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Prova pericial na insalubridade

Diego Henrique Munhoz

contatomunhoz@ig.com.br

RESUMO: Com o objetivo de esclarecer a forma que é feita a perícia na


insalubridade, este artigo conceitua todos os meios para se chegar ao laudo
pericial como o perito, o assistente técnico, os agentes que tornam a atividade
insalubre, a forma que é redigida o laudo, trazendo de forma objetiva, porém
completa, os passos para se obter uma prova pericial verdadeira.

PALAVRAS-CHAVES: Insalubridade – Perícia – Laudo - Prova

1. Introdução
O referido artigo traz como finalidade a aplicação da perícia nas
atividades insalubres, conceituando e caracterizando todos os meios para se
chegar ao laudo pericial, que, irá auxiliar o juiz a fundamentar sua sentença de
forma favorável ou contrária a insalubridade alegada pelo reclamante da ação
trabalhista.

Pode-se notar que, ao decorrer desta obra, utilizou-se como fundamento


técnico desde os Códigos que regem nosso ordenamento jurídico até livros
específicos de perícia e insalubridade.

Será definida a forma que o perito irá conduzir a perícia, o encargo do


assistente técnico quando contratado pelas partes, os limites de tolerância
referente aos agentes insalubres até se chegar à formulação do laudo pericial,
documento este que tratará sobre todas as etapas da perícia, instrumentos
utilizados, dentre outras especificações.

Este artigo cita como parâmetros e limites os estipulados na Norma


Regulamentadora 15 que trata dos agentes insalubres.
2. Insalubridade
Do latim insalúbris (www.pt.wiktionary.org/wiki/insalubre), insalubridade é
“Que não é salubre; doentio, prejudicial à saúde” (www.dicio.com.br/insalubre).
Para uma definição explícita de atividades insalubres diante da lei,
podemos analisar:
Art. 189. Serão consideradas atividades ou operações insalubres
aquelas que, por sua natureza, condições ou métodos de trabalho,
exponham os empregados a agentes nocivos à saúde, acima dos
limites de tolerância fixados em razão da natureza e da intensidade
do agente e do tempo de exposição aos seus efeitos. (BRASIL, CLT,
1943)

O artigo exposto refere-se à conceituação de insalubridade fazendo-se


perceber que toda e qualquer atividade, que acima dos limites estipulados,
cause danos à saúde do empregado, é denominada como atividade insalubre.
Disposto na Consolidação das leis do trabalho, o artigo 190 cita “limites
de tolerância fixados”, para essa fixação, é delegado ao Ministério do Trabalho
regulamentar os limites, in verbis:
Art. 190. O Ministério do Trabalho aprovará o quadro das atividades e
operações insalubres e adotará normas sobre os critérios de
caracterização da insalubridade, os limites de tolerância aos agentes
agressivos, meios de proteção e o tempo máximo de exposição do
empregado a esses agentes.

Parágrafo único: As normas referidas neste artigo incluirão medidas


de proteção do organismo do trabalhador nas operações que
produzem aerodispersoides tóxicos, irritantes, alergênicos ou
incômodos. (BRASIL, CLT, 1943)

Esses limites foram estipulados e positivados na Norma


Regulamentadora 15 da Portaria n. 3.214/1978, que impõe limites ao
empregador quando este expuser o empregado a agentes agressivos, sendo
esses:
- Agentes físicos – ruído, calor, radiações, frio, vibrações e umidade.

- Agentes químicos – poeira, gases e vapores, névoas e fumos.

- Agentes biológicos – micro-organismos, vírus e bactérias. (SALIBA;


CORRÊA, 2011, p. 11).
De uma forma mais abrangente e completa, Brandimiller traz a
caracterização da insalubridade da seguinte forma:

A NR-15 estabelece dois tipos de critérios para a caracterização da


insalubridade: quantitativos e qualitativos. Devem-se considerar
também os agentes não previstos na NR-15.

a) critérios quantitativos

Configura-se insalubridade quando a concentração do agente de


risco encontra-se acima dos limites de tolerância estabelecidos pelos:

Anexos 1 e 2 – ruído (grau médio);

Anexo 3 – calor (grau médio);

Anexo 5 – radiações ionizantes (grau máximo), com base nos limites


de tolerância estabelecidos pela norma CNEM-NE-3.01;

Anexo 8 – vibrações (localizadas ou de corpo inteiro), com base nos


limites de tolerância das normas ISSO 2.631 e ISSO/DIS 5.349 (grau
médio);

Anexo 11 – agentes químicos (em número de 135), para os quais são


estabelecidos limites de tolerância ambientais (graus mínimo, médio e
máximo, conforme o agente);

Anexo 12 – poeiras mineiras – sílica livre e amianto (grau máximo);

b) critérios qualitativos

A insalubridade é caracterizada por avaliação pericial da exposição


ao risco pela inspeção da situação de trabalho para os agentes
listados nos seguintes anexos:

Anexo 6 – trabalho sob condições hiperbáricas, em que a


insalubridade é sempre em grau máximo;

Anexo 7 – radiações não ionizantes (grau médio);

Anexo 9 – frio em câmaras frigoríficas ou condições similares (grau


médio);

Anexo 10 – umidade excessiva, em locais alagados ou encharcados


(grau médio);

Anexo 13, que inclui certo número de substâncias cancerígenas.


