Laudo Pericial - Insalubridade

Tribunal Regional do Trabalho da 4ª Região - 1º Grau
Tribunal Regional do Trabalho da 4ª Região - 1º Grau
O documento a seguir foi juntado aos autos do processo de número 0020377-54.2022.5.04.0011

em 20/09/2022 21:17:32 - 0f2afbc e assinado eletronicamente por:
- INGRID BRACHT LINO
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Ingrid Bracht Lino
Engª de Segurança do Trabalho
Mestre em Engenharia
Especialista em Ergonomia
CAU A15158-0
Excelentíssimo Senhor Doutor Juiz da 11ª Vara do Trabalho de Porto Alegre
Ingrid Bracht Lino, Engenheira de Segurança do Trabalho, que esta subscreve, Perita
Compromissada nos autos da reclamatória trabalhista movida por ARMANDO
SEGALA HASS contra ASSEMBLY INSTALAÇÕES ELÉTRICAS LTDA. e COMPANHIA
HIDROELÉTRICA DO SÃO FRANCISCO – CHESF (Proc. nº 0020377-
54.2022.5.04.0011), vem, respeitosamente, a presença de V. Exa.,
REQUERER a juntada do incluso laudo pericial, bem como
sejam arbitrados o conjunto de honorários profissionais e despesas no valor de R$

4.000,00 (quatro mil reais). Requer ainda, seja determinada a atualização desta
importância, da data do pedido até o seu efetivo pagamento, na proporção aplicável
aos créditos trabalhistas.

Desde já esta perita manifesta-se, caso a Parte sucumbente
não tenha créditos para serem retidos e estiver ao abrigo da Assistência Judiciária
gratuita, requer a Vossa Excelência, que seja observado o Provimento Conjunto n0 01,
de 24 de janeiro de 2017.
A signatária permanece à inteira disposição do MM. Juízo
para prestar quaisquer esclarecimentos referentes ao laudo pericial ora anexado e

