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EXCELENTÍSSIMO SENHOR (A) JUIZ (A) DA 2° VARA DO TRABALHO DE JOÃO

MONLEVADE / MG.

Processo: ATSum 0010352-90.2023.5.03.0102

LISSANDRO ALVES LIMA, já devidamente qualificado nos autos em epígrafe, neste


ato representado por seu advogado que ao final subscreve, vem, respeitosamente a
presença de Vossa Excelência, apresentar IMPUGNAÇÃO AO LAUDO PERICIAL NO
TOCANTE À INSALUBRIDADE, nos termos a seguir expostos.

O Expert apresentou laudo pericial com a conclusão de inexistência de insalubridade,


bem como periculosidade no local de trabalho do Reclamante.

Com a devida consideração ao auxiliar do Juízo, não merece acolhida a sua


conclusão, pois não foi baseada nos recentes parâmetros legislativos e doutrinários.

Conforme descrito no laudo técnico, id. e3822be, o reclamante era Motorista de


Carreta, transportado Minério, calcário e escórias, em vias urbanas intermunicipais no
estado de Minas Gerais, utilizando um veículo com capacidade superior de 200 litros
de óleo diesel em seu tanque para uso próprio.

No interregno temporal da relação empregatícia, o Reclamante nunca recebeu


adicional de insalubridade, bem como também não recebeu o adicional de
periculosidade conforme faz jus.

Observe-se que, o Sr. Perito restringiu sua análise pericial para retirar o direito do
trabalhador, tão somente à legislação infraconstitucional, aplicada a Portaria 3.214/78
do Ministério de Trabalho e emprego, podemos observar divergência em relação ao
entendimento do TST e STF.
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Vejamos, que na Ação Direta e Inconstitucionalidade n° 73, o conjunto de tanques de
diesel com capacidade total superior à 200 lts, deve possuir tratamento igual a todo
tipo de tanque, indiferente de sua fabricação, bem como sua finalidade, pois estamos
tratando do risco do transporte e não da manipulação, determinado pelo item 16.6 da
NR 16.

Nesta decisão, o relator Ministro Alexandre de Morais declarou:

AGRAVO REGIMENTAL EM AÇÃO DECLARATÓRIA DE


CONSTITUCIONALIDADE. ADICIONAL DE PERICULOSIDADE.
TRANSPORTE DE INFLAMÁVEIS. ART. 193 DA CONSOLIDAÇÃO DAS
LEIS DO TRABALHO. NORMA REGULAMENTAR 16 DA PORTARIA
3.214/1978 DO MINISTÉRIO DO TRABALHO. CÔMPUTO DO
COMBUSTÍVEL TRANSPORTADO PARA CONSUMO DO PRÓPRIO
VEÍCULO. DECISÕES DA JUSTIÇA DO TRABALHO QUE RECONHECEM O
DIREITO AO ADICIONAL. INTERPRETAÇÃO DE LEGISLAÇÃO
INFRACONSTITUCIONAL. DESCABIMENTO DE CONTROLE EM SEDE DE
JURISDIÇÃO CONSTITUCIONAL. AGRAVO REGIMENTAL NÃO PROVIDO.
1. As decisões da Justiça do Trabalho que cuidam da interpretação da norma
técnica (NR 16) que estabelece o critério de aferição da periculosidade a que
exposto o trabalhador para efeito de percepção de adicional, entendendo
que a mesma não diferenciaria o transporte de combustível inflamável
seja como carga ou como insumo do veículo que realiza o transporte,
não colocam em dúvida a constitucionalidade do art. 193 da CLT, pelo que
ausente o requisito da controvérsia judicial sobre a validade de lei ou ato
normativo federal (art. 14, III, da Lei 9.868/1999). 2. A Norma
Regulamentadora 16 da Portaria 3.214/1978 do Ministério do Trabalho e
Emprego, não detém caráter normativo autônomo, pois extrai seu fundamento
de validade no art. 193 da CLT, o que demandaria prévio controle de
legalidade. Precedentes. 3. Agravo regimental desprovido. (STF - ADC: 73
DF 0103876-81.2020.1.00.0000, Relator: ALEXANDRE DE MORAES, Data
de Julgamento: 15/12/2020, Tribunal Pleno, Data de Publicação: 18/02/2021 )
(grifo nosso)

Já no TST temos o entendimento da existência da transcendência política em relação


ao tema. Vejamos:

AGRAVO DE INSTRUMENTO. RECURSO DE REVISTA. RECLAMANTE.