Apresenta para cada agente um rol exemplificativo de atividades e
operações agrupadas segundo o risco em grau mínimo, médio e
máximo;

Anexo 14 – agentes biológicos de forma genérica, relacionando


apenas atividades, e não especificamente agentes, também
agrupadas pelo grau de risco, médio ou máximo. (BRANDIMILLER,
1996, p. 127-128).
Nota-se que, a palavra “insalubridade” remete-se a um campo bem mais
completo e complexo do que meramente atividades danosas.

Em sua citação, Brandimiller utiliza as expressões: “grau mínimo; grau


médio; grau máximo”, que se refere, respectivamente, aos valores: 10% (dez
por cento), 20% (vinte por cento) e 40% (quarenta por cento), valores esses
que fazem referência aos adicionais de insalubridade, redigidos à forma da lei:

Art. 192. O exercício de trabalho em condições insalubres, acima dos


limites de tolerância estabelecidos pelo Ministério do Trabalho,
assegura a percepção de adicional respectivamente de 40%
(quarenta por cento), 20% (vinte por cento) e 10% (dez por cento) do
salário mínimo da região, segundo se classifiquem nos graus
máximo, médio e mínimo. (BRASIL, CLT, 1943)

É válido salientar que os adicionais de insalubridade não acumulam,


sendo assim, se o empregado desenvolve suas atividades com a exposição a 2
(dois) ou mais agentes insalubres, este receberá o valor do adicional de maior
valor; se as duas atividades insalubres forem de igual porcentagem referente
aos adicionais, o empregado receberá o valor de um adicional.

Regra antes citada esta inserida na Norma Regulamentadora 15 a qual


se trata de insalubridade, pode-se analisar:

15.3 No caso de incidência de mais de um fator de insalubridade,


será apenas considerado o de grau mais elevado, para efeito de
acréscimo salarial, sendo vedada a percepção cumulativa.
(www.portal.mte.gov.br/data/files/NR-15%20(atualizada_2011).pdf)

Em se tratando de eliminação ou neutralização dos agentes insalubres,


a empresa torna-se obrigada a extinguir ou abster seu empregado de sofrer
esse dano causado pelos agentes.

Art. 191. A eliminação ou a neutralização da insalubridade ocorrerá:

I – com a adoção de medidas que conservem o ambiente de trabalho


dentro dos limites de tolerância;
II – com a utilização de equipamentos de proteção individual ao
trabalhador, que diminuam a intensidade do agente agressivo a
limites de tolerância.

Parágrafo único: Caberá às Delegacias Regionais do Trabalho,


comprovada a insalubridade, notificar as empresas, estipulando
prazos para sua eliminação ou neutralização, na forma deste artigo.
(BRASIL, CLT, 1943)

O empregador eliminando o agente causador da insalubridade, logo, é


inexistente a obrigação de ser pago o adicional ao empregado, pois, o motivo
do tal foi extinto; com relação à neutralização, a empresa fornecerá o EPI
(equipamento de proteção individual) em razão da Norma Regulamentadora 6
(seis), contudo, se o EPI não for suficiente para a neutralização, a empresa não
se esquivará do pagamento do adicional já que o trabalhador continua sofrendo
danos a sua saúde e integridade física.

Súmula 289 do TST. Insalubridade. Adicional. Fornecimento do


aparelho de proteção. Efeito. O simples fornecimento do aparelho
de proteção pelo empregador não o exime do pagamento do adicional
de insalubridade. Cabe-lhe tomar as medidas que conduzam à
diminuição ou eliminação da nocividade, entre as quais as relativas
ao uso efetivo do equipamento pelo empregado.

Após termos um panorama geral sobre as atividades e operações


insalubres, iniciar-se-á uma breve explicação com referência a prova pericial e
em sequência a execução da perícia em ambiente insalubre.

3. Prova pericial
Para obter-se a verdade de determinado fato controverso em uma lide,
os meios para se conseguir são as provas, que auxiliam o juiz a construir sua
convicção. As provas não têm caráter impositivo perante o juiz, e sim,
obedecem ao princípio do livre convencimento.
Estipulada na Seção VII do Código de Processo Civil, a prova pericial se
trata de uma perícia, que pode ser feita de 3 (três) maneiras: exame, vistoria ou
avaliação; sendo realizadas no ambiente de trabalho e/ou no empregado. Nota-
se:
Art. 420. A prova pericial consiste em exame, vistoria ou avaliação.
(BRASIL, CPC, 1973)

A prova pericial se oficializa no momento da entrega do laudo dentro do


prazo estipulado pelo juiz.

De acordo com o conceituado médico do trabalho Primo A. Brandimiller,


perícia é:

O exame de situações ou fatos relacionados a coisas e pessoas,


praticado por especialista na matéria que lhe é submetida, com o
objetivo de elucidar determinados aspectos técnicos (em geral
especificados através de quesitos) (BRANDIMILLER, 1996, p. 25)

Com a distinção dos demais tipos de provas, a pericial exibe 3 (três)


características próprias: a realização sob a direção e a autoridade do juiz, a
presença das partes na produção dessa prova pericial e a visão de
convencimento do juiz.

Na primeira situação, o juiz pode deferir ou indeferir a perícia, tendo


assim, todo o poder de escolha perante a prova pericial. Na segunda posição,
ambas as partes do processo têm o direito de impugnar a nomeação do perito
em face do não profissionalismo do mesmo, apresentar os quesitos,
acompanhar os atos, solicitar esclarecimento, enfim, as partes têm “regalias”
que em outro tipo de prova não teriam. E por fim, na terceira colocação, como a
perícia visa o convencimento do juiz, o mesmo pode solicitar a presença do
perito na audiência, não sanado suas dúvidas pode também requerer uma
segunda perícia.

