Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Página 1 de 17
EXCELENTÍSSIMO(A) SENHOR(A) DOUTOR(A) JUIZ(A) PRESIDENTE DA
2ª VARA DO TRABALHO DE GOIÂNIA - GO.
Referências:
Processo nº: 0011199-94.2017.5.18.0002
Reclamante: RONALD GOMES DA ROCHA
Reclamado(a): QUALY TERCEIRIZACAO DE SERVICOS EMPRESARIAIS LTDA e
outros
Justificativa:
Grau de especialização do profissional (perito): 3º Grau acompanhado de especialização
“latu sensu” na área de engenharia de segurança do trabalho, com inclusão de atribuições
profissionais, além de cursos capacitantes na área de perícias judiciais;
Complexidade: O laudo somente pode ser realizado por profissional pós-graduado e que,
além disso, detenha um mínimo de conhecimentos jurídicos;
Duração dos trabalhos, Aproximadamente 36 horas trabalhadas:
o Resposta aos quesitos;
o Local da perícia: Necessidade de atividade de campo, na qual o Perito tem que
se deslocar em veículo próprio até o local da perícia, com ônus do
combustível e desgaste do veículo.
Também vem requerer que no eventual levantamento do crédito trabalhista, mediante acordo
ou execução de sentença, seja reservado o valor relativo aos honorários periciais supracitados,
acrescidos das devidas correções, atualizações monetárias e juros legais, até a data do efetivo
pagamento. Que o mesmo seja depositado na Caixa Econômica Federal, posto da Justiça do
Trabalho e que este perito seja avisado da concretização do referido depósito ou na conta do Banco
Itaú disponibilizada no cadastro do Perito.
Nestes Termos.
Pede Deferimento.
Referências:
Processo nº: 0011199-94.2017.5.18.0002
Reclamante: RONALD GOMES DA ROCHA
Reclamado(a): QUALY TERCEIRIZACAO DE SERVICOS EMPRESARIAIS LTDA e
outros
Ambas as partes foram avisadas da data e hora da perícia, conforme documento juntado aos
autos do processo, páginas 307 a 311 onde constam as confirmações de recebimento e respostas.
Participaram da perícia:
Depoimento do reclamante.
Atividade na câmara fria: Organizava os produtos que chegavam por data de vencimento.
Para que quando algum funcionário da loja for retirar para repor no balcão, retira-se o mais próximo
de vencer.
Retirava produtos da câmara fria e levava para reposição no balcão, usando carrinho.
Gastava em torno de 20 a 30 minutos em média em cada câmara fria.
Entrava com a roupa com que estava.
Dependendo da loja, havia o blusão de uso coletivo.
Os produtos refrigerados possuem uma data de validade mais curta que os produtos da linha
seca, por isso, estes tinham prioridade. Os produtos refrigerados possuem data de validade de 40 dias
aproximadamente.
São orientados a não pegar muito produto de uma vez só , pois os produtos perdem a refrigeração.
Também nos treinamentos são orientados a não carregar uma grande quantidade pois pode acontecer
dos produtos caírem.
A fiscalização de segurança é feita pela própria loja.
Recebe vale transporte para andar de ônibus, mas prefere fazer os deslocamentos com seu próprio
carro. Afirma que se fosse de ônibus não conseguiria concluir suas tarefas.
Afirma que para o reclamante atender de 3 a 4 lojas por dia e ficar na câmara fria por 20
minutos, o tempo não bate conforme o tempo gasto em cada loja.
Se o promotor ficar duas horas em cada loja, não poderia fazer 4 lojas em um dia.
Afirma que o tempo gasto dentro de uma câmara fria não é mais que 10 minutos.
Foto 01. O paradigma Sr. Diego e o Foto 02. Entrada da camara fria, na loja
reclamante. visitada.
Foto 03. Um dos registros de temperatura na Foto 04. Interior da camara fria.
camara. 4° C.
LAUDO TÉCNICO
Página 6 de 17
Foto 05. Paradigma no interior da camara Foto 06. Paradigma e o encarregado da loja
durante seu depoimento. visitada, apontando onde fica a japona
frigorífica de uso coletivo.
ROTAS – QUALY
ROTAS – ITAMBÉ
09/06/2015 a 05/05/2017
Segundo o reclamante:
A fiscalização acontecia vez ou outra pelo supervisor de vendas. E em muitos casos a
fiscalização se dava mais por conta da própria loja (supermercado).
