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Engenharia de Segurança do Trabalho

QUALIDADE DO AR INTERNO

JOSÉ EDSON BASTO


Eng. de Segurança do Trabalho
Eng. Mecânico

ITAJAÍ - 2007
QUALIDADE DO AR INTERNO

SUMÁRIO
TABELAS........................................................................................................................................................... 6
1. A IMPORTÂNCIA DO AR ............................................................................................................................. 8
2. QUALIDADE DO AR INTERNO ................................................................................................................. 10
2.2 Requisitos para a Garantia da Qualidade do Ar Interno ....................................................................... 14
3. CONFORTO TÉRMICO ............................................................................................................................. 14
3.1 Avaliação do Conforto Térmico............................................................................................................. 16
4. SISTEMAS DE CLIMATIZAÇÃO................................................................................................................. 19
4.1 Componentes do Sistema de Climatização .......................................................................................... 20
5. FILTROS DE AR.......................................................................................................................................... 25
6. PADRÕES DE PARTÍCULAS ..................................................................................................................... 27
7. CONTAMINANTES...................................................................................................................................... 31
7.1 Contaminantes Químicos Interiores...................................................................................................... 31
7.1.a Compostos Orgânicos Voláteis .................................................................................................... 31
7.1.b Materiais particulados .................................................................................................................. 32
7.1.c Contaminantes Biológicos.............................................................................................................. 33
7.1.d Componentes Químicos ................................................................................................................ 33
7.1.e Contaminantes gerados por Ocupantes ........................................................................................ 34
7.2 Contaminantes Químicos Exteriores..................................................................................................... 34
7.3 Agentes Desconhecidos................................................................................................................. 35
8. DOENÇAS ASSOCIADOS À QUALIDADE DO AR INTERNO.................................................................. 35
8.1 Doenças Ocupacionais Das Vias Aéreas Inferiores ............................................................................. 36
8.1.1 Doença do Legionário ou Legionelose ......................................................................................... 36
8.1.2 Asma Ocupacional........................................................................................................................ 36
8.1.3 Pneumonia..................................................................................................................................... 37
8.1.4 Pneumonite de Hipersensibilidade ............................................................................................... 38
8.1.5 Fibrose Pulmonar Idiopática ......................................................................................................... 38
8.2 Doenças Ocupacionais das Vias Aéreas Superiores ........................................................................... 39
8.2.1 Rinites Alérgicas e Irritativas ......................................................................................................... 39
9. LEGISLAÇÃO SOBRE QUALIDADE DO AR INTERNO............................................................................. 41
10. PADRÕES DE QUALIDADE DO AR........................................................................................................ 44
Parâmetros Físicos ............................................................................................................................. 44
Parâmetros Químicos ......................................................................................................................... 44
Parâmetros Biológicos ........................................................................................................................ 44
11. METODOLOGIA PARA ANÁLISE DA QUALIDADE DO AR ................................................................... 46
11.1 Determinação de Parâmetros físicos .................................................................................................. 47
11.2 Controle microbiológico....................................................................................................................... 48
11.3 Determinação de aerodispersóides .................................................................................................. 49
11.4 Determinação de CO2 (Dióxido de Carbono).................................................................................... 50
11.5 Contador de Partículas ..................................................................................................................... 51
12. MEDIDAS PARA CORREÇÃO DOS PROBLEMAS DE QUALIDADE DO AR ........................... 52
12.1 Sistemas de Supervisão e Controle Predial ..................................................................................... 53

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12.2 Ionização Negativa............................................................................................................................. 54


12.3 Lâmpadas Ultravioletas...................................................................................................................... 55
13. LIMPEZA E HIGIENIZAÇÃO ..................................................................................................................... 55
BIBLIOGRAFIA................................................................................................................................................ 58
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ................................................................................................................ 59
ANEXOS.......................................................................................................................................................... 62
A.1 PORTARIA Nº 3.523, DE 28 DE AGOSTO DE 1998 .................................................................. 62
A.2 RESOLUÇÃO - RE Nº 9, DE 16 DE JANEIRO DE 2003............................................................. 70
A.3 Fluxograma de um Plano de Gerenciamento de Qualidade do Ar .............................................. 79
A.4 GUIA DE CONTRATAÇÃO DE EMPRESAS PRESTADORAS DE SERVIÇOS EM CONTROLE
DE QUALIDADE DE AR DE INTERIORES. Volume I - Guia nº 01 2003 ....................................................... 80
A.5 RECOMENDAÇÃO NORMATIVA ABRAVA PARA EXECUÇÃO DE SERVIÇOS DE LIMPEZA E
HIGIENIZAÇÃO DE SISTEMAS DE DISTRIBUIÇÃO DE AR......................................................................... 86

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Quando você não


respira, nada mais
importa!!!

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RESUMO

O presente trabalho pretende apresentar os requisitos para manter a qualidade do ar em ambientes


climatizados, mostrando os principais aspectos que interferem na obtenção de um ambiente salubre e
adequado para a realização das diversas atividades laborais. A insalubridade apresentada em ambientes
climatizados pode ser associada à baixa qualidade do ar insuflado nestes locais, assim como a formação,
movimentação e dispersão de contaminantes. Devido à complexidade de variáveis impostas, assim como a
integração quase constante entre trabalhadores e enfermidades, o Ambiente Hospitalar foi escolhido para
servir como estudo de caso, possibilitando-se avaliar os parâmetros e os requisitos determinantes para o
enfoque do presente trabalho.
Os ambientes chamados “doentes” apresentam uma série de características de insalubridade
provocando diversos sintomas nos ocupantes e por conseqüência, diminuição da produtividade e aumento
do absenteísmo nestas situações. Um dos aspectos principais para minimizar o problema é a necessidade
de se ampliar a discussão acerca das medidas de prevenção e inibição dos fatores nocivos à saúde, assim
como a purificação do ar, a salubridade e o conforto.
Neste sentido é fundamental manter sob análise freqüente os textos da Legislação vigente e as
implicações na garantia da Qualidade do Ar Interno (QAI), visto que as referidas normalizações foram
introduzidas recentemente no âmbito da saúde e segurança do trabalho, estando estas ainda em fase
praticamente experimental.
Um dos objetivos é apresentar um levantamento bibliográfico que permita descrever a importância
da qualidade do ar e os processos envolvidos em um sistema de climatização, além da importância destes
para as atividades desenvolvidas nos ambientes climatizados. Procura-se ainda apresentar os problemas
inerentes, assim como os constituintes nocivos do ar, os quais contribuem para uma série de sintomas
apresentados pelos ocupantes. Apresentados tais fatores é possível determinar e avaliar os requisitos
básicos para a qualidade do ar no interior dos ambientes sujeitos a processos de climatização.

Palavras Chave: Segurança do Trabalho, Qualidade do Ar Interno, Síndrome dos Edifícios Doentes,
Doenças Relacionadas aos Edifícios, Climatização, Ventilação, Ambientes Hospitalares.

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TABELAS

TABELA DE CONVERSÃO DE VÁRIAS UNIDADES


Comprimento 1m=3,281pés=39,37pol
Área 1m²=10,76pés²=1.550pol²
Volume 1m³=35,3pés³=1.000litros
Volume 1galão(USA)=3,8litros 1galão(GB)=4,5 litros
Massa 1kg=2,2 lb 1lb=0,45kg 1 onça=28,35g
Pressão 1atm=1,033kgf/cm²=14,7lbf/pol²(PSI)
Pressão 1bar=100kPa=1,02atm=29,5polHg
Energia 1kWh=860kcal 1kcal=3,97Btu
Energia 1kgm=9,8J 1Btu=0,252kcal
Potência 1kW=102kgm/s=1,36HP=1,34BHP=3.413Btu/h
Potência 1TR=3.024kcal/h=200Btu/min=12.000Btu/h
Temperatura ºF=32+1,8.ºC K=273+ºC R=460+ºF

COMPRIMENTO
cm m km in ft mi
1 centímetro (cm) 1 0,01 0,00001 0,3937 0,0328 0,000006214
1 metro (m) 100 1 0,001 39,3 3,281 0,0006214
1 quilômetro (km) 100000 1000 1 39370 3281 0,6214
1 polegada (in) 2,54 0,0254 0,0000254 1 0,08333 0,00001578
1 pé (ft) 30,48 0,3048 3,048 12 1 0,0001894
1 milha terrestre
160900 1609 1,609 63360 5280 1
(mi)

PRESSÃO
atm PSI(lbf/in²) Kgf/cm² Bar mmHg(Torricelli) mH2O in. Hg Pascal(Pa)
atm 1 14,6959 1,033 1,01325 760 10,33 29,92 101325

PSI(lbf/in²) 0,0680 1 0,07031 0,06895 51,71 0,70307 2,04 6894,8

Kgf/cm² 0,96778 14,2234 1 0,98 735,514 10 28,9572 98066,5

Bar 0,9869 14,5 1,02 1 750,061 10,195 29,53 10000

mmHg 0.001315789 0.01933677 0.00135951 0.001333224 1 0,01360 0,03937 133,3224

mH2O 0,09678 1,42234 0,10 0,0980872 73,5514 1 2,89572 9803,1176

in. Hg 0,03342 0,49119 0,03453 33900 25,4 0,34534 1 3386,5

Pascal(Pa) 0,000009869 0,0001450377 0,00001019716 0,00001 0,007500617 0,000102 0,0002952 1

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QUALIDADE DO AR INTERNO

Prefixos das unidades SI

Nome Símbolo Fator de multiplicação da unidade


yotta Y 1024 = 1 000 000 000 000 000 000 000 000
zetta Z 1021 = 1 000 000 000 000 000 000 000
exa E 1018 = 1 000 000 000 000 000 000
peta P 1015 = 1 000 000 000 000 000
tera T 1012 = 1 000 000 000 000
giga G 109 = 1 000 000 000
mega M 106 = 1 000 000
quilo k 10³ = 1 000
hecto h 10² = 100
deca da 10
deci d 10-1 = 0,1
centi c 10-2 = 0,01
mili m 10-3 = 0,001
micro µ 10-6 = 0,000 001
nano n 10-9 = 0,000 000 001
-12
pico p 10 = 0,000 000 000 001
femto f 10-15 = 0,000 000 000 000 001
atto a 10-18 = 0,000 000 000 000 000 001
zepto z 10-21 = 0,000 000 000 000 000 000 001
yocto y 10-24 = 0,000 000 000 000 000 000 000 001

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1. A IMPORTÂNCIA DO AR
É sabido que o ar é uma mistura gasosa determinante para a vida humana devido principalmente ao
processo que se dá no interior das células de seu corpo onde os alimentos são transformados em energia,
pela reação com o oxigênio presente no ar inspirado. Este processo é conhecido como respiração e permite
a produção da energia que será utilizada na manutenção da vida e no desenvolvimento dos movimentos
diversos de uma pessoa.
Durante o processo de respiração o ar ao ser inalado passa através das vias respiratórias onde
sofre algumas modificações quanto às proporções de seus elementos básicos, devido a um processo de
umidificação pela mistura deste ar com uma parcela de dióxido de carbono. O oxigênio presente no ar é
absorvido na corrente sanguínea e o dióxido de carbono é exalado para a atmosfera. A figura 1 mostra o
intercâmbio destes gases quando o ar chega aos alvéolos os quais compõem a parte mais funcional do
pulmão.
A qualidade do ar é muito importante principalmente para os órgãos vitais do homem como, por
exemplo, o cérebro, uma vez que este necessita de oxigenação constante para que possa cumprir todas as
suas funções. Quando o cérebro percebe a necessidade de uma quantidade maior de oxigênio, envia
estímulos aos músculos do peito e diafragma, fazendo-os funcionar com maior aceleração e vigor.
É sabido que homem pode sobreviver vários dias sem a ingestão de alimentos e alguns dias sem
ingestão de água. Em média, o consumo de alimentos e de água diários de um homem é da ordem de 1
quilo e 2 litros respectivamente. Quanto ao ar a autonomia restringe-se à sobrevivência por alguns minutos
sem inalação deste. Segundo VERANI (2003) e PEREIRA FILHO (2003), normalmente o homem inspira em
média cerca de 10 a 15 mil litros de ar por dia. A variação deste valor se dá em função das diversas
atividades físicas desenvolvidas.

Figura 1 – Transferência de O2 e CO2 no sangue Fonte SILVA Jr. et al (2003)

Na tabela 1, tem-se a composição química aproximada do ar seco, tomando-se como base, cerca
de 10.000 moléculas de ar. É necessário esclarecer que o ar como encontrado na atmosfera, é composto de
uma parcela seca (mistura de vários gases) em contato com outra parcela formada por vapor de água.

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Tabela 1 - Composição do Ar Seco


Concentração por volume
Componente
% ppm
Nitrogênio 78.084
Oxigênio 20.946
Dióxido de Carbono (CO2) 0.0033
Neônio 11.18
Hélio 5.24
Criptônio 1.14
Xenônio 0.087
Hidrogênio 0.5
Metano 2
Óxido Nitroso 0.5
Fonte ASHRAE (1999)

Para uma utilização favorável do ar é necessário que este contenha no mínimo 19.5 % em volume
de oxigênio (O2), mantendo isenção de produtos químicos prejudiciais à saúde. É desejável também que o
ar se apresente em temperaturas e pressões tais que não ocorram queimaduras ou congelamentos dos
órgãos do aparelho respiratório como, por exemplo, os cílios nasais, que são responsáveis pela retenção de
partículas e impurezas provenientes deste ar. Juntamente com os gases e vapor d, podem ser encontrados
em suspensão na atmosfera outros elementos tais como poeiras, polens, cinzas, compostos orgânicos e
microorganismos.
A tabela 2 mostra os efeitos no homem devido à variação da concentração de oxigênio no ar em
pressão atmosférica.

Tabela 2 – Efeitos da concentração de O2


% vol. O2 Efeitos Fisiológicos
20.9 Concentração Normal.
19.5 Concentração mínima legal.
19 - 16 Início de sonolência.
Perda de visão periférica, respiração intermitente, dificuldade de
16 - 12 coordenação, aumento do volume da respiração, aumento da freqüência
cardíaca, redução da capacidade de pensar e agir.
Falta de raciocínio, pobre coordenação muscular sendo que o esforço
12 - 10 muscular leva à fadiga, que pode causar danos permanentes ao coração.
Náusea, vômito, incapacidade para movimentos vigorosos inconsciência
10 - 6 seguida por morte.
Respiração espasmática, movimentos convulsivos e morte em minutos.
<6
Fonte VERANI (2003)

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Deve-se salientar que a Norma Regulamentadora 15 em seu anexo 11 diz ainda que a
concentração mínima de Oxigênio em ambientes que com presença de substâncias do tipo asfixiantes
simples, deve ser de 18 (dezoito) por cento em volume.

2. QUALIDADE DO AR INTERNO
Durante muito tempo, a maioria dos profissionais, ao projetar uma edificação, preocupava-se quase
que exclusivamente com a estética e funcionalidade desta, sem, no entanto dar muita importância aos
aspectos ambientais e energéticos envolvidos em tal empreendimento. Como grande parte das atividades
ainda são realizadas em ambientes fechados surgiu então a necessidade de realizar-se o condicionamento
do ar possibilitando a plena ambientação de homens e máquinas nestes ambientes. Os trabalhadores
passam de 80 a 90% de seu tempo em ambientes fechados. A figura 2 ilustra esta condição de vida da
maioria das pessoas.

Figura 2 – Operações Cotidianas desenvolvidas por trabalhadores - Fonte ENCICLOPEDIA DE SALUD Y


SEGURIDAD EN EL TRABAJO

O processo de projetar um edifício pautava-se em considerar que um sistema de climatização ou de


condicionamento de ar interno teria condições de garantir os requisitos necessários para a salubridade do
ambiente, independente do consumo de energia para tal atividade. Este quadro manteve-se até a primeira
grande crise energética mundial, ocorrida no início da década de 70, onde a produção de petróleo entrou
em crise e a população dos paises em geral, passou a considerar com maior preocupação, os fatores
energéticos nos projetos de uma forma generalizada.
Neste instante, o consumo de energia de sistemas de climatização passa a receber uma atenção
muito especial, uma vez que o custo para realizar operações de tratamento de ar como refrigeração,
umidificação, desumidificação, filtragem etc, é extremamente elevado. Os sistemas passam a ter reduzido
os seus períodos de operação.

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Outro ponto importante é o fato de que os edifícios passaram a serem construídos observando-se
uma preocupação com a impermeabilização e a climatização de seus ambientes internos. Inicia-se o
desenvolvimento de técnicas de utilização de energias alternativas no projeto de edificações, destacando-se
o emprego de conhecimentos de solarimetria e aplicações bioclimáticas. Estas ações embora eficientes,
não representam uma redução significativa no consumo de energia nas edificações em geral. Uma nova
ação se fez necessária e o principal foco desta passa a ser a redução das taxas de renovação de ar nos
ambiente climatizados.
É sabido que os equipamentos de ventilação e condicionamento de ar consomem uma quantidade
demasiada de energia, em relação aos outros equipamentos que permitem a realização das diversas
atividades de uma organização. Em função dos processos de impermeabilização e climatização de seus
ambientes internos tem-se uma redução das taxas de infiltração de ar externo assim como as taxas de
renovação e a vazão de insuflamento calculada em função do número de ocupantes, de modo que estes
passassem a diminuir o consumo de energia elétrica.
A taxa de ar indicada para ser insuflada em um ambiente de modo a manter a salubridade deste,
era estimada em 27 m3/h para cada ocupante. A contenção de gastos indicou uma severa redução nesta
taxa, passando a serem adotados, meros 8 m3/h. A função principal das taxas de insuflamento é baixar a
concentração de CO2 presente no ambiente, assim como os odores, através da diluição destes.
A diluição e remoção dos contaminantes tornam-se deficiente. Com a diminuição dos períodos de
operação os sistemas passam a trabalhar com capacidade inferior àquela para qual foram projetados,
produzindo assim distribuição não homogênea de ar no ambiente.
O resultado disto é danoso. Percebe-se o aparecimento de bolsões de ar estagnado, que são locais
extremamente favoráveis para o desencadeamento de sintomas diversos, prejudiciais aos ocupantes. Dutos
e canalizações de ambientes climatizados, além dos aparelhos condicionadores de ar, passam a
apresentar-se como um excelente habitat para diversas colônias de fungos e bactérias. Em meio a esta
situação passou-se a perceber o surgimento de sintomas indesejados nos ocupantes dos edifícios em
questão, tornando-os susceptíveis ao desenvolvimento de diversas doenças, as quais em alguns casos
tornam-se crônicas, ocorrendo por fim, uma queda acentuada nos níveis de produção.
Segundo NTT (2003) é corriqueiro mensurar em até 100% o nível de contaminação do ar de um
ambiente climatizado em relação ao nível de contaminação do ar externo. Isto se deve ao acúmulo de
umidade e poeira que ocorre em ambientes climatizados e, portanto a proliferação de micróbios e bactérias
é muito maior do que em ambientes abertos. Outro aspecto responsável pela contaminação de um ambiente
é a concentração de pessoas, sendo que estas são responsáveis pela liberação CO2, odores e aumento da
carga térmica devido ao seu metabolismo.
Segundo NIOSH (1987), dentre os principais sintomas de pessoas ocupantes dos ditos ambientes
destacam-se as infecções, as reações alérgicas e irritantes, dores de cabeça e articulares, irritação nos
olhos, nariz e garganta, tosse seca, dermatites, fadiga, sonolência, dificuldade de concentração,
sensibilidade a odores, congestão, sinusite, falta de ar, rinite alérgica, asma brônquica, doença do
Legionário, perda de produtividade e por fim, a ausência freqüente ao trabalho conhecida como
absenteísmo.
Um termo bastante difundido em função dos sintomas relacionados anteriormente e apresentado
por MCQUISTON e PARKER (1994) é "Síndrome dos Edifícios Doentes" (SED), que denomina a situação
dos edifícios que possuem um número superior a 20% de ocupantes portando os sintomas descritos por

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NIOSH (1987) por pelo menos duas semanas e que esses sintomas desaparecem ao deixar de freqüentar o
edifício.
Uma divisão nesta denominação se faz necessária para caracterizar os edifícios novos ou que
sofreram alguma reforma arquitetônica ou manutenção do sistema de climatização, e, por conseguinte os
sintomas apresentados anteriormente pelos ocupantes, diminuíram ou desapareceram ao longo do tempo.
Os edifícios enquadrados nesta situação passam a serem chamados de “Edifícios Temporariamente
Doentes” e aqueles onde os sintomas permanecem mesmo após as medidas corretivas, são chamados de
“Edifícios Permanentemente Doentes”.
Alguns autores preferem o termo ”Doenças Relacionadas Aos Edifícios” (DRE) uma vez que
entendem que o primeiro termo não tem embasamento científico para ser aplicado. Segundo dados de
NIOSH (1987) apresentados na tabela 3, nota-se que 52% dos problemas relacionados à Qualidade do Ar
Interior, têm sua causa associada aos Sistemas de Climatização.

Tabela 3 – Distribuição dos agentes relacionados à Qualidade do Ar Interior


Agente % de ocorrência

Sistemas de Climatização 52
Contaminantes químicos interiores 20

Contaminantes químicos exteriores 10


Contaminantes Biológicos 5

Agentes desconhecidos 13

Fonte NIOSH (1987)

Como visto, o sistema de climatização tem uma parcela muito maior de influência na qualidade do
ar do que os outros componentes. Os fatores que determinam uma situação de Climatização Inadequada
são bastante conhecidos e podem ser separados em sete grandes grupos, os quais são apresentados a
seguir.
a) Valores baixos de taxa de ar externo
As normas técnicas indicam uma taxa de ar externo da ordem de 27 m3/h por pessoa no interior do
ambiente. O insuflamento de ar em taxas inferiores influencia na má diluição de contaminantes e
odores.

b) Perfil defeituoso de distribuição do ar no ambiente interno


Ocorre em função da colocação de divisórias ou tapumes e outros apetrechos em ambientes onde
estas situações não foram previstas. Outra possibilidade é a ocorrência de curtos circuitos no
processo de insuflamento e a captação do ar de retorno.

c) Falhas no projeto do sistema de climatização


Projeto inadequado para a situação proposta como, por exemplo, carga térmica mal especificada,
número de trocas de ar insuficiente, equipamentos especificados com capacidade inferior à
necessária, baixa qualidade dos equipamentos, assim como tomadas de ar externo, alocadas em
locais de muita concentração de contaminantes.

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QUALIDADE DO AR INTERNO

d) Controle deficiente das condições ambientais


Ocorre devido à colocação dos equipamentos de controle em locais inadequados, ou mesmo
quando os referidos equipamentos apresentam qualidade duvidosa ou deficiência de
funcionamento.

e) Procedimentos inadequados ou defeituosos de manutenção dos sistemas de climatização.


