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PROCESSO Nº TST-RR-1635-46.2014.5.12.

0008

A C Ó R D Ã O
(8ª Turma)
GMMCP/ebb/apg

RECURSO   DE   REVISTA   INTERPOSTO   SOB   A


ÉGIDE   DA   LEI   N°   13.015/2014   –
PRELIMINAR DE NULIDADE POR NEGATIVA
DE PRESTAÇÃO JURISDICIONAL
O Recurso de Revista não atende aos
requisitos do art. 896, § 1º-A, I, da
CLT.
SINDICATO   ­   LEGITIMIDADE   ATIVA  AD
CAUSAM – SUBSTITUIÇÃO PROCESSUAL
Consoante jurisprudência do Eg. TST e
E. STF, a prerrogativa prevista no
art. 8º, III, da Constituição da
República confere à entidade sindical
ampla legitimidade para, na qualidade
de substituta processual, atuar na
defesa dos direitos subjetivos
individuais dos seus substituídos,
associados ou não.
ABRANGÊNCIA DA COISA JULGADA COLETIVA
- LIMITES SUBJETIVOS - COMPETÊNCIA
TERRITORIAL DO ÓRGÃO PROLATOR DA
DECISÃO
Tratando-se de ação coletiva que
busca a tutela de interesses
individuais homogêneos, ajuizada por
Sindicato que possui
representatividade em mais de um
município, os efeitos da decisão
abrangerão a base territorial do ente
sindical e não do juízo prolator da
sentença.
HORAS EXTRAS - INTERVALO DO ARTIGO
384 DA CLT - MULHER
O Eg. TST firmou jurisprudência no
sentido de que o artigo 384 da CLT
foi recepcionado pela Constituição da
República, sendo devidas horas extras
pela não concessão do intervalo nele
previsto. Julgados.
DIVISOR - HORAS EXTRAS – BANCÁRIO
Consoante a nova redação da Súmula nº
124   do   TST,  o divisor aplicável ao
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cálculo das horas extras do bancário


com jornada de seis horas é 180, e de
oito horas é 220. As normas coletivas
não tiveram o condão de modificar a
natureza do sábado como dia útil não
trabalhado e eventual ampliação dos
dias de repouso semanal remunerado,
pela inclusão do sábado, no caso do
bancário, não altera o divisor, em
virtude de não haver redução do
número de horas semanais, trabalhadas
e de repouso. Precedente: TST­IRR­
849-83.2013.5.03.0138.
HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS
São devidos honorários advocatícios
ao sindicato nas causas em que figure
como substituto processual.
Inteligência da Súmula nº 219, III,
do TST.

Recurso   de   Revista   conhecido


parcialmente e provido.

Vistos,   relatados   e   discutidos   estes   autos   de


Recurso   de   Revista   n°  TST­RR­1635­46.2014.5.12.0008,   em   que   é
Recorrente BANCO DO BRASIL S.A. e Recorrido SINDICATO DOS EMPREGADOS
EM ESTABELECIMENTOS BANCÁRIOS DE CONCÓRDIA E REGIÃO.

O Tribunal Regional do Trabalho da 12ª Região, em
acórdão de fls. 228/241, complementado às fls. 254/256, deu parcial
provimento ao Recurso Ordinário do Banco do Brasil.
O   Reclamado   interpõe   Recurso   de   Revista,   às   fls.
260/296.
Despacho de admissibilidade, às fls. 320/321.
Contrarrazões apresentadas às fls. 330/341.
Dispensada   a   remessa   dos   autos   ao   D.   Ministério
Público do Trabalho, nos termos regimentais.
É o relatório.

V O T O
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REQUISITOS EXTRÍNSECOS DE ADMISSIBILIDADE

Atendidos   os   requisitos   extrínsecos   de


admissibilidade, passo ao exame dos intrínsecos.

I   –   PRELIMINAR   DE   NULIDADE   POR   NEGATIVA   DE


PRESTAÇÃO JURISDICIONAL

Conhecimento

O   Banco­Reclamado   suscita   preliminar   de   nulidade


por   negativa   de   prestação   jurisdicional,   alegando   que   o   Eg.   TRT,
mesmo instado por embargos de declaração, não se manifestou sobre:
i)   a   ilegitimidade   ativa   da   parte;   ii)   a   abrangência   da   coisa
julgada   coletiva,   afirmando   que   ela   é   determinada   pela   base
territorial do sindicato; iii) a natureza indenizatória do intervalo
do   art.   384   da   CLT;   e   iv)   a   limitação   da   condenação   quanto   ao
divisor à data de vigência da norma coletiva aplicáveis às espécie.
Aponta violação aos arts. 832 da CLT; 458, II, do CPC; e 93, IX, da
Constituição.
Conforme ao art. 896, § 1º-A, I, da CLT, com
redação dada pela Lei nº 13.015/2014, incumbe à parte recorrente
indicar o trecho da decisão recorrida que consubstancia o
prequestionamento da controvérsia objeto do recurso de revista.
À luz do referido dispositivo legal, a C. SBDI-1
desta Corte firmou entendimento de que, ao arguir preliminar de
nulidade por negativa de prestação jurisdicional, a parte deve
demonstrar a omissão do Tribunal Regional com a transcrição do
trecho da petição de Embargos de Declaração e do acórdão respectivo.
Eis os julgados:

RECURSO DE EMBARGOS. RECURSO DE REVISTA INTERPOSTO


NA VIGÊNCIA DA LEI 13.015/2014. PRELIMINAR DE NULIDADE POR
NEGATIVA DE PRESTAÇÃO JURISDICIONAL. ART. 896, § 1º-A, INCS. I, II
E III, DA CLT. Consoante os termos do art. 896, § 1º-A, incs. I, II e III, da CLT,
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introduzido pela Lei 13.015/2014, afigura-se imprescindível à parte que arguir a


nulidade da decisão recorrida por negativa de prestação jurisdicional demonstrar,
nas razões do recurso de revista, mediante a transcrição do trecho da petição dos
Embargos de Declaração e do trecho do acórdão respectivo, a recusa do Tribunal
Regional em apreciar a questão objeto do recurso ou a apreciação de forma
incompleta. A fim de observar o princípio da impugnação específica e de se
desincumbir do ônus de comprovar a recusa do Tribunal em prestar a jurisdição
completa, a parte deverá demonstrar, objetivamente, que exigiu dele a apreciação
da questão mediante a oposição dos indispensáveis embargos de declaração
alusivos ao tema objeto da arguição de nulidade. Do contrário, estar-se-á diante da
impugnação genérica da decisão proferida pelo Tribunal Regional, inviabilizando
o exame das violações a que faz referência a Súmula 459 desta Corte. Recurso de
Embargos de que se conhece e a que se nega provimento. (...). Recurso de
Embargos de que não se conhece. (E-ED-RR - 543-
70.2013.5.23.0005, Relator Ministro João Batista Brito
Pereira, Subseção I Especializada em Dissídios
Individuais, DEJT de 12/5/2017)

RECURSO DE EMBARGOS. RECURSO DE REVISTA INTERPOSTO


NA VIGÊNCIA DA LEI 13.015/2014. ART. 896, § 1º-A, INCS. I, II E III, DA
CLT. ARGUIÇÃO DE NULIDADE DA DECISÃO RECORRIDA POR
NEGATIVA DE PRESTAÇÃO JURISDICIONAL. REQUISITOS FORMAIS. 1.
A Turma, com fundamento na inobservância da exigência contida no art. 896, § 1º-
A, inc. I, da CLT, deixou de conhecer de arguição de nulidade da decisão proferida
pelo Tribunal Regional, por negativa de prestação jurisdicional, suscitada no
Recurso de Revista. 2. Pacificou-se, na SDI-1, desta Corte, que, consoante os
termos do art. 896, § 1º-A, incs. I, II e III, da CLT, introduzido pela Lei
13.015/2014, afigura-se imprescindível à parte que, em Recurso de Revista, arguir
a nulidade da decisão recorrida, por negativa de prestação jurisdicional,
demonstrar nas razões do seu recurso, mediante a transcrição do trecho da petição
dos Embargos de Declaração e do trecho do acórdão respectivo, a recusa do
Tribunal Regional em apreciar a questão objeto do recurso ou a apreciação de
forma incompleta. 3. A fim de observar o princípio da impugnação específica e de
desincumbir-se do ônus de comprovar a recusa do Tribunal em prestar a jurisdição
completa, a parte deverá demonstrar, objetivamente, que exigiu dele a apreciação
da questão mediante a oposição dos indispensáveis embargos de declaração
alusivos ao tema objeto da arguição de nulidade. Do contrário, estar-se-á diante da
impugnação genérica da decisão proferida pelo Tribunal Regional, inviabilizando
o exame das violações a que faz referência a Súmula 459 desta Corte. Recurso de
Embargos de que se conhece e a que se nega provimento. (E-RR-20462-
66.2012.5.20.0004, Relator Ministro João Batista Brito
Pereira, Subseção I Especializada em Dissídios
Individuais, DEJT 8/9/2017)

Na hipótese, a segunda Reclamada não atendeu à


exigência legal, porquanto não houve transcrição do trecho da
petição dos Embargos de Declaração.
Não conheço.
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II - ILEGITIMIDADE ATIVA DO SINDICATO

Conhecimento

O Eg. TRT considerou ser o Sindicato parte


legítima para a propositura da presente demanda, conforme
fundamentos transcritos no tópico anterior. Eis o voto:

3. ILEGITIMIDADE E CERCEAMENTO DE DEFESA


O demandado sustenta que o sindicato autor não detém legitimidade para
ajuizar ação coletiva para direitos heterogêneos. Alega que a substituição
processual assegurada pelo art. 8º, III, da Constituição da República não é ampla e
irrestrita, sendo o sindicato parte ilegítima para promover a defesa de interesses
difusos e coletivos individualizáveis, bem assim de direitos individuais
homogêneos disponíveis.
Razão não lhe assiste.
Consoante já explicitado no item recursal anterior, reconheço a legitimidade
do sindicato para figurar no polo ativo da lide, porquanto o art. 8º, III, da
Constituição da República e o art. 3º da Lei 8.073/90 estabelecem a faculdade
ampla dos sindicatos para atuar em na defesa dos direitos e interesses dos
integrantes da categoria, como substitutos processuais, sentido no qual se
direcionou também a jurisprudência do Excelso Supremo Tribunal Federal
(Precedente RE 202.063).
A respeito, ainda, vale acrescentar que o TST, por meio do cancelamento da
Súmula n. 310, pacificou o entendimento de que o sindicato é detentor de
legitimidade para atuar, de forma ampla, na defesa dos direitos e interesses dos
integrantes da categoria, sendo desnecessária, inclusive, a apresentação de rol de
substituídos com a inicial.
Dessa forma, a substituição processual conferida aos sindicatos é admitida
tanto para a defesa dos direitos e interesses coletivos quanto para os individuais da
categoria.
Os pleitos em questão tratam de direitos individuais homogêneos
decorrentes de origem comum, sendo, portanto, perfeitamente viável a postulação
pelo ente sindical.
Pontuo que, não obstante as parcelas requeridas demandem análise
individualizada e sem deixar de considerar a quantidade de empregados
abrangidos no presente feito, essas circunstâncias não afastam a natureza do
direito individual homogêneo, na medida em que pertencem a pessoas
determinadas e decorrem de origem comum, o que se mostra suficiente para o
ajuizamento da demanda coletiva e legitima a atuação da entidade sindical, como
retratado no caso concreto.
Nesse norte, nego provimento. (fls. 235/236)

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O Recorrente alega que a matéria versada nos autos


diz respeito a direitos individuais heterogêneos, motivo pelo qual o
Sindicato-Autor carece de legitimidade. Alega, sucessivamente, que a
substituição processual não dispensa a expressa autorização aos
sindicatos para representar seus filiados, em juízo. Invoca os arts.
267, VI, do CPC; 5°, XXI, e 8°, III, da Constituição; e 81,
parágrafo único, III, da Lei n° 8.078/90. Transcreve arestos.
Nos termos da jurisprudência do Eg. TST e E. STF,
a prerrogativa prevista no art. 8º, III, da Constituição da
República confere à entidade sindical ampla legitimidade para, na
qualidade de substituta processual, atuar na defesa dos direitos
subjetivos individuais dos seus substituídos, associados ou não,
sendo desnecessária autorização expressa para tanto. Nesse sentido:

RECURSO DE REVISTA - SINDICATO - ILEGITIMIDADE ATIVA AD


CAUSAM - SUBSTITUIÇÃO PROCESSUAL Consoante iterativa e atual
jurisprudência do Eg. TST e E. STF sobre o assunto, a prerrogativa prevista no art.
8º, III, da Constituição confere à entidade sindical ampla legitimidade para, na
qualidade de substituta processual, atuar na defesa dos direitos subjetivos
individuais dos seus substituídos. Recurso de Revista conhecido e provido. (RR-
378-79.2011.5.04.0471, Relator Desembargador Convocado
João Pedro Silvestrin, 8ª Turma, DEJT 13/12/2013)

SUBSTITUIÇÃO PROCESSUAL. SINDICATO. LEGITIMAÇÃO


EXTRAORDINÁRIA. ART. 8º, III, DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL -
ALCANCE. REVISÃO DA SÚMULA 310/TST - EFEITO. PRECEDENTES DO
PLENÁRIO DO STF. PRETENSÃO DE CONCESSÃO DE EQUIPARAÇÃO
SALARIAL. O art. 8º da Constituição Federal, textualmente, pontua, no "caput",
que "é livre a associação profissional ou sindical", esclarecendo, no inciso III, que
"ao sindicato cabe a defesa dos direitos e interesses coletivos ou individuais da
categoria, inclusive em questões judiciais ou administrativas". Não se pode deixar
de notar que o legislador constituinte, buscando, justamente, preservar a liberdade
de associação sindical, enquanto intentava o fortalecimento do sistema, não
restringiu aos associados a função representativa do sindicato. Antes, elasteceu-a,
expressamente, de forma a abranger toda a categoria, em todos os seus direitos e
interesses individuais e coletivos. Ao manter-se o regramento sindical atrelado à
unicidade, à liberdade de associação e à contribuição compulsoriamente exigível à
categoria, na Constituição de 1988, não se pode conceber que a atuação sindical,
em Juízo, esteja restrita, sob qualquer nível, de um lado, aos associados e, de
outro, a determinados direitos. De outro norte, a natureza social do Direito do
Trabalho faz necessária tal prerrogativa, em face da qualidade de interesses
representados, viabilizando a reunião de pretensões individuais em um único
processo, de forma a favorecer o acesso ao Judiciário e a economia e celeridade
processuais. O Pretório Excelso, em controle difuso de constitucionalidade, tem
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adotado o mesmo entendimento. Na busca de interpretação do art. 8º, III, da Carta


Magna, chega-se à conclusão de que, para postular qualquer direito relacionado ao
vínculo empregatício, o sindicato profissional tem legitimação extraordinária
plena para agir no interesse de toda a categoria (...) (ARR-1265-
84.2010.5.03.0064, 3ª Turma, Relator Ministro Alberto
Luiz Bresciani de Fontan Pereira, DEJT 26/3/2013)

RECURSO DE EMBARGOS REGIDO PELA LEI 11.496/2007.


SINDICATO. SUBSTITUIÇÃO PROCESSUAL. LEGITIMIDADE ATIVA.
DIREITO A PROMOÇÕES. CORSAN. A jurisprudência desta Corte, seguindo a
diretriz preconizada pelo Supremo Tribunal Federal, pacificou o entendimento de
que o art. 8º, III, da Constituição Federal permite que os sindicatos atuem como
substitutos processuais de forma ampla, na defesa dos direitos individuais
homogêneos dos integrantes da categoria, ainda que não associados, em pequenos
grupos ou mesmo de um único substituído (E-Ag-RR - 63900-89.2007.5.03.0102,
SBDI-1, DEJT 28/10/2011). Tratando-se de pleito que envolve o direito a
promoções, assegurado em norma regulamentar da reclamada, configura-se a
origem comum do direito, de modo a legitimar a atuação do sindicato. O fato de
ser necessária a individualização, ou a apuração da situação funcional de cada
empregado em particular, para a fixação do valor devido a título de diferenças
salariais, decorrentes das promoções obstadas, não desautoriza a substituição
processual. De acordo com entendimento desta Subseção, a homogeneidade diz
respeito ao direito, e não à sua quantificação ou forma de apuração, nos termos do
art. 81, III, da Lei 8.078/90. Recurso de embargos conhecido e provido. (E-RR -
101800-68.2004.5.04.0851, SBDI-1, Relator Ministro
Augusto César Leite de Carvalho, DEJT 9/3/2012)

RECURSO DE EMBARGOS. SUBSTITUIÇÃO PROCESSUAL.


LEGITIMIDADE. HORAS EXTRAS. Esta Corte, por meio de sua SBDI1, tem
afirmado que o sindicato possui ampla legitimidade para pleitear, em juízo, todos e
quaisquer direitos dos integrantes da categoria que representa. Com ressalva de
entendimento pessoal. Recurso de embargos conhecido e desprovido. (E-RR -
45000-72.2004.5.03.0099, Relator Ministro Renato de
Lacerda Paiva, SBDI-1, DEJT 31/8/2012)

EMBARGOS EM RECURSO DE REVISTA. DECISÃO EMBARGADA


PUBLICADA NA VIGÊNCIA DA LEI Nº 11.496/2007. SUBSTITUIÇÃO
PROCESSUAL. LEGITIMIDADE. DIREITOS INDIVIDUAIS
HETEROGÊNEOS. PROMOÇÕES POR MERECIMENTO E ANTIGUIDADE.
O e. Supremo Tribunal Federal, ao julgar o processo AGREG-RE-239.477, 2ª T.,
Rel. Ministro Gilmar Mendes, DJ 03/11/2010, decidiu pelo reconhecimento da
legitimidade ativa ampla do Sindicato para a -defesa dos interesses individuais da
categoria representada-, pautando seu entendimento no fundamento de que -A
jurisprudência desta Corte é pacífica quanto à ampla legitimidade da entidade
sindical para atuar na defesa de todos e quaisquer direitos subjetivos individuais e
coletivos dos integrantes da categoria por eles representada-. Assim, diante das
reiteradas decisões da e. Corte Suprema, tem o Sindicato legitimidade ativa para
pleitear, em juízo, todos e quaisquer direitos dos integrantes da categoria que
representa. Recurso de embargos conhecido e provido. (E-RR-189700-

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PROCESSO Nº TST-RR-1635-46.2014.5.12.0008

51.2004.5.04.0411, Relator Ministro Horácio Raymundo de


Senna Pires, SBDI-1, DEJT 9/9/2011)