vale-se da oportunidade para manifestar a Vossa Excelência seu elevado respeito e
distinta consideração.
Termos em que,
E. Deferimento
Porto Alegre, 18 de setembro de 2022
Ingrid Bracht Lino
ingridli@terra.com.br
Assinado eletronicamente por: NRD BRACT LNO - untado em: 20/09/2022 21:17:32 - 0f2afbc
Ingrid Bracht Lino
CAU A15158-0
L A U D O P E R I C I A L
11ª Vara do Trabalho de Porto Alegre
Processo nº 0020377-54.2022.5.04.0011
Reclamante - ARMANDO SEGALA HASS
Reclamado - ASSEMBLY INSTALAÇÕES ELÉTRICAS LTDA e outros (2)
Rua Omar Raimundo Picheti, nº 603
Curitiba - PR
1 OBJETIVO
O trabalho técnico ora elaborado tem por finalidade definir se existiam nas atividades
desempenhadas pelo Reclamante, condições que permitam ser caracterizadas como
PERIGOSAS de acordo com o que estabelece a Norma Regulamentadora 16 que define
as Atividades e Operações Perigosas da Portaria nº 3.214/78, e em caso afirmativo,
apresentar o respectivo enquadramento legal.
Ingrid Bracht Lino
CAU A15158-0
2 ASPECTOS GERAIS
Preliminarmente deve ser salientado que o presente trabalho pericial foi realizado na
modalidade telepresencial, não tendo sido necessário visitar os locais de trabalho do
Reclamante localizado no Estado do Rio Grande do Norte.
A fim de obter dados indispensáveis à realização do trabalho proposto, a perita
notificou as Partes e informou nos autos (Id nº 2c34037) a data, horário e link de
acesso à videochamada realizada através da plataforma “google meet”.
No dia 18 de agosto de 2022, às 15h15min, foi realizada a videoconferência, gravada
por meio do “Google Drive” e disponibilizada no PJE mídias com acesso pelo link:
https://midias.pje.jus.br/midias/web/00203775420225040011
O Reclamante estava presente, na companhia de sua Procuradora Dra. Hiliana
Schultz e de seu Assistente Técnico Willian Gabriel Lopes, e prestou informações à
perita referentes às atividades que desenvolvia para as Reclamadas.
Representando a 1ª Reclamada Assembly Instalações Elétricas Ltda., Fernando
Henrique Corsico, Engenheiro Eletricista participou da videoconferência e prestou
informações referentes às atividades que o Autor desenvolvia para as Reclamadas.
O Dr. Atila Duderstadt, Procurador da 1ª Reclamada também estava presente e
acompanhou o trabalho pericial.
Representando a 2ª Reclamada Companhia Hidroelétrica do São Francisco - CHESF,
estava presente Eduardo Fittipaldi, Engenheiro Eletricista e de Segurança do Trabalho
que prestou informações necessárias para elaboração do presente trabalho pericial.
A metodologia utilizada para a elaboração do presente laudo pericial consistiu em
entrevistar as Partes, analisar as informações prestadas no curso da perícia e avaliar
os documentos anexados aos autos.
Ingrid Bracht Lino
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As anotações da perita obtidas durante a perícia telepresencial, encontram-se
anexadas ao presente laudo.
3 ANÁLISE DAS CONDIÇÕES LABORATIVAS DO AUTOR
Armando Segala Hass foi admitido pela 1ª Reclamada Assembly Instalações Elétricas
Ltda. para exercer as funções de Supervisor de Obras, cargo que ocupou durante todo
seu contrato de trabalho, tendo desenvolvido atividades externas em obras do
segmento de energia elétrica executadas no Estado do Rio Grande do Norte.
De acordo com o Termo de Rescisão de Contrato de Trabalho (TRCT) anexado aos
autos (Id nº bc3cd5a), o Reclamante foi admitido em 15.10.2020 e afastado em
31.05.2021.
O Autor relatou que inicialmente participou da obra de implantação da linha de
transmissão de energia elétrica em 230 kV que liga as subestações de Paraíso na
cidade de Santa Cruz e a subestação de Açu instalada na cidade de Açu, situadas no
Rio Grande do Norte e pertencente a 2ª Reclamada Companhia Hidroelétrica do São
Francisco – CHESF.
Nesta obra, o Autor informou que atuou na parte civil, na montagem e lançamento de
cabos aéreos de energia elétrica, para-raios e de fibra ótica (OPGW) em torres
metálicas.
De acordo com o projeto, as linhas de transmissão em construção cruzavam por cima
dos cabos da linha de transmissão em operação e como não era possível fazer a
desenergização da rede existente, foi necessário instalar proteções em madeira ou
aramida no cruzamento entre as redes sobre a rede aérea em operação.
Salientou que a rede nova estava instalada um metro acima da rede elétrica