Pela QUALY recebeu apenas camisa de uniforme.
Pela ITAMBÉ eram realizadas reuniões constantes com supervisores da ITAMBÉ. Teve período
que as reuniões aconteciam a cada 15 dias e outros períodos aconteciam uma vez por semana.
Segundo o paradigma:
EPIS: Touca, japona, luva, bota, uniformes, jalecos e camisas.
Recebe treinamentos com frequência e a fiscalização do uso de EPI´s é feita pela loja.
6.5 – Deslocamentos.
O reclamante se deslocava sempre utilizando sua própria moto ( Yamaha Factor 125 cc).
Rodava em torno de 100 km por dia.
Afirma que na contratação já era exigido possuir moto.
Frio ⇒ O homem é um ser homotérmico, isto é, pode manter dentro de certos limites a
temperatura corporal interna relativamente constante (37ºC), independente da temperatura ambiente.
A sobrecarga por frio é chamada hipotermia, que é a queda da temperatura interna do corpo.
Os sintomas clínicos apresentados pelas vítimas da hipotermia são: redução da atividade
mental, tremores, perda progressiva da consciência, redução da freqüência respiratória, edema
pulmonar e risco de parada cardíaca.
A capacidade do corpo humano em resistir ao frio depende de fatores físicos, ou seja, raça,
tipo de alimentação, idade, tipo físico, sexo e de fatores ocupacionais tais como, vestimenta
apropriada, atividades e ritmos desenvolvidos no trabalho. Cada pessoa sente o frio com mais ou
menos intensidade que as outras.
O frio favorece o surgimento de inúmeras doenças reumáticas e respiratórias. A utilização de
japonas e calçados revestidos minimizam a sensação de frio na pele, mas são insuficientes na
neutralização dos efeitos do frio nos pulmões pela inalação do ar ambiente (refrigerado). A redução
da temperatura corporal abaixo de 35ºC provoca tremores de máxima intensidade (hipotermia).
Após uma exposição prolongada do corpo a temperaturas extremas (excesso de calor ou frio),
ocorrem alterações no sistema termo-regulador do corpo humano. Este fenômeno é chamado de
aclimatação. Portanto são importantes os intervalos para repouso conforme é descrito na C.L.T.,
Título III, Seção VII – Dos Serviços Frigoríficos; Artigo 253 - Para os empregados que trabalham no
interior das câmaras frigoríficas e para os que se movimentam do ambiente quente ou normal para o
frio e vice-versa, depois de uma hora e quarenta minutos de trabalho contínuo será assegurado um
período de vinte minutos de repouso, computado esse intervalo como de trabalho efetivo.
Além da hipotermia, existem outros estados patológicos, conhecidos como lesões do frio,
entre estes está o enregelamento dos membros. Que é o endurecimento dos dedos devido a
diminuição da circulação periférica. Portanto, favorecendo ainda mais os acidentes quando se
trabalha com facas ou elementos perfurantes.
Ao se trabalhar em ambiente frio é inevitável respirar o ar frio, o que pode causar problemas
de saúde (inclusive sinusite).
LAUDO TÉCNICO
Página 9 de 17
Na exposição ao frio a manutenção da temperatura do núcleo do corpo ocorre através da
diminuição da perda de calor (vasoconstricção periférica), aumento da produção de calor (tremores)
ou aumento da atividade física; no caso de exposição prolongada ao frio, ocorre a vasodilatação
induzida pelo frio para preservar as funções nas extremidades do corpo.
Definimos como temperatura do núcleo do corpo, aquela a que estão submetidos os órgãos
internos do corpo, medida com uso de termômetro retal, em hospitais, o termômetro esofageal é mais
usado para monitorar a temperatura interna.
Para que as características funcionais orgânicas sejam preservadas esta temperatura deve ser
mantida em torno de 37ºC, que corresponde à soma do calor produzido internamente, mais o ganho
ou perda de calor do ambiente, sendo que no caso de perda de calor por um corpo deveremos
chamá-la de taxa de resfriamento, e que se dá geralmente com a imersão em água fria ou com a
exposição a baixas temperaturas do ar com ventos fortes e usando vestimenta úmida, como a
condutividade térmica da água é cerca de 20 vezes maior do que a do ar, ocorre mais rápido em água
fria. Devemos considerar ainda a temperatura equivalente de resfriamento, que resulta da
combinação da temperatura do ar e velocidade do vento.