Os procedimentos de manutenção devem ser elaborados de forma que a manutenção seja sempre
realizada de maneira preventiva e poucas vezes corretiva. Devem também ser especificados
visando sempre uma maior eficiência. A manutenção periódica dos sistemas de climatização é um
dos pontos fundamentais para a qualidade do ar interior, uma vez que diversos contaminantes,
assim como fungos e bactérias tendem a desenvolver-se em elementos dos referidos sistemas. O
sistema de filtragem é responsável por reter partículas externas, eliminar partículas internas
geradas no próprio ambiente e por parte da diluição de odores liberados pelo homem, ou por
máquinas e materiais usados nas atividades.

f) Alterações no perfil da Construção Civil do Edifício


Um projeto de climatização é definido para uma determinada geometria do ambiente. Muitas vezes,
estas geometrias sofrem alterações em função da necessidade de adequação do ambiente a outras
atividades diferentes daquelas inicialmente previstas, porém o sistema de climatização não sofre
alterações na mesma proporção.

g) Usuários não habilitados ou mal informados


Os usuários e operadores dos sistemas de climatização devem ter compreensão acerca do
funcionamento dos equipamentos e assim espera-se evitar que os mesmos apliquem comandos
incorretos, diminuindo a performance dos referidos equipamentos.

Outros fatores que influem na QAI estão associados aos contaminantes internos infiltrados ou
gerados no sistema de climatização e dutos como vapores, gases, poeiras, fungos, bactérias. Tem-se ainda
os contaminantes gerados no próprio ambiente como CO2 exalado da respiração de pessoas, fibras de lã de
vidro desprendidas de isolamento térmico ou acústico, escamas de pele, fios de cabelo, perfumes, odores,
fuligem, poeira e contaminantes presentes na roupa dos trabalhadores, compostos orgânicos voláteis (COV)
e Ozônio (O3).
Em função do exposto, surge a necessidade da intervenção dos profissionais capacitados,
principalmente os de Engenharia de Segurança do Trabalho, no intuito de se garantir a salubridade e a
qualidade do ar interno nos ambientes climatizados. Uma análise da eficácia da legislação passa a ser
ponto primordial nestas questões.
Fica claro, portanto que os edifícios necessitam ter sua concepção baseada no conforto ambiental e
no consumo econômico de energia, função que pode ser determinada pela automação de processos e
projeto arquitetônico fundamentado nas cargas térmicas e trocas de ar. Os fatos mostram a necessidade de
se estimar a eficiência nos processos de climatização e de se tomar extremo cuidado com os produtos

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envolvidos desde a construção até a utilização das edificações, possibilitando a garantia da qualidade do ar
nestes ambientes.

2.2 Requisitos para a Garantia da Qualidade do Ar Interno

Para uma plena qualidade do ar foram identificados quatro requisitos fundamentais, os quais são
descritos a seguir.
A) - Excelência de Qualidade de Filtros e Sistemas de Filtragem
Em ambientes naturais ou hospitalares a qualidade do sistema de filtragem é cercada de exigências
conforme as áreas de riscos e as atividades desenvolvidas. A pureza do ar em ambientes de tratamento de
saúde auxilia o tratamento de enfermos e impede que trabalhadores e visitantes adquiram problemas de
saúde.

B) - Captação de Ar externo de boa qualidade para renovação


Os pontos de captação de ar externo têm influência direta na qualidade do ar interno, uma vez que
cerca de 10 % do ar insuflado no ambiente é tomado deste local. Em centros cirúrgicos o ar insuflado é
obtido totalmente do ar externo, uma vez que não se pode recircular contaminado pelos procedimentos
cirúrgicos. Assim sendo é de extrema importância que o externo seja captado longe de fontes de
contaminantes e que também possua boa qualidade.

C) - Processos Eficientes de Limpeza e Higienização dos sistemas de climatização e dos Ambientes


A contaminação gerada no interior deve ser removida através de limpeza e higienização. Este
procedimento permite que o ar de recirculação apresente menores índices de contaminação, diminuindo
assim a proliferação de fungos, bactérias e outros contaminantes. Todos os procedimentos de limpeza
devem ser planejados e executados dentro de normas e padrões de qualidade.
No caso de hospitais e estabelecimentos de saúde, estes procedimentos têm um componente
fundamental que é o fato da necessidade de utilização de produtos químicos específicos para cada área de
risco. Após o serviço de higienização, deve-se manter um plano para manutenção e monitoramento da
qualidade do ar, mantendo um padrão de qualidade rígido ao longo do tempo reduzindo-se assim, a
necessidade de novas intervenções.

D) - Controle preciso de Temperatura e Umidade privilegiando o Conforto Térmico


Este ponto influencia diretamente a produtividade dos trabalhadores. Trabalhadores de
Estabelecimentos de Saúde, por exemplo, estão sempre em estado de tensão e o conforto térmico permite
que estes possam executar de forma satisfatória, suas atividades.

3. CONFORTO TÉRMICO
A Qualidade do Ar Interno de um ambiente esta intimamente ligada à sensação de conforto térmico
experimentado pelos ocupantes e é função específica dos sistemas de climatização uma vez que os
parâmetros monitorados por estes são a temperatura, a umidade e a velocidade do ar. O conforto térmico é
um fator subjetivo que indica o estado de espírito de uma pessoa em função de sua satisfação com as

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QUALIDADE DO AR INTERNO

características térmicas que um ambiente oferece. Em termos energéticos significa que um homem sentirá
conforto térmico se o balanço de todas as trocas de calor entre este e o ambiente forem nulos.
O conforto térmico de um indivíduo esta associado além das condições ambientais e de sua
vestimenta, ao seu processo de metabolismo, sendo que da energia contida nos processos térmicos
realizados pelo organismo, 20 % é utilizada e 80 % é eliminada na forma de calor, afim de que o seu
equilíbrio térmico seja mantido.
Em condições adversas, o organismo necessita que o seu sistema termo-regulador seja acionado
de forma extrema, o que provoca fadiga térmica, câimbras, esgotamento e por conseqüência, a queda de
rendimento no desenvolvimento de atividades. O metabolismo de pessoas é afetado por diversos fatores
sendo possível citar a idade, a digestão, o ambiente, o nível de atividade, o estado patológico. A medição do
metabolismo se dá observando-se um indivíduo saudável, em jejum de 12 horas em posição deitada.
Um sistema de climatização operando ineficientemente pode permitir uma combinação de
temperatura elevada com umidade também elevada. Essa combinação segundo VERGARA (2001),
aplicada ao ambiente climatizado, reduz a capacidade do corpo humano de manter a sua temperatura
interna correta.
O excesso de calor diminui sobremaneira a produtividade. Segundo HOUSSAY (1984) quando a
temperatura do ambiente ultrapassa 30 oC a produtividade cai aproximadamente 20% sendo que o número
de ocorrência de erros ou falhas aumenta 70%. Um ambiente que fornece conforto térmico aos ocupantes
apresenta como vantagens, um maior rendimento e produtividade dos trabalhadores, além de menor índice
de acidentes e menor incidência de doenças.

Tabela 4 – Taxas de Metabolismo por Tipo de Atividade


Tipo de Atividade Kcal/h
Sentado em Repouso 100
Trabalho Leve
Sentado, movimentos moderados com braços e tronco 125
Sentado, movimentos moderados com braços e pernas 150
De pé, trabalho leve, em máquina ou bancada, principalmente com os braços 150
Trabalho Moderado
Sentado, movimentos vigorosos com braços e pernas 180
De pé, trabalho leve em máquina ou bancada, com alguma movimentação 175
De pé, trabalho moderado em máquina ou bancada, com alguma movimentação 220
Em movimento, trabalho moderado de levantar ou empurrar 300
Trabalho Pesado
Trabalho intermitente de levantar, empurrar ou arrastar pesos 440
Trabalho fatigante 550
Fonte: Manuais de Legislação Atlas (2003).

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QUALIDADE DO AR INTERNO

3.1 Avaliação do Conforto Térmico


O método de avaliação de conforto térmico mais conhecido e aceito internacionalmente é o
Predicted Mean Vote (PMV) ou Voto Médio Predito (Estimado), o qual foi desenvolvido pelo professor
dinamarquês Ole Fanger. Este método foi desenvolvido através de experiências de laboratório com
aproximadamente 1300 pessoas.
O PMV consiste em atribuir valores para a sensibilidade humana às variações de temperatura,
sendo que o mesmo é assumido como zero para o conforto térmico, negativo para a sensação de frio e
positivo para a sensação de calor. A figura 3 apresenta os valores atribuídos para as sensações térmicas.
As experiências realizadas por Fanger tinham como objetivo final, obter dados para formular uma
equação que permitisse estimar a sensação térmica média de um grupo de pessoas conhecendo-se as
condições ambientais e o metabolismo destas. O resultado das análises apontou como equacionamento
geral a seguinte função:
PMV = f ( ICT, M )
onde:

f = função de….

ICT = Índice de carga térmica


M = Energia do metabolismo

O índice de carga térmica indica um valor de temperatura aparente a qual é determinada pela
relação entre umidade relativa e temperatura do ar.
A equação geral obtida é a seguinte:
⎛ M ⎞
− 0.042•⎜⎜ ⎟

PMV = (0.352 • e ⎝ ADU ⎠
+ 0.032) • ICT

onde:
2
ADu = Área superficial do corpo (DuBois), (m )

DuBois é uma equação que determina a área da superfície de uma pessoa (m2) através da relação entre o
seu peso (P) dado em kg e sua altura (h) dada em cm. Esta equação é apresentada na seguinte forma:
ADu=( P0,425 x h0,725) x 0.007184

Figura 3 – Atribuição de valores para a sensação térmica - Fonte Autor

O PMV é bastante influenciado por variáveis como tipo de roupa, velocidade do ar, atividade física e
temperatura do ar. Fanger em seu trabalho desenvolveu uma tabela que indica o PMV em função da
combinação das referidas variáveis, sendo que parte dela esta mostrada no quadro 1.

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QUALIDADE DO AR INTERNO

Devido à impossibilidade de ter-se ambientes onde todos os ocupantes estejam plenamente


satisfeitos com as condições térmicas, é necessário obter o PPD que representa a porcentagem de
pessoas insatisfeitas com o conforto térmico do ambiente e juntamente com o PMV, realizar uma
comparação com os valores recomendados pela Norma ISO 7730 de 1994. Esta comparação pode ser
verificada através da figura 4.

Figura 4 - Porcentagem de insatisfeitos em função do PMV - Fonte RUAS (2001)

Uma análise na figura possibilita observar-se que se 5% dos ocupantes estiveram insatisfeitos com
as condições ambientais ter-se-á uma condição de neutralidade térmica como mostrado na figura 3.
Tomando-se como exemplo o ponto PMV=(1.0) tem-se que a porcentagem de insatisfeitos com a situação
de Levemente Quente é de aproximadamente 26%. Para um PMV=(-2.0) aproximadamente 75% dos
ocupantes estarão insatisfeitos com a condição FRIO.

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QUALIDADE DO AR INTERNO

Quadro 1 – Relação entre PMV, tipo de roupa, velocidade do ar, temperatura e atividade física

Fonte RUAS (2001)

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QUALIDADE DO AR INTERNO

4. SISTEMAS DE CLIMATIZAÇÃO
O conceito de climatização surge da necessidade de utilizar-se recursos eletro-mecânicos com a
finalidade de promover condições de conforto para os ocupantes de recintos ou ambientes ditos confinados.
Segundo a Portaria 3523 do Ministério da Saúde, o conceito Climatização é definido como:
“Conjunto de processos empregados para se obter por meio de
equipamentos em recintos fechados, condições específicas de conforto e
boa qualidade do ar adequadas ao bem estar dos ocupantes.”

Esta definição leva em conta apenas o aspecto humanista, porém deve-se lembrar ainda que neste
contexto de necessidade de climatização, devem ser incluídos equipamentos, computadores e diversas
outras máquinas, uma vez que tais elementos podem ter sua atuação comprometida ao serem submetidos a
condições ambientais diferentes daquela para qual foram projetados. No entanto este trabalho, por estar
focado em aspectos de segurança do trabalho, ater-se-á a questão de climatização de ambientes do ponto
de vista apenas da saúde dos indivíduos.
É possível verificar uma enorme gama de situações onde a necessidade de climatizar o ambiente se
torna premente. Exemplos destas aplicações são encontrados em aviões, hospitais, trens, automóveis,
submarinos, escritórios, cozinhas comerciais, salas de aula, ambientes de manipulação de remédios e
alimentos, salas de informática, câmaras frigoríficas, auditórios, salas de exposição, museus, cinemas,
saunas, shopping center, bancos, edifícios públicos, restaurantes etc.
As condições específicas de conforto e boa qualidade do ar mencionadas na definição referem-se
principalmente às variáveis de temperatura, umidade, pressão, velocidade, pureza e distribuição entre
outras, e a necessidade de estas apresentarem-se em condições adequadas ao bem estar dos ocupantes
do recinto. Além das variáveis mencionadas deve-se ter ainda em mente a necessidade de eliminação dos
gases, odores e outros contaminantes, deixando o ar “limpo”. Para tal é necessário associar a Ventilação ao
processo de climatização de um ambiente.
Tecnicamente falando, define-se ventilação como sendo a movimentação do ar no interior das
edificações com o intuito de renovar o ar “viciado” e promover a entrada de ar de melhor qualidade.
Segundo PEREIRA FILHO (2003) a Ventilação é o processo de retirar ou fornecer ar por meios naturais ou
mecânicos de um ambiente. A definição apresenta ainda a indicação de que tal processo de ventilação seja
dividido em dois grupos para atividades laborais, sendo que o primeiro contempla a Ventilação para
Ambientes Comerciais como forma de eliminar fumos, odores e calor. O segundo grupo apresenta a
Ventilação para Ambientes Industriais como forma de controlar principalmente a concentração de vários
contaminantes e a redução do calor.
Uma outra divisão é feita quando da Ventilação em função da quantidade de contaminantes no
interior do ambiente climatizado. Pode-se ter a Ventilação Local Exaustora (VLE) a qual é utilizada quando a
fonte de contaminantes é bem conhecida e localizada. Porém, a mais comumente utilizada, embora de
custo mais elevado, é a Ventilação Geral Diluidora (VGD) a qual é utilizada quando existem diversas fontes
de contaminantes no ambiente, e a concentração destes é bastante variada. O processo consiste de
tratamento e insuflamento de ar em vazões suficientes para promover a diluição dos contaminantes no
interior do ambiente.
Os processos de climatização têm como característica, efetuar a mistura de uma parcela de ar do
exterior com outra exaurida do ambiente a ser climatizado. Quando uma das partes ou mesmo as duas
estiverem em condições inadequadas, fatalmente a qualidade do ar estará comprometida. Como exemplo,

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QUALIDADE DO AR INTERNO

tome-se uma quantidade elevada de CO2 concentrada em uma área de um ambiente onde o insuflamento
de ar seja insuficiente para efetuar a diluição do mesmo. Certamente os ocupantes da referida área do
ambiente passarão a sentir sintomas indesejáveis, uma vez que a diluição do CO2 naquela situação
apresenta-se de forma insuficiente.
Algumas aplicações podem requerer um grau maior de sofisticação, porém o principio de
funcionamento de um sistema de climatização é aquele conforme mostrado na figura 5.

Figura 5 - Esquema de um Processo de Climatização Típico - Fonte BRASIL (2002)

4.1 Componentes do Sistema de Climatização

Um Sistema de Climatização é constituído de diversos equipamentos que executam diversos


processos que permitem adequar o ambiente às condições requeridas de conforto. O ar é aspirado da
atmosfera através de um ventilador, a seguir passa por um sistema de condicionamento composto de filtros,
serpentinas de resfriamento e desumidificação, umidificadores, resistências de aquecimento, sendo
finalmente levados ao ambiente através de dutos e a vazão de insuflamento é controlada por difusores e
grelhas.
O ar interno é então levado para o exterior através de um exaustor ou ventilador, sendo que parte
deste é misturado ao ar externo para ser, após sofrer novo tratamento, insuflada novamente no ambiente.
Este processo de mistura de parte do ar de retorno com o ar externo é uma maneira de diminuição dos
custos de purificação do ar. Somente em atividades bastante específicas, onde a pureza do ar é
fundamental, todo o ar de insuflamento será proveniente do ar exterior.
Na prática, os procedimentos de escolha dos equipamentos de climatização são baseados em
função da capacidade de refrigeração destes, necessária para remover a carga térmica e prover vazão de

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QUALIDADE DO AR INTERNO

insuflamento para a situação que se apresenta. Os sistemas de climatização e condicionamento de ar


possuem algumas características em função de sua utilização e do público a que atendem.
Os sistemas de climatização podem ser do tipo Expansão Direta ou Expansão Indireta sendo que a
condensação pode ser realizada por Ar ou Água. Nos Sistemas de Expansão Direta o refrigerante ao
evaporar resfria diretamente o ar a ser insuflado no ambiente. Já nos Sistemas de Expansão Indireta o
refrigerante resfria um líquido intermediário chamado de refrigerante secundário, que normalmente é água
gelada. Os sistemas de climatização por Expansão Direta normalmente encontrados no mercado são
apresentados a seguir.

a) Condicionadores de ar de janela

São aparelhos compactos, dito autônomos, de baixo custo e de baixa capacidade de


refrigeração (até 2.5 TR). São utilizados principalmente em residências e locais onde existe
pequena concentração de pessoas. São instalados em paredes ou janelas e são de fácil
manutenção e limpeza. Possuem o sistema de aquecimento por reversão de ciclo (bomba de calor),
porém podem não possuir a função de renovação do ar, ou mesmo os usuários podem não se
atentar a essa função no painel de controle do equipamento.
Apresentam como desvantagem o fato de ter pequena capacidade de refrigeração, custo
energético elevado (KW/TR) nível de ruído elevado, distribuição do ar realizada a partir de um único
ponto e alterações nas fachadas dos edifícios.

Figura 6 – Aparelhos de Condicionamento de Ar do Tipo Janela - Fonte Catálogo Hitachi (1995)

b) Sistemas Tipo Split

São aparelhos bastante versáteis e semelhantes aos condicionadores de janela, porém


estes são divididos em duas partes interligadas por conexões onde a primeira (evaporadora)
condiciona o ar e é instalada no interior do ambiente e a segunda (condensadora) é colocada no
exterior do edifício. Estes apresentam maior capacidade de refrigeração (até 5 TR), controle maior
sobre processos de filtração e renovação de ar. Não deve entretanto ser utilizado em locais
impermeáveis, devido ao fato de que a renovação do ar é influenciada pela infiltração deste por
frestas.

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QUALIDADE DO AR INTERNO

Apresentam a vantagem de não interferirem na arquitetura do edificio, porém apresentam


dificultades quando da necessidade de se aplicar recarga de refrigerante devido a grande perda de
carga a ser evacuada.

Figura 7 – Unidades de Condicionadores de Ar Tipo Split - Fonte Catálogo Carrier

c) Sistemas tipo self-contained

São condicionadores que apresentam como principal característica o fato de abrigarem em


seu gabinete todos os equipamentos inerentes ao processo de climatização como filtragem,
umidificação, desumidificação, aquecimento, refrigeração, ventilação e insuflamento e insuflam o ar
através de rede de dutos. Operam com condensação à água ou a ar. Podem ser utilizados em
ambientes que acomodem grande quantidade de ocupantes ou em locais onde necessita-se de alta
qualidade do ar insuflado. Quando atuam como equipamentos de condensação de água,
necessitam de torre de arrefecimento sendo que não operam como bombas de calor. Operam
normalmente na faixa de 5 a 30 TR. Permite atualizar variações nas demandas de ar insuflado
apresentando ainda baixa custo de manutenção e reposição de peças.

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QUALIDADE DO AR INTERNO

Figura 8 – Equipamento Self Container e diagrama de Instalação de uma unidade de condenção por água -
Fonte CREDER (1996)

Os sistemas de Expansão Indireta são bastante conhecidos por possuirem uma unidade de
resfriamento de água chamada CHILLER. A água ao ser resfriada é conduzida para as Unidades
Condicionadoras para água gelada (Fan Coils) que compreendem um conjunto de serpentinas acopladas a
um ventilador e um sistema de filtragem por onde passa o ar a ser condicionado. A capacidade destes
equipamentos varia entre 20 a 220 TR para compressores alternativos e de 250 a 1000 TR para
compressores centrífugos. Em alguns casos podem ser projetados para que a condensação seja realizada
também por ar.
As vantagens deste sistema residem no fato de que apresentam maior economia no custo de
operação, controle bastante preciso das condições ambientais, alta eficiência em cargas parciais, facilidade
de manutenção e menor área ocupada devido à centralização do equipamento em um único local. No
entanto, estes equipamentos apresentam uma maior complexidade construtiva, além de necessitarem de
resistências ou caldeiras para promoverem aquecimento no ambiente.

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QUALIDADE DO AR INTERNO

Figura 9 – Instalação Tipo Fan-Coil/Chiller - Fonte CREDER (1996)

Como visto, as instalações que utilizam equipamentos tipo CHILLERS ou SELF-CONTAINEDS


necessitam de torres de resfriamento para promover a condensação. As torres são equipamentos que
utilizam vaporização flash para reduzir a temperatura do ar. Este processo consiste de evaporar-se micro-
gotas de spray de água produzido pela passagem desta por bicos atomizadores.

Ao evaporar nestas condições a água retira calor do ar, promovendo assim a dimuição da
temperatura de uma grande área ao redor do conjunto ventilador aspersor. É necessario monitorar os
parâmetros físicos para que não haja saturação nas condições de umidade relativa do ar. A figura abaixo
mostra o esquema de uma Torre de Refrigeração onde o ar é admitido pela parte inferior e é forçado a
passar através de um fluxo de água, saindo porteriormente pela parte superior.

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QUALIDADE DO AR INTERNO

Figura 10 – Esquema de Torre de Refrigeração - Fonte CREDER (1996)

5. FILTROS DE AR
Quando da climatização artificial de ambientes é necessário prover sistemas que protejam os
ocupantes e as máquinas de impurezas contidas no ar, provenientes do ar exterior ou produzidas no próprio
local. Para tal função são utilizados filtros tanto na tomada de ar na parte externa dos edifícios quanto no
interior de dutos de circulação. Estes são responsáveis também pela pureza do ar a ser insuflado no
ambiente climatizado. Sistemas projetados com bom programa de manutenção, boa estanqueidade, boas
taxas de renovação de ar e ainda associados a sistemas de filtragens com eficiência elevada apresentam
na maioria dos casos, elevada qualidade do ar.
A eficiência de filtragem deve ser determinada em função da alta capacidade de retenção de
partículas e da vazão de ar externo de modo a assegurar-se duas condições de contorno bem definidas. A
primeira implica em conseguir-se uma boa diluição dos contaminantes de modo que estes atinjam um nível
aceitável de contaminação interna em função do número de ocupantes e da atividade desenvolvida. A
segunda condição implica em determinar-se a quantidade de ar externo que pode ser reduzida do fluxo
inicial, ao se utilizar filtros na recirculação sem prejudicar a qualidade do ar interno. Para estas duas
condições é necessário assumir-se que o ar externo esteja em conformidade com as regulamentações
ambientais. Outro fator que influencia diretamente na capacidade de filtragem é a estanqueidade do sistema
e a limpeza periódica de dutos e filtros.
Para as diversas atividades desenvolvidas em ambientes climatizados existem regulamentações
quanto ao tipo e qualidade de filtragem. Em caso de partículas em suspensão são disponibilizados filtros

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QUALIDADE DO AR INTERNO

grossos, finos e absolutos, sendo que cada tipo tem uma eficiência média para um determinado tamanho
das referidas. A ABNT regulamenta os diversos tipos de filtros e suas eficiências para utilização em diversos
tipos de ambientes. A tabela 5 apresenta a classificação dos filtros utilizados no Brasil.
O Ministério da Saúde exige que sejam utilizados em edificações e escritórios, no mínimo filtros do
tipo G1. Em estabelecimentos de saúde como clínicas e hospitais que possuem áreas que necessitam de
ventilação, a exigência segundo BROWN (1993) é de que sejam utilizados filtros absolutos capazes de reter
microorganismos. O custo do sistema de filtragem esta intimamente ligado a sua capacidade de manter o
ar limpo. Sistemas que necessitem de ar ultralimpo tem um custo elevado de energia e de implantação.
Quando da necessidade de sistemas de filtragem com alto índice de eficiência pode-se adotar os
filtros HEPA (high efficiency particulate air), que apresentam 99,97% de eficiência com relação a partículas
de 0.3 µm e podem reter 99% ou mais dos agentes micro biológicos. Uma das desvantagens desse
sistema é a elevada perda de carga que este impõe aos sistemas de climatização, interferindo
enormemente no fluxo de ar.