energizada com tensões até 500 kV.
Ingrid Bracht Lino
CAU A15158-0
De acordo com seu relato, era frequente ter que acessar as torres para orientar os
empregados a executar determinadas manobras ou para participar no lançamento dos
cabos.
O Reclamante acrescentou que pelo menos uma vez por semana ingressava em
subestações energizadas a céu aberto para fazer a parte civil, locação, levantamentos
topográficos e para conectar os cabos de entrada e saída nos Transformadores de
Corrente – TCs e IPs, etc.
Também fazia parte da sua rotina de trabalho coordenar a equipe de trabalho e
ministrar treinamentos.
Informou que a Reclamada ministrou treinamento de NR 10 – Básico e NR 10 SEP.
Nas suas atividades usou roupa própria de eletricista com fator de proteção contra
riscos térmicos ATPV (Arch Thermal Performance Value) II.
No último mês de seu contrato de trabalho, participou na obra São Luís II – São Luís
IV – C1 e C2 da Concessionária de energia ENEL, realizando somente procedimentos
de lançamento de cabos condutores, OPGW (fibra ótica) e para raios, na mesmas
condições já relatadas.
O representante da 1ª Reclamada discordou que o Autor tenha executado atividades
na subestação Paraíso na cidade de Santa Cruz e na subestação de Açu na cidade de
Açu, pois como houve erro de projeto, não foram executados nenhum tipo de trabalho
nas subestações.
Na obra executada para a 2ª Reclamada foi realizada a montagem das estruturas
metálicas e houve lançamento de cabos sobre as linhas existentes.
Na obra da Concessionaria ENEL – Rio Grande do Norte, o trabalho também não
envolveu acesso a subestação, pois foi realizado apenas “travessia com linha
energizada”.
Ingrid Bracht Lino
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De acordo com o entrevistado, em ambas as obras o Autor tinha por atribuição fazer o
acompanhamento e supervisão das equipes garantindo que os trabalhos fossem
executados de forma correta e com segurança, e definir a execução das atividades de
acordo com o cronograma.
Na obra de Paraíso – Açu, o Autor possuía em torno de 15 (quinze) subordinados e na
obra da ENEL possuía 2 (dois) subordinados.
Salientou que compete ao Encarregado de Obra e aos Eletricistas Montadores
executar as atividades braçais.
O representante da 2ª Reclamada não soube informar até que etapa da obra o Autor
participou, pois a obra foi paralisada e retomada por outra empresa.
Salientou que há riscos elétricos nas atividades de instalação das proteções e
lançamento dos cabos em razão da proximidade com a linha energizada.
4 PERICULOSIDADE – Justificativa
A matéria que rege e estabelece condições de periculosidade está contida na Norma
Regulamentadora 16 da Portaria nº 3.214/78 decorrente do trabalho com explosivos
(Anexo 1), gases e líquidos inflamáveis (Anexo 2), trabalho de segurança pessoal ou
patrimonial (Anexo 3), energia elétrica (Anexo 4), atividades em motocicleta (Anexo 5) e
Portaria nº 518/03 decorrente do trabalho com radiações ionizantes.
No caso da presente reclamatória verificou-se que o Autor atuava em proximidade com
a rede elétrica energizada, razão pela qual recebeu roupa de uso diário e específica
para trabalhos com eletricidade conforme preconiza a Norma Regulamentadora 10.
Também participou do curso de NR 10 – Básico e NR 10 - SEP determinadas pela
Norma Regulamentadora 10, obrigatórios para o trabalho com eletricidade.
Ingrid Bracht Lino
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As referidas providências não eliminam a condição de periculosidade por eletricidade,
nos termos da legislação vigente, pelas razões apresentadas a seguir:
- Considerações sobre o trabalho executado:
O Reclamante participou da montagem de torres de sustentação e linhas aéreas de
energia elétrica, para-raios e fibra ótica que cruzavam em distâncias mínimas, sobre
as redes de alta tensão em operação em tensão que oscilam até 500 kV.
Salienta-se que na Ordem de Serviço assinada pelo Reclamante e anexada aos autos
(Id nº 5cd59f4) consta “choque por contato ou indução” como risco da operação da qual
o Autor foi determinado para executar.
- Artigo 193 da CLT:
A Lei nº 7.369/85 foi revogada em 08.12.2012 pela Lei n. 12.740/12, que alterou o
artigo 193 da CLT, o qual por sua vez passou a vigorar com a seguinte redação:
Art. 193. São consideradas atividades ou operações perigosas, na forma da