Riscos ambientais: De acordo com a NR-9 item 9.1.5. – consideram-se Riscos Ambientais
os agentes físicos, químicos e biológicos existentes nos ambientes de trabalho que em função de sua
natureza, concentração ou intensidade e tempo de exposição, são capazes de causar danos à saúde do
trabalhador.
7.2.1 – Insalubridade.
15.3 No caso de incidência de mais de um fator de insalubridade, será apenas considerado o de grau
mais elevado, para efeito de acréscimo salarial, sendo vedada a percepção cumulativa.
LAUDO TÉCNICO
Página 10 de 17
15.4 A eliminação ou neutralização da insalubridade determinará a cessação do pagamento do
adicional respectivo.
15.4.1 A eliminação ou neutralização da insalubridade deverá ocorrer:
a) com a adoção de medidas de ordem geral que conservem o ambiente de trabalho dentro dos
limites de tolerância;
b) com a utilização de equipamento de proteção individual.
15.4.1.1 Cabe à autoridade regional competente em matéria de segurança e saúde do trabalhador,
comprovada a insalubridade por laudo técnico de engenheiro de segurança do trabalho ou médico
do trabalho, devidamente habilitado, fixar adicional devido aos empregados expostos à
insalubridade quando impraticável sua eliminação ou neutralização.
15.4.1.2 A eliminação ou neutralização da insalubridade ficará caracterizada através de avaliação
pericial por órgão competente, que comprove a inexistência de risco à saúde do trabalhador.
15.5 É facultado às empresas e aos sindicatos das categorias profissionais interessadas requererem
ao Ministério do Trabalho, através das DRTs, a realização de perícia em estabelecimento ou setor
deste, com o objetivo de caracterizar e classificar ou determinar atividade insalubre.
15.5.1 Nas perícias requeridas às Delegacias Regionais do Trabalho, desde que comprovada a
insalubridade, o perito do Ministério do Trabalho indicará o adicional devido.
15.6 O perito descreverá no laudo a técnica e a aparelhagem utilizadas.
15.7 O disposto no item 15.5. não prejudica a ação fiscalizadora do MTb nem a realização ex-
officio da perícia, quando solicitado pela Justiça, nas localidades onde não houver perito.
7.2.1.1 – Frio
C.L.T., Título III, Seção VII – Dos Serviços Frigoríficos. Artigo 253 - Para os empregados
que trabalham no interior das câmaras frigoríficas e para os que se movimentam do ambiente
quente ou normal para o frio e vice-versa, depois de uma hora e quarenta minutos de trabalho
contínuo será assegurado um período de vinte minutos de repouso, computado esse intervalo como
de trabalho efetivo.
Parágrafo único - Considera-se artificialmente frio, para os fins do presente artigo, o que for inferior
na primeira, segunda e terceira zonas climáticas do mapa oficial do Ministério do Trabalho a 15ºC,
na quarta zona a 12ºC, nas quinta, sexta e sétima zonas a 10ºC.
LAUDO TÉCNICO
Página 11 de 17
Tabela 1: NR-29
Faixa de Temperatura de Bulbo Seco (° C) Máxima Exposição Diária Permissível para Pessoas
Adequadamente Vestidas para Exposição ao Frio.
+15,0 a -17,9 (*) Tempo total de trabalho no ambiente frio de 6 horas e 40
+12,0 a -17,9 (**) minutos, sendo quatro períodos de 1 hora e 40 minutos
+10,0 a -17,9 (***) alternados com 20 minutos de repouso e recuperação
térmica fora do ambiente de trabalho.
-18,0 a –33,9 Tempo total de trabalho no ambiente frio de 4 horas
alternando-se 1 hora de trabalho com 1 hora para
recuperação térmica fora do ambiente frio.
-34,0 a –56,9 Tempo total de trabalho no ambiente frio de 1 hora,
sendo dois períodos de 30 minutos com separação
mínima de 4 horas para recuperação térmica fora do
ambiente frio.
-57,0 a –73,0 Tempo total de trabalho no ambiente frio de 5 minutos
sendo o restante da jornada cumprida obrigatoriamente
fora de ambiente frio.
Abaixo de -73,0 Não é permitida
(*) Faixa de temperatura válida para trabalhos em zona climática quente, de acordo com o mapa oficial do IBGE.
(**) faixa de temperatura válida para trabalhos em zona climática subquente, de acordo com o mapa oficial do IBGE.