Tabela 5 - Classificação de Filtros


Classe de Filtro Eficiência %
Grossos G0 30-59
G1 60-74
G2 75-84
G3 85 e acima
Finos F1 40-69
F2 70-89
F3 Acima de 90
Absolutos A1 85-94,9
A2 95 – 99,96
A3 99,97 e acima
Métodos de ensaios
Classe G: teste gravimétrico, conforme ASHRAE 52-76.
Classe F: teste colorimétrico, conforme ASHRAE 52-76
Classe A: teste DOP, conforme U.S Militar Standard 282.
Fonte ABNT NBR 6401 (1980)

Para o caso de odores, microorganismos, COV etc, devem ser utilizados os filtros de carvão ativado
que efetuam a limpeza através de adsorção, associados ou não com filtros biocidas que contém agentes
bactericidas, fungicidas e algicidas, associados ou não entre si.
No processo de seleção de filtros deve-se prever um estágio de filtro grosso para tomada de ar
externo, pelo menos de classe G1. Este limitará a entrada de agentes e sujeira no prédio protegendo
primeiramente os equipamentos do sistema de climatização. Se a qualidade do ar externo não atende aos
requisitos mínimos em termos de gases e odores, deve ser instalado um filtro de carvão ativado juntamente
com o primeiro.

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QUALIDADE DO AR INTERNO

A figura 11 apresenta exemplos de filtros antibactericidas e antimicrobianos utilizados


principalmente no combate a mofos, fungos e bactérias existentes no ar. de carvão ativido. Na figura 11.a
tem-se um exemplo típico de um filtro HEPA utililizado em ambientes super-críticos.

Figura 11 – Filtros Antibactericidas e antimicrobianos – Fonte www.troxbrasil.com.br

Figura 11.a – Filtros HEPA – Fonte www.troxbrasil.com.br

6. PADRÕES DE PARTÍCULAS
O material particulado suspenso no ar é constituído de aerodispersóides ou aerosóis, isto é,
dispersão de partículas sólidas ou líquidas, de tamanho bastante reduzido. Os aerosóis são classificado de
acordo com sua formação como mostrado a seguir.

- POEIRAS – são partículas sólidas resultantes da desintegração mecânica de substâncias orgânicas ou


inorgânicas (rochas, minérios, metais, carvão, madeira, grãos, pólens, etc), seja pelo manuseio, operações
de esmagamento, de moagem, trituração, detonação e outros.

- FUMOS – são pequeníssimas partículas sólidas resultantes da condensação, ressublimação ou reação


química de vapores, geralmente, provenientes da volatização de metais em fusão ( fumos de óxidos de
zinco, de chumbo, etc.).

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QUALIDADE DO AR INTERNO

- FUMAÇA – são partículas resultantes da combustão incompleta de materiais orgânicos (fumaças


industriais).

- NÉVOAS – são aerosóis constituído por partículas líquidas (gotículas) resultantes da condensação de
vapores, ou dispersão mecânica de líquidos ( névoa de ácido crômico, de ácido sulfúrico, tinta pulverizada e
agrotóxicos).

Além das partículas não biológicas, provenientes principalmente da combustão do cigarro e de


combustíveis, que estão associadas a agravos na saúde, destacam-se os bioaerossóis, que correspondem
ao material biológico transmitido pelo ar. Os contaminantes biológicos incluem microrganismos (bactérias,
fungos, vírus), ácaros, pólen, traças, pêlo e fezes de animais.
As bactérias e fungos são os mais freqüentemente associados com biocontaminantes e com
queixas quanto à qualidade de ar de interiores. A figura 12 apresenta as características principais de
partículas e aerodispersóides como tamanhos, métodos de avaliação de tamanhos, equipamentos de
coleta, velocidade terminal de queda etc.

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QUALIDADE DO AR INTERNO

Figura 12 – Características de partículas e aerodispersóides - Fonte MESQUITA et al (1977)

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QUALIDADE DO AR INTERNO

Partícula Tamanho da Partícula


(microns)
Lã de vidro 1000
Areia da praia 100 - 10000
Névoa 70 - 350
Fertilizante 10 - 1000
Fibras Têxteis 10 - 1000
Isolação de fibra de vidro 1 - 1000
Grão de poeira 5 - 1000
Ácaros da poeira 100 - 300
Pó de serra 30 - 600
Pó de chá 8 - 300
Café 5 - 400
Pó de osso 3 - 300
Cabelo 5 - 200
Pó de cimento 3 - 100
Poeira Têxtil 6 - 20
Esporos 3 - 40
Pó de carvão 1 - 100
Pó de ferro 4 - 20
Pó de face (maquiagem) 0.1 - 30
Poeira de Talco 0.5 - 50
Asbesto 0.7 - 90
Pigmentos de Pintura 0.1 - 5
Poeira metalúrgica 0.1 - 1000
Argila 0.1 - 50
Tonalizador da copiadora 0.5 - 15
Gotas líquidas 0.5 - 5
Anthrax 1-5
Poeira atmosférica 0.001 - 40
Sal do mar 0.035 - 0.5
Bactérias 0.3 - 60
Bromo 0.1 - 0.7
Fumo do óleo 0.03 - 1
Fumo do tabaco 0.01 - 4
Vírus 0.005 - 0.3
Poeira atmosférica típica 0.001 to 30
Açúcares 0.0008 - 0.005
Pesticidas e Herbicidas 0.001
Dióxido de carbono 0.00065
Oxigênio 0.0005

1 micron é a milionésima parte do metro

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QUALIDADE DO AR INTERNO

7. CONTAMINANTES
É evidente a necessidade de que ambientes climatizados devem ser “controlados” por
equipamentos sofisticados que monitoram diversas variáveis de conforto térmico e salubridade e minimizem
o consumo de energia elétrica. Mesmo com tal sofisticação, o ar de um ambiente climatizado pode
apresentar uma distribuição de contaminantes que são provenientes de diversos locais e equipamentos.
Grande parte das fontes de contaminantes ocorre principalmente nos sistemas de climatização. A estrutura
da edificação, o mobiliário, o carpete, odor e carga térmica dos ocupantes e contaminantes do ar externo
também contribuem para a distribuição destes no ar interno.
Como visto no item 2.2, dentre os agentes causadores de doenças pulmonares, 52% são
associados aos Sistemas de Climatização e o restante tem sua origem ligada a diversos tipos de
Contaminantes e Agentes desconhecidos. Torna-se necessário proceder-se à identificação dos mesmos,
mostrando-se suas origens, formas de proliferação, seus efeitos, as maneiras de identificá-los e os
procedimentos de controle dos mesmos.

7.1 Contaminantes Químicos Interiores

Muito dos poluentes encontrados no ar de ambientes internos provém do próprio meio, ou seja,
estão contidos em tintas de paredes ou móveis, tapetes, produtos de limpeza, computadores, copiadoras e
o próprio ocupante, o qual produz dióxido de carbono através da respiração. São encontrados também
aerossóis biológicos provenientes de suor e perfumes. Nos locais onde é permitido fumar, a condição de
contaminação de um ambiente piora extremamente, devido aos cerca de 4000 compostos químicos
presente no cigarro. Alguns equipamentos como aquecedores, fogões e quaisquer outros aparelhos em que
haja combustão são fontes internas de dióxido de carbono. Os principais grupos de contaminantes químicos
interiores serão apresentados a seguir.

7.1.a Compostos Orgânicos Voláteis

Dentre os tipos de contaminantes químicos internos descritos, pode-se identificar os Compostos


Orgânicos Voláteis, que são aqueles que possuem em sua constituição, carbono e hidrogênio e, volatilizam-
se à temperatura ambiente. Materiais de construção da edificação, acabamento, decoração e de mobiliário
permanecem eliminando COV em ambientes fechados por tempos indeterminados. Outras fontes são os
processos de combustão, emissões metabólicas de microorganismos e fotocopiadoras. No quadro a seguir
são apresentados os principais compostos e suas fontes.

Quadro 2 - Principais compostos orgânicos encontrados no ambiente interno

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QUALIDADE DO AR INTERNO

Composto Fontes de Emissão


Acetona Cosméticos
Álcoois Álcool de Limpeza, agentes de limpeza
Aromáticos Tintas, Adesivos, gasolina, combustão
Alifáticos Tintas, Adesivos, gasolina, combustão
Benzeno Fumaça de Cigarros, Escapamento de Veículos
Tetracloreto de Carbono Fungicidas, Inseticidas
Clorofórmio Produtos utilizados em lava-louças e lava roupas, produtos de limpeza
Diclorobenzeno Desodorantes de ambientes, naftalina
Formaldeído Madeira Prensada
Cloreto de Metileno Solventes de Tintas e Tintas
Estireno Fumaça de Cigarro
Tetracloretileno Roupas lavadas a seco
Tricloroetano Roupas lavadas a seco e aerossóis
Tricloroetileno Cosméticos, partes eletrônicas, bebidas, desodorizantes
Terpenos Perfumados, tecidos, fumaça de cigarros, alimentos, betume
Fonte REEVE (1994)

Produtos à base de aerossóis e umidificadores melhoram o transporte dos compostos orgânicos


para a fase vapor o que facilita a absorção destes pelo sistema respiratório. Devido à quantidade elevada
de fontes de COV é muito difícil determinar-se a detecção da uma fonte específica e a concentração isolada
do contaminantes, Portanto, é possível ter-se situações onde uma fonte relativamente pequena pode
solicitar baixas taxas de ar para diluição, embora sua toxidade seja elevada. O custo e o tempo para
identificação e medida são elevados e o total medido é desprezado, uma vez que os valores de
concentração são bastante pequenos. Segunto MACINTYRE (1990) normalmente escritórios apresentam
níveis de contaminação da ordem de poucos µg/m3 (microgramas por metro cúbico) até alguns mg/m3
(miligramas por metro cúbico).
Os principais sintomas relacionados à exposição a esses compostos são cansaço, dores de cabeça,
tonturas, fraqueza, sonolência, irritação dos olhos e pele. Um composto pode interagir com outro e por
conseqüência os sintomas podem se agravar, ou seja, os elementos juntos apresentam potencialização
maior em relação a efeitos do que a soma dos efeitos de vários compostos. Um agravante deste quadro é a
combinação com condições desfavoráveis de temperatura e umidade do ar. Uma indicação dos órgãos de
saúde é que se minimize o tempo de permanência em ambientes com elevada quantidade de fontes de
COV.

7.1.b Materiais particulados

São contaminantes produzidos através da mistura física e química de diversas substâncias


presentes em suspensão no ar como sólidos ou sob a forma líquida (gotículas, aerossol). Os mecanismos
de formação podem ser através de atrito entre partes moveis ou pela ação de umidificadores. Algumas
atividades como varrer, tirar pó ou aspirar facilitam o movimento das partículas, colocando-as em
suspensão e em contato com o ar.

Eng. José Edson Basto – CREA SC 01 058125-4 32


QUALIDADE DO AR INTERNO

Estes contaminantes representam a forma mais visível de poluição e não exigem instrumentação
sofisticada para sua detecção, podem ser notados a olho nu. O tamanho das partículas pode variar de
0,005 a 100 µm, sendo que o problemático para a saúde são as partículas pequenas o bastante para passar
pelas vias aéreas superiores e alcançar os pulmões, embora em avaliações de qualidade do ar a faixa de
estudo esteja entre 0,1 a 10 µm. No caso de partícula maiores que 15 µm, estas são grandes demais para
serem inaladas.
A composição química dos materiais particulados é bastante variável, podendo constituir-se de
amianto, fibras minerais, fibras sintéticas, esporos fúngicos, restos de insetos e resíduos alimentares, pólen,
aerossóis de produtos de consumo e alérgenos.

7.1.c Contaminantes Biológicos

De acordo como HOUSSAY (1994) os contaminantes biológicos são constituídos por bactérias,
fungos, leveduras, grão de pólem, ácaros, esporos etc. Contaminantes biológicos são bastante conhecidos
por causarem doenças infecciosas, tuberculose além de hipersensibilidade. Podem apresentar alto grau de
toxidade causando diversos efeitos desagradáveis.
A hipersensibilidade à pneumonia desenvolvida por diversas pessoas, esta associada à inalação de
esporos de fungos, sendo que em edifícios chamados doentes as queixas são freqüentes. O nível de
hipersensibilidade é determinado pela susceptividade das pessoas a tal exposição.
Os fatores que determinam a proliferação de contaminantes biológicos são umidade elevada do
ambiente, ventilação reduzida, poucas aberturas nos edifícios, sistemas de aquecimento com temperaturas
elevadas. Pessoas e animais domésticos liberam fungos e bactérias. A umidade elevada é responsável pelo
aumento das populações de ácaros e o crescimento de fungos sobre superfícies úmidas.
Um dos principais contaminantes biológicos relacionado a sistemas de climatização é a
LEGIONELLA PNEUMOPHILA, a qual é responsável por um tipo de pneumonia conhecida como “Doença
dos Legionários”. Esta se desenvolve em meios aquáticos como águas estagnadas, umidificadores,
bandejas de condensação e torres de refrigeração e são insufladas no ar através dos dutos, sendo
posteriormente inaladas na forma de aerossóis.

7.1.d Componentes Químicos

De acordo com MACINTYRE (1990), em edifícios climatizados é bastante comum encontrar a


proliferação de componentes químicos. Dentre os componentes gerados pode-se destacar os seguintes:
- Monóxido de carbono (CO) produzido a partir da combustão de matérias que contém Carbono em sua
constituição em locais com nível insuficiente de Oxigênio. Ocorrem geralmente em aquecedores de água,
fogões e aparelhos que se destinem a aquecimento. Ocorre também da fumaça de cigarros e emissões de
veículos quando a captação do ar para sistemas de climatização esta localizada próxima à rua. O CO
possui alta afinidade com a hemoglobina reduzindo a capacidade dos glóbulos vermelhos de transportar
oxigênio para os tecidos, provocando a morte de células por inanição.

– Dióxido de carbono (CO2) produzido através de combustão de combustíveis fósseis e processos


metabólicos. Este é responsável pelo controle da frequência de respiração de uma pessoa. O aumento do

Eng. José Edson Basto – CREA SC 01 058125-4 33


QUALIDADE DO AR INTERNO

nível de CO2 provoca a sensação de falta de ar e por conseqüência a frequência respiratória é aumentada
para compensação deste efeito. Sua concentração em ambientes climatizados depende principalmente do
número de ocupantes, uma vez que estes emitem-no através do processo de respiração.

- Óxido de nitrogênio (NO) é resultado de combustões a alta temperatura, como queima de combustíveis de
veículos. Entra em ambientes através dos sistemas de captação quando estes estão colocados no nível da
rua. Pode interferir no transporte de oxigênio para os tecidos produzindo efeitos parecidos como os do CO e
ainda edema pulmonar quando em grandes concentrações.

- Dióxido de nitrogênio (NO2) produzido em ambientes internos a partir da queima de combustíveis


orgânicos em aparelhos como fogões a gás e aquecedores de ambiente, além de fumaça de cigarro. O NO2
age como um agente irritante, afetando os olhos, pele e a mucosa do nariz, sendo que em altas
concentrações pode afetar também a garganta e o trato respiratório. Devido ao fato de ser pouco solúvel em
água provoca mínima irritação no trato respiratório superior, agindo ativamente no trato inferior. A exposição
a pequenas concentrações pode aumentar a possibilidade de infecções respiratórias.

- Dióxido de enxofre é subproduto de combustão de combustíveis fósseis e compostos a base de enxofre,


apresentando cheiro característico em altas concentrações. Apresenta alta solubilidade em água sendo
absorvido pelas membranas do sistema respiratório, formando ácido sulfúrico e sulfuroso. Causa danos não
só aos ocupante como também aos equipamentos e móveis, uma vez que em contato com umidade produz
produtos corrosivos.

- Amônia (NH3) utilizado principalmente como refrigerante em sistemas de refrigeração de grande porte e
também em produtos de limpeza. Apresenta alta solubilidade em água e é bastante tóxico apresentando
cheiro característico. Afeta diretamente o trato respiratória superior uma vez que estes são bastante úmidos.

7.1.e Contaminantes gerados por Ocupantes

As atividades desenvolvidas pelos ocupantes e por conseqüência o metabolismo associado a estas,


alteram a qualidade do ar por diminuição da concentração de oxigênio e aumento da concentração de
dióxido de carbono. Respiração, transpiração e a preparação de alimentos adicionam vapor d’água, bem
como outras substâncias que geram odores à atmosfera interna.

7.2 Contaminantes Químicos Exteriores

Os contaminantes químicos exteriores mais conhecidos são aqueles provenientes de descargas de


automóveis e de gases de chaminés de fabricas. Dentre os gases pode-se destacar os monóxidos e
dióxidos de carbono, o dióxido de nitrogênio, o dióxido de enxofre, o ozônio, vapores de chumbo e metais
pesados. A contaminação dos ambientes pelos elementos citados se dá principalmente em função de
entradas de ar, localizadas no nível do terreno ou próximas ao tráfego. Na figura 13 é possível visualizar a
contaminação do sistema de climatização, devido à proximidade da captação do ar externo com fontes
emissoras de contaminante.

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QUALIDADE DO AR INTERNO

Figura 13 – Contaminação na captação de ar externo - Fonte NTT (2003)

Outra variável que permite a contaminação é o fato de os equipamentos não se encontrarem em


boas condições de manutenção permitindo assim, a dispersão dos contaminantes pelo sistema de
ventilação e climatização.

7.3 Agentes Desconhecidos

A chamada deste item apenas ressalta a necessidade de investigações acerca da ocorrência de


diversas sintomalotogias indicadas por ocupantes, sem que os agente causadores pudessem ser
identificados. Como visto anteriormente, estes são responsáveis por um elevado nível de problemas
pulmonares.

8. DOENÇAS ASSOCIADOS À QUALIDADE DO AR INTERNO


Em função dos problemas na qualidade do ar em ambientes climatizados, várias doenças que
afetam o sistema respiratório podem ser difundidas nestes locais. Estas doenças podem ser diagnosticadas
e definidas clinicamente em função dos sintomas apresentados pelos ocupantes os quais podem ser
atribuídos aos contaminantes existente no ar.
As doenças respiratórias adquiridas em ambientes de trabalho são conhecidas como Doenças
Pulmonares Ocupacionais. Estas são causadas pela inalação de partículas, névoas, vapores ou gases
nocivos no ambiente de trabalho. Estas substâncias podem se depositar nas vias aéreas ou nos pulmões,
dependendo de tamanho e do tipo de partículas que as compõem. Partículas maiores tendem a ficar retidas
nas narinas ou nas vias aéreas, sendo que as menores tendem a atingir os alvéolos pulmonares.
Existem alguns fatores que permitem identificar doenças relativas à qualidade do ar de edifícios.
Freqüentemente deve-se monitorar fatores como tosse, rouquidão, catarro, dores no peito, náuseas,
tonturas, febres, arrepios e dores musculares. Segundo NIOSH (1987), algumas das principais doenças
relacionadas aos problemas citados, assim como os sintomas, são relacionadas a seguir.

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QUALIDADE DO AR INTERNO

8.1 Doenças Ocupacionais Das Vias Aéreas Inferiores

8.1.1 Doença do Legionário ou Legionelose

A doença do legionário é causada pela bactéria Legionella pneumophila e por outras espécies de
Legionella. A doença do legionário tende a ocorrer em épocas como o final do verão e início do outono. A
bactéria Legionella vive em meios aquáticos e tendem a se propagar pelos de sistemas de climatização de
edifícios. A doença do legionário pode produzir sintomas diversos desde simples tonturas, podendo
entretanto, ser letal.
Os principais sintomas são fadiga, febre, cefaléia e dores musculares, tosse seca, dificuldade
respiratória, diarréia, confusão mental e outros distúrbios mentais.

8.1.2 Asma Ocupacional

É definida como sendo um espasmo reversível das vias respiratórias, tornando a respiração difícil.
Estes espasmos estão associados à inalação de partículas ou de vapores, e são bastante freqüentes em
ocupante sensíveis a produtos irritantes. A figura 14 apresenta o sistema respiratório acometido de asma.
Pode-se perceber a inflamação indicada pelos tons avermelhados nos pulmões.
Os sintomas são dificuldade respiratória, sensação de opressão no peito, sibilos (chio de peito),
tosse, espirros, coriza e lacrimejamento. Estes ocorrem predominantemente horas depois que o trabalhador
termina sua jornada de trabalho. Em alguns casos podem desaparecer por um período de tempo, surgindo
a seguir. Esta característica por vezes dificulta o estabelecimento da relação entre os sintomas e a
qualidade do ar.

Figura 14 – Quadro típico de Asma - Fonte www.medlineplus.gov

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QUALIDADE DO AR INTERNO

8.1.3 Pneumonia

A pneumonia é uma infecção dos pulmões que, envolve os alvéolos e os tecidos circunjacentes.
Freqüentemente, a pneumonia é a doença terminal de indivíduos portadores de outras doenças crônicas
graves. A pneumonia é um conjunto de diversas doenças diferentes. Na figura 15 tem-se em destaque o
efeito de entupimento causado pela pneumonia.
São associadas a diversas bactérias como Streptococcus pneumoniae, Mycoplasma pneumoniae,
Staphylococcus aureus, Legionella, Haemophilus influenzae e também vírus como a gripe e a varicela.
Alguns fungos também causam pneumonia.
Os sintomas comuns da pneumonia são a tosse, dor toráxica, calafrios, febre e dificuldade
respiratória.