SUBSTITUIÇÃO PROCESSUAL – ARTIGO 8º, INCISO III, DA


CONSTITUIÇÃO FEDERAL – PRECEDENTES DO PLENÁRIO. O Tribunal,
no julgamento dos Recursos Extraordinários nº 214.830, 214.668, 213.111,
211.874, 211.303, 211.152 e 210.029 concluiu pela legitimidade ativa do
sindicato, ante o caráter linear da previsão do artigo 8º, inciso III, da Constituição
Federal, para defender em juízo direitos e interesses coletivos e individuais dos
integrantes da categoria que representam.
(...)
O Tribunal, ao assentar a legitimidade do sindicato, em substituição
processual dos trabalhadores, a teor do artigo 8º, inciso III, da Constituição
Federal, o fez assentando tal possibilidade de forma ampla, abarcando direitos
e interesses coletivos e individuais dos integrantes da categoria profissional.
(RE 217566 AgR, Relator Ministro Marco Aurélio, DJe
042, publicação em 3/3/2011 – grifei)

Agravo regimental em recurso extraordinário. 2. Sindicatos. Defesa dos


interesses individuais da categoria representada. Legitimidade ativa ampla.
Precedentes. 3. Agravo regimental a que se nega provimento. (RE 239477
AgR, Relator Ministro Gilmar Mendes, DJe 209 –
publicação em 3/11/2010 – grifei)

EMENTA: AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO


EXTRAORDINÁRIO. SINDICATO. ART. 8º, III, DA CB/88. PRECEDENTE DO
PLENÁRIO. ALTERAÇÃO NA COMPOSIÇÃO DO STF. ORIENTAÇÃO
MANTIDA PELA CORTE. 1. A orientação firmada pelo Plenário do Supremo
Tribunal Federal no sentido de que os sindicatos têm legitimidade processual
para atuar na defesa de todos e quaisquer direitos subjetivos individuais e
coletivos dos integrantes da categoria por ele representada [CB/88, art. 8º, III]
vem sendo confirmada em sucessivos julgamentos. 2. A nova composição do
Tribunal não ensejou mudança nessa orientação. Precedente. 3. Agravo regimental
a que se nega provimento. (RE 226205 AgR, Relator Ministro Eros
Grau, publicação no DJe em 22/5/2007 – grifei)

EMENTA: CONSTITUCIONAL. SUBSTITUIÇÃO PROCESSUAL.


SINDICATO. ART. 8º, III, DA CF/88. PRECEDENTE DO PLENÁRIO. I - O
Plenário do Supremo Tribunal Federal deu interpretação ao art. 8º, III, da
Constituição, e decidiu que os sindicatos têm legitimidade processual para atuar
na defesa de todos e quaisquer direitos subjetivos individuais e coletivos dos
integrantes da categoria por ele representada. II - Agravo regimental
improvido. (AI 422148 AgR, Relator Ministro Ricardo
Lewandowski, publicação no DJe em 14/11/2007– grifei)

EMENTA: PROCESSO CIVIL. SINDICATO. ART. 8º, III DA


CONSTITUIÇÃO FEDERAL. LEGITIMIDADE. SUBSTITUIÇÃO
PROCESSUAL. DEFESA DE DIREITOS E INTERESSES COLETIVOS OU
INDIVIDUAIS. RECURSO CONHECIDO E PROVIDO. O artigo 8º, III da
Constituição Federal estabelece a legitimidade extraordinária dos sindicatos para
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defender em juízo os direitos e interesses coletivos ou individuais dos integrantes


da categoria que representam. Essa legitimidade extraordinária é ampla,
abrangendo a liquidação e a execução dos créditos reconhecidos aos trabalhadores.
Por se tratar de típica hipótese de substituição processual, é desnecessária
qualquer autorização dos substituídos. Recurso conhecido e provido. (RE
210029, Relator Ministro Carlos Velloso, Tribunal
Pleno, DJ 17/8/2007 - grifei)

Não há falar nas violações apontadas.
Os julgados transcritos são inespecíficos, a teor
da Súmula nº 296 do TST, por não permitirem identificar as premissas
fáticas   examinadas   no   acórdão   regional,   notadamente   o   pedido   e   a
causa de pedir declinados na inicial. 
Não conheço.

III – ABRANGÊNCIA   DA   COISA   JULGADA   COLETIVA   ­


LIMITES   SUBJETIVOS   ­   COMPETÊNCIA   TERRITORIAL   DO   ÓRGÃO   PROLATOR   DA
DECISÃO

Conhecimento

O   Tribunal   Regional   negou   provimento   ao   Recurso


Ordinário do Reclamado, aos seguintes fundamentos:

2. LIMITES DA AÇÃO
A sentença determinou que os efeitos da ação limitam-se aos empregados do
banco réu que trabalhem ou tenham trabalhado na base territorial do sindicato-
autor e que se enquadrem no objeto pretendido da ação, mesmo que esteja fora da
jurisdição da Vara do Trabalho de Concórdia.
Pretende o recorrente a limitação da condenação à jurisdição da Vara de
origem.
O artigo 8º, III, da Constituição Federal autoriza a atuação ampla do
sindicato, na qualidade de substituto processual, mormente quando a sua função
institucional precípua é a defesa dos direitos e interesses individuais e coletivos.
Da interpretação lógico sistemática do ordenamento jurídico, contudo, extrai-se o
entendimento de que tal legitimidade sindical cinge-se à base territorial do
sindicato autor da ação coletiva.
Assim, a abrangência da coisa julgada coletiva é determinada pela base
territorial do sindicato, e não pela competência e âmbito de jurisdição do Juiz
prolator da sentença.
Nesse sentido, é o teor da Orientação Jurisprudencial nº 130 da SBDI-2 do
C. TST:

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130. AÇÃO CIVIL PÚBLICA. COMPETÊNCIA. LOCAL DO


DANO. LEI Nº 7.347/1985, ART. 2º. CÓDIGO DE DEFESA DO
CONSUMIDOR, ART. 93.
I – A competência para a Ação Civil Pública fixa-se pela
extensão do dano.
II – Em caso de dano de abrangência regional, que atinja
cidades sujeitas à jurisdição de mais de uma Vara do Trabalho, a
competência será de qualquer das varas das localidades atingidas,
ainda que vinculadas a Tribunais Regionais do Trabalho distintos.
III – Em caso de dano de abrangência suprarregional ou
nacional, há competência concorrente para a Ação Civil Pública das
varas do trabalho das sedes dos Tribunais Regionais do Trabalho.
IV – Estará prevento o juízo a que a primeira ação houver sido
distribuída.
A respeito da questão, transcrevo elucidativo trecho de acórdão do TST:
RECURSO DE REVISTA (...) 5 - AÇÃO CIVIL PÚBLICA.
SENTENÇA. EFEITOS. COISA JULGADA. ALCANCE
TERRITORIAL. 5.1. A uma primeira vista, a leitura do art. 16 da Lei
7.347/95, com redação dada pela Lei 9.494/97, parece indicar que o
legislador ordinário elegeu a competência territorial como o elemento
definidor do limite da eficácia erga omnes da sentença proferida em
sede de ação civil pública.
5.2. Essa interpretação, todavia, não se mostra a mais
consentânea com o instituto da ação coletiva, pois termina por
neutralizar os efeitos práticos do julgado ali emanado, além de
caminhar na contramão da tendência legislativa de - molecularização-
da tutela jurisdicional.
5.3. Em verdade, o que se depreende da norma em comento é
que o legislador ordinário confundiu conceitos distintos: limites
subjetivos da coisa julgada (pessoas que submetem ao comando
judicial exarado) e competência territorial (espaço geográfico dentro
da qual o juiz pode exercer a jurisdição).
5.4. Nesse passo, os limites subjetivos da coisa julgada devem
ser extraídos não do supracitado art. 16, mas sim do art. 103 da Lei
8.078/90 - CDC, o qual, por força do art. 21 da Lei 7.347/85 - LACP,
ajuda a formar o denominado microssistema processual coletivo.
5.5. Assim é que, nas demandas coletivas, a decisão proferida
pode produzir efeitos erga omnes ou ultra partes, a depender do
interesse metaindividual lesado.
5.6. Conclui-se, assim, que as regras processuais de
competência, inclusive aquelas relativas ao seu critério territorial, não
tem o condão de restringir a eficácia erga omnes da sentença civil, a
qual pode, nos casos em que o dano seja de repercussão regional ou
nacional, ultrapassar o foro judicial em que prolatada a decisão,
alcançando, portanto, todos os possíveis titulares do direito, onde
quer que se encontrem.
5.7. Precedentes desta Corte e do STJ. Recurso de revista
conhecido e não provido. (RR - 9892200-66.2005.5.09.0007 ,
Relatora Ministra: Delaíde Miranda Arantes, Data de Julgamento:
22/08/2012, 7ª Turma, Data de Publicação: DEJT 31/08/2012)
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Portanto, o alcance dos efeitos da decisão proferida pelo julgador de uma


comarca não se limita ao âmbito da competência territorial da unidade judiciária
da qual emanou a decisão, alcançando, o comando judicial, o próprio dano, na
base territorial do sindicato autor (cláusula 1ª do estatuto social – fl.10), mesmo
que inseridas em outra jurisdição.
Nego provimento. (fls. 231/235)

