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Qualquer projecto de investimento na empresa para ser viável ou gerar valor deve ter
um ROI (Retorno sobre O Investimento) maior que o custo de capital dos recursos que
financiarão o projecto.
Como vimos, é o lucro da empresa que remunera o investimento dos accionista e esse
lucro é a soma dos lucros dos diversos produtos e serviços da empresa que um dia
foram projectos de investimento.
Assim, na empresa, o fluxo de caixa total ao ser descontado pelo seu custo de capital,
deve gerar um resultado positivo, para que possa estar criando valor para o accionista.
Capital alheio
No conceito de capital alheio encaixa-se todo o tipo de financiamento assegurado por terceiros, isto
é, por pessoas ou entidades externas à empresa. Por isso mesmo, com taxas de remuneração e
planos de reembolso associados. Podem ser de curto, médio ou longo prazo.
Um dos mais comuns exemplos de capital alheio são os empréstimos obtidos pelas empresas para se
financiarem. Sejam os empréstimos de curto prazo para resolver situações pontuais de falta de
liquidez, os empréstimos em conta corrente ou o descoberto bancário.
No capital alheio inclui-se ainda o recurso ao factoring (sistema de vendas a prazo em que um
intermediário adquire os créditos concedidos pelos fornecedores) ou a sociedades financeiras não
bancárias, a participação no capital próprio de empresas com potencial de crescimento,
os empréstimos de sócios e o sistema de leasing
Estrutura de Capital
O custo de capital de terceiros, na maioria dos casos, tem seu custo explícito nos
contratos que a empresa assina quando recebe o empréstimo. Esse mesmo contrato
tem cláusulas que garantem ao emprestador que o credor deve devolver o capital e os
juros acordados independentemente do resultado da empresa devedora.
O custo de capital de um empréstimo para capital de giro por exemplo, que hoje no
Brasil custa para uma empresa média 20% ao ano, teria um custo efectivo de:
Custo K efectivo (após IR) = K (antes do IR) (x) (1- Taxa de IR)
A primeira coisa que precisamos deixar claro, é que o capital próprio ou dos accionistas
tem custo sim e é mais alto do que o custo de capital de terceiros.
É mais alto, pois os supostos encargos sobre o capital não são dedutíveis para fins de
imposto de renda. (*)
O custo de capital próprio já não é tão fácil de se calcular como o de capital de terceiros
e existem vários métodos disponíveis na literatura. Aqui vamos tentar ir pelo intuitivo e
mais popular, o chamado modelo de precificação de activos.
Vamos assustar você gestor logo de saída, o custo de capital próprio será dado pela
formula:
O terceiro componente é a diferença entre o retorno médio dos títulos com risco no
mercado (quanto está dando de retorno uma aplicação na média dos títulos existentes
no mercado) menos o retorno do título livre de risco?
Vamos a um exemplo. Imagine que a taxa livre de risco do mercado (RL) esteja em
6%, que o risco da empresa investida (sendo 1 para risco igual, menor que 1 para risco
menor e maior que 1 para risco maior) seja de 1,3 e que a taxa de retorno médio dos
títulos do mercado seja de 15%.
CCP = 17,7%
Para financiar um determinado projecto um investidor pode recorrer a dois grandes tipos de capital,
o capital próprio e o capital alheio. O capital próprio é assegurado por entrada do próprio investidor
e dos seus sócios, caso existam. O capital alheio consiste em financiamento assegurado por
terceiros, normalmente uma instituição bancária, com planos de reembolso claramente definidos
(taxas de juro, prazo de reembolso, etc.).
O custo de cada tipo de capital deve ser calculado no planeamento de um projecto e tem influência
directa na decisão de investimento.
Alguns empresários e empreendedores omitem nestes cálculos o custo do capital próprio investido
na empresa. Nada mais errado!
E qual o retorno extra (prémio de risco) que pretendo para colocar o meu capital na empresa e
assumir o risco associado ao negócio? (8%, 9%, 10%?) Este valor depende muito do investidor e da
sua apetência para o risco. Um empresário que exija um prémio de risco de 9% para o seu capital,
está a considerar um custo do capital próprio de 10% (1% (risk free) + 9% de prémio de risco).
O Custo do Capital Alheio de uma empresa pode também ser obtido de diversas formas. A mais
simples quando se avalia um investimento é considerar a taxa de juro do financiamento que se vai
obter junto das instituições bancárias.
A estrutura de capital de cada empresa pode ser constituída pelos dois tipos de capital atrás
mencionados, o capital próprio (do empresário e sócios) e por capital alheio, ou passivo
(empréstimos bancários ou outros). É com esta estrutura que a empresa financia os activos que lhe
permitem desenvolver a sua actividade.
Considerando apenas o custo do capital alheio de 4% e por comparação com o ROI de 5%, a decisão
de investimento seria favorável, o que iria provocar um investimento fora das expectativas de
retorno do empresário.
O empresário deveria ter escolhido investir os €5.000 num investimento “sem risco”.
O custo do capital tem um papel relevante na decisão de investimento e deve ser ponderado de
acordo com o perfil de cada investidor e a sua apetência para o risco.
Risk Free – Taxa de juro “sem risco” do mercado. Objectivamente trata-se de um
investimento com risco muito baixo ou inexistente. Na Europa por defeito considera-se a
taxa de juro das bunds (obrigações soberanas) alemãs. Para simplificação podem usar-se
taxas de referência de depósitos a prazo de baixo risco com capital garantido;
WACC (Weighted Average Cost of Capital) – Taxa que o custo de oportunidade dos
investidores e credores de determinado negócio.