Figura 15 – Quadro típico de Pneumonia - Fonte www.medlineplus.gov

8.1.3.a Pneumonia Pneumocócica

O Streptococcus pneumoniae (pneumococo) é a causa bacteriana mais comum de pneumonia. O


indivíduo infectado com um dos oitenta tipos conhecidos de pneumococos adquire uma imunidade parcial
contra a reinfecção desse tipo, mas não se torna imune aos demais tipos. Geralmente, a pneumonia
pneumocócica inicia após uma infecção viral do trato respiratório superior (resfriado, faringite ou gripe) ter
lesado suficientemente os pulmões, a ponto de permitir que pneumococos infectem a área.
O paciente apresenta tremores e calafrios, acompanhados por febre, tosse, dificuldade respiratória
e dor torácica (no lado do pulmão afetado). Também são comuns a náusea, vômito, fadiga e dores
musculares. Freqüentemente, o escarro apresenta uma cor de ferrugem devido à presença de sangue.
Existe uma vacina que protege até 70% dos indivíduos contra infecções pneumocócicas graves.

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QUALIDADE DO AR INTERNO

8.1.3.b - Pneumonia Viral

É um tipo de pneumonia causada por alguns tipos de vírus como por exemplo o vírus sincicial
respiratório, o adenovírus, o vírus da parainfluenza, vírus da influenza, vírus do sarampo e o vírus da
varicela.

8.1.3.c - Pneumonia por Fungos

É um tipo de pneumonia causada por fungos, destacando-se três tipos em especial: o Histoplasma
capsulatum, que causa a histoplasmose, o Coccidioides immitis, que causa a coccidioidomicose, e o
Blastomyces dermatitidis, que causa a blastomicose. Após serem inalados os fungos podem causar uma
pneumonia aguda ou crônica.
Os principais sintomas são tosse, febre, dores musculares e dor torácica sendo que estes podem
persistir por meses.

8.1.4 Pneumonite de Hipersensibilidade

A pneumonite por hipersensibilidade é uma manifestação clínica de um grupo de doenças


pulmonares, resultantes da sensibilização por exposições recorrentes a inalações de partículas antigênicas e
material orgânico. É uma inflamação que atinge os alvéolos pulmonares sendo causada por reação alérgica
a poeiras orgânicas inaladas e substâncias químicas. As poeiras orgânicas são aquelas que contêm
microrganismos ou proteínas. A exposição às poeiras produz sensibilização dos linfócitos e formação de
anticorpos, acarretando a inflamação dos pulmões e um acúmulo de leucócitos nas paredes dos alvéolos.
Pode ser chamada de alveolite alérgica extrínsica . É uma resposta imune à partículas que são
menores que 5 μ e que chegam nos bronquíolos terminais, respiratórios e alvéolos. A resposta dependerá da
partícula inalada. Clinicamente é uma dispnéia, sibilância, febre, tosse seca, mal estar geral e fadiga, após
exposições periódicas.
Os principais sintomas são febre, tosse, calafrios e dificuldade respiratória, perda de apetite, náusea
e vômito sendo que a freqüência dos sintomas é de quatro a oito horas após a exposição aos
contaminantes. A evolução é progressiva, com perda de peso. Não há sintomas agudos da exposição. Pode
evoluir cronicamente para cor pulmonale. Com a evolução da doença aparecem opacidades regulares e
irregulares, difusas, aumento da trama traqueobrônquica, redução volumétrica dos pulmões e faveolamento.

8.1.5 Fibrose Pulmonar Idiopática

A fibrose pulmonar é causada por muitas doenças, especialmente por aquelas que envolvem
alterações do sistema imune e são provenientes de vírus, micoplasmas, tuberculose disseminada, poeiras
minerais (sílica, carbono, limalha metálica, asbesto), poeiras orgânicas, gases, fumaças e vapores. O termo
idiopático significa “de origem desconhecida”. A figura 16 mostra um sistema respiratório acometido de
fibrose pulmonar com o pulmão direito apresentando faixas de cicatrização e formação de cavidades.

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QUALIDADE DO AR INTERNO

Figura 16 – Quadro típico de Fibrose Pulmonar Idiopática - Fonte www.medlineplus.gov

Os sintomas mais comuns são dificuldade respiratória, tosse, perda de apetite, perda de peso,
cansaço, fraqueza e dores vagas no tórax. O esforço excessivo do coração pode levar a uma insuficiência
cardíaca.

8.2 Doenças Ocupacionais das Vias Aéreas Superiores

8.2.1 Rinites Alérgicas e Irritativas

Rinites Alérgica são provenientes de Animais de laboratório, grãos de café verde, farinha de trigo,
poeira de cereais, cedro vermelho,anidrido trimetílico e ftálico,isocianatos, papel cópia não carbonado.
Existem mais de 200 substâncias listadas como causa de Rinites Irritativas, entre eles os halogênios (flúor,
cloro, bromo, iodo), e seus compostos, dos ácidos fortes, e de solventes orgânicos com baixo ponto de
evaporação.

As figuras abaixo mostram quadros típicos de Rinite e Dermatite respectivamente.

Figuras 17e18 – Quadro Típico de Rinite e Dermatite - Fonte www.medlineplus.gov

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QUALIDADE DO AR INTERNO

O quadro a seguir apresenta as principais doenças associadas aos Edifícios.

Quadro 3 – Doenças associadas aos Edifícios


Patologia Agente Causador Fisiopatologia Apresentação Clínica
Bactéria Legionella Infecção Respiratória Tosse seca febre,
Legionelose Pneumofilia por bactérias viáveis mialgia, calafrios.
dispersas no ar Pode evoluir para
morte
Antígenos associados Reação Inflamatória Febre, mialgia, tosse e
Pneumonite de com fungos, bactérias com granulomas e pneumonias
Hipersensibilidade protozoários, insetos e fibrose causadas por recorrentes
endotoxinas reações de
hipersensibilidade
Os mesmos da Resposta Inflamatória Febre, mialgia e
Febre do umidificador Pneumonite de transitória e sem astenia, sem sintomas
Hipersensibilidade formação de ou seqüelas
granulomas pulmonares
Ácaros, fungos Irritação inespecífica Plurido e obstrução
Rinite e Asma alérgenos de animais, ou exacerbação de nasais, coriza,
toxinas bacterianas inflamação alérgica espirros, tosse, sibilos
preexistente e dispnéia
Exposição a produtos Dermatite de contato Plurido, descamação,
Eczema ou Dermatite irritativos como lã de irritativo ou alérgica eritema, pápulas ou
de Contato vidro, produtos de vesículas
limpeza

Fonte www.alergohouse.com.br

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QUALIDADE DO AR INTERNO

O quadro a seguir apresenta um resumo dos principais contaminantes e seus sintomas


característicos

Quadro 4 – Contaminantes e seus efeitos


SO2 NO2 O3 Chumbo e Material CO CO2
Dióxido Dióxido Ozônio Metais Particulado Monóxido Dióxido
de de Pesados de de
Enxofre Nitrogênio Carbono Carbono
Queimação nos olhos X X X
Ardência nas narinas X X X X X

Falta de ar X X X X X X X
Rinite X X X X X
Sinusite X X X X X

Tosse X X X X X
Pressão alta X X X X X X
Stress X X X X X X
Enxaqueca X X X X X

Escamação da pele X X
Dor nos ossos X X
Dor de cabeça X X X X X
Tontura X X X X

Ansiedade X X X X
Perda dos sentidos X X X X X
Entupimento do nariz X X X X
Dor de ouvido X X X X

Pressão sobe o coração X X X X X

Fonte NIOSH (1987)

9. LEGISLAÇÃO SOBRE QUALIDADE DO AR INTERNO


Os ambientes que apresentam condições severas de contaminação ou de conforto são tidos como
insalubres e dependendo da gravidade podem ser caracterizados como portadores de periculosidade.
Segundo BRASIL – CLT (2003) a insalubridade tem os seguintes termos:
“Serão consideradas atividades ou operações insalubres aquelas que,
por sua natureza, condições ou métodos de trabalho, exponham os
empregados a agentes nocivos à saúde, acima dos limites de tolerância
fixados em razão da natureza e da intensidade do agente e do tempo de
exposição aos seus efeitos.”

A legislação brasileira sobre Qualidade do Ar Interno resumia-se a procedimentos de manutenção


dos sistemas de climatização e conforto térmico. Os parâmetros sobre o projeto e manutenção de sistemas
de condicionamento de ar sempre foram pautados pelas normas da ABNT e similares estrangeiras. Um

Eng. José Edson Basto – CREA SC 01 058125-4 41


QUALIDADE DO AR INTERNO

certo destaque para o assunto foi obtido após a morte do ex-ministro de comunicações Sérgio Motta. Este
senhor foi vitimado por uma infecção hospitalar proveniente de alto grau de sujidade nos Dutos de
Condução de Ar no hospital onde estava internado. Verificou-se então, que as condições de salubridade
não mais poderiam ser pautadas pelos parâmetros determinados pelas normas previstas na legislação
anterior.
Surge então a Portaria 3523 de 28 de agosto de 1998, cujo texto tem por objetivo, a minimização
dos riscos potenciais à saúde dos ocupantes em função de sua permanência em ambientes climatizados,
procurando criar um Plano de Manutenção dos Sistemas de Climatização de Edifícios Públicos,
Residenciais, etc, mais completo do que os utilizados até então.
Nesta portaria está contemplada também a exigência da limpeza e desinfecção de dutos e sistemas
de ar condicionado com capacidade superior a 5 TR em edifícios públicos, hotéis, hospitais etc, e de
verificações semestrais nos Sistemas de Climatização, além da limpeza e higienização dos mesmos.
Regulamenta ainda a definição de parâmetros físicos e composição física, química e biológica, além das
tolerâncias e métodos de controle, bem como os pré-requisitos de projetos de instalação e de execução de
sistemas de climatização.
Esta portaria define ainda que, o seu descumprimento configura infração sanitária, acarretando
pesadas multas para os infratores, remetendo-os as penalidade previstas na Lei n° 6.437, de 20 agosto de
1977. Com o passar do tempo, verificou-se que a portaria precisava identificar instrumentos que
mensurassem sua eficácia. A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA), em função desta
preocupação, redigiu então, a Resolução 176 de 24 de outubro de 2000, a qual cria os Padrões
Referenciais de Qualidade do Ar Interno e determina ainda a necessidade de um responsável técnico,
quando de instalações de grande porte.
Os resultados obtidos com a resolução 176, mostraram que esta ainda teria que ser aperfeiçoada,
uma vez que os trabalhadores dos edifícios públicos, continuavam apresentando sintomas de doenças
relacionadas aos sistemas de climatização. Em 16 de janeiro de 2003, a ANVISA editou a Resolução 9, com
a finalidade de sanar as falhas identificadas na resolução 176.
A Resolução 9 trouxe novidades como a determinação de recolhimento regular de amostras do ar
de qualquer área de trabalho, sendo que anteriormente apenas áreas com superfície superior a 3000
metros quadrados estavam obrigadas a tal atividade. Outra alteração diz respeito à determinação dos
limites máximo de contaminação através de contaminantes biológicos e químicos.
Atualmente as normas e legislações acerca de qualidade do ar utilizadas no Brasil são aquelas
indicadas a seguir.
- Portaria no 3523 de 28/08/1998 do Ministério da Saúde
- Resolução ANVISA nº 9, 16 de janeiro de 2003
- RDC 50 ANVISA - Regulamento técnico para planejamento, programação, elaboração e avaliação de
projetos físicos de estabelecimentos assistenciais de saúde.
- RENABRAVA I - Recomendação Normativa ABRAVA para Execução de Serviços de Limpeza e
Higienização de Sistemas de Distribuição de Ar.
- RENABRAVA II – Qualidade do Ar Interior em Sistemas de Condicionamento de Ar e Ventilação para
Conforto
- NBR 6401 - Instalações centrais de ar condicionado para conforto – Parâmetros básicos de projeto.
- NBR 5413 – Iluminância de Interiores.

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QUALIDADE DO AR INTERNO

- NBR 7256 - Tratamento de ar em estabelecimentos assistenciais de saúde (EAS) – Requisitos para projeto
e execução das instalações.
- NBR 3422 - Agentes químicos no ar – Coleta de aerodispersóides por filtração.
- NBR 9547 - Material particulado em suspensão no ar ambiente – Determinação da concentração total pelo
método do amostrador de grande volume.
- NBR 14679 - Sistemas de condicionamento de ar e ventilação – Execução de serviços de higienização.
- Resolução CONAMA No 3 de 28/06/90
- NBR 13.971 - Sistemas de Refrigeração, Condicionamento de Ar e Ventilação - Manutenção programada
- Norma ANSI / ASHRAE 52.1 (Gravimetric and Dust-Spot Procedures for Testing Air-Cleaning Devices
Used in General Ventilation for Removing Particulate Matter).
- Norma ANSI/ASHRAE 62-2004 - Ventilation for Acceptable Indoor Air Quality. (em manutenção
permanente) e projetos de adenda publicados em 2004.
- Norma ANSI/ASHRAE 129-1997- Measuring Air-Change Effectiveness.
- Norma ASHARAE 55-1992 – Thermal Environmental Conditions for human occupancy
- Norma Regulamentadora 07 do Ministério do Trabalho e Emprego – Programa de Controle Médico e
Saúde Ocupacional - PCMSO
- Norma Regulamentadora 09 do Ministério do Trabalho e Emprego – Programa de Prevenção de Riscos
Ambientais - PPRA
- Norma Regulamentadora 15 do Ministério do Trabalho e Emprego – Atividade e Operações Insalubres.
- Norma Regulamentadora 31 do Ministério do Trabalho e Emprego – Segurança e Saúde no Trabalho em
Serviços de Saúde
- Lei n. 8078 de 11 de setembro de 1990 – Lei do Consumidor
- Lei 10257 de 10 de julho de 2001 – Estatuto da Cidade
- Lei 6437 de 20 de agosto de 1977 – Infrações à Lei Sanitária Federal
- Lei 9695 de 20 de agosto de 1998 – Altera os arts. 2, 5 e 10 da lei 6437
- Medida Provisória n. 2190-34 de 23 de agosto de 2001 – altera dispositivos das leis 9782 e 6437
- NHO 02 – Norma de Higiene Ocupacional da Fundacentro – Análise Qualitativa da Fração Volátil (Vapores
Orgânicos) em colas, tintas e vernizes por Cromatografia Gasosa / Detector de Ionização de Chama.
- NHO 03 – Norma de Higiene Ocupacional da Fundacentro – Análise Gravimétrica de Aerodispersóides
Sólidos coletados sobre Filtros de Membrana.
- NHO 04 – Norma de Higiene Ocupacional da Fundacentro – Método de Coleta e Análise de Fibras em
Locais de Trabalho – análise por microscopia ótica de constraste de fase.
- NHO 07 – Norma de Higiene Ocupacional da Fundacentro – Calibração de Bombas de Amostragem
Individual pelo Método da Bolha de Sabão.
- Guia de Contratação de Empresas Prestadoras de Serviços em Controle de Qualidade do Ar de Interiores
Brasindoor
- Limites Exposição (TLVs) para Substâncias Químicas e Agentes Físicos e Índices Biológicos de Exposição
(BELs) - ACGIH 2005.

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QUALIDADE DO AR INTERNO

10. PADRÕES DE QUALIDADE DO AR


A seguir são apresentados em forma de tabela os padrões de qualidade do ar indicados pela IAQA
(Associação Internacional de Qualidade do Ar em Interiores). O Brasil adota vários destes parâmetros como
referência para suas normas, efetuando alguns ajustes para a necessidade sócio econômico do país.

Tabela 6 - Padrões Recomendados para Ambientes Confinados


IAQA 01 Parâmetro Limite/Escala Referência
Parâmetros Físicos
1.1 Temperatura Verão 20 – 24 o C ASHRAE 55

Inverno 22 – 26 oC
1.2 Umidade Relativa 30 % - 65 % Florida Dept.Man.Ser
1.3 Movimento do Ar 0.25 m/s WHO/OMS

3.0 Filtragem 25% - 30% Efeitos da Poeira ASHRAE 52.1


4.0 Pressurização 1 - 5 Pascals Florida solar Energy Center;
Lstiburek
3
5.1 Partículas Respiráveis 50 µg/m State of Califórnia, Air
Resources Board
5.2 Particulados em Sistemas 1.0 µg/m3 NADCA 1992-01
HVAC Limpos
Parâmetros Químicos
6.1 Monóxido de Carbono 9 ppm EPA- National Ambient Air
Quality Standard

6.3 Ozônio 0.05 ppm OMS / WHO


7.1 Total da Volatilidade Orgânica de 3 µg/m3 (0.64 ppm) Molhave, 1990
Compostos
7.2 Formaldeído 0.06 µg/m3 (0.05 ppm) Health & Welfare Canada
Parâmetros Biológicos
8.1 Fungos e Bioaerossóis 300 UFC/m3 total Robertson, 1997

50 UFC/m3 individual
(excetuando Cladosporium)
8.2 Bactéria, Bioaerosóis (culturable) 500 CFU/m3 total OMS / WHO
Fonte www.waysoflife.com
O Brasil através da Resolução CONAMA no 3 estabelece a qualidade mínima aceitável do ar
exterior usado para renovação. Os limites da tabela 7 são também válidos para o ar interior. A tabela 8
indica os limites recomendados para alguns contaminantes importantes do ar interior.

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QUALIDADE DO AR INTERNO

Tabela 7 – Limites de concentração do ar exterior


Poluente Tempo de amostragem Padrão primário
(µg/m3)
Dióxido de Enxofre (SO2) 24 horas (1) 365
MAA (3) 80
Partículas Totais em 24 horas (1) 240
Suspensão (PTS) MGA (2) 80
Partículas inaláveis 24 horas (1) 150
MAA (3) 50
Fumaça 24 horas (1) 150
MAA (3) 60
Monóxido de Carbono (CO) 1 hora (1) 40000 (35 ppm)
8 horas 10000 ( 9 ppm)
Ozônio 1 hora (1) 160
Dióxido de Nitrogênio (NO2) 1 hora (1) 320
MAA (3) 100
Fonte CONAMA (1990)

Notas
Padrão Primário: São concentrações de poluentes, que ultrapassados, poderão afetar a saúde da
população
(1) Não deve ser excedido mais que uma vez por ano
(2) Média Geométrica Anual
(3) Média Aritmética Anual

Tabela 8 - Padrões Adicionais de Qualidade do Ar Interior

Poluente Padrão primário Fonte


desejável até 1000 ppm
Dióxido de Carbono (CO2) ASHRAE / SMACNA
máx. 2000 ppm
Componentes Orgânicos
max 300 a 1000 µg/m3 ASHRAE
Voláteis
max. 0.12 µg/m3
Formaldeído WHO / ASHRAE
(0,1 ppm)
até 750 UFC/ m3 (a) HBI
Padrão microbiológico
(bactérias e fungos viáveis) Healthy Buildings Internacional
Fonte CONAMA (1990)

(a) aceitável desde que não inclua espécies infecciosas ou alergênicas. Verificando-se a ocorrência de tais
espécies, mesmo com contagens totais menores, devem ser tomadas medidas corretivas.

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QUALIDADE DO AR INTERNO

11. METODOLOGIA PARA ANÁLISE DA QUALIDADE DO AR


Para determinar-se a Qualidade do Ar de um ambiente climatizado, é necessário lançar mão de
metodologias destinadas a tal finalidade. Existem diversas metodologias disponíveis, sendo que a aceitação
ou não dos resultados obtidos, cabe aos órgãos regulamentadores.
No Brasil a metodologia adotada para estes casos é aquela sugerida pelas Resoluções e
Regulamentos Técnicos da ANVISA em concordância com as normas técnicas da ABNT. Estas
normalizações determinam os parâmetros a serem avaliados, de forma a obter-se o nível de qualidade do ar
em um determinado local climatizado. A ANVISA indica em sua resolução 9 que os edifícios com
características diferenciadas como serviço médico e de saúde, restaurantes e creches devem ter suas
amostragens realizadas de forma isolada e com critérios diferenciados.
Os parâmetros fundamentais sugeridos e definidos pelas regulamentações para serem avaliados
são os seguintes:
- Material particulado
- Umidade relativa, Temperatura e Velocidade do ar
- Fungos, bolores e bactérias
- Dióxido de Carbono (CO2)

São definidos também outros parâmetros para uma análise mais completa da qualidade do ar,
embora estes não sejam adotados corriqueiramente. A ANVISA coloca como prioridade a medição dos
parâmetros fundamentais citados anteriormente. Os parâmetros complementares são os seguintes:

- Monóxido de Carbono (CO)


- Formaldeídos
- Dióxido de Nitrogênio (NO2)
- Compostos Orgânicos Voláteis (COV)
- Compostos Orgânicos Semi-Voláteis (COS-V)
- Ozônio (O3)
- Avaliação do nível de satisfação dos usuários

O monitoramento da concentração de CO2 é bastante importante uma vez que no ambiente interior
ele é produzido mais fortemente pelo metabolismo dos ocupantes, indicando assim se o sistema de
climatização esta bem dimensionado para atender esta demanda. No entanto, na Consulta Pública 109 da
ANVISA este monitoramento não esta mais previsto, sendo substituído pela contagem de partículas
inaláveis.
A resolução 9 da ANVISA ainda em vigor determina a metodologia apresentada nos próximos itens,
a fim de permitir a avaliação da qualidade do ar interno. A tabela 9 apresenta o número mínimo de amostras
em função da área construída.

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QUALIDADE DO AR INTERNO

Tabela 9 - Número mínimo de amostras em função da área construída


Área Construída (m2) Número mínimo de
amostras
Até 1000 1
1000 a 2000 3
2000 a 3000 5
3000 a 5000 8
5000 a 10000 12
10000 a 15000 15
15000 a 20000 18
20000 a 30000 21
Acima de 30000 25
Fonte ANVISA (2003)

11.1 Determinação de Parâmetros físicos

Os parâmetros físicos a serem avaliados são a temperatura, umidade relativa e velocidade do ar. O
objetivo é quantificar temperatura e umidade como marcadores epidemiológicos de saúde e a velocidade do
ar como marcador epidemiológico de conforto ambiental.
Os limites admitidos para estes parâmetros são:
Temperatura: 23°C a 26°C no verão
20°C a 22°C no inverno
Umidade: 40% a 65% no verão
35% a 65% no inverno
Velocidade: 0,025 m/s a 0,25 m/s

As medições de temperatura e umidade devem ser realizadas com um termohigrômetro dotado de


sensor de temperatura do tipo termo-resistência e sensor de umidade do tipo capacitivo ou por
condutividade elétrica. A faixa de operação deve ser 0 a 70 oC com exatidão de ± 0.8 o C para temperatura
e 5 a 95 % com ± 5% do valor medido para umidade. No caso da velocidade do ar deve ser utilizado
anemômetro do tipo fio aquecido ou fio térmico com faixa de medição de 0 a 10 m/s e exatidão de ± 4% do
valor medido. Os equipamentos devem ser calibrados anualmente.

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QUALIDADE DO AR INTERNO

Figura 19 – Termo-Higrômetro e Anemômetro de Fio Aquecido - Fonte Catálogo Energética Equipamentos


de Qualidade do Ar

O número de amostragens é definido conforme a área construída do edifício. Os pontos de


amostragens devem ser distribuídos uniformemente e os instrumentos devem estar localizados a uma
distância de 1.5 m do chão. A tabela 10 apresenta o número mínimo de amostras em função da área
construída.

