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EXCELENTÍSSIMA SENHORA DOUTORA JUÍZA DO TRABALHO DA 1ª

VARA DO TRABALHO DE xxxxxx

Processo nº:

AS RECLAMADAS, já qualificadas nos autos da


RECLAMAÇÃO TRABALHISTA em epígrafe, em atenção à intimação que lhe
foi feita, vem, respeitosamente, por seus procuradores que esta subscrevem,
dizer à V.Exa que referente à conclusão do Laudo Pericial:
Primeiramente, verifica-se que o expert entra em contradição,
ora afirmando que existe periculosidade, e ora concluindo que não existe, tudo
no mesmo tópico.
Obviamente, a reclamada não pode concordar com a
conclusão pericial de existência de periculosidade.
Isso porque, segundo o expert, a função do reclamante é de
motorista/condutor/operador de colheitadeira e ainda afirmando que conduzia
outros veículos; E a periculosidade, segundo o expert seria porque,
supostamente o reclamante ficaria acompanhando visualmente o
abastecimento do veículo que conduzia.
Por óbvio que essa interpretação não deve prevalecer.
Vejamos que em nenhum momento fica configurado que o
reclamante exercesse qualquer atividade que o enquadre como operador de
área de risco.
Além disso, o expert não apurou sequer quantas ocorrências
de abastecimento na semana, e com qual duração cada.
Inclusive, o expert também não aponta a diferenciação para
cada tipo de veículo que o mesmo alega que o reclamante conduzia, e nem em
quais períodos.
Todavia, a despeito de todas essas condições, ainda assim, é
fato que o simples fato de permanecer próximo ao veículo durante o
abastecimento não garante ao reclamante, que tinha função diversa e sequer
participava efetivamente do abastecimento do veículo, o direito ao adicional de
periculosidade, pois totalmente descoberto por qualquer determinação legal.
Neste sentido a jurisprudência:

RECURSO DE EMBARGOS INTERPOSTO PELO


RECLAMANTE SOB A ÉGIDE DA LEI N.º 11.496/2007.
ADICIONAL DE PERICULOSIDADE. EXPOSIÇÃO AO
AGENTE DE RISCO
(INFLAMÁVEIS). MOTORISTA QUE ACOMPANHA
O ABASTECIMENTO DE VEÍCULO. 1. A colenda SBDI-I
do Tribunal Superior do Trabalho consagrou
entendimento no sentido de que não é devido o
pagamento do adicional de periculosidade ao empregado
que apenas acompanha o abastecimento de veículo,
efetuado por terceiro. 2. Com efeito, nos termos do
disposto no Anexo 2 da NR-16 do Ministério do Trabalho,
são consideradas perigosas apenas as atividades
realizadas" na operação em postos de serviço de
bombas de  abastecimento  de inflamáveis líquidos " ,
fazendo-se expressa menção ao" operador de bomba e
trabalhadores que operam na área de risco " . 3. Recurso
de embargos conhecido e provido. (E-RR-112400-
50.2007.5.04.0203, Relator Ministro Lelio Bentes Corrêa,
DEJT 21/11/2014)

RECURSO DE EMBARGOS REGIDO PELA


LEI 11.496/2007. ADICIONAL DE PERICULOSIDADE.
OPERADOR DE MÁQUINA
AGRÍCOLA. ABASTECIMENTO POR MOTORISTA DE
CAMINHÃO COMBOIO. CONTRARIEDADE À SÚMULA
364 DO TST NÃO CONFIGURADA. De acordo com as
premissas estabelecidas pelo Tribunal Regional, e
reproduzidas pela Turma, os abastecimentos com óleo
diesel das máquinas agrícolas operadas pelo reclamante
eram realizadas diariamente por motorista de caminhão
comboio, com tempo de abastecimento inferior a sete
minutos. Trata-se, portanto, de exposição intermitente
em que o operador de máquinas apenas acompanha
o abastecimento do equipamento realizado por terceiro,
circunstância não ensejadora da aludida contrariedade à
Súmula 364 do TST. Em casos análogos, esta Subseção
vem se posicionando no sentido de ser indevido o
adicional de periculosidade se o motorista apenas
acompanha o abastecimento do veículo. Tal
entendimento prevaleceu no julgamento do processo nº
E-ED-RR-5100-49.2005.5.15.0120, em sessão desta
Subseção realizada no dia 23/08/2012, em que foi fixada
a tese de que o Quadro 3 do Anexo 2 da NR 16 do
Ministério do Trabalho, ao classificar as atividades
perigosas realizadas na operação em postos de bombas
de abastecimento de inflamáveis líquidos, faz referência
apenas ao " operador de bomba e trabalhadores que
operam na área de risco " . Há precedentes. Recurso de
embargos não conhecido. (E-ED-RR-594-
54.2010.5.15.0120, Relator Ministro Augusto César Leite
de Carvalho, DEJT 28/03/2014)