O  Reclamado  defende  que  o  alcance  dos  efeitos  da


sentença estão limitados à competência territorial do órgão prolator
da decisão. Afirma que o acórdão recorrido extrapolou tais limites,
uma  vez  que  a  base  territorial  do  Sindicato  está  formada,  também,
por municípios não afetos à Jurisdição do Juízo prolator da decisão.
Sustenta   a   má   aplicação   da   Orientação   Jurisprudencial   nº   130   da
SBDI­2,   considerando   que,   na   espécie,   não   se   trata   de   ação   civil
pública. Aduz violação aos arts. 8°, III, da Constituição; e 16 da
Lei n° 7.347/95. Traz arestos.
A disciplina acerca do procedimento a ser adotado
nas ações coletivas encontra­se em dois principais diplomas: Lei n°
8.078/1990 (Código de Defesa do Consumidor) e Lei n° 7.347/1985 (Lei
da Ação Civil Pública).
A   Lei   n°   7.347/1985   prevê   que   a   sentença   civil
proferida   em   ação   civil   pública,   em   que   pese   possua   efeitos  erga
omnes,   somente   faz   coisa   julgada   nos   limites   da   competência
territorial do órgão prolator, a teor do art. 16. Ao passo que a Lei
n° 8.078/1985 dispõe que a  competência para julgar as demandas que
visem à defesa de interesses individuais homogêneos será definida
com base na extensão do dano causado ou a ser reparado.
A aplicação dos dois diplomas às peculiaridades do
Processo do Trabalho foi objeto da Orientação Jurisprudencial n° 130
da SBDI-2, que dispõe:

130. AÇÃO CIVIL PÚBLICA. COMPETÊNCIA. LOCAL DO DANO. LEI


Nº 7.347/1985, ART. 2º. CÓDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR, ART.
93 (redação alterada na sessão do Tribunal Pleno realizada em 14.09.2012) - Res.
186/2012, DEJT divulgado em 25, 26 e 27.09.2012
I - A competência para a Ação Civil Pública fixa-se pela extensão do dano.
II - Em caso de dano de abrangência regional, que atinja cidades sujeitas à
jurisdição de mais de uma Vara do Trabalho, a competência será de qualquer das

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varas das localidades atingidas, ainda que vinculadas a Tribunais Regionais do


Trabalho distintos.
III - Em caso de dano de abrangência suprarregional ou nacional, há
competência concorrente para a Ação Civil Pública das varas do trabalho das sedes
dos Tribunais Regionais do Trabalho.
IV - Estará prevento o juízo a que a primeira ação houver sido distribuída.

Além disso, esta Corte tem firmado entendimento no


sentido de que, nas ações coletivas ajuizadas por sindicatos, como
no caso, além da abrangência do dano, deverá ser observado o alcance
da representatividade sindical. Nesse sentido, confira:

RECURSO DE REVISTA EM FACE DE DECISÃO PUBLICADA ANTES


DA VIGÊNCIA DA LEI Nº 13.015/2014. AÇÃO COLETIVA.
INCOMPETÊNCIA EM RAZÃO DO LUGAR. DANO DE ABRANGÊNCIA
SUPRARREGIONAL. É cediço que, em nosso ordenamento jurídico, as normas
que disciplinam o procedimento a ser adotado nas ações coletivas encontram-se
dispostas em dois principais diplomas: as Leis nºs 8.078/1990 (Código de Defesa
do Consumidor) e 7.347/85 (Lei da Ação Civil Pública). Na Lei nº 8.078/90, além
das disposições gerais que definem os interesses tutelados por via coletiva e outros
aspectos conexos, foram estabelecidas regras atinentes à competência territorial
para julgamento de demandas que visem a defesa de interesses individuais
homogêneos, consoante prescrito no artigo 93. Observa-se desse dispositivo, em
conjunto com os demais previstos no Título III do diploma citado, que a
competência será definida com base na extensão do dano causado ou a ser
reparado. Visando conceder interpretação consentânea com as peculiaridades do
Processo do Trabalho, esta Corte Superior editou a Orientação jurisprudencial nº
130 da SBDI-II, a qual, em seu inciso III, dispõe que "em caso de dano de
abrangência suprarregional ou nacional, há competência concorrente para a Ação
Civil Pública das varas do trabalho das sedes dos Tribunais Regionais do
Trabalho". Outrossim, conforme já decidido em julgados recentes do TST, além da
abrangência do dano, deverá ser observado o alcance da representatividade
sindical definida nos estatutos da entidade, nos termos do artigo 8º, II e III, da
Constituição Federal, para assim definir a competência territorial no caso concreto.
Na hipótese, conforme registrado no acórdão regional, a ação coletiva busca a
tutela de interesses individuais homogêneos dos empregados da ré, "a qual,
mantém contrato de concessão em vários Municípios, tanto no Estado de São
Paulo, quanto em Minas Gerais". Incontroverso, ainda, que o sindicato-autor
possui representatividade em municípios dos Estados de Minas Gerais e São
Paulo, nos quais a reclamada presta seus serviços. Nesse contexto, configurada a
natureza suprarregional do dano e observada a base territorial representativa do
sindicato, tenho que compete, de forma concorrente, às varas do trabalho das sedes
dos Tribunais Regionais envolvidos o julgamento da presente lide, razão pela qual
merece reparo a decisão regional. Recurso de revista de que se conhece e a que se
dá provimento parcial. (RR-1228-68.2011.5.15.0038, 7ª Turma,
Relator Ministro Cláudio Mascarenhas Brandão, DEJT de
19/12/2016)
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CONFLITO NEGATIVO DE COMPETÊNCIA. AÇÃO DE NATUREZA


COLETIVA. INCORPORAÇÃO DO BANCO NOSSA CAIXA PELO BANCO
DO BRASIL S.A. ADESÃO A NOVO REGULAMENTO. INEXISTÊNCIA DE
DANO DE ÂMBITO NACIONAL. COMPETÊNCIA DE UMA DAS VARAS DA
REGIÃO EM QUE OCORRIDO O POSSÍVEL DANO. 1. De acordo com o art.
93, I e II, do Código de Defesa do Consumidor (Lei 8.078/1990), a competência
territorial para o exame das ações civis coletivas, voltadas à tutela de direitos
individuais homogêneos, é definida pelo foro do local onde ocorreu ou deva
ocorrer o dano ou no foro da Capital do Estado ou no do Distrito Federal, nos
casos em que o dano assume expressão nacional ou regional. 2. Na espécie, o
Sindicato-autor pretende, nos autos da ação coletiva em que instaurado o presente
conflito negativo de competência, a reparação concreta de danos individuais de
caráter patrimonial, de natureza divisível, advindos de possível conduta ilícita
detectada com a edição de proposta de adesão aos empregados da Nossa Caixa ao
termo de migração lançado pelo Banco do Brasil, no qual, segundo alegado, há
previsão de renúncia a diversas vantagens já adquiridas pelos trabalhadores. 3. A
controvérsia envolve, portanto, direitos individuais homogêneos, e não direitos
coletivos (stricto sensu) ou difusos, porquanto não gravados pelas notas conjuntas
da transindividualidade e indivisibilidade, referidas no art. 81, II, do CDC. 4. O
fato de o Sindicato-autor ter, impropriamente, qualificado a ação como "civil
pública" - e não ação civil coletiva - em nada interfere na definição da natureza
jurídica dos interesses defendidos, pois, como é sabido, a tutela jurisdicional não
está atrelada à definição dada pela parte autora na petição inicial. 5. A
circunstância de o possível dano apontado na ação não afetar exclusivamente os
trabalhadores representados pelo Sindicato-autor não revela, igualmente, o condão
de ampliar o alcance subjetivo da tutela pretendida, que não pode, quando em
discussão direitos e interesses individuais homogêneos, suplantar o alcance da
própria representatividade definida nos estatutos do ente sindical (art. 8º, II e III,
da CF). Ainda que se considere conveniente e oportuno que as questões jurídicas
com repercussão massiva sejam resolvidas de forma célere e isonômica em relação
a todos os envolvidos, como expressão do próprio ideal da segurança jurídica, a
tutela dos interesses individuais homogêneos, reputados apenas acidentalmente
coletivos, por associações sindicais, não pode inibir a ação coletiva por parte de
outras entidades congêneres, no âmbito de suas respectivas representações
categoriais e geográficas. 6. Muito embora o micro-sistema processual das ações
coletivas implantado no Brasil tenha buscado inspiração no modelo norte
americano das class actions, não há previsão, entre nós, da possibilidade de o juiz
decidir, discricionariamente, se a ação reúne condições de prosseguir na forma
coletiva e de definir a abrangência do grupo representado (trata-se,
respectivamente, da class action certification e da class action definition).
Segundo o modelo aqui adotado, a representatividade adequada é ditada pela lei. E
a Lei diz que 'ao sindicato cabe a defesa dos direitos e interesses coletivos ou
individuais da categoria', evidentemente no âmbito da 'base territorial, (...) definida
pelos trabalhadores ou empregadores interessados, não podendo ser inferior à área
de um Município' (art. 8º, II e III, da CF). 7. De acordo com o item II da OJ 130 da
SBDI-2 do TST, quando o dano censurado assumir abrangência regional, atingindo
cidades sujeitas à jurisdição de mais de uma Vara do Trabalho, a competência será
de qualquer uma das varas atingidas, mesmo que vinculadas a Tribunais Regionais
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do Trabalho distintos. Na espécie, considerando que a base territorial do Sindicato-


autor abrange Bauru e vários outros municípios do Estado de São Paulo, a
competência para o processamento e julgamento da causa é do Juízo da 3ª Vara de
Bauru/SP, ora suscitado. Conflito negativo de competência admitido para declarar
a competência do Juízo da 3ª Vara de Bauru/SP, suscitado. (CC-1278-
55.2012.5.10.0020, SBDI-II, Redator Ministro Douglas
Alencar Rodrigues, DEJT de 29/4/2016)

Assim, considerando que se trata de ação coletiva


que busca a tutela de interesses individuais homogêneos dos
empregados do Réu e que o Sindicato-Autor possui representatividade
em mais de um município, não se pode limitar a abrangência da coisa
julgada coletiva ao âmbito de jurisdição do juiz prolator da
sentença, razão pela qual não merece reparos o acórdão regional.
Não diviso as violações e contrariedades
apontadas.
Os arestos colacionados não traduzem a mesma
hipótese fática dos autos, atraindo o óbice da Súmula n° 296 do TST.
Não conheço.