11.2 Controle microbiológico

Este contempla a pesquisa da microbióta fúngica, aplicando-se a coleta, encubação, contagem total
e identificação dos fungos e bactérias presentes no ar de ambientes internos climatizados. O objetivo é
quantificar e identificar os fungos de maneira que estes sejam utilizados como marcadores epidemiológicos
da Qualidade do Ar.
É possível através desta analise obter-se uma avaliação do ambiente em relação à
hipersensibilidade dos indivíduos. A resolução traz em seu texto um fator que relaciona o número de fungos
do ar interno com o ar externo. Através desta relação pode-se determinar que um ambiente é dito tolerável
se a contagem de fungos for no máximo 50% maior do que o ambiente externo. O número de fungos é
dado em relação a unidades formadoras de colônias (UFC) e o limite para o ambiente interno é de 750
ufc/m3. É preciso salientar que os fungos não podem ser dos tipos patogênicos e toxicogênicos.
A coleta de amostras é realizada utilizando-se um impactador linear do tipo Andersen, podendo este
apresentar 1, 2 ou 6 estágios. A figura 20 mostra um Impactador Andersen de 1 estágio. O processo
consiste de aspirar o ar com uma vazão de 28.3 l/min durante um período de 5 a 15 minutos, fazendo-o
passar por um elemento filtrante e forçando-o a depositar-se em uma placa de petri contendo o meio de
cultura. Para coleta de fungos, os meios de cultura indicados são o Agar Extrato de Malte, Agar Sabouraud
ou o Agar Batata. Para a coleta de bactérias deve-se utilizar o Agar Sangue de Carneiro.

Figura 20 – Impactador Andersen de 1 estágio - Fonte Catálogo Energética Equipamentos de Qualidade do


Ar

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QUALIDADE DO AR INTERNO

O processo procura simular a maneira como fungos ou bactérias são inalados pelo sistema
respiratório e os estágios em que ocorrem. A figura a seguir ilustra este processo de inalação.

Figura 21 – Relação entre o número de estágios do amostrador e os estágios de inalação do sistema


respiratório - Fonte Catálogo Energética Equipamentos de Qualidade do Ar

As amostras são então lacradas com fita de teflon e enviadas ao laboratório de análises para
encubação, contagem e identificação de fungos, conforme rotina de embalagem com nível de
biossegurança 2. O tempo de incubação mínimo é de 7 dias em uma temperatura de 25 oC permitindo-se
assim o crescimento total dos fungos.
O número de amostragens é definido conforme a área construída do edifício. Os pontos de
amostragens devem ser distribuídos uniformemente e os instrumentos devem estar localizados a uma
distância de 1.5 m do chão. A tabela 10 apresenta o número mínimo de amostras em função da área
construída.

11.3 Determinação de aerodispersóides

Este procedimento permite a contagem de particulados aerodispersos, através do método de


gravimetria. O objetivo é quantificar a matéria particulada no ar ambiental (poeira). A matéria particulada é
um marcador epidemiológico que indica a deficiência de filtragens ou acúmulo de sujidade em dutos ou
ainda em ambientes interiores. O limite para considerar-se o ambiente adequado é 80 mg/m3 de
aerodispersóides totais no ar.
O procedimento de amostragem consiste de aspirar o ar do ambiente interno por intermédio de uma
bomba de amostragem com vazão recomendada de 2 l/min, fazendo-o passar por um porta-filtro onde se
encontra uma unidade de filtro. Esta unidade é constituída de uma mistura de ésteres de celulose com
porosidade de 5 µm e diâmetro de 37 mm. O tempo de amostragem é fixado em função do volume a ser

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QUALIDADE DO AR INTERNO

amostrado, sendo que este pode variar de 50 a 400 l. Como exemplo tome-se um volume de 50 litros com
uma vazão de 2 l/min, tem-se que o tempo de amostragem será de 25 minutos.
A metodologia consiste de pesar-se os filtros (em balança de precisão) na preparação junto à
portas-filtros e posteriormente à amostragem. A diferença de massas aplicada ao volume amostrado indica
a concentração de aerodispersóides. A bomba deve ser calibrada por calibrador específico ou através do
método de bolhas. A figura 22 apresenta uma bomba de amostragem sendo calibrada. Os filtros, quando de
sua colocação nos porta filtros, devem ser deixados em repouso por no mínimo 3 horas para que sua massa
fique estabilizada e também para que os efeitos eletrostáticos sejam minimizados. Um filtro testemunha
deve ser mantido em local reservado a fim de se avaliar possíveis alterações na balança.
O número de amostragens é definido conforme a área construída do edifício e apresentado na
tabela 10. Os pontos de amostragens devem ser distribuídos uniformemente e os instrumentos devem estar
localizados a uma distância de 1.5 m do chão.

Figura 22 – Calibração de Bomba de Amostragem - Fonte Autor

11.4 Determinação de CO2 (Dióxido de Carbono)

Este procedimento determina a contagem de CO2 através de sensor eletrônico. O objetivo é


quantificar os níveis residuais de CO2 uma vez que este gás é utilizado como um marcador epidemiológico
de renovação de ar externo, em função da quantidade de ocupantes e do metabolismo destes. O limite para
ambientes é de 1.000 ppm de dióxido de carbono (CO2).
O processo consiste de leitura direta dos valores instantâneos do indicados no visor do
equipamento. As amostragens devem ser realizadas a 1.5 m do chão e o número destas é aquele definido
pela tabela 10.

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QUALIDADE DO AR INTERNO

Figura 23 – Medidor de CO2 - Fonte Catálogo Energética Equipamentos de Qualidade do Ar

11.5 Contador de Partículas

Este equipamento tem a função de avaliar o material particulado em salas limpas. Em alguns casos
pode-se utilizá-lo para avaliar-se também outros ambientes e o ar externo. Nestas situação é necessário
acoplar ao equipamento, um acessório chamado Isodiluidor permite a operação do contador de partículas
em mais altas concentrações.
Um contador de partículas com o isodiluidor acoplado, é mostrado na figura 24. A amostra de ar é
captada através de uma bomba de sucção à uma taxa de fluxo constante da ordem 1 cfm, sendo que este
passa por um feixe de raio laser. As partículas presentes dispersam a luz a medida que atravessam o feixe
luminoso. Esta luz é focalizada sobre um fotodetector o qual converte o sinal ótico em um sinal elétrico. O
contador processa então o sinal elétrico gerando impulsos que permitem a realização do dimensionamento
e contagem das partículas.
Quatro canais de faixas granulométricas (0,5 μm – 5 μm; 5 μm – 10 μm; 10 μm – 25 μm; >25 μm)
permitem a separação das partículas. Assim é possível determinar-se numericamente as concentrações de
particulado existente no ar e estimar o seu possível destino nos diferentes ramos do trato respiratório.

Figura 24 - Contador de partículas com o isodiluidor acoplado - Fonte Autor

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QUALIDADE DO AR INTERNO

12. MEDIDAS PARA CORREÇÃO DOS PROBLEMAS DE QUALIDADE DO AR


A atuação à frente de problemas de qualidade do ar em ambientes climatizados é constituída de
diversos procedimentos. Quando do projeto da edificação, várias medidas preventivas podem ser tomadas
para evitar ou minimizar os ditos problemas.
Neste sentido, vale a pena ressaltar medidas como evitar a construção de lajes de teto, acima dos
forros falsos sem revestimento de massa lisa. Outro ponto é que a utilização destes forros falsos com fins
de isolamento térmico ou acústico, constituídos de material fibroso desprotegido, favorece a acumulação de
poeira e a proliferação de microorganismos. Projetar locais isolados para a instalação de máquinas
copiadoras e impressoras e também para fumantes, permite o controle de contaminantes produzidos nestes
espaços.
No caso de construções mais velhas ou reformadas, num primeiro instante deve-se considerar uma
coleta de dados acerca das características de operação e funcionalidade dos sistemas de climatização do
ambiente em questão. Os dados a serem coletados são:
- Determinação das quantidades de ar de fornecimento, retorno e exaustão.
- Condições de manutenção de difusores, termostatos, ventiladores e registros.
- Existência de procedimentos de operação
- Conhecimento dos funcionários acerca da operação e manutenção dos sistemas
- Comissionamento do sistema, ajustes, testes e balanceamento após a instalação.
- Existência de Plano de Manutenção, Operação e Controle (PMOC)
- Medição da umidade e temperatura externas e internas
- Medição de Vazão do Sistema
- Tipo de sistema utilizado: de volume constante, de volume variável
- Existência de odores, poeira excessiva ou mancha nos filtros.
- Existência de problemas de higiene que podem introduzir contaminantes do ar como fungos e bactérias
- Ocorrência de fontes pontuais de contaminação (máquinas ou equipamentos de combustão)
- Atividades insalubres nas proximidades do edifício
- Posicionamento das tomadas externas de ar
- Avaliação de concentração de contaminantes como dióxido e monóxido de carbono, dióxidos de nitrogênio
e enxofre, compostos orgânicos voláteis etc.
- Diferenças de pressão que podem remover os contaminantes de uma área para outra ou para fora do
edifício
- Dados sobre densidade de ocupantes e atividades desenvolvidas
- Questionamento acerca de queixas
- Outros dados dependendo da complexidade do sistema e/ou do ambiente
Após o levantamento dos dados característicos pode-se lançar mão de processos ou metodologias
capazes de corrigir os problemas identificados de qualidade do ar. Algumas destas metodologias são
descritas nos próximos subitens.

Para o caso de construções novas ou em projeto pode-se levar a cabo as seguintes medidas:
- Projetar paredes mais robustas aproveitando-se a inércia térmica dos materiais de construção.

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QUALIDADE DO AR INTERNO

- Prever Áreas envidraçadas somente onde possibilitem a utilização da luz natural. É necessário rever a
idéia de belos prédios totalmente envidraçados, porém mesmo assim necessitando de luz artificial e
conseqüentemente sistemas de ar condicionado maiores.
- Dimensionar onde for possível, ambientes com profundidade máxima de 3,5 metros, para a qual a
iluminação natural ainda é satisfatória. A partir dessa profundidade, torna-se necessária iluminação artificial.
- Utilizar lâmpadas que produzam maior iluminação por kW consumido.
- Utilizar protetores externos - brises nas fachadas mais expostas à radiação solar. Protetores internos são
benéficos no aspecto de impedir a radiação direta sobre o usuário, porém boa parte do calor permanece no
ambiente.
- Sempre que possível, privilegiar a ventilação natural. Nos projetos de ar condicionado deve-se observar as
normas pertinentes e adotar soluções tecnológicas que minimizam o consumo de energia.
- Privilegia a utilização de sistema de ar condicionado central com utilização de caixas VAV (volume variável
de acordo com a variação da carga térmica) e não de VAC ( volume constante ).
- Utilizar controles que incorporem variadores de freqüência atuando sobre motores de bombas e
ventiladores. Desse modo o consumo será proporcional à carga térmica, que é variável ao longo do dia e
dos meses.
- Analisar a relação tonelada de refrigeração por consumo de energia elétrica na escolha dos equipamentos,
principalmente compressores das centrais de água gelada.
- Utilizar tecnologias de termo-acumulação e co-geração, onde aplicável.
- Projetar sistemas que garantam condições de temperatura, velocidade do ar e umidade relativa que
satisfaçam o conforto térmico e não permitam proliferação de fungos, mofos, vírus e bactérias.

12.1 Sistemas de Supervisão e Controle Predial

Os chamados sistemas inteligentes são providos de Sistemas de Supervisão e Controle Predial


(SSCP), os quais apresentam como característica principal, a automatização de 60 a 70% dos sistemas de
climatização. A questão de economia de energia é um dos principais focos destes sistemas. Segundo
BETTONI (2003) as principais características de um sistema de supervisão é a operacionalidade que
permite regular as condições ambientais em função da variação das características do ar interno e externo.
As tecnologias existentes para controle predial são basicamente as mesmas encontradas nos
sistemas direcionados às indústrias. Aparentemente, a grande diferença entre o controle predial e o
industrial é meramente comportamental. Parte desta diferença deve-se às especificidades dos processos.
Para a melhor aplicação destes é necessário também se ter um plano de gerenciamento de
qualidade do ar. Um modelo deste plano é apresentado no Anexo A.3. Foram desenvolvidos vários
algoritmos otimizados de controle bastante específicos e dedicados para o setor predial sendo que a
principal técnica utilizada é o Sistema Digital de Controle Distribuído. Este sistema é constituído de
Processadores de gerenciamento, Controladores de sistema e Controladores de campo conforme mostrado
na figura a seguir.

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QUALIDADE DO AR INTERNO

Figura 25 - Fluxograma de Controle em edifícios inteligentes - Fonte BETTONI (2003)

12.2 Ionização Negativa

Uma alternativa bastante eficaz para solucionar o problema de Qualidade do Ar, é a utilização de
sistemas de purificação ar baseados em ionização negativa. Os ambientes climatizados que possuem
materiais sintéticos como plásticos, fibras, aparelhos elétricos, computadores, motores, fumos, poeiras,
reduzem drasticamente a concentração de íons negativos, aumentando a de íons positivos, o que torna o
ambiente insalubre.
O processo de ionização negativa é baseado no efeito de Bricard onde os contaminantes presentes
no ar ao adquirem uma carga negativa, têm aumentado sua massa e precipitam-se ao chão na forma de
poeira.
Quando pequenos íons são gerados permanentemente na presença de um aerossol composto de
partículas neutras (sem carga), as partículas adquirem a mesma carga muito rapidamente devido à difusão
dos íons para as partículas. A precipitação do aerossol ocorre então com uma taxa dependente da
densidade total da carga dos pequenos íons e da mobilidade das partículas.

Figura 26 – Processo de Ionização Negativa - Fonte www.ways-of-life.com

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12.3 Lâmpadas Ultravioletas

Outra alternativa para o controle de contaminantes orgânicos são as lâmpadas ultravioleta de baixa
pressão de onda curta, projetadas para produzir raios Ultra Violeta de comprimento de onda médio de
253.7nm. Este comprimento de onda tem a capacidade de exterminar a maioria dos microorganismos
presentes no ar.
A tecnologia ultravioleta de desinfecção é bastante utilizada em dutos de ar devido a dificuldade de
acesso a estes locais. A figura a seguir mostra o desenho esquemático de dois tipos bastante comuns de
lâmpadas ultravioletas, encontrados facilmente no mercado.

Figura 27 – Esquema de Lâmpadas Ultravioleta - Fonte www.waysoflife.com

13. LIMPEZA E HIGIENIZAÇÃO


A operação de HIGIENIZAÇÃO consta de limpeza mecânica dos ambientes, onde estão instaladas
as máquinas, os equipamentos de refrigeração e/ou insuflamento, de todos os dutos do sistema.
Os serviços de higienização são realizados considerando-se diversos critérios típico para sistemas
de climatização. O processo de limpeza e higienização deve ser realizado na totalidade dos equipamentos
do sistema de climatização instalado, compreendendo-se casas de máquinas, maquinário, tomadas de ar
externo, salas de umidificação, filtros, serpentinas, dutos principais, derivações, grelhas de saída, enfim tudo
que se relacione com o sistema.
A Limpeza pode ser do tipo mecânica incluindo todos os acessórios como registros, difusores
grelhas e "dumpers", componentes do sistema. Os locais onde haja móveis e/ou equipamentos sensíveis
deverão receber um tratamento especial com proteção de forma a evitar contaminação por detritos ou
sujeiras decorrentes da execução dos serviços de limpeza dos dutos, das casas de máquinas ou dos
próprios equipamentos.
A limpeza deverá se processar sempre na direção do fluxo de ar, ou seja, deve se iniciar na origem
do insuflamento - (casa de máquinas e nas próprias máquinas), devendo sempre ter o cuidado de deixar a

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QUALIDADE DO AR INTERNO

parte já limpa protegida de contaminações decorrentes das limpezas subseqüentes. Para tanto deverá
existir sempre uma obstrução entre os trechos já limpos e os trechos á serem limpos.
O serviço deverá ser executado com utilização de equipamentos apropriados às dimensões físicas,
formato e tipo de revestimento da superfície a ser limpa, sendo capaz de remover com eficiência todo e
qualquer tipo de sujidade que for encontrado, sem danificar as características superficiais específicas do
material a ser limpo.
Todo o serviço deverá ser constantemente monitorado, de forma a permitir o acompanhamento no
tempo real de sua execução, conservando sempre uma iluminação adequada para garantir a sua qualidade,
bem como permitir um perfeito acompanhamento por parte da fiscalização.
A remoção da sujeira do interior dos dutos deve ser executada com utilização de métodos
industriais de alta potência, com sistemas de coleta e acondicionamento dos poluentes removidos de forma
que impeça a contaminação do ambiente, das instalações existentes e que disponha das seguintes
características:
- velocidade de aspiração do ar não inferior a 10m/s
- Ao menos com duas etapas de filtragem (pré - filtragem mínima de 85% gravimétrico e filtragem
final absoluta em 99,99%)
- os filtros devem permitir o controle da perda de pressão do ar, por meio de manômetros com
identificação dos limites operacionais)
Os materiais recolhidos no processo de limpeza deverão ser removidos para locais apropriados, sob
inteira responsabilidade da Empresa contratada para execução dos serviços, sendo vedada a estocagem
dos resíduos nas dependências do Estabelecimento.
Nos casos em que se constate a presença de gorduras, graxas, etc., a limpeza deverá ser feita com
produto adequados à sua remoção, garantindo a não contaminação química do produto no sistema, com a
completa remoção dos resíduos do produto utilizado.
Após a Higienização (limpeza), deve-se proceder a descontaminação de todo o sistema de
climatização, que deverá ser feita com base nos resultados do diagnóstico inicial. O tratamento de
descontaminação se fará com aplicação de fungicidas, e/ou bactericidas e/ou inseticidas, adequados, com
utilização do produto recomendado para o tipo de contaminação encontrado ao longo de todas as
superfícies de contato com o ar insuflado para os ambientes de trabalho.
Esta condição refere-se principalmente a dutos e/ou dos equipamentos envolvidos na operação,
conforme o caso, observando todas as recomendações e/ou exigências existentes nas legislações
nacionais e/ou internacionais. Não se deve proceder à utilização de quaisquer produtos corrosivos nas
partes metálicas ou que favoreçam reações químicas com os materiais em que serão aplicados,
comprometam a sua vida útil, ou possibilitem a odorização dos ambientes.
Todos os produtos descontaminantes a serem usados deverão ser, reconhecidos, registrados e
autorizados oficialmente pelo Serviço Público Federal competente, e classificados como não tóxicos ou
nocivos ao bem estar dos usuários. Fará parte desse tratamento a aplicação de produtos inibidores para
conter novas contaminações e impedir a proliferação de fungos, bactérias e/ou insetos.
A figura 28 mostra o esquema de um processo de limpeza mecânica em dutos de sistemas de
climatização. Um robô faz o trabalho de inspeção nos dutos, verificando o grau de sujidade dos mesmos e
coletando amostras dos elementos existentes. A seguir, a área a ser limpa é isolada, sendo então

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conectada a um aspirador de poeiras. Outro robô, como mostrado na figura 29, dotado de escovas caminha
no sentido oposto, promovendo a retirada da sujeira, a qual é captada pelo aspirador.

Figura 28 – Esquema de limpeza de dutos – Fonte www.canair.com.br

Figura 29 – Robô para Limpeza de Dutos – Fonte www.canair.com.br

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QUALIDADE DO AR INTERNO

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ABRAVA. Recomendação Normativa RN 02 - Sistemas de Condicionamento de Ar e Ventilação para


Conforto. São Paulo: ABRAVA, 2003.

ACGIH. Limites Exposição (TLVs) para Substâncias Químicas e Agentes Físicos e Índices Biológicos de
Exposição (BELs). Tradução por ABHO, 1999, 175 p.

ANVISA. Resolução nº 9, 16 de janeiro de 2003. Brasília: D.O.U., 2003.

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de estabelecimentos assistenciais de saúde. RDC 50. Brasília. 2002.

ASHRAE. Ventilation for acceptable indoor air quality – Standard. Ashrae 62-1999. Atlanta. 1999.

BETTONI, Roberto Luigi. Controle em edifícios inteligentes. Artigo técnico. ABRAPI, 2003.

BRANDI S, Benatti MCC, Alexandre NMC. Ocorrência de acidente de trabalho por material perfurocortante
entre trabalhadores de enfermagem de um hospital universitário da Cidade de Campinas. Revista Escola de
Enfermagem USP 1998.

Eng. José Edson Basto – CREA SC 01 058125-4 59


QUALIDADE DO AR INTERNO

BRASIL, Consolidação das Leis do Trabalho. “Texto do Decreto-lei n. 5.452 de 10-5-1943, atualizado...”.
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BRASIL, Ministério da Saúde. Saúde Ambiental e Gestão de Resíduos de Serviços de Saúde. Brasília,
2002, 450 p.

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CARRIER. Catálogo de produtos. 15 p.

CONAMA. Resolução no 3 de 18 de junho de 1990. Padrões de qualidade do ar. Brasília: D.O.U., 1990.
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CREDER, Hélio. Instalações de Ar Condicionado. 5a.ed. Rio de Janeiro: LTC, 1996, 360 p.

PEREIRA FILHO, Hyppólito do Valle. Ventilação I. Apostila do CEST, Florianópolis: UFSC, 2003, 49 p.

SILVA JUNIOR, André L. P. L., DUARTE, Cláudia M., GONZALEZ, Edinaldo F., LADWIG, Edson, Basto,
José Edson, KOSTYCHA, Ronaldo P., IVANOV, Tatiana. Histologia e Fisiologia da Mitocôndria, Oxigenação
Muscular, Produção De Energia. Trabalho Final da Disciplina de Fisiologia do CEST, Florianópolis, UFSC,
não editado, 2003, 39 p.

HITACHI. Catálogo de Produtos, 1995, 8 p.

HOUSSAY, B.A. Fisiologia Humana, 3a Edição, Editora Guanabara, Rio de Janeiro, 1984.

MACINTYRE, Archibald Joseph. Ventilação Industrial e Controle da Poluição. 2a. ed. Rio de Janeiro: LTC,
1990, 403 p.

MANUAIS DE LEGISLAÇÃO ATLAS. Segurança e Medicina do Trabalho. 52a. ed. São Paulo: Editora Atlas,
2003, 715 p.

MCQUISTON, Faye C., PARKER, Jerald D.. Heating, Ventilating and Air Conditioning, Analysis and Design.
Fourth Edition. USA: 1994, 742 p.

MESQUITA, A. L. S., GUIMARÃES, F. A., NEFUSSI, N. Engenharia de Ventilação Industrial. 1a. ed. São
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Eng. José Edson Basto – CREA SC 01 058125-4 60


QUALIDADE DO AR INTERNO

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RUAS, Álvaro Cezar. Avaliação de Conforto Térmico, Contribuição à aplicação prática das normas
internacionais. Dissertação. Campinas: Unicamp, 2001, 79 p.

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www.canair.com.br , consulta em 15 de maio de 2004

www.troxbrasil.com.br, consulta em 21 de novembro de 2004

www.ways-of-life.com, consulta em 15 de abril de 2005.