RECURSO DE EMBARGOS INTERPOSTO PELA


RECLAMADA. RECURSO DE REVISTA. ADICIONAL
DE PERICULOSIDADE. MOTORISTA QUE
ACOMPANHA ABASTECIMENTO DE VEÍCULO.
ADICIONAL INDEVIDO. Nos termos do entendimento
desta Subseção Especializada,
o mero acompanhamento do abastecimento de veículo
realizado por terceiro não enseja o direito ao adicional
de periculosidade, mormente porque o Quadro nº 3 do
Anexo nº 2 da NR 16 do Ministério do Trabalho, ao
declarar como perigosa as atividades realizadas" na
operação em postos de serviço de bombas
de  abastecimento  de inflamáveis líquidos " , faz
expressa menção ao" operador de bomba e
trabalhadores que operam na área de risco " . Recurso
de embargos conhecido e provido. (E-RR-15500-
02.2008.15.0029, Relatora Ministra Dora Maria da Costa,
DEJT 30/10/2013)

ADICIONAL DE PERICULOSIDADE - MOTORISTA QUE
ACOMPANHA ABASTECIMENTO DE VEÍCULO
- AUSÊNCIA DE RISCO ACENTUADO. A Norma
Regulamentadora 16 do Ministério do Trabalho somente
define como perigosa a atividade de contato direto do
trabalhador com o inflamável no momento
de abastecimento do veículo. O simples fato de o Autor
acompanhar o reabastecimento do caminhão que dirige
não configura risco acentuado apto a ensejar o
pagamento do adicional de periculosidade. Embargos
parcialmente conhecidos e providos. (E-ED-RR - 5100-
49.2005.5.15.0120 , Redatora Ministra: Maria Cristina
Irigoyen Peduzzi, Data de Julgamento: 23/08/2012,
Subseção I Especializada em Dissídios Individuais, Data
de Publicação: DEJT 10/09/2012)

O C. TST firmou entendimento de que o empregado que


apenas acompanha o abastecimento do veículo, que conduz, não configura
situação de risco suficiente para o deferimento do adicional de periculosidade,
considerando que o Quadro 3 do Anexo 2 da Norma Regulamentadora nº 16,
aprovada pela Portaria nº 3.214/78 do Ministério do Trabalho e Emprego,
confere o referido adicional especificamente ao operador de bomba e aos
trabalhadores que operam na área de risco. (TST - AIRR:
111825820165150008, Relator: Douglas Alencar Rodrigues, 5ª Turma, Data
de Publicação: 05/11/2020)
O reclamante sequer pode ser considerado operador da área
de risco, como não se enquadra nas condições que lhe garantiriam o referido
adicional como farta jurisprudência acima.
A reclamada não pode concordar com o laudo pericial seja
pela periculosidade, seja pelas inúmeras falhas demonstradas, assim como
desde já impugna as atividades que o expert afirma serem exercidas pelo
reclamante e que não são admitidas em contestação.
As funções e períodos trabalhados pelo reclamante são
exatamente aqueles constantes da contestação e documentos que a
acompanham, ficando impugnado quaisquer outros que contradizem tais
informações.
Portanto, fica desde já impugnado o laudo pericial se apontar
qualquer função em período diverso do informado acima.
O reclamante sempre fez uso de todos os EPIs, não fazendo
jus a qualquer adicional de insalubridade, assim como não faz jus a qualquer
adicional de periculosidade pois não há sequer preenchimento dos requisitos
legais.
A atividade do reclamante não é periculosa.
Por fim, é certo que não se pode enquadrar o mero
acompanhamento de abastecimento realizado por terceiro como periculoso, até
porque situação que não se enquadram como habitual e intermitente.
O reclamante não tem direito ao adicional de periculosidade 
correspondente ao período de abastecimento do veículo, ainda que se
comprove que tenha efetivamente permanecido na área de risco, já que não
era ele quem lidava com o combustível. Ou seja, ele não se enquadra dentre
aqueles que "operam na área de risco” 
Portanto, mais uma vez demonstra-se que o laudo não está
coerente com a realidade fática e possui inúmeras contradições, bem como não
houve uma apuração clara e inequívoca, motivo pelo qual não poderá ser
acolhido.
Protesta provar o alegado, inclusive atividades desempenhadas
pelo reclamante e locais de trabalho, bem como tempo, em audiência, por meio
de depoimento pessoal e testemunhal.

Requer seja o expert intimado a responder os seguintes quesitos:

1) O que o expert entende por operador de área de risco?


2) O reclamante exercia alguma atividade durante o abastecimento? Em
caso afirmativo, qual? Com base em quais evidencias o expert faz tal
afirmação?
3) Qual a capacidade de combustível que cabia em cada veículo citado no
laudo pericial?
4) Qual o tempo de abastecimento de cada veículo citado no laudo
pericial?
5) O expert ao informar que o reclamante se ativava em caminhão, pode
indicar em quais períodos entende que tal fato ocorreu e por quais
elementos chegou a tal conclusão?
6) Na situação de ficar comprovado que o reclamante se ativava em
caminhão pipa ou caminhão tipo bombeiro, entende o expert que o
reclamante acompanhava o abastecimento do mesmo? Em que local se
dava o abastecimento do referido caminhão?

Termos em que,
Pede Deferimento

Passos, 23 de setembro de 2022.

adv
OAB/ xxxxx

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