositivos legais que vinculam o Estado e seus cidadãos a preservação e cuidado
com o meio ambiente, tais como:

Art.5º, LXXIII - qualquer cidadão é parte legítima para propor ação popular
que vise a anular ato lesivo ao patrimônio público ou de entidade de que o
Estado participe, à moralidade administrativa, ao meio ambiente e ao
patrimônio histórico e cultural, ficando o autor, salvo comprovada má-fé,
isento de custas judiciais e do ônus da sucumbência;
Art.23 - É competência comum da União, dos Estados, do Distrito Federal e
dos Municípios: VI - proteger o meio ambiente e combater a poluição em
qualquer de suas formas;
Art.24 - Compete à União, aos Estados e ao Distrito Federal legislar
concorrentemente sobre: VI - florestas, caça, pesca, fauna, conservação da
natureza, defesa do solo e dos recursos naturais, proteção do meio
ambiente e controle da poluição;
Art. 170 - A ordem econômica, fundada na valorização do trabalho humano
e na livre iniciativa, tem por fim assegurar a todos existência digna,
conforme os ditames da justiça social, observados os seguintes princípios:
VI - defesa do meio ambiente, inclusive mediante tratamento diferenciado
conforme o impacto ambiental dos produtos e serviços e de seus processos
de elaboração e prestação;
Art. 186 - A função social é cumprida quando a propriedade rural atende,
simultaneamente, segundo critérios e graus de exigência estabelecidos em
lei, aos seguintes requisitos: II - utilização adequada dos recursos naturais
disponíveis e preservação do meio ambiente;
Art. 200, VIII - Ao sistema único de saúde compete, além de outras
atribuições, nos termos da lei: VIII - colaborar na proteção do meio
ambiente, nele compreendido o do trabalho.4

Pode-se auferir, desta maneira, a relevância que o Brasil atribui ao meio ambiente e
a sua tutela jurídica. Nesse ínterim, evidenciamos o art. 225 da Carta Magna:

Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de


uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao
Poder Público e a coletividade o dever de defende-lo e preserva-lo para as
presentes e futuras gerações.5

Tal dispositivo consagrou, no ordenamento jurídico brasileiro, o meio ambiente


equilibrado como direito fundamental da pessoa humana; assim como concebeu o
princípio do desenvolvimento sustentável o qual preconiza que o indivíduo deve
3
BRASIL. Lei federal 6938 de 31 de agosto de 81. Dispõe sobre a Política Nacional do Meio
Ambiente, seus fins e mecanismos de formulação e aplicação, e dá outras providências. Disponível
em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L6938.htm. Acesso em 23 abr 2017.
4
BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. Brasília, DF: Senado Federal:
Centro Gráfico, 2012, p. 10, 15, 50, 52, 54.
5
Idem, p. 59.
11

valer-se dos bens naturais disponíveis para satisfazer as necessidades humanas


atuais, mas sem esgotá-lo, de forma a preservar a natureza para as presentes e
futuras gerações.

Na perspectiva dos direitos humanos, Antônio Carlos Wolkmer entende que o meio
ambiente equilibrado é considerado direito de “terceira dimensão”, e sobre isso,
acrescenta:

São os direitos meta-individuais, direitos coletivos e difusos, direitos de


solidariedade. A nota caracterizadora desses direitos “novos” é a de que
seu titular não é mais o homem individual (tampouco regulam as relações
entre os indivíduos e o Estado), mas agora dizem respeito à proteção de
categorias ou grupos de pessoas (família, povo, nação), não se
enquadrando nem no público, nem no privado.

Ao reconhecer os direitos de terceira dimensão é possível perceber duas


posições entre os doutrinadores nacionais: a) Interpretação abrangente
acerca dos direitos de solidariedade ou fraternidade (Lafer, Bonavides,
Bedin, Sarlet): incluem-se aqui os direitos relacionados ao desenvolvimento,
à paz, à autodeterminação dos povos, ao meio ambiente sadio, à qualidade
de vida, o direito de comunicação etc.; b) Interpretação específica acerca de
direitos transindividuais (Oliveira Jr.): aglutinam-se os direitos de titularidade
coletiva e difusa, adquirindo crescente importância o Direito ambiental e o
Direito do consumidor.6

Essa “dimensão” dos direitos humanos surgiu com maior força após a 2º Guerra
Mundial, quando o mundo pôde presenciar o uso de bombas atômicas que tiraram
milhares de vidas humanas e a degradação ambiental que o desenvolvimento
tecnológico trouxe à tona.
Ainda segundo o autor:

Transformações sociais ocorridas nas últimas décadas, a amplitude dos


sujeitos coletivos, as formas novas e específicas de subjetividades e a
diversidade na maneira de ser em sociedade têm projetado e intensificado
outros direitos que podem ser inseridos na “terceira dimensão”, como os
direitos de gênero (dignidade da mulher, subjetividade feminina) [...]7

Nesse sentido, há uma crescente ascensão de movimentos ecológicos-sociais que


visam estabelecer parâmetros e políticas de proteção ambiental; sendo o objeto
deste estudo o movimento Ecofeminista.
6
WOLKMER, Antonio Carlos. Direitos humanos - novas dimensões e novas fundamentações. In
Direito em Debate. Ano X. nº 16/17. jun 2002. Disponível em:
https://www.revistas.unijui.edu.br/index.php/revistadireitoemdebate/article/viewFile/768/490. Acesso
em: 23 abr 2017. p. 16.
7
Idem. p. 18.
12

Evidenciando a relevância social, o ecofeminismo pode ser identificado como um


movimento que luta pela igualdade de gênero na sociedade, demonstrando a
necessidade de estímulo à participação das mulheres nas discussões acerca da
problemática ambiental, trazendo a este campo várias contribuições inovadoras, à
medida que chama a atenção para aspectos que não costumam ser considerados
nas políticas de desenvolvimento, valorizando a perspectiva feminina de progresso e
desenvolvimento para humanidade.8

Dessa maneira, o movimento ecofeminista entende que a mulher e a natureza são


exploradas partindo do mesmo princípio, o qual ambos são vistos como objeto
disponível para suprir as necessidades do homem; identifica ainda, a ligação da
mulher com a natureza, e do homem com a cultura, sendo esta última concebida
como sendo superior a natureza.

Nesse sentido, a luta social das mulheres neste movimento tem objetivo na defesa
da natureza, pois acabar com a dominação da natureza seria condição de libertação
da mulher.9 No entanto, as políticas de desenvolvimento modernas só reforçam a
disparidade do ponto de vista do gênero.

Entende-se, dessa forma, que o movimento tem muito a contribuir trazendo


mulheres para as lutas sociais/ambientais, incorporando suas preocupações e
conhecimentos nas propostas de mudanças.

Em que medida seres humanos podem ainda transformar suas ações, buscando
soluções novas que redirecionem suas atividades?10 A resposta a esta pergunta
evidencia a relevância econômica deste estudo, que se dá na incorporação das
mulheres nos debates ambientais, na intenção de destacar como uma perspectiva
feminina de progresso e desenvolvimento para humanidade, pode viabilizar “o
8
SILIPRANDI, Emma. Ecofeminismo: contribuições e limites para a abordagem de políticas
ambientais. In Agroecologia e desenvolvimento rural sustentável. Porto Alegre, v.1; n.1; jan-mar,
2000. Disponível em http://www.emater.tche.br/docs/agroeco/revista/n1/11_artigo_ecofemi.pdf.
Acesso em: 23 abr 2017. p. 69.
9
Idem, p. 63.
10
DI CIOMMO, Regina Celia. Relações de gênero e meio ambiente e a teoria da complexidade. In
Estudos Feministas. V. 11, N. 2. Julho-dezembro, 2003. Disponível em:
http://www.scielo.br/pdf/ref/v11n2/19130.pdf. Acesso em: 23 abr 2017. p. 435.
13

acceso de todo el mundo a la vida, e los recursos de la vida, incluyendo el


conocimento”11, assim como ajudar a dar maior visibilidade para o trabalho das
mulheres na conservação ambiental.

7 BASE TEÓRICA

Estará a pesquisa sustentada por três suportes teóricos principais, que irão
apresentar as conceituações e fundamentar análises do diálogo proposto.
Primeiramente, abordar-se-á a crise ambiental, apontando o meio ambiente como
sujeito de direito e evidenciando a proteção oferecida pelo ordenamento jurídico
pátrio ao assunto.

Em seguida o assunto será abordado a partir da visão dos direitos humanos,


momento em que se evidencia o meio ambiente equilibrado como direito
fundamental indispensável para a existência humana digna.

Posteriormente, será trazida a caracterização do movimento ecofeminista e suas


principais correntes. Ao final, buscar-se-á demonstrar como o ecofeminismo pode
colaborar em muitos aspectos com as políticas de desenvolvimento sustentável
buscando o direito fundamental ao meio ambiente ecologicamente equilibrado.

Para a realização de tal pesquisa serão utilizadas as obras de Vandana Shiva,


Antônio Carlos Wolkmer e Regina Célia Di Ciommo como bases teóricas principais;
e Rosemary Radford Ruether,Emma Siliprandi, Sandra Mara Garcia, Rosângela
Angelin, dentre outros, como bases teóricas secundárias.