Eng. José Edson Basto – CREA SC 01 058125-4 61


QUALIDADE DO AR INTERNO

ANEXOS
A.1 PORTARIA Nº 3.523, DE 28 DE AGOSTO DE 1998

PORTARIA Nº 3.523, DE 28 DE AGOSTO DE 1998

O Ministro de Estado da Saúde, no uso das atribuições que lhe confere o artigo 87, Parágrafo único, item II, da Constituição
Federal e tendo em vista o disposto nos artigos 6º, I, "a", "c", V, VII, IX, § 1º, I e II, § 3º, I a VI, da Lei nº 8.080, de 19 de
setembro de 1990;
considerando a preocupação mundial com a Qualidade do Ar de Interiores em ambientes climatizados e a ampla e crescente
utilização de sistemas de ar condicionado no país, em função das condições climáticas;
considerando a preocupação com a saúde, o bem-estar, o conforto, a produtividade e o absenteísmo ao trabalho, dos
ocupantes dos ambientes climatizados e a sua inter-relação com a variável qualidade de vida;
considerando a qualidade do ar de interiores em ambientes climatizados e sua correlação com a Síndrome dos Edifícios
Doentes relativa à ocorrência de agravos à saúde;
considerando que o projeto e a execução da instalação, inadequados, a operação e a manutenção precárias dos sistemas de
climatização, favorecem a ocorrência e o agravamento de problemas de saúde;
considerando a necessidade de serem aprovados procedimentos que visem minimizar o risco potencial à saúde dos
ocupantes, em face da permanência prolongada em ambientes climatizados, resolve:

Art. 1º - Aprovar Regulamento Técnico contendo medidas básicas referentes aos procedimentos de verificação
visual do estado de limpeza, remoção de sujidades por métodos físicos e manutenção do estado de integridade e
eficiência de todos os componentes dos sistemas de climatização, para garantir a Qualidade do Ar de Interiores e
prevenção de riscos à saúde dos ocupantes de ambientes climatizados.
Art. 2º - Determinar que serão objeto de Regulamento Técnico a ser elaborado por este Ministério, medidas
específicas referentes a padrões de qualidade do ar em ambientes climatizados, no que diz respeito a definição
de parâmetros físicos e composição química do ar de interiores, a identificação dos poluentes de natureza física,
química e biológica, suas tolerâncias e métodos de controle, bem como pré-requisitos de projetos de instalação e
de execução de sistemas de climatização.
Art. 3º - As medidas aprovadas por este Regulamento Técnico aplicam-se aos ambientes climatizados de uso
coletivo já existentes e aqueles a serem executados e, de forma complementar, aos regidos por normas e
regulamentos específicos.
Parágrafo Único - Para os ambientes climatizados com exigências de filtros absolutos ou instalações especiais,
tais como aquelas que atendem a processos produtivos, instalações hospitalares e outros, aplicam-se as normas
e regulamentos específicos, sem prejuízo do disposto neste Regulamento.
Art. 4º - Adotar para fins deste Regulamento Técnico as seguintes definições:
a) ambientes climatizados: ambientes submetidos ao processo de climatização.
b) ar de renovação: ar externo que é introduzido no ambiente climatizado.
c) ar de retorno: ar que recircula no ambiente climatizado.
d) boa qualidade do ar interno: conjunto de propriedades físicas, químicas e biológicas do ar que não apresentem
agravos à saúde humana.
e) climatização: conjunto de processos empregados para se obter por meio de equipamentos em recintos
fechados, condições específicas de conforto e boa qualidade do ar, adequadas ao bem-estar dos ocupantes.
f) filtro absoluto: filtro de classe A1 até A3, conforme especificações do Anexo II.
g) limpeza: procedimento de manutenção preventiva que consiste na remoção de sujidade dos componentes do
sistema de climatização, para evitar a sua dispersão no ambiente interno.
h) manutenção: atividades técnicas e administrativas destinadas a preservar as características de desempenho
técnico dos componentes ou sistemas de climatização, garantindo as condições previstas neste Regulamento
Técnico.
i) Síndrome dos Edifícios Doentes: consiste no surgimento de sintomas que são comuns à população em geral,
mas que, numa situação temporal, pode ser relacionado a um edifício em particular. Um incremento substancial
na prevalência dos níveis dos sintomas, antes relacionados, proporciona a relação entre o edifício e seus

Eng. José Edson Basto – CREA SC 01 058125-4 62


QUALIDADE DO AR INTERNO

ocupantes.
Art. 5º - Todos os sistemas de climatização devem estar em condições adequadas de limpeza, manutenção,
operação e controle, observadas as determinações, abaixo relacionadas, visando a prevenção de riscos à saúde
dos ocupantes:
a) manter limpos os componentes do sistema de climatização, tais como: bandejas, serpentinas, umidificadores,
ventiladores e dutos, de forma a evitar a difusão ou multiplicação de agentes nocivos à saúde humana e manter
a boa qualidade do ar interno.
b) utilizar, na limpeza dos componentes do sistema de climatização, produtos biodegradáveis devidamente
registrados no Ministério da Saúde para esse fim.
c) verificar periodicamente as condições física dos filtros e mantê-los em condições de operação. Promover a sua
substituição quando necessária.
d) restringir a utilização do compartimento onde está instalada a caixa de mistura do ar de retorno e ar de
renovação, ao uso exclusivo do sistema de climatização. É proibido conter no mesmo compartimento materiais,
produtos ou utensílios.
e) preservar a captação de ar externo livre de possíveis fontes poluentes externas que apresentem riscos à saúde
humana e dotá-la no mínimo de filtro classe G1 (um), conforme as especificações do Anexo II.
f) garantir a adequada renovação do ar de interior dos ambientes climatizados, ou seja no mínimo de
27m3/h/pessoa.
g) descartar as sujidades sólidas, retiradas do sistema de climatização após a limpeza, acondicionadas em sacos
de material resistente e porosidade adequada, para evitar o espalhamento de partículas inaláveis.
Art. 6º - Os proprietários, locatários e prepostos, responsáveis por sistemas de climatização com capacidade
acima de 5 TR (15.000 kcal/h = 60.000 BTU/H), deverão manter um responsável técnico habilitado, com as
seguintes atribuições:
a) implantar e manter disponível no imóvel um Plano de Manutenção, Operação e Controle - PMOC, adotado para
o sistema de climatização. Este Plano deve conter a identificação do estabelecimento que possui ambientes
climatizados, a descrição das atividades a serem desenvolvidas, a periodicidade das mesmas, as recomendações
a serem adotadas em situações de falha do equipamento e de emergência, para garantia de segurança do
sistema de climatização e outros de interesse, conforme especificações contidas no Anexo I deste Regulamento
Técnico e NBR 13971/97 da Associação Brasileira de Normas Técnicas - ABNT.
b) garantir a aplicação do PMOC por intermédio da execução contínua direta ou indireta deste serviço.
c) manter disponível o registro da execução dos procedimentos estabelecidos no PMOC.
d) divulgar os procedimentos e resultados das atividades de manutenção, operação e controle aos ocupantes.
Parágrafo Único - O PMOC deverá ser implantado no prazo máximo de 180 dias, a partir da vigência deste
Regulamento Técnico.
Art. 7º - O PMOC do sistema de climatização deve estar coerente com a legislação de Segurança e Medicina do
Trabalho. Os procedimentos de manutenção, operação e controle dos sistemas de climatização e limpeza dos
ambientes climatizados, não devem trazer riscos a saúde dos trabalhadores que os executam, nem aos
ocupantes dos ambientes climatizados.
Art. 8º - Os órgãos competentes de Vigilância Sanitária farão cumprir este Regulamento Técnico, mediante a
realização de inspeções e de outras ações pertinentes, com o apoio de órgãos governamentais, organismos
representativos da comunidade e ocupantes dos ambientes climatizados.
Art. 9º - O não cumprimento deste Regulamento Técnico configura infração sanitária, sujeitando o proprietário
ou locatário do imóvel ou preposto, bem como o responsável técnico, quando exigido, às penalidades previstas
na Lei nº 6.437, de 20 de agosto de 1977, sem prejuízo de outras penalidades previstas em legislação específica.
Art. 10 - Esta Portaria entra em vigor na data da sua publicação, revogadas as disposições em contrário.
JOSÉ SERRA

ANEXO I
PLANO DE MANUTENÇÃO, OPERAÇÃO E CONTROLE - PMOC
1 - Identificação do Ambiente ou Conjunto de Ambientes:
Nome (Edifício/Entidade)

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QUALIDADE DO AR INTERNO

Endereço completo Nº
Complemento Bairro Cidade UF
Telefone Fax
2 - Identificação do ( ) Proprietário, ( ) Locatário ou ( ) Preposto:
Nome/Razão Social CIC/CGC
Endereço completo Tel./Fax/Endereço Eletrônico
3 - Identificação do Responsável Técnico:
Nome/Razão Social CIC/CGC
Endereço completo Tel./Fax/Endereço Eletrônico
Registro no Conselho de Classe ART*
*ART = Anotação de Responsabilidade Técnica
4 - Relação dos Ambientes Climatizados:
Tipo de Atividade Nº de Ocupantes Identificação do Ambiente Área Climatizada Carga Térmica
Fixos Flutuantes ou Conjunto de Total
Ambientes
- - - - -
- - - - -
- - - - -
- - - - -
NOTA: anexar Projeto de instalação do sistema de climatização.
5 - Plano de Manutenção e Controle
Descrição da atividade Periodicidade Data de Executado Aprovado
execução por por
a) Condicionador de Ar (do tipo "expansão direta" e "água gelada")
Verificar e eliminar sujeira, - - - -
danos e corrosão no gabinete,
na moldura da serpentina e
na bandeja;
limpar as serpentinas e- - - -
bandejas
verificar a operação dos - - - -
controles de vazão;
verificar a operação de - - - -
drenagem de água da
bandeja;
verificar o estado de - - - -
conservação do isolamento
termo-acústico;
verificar a vedação dos - - - -
painéis de fechamento do
gabinete;
verificar a tensão das correias - - - -
para evitar o escorregamento;
lavar as bandejas e- - - -
serpentinas com remoção do
biofilme (lodo), sem o uso de
produtos desengraxantes e

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QUALIDADE DO AR INTERNO

corrosivos;
limpar o gabinete do - - - -
condicionador e ventiladores
(carcaça e rotor).
verificar os filtros de ar: - - - -
- filtros de ar (secos) - - - -
verificar e eliminar sujeira, - - - -
danos e corrosão;
medir o diferencial de - - - -
pressão;
verificar e eliminar as frestas - - - -
dos filtros;
limpar (quando recuperável) - - - -
ou substituir (quando
descartável) o elemento
filtrante.
- filtros de ar (embebidos em - - - -
óleo)
verificar e eliminar sujeira, - - - -
danos e corrosão;
medir o diferencial de - - - -
pressão;
verificar e eliminar as frestas - - - -
dos filtros;
lavar o filtro com produto - - - -
desengraxante e inodoro;
pulverizar com óleo - - - -
(inodoro) e escorrer,
mantendo uma fina película
de óleo.
b) Condicionador de Ar (do tipo "com condensador remoto" e "janela")
verificar e eliminar sujeira, - - - -
danos e corrosão no gabinete,
na moldura da serpentina e
na bandeja;
verificar a operação de - - - -
drenagem de água da
bandeja;
verificar o estado de - - - -
conservação do isolamento
termo-acústico (se está
preservado e se não contém
bolor);
verificar a vedação dos - - - -
painéis de fechamento do
gabinete;
levar as bandejas e- - - -
serpentinas com remoção do

Eng. José Edson Basto – CREA SC 01 058125-4 65


QUALIDADE DO AR INTERNO

biofilme (lodo), sem o uso de


produtos desengraxantes e
corrosivos;
limpar o gabinete do - - - -
condicionador;
verificar os filtros de ar. - - - -
- filtros de ar - - - -
verificar e eliminar sujeira, - - - -
danos e corrosão;
verificar e eliminar as frestas - - - -
dos filtros;
limpar o elemento filtrante. - - - -
c) Ventiladores
verificar e eliminar sujeira, - - - -
danos e corrosão;
verificar a fixação; - - - -
verificar o ruído dos - - - -
mancais;
lubrificar os mancais; - - - -
verificar a tensão das correias - - - -
para evitar o escorregamento;
verificar vazamentos nas - - - -
ligações flexíveis;
verificar a operação dos - - - -
amortecedores de vibração;
verificar a instalação dos - - - -
protetores de polias e
correias;
verificar a operação dos - - - -
controles de vazão;
verificar a drenagem de água; - - - -
limpar interna e- - - -
externamente a carcaça e o
rotor.
d) Casa de Máquinas do Condicionador de Ar
verificar e eliminar sujeira e - - - -
água;
verificar e eliminar corpos - - - -
estranhos;
verificar e eliminar as - - - -
obstruções no retorno e
tomada de ar externo;
- aquecedores de ar
verificar e eliminar sujeira, - - - -
dano e corrosão;
verificar o funcionamento - - - -
dos dispositivos de

Eng. José Edson Basto – CREA SC 01 058125-4 66


QUALIDADE DO AR INTERNO

segurança;
limpar a face de passagem do - - - -
fluxo de ar.
- umidificador de ar com tubo difusor (ver obs. 1)
verificar e eliminar sujeira, - - - -
danos e corrosão;
verificar a operação da - - - -
válvula de controle;
ajustar a gaxeta da haste da - - - -
válvula de controle;
purgar a água do sistema; - - - -
verificar o tapamento da - - - -
caixa d'água de reposição;
verificar o funcionamento - - - -
dos dispositivos de
segurança;
verificar o estado das linhas - - - -
de distribuição de vapor e de
condensado;
- tomada de ar externo (ver obs. 2)
verificar e eliminar sujeira, - - - -
danos e corrosão;
verificar a fixação; - - - -
medir o diferencial de - - - -
pressão;
medir a vazão; - - - -
verificar e eliminar as frestas - - - -
dos filtros;
verificar o acionamento - - - -
mecânico do registro de ar
("damper")
limpar (quando recuperável) - - - -
ou substituir (quando
descartável) o elemento
filtrante;
- registro de ar ("damper") de retorno (ver obs. 2)
verificar e eliminar sujeira, - - - -
danos e corrosão;
verificar o seu acionamento - - - -
mecânico;
medir a vazão; - - - -
- registro de ar ("damper") corta fogo (quando houver)
verificar o certificado de - - - -
teste;
verificar e eliminar sujeira - - - -
nos elementos de
fechamento, trava e

Eng. José Edson Basto – CREA SC 01 058125-4 67


QUALIDADE DO AR INTERNO

reabertura;
verificar o funcionamento - - - -
dos elementos de
fechamento, trava e
reabertura;
verificar o posicionamento - - - -
do indicador de condição
(aberto ou fechado);
- registro de ar ("damper") de gravidade (venezianas automáticas)
verificar e eliminar sujeira, - - - -
danos e corrosão;
verificar o acionamento - - - -
mecânico;
lubrificar os mancais; - - - -
Observações:
1. Não é recomendado o uso de umidificador de ar por aspersão que possui bacia de água no interior do duto de
insuflamento ou no gabinete do condicionador.
2. É necessária a existência de registro de ar no retorno e tomada de ar externo, para garantir a correta vazão de ar no
sistema.
e) Dutos, Acessórios e Caixa Pleno para o Ar
verificar e eliminar sujeira - - - -
(interna e externa), danos e
corrosão;
verificar a vedação das portas - - - -
de inspeção em operação
normal;
verificar e eliminar danos no - - - -
isolamento térmico;
verificar a vedação das - - - -
conexões.
- bocas de ar para insuflamento e retorno do ar
verificar e eliminar sujeira, - - - -
danos e corrosão;
verificar a fixação; - - - -
medir a vazão; - - - -
- dispositivos de bloqueio e - - - -
balanceamento
verificar e eliminar sujeira, - - - -
danos e corrosão;
verificar o funcionamento; - - - -
f) Ambientes Climatizados
verificar e eliminar sujeira, - - - -
odores desagradáveis, fontes
de ruídos, infiltrações,
armazenagem de produtos
químicos, fontes de radiação
de calor excessivo, e fontes

Eng. José Edson Basto – CREA SC 01 058125-4 68


QUALIDADE DO AR INTERNO

de geração de
microorganismos;
g) Torre de Resfriamento
verificar e eliminar sujeira, - - - -
danos e corrosão;
Notas:
1) As práticas de manutenção acima devem ser aplicadas em conjunto com as recomendações de manutenção mecânica da
NBR 13.971 - Sistemas de Refrigeração. Condicionamento de Ar e Ventilação - Manutenção Programada da ABNT, assim
como aos edifícios da Administração Pública Federal o disposto no capítulo Práticas de Manutenção, Anexo 3, itens 2.6.3 e
2.6.4 da Portaria nº 2.296/97, de 23 de julho de 1997, Práticas de Projeto, Construção e Manutenção dos Edifícios Públicos
Federais, do Ministério da Administração Federal e Reformas de Estado - MARE. O somatório das práticas de manutenção
para garantia do ar e manutenção programada visando o bom funcionamento e desempenho térmico dos sistemas, permitirá
o correto controle dos ajustes das variáveis de manutenção e controle dos poluentes dos ambientes.
2) Todos os produtos utilizados na limpeza dos componentes dos sistemas de climatização, devem ser biodegradáveis e
estarem devidamente registrados no Ministério da Saúde para esse fim.
3) Toda verificação deve ser seguida dos procedimentos necessários para o funcionamento correto do sistema de
climatização.
6 - Recomendações aos usuários em situações de falha do equipamento e outras de emergência:
Descrição:
-
-
-
-
-
-
-
ANEXO II
CLASSIFICAÇÃO DE FILTROS DE AR PARA UTILIZAÇÃO EM AMBIENTES CLIMATIZADOS, CONFORME
RECOMENDAÇÃO NORMATIVA 004-1995 da SBCC
Classe de filtro Eficiência (%)
Grossos G0 30-59
- G1 60-74
- G2 75-84
- G3 85 e acima
Finos F1 40-69
- F2 70-89
- F3 90 e acima
Absolutos A1 85-94, 9
- A2 95-99, 96
- A3 99, 97 e acima
Notas:
1) métodos de ensaio:
Classe G: Teste gravimétrico, conforme ASHRAE* 52.1 - 1992 (arrestance)
Classe F: Teste colorimétrico, conforme ASHRAE 52.1 - 1992 (dust spot)
Classe A: Teste fotométrico DOP TEST, conforme U.S. Militar Standart 282
*ASHRAE - American Society of Heating, Refrigerating, and Air Conditioning Engineers, Inc.
2) Para classificação das áreas de contaminação controlada, referir-se a NBR 13.700 de junho de 1996, baseada

Eng. José Edson Basto – CREA SC 01 058125-4 69


QUALIDADE DO AR INTERNO

na US Federal Standart 209E de 1992.


3) SBCC - Sociedade Brasileira de Controle da Contaminação.

A.2 RESOLUÇÃO - RE Nº 9, DE 16 DE JANEIRO DE 2003

O Diretor da Diretoria Colegiada da Agência Nacional de Vigilância Sanitária, no uso da atribuição que lhe confere a Portaria nº 570, do
Diretor Presidente, de 3 de outubro de 2002;
considerando o § 3º, do art. 111 do Regimento Interno aprovado pela Portaria n.º 593, de 25 de agosto de 2000, republicada no DOU de 22
de dezembro de 2000,
considerando a necessidade de revisar e atualizar a RE/ANVISA nº 176, de 24 de outubro de 2000, sobre Padrões Referenciais de Qualidade
do Ar Interior em Ambientes Climatizados Artificialmente de Uso Público e Coletivo, frente ao conhecimento e a experiência adquiridos no
país nos dois primeiros anos de sua vigência;
considerando o interesse sanitário na divulgação do assunto;
considerando a preocupação com a saúde, a segurança, o bem-estar e o conforto dos ocupantes dos ambientes climatizados;
considerando o atual estágio de conhecimento da comunidade científica internacional, na área de qualidade do ar ambiental interior, que
estabelece padrões referenciais e/ou orientações para esse controle;
considerando o disposto no art. 2º da Portaria GM/MS n.º 3.523, de 28 de agosto de 1998;
considerando que a matéria foi submetida à apreciação da Diretoria Colegiada que a aprovou em reunião realizada em 15 de janeiro de 2003,
resolve:

Art. 1º Determinar a publicação de Orientação Técnica elaborada por Grupo Técnico Assessor, sobre Padrões
Referenciais de Qualidade do Ar Interior, em ambientes climatizados artificialmente de uso público e coletivo, em anexo.
Art. 2º Esta Resolução entra em vigor na data de sua publicação.
CLÁUDIO MAIEROVITCH PESSANHA HENRIQUES

ANEXO
ORIENTAÇÃO TÉCNICA ELABORADA POR GRUPO TÉCNICO ASSESSOR SOBRE PADRÕES REFERENCIAIS DE QUALIDADE DO AR
INTERIO R EM AMBIENTES CLIMATIZADOS ARTIFICIALMENTE DE USO PÚBLICO E COLETIVO
I - HISTÓRICO
O Grupo Técnico Assessor de estudos sobre Padrões Referenciais de Qualidade do Ar Interior em ambientes climatizados
artificialmente de uso público e coletivo, foi constituído pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária - ANVISA, no âmbito da
Gerência Geral de Serviços da Diretoria de Serviços e Correlatos e instituído por membros das seguintes instituições:
Sociedade Brasileira de Meio Ambiente e de Qualidade do Ar de Interiores/BRASINDOOR, Laboratório Noel Nutels
Instituto de Química da UFRJ, Ministério do Meio Ambiente, Faculdade de Medicina da USP, Organização Panamericana de
Saúde/OPAS, Fundação Oswaldo Cruz/FIOCRUZ, Fundação Jorge Duprat Figueiredo de Segurança e Medicina do Trabalho -
FUNDACENTRO/MTb, Instituto Nacional de Metrologia Normalização e Qualidade Industrial/INMETRO, Associação Paulista de
Estudos e Controle de Infecção Hospitalar/APECIH e, Serviço de Vigilância Sanitária do Ministério da Saúde/RJ, Instituto de
Ciências Biomédicas - ICB/USP e Agência Nacional de Vigilância Sanitária.
Reuniu-se na cidade de Brasília/DF, durante o ano de 1999 e primeiro semestre de 2000, tendo como metas:
1. estabelecer critérios que informem a população sobre a qualidade do ar interior em ambientes climatizados artificialmente de
uso público e coletivo, cujo desequilíbrio poderá causar agravos a saúde dos seus ocupantes;
2. instrumentalizar as equipes profissionais envolvidas no controle de qualidade do ar interior, no planejamento, elaboração,
análise e execução de projetos físicos e nas ações de inspeção de ambientes climatizados artificialmente de uso público e
coletivo.
Reuniu-se na cidade de Brasília/DF, durante o ano de 2002, tendo como metas:
1. Promover processo de revisão na Resolução ANVISA-RE 176/00
2. Atualiza -la frente a realidade do conhecimento no país.
3. Disponibilizar informações sobre o conhecimento e a experiência adquirida nos dois primeiros anos de vigência da RE 176.
II - ABRANGÊNCIA
O Grupo Técnico Assessor elaborou a seguinte Orientação Técnica sobre Padrões Referenciais de Qualidade do Ar Interior em
ambientes climatizados artificialmente de uso público e coletivo, no que diz respeito a definição de valores máximos

Eng. José Edson Basto – CREA SC 01 058125-4 70


QUALIDADE DO AR INTERNO

recomendáveis para contaminação biológica, química e parâmetros físicos do ar interior, a identificação das fontes poluentes de
natureza biológica, química e física, métodos analíticos ( Normas Técnicas 001, 002, 003 e 004 ) e as recomendações para
controle (Quadros I e II ).
Recomendou que os padrões referenciais adotadas por esta Orientação Técnica sejam aplicados aos ambientes climatizados de
uso público e coletivo já existentes e aqueles a serem instalados. Para os ambientes climatizados de uso restrito, com
exigências de filtros absolutos ou instalações especiais, tais como os que atendem a processos produtivos, instalações
hospitalares e outros, sejam aplicadas as normas e regulamentos específicos.
III - DEFINIÇÕES
Para fins desta Orientação Técnica são adotadas as seguintes definições, complementares às adotadas na Portaria GM/MS n.º
3.523/98:
a) Aerodispersóides: sistema disperso, em um meio gasoso, composto de partículas sólidas e/ou líquidas. O mesmo que aerosol
ou aerossol.
b) ambiente aceitável: ambientes livres de contaminantes em concentrações potencialmente perigosas à saúde dos ocupantes
ou que apresentem um mínimo de 80% dos ocupantes destes ambientes sem queixas ou sintomatologia de desconforto, 2
c) ambientes climatizados : são os espaços fisicamente determinados e caracterizados por dimensões e instalações próprias,
submetidos ao processo de climatização, através de equipamentos.
d) ambiente de uso público e coletivo: espaço fisicamente determinado e aberto a utilização de muitas pessoas.
e) ar condicionado: é o processo de tratamento do ar, destinado a manter os requerimentos de Qualidade do Ar Interior do
espaço condicionado, controlando variáveis como a temperatura, umidade, velocidade, material particulado, partículas
biológicas e teor de dióxido de carbono (CO2).
f) Padrão Referencial de Qualidade do Ar Interior : marcador qualitativo e quantitativo de qualidade do ar ambiental interior,
utilizado como sentinela para determinar a necessidade da busca das fontes poluentes ou das intervenções ambientais
g) Qualidade do Ar Ambiental Interior: Condição do ar ambiental de interior, resultante do processo de ocupação de um
ambiente fechado com ou sem climatização artificial.
h) Valor Máximo Recomendável: Valor limite recomendável que separa as condições de ausência e de presença do risco de
agressão à saúde humana.
IV - PADRÕES REFERENCIAIS
Recomenda os seguintes Padrões Referenciais de Qualidade do Ar Interior em ambientes climatizados de uso público e coletivo.
1 - O Valor Máximo Recomendável - VMR, para contaminação microbiológica deve ser
750 ufc/m3 de fungos, para a relação I/E 1,5, onde I é a quantidade de fungos no ambiente interior e E é a quantidade de
fungos no ambiente exterior.