(***) faixa de temperatura válida para trabalhos em zona climática mesotérmica, de acordo com o mapa oficial do IBGE.
7.2.2 – Periculosidade.
São consideradas atividades e operações perigosas as constantes dos Anexos desta Norma
Regulamentadora - NR.
ANEXO 5
(Aprovado pela Portaria MTE n.º 1.565, de 13 e outubro de 2014)
ATIVIDADES PERIGOSAS EM MOTOCICLETA
O reclamante afirma que utilizava a motocicleta para se deslocar ao trabalho todos os dias,
portanto de forma habitual.
Ele se deslocava inicialmente ao primeiro cliente que constava na lista e assim que encerrava
o serviço naquela loja, se deslocava para a próxima.
09. CONCLUSÃO
Também conclui-se o presente laudo que o reclamante laborou em ambiente e atividades não
consideradas de periculosidade, conforme os moldes da NR-16 do Ministério do Trabalho e
Emprego.
LAUDO TÉCNICO
Página 14 de 17
10. QUESITOS
QUESITOS INSALUBRIDADE
8 - Queira o Sr. Perito informar junto aos paradigmas e também aos técnicos de segurança se
a reclamada, concedia 03 intervalos de 20 minutos a cada 01h40min de trabalho e
exposição ao frio? Se não, qual o motivo ?
Não.
14 - Quantos clientes o reclamante visitava por dia? Qual o tempo de deslocamento entre um
cliente e outro?
Visitava de 3 a 4 clientes por dia. Gastava em torno de duas horas em cada loja.
17 - Pode o i. Perito, com apoio de um paradigma simular o tempo de execução das atividades
desempenhadas pelo reclamante em contato com o FRIO?
Sim.
20 - Por favor transcrever o item 16.2.1 da NR-16 e dizer se é possível pelos conceitos das
Normas Regulamentadoras o ganho dos adicionais periculosidade e insalubridade
comitantemente?
16.2.1 O empregado poderá optar pelo adicional de insalubridade que porventura lhe seja devido.
Não, Conforme parágrafo 2° do Art. 193 da CLT.
21 - Queira o i. Perito informar se o risco da atividade era eventual ou, habitual? No último
caso, favor informar se ocorria por tempo extremamente reduzido, considerando o tempo
de atividade diária, deslocamentos em trânsito e realização de outras funções/atividades?
Habitual. Sim, Tempo extremamente reduzido.
23 - Queira o Sr. Perito fornecer quaisquer outras informações e/ou esclarecimentos que por
ventura entender necessários e relevantes ao caso vertente.
Todas as informações relevantes ao caso foram levantadas durante a perícia e constam no Laudo.
PERICULOSIDADE
2 - Queira o Sr. Perito informar em qual ou quais locais o Reclamante mais laborou, durante
todo contrato de trabalho? Fineza especificar local e atribuições desempenhadas.
Trabalhava em supermercados. Conforme quesito anterior.
3 - Queira o i. Perito informar as formas que o reclamante fazia para executar suas atividades,
o que era utilizado para seu deslocamento?
Visita 3 a 4 lojas por dia.
Gasta em torno de 2 horas em cada.
Verificava no balcão de refrigerados o que estava faltando e a data de validade de cada
produto.
LAUDO TÉCNICO
Página 17 de 17
Recolhia os produtos que estavam próximos de vencer.
Organizava os produtos no balcão de acordo com as datas de vencimento.
Utilizava uma motocicleta para realizar os deslocamentos.
4 - Existe algum contrato determinando o meio de transporte a ser utilizado pelo reclamante
ou poderia o reclamante escolher o que lhe fosse melhor?
Não foi apresentado contrato.
6 - Reclamante dependia da motocicleta para realizar suas atividades ou poderia utilizar outro
meio de transporte?
O reclamante afirmou que se não realizasse suas atividades utilizando a moto não conseguiria
concluir a tarefa. O paradigma Sr. Diego faz os deslocamentos de carro.
7 - Reclamante recebia vale transporte para lhe ajudar financeiramente nos deslocamentos aos
clientes? Se sim, o que era feito com os vales?
Prejudicado, Não é objeto da perícia.
10 - Queira o Sr. Perito informar se, diante do ambiente vivido pelo Autor, se este faz jus ao
recebimento do adicional de periculosidade, durante todo pacto laboral?
Não.