IV - HORAS EXTRAS - INTERVALO DO ARTIGO 384 DA CLT


- MULHER

Conhecimento

O   acórdão   recorrido   deferiu   as   horas   extras   pela


supressão do intervalo do artigo 384 da CLT, nos seguintes termos:

1. INTERVALO DO ART. 384 DA CLT


A recorrente pretende ser eximida do pagamento do intervalo do art. 384 da
CLT. Argumenta que o referido dispositivo legal não foi recepcionado pela
Constituição Federal.
De acordo com o inciso I do art. 5º da Constituição da República, "homens e
mulheres são iguais em direitos e obrigações, nos termos desta Constituição"
(destaquei). Portanto, essa norma somente pode ser analisada em conjunto com os
demais dispositivos constitucionais, senão a segunda parte do inciso seria
desnecessária. Nesse sentido, o caput do art. 7º da Constituição anuncia a proposta
de uma relação de "direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, além de outros que
visem à melhoria de sua condição social" (destaquei), de forma que não parece ser
a intenção do legislador excluir direitos que já eram garantidos por leis e
regulamentos quando do advento da norma constitucional, ainda que a um grupo
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social determinado. Ademais, entendo que a proteção legal ao trabalho


desempenhado por mulheres não ocorre pela suposta fragilidade de seu sexo, mas
é consequência das características naturais de seu organismo. Por conta das
evidentes diferenças morfológicas e fisiológicas, a mulher tem seu trabalho
protegido de forma especial, e não há notícia de que os dispositivos legais e
regulamentares responsáveis por essa proteção tenham sido revogados.
Portanto, na ausência de concessão da pausa, cabe, a exemplo dos intervalos
intra e interjornadas, a remuneração do respectivo período como suplementar.
A questão é conteúdo de súmula deste Tribunal:
SÚMULA N.º 19 - "INTERVALO DO ART. 384 DA CLT.
CONSTITUCIONALIDADE. CONCESSÃO DEVIDA. Não sendo
concedido o intervalo de que trata o art. 384 da CLT devido à
empregada o respectivo pagamento.
Inexistente inconstitucionalidade de tal dispositivo conforme decisão do
Pleno do TST.
Insta acrescentar o julgado do tema, com repercussão geral (RE 658312),
em 27-11-2014, pelo qual o Supremo Tribunal do Trabalho decidiu que a previsão
constante no art. 384 da CLT foi recepcionada pela CF.
A decisão, de relatoria do Ministro Dias Toffoli, ressaltou que as disposições
constitucionais e infraconstitucionais não impedem que ocorram tratamentos
diferenciados, desde que existentes elementos legítimos para tal. Lembrou, ainda,
que a CF estabeleceu cláusula específica de igualdade de gênero e, ao mesmo
tempo, admitiu a possibilidade de tratamento diferenciado, levando em conta a
"histórica exclusão da mulher do mercado de trabalho"; a existência de "um
componente orgânico, biológico, inclusive pela menor resistência física da
mulher"; e um componente social, pelo fato de ser comum a chamada dupla
jornada – o acúmulo de atividades pela mulher no lar e no trabalho – "que, de fato,
é uma realidade e, portanto, deve ser levado em consideração na interpretação da
norma".
Nego provimento no tópico.

Em   Recurso   de   Revista,   o   Reclamado   alega   que   o


intervalo do art. 384 da CLT não foi recepcionado pela Constituição
da   República.   Sustenta   ser   indevido   o   intervalo   do   artigo   384   da
CLT, uma vez que fere a isonomia entre homens e mulheres na relação
de emprego. Invoca o art. 384 da CLT. Colaciona arestos.
Este Eg. Tribunal Superior, no julgamento do IIN-
RR-1.540/2005-046-12-00.5, ocorrido na sessão do Pleno de
17/11/2008, decidiu que o artigo 384 da CLT foi recepcionado pela
Constituição da República. Nesse sentido, transcrevo a ementa do
citado incidente de inconstitucionalidade:

MULHER - INTERVALO DE 15 MINUTOS ANTES DE LABOR EM


SOBREJORNADA - CONSTITUCIONALIDADE DO ART. 384 DA CLT EM
FACE DO ART. 5º, I, DA CF. 1. O art. 384 da CLT impõe intervalo de 15 minutos
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antes de se começar a prestação de horas extras pela trabalhadora mulher.


Pretende-se sua não recepção pela Constituição Federal, dada a plena igualdade de
direitos e obrigações entre homens e mulheres decantada pela Carta Política de
1988 (art. 5º, I), como conquista feminina no campo jurídico. 2. A igualdade
jurídica e intelectual entre homens e mulheres não afasta a natural diferenciação
fisiológica e psicológica dos sexos, não escapando ao senso comum a patente
diferença de compleição física entre homens e mulheres. Analisando o art. 384 da
CLT em seu contexto, verifica-se que se trata de norma legal inserida no capítulo
que cuida da proteção do trabalho da mulher e que, versando sobre intervalo
intrajornada, possui natureza de norma afeta à medicina e segurança do trabalho,
infensa à negociação coletiva, dada a sua indisponibilidade (cfr. Orientação
Jurisprudencial 342 da SBDI-1 do TST). 3. O maior desgaste natural da mulher
trabalhadora não foi desconsiderado pelo Constituinte de 1988, que garantiu
diferentes condições para a obtenção da aposentadoria, com menos idade e tempo
de contribuição previdenciária para as mulheres (CF, art. 201, § 7º, I e II). A
própria diferenciação temporal da licença-maternidade e paternidade (CF, art. 7º,
XVIII e XIX; ADCT, art. 10, § 1º) deixa claro que o desgaste físico efetivo é da
maternidade. A praxe generalizada, ademais, é a de se postergar o gozo da licença-
maternidade para depois do parto, o que leva a mulher, nos meses finais da
gestação, a um desgaste físico cada vez maior, o que justifica o tratamento
diferenciado em termos de jornada de trabalho e período de descanso. 4. Não é
demais lembrar que as mulheres que trabalham fora do lar estão sujeitas a dupla
jornada de trabalho, pois ainda realizam as atividades domésticas quando retornam
à casa. Por mais que se dividam as tarefas domésticas entre o casal, o peso maior
da administração da casa e da educação dos filhos acaba recaindo sobre a mulher.
5. Nesse diapasão, levando-se em consideração a máxima albergada pelo princípio
da isonomia, de tratar desigualmente os desiguais na medida das suas
desigualdades, ao ônus da dupla missão, familiar e profissional, que desempenha a
mulher trabalhadora corresponde o bônus da jubilação antecipada e da concessão
de vantagens específicas, em função de suas circunstâncias próprias, como é o
caso do intervalo de 15 minutos antes de iniciar uma jornada extraordinária, sendo
de se rejeitar a pretensa inconstitucionalidade do art. 384 da CLT. Incidente de
inconstitucionalidade em recurso de revista rejeitado. (Relator Ministro
Ives Gandra Martins Filho, DEJT 13/2/2009)

Esta Eg. Corte acumula decisões proferidas


posteriormente ao julgamento do mencionado IIN, no sentido de serem
devidas horas extras decorrentes da não observância do intervalo do
artigo 384 da CLT. Julgados da SBDI-1: E-RR-53300-86.2009.5.01.0007,
julgados em 30/8/2012, Relator Ministro Augusto César Leite de
Carvalho, DEJT 10/9/2012; E-ED-ED-RR-500000-48.2009.5.09.0002,
julgados em 2/8/2012, Relator Ministro Aloysio Corrêa da Veiga, DEJT
10/8/2012; e E-RR-688500-25.2008.5.09.0652, julgados em 6/6/2011,
Relator Ministro Horácio Raymundo de Senna Pires, DEJT 24/6/2011.

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Assim, estando o acórdão recorrido em consonância


com a pacífica jurisprudência desta Corte, o Recurso de Revista
encontra o óbice da Súmula nº 333 e o do art. 896, § 4º, da CLT.
Não conheço.