RITO SUMARÍSSIMO. LEI Nº 13.467/2017. TRANSCENDÊNCIA.
ADICIONAL DE PERICULOSIDADE. MOTORISTA DE CAMINHÃO.
VEÍCULO COM TANQUE ORIGINAL DE FÁBRICA COM CAPACIDADE
SUPERIOR A 200 LITROS PARA CONSUMO 1 - Há transcendência política
quando se constata em exame preliminar o desrespeito da instância recorrida
à jurisprudência majoritária, predominante ou prevalecente no TST. 2 -
Aconselhável o provimento do agravo de instrumento, para determinar o
processamento do recurso de revista, em razão da provável violação do art.
7º, XXIII da Constituição Federal. 3 - Agravo de instrumento a que se dá
provimento. II - RECURSO DE REVISTA. RECLAMANTE. RITO

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SUMARÍSSIMO. LEI Nº 13.467/2017. ADICIONAL DE PERICULOSIDADE.
MOTORISTA DE CAMINHÃO. VEÍCULO COM TANQUE ORIGINAL DE
FÁBRICA COM CAPACIDADE SUPERIOR A 200 LITROS PARA CONSUMO
1 - Esta Corte Superior, através da SDI-1, tem adotado o entendimento de
que o transporte de tanque suplementar de combustível, em quantidade
superior a 200 litros, ainda que utilizado para abastecimento do próprio
veículo, gera direito ao recebimento do adicional de periculosidade, por
equiparar-se ao transporte de inflamável, nos termos da NR-16 da Portaria nº
3.214/78 do MTE, item 16 .6. Há julgados. 2 - Dessa forma, o adicional de
periculosidade é devido, nos termos da NR 16 da Portaria nº 2.214/78 do
MTE, quando o empregado motorista de caminhão, trafega com veículo cujo
tanque de armazenamento de combustível ultrapasse 200 litros, seja em um
tanque ou em tanque suplementar, equiparando-se o trabalho ao de
transporte de combustíveis, uma vez que mesmo que para o consumo do
respectivo veículo há risco acentuado para o trabalhador. 3 - Recurso de
revista a que se dá provimento. (TST - RR: 6386120205080009, Relator:
Katia Magalhaes Arruda, Data de Julgamento: 04/05/2022, 6ª Turma, Data de
Publicação: 06/05/2022)

Alinhado ao requerimento de periculosidade emanado nesta impugnação, temos


vários julgados neste sentido. Vejamos:

ADICIONAL DE PERICULOSIDADE. CARRETA COM TANQUE DE


COMBUSTÍVEL SUPLEMENTAR. EXTRAPOLAÇÃO DA CAPACIDADE
MÁXIMA ESTABELECIDA PELA LEGISLAÇÃO. INAPLICABILIDADE DO
ITEM 16.6.1 DA NR-16. ADICIONAL DEVIDO. O item 16.6.1 da NR-16,
segundo o qual "as quantidades de inflamáveis, contidas nos tanques de
consumo próprio dos veículos, não serão consideradas para efeito" diz
respeito apenas aos tanques originais do veículo, não abrangendo tanque
suplementar instalado pela transportadora, sobretudo quando verificado que
esse extrapola os limites de capacidade estabelecidos pela regulamentação
do CONTRAN, de forma que a conclusão pericial no sentido da
caracterização da periculosidade em tais condições não merece censura,
sendo devido o adicional respectivo. (TRT-3 - RO: 00105279820205030002
MG 0010527-98.2020.5.03.0002, Relator: Jose Marlon de Freitas, Data de
Julgamento: 23/03/2022, Oitava Turma, Data de Publicação: 24/03/2022.)

ADICIONAL DE PERICULOSIDADE. CARRETA COM TANQUE DE


COMBUSTÍVEL SUPLEMENTAR. EXTRAPOLAÇÃO DA CAPACIDADE
MÁXIMA ESTABELECIDA PELA LEGISLAÇÃO. INAPLICABILIDADE DO
ITEM 16.6.1 DA NR-16. ADICIONAL DEVIDO. O item 16.6.1 da NR-16,
segundo o qual "as quantidades de inflamáveis, contidas nos tanques de
consumo próprio dos veículos, não serão consideradas para efeito" diz
respeito apenas aos tanques originais do veículo, não abrangendo tanque
suplementar instalado pela transportadora, sobretudo quando verificado que
esse extrapola os limites de capacidade estabelecidos pela regulamentação
do CONTRAN, de forma que a conclusão pericial no sentido da
caracterização da periculosidade em tais condições não merece censura,
sendo devido o adicional respectivo. (TRT-3 - ROT: 00102268220205030025
MG 0010226-82.2020.5.03.0025, Relator: Jose Marlon de Freitas, Data de
Julgamento: 06/05/2022, Oitava Turma, Data de Publicação: 06/05/2022.)

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No caso dos autos, incontroverso que o reclamante conduzia veículo composto de
tanque com capacidade de armazenagem de 500 litros de combustível. Dessarte,
diante das referidas premissas fático-probatórias fixadas, e na esteira da
jurisprudência atual e iterativa desta Corte, que o reclamante tem direito à percepção
do adicional de periculosidade, ainda que o combustível seja para consumo próprio.

Por fim, renova o pedido inserido no inicial, de pagamento de periculosidade ao Autor.

Nestes termos, pede e espera deferimento.

João Monlevade, 21 de agosto de 2023

Adv. Letícia A. Pereira Linhares


OAB/MG 189.666

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