4. Perícia
Com relação à perícia, há uma controversa entre o Código de Processo
Civil e a Consolidação das Leis do Trabalho, pois, no artigo 427 do CPC diz
que o juiz pode dispensar a perícia quando as partes apresentarem na petição
inicial ou na contestação documentos e/ou pareceres técnicos, nesses termos:
Art. 427. O juiz poderá dispensar prova pericial quando as partes, na
inicial e na contestação, apresentarem sobre as questões de fato
pareceres técnicos ou documentos elucidativos que considerar
suficientes. (BRASIL, CPC, 1973)

Mas, no artigo 195 da CLT dispõe que para se caracterizar insalubridade


deve ser feita a perícia por um médico do trabalho ou engenheiro do trabalho
registrados no Ministério do Trabalho, pode-se analisar:

Art. 195. A caracterização e a classificação da insalubridade e da


periculosidade, segundo as normas do Ministério do Trabalho, far-se-
ão através de perícia a cargo de Médico do trabalho ou Engenheiro
do Trabalho, registrados no Ministério do Trabalho, Indústria e
Comércio. (BRASIL, CLT, 1943)

Desta forma, aplica-se a regra estipulada na CLT e não com


subsidiariedade ao CPC.

4.1.Perícia Extrajudicial
O requerimento à perícia extrajudicial é uma faculdade das empresas e
sindicatos conforme o § 1º do artigo 195 da CLT:

§ 1º É facultado às empresas e aos sindicatos das categorias


profissionais interessadas requererem ao Ministério do Trabalho a
realização de perícia em estabelecimento ou setor deste, com o
objetivo de caracterizar e classificar ou delimitar as atividades
insalubres ou perigosas. (BRASIL, CLT, 1943)

Esse tipo de perícia é utilizada para a empresa se resguardar de ações


trabalhistas futuras, ou se houver insalubridade, para o fornecimento de EPI
que neutralize o dano sofrido pelo empregado. É válido ressaltar que mesmo
fora da justiça, consiste o mesmo valor e importância à perícia.

4.2.Perícia Judicial
Anteriormente citado, a perícia judicial se diferencia dos demais tipos de
provas, pois, contrai-se 3 (três) características:
a) A perícia é realizada sob direção e autoridade do juiz, assim:
O magistrado pode deferir ou indeferir a prova formulada através
da perícia como estipula os artigos 130, 420 e 427 do CPC:

Art. 130. Caberá ao juiz, de ofício ou a requerimento da parte,


determinar as provas necessárias à instrução do processo,
indeferindo as diligências inúteis ou meramente protelatórias.

Art. 420. A prova pericial consiste em exame, vistoria ou avaliação.

Parágrafo único. O juiz indeferirá a perícia quando:

I – a prova do fato não depender do conhecimento especial de


técnico;

II – for desnecessária em vista de outras provas produzidas;

III – a verificação for impraticável.

Art. 427. O juiz poderá dispensar prova pericial quando as partes, na


inicial e na contestação, apresentarem sobre as questões de fato
pareceres técnicos ou documentos elucidativos que considerar
suficientes. (BRASIL, CPC, 1973)

Lembrando que na situação do artigo 427, não será usado nas ações
trabalhistas visto que no artigo 195 antes citado estabelece que se faça prova
quanto à insalubridade a referida perícia.

Nomeação do perito e fixação de prazo para o mesmo


apresentar o laudo.
Defere ou indefere os quesitos apresentados por ambas as
partes e também confecciona quesitos que se portam com tal
importância.
b) Presença das partes na produção da prova pericial
Essa característica trata-se de garantir tanto ao autor (reclamante)
quanto ao réu (reclamada) o direito de impugnar a nomeação do perito, fazer
perguntas, os chamados quesitos, pertinentes ao assunto para o perito que o
mesmo responda no laudo, requestar pareceres extras na audiência ao perito
sobre assuntos e posicionamentos obscuros no laudo e ao final, manifestar-se
sobre o laudo pericial.

c) A perícia visa o convencimento do juiz


Dito no tópico anterior, o perito poderá comparecer na audiência para
sanar dúvidas das partes e principalmente do juiz, não se sentindo
completamente esclarecidos, poderão requerer uma segunda perícia, salvo
ordenamento:
“Art. 437. O juiz poderá determinar, de ofício ou a requerimento da
parte, a realização de nova perícia, quando a matéria não lhe parecer
suficientemente esclarecida”.(BRASIL, CPC, 1973)

Salienta-se que para a observação dessas 3 (três) características


utilizou-se como fonte de estudos e pesquisas a obra “Perícia judicial em
acidentes e doenças do trabalho” do renomado Doutor Primo A. Brandimiller,
médico do trabalho.