ROI (Return on Investiment) – este indicador estabelece uma relação entre o lucro (ou
perda) obtido com determinado investimento e o montante investido (em activos). ROI =
Lucro Líquido / Total de Activos;
A regra geral é que o capital de terceiros é mais barato do que o capital próprio. Porém, em um
primeiro contacto com essa afirmação ela normalmente gera estranheza.
O capital de terceiros é mais barato (custo de capital menor) do que o capital próprio
porque aqueles que emprestam recursos não correm o risco operacional do negócio. Em outras
palavras, a instituição financeira que financiou uma nova linha de produção para uma indústria
deverá receber os pagamentos pelo financiamento independentemente de a empresa estar gerando
lucros ou prejuízos.
Já aqueles que detém o capital próprio – sócios e accionistas – correm o risco operacional junto com
a empresa. Estes agentes, no caso de a empresa passar por alguns anos de prejuízos, não receberão
sua parcela de distribuição dos lucros – salvo se existirem saldos de lucros acumulados de anos
anteriores.
Sabendo disso, e colocando em prática a velha máxima do mundo das finanças de que “quem corre
maior risco exige maior retorno“, então os donos do capital próprio tendem a exigir uma
remuneração superior àqueles que estão dispostos a emprestar recursos. Este é o motivo do capital
de terceiros ter um custo de capital menor que o capital próprio.
Método CAPM
Os modelos mais utilizados para estimar o custo dos capitais próprios, ou seja, a rendibilidade que os
investidores exigem para suportar o risco sistemático de investir na empresa, são:
CAPM (Capital Asset Pricing Method) - é um modelo que explica a diferença no risco e
rentabilidade entre as várias empresas através de um único factor: a correlação com o
mercado.
APT (Arbitrage Pricing Theory) - esta teoria defende que a rendibilidade é explicada por
vários factores, nomeadamente influências macroeconómicas como a volatilidade dos
preços do petróleo, taxas de juro, taxas de câmbio, etc…
Fama-French Three Factor Model - este modelo é um caso particular do anterior, dado que
utiliza três factores: um factor de mercado, um factor relacionado com o tamanho da
empresa e outro de valores de mercado.
Em geral, o modelo mais utilizado é o CAPM, dado que tem uma base teórica mais clara e a sua
implementação é mais simples.
É uma maneira simples e muito utilizada de calcular o custo de capital de uma empresa. Trata-se de
uma média ponderada, considerado as taxas estimadas para custo do capital próprio e de terceiros
com as respectivas participações de cada capital na composição do passivo.
Do inglês, weighted average cost of capital – WACC –, o custo médio ponderado de capital é
expresso pela seguinte equação:
𝑃𝐸 PL
WACC= 𝐴𝑇 ᵡ 𝐾 + 𝐴𝑇
+𝐾
sendo que, kt é o custo do capital de terceiros dentro da companhia (podendo ser a média das taxas
de empréstimos e financiamentos); kp é o custo do capital próprio, ou seja, a remuneração exigida
pelos accionistas.
Exemplo:
imagine que uma empresa possui 70% de capital de terceiros e 30% de capital próprio. Além disso, o
custo das dívidas para a empresa é de 12% e a remuneração mínima requerida pelos accionistas é de
20%. Portanto, o custo médio ponderado de capital será:
O custo de capital pode ser calculado de forma uniforme, considerando globalmente todas as
actividades prestadas pelo operador notificado, ou, alternativamente, poderá equacionar-se a
aplicação de uma taxa de remuneração de capital distinta para os diversos serviços que o operador
presta, reflectindo-se as diferentes condições concorrenciais do mercado, o risco específico de cada
mercado e o nível de investimento e capitais empregues em cada um dos serviços.
Esta abordagem suscita algumas questões que podem dificultar a sua implementação.
Embora o valor da dívida e capitais próprios possa ser facilmente determinado para um operador
como um todo, não é fácil fazê-lo para cada uma das suas actividades ou para cada um dos
mercados onde o operador actua. Tal deve-se ao facto de as decisões financeiras constituírem
decisões tomada ao nível global do operador, e não necessariamente relacionadas com cada uma
das suas actividades em particular. Também a posição de dívida da empresa pode não estar
directamente relacionada com as necessidades de dívida de cada uma das suas actividades. Assim,
surge o problema de determinar o valor do capital de cada actividade.
No entanto, reconhece-se que a diferentes actividades podem estar subjacentes riscos diferentes, o
que poderá ter reflexo em diferentes custos de capitais próprios, mesmo que a estrutura financeira
da empresa seja a mesma
Claro leitor que você notou que quanto maior a proporção de capital de terceiros a um
custo de capital menor, menor vai ser o custo médio ponderado de capital total da
empresa. Sim, mas há um limite para a empresa se endividar e a medida que a
proporção de divida em relação ao capital próprio aumenta, aumenta também o risco e
o custo do capital exigido pelos emprestadores por conta do aumento de risco.
Conclusão
Há a figura dos Juros sobre o Capital Próprio, que permite a dedução de encargos
financeiros sobre o capital próprio do accionista. Sem entrar no mérito conceitual dessa
possibilidade, ela deve ser aproveitada enquanto dure.
Ou seja, ao reduzir o custo de capital a empresa consegue aprovar mais projectos, por possuir uma
taxa de desconto menor. Aprovando mais projectos ela aumenta seu facturamento e
consequentemente seu lucro líquido (regra geral, é claro).
Referências
Lemes Junior, A. B., Rigo, C. M., & Cherobim, A. P. M. S. (2005). Administração financeira: princípios,
fundamentos e práticas trabalhistas (2nd ed.). Rio de Janeiro: Elsevier.