V – DIVISOR - HORAS EXTRAS – BANCÁRIO

a) Conhecimento

O   Eg.   Tribunal   Regional   negou   provimento   ao


Recurso Ordinário do Reclamado, mantendo os fundamentos da sentença
que   determinou   a   aplicação   do   divisor   150   para   os   substituídos
sujeitos   à   jornada   de   seis   horas   e   200   para   aqueles   sujeitos   a
jornada de oito horas. Eis os fundamentos:

3. OBRIGAÇÃO DE FAZER. ADOÇÃO DOS DIVISORES 150 E 200


O recorrente pretende eximir-se da condenação ao cumprimento da
obrigação de fazer, consistente na adoção dos divisores de 150 e 200 para os
substituídos sujeitos à jornada de 6 e 8 horas, respectivamente.
Afirma que as Convenções Coletivas da Categoria não prevêem o sábado
como dia de descanso, mas somente disciplinam a repercussão das horas extras
também nesse dia (tal como já ocorria nos domingos e feriados).
Entendo que a fixação do divisor para o cálculo do salário-hora resulta de
simples operação matemática. Ora, se para o trabalhador sujeito à jornada de 44
horas semanais o divisor é "220", para aquele sujeito a 36 horas semanais é "180",
logicamente que para o empregado contratado para laborar 30 horas semanais o
divisor deverá ser "150".
Especificamente quanto ao divisor do bancário, posiciono-me no sentido de
aplicação do 180 para a jornada de seis horas, visto que o sábado, para esta
categoria, é dia útil não trabalhado (Súmula 113 do TST1).
No entanto, por ter havido alteração na jurisprudência dominante a respeito
do aplicação do divisor (Súmula 124 do 1 Súmula nº 113 do TST - BANCÁRIO.
SÁBADO. DIA ÚTIL (mantida) - O sábado do bancário é dia útil não trabalhado,
não dia de repouso remunerado. Não cabe a repercussão do pagamento de horas
extras habituais em sua remuneração.
TST, item I2), admitindo a utilização de 150 e 200 para jornada de seis e
oito horas, respectivamente, em caso de norma coletiva considerando o sábado
como dia de descanso remunerado, tenho julgado neste sentido.
E essa é a hipótese dos autos, pois há norma coletiva inserindo o sábado no
conceito de descanso semanal remunerado.
De fato, a teor da cláusula oitava das convenções coletivas de trabalho
residentes nos autos, que trata da remuneração de horas extras, quando prestadas
durante toda a semana anterior, os bancos pagarão, também, o valor
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correspondente ao repouso semanal remunerado, inclusive sábados e feriados


(CCT 2013/2014, fl. 22, por ex.).
Assim, correta a sentença que determinou a aplicação dos divisores de 150 e
200 para os substituídos sujeitos à jornada de 6 horas, e 200 para aqueles sujeitos à
jornada de 8 horas.
Nego provimento. (fls. 237/238)

O Reclamado sustenta que o divisor aplicável ao


cálculo das horas extras do trabalhador bancário submetido à jornada
de seis horas é 180 e de 200 para jornada de oito horas. Indica
contrariedade à Súmula no 124, II, "a" e "b", do TST e violação aos
arts.   64,  caput,   da   CLT   e   7°,   XIII,   XV   e   XXVI,   da   Constituição.
Colaciona arestos à divergência.
Com a nova sistemática introduzida pela Lei nº
13.015/2014, que incluiu o art. 896-C à CLT, a questão controvertida
foi afeta à Subseção I Especializada em Dissídios Individuais desta
Corte, para o julgamento do Incidente de Recurso Repetitivo TST­IRR­
849-83.2013.5.03.0138 (Tema Repetitivo nº 0001 - BANCÁRIO. SALÁRIO-
HORA. DIVISOR. FORMA DE CÁLCULO. EMPREGADO MENSALISTA).
Em sessão realizada em 21/11/2016, a C. SBDI­1, em
composição   Plena,   definiu  as teses jurídicas para o aludido tema
repetitivo, revestidas de observância obrigatória, na forma dos
arts. 896-C da CLT, 926, § 2º, e 927 do NCPC, e em consonância com a
Resolução nº 235/2016, do Conselho Nacional de Justiça. Estes são os
termos:

1. O número de dias de repouso semanal remunerado pode ser ampliado por


convenção ou acordo coletivo de trabalho, como decorrência do exercício da
autonomia sindical (decidido por unanimidade); 2. O divisor corresponde ao
número de horas remuneradas pelo salário mensal, independentemente de serem
trabalhadas ou não (decidido por maioria); 3. O divisor aplicável para cálculo
das horas extras do bancário, inclusive para os submetidos à jornada de oito
horas, é definido com base na regra geral prevista no artigo 64 da CLT
(resultado da multiplicação por 30 da jornada normal de trabalho), sendo 180
e 220, para a jornada normal de seis e oito horas, respectivamente (decidido
por maioria); 4. A inclusão do sábado como dia de repouso semanal
remunerado, no caso do bancário, não altera o divisor, em virtude de não
haver redução do número de horas semanais, trabalhadas e de repouso
(decidido por maioria); 5. O número de semanas do mês é 4,2857, resultante da
divisão de 30 (dias do mês) por 7 (dias da semana), não sendo válida, para efeito
de definição do divisor, a multiplicação da duração semanal por 5 (decidido por
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maioria); 6. Em caso de redução da duração semanal do trabalho, o divisor é


obtido na forma prevista na Súmula n. 431 (multiplicação por 30 do resultado da
divisão do número de horas trabalhadas por semana pelos dias úteis) (decidido por
maioria). (destaquei)

Consolidou-se, ainda, naquela oportunidade, o


entendimento de que "as cláusulas dos ACT's e das CCT's comportam interpretação
restritiva, mais afinada ao contexto em que firmadas e em observância ao princípio da boa fé objetiva,
no sentido de que ali se assegurou tão-somente a repercussão no sábado de horas extras prestadas
durante toda a semana" (destaquei), não há falar em previsão normativa do
sábado como dia de descanso remunerado. Eis o teor do entendimento
prevalecente:

(...) Prevaleceu nesse tema, contudo, a fundamentação adotada pelo


Exmo. Sr. Ministro Revisor, João Oreste Dalazen, a qual peço vênia para
transcrever, considerando que acolhidas, como foram, pelo Colegiado, passam a
compor as razões de decidir:
"Como já tive oportunidade de externar ao julgar recursos de revista e
agravos de instrumento na Quarta Turma, penso que as normas coletivas em
análise, tal como dispõem de forma expressa, asseguraram simplesmente a
repercussão de horas extras habituais na remuneração do sábado do bancário.
Isso, contudo, não implicou reconhecer o sábado como mais um dia de descanso
semanal remunerado para efeito da incidência dos divisores 150 ou 200, nos
termos em que sinaliza a atual redação da Súmula nº 124, I, alíneas "a" e "b".
Entendo que as cláusulas dos acordos e das convenções coletivas de
trabalho, já referidas, objetivaram exclusivamente afastar o entendimento
jurisprudencial consolidado na Súmula nº 113 do TST, cujo teor é de todos
conhecido: "O sábado do bancário é dia útil não trabalhado, não dia de repouso
remunerado. Não cabe a repercussão do pagamento de horas extras habituais em
sua remuneração." Cumpre ter presente, antes de mais nada, cuidar-se de
cláusula benéfica, ao permitir, em sentido contrário à jurisprudência consolidada
no TST, que as horas extras prestadas durante toda a semana repercutam no
sábado do bancário. Para tanto, e apenas nessa peculiar circunstância, no
contexto das normas coletivas, o que se quis iniludivelmente foi emprestar ao
sábado o mesmo tratamento concedido ao descanso semanal remunerado.
Por se tratar de norma jurídica nitidamente ditada a beneficiar os
bancários, penso que em boa exegese não se lhe deve conferir alcance ampliativo
para nela ler o que nela não se afirma. Por traduzir cláusula mais benéfica,
parece-me que, ao contrário, é imperativo conferir-se interpretação restritiva à
referida cláusula, consoante dispõe o artigo 114 do Código Civil.
De outro lado, entendo que se impõe, no particular, tomar em conta o
princípio da boa fé objetiva que deve nortear não só as relações contratuais
privadas, mas também o processo de negociação coletiva, no âmbito do Direito
Coletivo do Trabalho.
Neste passo, não compartilho, data venia, do entendimento esposado pelo
Exmo. Ministro Relator, no que sustentou, em seu voto (fl. 35), que "ficam
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PROCESSO Nº TST-RR-1635-46.2014.5.12.0008