regulamentação aprovada pelo Ministério do Trabalho e Emprego, aquelas
que, por sua natureza ou métodos de trabalho, impliquem risco acentuado
em virtude de exposição permanente do trabalhador a:
I - inflamáveis, explosivos ou energia elétrica;
II - roubos ou outras espécies de violência física nas atividades profissionais
de segurança pessoal ou patrimonial.
§ 1º - O trabalho em condições de periculosidade assegura ao empregado
um adicional de 30% (trinta por cento) sobre o salário sem os acréscimos
resultantes de gratificações, prêmios ou participações nos lucros da
empresa.
As atividades desempenhadas pelo Autor estão citadas no item I do art. 193 da CLT.
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- Considerações sobre Sistema Elétrico de Potência (SEP) e Alta Tensão (AT)
A Norma Regulamentadora 10 da Portaria nº 3.214/78 define Sistema Elétrico de
Potência (SEP) como o conjunto das instalações e equipamentos destinados a geração,
transmissão e distribuição de energia elétrica até a medição, inclusive.
A mesma Norma define Alta Tensão (AT) como tensão superior a 1000 volts em
corrente alternada ou 1500 volts em corrente contínua, entre fases ou entre fase e
terra.
O Autor desempenhava atividades sobre redes elétricas em operação em tensão que
oscilam até 500 kV, portanto, caracterizadas como alta tensão.
- Interpretação do Anexo 4 - Atividades e Operações Perigosas com Energia
Elétrica - Norma Regulamentadora 16:
O Autor executava atividade de Supervisão, entretanto, a qualquer momento poderia
participar das atividades de instalação a fim de instruir ou corrigir o trabalho sob sua
responsabilidade.
O Anexo 4 - Atividades e Operações Perigosas com Energia Elétrica foi acrescentado
na Norma Regulamentadora 16 pela Portaria MTE nº 1.078, de 16 de julho de 2014 e
passou a definir as atividades e operações com energia elétrica que geram o direito ao
adicional de periculosidade.
As atividades desempenhadas pelo Autor estão enquadradas no Anexo 4 da NR 16,
conforme segue:
“1. Tem direito ao adicional de periculosidade os trabalhadores:
b) que realizam atividades ou operações com trabalho em proximidade, conforme
estabelece a NR10.”
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A Norma Regulamentadora – NR 10 da Portaria nº 3.214/78 define Trabalho em
Proximidade: trabalho durante o qual o trabalhador pode entrar na zona controlada,
ainda que seja com uma parte do seu corpo ou com extensões condutoras,
representadas por materiais, ferramentas ou equipamentos que manipule.
A NR 10 no Anexo II - ZONA DE RISCO E ZONA CONTROLADA define na Tabela de
raios de delimitação de zonas de risco, controlada e livre que para tensão entre 480
kV e 700 kV, o Raio de delimitação entre zona de risco é de 5,20 metros e a zona
controlada é de 7,20 metros.
Portanto, as atividades nos cruzamentos da linha energizada e linha nova é realizada
na zona de risco.
Ainda de acordo com o Anexo 4 - Atividades e Operações Perigosas com Energia
Elétrica:
“1. Tem direito ao adicional de periculosidade os trabalhadores:
d) das empresas que operam em instalações ou equipamentos integrantes do
sistema elétrico de potência - SEP, bem como suas contratadas, em conformidade
com as atividades e respectivas áreas de risco descritas no quadro I deste
anexo.”
Em análise ao Quadro I - Atividades/Área de Risco citado no item 1 alínea d) do
Anexo 4 da NR 16, verifica-se que as atividades desempenhadas pelo Autor estão
enquadradas conforme segue:
ATIVIDADES ÁREAS DE RISCO
Atividades, constantes no item 4.1, de construção, a) Estruturas, condutores e equipamentos

