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EXMO. (A) SR.(A) DR.

(A) JUÍZ (A)

ATOrd 0000784

__________________________., já qualificada nos autos da Reclamação


Trabalhista proposta por ______________________, por intermédio do assistente
técnico, vem respeitosamente perante Vossa Excelência, diante do respeitável despacho
publicado em 30 de novembro de 2021, apresentar IMPUGNAÇÃO AO LAUDO PERICIAL,
pelas razões anexas e a seguir expostas.

1. DA IMPUGNAÇÃO AO LAUDO

Em que pese o brilhantismo técnico do Expert, a conclusão pericial não merece


acolhimento, pois existem pontos controvertidos no laudo que merecem ser
sanados para garantir a efetiva e correta entrega da prestação jurisdicional.

O Sr. Perito fundamentou sua conclusão nos seguintes termos:


Conforme apresentado nos autos, a _____________________, exerce
suas atividades com remoção e transporte de pacientes entre as unidades de
saúde, para consultas e exames pré-agendados.

O Reclamante menciona o labor nas seguintes atividades:

Durante todo o período laboral, sempre desempenhou função de MOTORISTA DE


AMBULÂNCIA, incluindo:
 Dirigir-se imediatamente ao veículo quando acionado e tomar posição para a partida;
 Conferir o veículo, no que diz respeito à sua manutenção básica;
 Conduzir veículos (ambulância) dentro dos princípios de direção defensiva;
 Auxiliar a equipe de enfermagem no atendimento aos pacientes;
 Recolher, vistoriar e acondicionar todos os equipamentos e matérias utilizados nos
atendimentos;
 No retorno a origem, realizar a limpeza da maca e demais materiais utilizados, bem
como limpeza e desinfecção do veículo;

DESENVOLVIMENTO DAS ATIVIDADES

O Autor laborava em ambulância juntamente com um técnico de enfermagem,


este devidamente treinado para realizar os devidos procedimentos nas remoções.

Verifica-se da conclusão supra, que o Sr. Perito não constatou corretamente a


existência do ambiente insalubre na ambulância, apenas consignou a evidência
que o Reclamante executou atividade insalubre, o que não é verdade, visto que o
Reclamante exerceu o ofício de Motorista de Ambulância, sendo assim, sua
atividade era dirigir o veículo em segurança pelas vias públicas, conferir o veículo,
no que diz respeito à sua manutenção básica; portar os documentos necessários à sua
habilitação profissional; conhecer o sistema viário e as principais referências
hospitalares da localidade. Dirigir-se imediatamente ao veículo quando acionado e
tomar posição para a partida; conduzir o veículo dentro dos princípios de direção
defensiva; utilizar adequadamente o sistema de sinalização do veículo; estacionar o
veículo em local seguro e de forma a facilitar o acesso ao interior do salão de
atendimento. Utilizar os equipamentos de proteção individual. Utilizar o caminho
mais direto e menos acidentado no caminho ao hospital.
A função do Reclamante sua era dirigir o veículo no trajeto inter-hospitalar,
sem a necessidade de contato direto ou permanente com o paciente ou seus
pertences.
Os pacientes são transferidos e transportados até a ambulância por equipe
de enfermagem devidamente treinada e qualificada. Na unidade de destino, são
retirados da ambulância e encaminhados para a realização de consultas e exames
por equipe da unidade/destino.

A parcialidade do Expert resta demonstrada ao consignar e considerar


somente as declarações do Reclamante, sem pontuar, as impugnações,
discordâncias e declarações da Reclamada.
Portanto, ao contrário do entendimento do Sr. Perito, na esfera processual,
as informações do Reclamante não devem ser consideradas em seu favor, sendo
imprescindível a produção de prova oral para sanar os pontos que foram
consideradas as declarações do Reclamante.

O Nobre Perito consignou que o Reclamante ficava exposto habitualmente a agentes


BIOLÓGICOS provenientes da atividade de socorrista junto as equipes de saúde nos
atendimentos em contato com materiais infectocontagiantes e secreções de pacientes,
bem como pelo labor em estabelecimentos destinados aos cuidados da saúde humana.