NOTA: A relação I/E é exigida como forma de avaliação frente ao conceito de normalidade, representado pelo meio ambiente
exterior e a tendência epidemiológica de amplificação dos poluentes nos ambientes fechados.
1.1 - Quando o VMR for ultrapassado ou a relação I/E for > 1,5, é necessário fazer um diagnóstico de fontes poluentes para
uma intervenção corretiva.
1.2 - É inaceitável a presença de fungos patogênicos e toxigênicos.
2 - Os Valores Máximos Recomendáveis para contaminação química são:
2.1 - 1000 ppm de dióxido de carbono - ( CO2 ) , como indicador de renovação de ar externo, recomendado para conforto e
bem-estar2.
2.2 - 80 µg/m 3 de aerodispersóides totais no ar, como indicador do grau de pureza do ar e limpeza do ambiente
climatizado4.
NOTA: Pela falta de dados epidemiológicos brasileiros é mantida a recomendação como indicador de renovação do ar o valor =
1000 ppm de Dióxido de carbono - CO2
3 - Os valores recomendáveis para os parâmetros físicos de temperatura, umidade, velocidade e taxa de renovação do ar e de
grau de pureza do ar, deverão estar de acordo com a NBR 6401 - Instalações Centrais de Ar Condicionado para Conforto -
Parâmetros Básicos de Projeto da ABNT - Associação Brasileira de Normas Técnicas5.
3.1 - a faixa recomendável de operação das Temperaturas de Bulbo Seco, nas condições internas para verão, deverá variar de
230C a 260C, com exceção de ambientes de arte que deverão operar entre 210C e 230C. A faixa máxima de operação deverá
variar de 26,50C a 270C, com exceção das áreas de acesso que poderão operar até 280C. A seleção da faixa depende da
finalidade e do local da instalação. Para condições internas para inverno, a faixa recomendável de operação deverá variar de
200C a 220C.

Eng. José Edson Basto – CREA SC 01 058125-4 71


QUALIDADE DO AR INTERNO

3.2 - a faixa recomendável de operação da Umidade Relativa, nas condições internas para verão, deverá variar de 40% a 65%,
com exceção de ambientes de arte que deverão operar entre 40% e 55% durante todo o ano. O valor máximo de operação
deverá ser de 65%, com exceção das áreas de acesso que poderão operar até 70%. A seleção da faixa depende da finalidade e
do local da instalação. Para condições internas para inverno, a faixa recomendável de operação deverá variar de 35% a 65%.
3.3 - o Valor Máximo Recomendável - VMR de operação da Velocidade do Ar, no nível de 1,5m do piso, na região de influência
da distribuição do ar é de menos 0,25 m/s.
3.4 - a Taxa de Renovação do Ar adequada de ambientes climatizados será, no mínimo, de 27 m3/hora/pessoa, exceto no caso
específico de ambientes com alta rotatividade de pessoas. Nestes casos a Taxa de Renovação do Ar mínima será de 17
m3/hora/pessoa, não sendo admitido em qualquer situação que os ambientes possuam uma concentração de CO2, maior ou
igual a estabelecida em IV-2.1, desta Orientação Técnica.
3.5 - a utilização de filtros de classe G1 é obrigatória na captação de ar exterior. O Grau de Pureza do Ar nos ambientes
climatizados será obtido utilizando-se, no mínimo, filtros de classe G-3 nos condicionadores de sistemas centrais, minimizando o
acúmulo de sujidades nos dutos, assim como reduzindo os níveis de material particulado no ar insuflado2.
Os padrões referenciais adotados complementam as medidas básicas definidas na Portaria GM/MS n.º 3.523/98, de 28 de
agosto de 1998, para efeito de reconhecimento, avaliação e controle da Qualidade do Ar Interior nos ambientes climatizados.
Deste modo poderão subsidiar as decisões do responsável técnico pelo gerenciamento do sistema de climatização, quanto a
definição de periodicidade dos procedimentos de limpeza e manutenção dos componentes do sistema, desde que asseguradas
as freqüências mínimas para os seguintes componentes, considerados como reservatórios, amplificadores e disseminadores de
poluentes.

V - FONTES POLUENTES
Recomenda que sejam adotadas para fins de pesquisa e com o propósito de levantar dados sobre a realidade brasileira, assim
como para avaliação e correção das situações encontradas, as possíveis fontes de poluentes informadas nos Quadros I e II.

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QUALIDADE DO AR INTERNO

Eng. José Edson Basto – CREA SC 01 058125-4 73


QUALIDADE DO AR INTERNO

Observações - Os poluentes indicados são aqueles de maior ocorrência nos ambientes de interior, de efeitos conhecidos na
saúde humana e de mais fácil detecção pela estrutura laboratorial existente no país.
Outros poluentes que venham a ser considerados importantes serão incorporados aos indicados, desde que atendam ao
disposto no parágrafo anterior.

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QUALIDADE DO AR INTERNO

VI - AVALIAÇÃO E CONTROLE
Recomenda que sejam adotadas para fins de avaliação e controle do ar ambiental interior dos ambientes climatizados de uso
coletivo, as seguintes Normas Técnicas 001, 002, 003 e 004.
Na elaboração de relatórios técnicos sobre qualidade do ar interior, é recomendada a NBR-10.719 da ABNT - Associação
Brasileira de Normas Técnicas.
1 World Health Organization. Indoor air quality: biological contaminants; Copenhagen, Denmark, 1983 ( European Series nº
31).
2 American Society of Hearting, Refreigerating and Air Conditioning Engineers, Inc. ASHARAE Standard 62 - Ventilation for
Acceptable Indoor Air Quality, 2001
3 Kulcsar Neto, F & Siqueira, LFG. Padrões Referenciais para Análise de Resultados de Qualidade Microbiológica do Ar em
Interiores Visando a Saúde Pública no Brasil - Revista da Brasindoor . 2 (10): 4-21,1999.
4 Conselho Nacional do Meio Ambiente - CONAMA, Resolução n.º 03 de 28/06 /1990.
5 ABNT - Associação Brasileira de Normas Técnicas, NBR 6401 - Instalações Centrais de Ar Condicionado para Conforto -
Parâmetros Básicos de Projeto, 1980.
6 Siqueira, LFG & Dantas, EHM. Organização e Métodos no Processo de Avaliação da Qualidade do Ar de Interiores - Revista da
Brasindoor, 3 (1): 19-26, 1999.
7 Aquino Neto, F.R; Brickus, L.S.R. Padrões Referenciais para Análise de Resultados da Qualidade Físico-química do Ar de
Interior Visando a Saúde Pública. Revista da Brasindoor, 3(2):4 -15,1999
NORMA TÉCNICA 001
Qualidade do Ar Ambiental Interior. Método de Amostragem e Análise de Bioaerosol em Ambientes Interiores.
MÉTODO ANALÍTICO
OBJETIVO: Pesquisa, monitoramento e controle ambiental da possível colonização, multiplicação e disseminação de fungos em
ar ambiental interior.
DEFINIÇÕES:
Bioaerosol: Suspensão de microorganismos (organismos viáveis) dispersos no ar.
Marcador epidemiológico: Elemento aplicável à pesquisa, que determina a qualidade do ar ambiental.
APLICABILIDADE: Ambientes de interior climatizados, de uso coletivo, destinados a ocupações comuns (não especiais).
MARCADOR EPIDEMIOLÓGICO: Fungos viáveis.
MÉTODO DE AMOSTRAGEM: Amostrador de ar por impactação com acelerador linear.
PERIODICIDADE: Semestral.

ESTRATÉGIA DE AMOSTRAGEM:
- selecionar 01 amostra de ar exterior localizada fora da estrutura predial na altura de 1,50 m do nível da rua.
- Definir o número de amostras de ar interior, tomando por base a área construída climatizada dentro de uma mesma edificação
e razão social, seguindo a tabela abaixo:

Eng. José Edson Basto – CREA SC 01 058125-4 75


QUALIDADE DO AR INTERNO

- as unidades funcionais dos estabelecimentos com características epidemiológicas diferenciadas, tais como serviço médico,
restaurantes, creches e outros, deverão ser amostrados isoladamente.
- os pontos amostrais deverão ser distribuídos uniformemente e coletados com o amostrador localizado na altura de 1,5 m do
piso, no centro do ambiente ou em zona ocupada.
PROCEDIMENTO LABORATORIAL: Método de cultivo e quantificação segundo normatizações universalizadas. Tempo mínimo de
incubação de 7 dias a 250C., permitindo o total crescimento dos fungos.
BIBLIOGRAFIA: "Standard Methods for Examination of Water and Wastewater".
17 th ed. APHA, AWWA, WPC.F; "The United States Pharmacopeia". USP, XXIII ed., NF XVIII, 1985.
NIOSH- National Institute for Occupational Safety and Health, NIOSH Manual of Analytical Methods (NMAM), BIOAEROSOL
SAMPLING (Indoor Air) 0800, Fourth Edition.
IRSST - Institute de Recherche en Santé et en Securité du Travail du Quebec, Canada, 1994.
Members of the Technicael Advisory Committee on Indoor Air Quality, Commission of Public Health Ministry of the Environment
- Guidelines for Good Indoor Air Quality in Office Premises, Singapore.
NORMA TÉCNICA 002
Qualidade do Ar Ambiental Interior. Método de Amostragem e Análise da Concentração de Dióxido de Carbono em Ambientes
Interiores.
MÉTODO ANALÍTICO
OBJETIVO: Pesquisa, monitoramento e controle do processo de renovação de ar em ambientes climatizados.
APLICABILIDADE: Ambientes interiores climatizados, de uso coletivo.
MARCADOR EPIDEMIOLÓGICO: Dióxido de carbono ( CO2 ).
MÉTODO DE AMOSTRAGEM: Equipamento de leitura direta.
PERIODICIDADE: Semestral.
FICHA TÉCNICA DOS AMOSTRADORES:

ESTRATÉGIA DE AMOSTRAGEM:
- Definir o número de amostras de ar interior, tomando por base a área construída climatizada dentro de uma mesma edificação
e razão social, seguindo a tabela abaixo:

- as unidades funcionais dos estabelecimentos com características epidemiológicas diferenciadas, tais como serviço médico,
restaurantes, creches e outros, deverão ser amostrados isoladamente.
- os pontos amostrais deverão ser distribuídos uniformemente e coletados com o amostrador localizado na altura de 1,5 m do
piso, no centro do ambiente ou em zona ocupada.
PROCEDIMENTO DE AMOSTRAGEM: As medidas deverão ser realizadas em horários de pico de utilização do ambiente.
NORMA TÉCNICA 003

Eng. José Edson Basto – CREA SC 01 058125-4 76


QUALIDADE DO AR INTERNO

Qualidade do Ar Ambiental Interior. Método de Amostragem. Determinação da Temperatura, Umidade e Velocidade do Ar em


Ambientes Interiores.
MÉTODO ANALÍTICO
OBJETIVO: Pesquisa, monitoramento e controle do processo de climatização de ar em ambientes climatizados.
APLICABILIDADE: Ambientes interiores climatizados, de uso coletivo.
MARCADORES: Temperatura do ar (°C ) Umidade do ar ( % ) Velocidade do ar ( m/s).
MÉTODO DE AMOSTRAGEM: Equipamentos de leitura direta. Termo-higrômetro e Anemômetro.
PERIODICIDADE: Semestral.
FICHA TÉCNICA DOS AMOSTRADORES:

ESTRATÉGIA DE AMOSTRAGEM:
- Definir o número de amostras de ar interior, tomando por base a área construída climatizada dentro de uma mesma edificação
e razão social, seguindo a tabela abaixo:

- as unidades funcionais dos estabelecimentos com características epidemiológicas diferen-ciadas, tais como serviço médico,
restaurantes, creches e outros, deverão ser amostrados isolada-mente.
- os pontos amostrais deverão ser distribuídos uniformemente e coletados com o amostrador localizado na altura de 1,5 m do
piso, no centro do ambiente ou em zona ocupada, para o Termo-higrômetro e no espectro de ação do difusor para o
Anemômetro.
Norma Técnica 004
Qualidade do Ar Ambiental Interior. Método de Amostragem e Análise de Concentração de Aerodispersóides em Ambientes
Interiores.
MÉTODO ANALÍTICO
OBJETIVO: Pesquisa, monitoramento e controle de aerodispersóides totais em ambientes interiores climatizados.
APLICABILIDADE: Ambientes de interior climatizados, de uso coletivo, destinados a ocupações comuns (não especiais).
MARCADOR EPIDEMIOLÓGICO: Poeira Total (µg/m3).
MÉTODO DE AMOSTRAGEM: Coleta de aerodispersóides por filtração (MB-3422 da ABNT).
PERIODICIDADE: Semestral.
FICHA TÉCNICA DO AMOSTRADOR:

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QUALIDADE DO AR INTERNO

ESTRATÉGIA DE AMOSTRAGEM:
- Definir o número de amostras de ar interior, tomando por base a área construída climatizada dentro de uma mesma edificação
e razão social, seguindo a tabela abaixo:

- as unidades funcionais dos estabelecimentos com características epidemiológicas diferenciadas, tais como serviço médico,
restaurantes, creches e outros, deverão ser amostrados isoladamente.
- os pontos amostrais deverão ser distribuídos uniformemente e coletados com o amostrador localizado na altura de 1,5 m do
piso, no centro do ambiente ou em zona ocupada.
PROCEDIMENTO DE COLETA: MB-3422 da ABNT.
PROCEDIMENTO DE CALIBRAÇÃO DAS BOMBAS: NBR- 10.562 da ABNT
PROCEDIMENTO LABORATORIAL: NHO 17 da FUNDACENTRO
VII - INSPEÇÃO
Recomenda que os órgãos competentes de Vigilância Sanitária com o apoio de outros órgãos governamentais, organismos
representativos da comunidade e dos ocupantes dos ambientes climatizados, utilizem esta Orientação Técnica como
instrumento técnico referencial, na realização de inspeções e de outras ações pertinentes nos ambientes climatizados de uso
público e coletivo.
VIII - RESPONSABILIDADE TÉCNICA
Recomenda que os proprietários, locatários e prepostos de estabelecimentos com ambientes ou conjunto de ambientes dotados
de sistemas de climatização com capacidade igual ou superior a 5 TR (15.000 kcal/h = 60.000 BTU/h), devam manter um
responsável técnico atendendo ao determinado na Portaria GM/MS nº 3.523/98, além de desenvolver as seguintes atribuições:
a) providenciar a avaliação biológica, química e física das condições do ar interior dos ambientes climatizados;
b) promover a correção das condições encontradas, quando necessária, para que estas atendam ao estabelecido no Art. 4º
desta Resolução;
c) manter disponível o registro das avaliações e correções realizadas; e
d) divulgar aos ocupantes dos ambientes climatizados os procedimentos e resultados das atividades de avaliação, correção e
manutenção realizadas.
Em relação aos procedimentos de amostragem, medições e análises laboratoriais, considera-se como responsável técnico, o
profissional que tem competência legal para exercer as atividades descritas, sendo profissional de nível superior com habilitação
na área de química (Engenheiro químico, Químico e Farmacêutico) e na área de biologia (Biólogo, Farmacêutico e Biomédico)
em conformidade com a regulamentação profissional vigente no país e comprovação de Responsabilidade Técnica - RT,
expedida pelo Órgão de Classe.
As análises laboratoriais e sua responsabilidade técnica devem obrigatoriamente estar desvinculadas das atividades de limpeza,
manutenção e comercialização de produtos destinados ao sistema de climatização.

Eng. José Edson Basto – CREA SC 01 058125-4 78


QUALIDADE DO AR INTERNO

A.3 Fluxograma de um Plano de Gerenciamento de Qualidade do Ar

Fonte – EPA (traduzido)

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QUALIDADE DO AR INTERNO

A.4 GUIA DE CONTRATAÇÃO DE EMPRESAS PRESTADORAS DE SERVIÇOS EM CONTROLE DE


QUALIDADE DE AR DE INTERIORES. Volume I - Guia nº 01 2003

INTRODUÇÃO
Para a contratação de uma empresa, com o objetivo de realizar analises, gerenciamentos e manutenção
dos sistemas de ar condicionado, visando manter ou melhorar a qualidade do ar que é oferecido aos
usuários dos ambientes, deve-se observar que os seguintes passos:
a) Trata-se de um serviço especializado, que envolve hoje com os novos conceitos higiênico-sanitário e de
qualidade de vida, o conhecimento técnico-científico da área específica e as soluções tecnológicas
adequadas;
b) A meta a ser atingida deve ser sempre a “boa qualidade do ar que se respira”. Preservar diretamente a
saúde das pessoas que ocupam os ambientes climatizados e garantir a produtividade da empresa;
c) As propostas apresentadas pelos prestadores de serviços dão uma idéia bastante clara de sua
capacidade técnica. Sempre que for possível, deve se pedir as referencias destas empresas, sobretudo a
sua filiação e entidades que possam dar suporte técnico e científico. Desta forma, existem características
técnicas importante a serem observadas e garantidas numa proposta, bem como características comerciais
e éticas o que passamos a expor em seguida:

ITENS QUE DEVEM SER OBSERVADOS EM UMA PROPOSTA TÉCNICA


Comercial e ética.
Para avaliação de uma proposta comercial algumas solicitações devem ser feitas com objetivos específicos
de comprovação ética e profissional. Desta forma:
1. Sempre deve ser solicitado de todas as empresa participantes o contrato social, com o objetivo de
avaliação de sua ligação com outras empresas também participantes do processo de licitação. É muito
freqüente composição em licitações de empresas de parentes ou empresas de um mesmo dono ou grupo
de donos com razões sociais distintas. Outro ponto a ser observado é se o serviço a ser executado está
claramente descrito nos objetivos da empresa, evitando-se com isso o exercício ilegal de atividades.
2. Solicitar curriculum vitae dos profissionais envolvidos diretamente ao trabalho com função específica de
decisão ou de conhecimento, com objetivo de comprovação de capacidade técnico e/ou científica. Procure
nunca se deixar enganar por listas de clientes, pois estas em via de regra são simplesmente confeccionadas
e na vigência de utilizá- las, confira a veracidade dos fatos.
3. Procure observar se seu prestador de serviço é afiliado de alguma Sociedade Científica ou se possui
alguma forma de certificação como, por exemplo “Selo de Qualidade” em sua área de atuação, emitido pela
Sociedade Científica.
4. Tome sempre muito cuidado com associações de empresas que simulam organizações científicas com
objetivo de atrair um mercado em potencial. 5. Peça sempre uma forma de otimização dos custo de forma a
obter a melhor relação custo-benefício.

Técnica.
Uma proposta para um serviço técnico é, antes de tudo, uma descrição dos procedimentos do prestador de
serviço. Propostas que contenham uma descrição detalhada dos serviços, com todos os passos da

Eng. José Edson Basto – CREA SC 01 058125-4 80


QUALIDADE DO AR INTERNO

metodologia utilizada dispostos numa ordem lógica são a primeira garantia de um bom resultado. Assim,
recomendamos a seguinte estrutura:
1. Diagnóstico de situação é sempre a primeira procedência em relação ao ambientes interiores, o qual
determinará que providências a serem tomadas.
2. Localização precisa de focos de contaminação do sistema através de análises microbiológicas e análises
complementares, quando necessárias;
3. Identificação da existência de microrganismos patogênicos;
4. Determinação dos níveis de contaminação e comparação com os padrões referenciais;
5. Diagnostico de imprecisões em sistemas de barreiras (filtros) e erros de projetos ou instalações do
sistema;
6. Diagnostico de incorreções nos procedimentos de manutenção higiênico - sanitária;
7. Higienização das casas de máquinas, entrada do ar externo e elementos das centrais de tratamento de
ar;
8. Higienização da rede de dutos (quando claramente demonstrado através da busca de fontes ativas);
9. Coleta de resíduos;
10. Diagnóstico final;
11. Recomendações preventivas.
Com esta estrutura apresentada, o passo seguinte é observar a metodologia utilizada em cada uma das
etapas.