operação e manutenção de redes de linhas aéreas ou de linhas aéreas de transmissão,
subterrâneas de alta e baixa tensão integrantes do subtransmissão e distribuição, incluindo
SEP, energizados ou desenergizados, mas com plataformas e cestos aéreos usados para
possibilidade de energização acidental ou por falha execução dos trabalhos;
operacional.
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O Anexo 4 da NR 16, também estabelece que:
4. Das atividades no sistema elétrico de potência - SEP.
4.1 Para os efeitos deste anexo entende-se como atividades de construção,
operação e manutenção de redes de linhas aéreas ou subterrâneas de alta e
baixa tensão integrantes do SEP:
a) Montagem, instalação, substituição, conservação, reparos, ensaios e testes de:
verificação, inspeção, levantamento, supervisão e fiscalização; fusíveis,
condutores, para-raios, postes, torres, chaves, muflas, isoladores,
transformadores, capacitores, medidores, reguladores de tensão, religadores,
seccionalizadores, carrier (onda portadora via linhas de transmissão), cruzetas,
relé e braço de iluminação pública, aparelho de medição gráfica, bases de
concreto ou alvenaria de torres, postes e estrutura de sustentação de redes e
linhas aéreas e demais componentes das redes aéreas;
- Tempo de exposição
O caráter permanente refere-se ao conjunto de atividades rotineiras de um indivíduo,
esteja ele desempenhando-as ou não, por não haver necessidade ou por
impossibilidade, desde que permaneça à disposição da empresa para realizá-las
sempre que necessário, independentemente dos riscos que possam nelas estar
implícito.
O fato das atividades na área de risco não serem diárias, não descaracteriza a
condição perigosa, já que o tempo de exposição não é critério para caracterizar a
existência ou não de periculosidade.
Em relação ao tempo de exposição, o trabalho intermitente em instalações elétricas, é
equiparado a exposição permanente, conforme estabelece o item 3 do Anexo 4 da NR-
16 que expressa:
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3. O trabalho intermitente é equiparado à exposição permanente para fins de
pagamento integral do adicional de periculosidade nos meses em que houver
exposição, excluída a exposição eventual, assim considerado o caso fortuito ou
que não faça parte da rotina
- Risco da atividade e Considerações sobre choque elétrico:
O trabalho do Autor, ocorria em proximidade com a área energizada o que permite seu
contato direto e acidental e, consequentemente, expondo o trabalhador ao choque
elétrico.
Também há o risco do choque elétrico por indução devido aos fortes campos elétricos,
possibilitando o surgimento de um arco elétrico.
A NBR 6533/81, no seu item 3.1. estabelece as condições em que pode ocorrer
incapacitação, invalidez permanente ou morte, para corrente alternada 50/60 Hz.
O choque elétrico é um estímulo rápido e acidental do sistema nervoso do corpo
humano, pela passagem de uma corrente. Essa corrente circulará pelo corpo da
pessoa, quando ela tornar-se parte de um circuito elétrico que possua uma diferença
de potencial suficiente para vencer a resistência elétrica fornecida pelo corpo.
O que determina a gravidade do choque elétrico é a intensidade de corrente que
circulará pelo corpo e o trajeto percorrido pela corrente elétrica no corpo humano, é
outro fator que determina a gravidade do choque, sendo os choques elétricos de maior
gravidade aqueles que a corrente elétrica passa pelo coração.
A intensidade da corrente que circulará pelo corpo do obreiro dependerá, em muito, da
resistência elétrica que esta oferece à passagem da corrente, e também, de qualquer
outra resistência adicional entre o obreiro e a terra.
A resistência que o corpo humano oferece à passagem da corrente é quase que
exclusivamente devida à camada externa da pele, que é constituída de células mortas.
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Esta resistência está situada entre 100.000 e 600.000 ohms, quando a pele encontra-
se seca e não apresenta cortes e a variação apresentada é em função de sua
espessura.
Entretanto, quando se encontra úmida condição habitualmente observada na prática,
a resistência elétrica do corpo pode ser tão baixa quanto 500 ohms. Esta baixa
resistência decorre do fato que a corrente pode passar para a camada interna da pele,
que apresenta menor resistência elétrica, bem como se a pele apresentar cortes pode
oferecer menor resistência.
5 PARECER TÉCNICO
Considerando o que foi exposto no presente laudo pericial, é possível concluir que o
Autor exerceu atividades em condições de PERICULOSIDADE, de acordo com o que
dispõe os itens 1.b) e 1.d), item 1 do Quadro de Atividades/Área de Risco do Anexo 4