5. Perito
De antemão, pode-se afirmar que perito é o especialista, indivíduo que
detém conhecimento técnico e suficiente para formular o laudo pericial com
total imparcialidade, destreza e capacidade intelectual.
Dá-se o conceito de perito:
Especialista em determinado setor, profissional qualificado em
determinada área. Profissional de determinada área chamado a
prestar esclarecimentos técnicos para o qual tem qualificação.
(www.dicionarioinformal.com.br/perito)
O Código de Processo Civil conceitua o perito como um auxiliar do juízo:
Art. 139. São auxiliares do juízo, além de outros, cujas atribuições
são determinadas pelas normas de organização judiciária, o escrivão,
o oficial de justiça, o perito, o depositário, o administrador e o
intérprete. (BRASIL, CPC, 1973)

Na sequência, o CPC traz a qualificação do perito disposto nos


parágrafos do artigo 145:
Art. 145. Quando à prova do fato depender de conhecimento técnico
ou científico, o juiz será assistido por perito, segundo o disposto no
artigo 421.

§ 1º Os peritos serão escolhidos entre profissionais de nível


universitário, devidamente inscritos no órgão de classe competente,
respeitado o disposto no Capítulo VI, Seção VII, deste Código.

§ 2º Os peritos comprovarão sua especialidade na matéria sobre que


deverão opinar, mediante certidão do órgão profissional em que
estiverem inscritos.

§ 3º Nas localidades onde não houver profissionais qualificados que


preencham os requisitos dos parágrafos anteriores, a indicação dos
peritos será de livre escolha do juiz. (BRASIL, CPC, 1973)

Na situação descrita no § 3º é de certa dificuldade presenciar-se uma


situação deste tipo, pois, geralmente nas Regiões Centro-Oeste, Sudeste e Sul
há um número maior de indivíduos especializados nas mais diversas áreas; já
nas Regiões Norte e Nordeste, por existir cidades no interior com grande
distância das capitais, torna-se corriqueiro a situação em que o juiz local
nomeia, por exemplo, um médico clínico-geral para realizar a perícia
relacionada à insalubridade em uma situação onde não se encontra nas
proximidades um médico do trabalho.
Com relação à formação dos peritos para serviços especializados em
empresas, a Norma Regulamentadora 4 (quatro) especifica a composição
profissional dos mais variados profissionais relacionados à área, vide
especificamente as graduações do médico do trabalho, o qual realizará a
perícia de insalubridade:
4.4.1 Para fins desta NR, as empresas obrigadas a constituir Serviços
Especializados em Engenharia de
Segurança e em Medicina do Trabalho deverão exigir dos
profissionais que os integram comprovação de que satisfazem os
seguintes requisitos:

[...]

b) Médico do Trabalho - médico portador de certificado de conclusão


de curso de especialização em Medicina do Trabalho, em nível de
pós-graduação, ou portador de certificado de residência médica em
área de concentração em saúde do trabalhador ou denominação
equivalente, reconhecida pela Comissão Nacional de Residência
Médica, do Ministério da Educação, ambos ministrados por
universidade ou faculdade que mantenha curso de graduação em
Medicina;

[...](www.portal.mte.gov.br/data/files/NR-04%20(atualizada).pdf).

Brandimiller acentua de uma forma pertinente com relação à falta de


qualificação do perito, e assim, podendo ocorrer à impugnação da perícia:
A falta de qualificação e habilitação específica, com relação à
natureza dos fatos submetidos à perícia, pode motivar a impugnação
pelas partes do profissional nomeado. Cabe, no entanto, às partes
verificar a qualificação do perito quando de sua nomeação e argüir
nessa ocasião o impedimento, e não depois de realizada a perícia,
ante o resultado desfavorável para a parte. (BRANDIMILLER, 1996,
p. 48)

Com relação à nomeação do perito:


“Art. 421. O juiz nomeará o perito, fixando de imediato o prazo para a
entrega do laudo”. (BRASIL, CPC, 1973)

Ao ser nomeado, o perito firma um compromisso perante o juízo e as


partes, para que, as informações redigidas no laudo pericial sejam verdadeiras;
agindo de uma forma desvirtuada da imparcialidade e da boa-fé sofrerá
algumas sanções como dispõe:

Art. 147. O perito que, por dolo ou culpa, prestar informações


inverídicas, responderá pelos prejuízos que causar à parte, ficará
inabilitado, por dois anos, a funcionar em outras perícias e incorrerá
na sanção que a lei penal brasileira estabelece. (BRASIL, CPC, 1973)

O artigo 135 do CPC dispõe sobre os impedimentos que o juiz pode


sofrer referente à imparcialidade, e no artigo 138, do mesmo código, estipula
que os impedimentos citados para o juiz far-se-ão procedentes à pessoa do
perito, fundamenta-se:

Art. 135. Reputa-se fundada a suspeição de parcialidade do juiz,


quando:

I – amigo íntimo ou inimigo capital de qualquer das partes;

II – alguma das partes for credora ou devedora do juiz, de seu


cônjuge ou de parentes destes, em linha reta ou na colateral até o
terceiro grau;

III – herdeiro presuntivo, donatário ou empregador de alguma das


partes;

IV – receber dádivas antes ou depois de iniciado o processo;


aconselhar alguma das partes acerca do objeto da causa, ou
subministrar meios para atender às despesas do litígio;

V – interessado no julgamento da causa em favor de uma das partes.

Parágrafo único. Poderá ainda o juiz declarar-se suspeito por motivo


íntimo.

Art. 138. Aplicam-se também os motivos de impedimento e


suspeição:

I – ao órgão do Ministério Público, quando não for parte, e, sendo


parte, nos casos previstos nos incisos I ao IV do artigo 135;

II – ao serventuário da justiça;

III – ao perito;

IV – ao intérprete.