O processo de surgimento do direito humano é visto por Antônio Carlos Wolkmer


como algo que acompanha as necessidades humanas essenciais no decorrer do
tempo, sendo essas extremamente subjetivas a variar de acordo com determinantes
individuais, biológicas, sociais, dentre outras. A necessidade ou carência desses
anseios faz surgir os “novos” direitos humanos.

11
SHIVA, Vandana. Diálogo sobre ecofeminismo com Vandana Shiva. Instituto de Estudios
Ecologistas del Tercer Mundo. Disponível em: <
file:///E:/tcc/Diálogo%20sobre%20Ecofeminismo%20con%20Vandana%20Shiva.pdf> .Acesso em: 18
jun 2017. p. 07. “acesso de todo o mundo a vida e os recursos da vida, incluindo o conhecimento”.
14

Dessa maneira, ao observar o contexto mundial atual relativo à crise ambiental,


evidencia-se que a relação entre homem natureza está em situação frágil, conforme
pondera o autor:

[...] O que demonstra a íntima relação do conceito de natureza com as


relações e com a sociedade humana, sendo “produto de um contínuo
processo de mudanças e adaptações.” Tal verificação permite entender a
tradição, na Modernidade ocidental, da existência do dualismo homem e
natureza, bem como da interdependência em que a natureza acaba sendo
reduzida e submetida ao ambiente humano. Assim, em diversos momentos
históricos desta modernidade, como Renascimento, Iluminismo,
Industrialização e Evolucionismo, a natureza foi trabalhada pela lógica
racional e pelas diversas formas econômicas de apropriação e
transformação a serviço do desenvolvimento humano. 12

Pondera o autor que sobre esse enfoque a natureza, como bem comum do povo,
passa a se tornar sujeito de direito, rompendo o paradigma antropocêntrico.

No cenário mundial, o meio ambiente começa a ganhar status de direito


fundamental, sendo concebido como transindividual e essencial à vida sadia do ser
humano positivado pela Constituição brasileira.

Nesse contexto, conforme citado, diversos movimentos versaram sobre a natureza e


o tratamento dado pelo homem a esta. Dentre estes, encontra-se o ecofeminismo,
que pode ser entendido como uma corrente de pensamento que tem orientado
movimentos ambientalistas, sociais e feministas; este movimento surgiu na década
de 1970, baseando-se na ideia de interconexão entre a dominação da mulher e da
natureza e buscando a superação da dominação patriarcal nas relações entre
gêneros.

Na visão da principal autora do movimento ecofeminista, Vandana Shiva 13, trata-se


de um movimento que trabalha com mulheres dentro da seara ambientalista;
defende esta autora, adepta da cosmologia Indu, a existência de um “princípio
feminino” que seria a fonte de toda criação na natureza, e estaria presente em toda

12
WOLKMER. Repensando a natureza e o meio ambiente na teoria constitucional da América Latina.
In Revista Novos Estudos Jurídicos - Eletrônica, Vol. 19, n. 3, set-dez 2014. Disponível em:
http://siaiap32.univali.br/seer/index.php/nej/article/view/6676/3811. Acesso em: 23 abr 2017. p. 999.
13
SHIVA, Vandana. Staying Alive: Women, Ecology and Development. Londres: Zed Books, 1992.
15

diversidade da vida caracterizada pela conexão entre todos os seres (inclusive


humanos), e pela continuidade da vida humana e natural. Segundo Vandana, o
desrespeito a esse “princípio” seria o motivo da origem dos desequilíbrios ecológicos
e da dominação das mulheres.

No entanto, grande parte das autoras deste movimento não compartilha totalmente
de suas teses. Tal como, de acordo com Regina Célia Di Ciommo:

O ecofeminismo trabalha com o conceito de gênero, e afirma que a mulher


não é apenas diferente do homem, mas é distinta, dada a sua experiência
concreta de vivência da condição feminina, que define a experiência, porque
o enraizamento biológico origina e confirma a experiência social do gênero
feminino, o que é reconfirmado na socialização e repassado pela
predisposição genética. Nesse anel de interações próprias da
complexidade, não há limites estanques para o que é próprio da natureza
ou da cultura.
O ecofeminismo parece recolocar com originalidade antigas tensões entre
igualdade e diferença. Não apenas aceita a diferença, mas afirma a
especificidade e a valorização da mulher de forma inter-relacionada com a
ecologia.14

Em se considerando o movimento ecofeminista como um mecanismo de ligação


entre mulheres e ecologia, há de se observar que este tem o condão de evidenciar
ambas as lutas, auxiliando as mulheres a alcançar o empoderamento feminino no
âmbito ambiental, possibilitando novas políticas que visam a participação destas
neste objetivo, assim como, evidencia e busca proteger o meio ambiente como
direito essencial a vida humana digna.