incluído na Norma Regulamentadora 16 da Portaria nº 3.214/78.
6 RESPOSTA AOS QUESITOS
6.1 Quesitos formulados pelo Reclamante.
Quesito 01. Queira a Sra. Perita informar se o Assistente Técnico da ASSEMBLY
INSTALACOES ELETRICAS LTDA. E CHESF - COMPANHIA HIDRO
ELETRICA DO SAO FRANCISCO, foram devidamente notificados pela
perícia acerca de data, hora e local de realização da vistoria.
Resposta: Descrito no item 2 do presente trabalho pericial.
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Quesito 02. Queira a Sra. Perita detalhar as atividades do Reclamante enquanto
funcionário da 1ª Reclamada no período não prescrito;
Quesito 03. Queira a Sra. Perita informar a data de admissão e demissão do
Reclamante da 1ª Reclamada;
Quesito 04. Tendo em vista o que prescreve a Lei 12.740/2012, queira a Sra. Perita
esclarecer: Qual a definição de condições de periculosidade, dentro do
conceito legal?
Quesito 05. Queira a Sra. Perita informar (transcrever) a definição de Sistema
Elétrico de Potência ("SEP"), contida no item "26" do "Glossário" da
Norma Regulamentadora nº 10 (NR-10), do Ministério do Trabalho
(MTE)?
Quesito 06. Queira a Sra. Perita informar (transcrever) a definição de Alta Tensão
(“AT”), contida no item "1" do "Glossário" da Norma Regulamentadora nº
10 (NR-10), do Ministério do Trabalho (MTb)?
Quesito 07. Queira a Sra. Perita informar (transcrever) a definição de Baixa Tensão
(“BT”), contida no item "5" do "Glossário" da Norma Regulamentadora nº
10 (NR-10), do Ministério do Trabalho (MTb)?
Resposta: Baixa Tensão (BT): tensão superior a 50 volts em corrente alternada ou
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120 volts em corrente contínua e igual ou inferior a 1000 volts em
corrente alternada ou 1500 volts em corrente contínua, entre fases ou
entre fase e terra.
Quesito 08. Queira a Sra. Perita informar a TENSÃO das linhas da usina de
PARAÍSO-ASSU/RN conforme documentação de medição juntada pela
reclamada no ID: d5395c5, na descrição do serviço no campo LT, e
informe se dentro de quais os parâmetros da Norma Regulamentadora
nº 10 (NR-10), do Ministério do Trabalho (MTb) acerca de tensão se
encaixa (“AT”) ou (“BT”)?
Resposta: Descrito no presente trabalho pericial.
Quesito 09. Queira a Sra. Perita informar se na função desempenhada pelo
Reclamante na 1ª Reclamada, o mesmo realizava qualquer das
atividades relacionadas no quadro de atividades/área de risco
estampado no Anexo 4 da NR-16 aprovado M T E noº 1.078 de
16/7/2014.
Quesito 10. Queira a Sra. Perita informar se na função desempenhada pelo
Reclamante na 1ª Reclamada, o mesmo permanecia em área de risco
relacionada no quadro de atividades/área de risco estampado no Anexo
4 da NR-16 aprovado M T E nº1.078/14 e Anexo 2 da NR-10 aprovado
M T E nº 3214/78.
Resposta: Sim.
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Quesito 11. Queira a Sra. Perita informar a classificação de tensão elétrica, de
acordo com os padrões técnicos.
Resposta: Tensão elétrica é a força elétrica que provoca a circulação de corrente,
que faz as cargas elétricas entrarem em movimento.
Quesito 12. Considerando que a função do Reclamante como Supervisor de Obras
consistia na montagem de estruturas e lançamentos de cabos
condutores OPGW e pára-raios, desde a criação do projeto, treinamento
da equipe, supervisão e auxilio na execução diária de empancadura
(proteção feita com madeira, em formato de gol), as quais são realizadas
sempre em travessias de estradas, rodovias, linhas energizadas, etc.;
bem como lançamentos em linhas vivas – os quais são realizados com a
proteção de aramida (Kevlar, polímero resistente ao calor e 5 vezes mais
resistente que o aço), são realizados sobre linhas energizadas de 69kV,
138kV, 230kV, 340kV, 500kV, havia, queira a Sra. Perita informar se
no desempenho de sua função, o Reclamante mantinha contato com
energia elétrica, seja de baixa, média ou alta tensão elétrica.
Quesito 13. Considerando que dentre as funções do Reclamante como Supervisor de
Obras, estavam a avaliação da correta execução do trabalho de forma
física e presencial, por meio de demonstração e conferência do trabalho
executado, devendo diariamente produzir relatórios para as reclamadas
acerca da qualidade e correta execução do trabalho, queira a Sra. Perita
informar se fazia parte das atribuições do Reclamante subir em torres
de transmissão elétrica;
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Quesito 14. Queira a Sra. Perita informar se o trabalho era realizado em ambiente
externo.
Resposta: Sim.
Quesito 15. Considerando que as atividades do Reclamante constituía-se em
realizar a montagem de estruturas e lançamentos de cabos condutores