§ 1º A parte interessada deverá argüir o impedimento ou a suspeição,


em petição fundamentada e devidamente instruída, na primeira
oportunidade em que lhe couber falar nos autos. O juiz mandará
processar o incidente em separa e sem suspensão da causa, ouvindo
o argüido no prazo de cinco dias, facultando a prova quando
necessária e julgando o pedido.

§ 2º Nos tribunais caberá ao relator processar e julgar o incidente.


(BRASIL, CPC, 1973)

No caso de suspeição, o juiz determina a saída do perito do processo e


automaticamente nomeia outro especialista para realizar a perícia.
6. Assistente técnico
Os assistentes técnicos são especialistas também na área que são
contratados, porém, são indicados de uma forma facultativa pelas partes. O
assistente acompanha a perícia, assessoram a parte que lhe contratou na
formulação de quesitos e na contestação do laudo pericial.
O assistente apresentará também um laudo contestando ou confirmando
as informações inseridas no laudo do perito, variando se o assistente está pelo
reclamante ou pela reclamada. O mesmo detém de um prazo para apresentar
seu laudo:
Art. 433. O perito apresentará o laudo em cartório, no prazo fixado
pelo juiz, pelo menos vinte dias antes da audiência de instrução e
julgamento.

Parágrafo único. Os assistentes técnicos oferecerão seus pareceres


no prazo comum de dez dias, após intimadas as partes da
apresentação do laudo. (BRASIL, CPC, 1973)

De acordo com o artigo 422:

Art. 422. O perito cumpria escrupulosamente o encargo que lhe foi


cometido, independentemente de termo de compromisso. Os
assistentes técnicos são de confiança da parte, não sujeitos a
impedimento ou suspeição. (BRASIL, CPC, 1973)

Em relação ao não impedimento e suspeição do assistente técnico,


Brandimiller expõe uma ressalva de grande importante, in verbis:

Embora o CPC não sujeite o assistente técnico ao impedimento ou


suspeição, este responde pelas distorções ou falsidades com relação
aos fatos que apresenta em seu parecer, ficando sujeito às sanções
legais ou profissionais cabíveis. (BRANDIMILLER, 1996, p. 55)
Tratando-se da qualificação do assistente técnico, o CPC não cita em
nenhum dos seus artigos o nível de habilitação profissional do mesmo, pois, se
o assistente não for qualificado, só trará prejuízo à parte que lhe indicou.

7. Laudo pericial
Conceitua-se laudo pericial da seguinte forma:

É o relato do técnico ou especialista designado para avaliar


determinada situação que estava dentro de seus conhecimentos. O
laudo é a tradução das impressões captadas pelo técnico ou
especialista, em torno do fato litigioso, por meio dos conhecimentos
especiais de quem o examinou.
(www.pt.wikipedia.org/wiki/Laudo_pericial)

O laudo nada mais é do que a apresentação da perícia e seus


resultados, expostos de uma forma concisa, clara, fundamentada, mas também
que os interessados, que são leigos no determinado assunto possam entender,
e assim, sejam respondidos todos os quesitos e dessa maneira seja formado
ou não o convencimento do magistrado.

Tuffi Saliba e Márcia Corrêa em sua obra “Insalubridade e


periculosidade” pontuam 7 (sete) itens que devem fazer parte do laudo emitido
pelo perito:

a) Critério adotado

O perito deve mencionar a legislação, norma etc. em que se baseou


para a elaboração da prova pericial (critérios qualitativo e
quantitativo).

b) Instrumentos utilizados

Todos os instrumentos utilizados nas medições devem ser


especificados no laudo pericial, incluindo marca, modelo, tipo,
fabricante, faixas de leitura, calibração, certificação dentre outros.

c) Metodologia de avaliação

A metodologia utilizada na avaliação deve ser descrita sucintamente


no laudo pericial. A NR-15 e seus anexos estabelecem metodologia
simplificada de avaliação, especialmente para os critérios
quantitativos. [...]
d) Descrição da atividade e condições de exposição

O perito deve descrever detalhadamente as atividades


preponderantes desenvolvidas pelo reclamante, bem como os locais
de trabalho com os respectivos agentes insalubres presentes

e) Dados obtidos

Todos os dados relativos aos locais de trabalho e à exposição do


reclamante devem ser especificados de forma objetiva e clara.

f) Respostas aos quesitos formulados pelas partes

São de suma importância os quesitos formulados pelas partes. O


perito deve estudá-los cuidadosamente antes de realizara prova
pericial e procurar respondê-los de maneira objetiva e fundamentada.
Devem ser evitadas respostas lacônicas, a menos que tenham sido
respondidas no corpo do laudo ou em outros quesitos [...].

g) Conclusão pericial

Neste item, o perito deverá explicitar claramente se a atividade


analisada foi ou não considerada insalubre ou perigosa. Em caso
positivo, deverá também ser mencionado o grau de insalubridade. Ou
seja, grau mínimo, médio ou máximo, em função do agente insalubre.
(SALIBA; CORRÊA. 2011, p. 28-29)

É válido ressaltar que o perito e os assistentes técnicos tem a liberdade


de utilizar-se de todos os meios para a elaboração do laudo como testemunhas
e documentos, autorização essa explícita na forma do artigo:

Art. 429. Para o desempenho de sua função, podem o perito e os


assistentes técnicos utilizar-se de todos os meios necessários,
ouvindo testemunhas, obtendo informações, solicitando documentos
que estejam em poder de parte ou em repartições públicas, bem
como instruir o laudo com plantas, desenhos, fotografias e outras
quaisquer peças. (BRASIL, CPC, 1973)
8. Caracterização da insalubridade
A Norma Regulamentadora 15 da Portaria n. 3.214/1978 do MTE
regulamenta os critérios quantitativos e qualitativos anteriormente citados que
caracterizam insalubridade.
Deve-se salientar que a simples exposição ao agente insalubre não
torna a atividade insalubre, a partir de determinado nível, a atividade se torna
danosa ao indivíduo, assim, proporcionando ao trabalhador o acréscimo no
salário do adicional de insalubridade.