comprometidas as alegações de violação ao princípio da boa-fé objetiva (...)",


formuladas por entidades que integram a relação processual na condição de
amici curiae.
A fundamentação de que se valeu Sua Excelência, nesse aspecto, assenta-
se no pressuposto de que "nenhum dos contendores carreou aos autos documentos
que pudessem identificar a real intenção no processo de negociação".
Se é certo que efetivamente as partes não lograram elucidar, de forma mais
profunda, como desejável, a razão de ser da estipulação das cláusulas em foco,
não menos certo que de outros elementos pode-se inferir a boa fé e o real escopo
com que firmada, desde a sua origem.
Penso que a "real intenção no processo de negociação" extrai-se
primeiramente a partir do próprio conteúdo das cláusulas dos ACT's e das CCT's.
Esse exame, a meu juízo, não conduz a outro resultado senão o de que em
momento algum se quis avençar, e efetivamente não se avençou, mediante
negociação coletiva, a alteração do divisor do salário hora dos bancários.
Se se objetivasse realmente disciplinar a respeito do divisor para o cálculo
do salário-hora do bancário, bastaria que se estipulasse cláusula expressa nesse
sentido, nos acordos e nas convenções coletivas de trabalho. Não é, contudo, o
que se observa nos sucessivos acordos e convenções coletivas de trabalho
firmados pela categoria dos bancários, os quais, como é cediço, cingiram-se a
reproduzir o teor de cláusula que tratava unicamente da repercussão das horas
extras habituais nos sábados.
Impende realçar, aqui, que, como é público, notório e incontroverso, o
teor da cláusula 8ª da Convenção Coletiva de Trabalho 2007/2008, dirigida aos
Bancos privados, é o mesmo desde 1985.
Em contrapartida, pelo menos no âmbito do TST, datam apenas de 2009 e
2010 os primeiros julgados em que se detecta a discussão acerca do conteúdo da
referida cláusula, ou de cláusulas semelhantes de outros instrumentos,
relativamente à natureza do sábado do bancário.
Semelhante conclusão infere-se a partir do exame dos julgados que
serviram de precedentes para a edição da atual redação da Súmula nº 124, item I,
alíneas "a" e "b" (Precedentes: RR-136900-36-2005-5-02-0033, 3ª Turma, Rel.
Min. Alberto Luiz Bresciani, DEJT 25/9/2009; RR-90300-15-2007-5-10-0016, 5ª
Turma, Rel. Min. Emmanoel Pereira, DEJT 28/5/2010; RR-188485-44-2003-5-05-
0024, 3ª Turma, Rel. Min. Rosa Maria Weber, DEJT 10/9/2010).
Constata-se, pois, que, mesmo sob o pálio de cláusula desse jaez,
sucessivamente renovada até os dias de hoje, passaram-se cerca de 24 anos sem
que os sindicatos representantes da categoria profissional questionassem o divisor
para cálculo de horas extras dos bancários, tampouco indagassem a natureza do
sábado, para esse fim.
A meu juízo, a inércia das combativas entidades sindicais representativas
da categoria profissional, por mais de duas décadas, traduz, pelo eloquente
silêncio, forma de manifestação de vontade de que, de boa fé, o que se avençou foi
tão somente a repercussão de horas extras habituais nos sábados.
Com efeito. Se por mais de duas décadas os sindicatos de bancários não
postularam o reconhecimento judicial de que a cláusula controvertida assegura
mais um dia de descanso semanal ao bancário, com repercussão no divisor para
o cálculo das horas extras, tal conduta permite inferir e concluir igualmente
que, ao celebrarem os acordos e as convenções coletivas de trabalho, os
sindicatos tinham os olhos fitos tão somente na obtenção da repercussão das
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horas extras habituais nos sábados, precisamente o que a Súmula nº 113 do TST
não lhes assegurava.
De outra parte, o próprio teor de outras normas coletivas inseridas nos
mesmos ACT e CCT igualmente demonstra o propósito das partes signatárias
em manter a natureza do sábado como dia útil não trabalhado.
É o caso, por exemplo, do já aludido § 5º da Cláusula 3ª do Acordo
Coletivo de Trabalho 2007/2008, firmado com a Caixa Econômica Federal
(processo RR-144700-24.2013.5.13.0003, representativo da controvérsia).
Após tratar da repercussão das horas extras habituais nos sábados (§ 3º),
o aludido § 5º da polêmica cláusula 3ª do ACT 2007/2008 disciplina a
possibilidade de compensação de horas extras prestadas. Reza, a propósito, que
"as horas a compensar, consoante o Parágrafo Primeiro, deverão ser computadas
desconsiderando-se os dias de descanso remunerado e dias úteis não trabalhados
(sábados, domingos e feriados)". Aqui não me parece haver dúvida de que o
sábado continua a ostentar a natureza de dia útil não trabalhado, uma vez que,
insisto, não faria sentido atribuir tal natureza, de dia útil, aos domingos ou
feriados.
Significativa também e digna de destaque para realçar a real intenção das
partes é a Cláusula 23ª da Convenção Coletiva de Trabalho dirigida aos Bancos
privados, vigente no biênio 2007/2008 e juntada ao processo principal (RR-849-
83.2013.5.03.0138).
Ao dispor sobre as ausências legais previstas no artigo 473, I, II, III, e IV,
da CLT, as partes convenentes estabeleceram, de forma clara, no parágrafo único
da referida Cláusula 23ª, que "para efeito desta cláusula, sábado não será
considerado dia útil" (fls. 56/57 do processo principal). Houve aí, como se
percebe, expressa e textual manifestação de vontade das partes no sentido de
alterar a natureza do sábado apenas para o fim de disciplinar as ausências legais.
Vale dizer: quando a norma coletiva quis afastar o sábado como dia útil
não trabalhado, disse-o com todas as letras.
Tenho presente que o Exmo. Ministro Relator faz uma leitura diversa da
cláusula 23ª da CCT 2007/2008. Conforme Sua Excelência, referida cláusula
"seguiu a mesma linha e apenas reforçou a ideia de que houve, de fato, alteração
da natureza jurídica do sábado".
Se é certo que tanto a Cláusula 23ª, quanto a Cláusula 8ª, § 1º, ambas da
CCT 2007/2008, de fato seguiram a mesma linha, entendo, ao contrário do Exmo.
Ministro Relator, que isso se deu apenas para transmudar a natureza do sábado
do bancário em circunstâncias pontuais e expressamente especificadas, a saber:
ausências legais e repercussão de horas extras.
Ademais, é forçoso convir que, a não se entender assim, estar-se-ia
chancelando uma verdadeira "balbúrdia contábil" no que concerne ao divisor
para cálculo de horas extras no caso de empregados faltosos de Bancos privados.
Tendo em vista que apenas quando "prestadas durante toda a semana anterior" as
horas extras refletem no sábado do bancário, a adoção de uma interpretação
ampliativa das normas coletivas implicaria reconhecer que um mesmo empregado
poderia submeter-se a divisores distintos ao longo da semana. Bastaria, para
tanto, que se ausentasse injustificadamente do trabalho um dia ou mais no curso
da mesma semana. As faltas injustificadas, portanto, repercutiriam diretamente no
número de horas extras prestadas durante o módulo semanal e, em consequência,
no cálculo do divisor.

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PROCESSO Nº TST-RR-1635-46.2014.5.12.0008

Não me parece razoável e desejável, todavia, adotar-se uma solução desse


jaez, em que a tônica para obtenção do divisor seja o casuísmo. Isso exigiria do
departamento de recursos humanos das empresas a adoção de "malabarismos"
matemáticos no cálculo do divisor aplicável à categoria dos bancários -- de
elevado grau de complexidade e de especificidade em relação à situação
individual de cada empregado, e, por isso mesmo, mais suscetível a resultados
equivocados.
Em síntese, no tocante à primeira questão jurídica relevante, discordo do
Exmo Ministro Relator, data venia, acerca do alcance das normas jurídicas em
foco: entendo que as cláusulas dos ACT's e das CCT's comportam interpretação
restritiva, mais afinada ao contexto em que firmadas e em observância ao
princípio da boa fé objetiva, no sentido de que ali se assegurou tão-somente a
repercussão no sábado de horas extras prestadas durante toda a semana.
Eis as razões pelas quais não compartilho da premissa exposta no douto
voto do Exmo. Ministro Relator, de que 'as partes objetivaram definir os sábados
como dias de repouso semanal remunerado'"
Destaco, porém, que, a partir da fundamentação desenvolvida a seguir, a
natureza jurídica atribuída ao sábado deixa de ter relevância para a definição do
divisor aplicável às horas extras do bancário, na medida em que o este Tribunal
sempre utilizou o critério de cálculo definido no artigo 64 da CLT. (destaquei
– TST-IRR-849-83.2013.5.03.0138, Relator Ministro
Cláudio Mascarenhas Brandão, Subseção I Especializada
em Dissídios Individuais, DEJT 19/12/2016)

Os efeitos da decisão foram modulados da seguinte


forma:

Por maioria, modular os efeitos dessa decisão, a fim de definir que a nova
orientação será aplicada: a) a todos os processos em curso na Justiça do Trabalho,
à exceção apenas daqueles nos quais tenha sido proferida decisão de mérito sobre
o tema, emanada de Turma do TST ou da SBDI- 1, no período de 27/09/2012
(DEJT em que se publicou a nova redação da Súmula 124, I, do TST) até
21/11/2016 (data de julgamento do presente IRR); b) às sentenças condenatórias
de pagamento de hora extra de bancário, transitadas em julgado, ainda em fase de
liquidação, desde que silentes quanto ao divisor para o cálculo. Definidos esses
parâmetros, para o mesmo efeito e com amparo na orientação traçada pela Súmula
n. 83 deste Tribunal, as novas teses não servirão de fundamento para a procedência
de pedidos formulados em ações rescisórias.

Consoante a atual jurisprudência desta Corte, o


divisor aplicável ao cálculo das horas extras do bancário com
jornada de seis horas é 180, e de oito horas é 220. As normas
coletivas não tiveram o condão de modificar a natureza do sábado
como dia útil não trabalhado (Súmula nº 113 do TST) e eventual
ampliação dos dias de repouso semanal remunerado, pela inclusão do
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PROCESSO Nº TST-RR-1635-46.2014.5.12.0008

sábado, no caso do bancário, não altera o divisor, em virtude de não


haver redução do número de horas semanais, trabalhadas e de repouso.
Nessa esteira, confira­se a nova redação da Súmula
nº 124 do TST:

BANCÁRIO. SALÁRIO-HORA. DIVISOR (alteração em razão do


julgamento do processo TST-IRR 849-83.2013.5.03.0138) - Res. 219/2017, DEJT
divulgado em 28, 29 e 30.06.2017 – republicada - DEJT divulgado em 12, 13 e
14.07.2017
I - o divisor aplicável para o cálculo das horas extras do bancário será:
a) 180, para os empregados submetidos à jornada de seis horas prevista no
caput do art. 224 da CLT;
b) 220, para os empregados submetidos à jornada de oito horas, nos termos
do § 2º do art. 224 da CLT.
II – Ressalvam-se da aplicação do item anterior as decisões de mérito sobre
o tema, qualquer que seja o seu teor, emanadas de Turma do TST ou da SBDI-I, no
período de 27/09/2012 até 21/11/2016, conforme a modulação aprovada no
precedente obrigatório firmado no Incidente de Recursos de Revista Repetitivos nº
TST-IRR-849-83.2013.5.03.0138, DEJT 19.12.2016.