OPGW e pára-raios sobre linhas energizadas de 69kV, 138kV, 230kV,
340kV, 500kV, queira a Sra. Perita informar se no desempenho de sua
função, o Reclamante estava exposta a alguma ATIVIDADES ou
OPERAÇÕES PERIGOSAS nas condições definidas pela Portaria TEM
n.º 1.078 - NR-16 - Atividades e Operações Perigosas, do MTE. Caso
afirmativo informar: a) O(s) agente(s) e operação(ões); b) Caso seja um
agente com limite de tolerância estabelecido pela NR 16, informar o alor
encontrado e se condiz com a limitação disposta na NR-16 o valor ao
qual o Reclamante ficava exposto;
Resposta: Descrito no presente trabalho pericial.
Quesito 16. Queira a Sra. Perita informar os limites de tolerância do agente
periculoso identificado, caso exista, e se são excedidos no posto de
trabalho do reclamante;
Resposta: Não há limites de tolerância para o agente periculoso identificado.
6.2 Quesitos formulados pela 1ª Reclamada Assembly Instalações Elétricas Ltda.
Quesito 1) Queira informar o Sr. Perito, quais os postos de trabalho do reclamante
durante o período que trabalhou para a reclamada, restritos à cidade de
STA CRUZ, nos limites da peça exordial.
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Quesito 2) O Reclamante trabalhou em Linha de Transmissão ou Subestação ?
Quesito 3) Laborava na parte civil da obra, correto ?
Quesito 4) Queira o Sr. Perito descrever as atividades supervisionadas pelo
reclamante nas dependências da obra.
Quesito 5) No desempenho dessas atividades, o reclamante encontrava-se exposto
a algum agente ?
Resposta: Sim, pelas razões expostas no presente trabalho pericial.
Quesito 6) Em caso afirmativo, qual era esse agente, qual tempo em que
permanecia em contato com este e durante qual período o reclamante
estava exposto ao mesmo?
Quesito 7) Informe o Sr. Perito se o Reclamante permanecia em contato com
agentes periculosos, executando ou aguardando ordens em situação de
exposição contínua. Em caso afirmativo, a que distância de tais
agentes?
Ingrid Bracht Lino
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Quesito 8) Informe o Sr. Perito se o Reclamante ingressava de modo eventual em
área de risco, indicando-as especificamente e descrevendo-as.
Quesito 9) Informe o Sr. Perito se o local de trabalho do Autor estava compreendido
dentro da área de risco, durante o contrato mantido com a Reclamada.
Quesito 10) Em caso positivo, indicar se há e qual a legislação ampara o pedido do
reclamante?
Quesito 11) Considerando a concentração avaliada no posto de trabalho, podese
considerar o reclamante exposto a uma condição de periculosidade?
Quesito 12) Em caso de resposta afirmativa para o quesito nº 10, qual o
embasamento técnico para essa conclusão?
Quesito 13) Queira o Sr. Perito tecer os comentários que achar pertinentes para
orientar o Douto Juízo.
Quesito 14) Protesta pela produção de quesitos suplementares, complementares e
elucidativos acaso necessários, bem como laudo técnico de eventual
impugnação.
Resposta: Não se trata de quesito.
Ingrid Bracht Lino
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7 OBRAS CONSULTADAS
As referências à matéria técnica contidas no laudo ora realizado estão amparadas em
consulta feita à bibliografia listada a seguir:
APEJUST. “Perícias Judiciais Trabalhistas”, 3ª ed. São Paulo, LTr Editora. 2017.
ARAUJO, G. M. et col. “Normas Regulamentadoras Comentadas” 5ª Edição, Rio de
Janeiro, 2005.
ASSOCIAÇÃO DOS PERITOS NA JUSTIÇA DO TRABALHO DA 4ª REGIÃO. “Perícias
Judiciais Trabalhistas”. HS Editora Ltda., Porto Alegre, 2008.
BRASIL, Ministério do Trabalho. Portaria n.º 3.214 de 08.06.1978. Normas
Regulamentadoras. In: Segurança e Medicina do Trabalho. 19 ed. São Paulo:
Saraiva, 2017.
INTERNATIONAL LABOUR OFFICE (ILO). "Encyclopaedia of Occupational Health
and Safety", 4th ed. Geneva: ILO, 1998.
PIANTÁ, J. A. B. "Perícias do Trabalho – Iniciação e Metodologia", Editora Next
Comunicação Sustentável, Porto Alegre, 2011.
VENDRAME, C. “Curso de introdução a perícia judicial” São Paulo, ed. LTr, 1997.
8 ENCERRAMENTO
Concluída a análise das atividades do Reclamante, sobre aspectos relacionados com
Periculosidade, o presente Laudo Técnico é encerrado, datado e assinado digitalmente,
composto por 20 (vinte) folhas de texto.
Ingrid Bracht Lino
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Os registros da perita, obtidos durante a perícia telepresencial, composto por 03 (três)
folhas, são anexadas ao presente laudo pericial.
Porto Alegre, 18 de setembro de 2022
Ingrid Bracht Lino
Ingrid Bracht Lino
CAU A15158-0
ANEXO
Anotações da perita obtidas durante a diligência
Ingrid Bracht Lino
CAU A15158-0
Ingrid Bracht Lino
CAU A15158-0
Ingrid Bracht Lino
CAU A15158-0