8.1.Ruído
8.1.1. Ruído contínuo ou intermitente
De acordo com Márcia e Tuffi:

“1 – Entende-se por ruído contínuo ou intermitente, para os fins de


aplicação de Limites de Tolerância, o ruído que não seja de impacto”.
(SALIBA; CORRÊA, 2011, p. 41)

Os limites de tolerância referindo-se ao ruído contínuo estão


estabelecidos na NR-15 que estipula como insalubre a exposição ao ruído que
ultrapasse 85 dB, conforme o nível do ruído aumenta a exposição diária
permissível ao agente insalubre diminui. O nível de 115 dB é o limite de ruído.
A medição do agente será realizada com o instrumento de nível de
pressão sonora, de acordo com o item 1 (um) da NR-15 e também na seguinte
obra:

Os níveis de ruído contínuo ou intermitente, de acordo com o item 1


do anexo 1, serão medidos com instrumentos de nível de pressão
sonora operando no circuito de compensação “A”, entendendo-se
como ruído contínuo ou intermitente todo aquele que não seja de
impacto. (SALIBA; CORRÊA, 2011, p. 43)

8.1.2. Ruído de impacto


De acordo com Márcia e Tuffi:
“1 – Entende-se por ruído de impacto aquele que apresenta picos de energia acústica de
duração inferior a 1 (um) segundo, a intervalos superiores a 1 (um) segundo”. (SALIBA;
CORRÊA, 2011, p. 42)

No caso do ruído de impacto a medição é feita através do mesmo


medidor de nível de pressão sonora que é utilizado para detectar o ruído
intermitente, mas com resposta para impacto, assim discorre:
Nos itens 2 e 3 do anexo 2, a norma estabelece os limites de
tolerância e a metodologia de avaliação para o ruído de impacto,
devendo a medição ser feito com o medidor de nível de pressão
sonora operando no circuito linear com resposta para impacto –
situação em que o limite de tolerância é de 130 dB (LINEAR). No
entanto,como a maioria dos aparelhos comercializados no Brasil não
possui esse circuito, a norma admite a medição na curva de
compensação “C” e resposta rápida, que é quase linear. Desse
modo, a norma reduz o limite de tolerância para 120 dB(C). (SALIBA;
CORRÊA, 2011, p. 43)

Com relação aos dois tipos de ruído é válido salientar que a


insalubridade será efetivada quando o tempo de exposição ao agente for
superior aos limites estabelecidos na Norma e o trabalhador não usar protetor
auricular, ou, se feito o uso, o protetor não neutralizar o efeito do agente
insalubre.

8.2.Calor
Tratando-se do agente “calor”, transcreve-se o anexo 3 (três) da NR 15
onde cita os aparelhos para medições, locais e até mesmo as equações para
se chegar ao cálculo da insalubridade à título de curiosidade:
1 – A exposição ao calor deve ser avaliada por meio do “Índice de
Bulbo Úmido Termômetro de Globo” (IBUTG) definido pelas
equações que seguem:

Ambientes internos ou externos sem carga solar:

IBUTG = 0,7 tbn + 0,3 tg

Ambientes externos com carga solar:

IBUTG = 0,7 tbn + 0,1 tbs + 0,2 tg

Onde:

Tbn = temperatura de bulbo úmido natural

Tg = temperatura do globo

Tbs = temperatura de bulbo seco

2 – Os aparelhos que devem ser usados nesta avaliação são:


termômetro de bulbo úmido natural, termômetro de globo e
termômetro de mercúrio comum.

3 – As medições devem ser efetuadas no local onde permanece o


trabalhador, à altura da região do corpo mais atingida.
(www.portal.mte.gov.br/data/files/NR-15%20(atualizada_2011).pdf)

8.3.Iluminação
O livro “insalubridade e periculosidade” ressalta um fato muito
importante, pois, no ano de 1978, o agente iluminação foi juntado na NR-15,
anexo 4 (quatro) , onde citava um nível mínimo de iluminação para cada
profissão, assim, a insalubridade era caracterizada pela falta de iluminação,
sendo que, no mesmo anexo não citava questões referentes ao excesso de
iluminação, o qual também poderia lesionar a saúde do trabalhador.
Já no ano de 1990, surge a portaria 3.435 que revoga expressamente o
anexo 4 (quatro) da NR-15, excluindo assim, a iluminação como agente
insalubre.
8.4.Radiações ionizantes
Relacionado à avaliação:
[...] As medições dos níveis de radiação exigem técnicas
especializadas, normatizadas pelo CNEN. Dentre os instrumentos
usados nessa avaliação, estão os dosímetros de filmes, que
fornecem a dose equivalente recebida pelo empregado durante a
jornada, e os contadores Geiger, que avaliam a intensidade de
radiação instantânea. Assim, as perícias de insalubridade que
envolvem radiações ionizantes devem ser realizadas por profissionais
especializados em radioproteção e credenciados pelo CNEN.
(SALIBA; CORRÊA, 2011, p. 65)

Ressalta-se que para esse tipo de perícia é necessário uma credencial


emitida exclusivamente pelo CNEN (Comissão Nacional de Energia Nuclear)
para a ação como perito.
Tratando-se de caracterização ou não de insalubridade, o MTE admite
insalubridade quando a exposição do indivíduo ao agente for superior aos
limites estabelecidos pelo CNEN.