Conheço, por violação ao art. 64 da CLT.

b) Mérito

Uma vez conhecido o Recurso de Revista por má


aplicação de súmula de jurisprudência do TST, dou-lhe provimento
para determinar a aplicação dos divisores 180 e 220 ao cálculo das
horas extras, respectivamente, às jornadas de seis e oito horas.

VI – HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS

O Tribunal Regional negou provimento ao Recurso


Ordinário do Reclamado, mantendo os fundamentos da sentença que
deferiu o pagamento dos honorários advocatícios no percentual de 15%
(quinze por cento). Eis o voto:

5. HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS
O reclamado pretende afastar a condenação ao pagamento de honorários
advocatícios.
Argumenta que o sindicato não juntou aos autos documentação necessária e
suficiente a comprovar eventual precariedade de suas finanças.
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PROCESSO Nº TST-RR-1635-46.2014.5.12.0008

O entendimento dominante do E. TST, na nova redação da Súmula nº 219,


item III3, é o de que são devidos honorários nas causas em que o ente sindical
figure como substituto processual.
Não há, pois, o que reformar na sentença.
Nego provimento.

Em   Recurso   de   Revista,   o   Reclamado   afirma   não


haver comprovação nos autos de que os substituídos percebem salário
inferior   ao   dobro   do   salário   mínimo   ou   que   estão   em   situação
econômica   que   não   permita   demandarem   sem   prejuízo   do   próprio
sustento ou de suas famílias. Alega que foi indeferido os benefícios
da justiça gratuita pela sentença. Aponta contrariedade à Súmula nº
219,   I,   do   TST   e   violação   aos   arts.   14   da   Lei   n°   5.584/70;   2°,
parágrafo único, da Lei n° 1.060/50; 514, "a", e 790, § 1°, da CLT.
Traz arestos.
Nos termos da Súmula nº 219, III, desta Corte, "são
devidos honorários advocatícios ao sindicato nas causas em que o ente sindical figure como substituto
processual.".
O sindicato tem jus ao recebimento de honorários
assistenciais pela simples sucumbência da parte contrária, ou seja,
quando o ente sindical resultar vencedor em demanda em que atua na
qualidade de substituto processual, independentemente da exigência
de comprovação da hipossuficiência de cada um dos substituídos.
Nesse sentido:

(...) EMBARGOS REGIDOS PELA LEI Nº 11.496/2007.


INTERPOSIÇÃO PELO SINDICATO. HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS.
SUBSTITUIÇÃO PROCESSUAL. PREENCHIMENTO DOS REQUISITOS
PREVISTOS NA LEI Nº 5.584/70.
O Tribunal Superior do Trabalho, em face do cancelamento da Súmula nº
310, item VIII, desta Corte e na linha das diretrizes traçadas pelas Súmulas
nos 219 e 329 do TST, havia pacificado o entendimento de que o sindicato, na
condição de substituto processual da categoria profissional, faz jus à percepção
dos honorários de advogado, desde que preenchidos os requisitos elencados no
artigo 14 da Lei nº 5.584/70. Contudo, a jurisprudência desta Corte recentemente
evoluiu ainda mais para firmar o entendimento de que o sindicato faz jus ao
recebimento de honorários assistenciais pela simples sucumbência da parte
contrária, ou seja, quando o ente sindical resultar vencedor em demanda em que
atua na qualidade de substituto processual, independentemente da exigência de
comprovação da hipossuficiência de cada um dos substituídos. Para tanto, o
Tribunal Pleno desta Corte, em sessão extraordinária realizada no dia 24/5/2011,
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PROCESSO Nº TST-RR-1635-46.2014.5.12.0008

aprovou a nova redação da Súmula nº 219 desta Corte, incluindo o item III ao
referido verbete, o qual dispõe: "HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS. HIPÓTESE
DE CABIMENTO (nova redação do item II e inserido o item III à redação) - Res.
174/2011, DEJT divulgado em 27, 30 e 31.05.2011 (...) III - São devidos
os honorários advocatícios nas causas em que o ente sindical figure
como substituto processual e nas lides que não derivem da relação de emprego".
Desse modo, tendo o sindicato atuado como substituto processual, desnecessária a
declaração de miserabilidade econômica dos substituídos, sendo-lhe devidos
os honorários advocatícios.
Embargos conhecidos e providos. (E-ED-RR-76500-
31.2006.5.05.0003, SBDI-1, Relator Ministro José
Roberto Freire Pimenta, DEJT de 29/9/2017)

(...) RECURSO DE REVISTA ADESIVO INTERPOSTO PELO


SINDICATO DOS ENFERMEIROS NO ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL
HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS. SINDICATO. SUBSTITUTO
PROCESSUAL. DEVIDOS OS HONORÁRIOS. O Tribunal Superior do
Trabalho, em face do cancelamento da Súmula nº 310, item VIII, desta Corte e na
linha das diretrizes traçadas pelas Súmulas nos 219 e 329 do TST, havia pacificado
o entendimento de que o sindicato, na condição de substituto processual da
categoria profissional, faz jus à percepção dos honorários de advogado, desde que
preenchidos os requisitos elencados no artigo 14 da Lei nº 5.584/70. Contudo, a
jurisprudência desta Corte recentemente evoluiu ainda mais para firmar o
entendimento de que o sindicato faz jus ao recebimento de honorários assistenciais
pela simples sucumbência da parte contrária, ou seja, quando o ente sindical
resultar vencedor em demanda em que atua na qualidade de substituto processual,
independentemente da exigência de comprovação da hipossuficiência de cada um
dos substituídos. Para tanto, o Tribunal Pleno desta Corte, em sessão
extraordinária realizada no dia 24/05/2011, aprovou a nova redação da Súmula nº
219 desta Corte, incluindo o item III ao referido verbete, o qual dispõe que: "São
devidos os honorários advocatícios nas causas em que o ente sindical figure como
substituto processual e nas lides que não derivem da relação de emprego" (Res.
174/2011, DEJT divulgado em 27, 30 e 31/05/2011). Recurso de revista conhecido
e provido. (RR-22500-97.2009.5.04.0102, Relator Ministro
José Roberto Freire Pimenta, 2ª Turma, DEJT 29/4/2016 -
destaquei)

(...) 3. SINDICATO. SUBSTITUTO PROCESSUAL. HONORÁRIOS


ADVOCATÍCIOS. SÚMULA Nº 219, III. NÃO CONHECIMENTO. São devidos
honorários advocatícios quando o sindicato atua como substituto processual,
independentemente da exigência de comprovação da hipossuficiência de cada um
dos substituídos. Inteligência da Súmula nº 219, III. Precedentes da Corte. Recurso
de revista de que não se conhece. (RR-62-78.2011.5.01.0203 ,
Relator Ministro Guilherme Augusto Caputo Bastos, 5ª
Turma, DEJT 11/3/2016 - destaquei)

(...) HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS. SINDICATO. SUBSTITUTO


PROCESSUAL 1 - Recurso de revista sob a vigência da Lei nº 13.015/2014 e
foram atendidos os requisitos do art. 896, § 1.º-A, da CLT. 3 - Este Tribunal
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PROCESSO Nº TST-RR-1635-46.2014.5.12.0008

pacificou entendimento de que o sindicato, na condição de substituto processual da


categoria profissional, faz jus à percepção dos honorários advocatícios, nos termos
da Súmula nº 219, III, desta Corte, segundo o qual: "III - São devidos os
honorários advocatícios nas causas em que o ente sindical figure como substituto
processual e nas lides que não derivem da relação de emprego". 4 - Assim, os
honorários advocatícios devem ser deferidos ao ente sindical, na qualidade de
substituto processual, sem que lhe seja exigível a comprovação de preenchimento
do requisito previsto no art. 14 da Lei nº 5.584/1970, qual seja, a comprovação de
que os empregados por ele substituídos teriam situação econômica que não lhes
permitiria demandar sem prejuízo do próprio sustento ou da família. 5 - Agravo de
instrumento a que se nega provimento. (AIRR-1751-49.2011.5.03.0027,
Relatora Ministra Kátia Magalhães Arruda, 6ª Turma,
DEJT 11/3/2016 - destaquei)

Não diviso as violações e contrariedade apontadas.


O aresto transcrito encontra-se superado, na forma
da Súmula n° 333 do TST.
Não conheço.

ISTO POSTO

ACORDAM  os   Ministros   da   Oitava   Turma   do   Tribunal


Superior do Trabalho, por unanimidade,  conhecer no tema "DIVISOR -
HORAS EXTRAS – BANCÁRIO", por violação ao art. 64 da CLT, e, no
mérito, dar-lhe provimento para determinar a aplicação dos divisores
180 e 220 ao cálculo das horas, respectivamente, às jornadas de seis
e oito horas; dele não conhecer quanto aos demais temas.
Brasília, 11 de abril de 2018.

Firmado por assinatura digital (MP 2.200-2/2001)


MARIA CRISTINA IRIGOYEN PEDUZZI
Ministra Relatora

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