Laudo Pericial - Insalubridade

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Tribunal Regional do Trabalho da 4ª Região - 1º Grau

Tribunal Regional do Trabalho da 4ª Região - 1º Grau

O documento a seguir foi juntado aos autos do processo de número 0020377-54.2022.5.04.0011

Consulte este documento em:

Excelentíssimo Senhor Doutor Juiz da 11ª Vara do Trabalho de Porto Alegre

Compromissada nos autos da reclamatória trabalhista movida por ARMANDO

SEGALA HASS contra ASSEMBLY INSTALAÇÕES ELÉTRICAS LTDA. e COMPANHIA

HIDROELÉTRICA DO SÃO FRANCISCO – CHESF (Proc. nº 0020377-

54.2022.5.04.0011), vem, respeitosamente, a presença de V. Exa.,

REQUERER a juntada do incluso laudo pericial, bem como

sejam arbitrados o conjunto de honorários profissionais e despesas no valor de R$

importância, da data do pedido até o seu efetivo pagamento, na proporção aplicável

aos créditos trabalhistas.

A signatária permanece à inteira disposição do MM. Juízo

para prestar quaisquer esclarecimentos referentes ao laudo pericial ora anexado e

Porto Alegre, 18 de setembro de 2022

Ingrid Bracht Lino

11ª Vara do Trabalho de Porto Alegre

Reclamante - ARMANDO SEGALA HASS

Reclamado - ASSEMBLY INSTALAÇÕES ELÉTRICAS LTDA e outros (2)

Rua Omar Raimundo Picheti, nº 603

desempenhadas pelo Reclamante, condições que permitam ser caracterizadas como

PERIGOSAS de acordo com o que estabelece a Norma Regulamentadora 16 que define

as Atividades e Operações Perigosas da Portaria nº 3.214/78, e em caso afirmativo,

apresentar o respectivo enquadramento legal.

modalidade telepresencial, não tendo sido necessário visitar os locais de trabalho do

Reclamante localizado no Estado do Rio Grande do Norte.

A fim de obter dados indispensáveis à realização do trabalho proposto, a perita

acesso à videochamada realizada através da plataforma “google meet”.

No dia 18 de agosto de 2022, às 15h15min, foi realizada a videoconferência, gravada

O Reclamante estava presente, na companhia de sua Procuradora Dra. Hiliana

Schultz e de seu Assistente Técnico Willian Gabriel Lopes, e prestou informações à

perita referentes às atividades que desenvolvia para as Reclamadas.

Representando a 1ª Reclamada Assembly Instalações Elétricas Ltda., Fernando

Henrique Corsico, Engenheiro Eletricista participou da videoconferência e prestou

informações referentes às atividades que o Autor desenvolvia para as Reclamadas.

O Dr. Atila Duderstadt, Procurador da 1ª Reclamada também estava presente e

acompanhou o trabalho pericial.

Representando a 2ª Reclamada Companhia Hidroelétrica do São Francisco - CHESF,

estava presente Eduardo Fittipaldi, Engenheiro Eletricista e de Segurança do Trabalho

que prestou informações necessárias para elaboração do presente trabalho pericial.

A metodologia utilizada para a elaboração do presente laudo pericial consistiu em

entrevistar as Partes, analisar as informações prestadas no curso da perícia e avaliar

os documentos anexados aos autos.

As anotações da perita obtidas durante a perícia telepresencial, encontram-se

anexadas ao presente laudo.

3 ANÁLISE DAS CONDIÇÕES LABORATIVAS DO AUTOR

seu contrato de trabalho, tendo desenvolvido atividades externas em obras do

segmento de energia elétrica executadas no Estado do Rio Grande do Norte.

De acordo com o Termo de Rescisão de Contrato de Trabalho (TRCT) anexado aos

autos (Id nº bc3cd5a), o Reclamante foi admitido em 15.10.2020 e afastado em

O Autor relatou que inicialmente participou da obra de implantação da linha de

transmissão de energia elétrica em 230 kV que liga as subestações de Paraíso na

cidade de Santa Cruz e a subestação de Açu instalada na cidade de Açu, situadas no

Rio Grande do Norte e pertencente a 2ª Reclamada Companhia Hidroelétrica do São

cabos aéreos de energia elétrica, para-raios e de fibra ótica (OPGW) em torres

De acordo com o projeto, as linhas de transmissão em construção cruzavam por cima

desenergização da rede existente, foi necessário instalar proteções em madeira ou

aramida no cruzamento entre as redes sobre a rede aérea em operação.

energizada com tensões até 500 kV.

empregados a executar determinadas manobras ou para participar no lançamento dos

topográficos e para conectar os cabos de entrada e saída nos Transformadores de