8.5.Pressões hiperbáricas
O trabalho realizado sob pressões hiperbáricas esta relacionado à
atividade conjunta com ar comprimido ou atividade submersa. Esse tipo de
exposição causa um risco eminente à vida do trabalhador, caracterizando-se o
pagamento do grau máximo do adicional (40% sobre o salário mínimo).

8.6.Radiações não ionizantes


Conceituando e explicando as situações em que a radiação não
ionizante se torna insalubre, o anexo 7 (sete) da NR-15 dispõe:
1. Para os efeitos desta norma, são radiações não-ionizantes as
microondas, ultravioletas e laser.

2. As operações ou atividades que exponham os trabalhadores às


radiações não-ionizantes, sem a proteção adequada,

serão consideradas insalubres, em decorrência de laudo de inspeção


realizada no local de trabalho.

3. As atividades ou operações que exponham os trabalhadores às


radiações da luz negra (ultravioleta na faixa – 400 - 320 nanômetros)
não serão consideradas insalubres.
(www.portal.mte.gov.br/data/files/NR-15%20(atualizada_2011).pdf)
Márcia e Tuffi destacam que a ACGIH (American Conference of
Governamental Industrial Hygienists) recomenda limites para as radiações
infravermelhas, campo magnético, dentre vários outros. Contudo, essa
instituição não governamental não estabelece padrões, e o MTE não fixa
limites de tolerância referente às radiações acima citadas, assim, o perito na
hora de formular seu laudo poderá fundamentar utilizando-se das
recomendações da ACGIH, desta forma, sustentando com um embasamento
maior e preciso.

8.7.Vibração
O anexo 8 (oito) da NR-15 dispõe sobre a vibração da seguinte forma:
1. As atividades e operações que exponham os trabalhadores, sem a
proteção adequada, às vibrações localizadas ou de corpo inteiro,
serão caracterizadas como insalubres, através de perícia realizada no
local de trabalho.

2. A perícia, visando à comprovação ou não da exposição, deve


tomar por base os limites de tolerância definidos pela Organização
Internacional para a Normalização - ISO, em suas normas ISO 2631 e
ISO/DIS 5349 ou suas substitutas.

2.1. Constarão obrigatoriamente do laudo da perícia:

a) o critério adotado;

b) o instrumental utilizado;

c) a metodologia de avaliação;

d) a descrição das condições de trabalho e o tempo de exposição às


vibrações;

e) o resultado da avaliação quantitativa;

f) as medidas para eliminação e/ou neutralização da insalubridade,


quando houver.

3. A insalubridade, quando constatada, será de grau médio.


(www.portal.mte.gov.br/data/files/NR-15%20(atualizada_2011).pdf)
Como se pode verificar, o próprio anexo conceitua o agente “vibração”,
faz a referência dos limites de tolerância à Normalização – ISO e ainda pontua
algumas informações adicionais que deverão constar no laudo pericial.

8.8.Frio
Referente ao agente “frio”, definição face ao anexo 9 (nove) da NR-15:
1. As atividades ou operações executadas no interior de câmaras
frigoríficas, ou em locais que apresentem condições similares, que
exponham os trabalhadores ao frio, sem a proteção adequada, serão
consideradas insalubres em decorrência de laudo de inspeção
realizada no local de trabalho. (www.portal.mte.gov.br/data/files/NR-
15%20(atualizada_2011).pdf)

Com relação à caracterização da insalubridade:

A ACGIH recomenda valores limites de tolerância para exposição ao


frio. Além da proteção das extremidades (mãos, pés, cabeça) em
serviços executados em ambientes frios, são recomendados os
limites que levam em consideração a temperatura do ambiente e a
velocidade do vento.

A NR-15, em 1978, não fixou limites para exposição ao frio,


estabelecendo o critério quantitativo para a caracterização da
insalubridade por esse agente.

Salienta-se, no entanto, que a falta de limite de tolerância não


significa que qualquer exposição seja insalubre. (SALIBA; CORRÊA,
2011, p.76)

8.9.Umidade
Anexo 10 (dez) da Norma Regulamentadora 15 discorre:
1. As atividades ou operações executadas em locais alagados ou
encharcados, com umidade excessiva, capazes de produzir danos à
saúde dos trabalhadores, serão consideradas insalubres em
decorrência de laudo de inspeção realizada no local de trabalho.
(www.portal.mte.gov.br/data/files/NR-15%20(atualizada_2011).pdf)

De acordo com o livro “Insalubridade e periculosidade”, há em


determinados casos uma má interpretação da norma, “visto que alguns peritos
chegam a caracterizar insalubridade até pra quem passa pano molhado em
piso de banheiro” de acordo com Márcia Corrêa e Tuffi Saliba.
Sendo assim, no mesmo livro citado acima, são definidos 3 (três) fatores
para que o perito conclua a atividade como sendo insalubre:
- O local deverá ter um volume de água significativo, capaz de molhar
o trabalhador exposto.