8 METODOLOGIA

Em se tratando de pesquisa realizada no âmbito das ciências sociais aplicadas, o


artigo desenvolver-se-á respeitando os métodos mais adequados à persecução dos
objetivos pretendidos.

14
DI CIOMMO, Regina Celia. Relações de gênero e meio ambiente e a teoria da complexidade. In
Estudos Feministas, Florianópolis, julho-dezembro 2003. Disponível em: <
http://www.scielo.br/pdf/ref/v11n2/19130.pdf.>. Acesso em: 23 abr 2017. p. 437/438.
16

Utilizaremos o método histórico15 para a análise do caminho percorrido pelo meio


ambiente até os dias atuais, abrangendo as consideráveis mudanças naturais
sofridas, as quais se deram por interferência humana; assim como a evolução dos
direitos humanos de 3ª geração, aos quais se incluem o direito ao meio ambiente
ecologicamente equilibrado, indispensável para a existência humana digna.

Para análise do ecofeminismo, será também utilizado o método histórico,


objetivando uma retrospectiva aos inicio do movimento com intuito de contextualizar
o seu surgimento e evolução, até os dias atuais. A partir disso, para abordagem das
correntes feministas, será utilizado o método comparativo 16 que "realiza
comparações, com a finalidade de verificar similitudes e explicar divergências" 17. O
paralelo a ser traçado entre o meio ambiente e o movimento ecofeminista é grande
parte da essência da presente pesquisa.

Ao final, pretende-se apresentar uma síntese que demonstrará como o


ecofeminismo pode auxiliar a sociedade na busca pelo meio ambiente equilibrado
trazendo a este campo várias contribuições inovadoras, à medida que chama a
atenção para aspectos que não costumam ser considerados nas políticas de
desenvolvimento, valorizando a perspectiva feminina de progresso e
desenvolvimento para humanidade.

Ressalta-se que, de acordo com os objetivos propostos, conceituais e comparativos,


utilizaremos os métodos comparativo e histórico para melhor estruturação do
trabalho.

O trabalho consistirá no levantamento bibliográfico, com maior enfoque à base


teórica indicada anteriormente, buscando abranger de forma ampla considerações
sobre o meio ambiente, adequando-o a visão dos direitos humanos e evidenciando
que a sua manutenção é indispensável à vida equilibrada e saudável.

15
BOAS, Franz. Antropologia cultural. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Ed, 2005.
16
MARCONI, Marina de Andrade; LAKATOS, Eva Maria. Fundamentos de metodologia científica. 5
ed. São Paulo: Atlas, 2003.
17
Idem. p,107.
17

Também investigaremos, de forma comparativa, os diversos segmentos do


movimento ecofeminista, abordando suas diferentes concepções, a fim de
estabelecer conexões entre o meio ambiente equilibrado como direito fundamental e
os movimentos ecológicos-sociais feministas, e por fim, a relação destes na luta pela
conservação cultural e promoção do desenvolvimento sustentável.

Ainda, o presente trabalho analisará os Direitos Humanos para evidenciar sua


importância para o mundo natural, uma vez que considera que os recursos naturais
disponíveis no mundo são indispensáveis a vida humana e necessitam de proteção
positiva e moral.

9 SUMÁRIO PRÉVIO

1. Natureza – a Mãe Terra em destruição


1.1. Os principais problemas ambientais enfrentados pelo Brasil
2. Direito fundamental ao meio ambiente equilibrado – a proteção positiva e moral
2.1. A efetividade da tutela constitucional ambiental
3. O Ecofeminismo – feminismo e ecologia
3.1. As correntes ecofeministas
3.2. Uma perspectiva feminina de progresso e desenvolvimento para humanidade
4. Saúde e Sustentabilidade – Os frutos do Ecofeminismo na busca pela
preservação cultural e desenvolvimento sustentável

10 CRONOGRAMA

Mês
1º 2º 3º 4º 5º 6º
Etapa
Leitura e fichamento das
obras relacionadas na base
teórica sobre meio ambiente
X X
equilibrado, os movimentos
ecofeministas e direitos
humanos
Análises histórica e
comparativa das informações
X X
colhidas no levantamento
bibliográfico
18

1ª versão X
Revisão final X
Apresentação do texto X

REFERÊNCIAS

BIODIVERSIDADE, Espécies Ameaçadas de Extinção. Atualização das listas de


espécies ameaçadas. Ministério do Meio Ambiente (MMA). Disponível em:
<http://www.mma.gov.br/biodiversidade/especies-ameacadas-de
extincao/atualizacao-das-listas-de-especies-ameacadas>. Acesso em: 18 jun 2017.

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