Vale esclarecer que a função e responsabilidade do reclamante era restrita a cabine do


veículo, uma vez que não era necessário o contato do reclamante com o paciente,
tampouco acessava diariamente unidades de pronto atendimento (UPA) e hospitais
para realizar exames e translado de pacientes (em macas). Para essas atividades existe equipe de
enfermagem responsável e qualificada para realizar os procedimentos necessários.

Não existiu contato permanente ou eventual do motorista de ambulância


com pacientes nas remoções, tampouco contato direto com microrganismos
patogênicos, com material infecto-contagiante, com as secreções de
pacientes, com objetos de seu uso não previamente esterilizados, com
pacientes em isolamento por doenças infecto-contagiosas, bem como
objetos de seu uso, não previamente esterilizado.

Cabe informar que as remoções eram pré-agendadas para exames e consultas


rotineiras, fazendo o transporte de pacientes em veículo comum (Chevrolet spin), sendo assim o
reclamante não mantinha contato os pacientes, visto que as unidades de saúde
têm equipe treinada para realizar tais atendimentos.
Não havendo a exposição aos alegados agentes insalubres.

Não existiu exposição do Autor aos agentes biológicos para ter direito ao adicional de
insalubridade, nem previsão legal no Anexo 14 da NR-15 da Portaria nº 3.217/78 do MTE.

Sendo asssim, não é devido o adicional de insalubridade.

Vejamos, a resposta ao quesito 12 da reclamada:

12. Tem direito ao adicional de insalubridade o técnico de enfermagem que


mantém contato eventual com os agentes insalubres? Explique.

R: Não, somente para contato permanente com pacientes.

Ainda que considerássemos a constatação do Sr. Perito, no máximo temos


um contato eventual, o qual não enseja direito ao adicional de insalubridade, visto
que a maior parte da jornada de trabalho do Reclamante era realizada na cabine
da ambulância de atendimento básico zelando pela segurança no transporte do
paciente, sem contato com doenças infectocontagiosas.

Ante o contato eventual, é evidente que o Reclamante jamais cumpriu os


requisitos ensejadores do direito ao adicional de insalubridade, quais sejam:
contato habitual e permanente.
Conforme a declaração do reclamante, os equipamentos de proteção individual
estavam sempre à disposição do reclamante. Sendo as fichas de EPI’s
adicionadas aos autos.

A exclusão e neutralização da insalubridade resta demonstrada com a utilização


dos EPI’s, os quais ficavam à disposição do Reclamante, bem como eram
utilizados regularmente

15.4.1 A eliminação ou neutralização da insalubridade deverá ocorrer:


 
a) Com adoção de medidas de ordem geral que conservem o ambiente de
trabalho dentro dos limites de tolerância.
b) com a utilização de equipamento de proteção individual.

O Sr. Perito consigna que o Reclamante laborava em ambulância no transporte de


pacientes:

14. Durante a perícia o Sr. perito constatou a presença de pacientes portadores


de doenças infectocontagiosas no local?

R: o autor laborava em ambulância no transporte de pacientes.

Ainda que se entenda que a reclamante mantivesse  contato com


pacientes, o mesmo não se dava de forma permanente, mas sim  eventual, o que
afasta o enquadramento da hipótese previsão do anexo 14 da NR-15.

CONCLUSÃO

Ante o regular fornecimento dos EPI’s e utilização regular do Reclamante,


temos demonstrada a eliminação e/ou neutralização da insalubridade, de modo a
inexistir o direito ao adicional grau médio ou máximo.
Por todo exposto, temos que a conclusão pericial não merece acolhimento, haja
vista que o Reclamante jamais manteve contato permanente com os pacientes e
seus pertences, tampouco exerceu as atividades insalubres em contato
permanente com os possíveis agentes insalubres.
Assim, considerando que o MM. Juízo não está ligado a conclusão pericial, requer
seja julgado improcedente o pedido do adicional de insalubridade grau médio ou
máximo.

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