- O tempo de exposição é fator importante para a ocorrência da


doença ocupacional, conforme os princípios da Higiene Industrial e o
conceito de insalubridade dado pelo art. 189 da CLT.

- Se o tipo de proteção usada é capaz de eliminar o risco, isto é, se o


uso de botas de borracha, roupas impermeáveis é capaz de impedir o
contato habitual e permanente do trabalhador com a água. (SALIBA;
CORRÊA, 2011, p.80-81)

8.10. Gases e vapores


Referindo-se a gases e vapores, o anexo 11 (onze) traz uma série dos
mais diversos tipos de gases, dessa forma, será citado somente o item 1 (um)
do anexo 11 (onze) a fim de esclarecimento:

1. Nas atividades ou operações nas quais os trabalhadores ficam


expostos a agentes químicos, a caracterização de insalubridade
ocorrerá quando forem ultrapassados os limites de tolerância
constantes do Quadro nº 1 deste Anexo.
(www.portal.mte.gov.br/data/files/NR-15%20(atualizada_2011).pdf)

9. Considerações finais
Conclui-se que, a Consolidação das Leis do Trabalho juntamente com o
Código de Processo Civil exercem corretamente sua função referente ao
trabalhador, colocando-o no mesmo patamar de seu empregador perante a lei.
Com relação à insalubridade, é de plena importância esse adicional ao
empregado, pois, o mesmo sofre danos freqüentes a sua saúde
desencadeando doenças e transtornos que ferem não somente ao trabalhador,
mas sim, toda sua família que na maioria dos casos dependem da força de
trabalho do responsável familiar para o sustento de todos.
Pode-se avaliar a importância do perito desde sua nomeação até a
entrega do laudo, e eventualmente, sua presença na audiência para esclarecer
alguns pontos que ficaram obscuros no laudo. A qualificação profissional foi
abordada com uma grande relevância, pois, é imprescindível a especialização
e grande desempenho do perito, para que assim, não seja destituído. Tratando-
se dos assistentes técnicos, a letra da lei não especifica o grau de qualificação
dos mesmos, porém, ressalta-se que é aconselhável, da mesma forma que o
perito, que os assistentes sejam especializados na área em que foi contratado
para auxiliar.
Após citar as especificações dos especialistas, a formação do laudo
pericial foi explorada expondo as regras de elaboração, critérios adotados
pelos peritos e o valor do documento como prova, esclarecendo que a decisão
do juiz não se restringe ao resultado da perícia, o laudo é somente uma das
provas para formar o entendimento do juiz.
A Norma Regulamentadora 15 exibe todos os tipos de agentes
insalubres, os limites de tolerância referente ao nível e tempo de exposição ao
agente. Este artigo esmiuçou todos os tipos de atividades insalubres
apresentando os instrumentos que são utilizados na perícia para a formulação
do laudo.
Sendo assim, é reforçado o entendimento que o adicional de
insalubridade é mais do que um merecimento, e sim, uma necessidade
perdurável ao empregado que sofre danos periódicos à sua saúde referente à
exposição aos agentes insalubres.
De acordo com a opinião do autor deste artigo, há somente um único
contraponto a se fazer que se destina a base de cálculo do adicional de
insalubridade, que, utiliza-se do salário mínimo calcular o adicional. O autor
entende que, por se tratar de atividades que causam danos ao trabalhador,
mesmo cessando as operações insalubres, em determinados casos haverá um
reflexo desse dano ao restante de sua vida. Desta forma, defende-se a
mudança do salário mínimo para o salário recebido pelo empregado com
relação à base de cálculo.
Acentua-se a grande relevância de Primo A. Brandimiller, Márcia
Angelim Chaves Corrêa, Tuffi Messias Saliba, dentre outros escritores para
com a causa relacionada à Higiene do Trabalho e afins.

10. Referências bibliográficas


BRANDIMILLER, Primo A. Perícia judicial em acidentes e doenças do
trabalho. Edição 1. São Paulo. SENAC

BRASIL, Código de Processo Civil, Lei N. 5.869, de 11 de Janeiro de 1973.

BRASIL, Consolidação das Leis do Trabalho, Decreto-Lei N. 5.452, de 1.º de


Maio de 1943.

BRASIL, Constituição Federal, Publicada em 05 de Outubro de 1988.

DICIO, Disponível em www.dicio.com.br/insalubre Acesso em 22/05/2013


DICIONÁRIO INFORMAL, Disponível em
www.dicionarioinformal.com.br/perito Acesso em 25/05/2013
GARCIA, Roni Genicolo. Manual de Rotinas Trabalhistas. São Paulo: Atlas,
2010.

MINISTÉRIO DO TRABALHO E EMPREGO (NR-4), disponível em


www.portal.mte.gov.br/data/files/NR-04%20(atualizada).pdf Acesso em
25/05/2013

MINISTÉRIO DO TRABALHO E EMPREGO (NR-15), Disponível em


www.portal.mte.gov.br/data/files/NR-15%20(atualizada_2011).pdf Acesso
em 25/05/2013

SALIBA, Tuffi Messias; CORRÊA, Márcia Angelim Chaves. Insalubridade e


periculosidade – aspectos técnicos e práticos. São Paulo: LTr, 2011.
WIKIPEDIA, Disponível em www.pt.wikipedia.org/wiki/Laudo_pericial
Acesso em 26/05/2013
WIKTIONARY, Disponível em www.pt.wiktionary.org/wiki/insalubre Acesso
em 21/05/2013

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