1 - DIAGNÓSTICO LABORATORIAL.
As análises de avaliação ambiental, tem por objetivo traçar um diagnóstico de situação atual. Este
diagnóstico determinará a presença ou ausência de riscos de agravo a saúde dos usuários em ambientes
interiores. O Diagnóstico laboratorial é um procedimento que visa o atendimento da Portaria Ministerial nº.
3523/GM de 28/08/1998 e Resolução nº RE 176 de 24/10/2000 e sua revisão Resolução nº RE 9 de
16/01de 2003 .
Os serviços de análises microbiológicas serão periódicos, com intervalos semestrais, sendo que a análise
inicial será usada como base para posterior realização de serviços e/ou intervenções que se fizerem
necessárias, após o diagnóstico inicial.

Norma Técnica 01
Controle microbiológico de ar (ar ambiental).
- Inclui: Pesquisa de microbiota fúngica (contagem total, diferencial e identificação).
Objetivo: Quantificar fungos. Estes elementos são marcadores epidemiológicos da qualidade do ar. Esta
análise permite ainda, uma boa avaliação do ambiente, no que concerne a fenômenos de
hipersensibilidade.

Norma Técnica 02
Determinação de CO2 (Dióxido de Carbono).
- inclui: Contagem de CO2, através de sensor eletrônico.
Objetivo: Quantificar os níveis residuais de CO2. Este gás é utilizado como um marcador epidemiológico de
renovação de ar externo, entretanto originário da respiração humana.

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QUALIDADE DO AR INTERNO

Norma Técnica 03
Determinação de Temperatura, umidade relativa e velocidade do ar.
- inclui: Determinação da temperatura, umidade e velocidade do ar ambiental.
Objetivo: Quantificar temperatura e umidade como marcadores epidemiologicos de saúde. Estas variáveis
físicas estão ligadas a fenômenos gripais tais como a febre da umidade. Quantificar a velocidade do ar
como marcador epidemiológico de conforto ambiental.

Norma Técnica 04
Determinação de aerodispersoides.
- inclui: Contagem de particulados aerodispersos, através de gravimetria.
Objetivo: Quantificar a matéria particulada no ar ambiental. Estes elementos são marcadores
epidemiológicos de deficiencia de filtragens e/ou acúmulo de sujidade em dutos ou ainda em ambientes
interiores.

2 - LOCALIZAÇÃO DOS FOCOS DE CONTAMINAÇÃO


Na vigência de serem encontradas situações adversas com ambientes em condições não aceitas pelo
Padrão Referencial, definido pela Resolução RN 176, haverá a necessidade de busca das fontes poluentes
ativas no sistema, as quais deverão ser realizadas através das análises que se seguem:
A localização dos focos de contaminação deve ser realizada através de uma série de coletas nos diferentes
pontos do sistema. Estas devem ser coletadas nos seguintes pontos:
1. Bandejas de condensação da máquina de ar condicionado.
2. Dutos de insuflamento
3. Coleta do ar insuflado
4. Coleta do ar de retorno
5. Coleta do ar de mistura
6. Coleta do ar de renovação do ar externo

Controle microbiológico de ar (ar insuflado, ar de retorno, ar de mistura e renovação do ar


externo).
- Inclui: Pesquisa de microbiota fúngica (contagem total, diferencial e identificação).
Objetivo: Quantificar fungos. Estes elementos são marcadores epidemiológicos da qualidade do ar segundo
as variáveis do sistema de climatização, permitindo avaliar fontes primárias, secundárias e terciárias.

Perfil diagnóstico - Destinado a máquinas não tratadas.


- inclui: Contagem padrão em placa de bactérias heterotróficas.
Pesquisa de microbiota fúngica (contage m total, diferencial e identificação).
Pesquisa de algas.
Pesquisa de protozoários.
Pesquisa de Legionella sp.
Obs.: realizada em dois materiais (água e biofilme), por amostra.

Eng. José Edson Basto – CREA SC 01 058125-4 82


QUALIDADE DO AR INTERNO

Objetivo: Qualificar e quantificar o ecossistema formado na bandeja de condensado, caracterizando a


magnitude e complexidade da principal fonte poluente primária no sistema.
Pesquisa de Legionella sp.
Objetivo: Agente patogênico causador da pneumonia por Legionella e da febre de Pontiac.

Avaliação microbiológica de dutos (bioparticulado).


- inclui: Contagem padrão em placa de bactérias heterotróficas
Pesquisa de fungos (contagem total).
Avaliação do particulado total
Avaliação do potencial imunoalergênico
Objetivo: Quantificar os níveis residuais advindos da fonte contaminante e desenvolvidas secundariamente
nos ambientes.
Avaliação microbiológica de superfícies.
- inclui: Contagem padrão em placa de fungos e bactérias
Pesquisa de ácaros.
Avaliação do particulado total
Avaliação do potencial imunoalergênico
Objetivo: Quantificar os níveis residuais advindos da fonte terciária contaminante. Todas as amostragens de
ar devem ser feitas com um Impactador em Cascata, com vazão fixa, acelerador linear e baixa vazão (25 a
35 l/min), permitindo a cultura de estruturas fúngicas viáveis em ambientes comuns. É importante ressaltar
este ponto, pois existem muitas metodologias para coleta de ar, porém uma grande maioria destes
equipamentos possui vazão variável e trabalha em alta vazão. Metodologias de quantificação de partícula
precipitável viável (partículas pesadas), tais como a simples abertura de placas não são aceitas.

Análises complementares:
Gravimetria do particulado de superfície pode ser de grande utilidade na avaliação de procedimentos de
higienização. Trata-se de um método não padronizado ainda no Brasil, porém já normatizado em alguns
países desenvolvidos. Este método avalia os índices de reprodução de matéria particulada (poeira) na
superfície dos dutos, utilizando a razão peso (massa) por metro quadrado de superfície. Quando de sua
utilização deve -se aplicar padrões internacionais.

3 - IDENTIFICAÇÃO DA EXISTÊNCIA DE MICROORGANISMOS


PATOGÊNICOS
Feitas as coletas, o material segue para um laboratório especializado em “Indoor Environment”, para que
seja identificado o ecossistema presente no ambiente e nas fontes poluentes, verificando-se a existência ou
não de microorganismos patogênicos.

4 – DETERMINAÇÃO DOS NÍVEIS DE CONTAMINAÇÃO E COMPARAÇÃO COM OS PADRÕES


REFERENCIAIS
Uma vez identificados os microorganismos, o passo seguinte é determinar em que quantidade estão
presentes, independente das espécies presentes. É importante lembrar que as estruturas fúngicas podem

Eng. José Edson Basto – CREA SC 01 058125-4 83


QUALIDADE DO AR INTERNO

ser vistas como proteínas em suspensão e que quando inaladas em determinada quantidade, podem induzir
processos alérgicos, iniciando-se pelos mais susceptíveis.
Esta quantificação é a base para a classificação dos ambientes e auxilia na indicação das medidas de
remediação a se adotar.

5 – DIAGNÓSTICO DE IMPRECISÕES EM SISTEMAS DE BARREIRAS (FILTROS) E ERROS DE


PROJETOS OU INSTALAÇÕES
A empresa prestadora de serviços deve, durante os procedimentos de diagnóstico, aplicar um “check- list”
de inspeção nas instalações, observando características de filtragem no sistema (entrada da máquina,
retorno e renovação de ar externo) bem como todo um escopo de observação quanto a características de
projeto, instalação e operação do sistema, detectando e informando inadequações, erros de projetos ou
inconformidades na operação do sistema, através de um relatório.

6 – DIAGNÓSTICO DE INCORREÇÕES NOS PROCEDIMENTOS DE MANUTENÇÃO HIGIÊNICO-


SANITÁRIA
A Empresa prestadora de serviços deve, durante os procedimentos de diagnóstico, avaliar as condições
higiênico-sanitárias no processo de manutenção, relatar as inconformidades e sugerir os procedimentos
mais adequados para cada situação específica.

7 – HIGIENIZAÇÃO DAS CASAS DE MÁQUINAS, ENTRADA DO AR EXTERNO E LEMENTOS DAS


CENTRAIS DE TRATAMENTO DO AR
As casas de máquinas devem ser limpas, a entrada do ar exterior (caso seja dutada) deve ser
desempoeirada, aspirada e limpa. Os elementos das centrais devem ser desempoeirados, aspirados e as
partículas deve ser recuperadas. Outros elementos das centrais merecem atenção especial. São eles: a
serpentina de resfriamento, que deve ser limpa por sopro de ar comprimido e lavada, quando possível, com
detergente neutro biodegradável; a bandeja de condensado, que deve ser limpa com detergente neutro
biodegradável, ou ainda receber tratamento especial quando necessário.

8 – HIGIENIZAÇÃO DA REDE DE DUTOS


Para a higienização de dutos, quando necessário e indicado através dos procedimentos diagnósticos,
recomenda-se que as propostas mencionem a garantia da qualidade dos ambientes, desde a proteção de
móveis e equipamentos dos ambientes onde estão os dutos, bem como a padronização e adequação de
escotilhas na abertura de janelas de inspeção e de acoplamento da central de depressão. Todos os trechos
da rede onde o serviço será realizado devem ser inspecionados antes, com a utilização de robôs com
câmera ou sondas filmadoras e gravados em VHS. Após esta inspeção, deve ser feita a limpeza a seco da
rede de Insuflamento e de retorno (quando houver), assim como todos os acessórios da rede, tais como
dampers, spliters, etc. São Indicados para este procedimento as diretrizes previstas na recomendação
normativa da ABRAVA (Associação Brasileira de Refrigeração, Ar Condicionado, Ventilação e Aquecimento)
– Renabrava I, para execução de serviços de limpeza e higienização de sistemas e distribuição de ar

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9 – COLETA DE RESÍDUOS
Os resíduos devem ser criteriosamente coletados, de forma a não proporcionarem uma contaminação
ambiental e consequentemente a recontaminação do sistema de climatização. Todos os critérios de
segurança individual (EPIs) devem ser utilizados no processo de coleta e transporte dos resíduos. Os
resíduos sólidos deve ser acondicionado em sacos plásticos, identificados e dispostos em aterro sanitário
ou incinerado.

10 – DIAGNÓSTICO FINAL
É indispensável a inclusão de um diagnóstico final. Este, juntamente com a inspeção visual, garantirá a
qualidade do serviço executado, bem como certificará as boas condições ambientais frente às autoridades
de fiscalização sanitária. Este diagnóstico deve ter o mesmo teor do diagnóstico inicial, ou seja, as mesmas
coletas e análises nos mesmos pontos amostrados, determinando um processo comparativo que demonstre
a evolução interveniente.

11 – RECOMENDAÇÕES PREVENTIVAS.
As recomendações preventivas são um escopo de medidas que deverão ser apresentadas ao cliente, de
forma a permitir que os serviços de higienização, quando prestados, perdurem por maior tempo possível,
sendo eliminada toda e qualquer inconformidade de operação e/ou manutenção. Estas medidas são
personalizadas atendendo às características de cada instalação.

CRITÉRIOS DE SEGURANÇA
A Empresa prestadora de serviço deve assegurar que seus funcionários apresentem-se em seus clientes
devidamente uniformizados e munidos de EPIs ( Equipamento Individual de Segurança ). A Empresa
prestadora de serviços deve ainda garantir a integridade do ambiente, acabamentos de interiores e demais
bens patrimoniais de seu cliente.

ARRANJO AMOSTRAL
O procedimento amostral deve ser compatibilizado a legislação vigente (Resolução nº RE 176 de 24 de
0utubro de 2000 e sua revisão a Resolução RE 9 de 16 de janeiro de 2003). Desta forma são computados a
metragem quadrada de área climatizada e definido o número de pontos na tabela abaixo.

CUIDADOS ADICIONAIS
Todo prestador de serviços pretende que seu serviço seja bem realizado e seus efeitos sejam sensíveis.
Assim, é recomendável que as propostas prevejam outras ações a serem executadas pelo contratante,
quando este estiver ligado ao processo de gerenciamento da qualidade ambiental, tais como:
procedimentos de manutenção do sistema de ar condicionado, procedimentos básicos de higienização do
ambiente (superfícies fixas) e paisagismo interior.
Este documento foi aprovado pelo Conselho Científico da BRASINDOOR – Sociedade Brasileira de Meio
Ambiente e Controle de Qualidade de Ar de Interiores. Este documento foi produzido pela Comissão
Tecnológica de Higienização, composta pelos seguintes membros:
·

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A.5 RECOMENDAÇÃO NORMATIVA ABRAVA PARA EXECUÇÃO DE SERVIÇOS DE LIMPEZA E


HIGIENIZAÇÃO DE SISTEMAS DE DISTRIBUIÇÃO DE AR
RENABRAVA I - REVISÃO I
1. OBJETIVO
Este documento tem por objetivo estabelecer os procedimentos e diretrizes ABRAVA para execução dos
serviços de limpeza e higienização corretiva de sistemas de distribuição de ar contaminados.
Assinala-se que estes serviços, embora muito importantes e necessários, não garantem, por si só, uma boa
qualidade do ar interior, que depende também de diversos outros fatores, não abordados nestas
Recomendações.
2. NORMAS E DOCUMENTOS DE REFERÊNCIA
- NBR 13.971 - Sistemas de Refrigeração, Condicionamento de Ar e Ventilação - Manutenção Programada.
- Portaria 3523, de 28 de agosto de 1998, do Ministério da Saúde.
3. CONDIÇÕES GERAIS
A empresa executora dos serviços objeto destas Recomendações deverá:
3.1 - ter em seus quadros no mínimo um engenheiro experiente em sistemas de ventilação e tratamento
de ar, com registro no CREA;
3.2 - possuir e fornecer todos os equipamentos especializados para execução adequada dos serviços de
limpeza e higienização requeridos;
3.3 - empregar mão de obra qualificada, e assegurar que seus funcionários tenham recebido treinamento
para utilizar os equipamentos e os produtos especializados necessários à execução dos serviços. Para
tanto deverá, se solicitada, apresentar os manuais utilizados no treinamento;
3.4 - obter e manter atualizados os seguintes documentos:
- PCMSO (Programa de Controle Médico e Saúde Ocupacional), conforme NR do Ministério do Trabalho;
- PPRA (Programa de Prevenção de Riscos Ambientais), conforme NR 09 do Ministério do Trabalho;
- Registro no CREA da empresa e do engenheiro responsável;
- ART (Anotação de Responsabilidade Técnica) do serviço a ser executado;
3.5 - obter e manter atualizados os registros nos órgões competentes, juntamente com a metodologia de
utilização fornecida pelo fabricante, de todos os produtos químicos utilizados no processo de limpeza;
3.6 - apresentar uma proposta técnica detalhada dos serviços oferecidos, incluindo:
- relatório de inspeção prévia da instalação, especificando os problemas de sujeira e contaminação
constatados;
- descrição dos serviços requeridos, metodologia de execução, equipamentos e produtos a serem
utilizados, método de avaliação dos resultados, etc.;
3.7 - ter acesso aos desenhos e últimas revisões do sistema a ser higienizado (sempre que disponíveis),
para permitir melhor planejamento e execução os serviços.
4. CONDIÇÕES ESPECIFICAS PARA A LIMPEZA DE SISTEMAS DE AC
4.1 .Escopo dos serviços
a) A contratada deverá se responsabilizar pela remoção dos contaminantes e depósitos presentes os
sistemas de distribuição de ar, o que inclui, onde necessário:
- superfície interna dos dutos de insuflamento, retorno e ar exterior;
- difusores, grelhas e outros acessórios;
- tomada de ar exterior, incluindo dampers e grelhas;

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- casa de máquinas, quando utilizadas como plenum de retorno do sistema;


- filtros, providenciando, se necessário, sua substituição;
- dampers corta-fogo, verificando especialmente se há depósitos de sujeira no batente de encosto da
lâmina;
- atenuadores de ruído;
- caixas VAV;
- interior dos gabinetes de tratamento de ar, incluindo revestimento interno dos painéis, serpentinas, volutas
e rotores de ventiladores, bandeja de condensados;
- drenos, verificando se estão desobstruídos e com sifonagem suficiente para impedir qualquer aspiração de
contaminantes no fluxo de ar.
b) A contratada deverá garantir que o trabalho foi executado de acordo com estas Recomendações e
comprovar a eficácia do trabalho executado a través de diagnóstico visual e laboratorial.
4.2 Inspeção do sistema de AC e preparação do local
Antes do início de qualquer trabalho de limpeza a contratada deverá efetuar uma inspeção visual do sistema
e uma analise dos desenhos fornecidos pela contratante, para determinar os métodos apropriados, as
ferramentas e os equipamentos necessários para a adequada realização dos serviços.
Deverá ser estabelecido, de comum acordo com a contratante, um cronograma determinando o início e o
fim de cada fase da limpeza.
4.3 Saúde e segurança
A contratada deverá cumprir todas as exigências municipais, estaduais e federais aplicáveis, para proteção
dos usuários do edifício, dos funcionários da contratada e do meio ambiente; não deverão ser empregados
processos ou materiais que possam trazer mais riscos para a saúde dos ocupantes dos locais; a
descontaminação dos equipamentos utilizados e a remoção da sujeira recolhida durante a limpeza devem
seguir todas as exigências aplicáveis.
4.4 Responsabilidade
A contratada deverá se responsabilizar por danos causados às instalações, equipamentos, móveis e objetos
pertencentes à contratante, bem como pela segurança dos ocupantes e de seus próprios funcionários
durante a realização dos serviços.
Não se responsabilizará por danos resultantes de técnicas de limpeza inadequadas ou imprudentes
empregadas por terceiros.
4.5 Relatórios
A contratada deverá fornecer, na conclusão dos trabalhos:
- relatório de execução dos serviços;
- comprovação da eficácia do trabalho executado;
- relação das áreas do sistema que apresentaram danos e/ou necessitam de reparos;
- localização das aberturas de acesso eventualmente feitas nos dutos.
5. PROCEDIMENTOS / METODOLOGIA
A contratada deverá elaborar e implementar procedimentos de execução que descrevam a metodologia a
ser empregada para, no mínimo, as seguintes atividades:
5.1 Forros falsos
A contratada poderá remover e reinstalar as placas de forro para obter acesso aos sistemas de AC e rede
de dutos.

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5.2 Aberturas de acesso


a) A contratada deverá realizar as aberturas necessárias para permitir a limpeza interna de 100% da rede
de dutos.
b) Deverá utilizar as aberturas de acesso existentes, sempre que possível.
c) Deverá realizar as aberturas necessárias de forma a que possam ser adequadamente fechadas e
vedadas, restabelecendo a integridade e estanqueidade originais do duto.
d) Os fechamentos das aberturas de acesso deverão ser devidamente isoladas para prevenir perdas /
ganhos térmicos e evitar condensação em sua superfície, tomando os devidos cuidados para que seja
reconstituída a barreira de vapor.
e) As técnicas de realização das aberturas não devem comprometer a integridade da estrutura do sistema.
f) Não devem ser realizadas aberturas em dutos flexíveis; estes devem ser desconectados em suas
extremidades, removidos para verificação e limpeza apropriadas, e reinstalados, ou se necessário,
substituídos.
g) Todas as aberturas de acesso que forem executadas devem ser claramente marcadas e seu local deve
ser indicado nos desenhos do sistema de AC.
5.3 Limpeza
É de responsabilidade da contratada selecionar os métodos de remoção dos poluentes que deixem o
sistema limpo. A limpeza deverá ser executada, preferencialmente, através de escovação mecânica, ou de
sopro de ar comprimido, em todas as partes do sistema.
a) a contratada deve limpar todos os acessórios da rede de dutos, removendo os quando possível, incluindo
splitters, grelhas, dampers, grelhas e difusores, caixas VAV e outros.
b) Limpeza das unidades de tratamento de ar:
- serpentinas de resfriamento - os métodos de limpeza não podem ocasionar danos ou impedir a troca
térmica ou provocar corrosão da superfície da serpentina; devem ser de acordo com as recomendações do
fabricante da serpentina, quando disponíveis - as serpentinas devem ser completamente enxaguadas com
água limpa para remover quaisquer resíduos;
- interior dos gabinetes;
- filtros (se aplicável), ou substitui-los.
c) A contratada deverá limpar os plenuns das casas de máquinas;
d) Dutos de chapa:
- não deverá ser utilizado nenhum método, ou combinação de métodos, que possa danificar potencialmente
o sistema ou afetar sua integridade;
- a contratada deve limpar 100% da rede de dutos, incluindo os de tomada de ar exterior, de insuflamento
(com os flexíveis) e de retorno;
- qualquer que seja a metodologia empregada, de acordo com o disposto anteriormente, deverá prever a
recuperação dos resíduos removidos por equipamento de coleta adequado;
- o equipamento de coleta dos resíduos deve ter potência suficiente para manter todas as áreas que estão
sendo limpas sob pressão negativa e ter vazão de ar suficiente para garantir o arraste das partículas,
garantindo a eficácia da limpeza.
e) Dutos de lã de vidro

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- elementos de isolamento acústico ou térmico de lã de vidro presentes em qualquer parte dos


equipamentos e rede de dutos devem ser limpos de maneira a não provocar a liberação de partículas de lã
de vidro nos ambientes;
- a metodologia empregada deve ser de aspiração das superfícies ou sopro de ar comprimido seco
(conforme padrões e recomendações da NAIMA);
- devem ser empregados métodos que não causem danos aos componentes de dutos em lã de vidro;
- se houver qualquer evidência de dano, deterioração, delaminação, crescimento de fungos ou bactérias, ou
umidade, a ponto de uma recuperação da área danificada seja impossível, deverá ser recomendado à
contratante sua substituição.
f) Todos os equipamentos de sucção de sujidade devem ser equipados de barreiras suficientes para impedir
o retorno do material recolhido ao ambiente.
- quando o equipamento de sucção de material particulado estiver sendo usado dentro de ambientes
internos deverá ser equipado com filtro absoluto (99,97% de eficiência para partículas de 0,3 microns),
perfeitamente ajustado de forma a impedir qualquer fuga de ar;
- quando o equipamento de sucção de material particulado estiver sendo usado externamente, ao ar livre,
poderá ser equipado unicamente com filtros de 85% de eficiência gravimétrica, tomando-se as devidas
precauções para que o material particulado liberado não entre novamente nas instalações; a liberação de
sujidade no ar livre não deve violar quaisquer padrões, códigos ou regulamentos relativos à proteção do
meio ambiente.
g) Não deverá haver qualquer emanação de vapores ou odores nocivos durante o processo de limpeza.
5.4 Agentes biocidas
a) Só devem ser aplicados agentes biocidas se houver suspeita razoável de crescimento ativo de
microorganismos, ou se tiverem sido detectados níveis inaceitáveis de contaminação no interior dos dutos.
b) A aplicação de agentes biocidas para controlar o crescimento de contaminantes biológicos deve ser
executado após a remoção da sujidade.
c) Devem ser utilizados apenas agentes biocidas registrados nos orgões brasileiros competentes (Ministério
da Agricultura ou Ministério da Saúde).
d) Os agentes químicos usados devem ser aplicados de acordo com as instruções do fabricante.
e) Os agentes químicos usados não devem provocar danos ou corrosão potencial na rede de dutos, e não
devem interferir nas propriedades do revestimento externo usado nas redes de dutos.

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